Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

18
Nov17

Suíça. Ordem para regressar

António Garrochinho


Para muitos portugueses ir viver e trabalhar para a Suíça foi sempre uma solução. Nem sempre encontraram o que tinham sonhado, mas foram ficando. Agora, o El Dourado pode estar a um passo de deixar de existir para muitos.  
Há dez anos que os portugueses emigrados na Suíça são obrigados a declarar o IRS do património que possuem, desde poupanças, a veículos ou aplicações financeiras. Tanto no país de origem como no de destino. Mas, até aqui, não existiam instrumentos para aplicar as penalizações a quem omitisse informações sobre o património. A lei existia, mas não era severamente fiscalizada. Agora vai passar a ser e levanta vários problemas. A Suíça quer apertar o cerco ao património que não é declarado e as alterações batem à porta de muitos já no próximo ano. Entrou em vigor o acordo em matéria de transparência fiscal que vai permitir, já no próximo ano, a troca automática de informações ao nível dos saldos das contas bancárias. Na prática significa que aqueles que não declararem o património até março, ficam sujeitos a uma multa. Mas não só. Um dos maiores problemas, cuja consequência é muitos pensarem em regressar por falta de alternativa, tem a ver com o facto de ficarem ainda sujeitos ao pagamento de impostos com retroativos dos dez anos em questão. 

Susana é portuguesa, mas tem já mais anos de Suíça do que de Portugal. Vive em Lausanne há 30 anos e não esconde que se multiplicam casos de emigrantes que não conseguem ver solução para este problema que agora enfrentam: «Conheço pessoas que não vão ter alternativa. Não vão poder ficar porque não vão ter como pagar os retroativos. Até porque, mesmo tendo conseguido juntar algum dinheiro, a vida aqui é cara e não dá para tudo. Seria deitar fora todos os sacrifícios».

Também Paulo, a viver na Suíça há 20 anos, admite que «o que não faltam são casos assim. Há cada vez mais pessoas a admitir deixar o país. Para aceitarem pagar a multa e dez anos de retroativos teriam de perder uma parte muito importante da poupança que fizeram. É o esforço da vida que vieram cá fazer. É normal que não queiram. Mas também é normal que não queiram ser forçados a voltar para Portugal». 

A incerteza e o medo fizeram com que muitos decidissem assinar uma petição para que o Governo português tome posição. O tema continua a ser um dos mais difíceis para estes emigrantes. O Consulado Geral de Portugal em Zurique admite mesmo que recebe diariamente «dezenas de telefonemas» porque há mais dúvidas do que certezas. 
A verdade é que, de acordo com os dados mais recentes, residem na Suíça cerca de 270 mil emigrantes. Serão afetados os que possuam imóveis num valor superior ou igual a 140 mil euros, ou seja, 150 mil francos. 

Menos dinheiro nos bancos

A verdade é que temos assistido a alterações na vida dos emigrantes, em geral. Olhando para as remessas para Portugal pode ver-se que o valor dos depósitos tem vindo a encolher.
De acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP), entre o final de junho e setembro deste ano, o valor dos depósitos dos emigrantes desceu e muito: 199 milhões de euros. 
Aliás, no total, os emigrantes somam 6,92 mil milhões de euros aplicados em produtos, mas este é o valor mais baixo desde final de 2014. 

Para muitos a explicação é simples. A quebra do valor de dinheiro depositado justifica-se com as baixas taxas de juro oferecidas e com a forte concorrência de produtos de poupança do Estado. Ainda assim, também há quem recorde a confiança que muitos perdem nas instituições bancárias, depois de ficarem sem as poupanças por causa da queda do Banco Espírito Santo. No entanto, é igualmente verdade que, apesar desta saída de dinheiro de emigrantes, as remessas continuam a apresentar valores positivos. 

De acordo com os valores calculados pelo Eurostat, em 2016, as remessas dos emigrantes portugueses lideraram a tabela da União Europeia com 3,34 mil milhões de euros. Acontece que, mesmo com estes números, o valor dos depósitos não aumentou. Pode até dizer-se que, no ano passado, assistimos a uma quebra de mais de 50 milhões de euros. Há depósitos, mas não tanto dinheiro nos bancos.

A vida que não se conta

A preocupação com o futuro na Suíça e a saída de dinheiro dos emigrantes portugueses dos bancos levanta para muitos ainda uma outra questão. Há muitos portugueses precários no estrangeiro. Por exemplo, em destinos tradicionais como Suíça, França e Luxemburgo, os portugueses trabalham sobretudo nas obras, restaurantes, limpezas e agricultura. Muitos, por vergonha, recusaram desde sempre regressar. 
Tendo por base os dados provisórios referentes à Suíça, publicados em 2015, pode dizer-se que os setores onde a comunidade portuguesa está mais empregada continuam a ser a construção civil, a hotelaria e até a agricultura. 
 Esta realidade explica a manutenção de uma elevada taxa de desemprego entre a comunidade, maioritariamente sazonal. 

O desemprego nos meses de inverno é normalmente superior em 50% face ao «pico» de emprego de junho, julho e agosto. Neste sentido, em 2015, o desemprego na comunidade portuguesa radicada na Suíça atingiu o seu máximo em janeiro, com 14.774 desempregados.
No total, no final de 2015, cerca de 9% dos desempregados eram portugueses - um número que aumenta para cerca de 18,8% se considerarmos apenas os desempregados de nacionalidade estrangeira naquele país. 

De acordo com dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros, os cantões com mais desemprego encontram-se, na sua maioria, na Suíça francófona, coincidindo com os cantões onde vivem um maior número de portugueses.
As dificuldades também se verificam há anos em França, onde se estima que existissem 509 mil pessoas com nacionalidade portuguesa em 2012. Muitos emigrantes estão a deparar-se com um problema: trabalham por menos dinheiro, mais horas e sem vínculo. Segundo um trabalho de investigação da AFP, publicado em 2013, os portugueses eram os trabalhadores estrangeiros subcontratados por agências de trabalho temporário que chegavam a ganhar 785 euros para trabalharem 60 horas por semana. 

A Direção-Geral do Trabalho francesa registava 145 mil destes trabalhadores subcontratados, enviados pelos empregadores para outros países para realizarem prestações de serviços. Mas, de acordo com a agência francesa, o número real poderia ser duas vezes superior.



ionline.sapo.pt
18
Nov17

Governo assina compromisso com os sindicatos, com reflexos já no Orçamento do Estado de 2018

António Garrochinho
10 horas depois de se iniciarem as reuniões das organizações sindicais com o governo, foi assinada uma declaração de compromisso que terá já reflexos no próximo Orçamento do Estado.
Recuperação do tempo de serviço ainda na atual legislatura; reposicionamento dos docentes vinculados desde 2011 retidos no 1.º escalão; garantia de respeito pelo atual ECD, sem quaisquer agravamentos de tempo de serviço. Mário Nogueira, Secretário-geral da FENPROF, explica os compromissos assumidos pelo Governo com os sindicatos, após 10 horas de reunião negocial no ME.


VÍDEO

DOCUMENTOS

www.fenprof.pt

18
Nov17

A VER VAMOS, ASSIM DIZ O CEGO - 5 OBRAS DE PROXIMIDADE EM FARO

António Garrochinho
Sem propostas e sem ideias alternativas a Direita laçou-se nos últimos dias na maledicência sobre a proposta de Orçamento de Estado para 2018 faltando flagrantemente à verdade quando diz que o mesmo não tem investimento no Algarve, bastando alguns exemplos concretos, só no concelho de Faro, para desmascarar a Direita.

O Partido Socialista de Faro aponta de imediato 5 obras em Faro que desmentem o PSD e repõem a verdade dos factos:
O Governo de António Costa ja abriu concurso para a construção da nova Ponte para a Ilha de Faro, a mesma que o presidente da Câmara do PSD havia prometido em 2014 mas que não passou de promessa eleitoral porque o Governo da coligação PSD / CDS nunca conseguiu assegurar a sua execução. O PSD prometeu... O PS faz acontecer. 

A nova ponte para a Praia de Faro representa um investimento de 2,5 milhões de euros que terá início em 2018 e que é assegurado em 80% pelo Ministério do Ambiente, através da Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, cuja componente nacional é assegurada pelo Orçamento de Estado 2018.

O Governo, através da Docapesca, está a realizar a requalificação da muralha da Doca de Faro que esteve abandonada ao longo de muitos anos, no imediato com um investimento de 100 mil euros.

Deve terminar em 2018 uma das mais importantes obras para a sustentabilidade da Ria Formosa e para a qualidade ambiental de Faro: a construção da nova Estação de Tratamento de Águas Residuais Faro / Olhão. 

Trata-se de um investimento de 13,9 milhões de euros lançado pelo actual Governo socialista que irá servir 110 mil habitantes dos concelhos de Faro, Olhão e São Brás de Alportel garantindo a qualidade das águas da Ria Formosa e a sobrevivência económica das famílias de pescadores, viveiristas e mariscadores que dela vivem.

O Governo vai também avançar com a execução do Plano de Intervenção e Requalificação da Ilha da Culatra. São 1,2 milhões de euros de obras que visam a requalificação do espaço público daquele núcleo piscatório, cuja componente nacional é garantida pelo Orçamento de Estado 2018;

Ainda em Faro, importa lembrar que a Variante Norte a Faro, obra cuja construção foi lançada pelo anterior Governo do PS, suspensa entre 2011 e 2015 pela coligação PSD / CDS e concluída já pelo actual Governo socialista foi executada com recurso à PPP Algarve Litoral e portanto está previsto em OE a tranche correspondente ao seu pagamento anual. Isto é, mais uma obra cujo pagamento é assegurado no Orçamento de Estado de 2018. Ou o PSD não quer que o Estado pague a obra da Variante Norte a Faro da qual o actual executivo camarário tanto se vangloriou nas últimas eleições?

Todos nós queremos sempre mais e melhor investimento para o Algarve mas não podemos tolerar a maledicência e a hipocrisia da Direita que quando recentemente esteve no Governo não só não fez como parou as obras que estavam em curso no Algarve.

Existem muitos outros exemplos de investimento público que será efectuado na região cujo financiamento está assegurado no Orçamento de Estado para 2018 mas estes cinco investimentos a realizar só em Faro são o bastante para desmentir o PSD.

A mentira não é boa conselheira para a acção política.


Luís Graça
Presidente do PS Faro
Deputado à Assembleia da República
Faro, 17 de novembro, 2018
18
Nov17

HISTÓRIA - O ERRO DE NAPOLEÃO - A batalha da Ciudad Rodrigo converteu-se em um símbolo de resistência patriótica (inclui vídeo)

António Garrochinho

O Erro de Napoleão

Duas pequenas povoações fronteiriças de uma região remota da Península Ibérica dormem durante as horas mais quentes da tarde. Nada altera a quietude deste momento. É verão em Ciudad Rodrigo e Almeida. Contudo, aqui travaram-se batalhas crueis e combates terríveis, uma guerra sem quartel contra a ambição de um homem que pretendeu expandir o seu poder pelo continente europeu. Espanha enviou seus melhores filhos para lutar em defesa das suas povoações e cidades assediadas. A batalha da Ciudad Rodrigo converteu-se em um símbolo de resistência patriótica. Portugal também pagou um preço muito elevado em vidas que ficou para a história. As tropas inglesas foram determinantes na vitória final contra os exércitos imperiais. Provavelmente foi aqui que o imperador Napoleão, esse grande homem malévolo, cometeu o seu primeiro erro fatal.

documentariosvarios.wordpress.com

vídeo







18
Nov17

“What happened, Miss Simone?” – Nina Simone a polémica, a mulher e a Politica

António Garrochinho

ninaandy
Logo no início de sua carreira, Nina conheceu Andy (Andrew) em uma de suas apresentações. Eles se casaram e ele se tornou seu empresário. É notável a relação de submissão que ela foi inserida, ele a controlava e a explorava. A relação dos dois é retratada como uma relação difícil e conturbada, porém o nome para isso é outra coisa: Era uma relação violenta e abusiva. Nina foi agredida diversas vezes – e o que não mostra no documentário, são as vezes que ela foi parar no hospital por isso -, e ela assume as agressões no documentário, Andy também. 
Porém, em momento algum ela demonstra contentamento com a situação, muito pelo contrário, conforme Nina se torna mais ativa politicamente ela vai se libertando. O que é retratado como: ingratidão e insatisfação sexual no relacionamento com Andy.
Lisa deixa claro que, a mãe apanhava, porém ela que havia se colocado naquela situação. Uma fala muito comum não é? Quantas mulheres agredidas já ouviram isso? Apenas culpabilização da vítima. Vítimas de violência doméstica não saem dessas relações porque “não querem”, mas porque na maioria das situações, são reféns emocionais ou economicamente.
Nina era uma refém emocional, que ouvia sempre que seu marido e empresário era um bom homem, que largou tudo para fazer ela se tornar uma estrela (tirando dela o protagonismo e reconhecimento por suas conquistas).
Andy, marido de Nina – que vale lembrar, a espancava e estuprava constantemente – é retratado como o homem que segurou todas a pontas, que fez Nina se tornar quem ela se tonou. Em um determinado momento do documentário, fica claro que Nina queria parar – ela já tinha dinheiro suficiente para estudar e se manter,  e poderia seguir o sonho de estudar para ser pianista clássica  – e mesmo após sua filha nascer Nina teve que voltar imediatamente para a“estrada” e seus compromissos com shows, algo que ela deixa claro que não queria, porém novamente Andy a obriga a isso para não deixar a “carreira desmoronar”, afastando-a assim de sua filha. 
Mas ela era a mãe, então a culpa cai somente sobre ela. Novamente a culpa é da vítima.
“Amei ser mãe. Eu era uma boa mãe. Fui uma mãe boa pra cacete.” – Nina Simone.
“Amei ser mãe. Eu era uma boa mãe. ” – Nina Simone.
O retrato que colocam da Nina, como uma mãe relapsa, que não exercia a maternidade, é na verdade o retrato de uma mulher trabalhadora. Sendo uma escolha ou não, era isso que ela era. E dentro desse contexto, fazia o que podia para ficar mais próxima a filha ou do exercício da maternidade, mesmo viajando controlava a rotina da filha – que era cuidada por babás. Gostaria de ressaltar que, mesmo se não fosse o afastamento causado pelo marido e empresário, se fosse uma escolha da Nina levar a vida dessa maneira, isso não a tornaria uma péssima mãe.
Nina é retratada, para além de uma péssima mãe, uma mulher sem controle. Ao deixar apresentações porque seu público não fazia silêncio – Ritchie Blackmore também fez isso em seus shows, porém é visto apenas como um músico cheio de personalidade, e muitos outros artistas -, como uma mulher descontrolada que depois de atingir a fama, mesmo sendo uma artista incrível ainda era infeliz. Como poderia? Ela tinha que se contentar! Contentar e não seguir seus desejos, mas sim os do seu marido e empresário. Contentar em estar em uma relacionamento abusivo e agressivo. Quem ela pensava que era? 
Andy não a apenas era um marido agressivo e abusivo, ele também tirou o protagonismo da vida da Nina Simone, a controlando em todos os sentidos.
Mostram Nina como uma mulher ressentida com o marido, não como uma mulher vítima de violência doméstica e explorada. Toda sua insatisfação é vista apenas como reclamações de uma mulher mimada, que não gostava de trabalhar. Não como reclamações de uma mulher que estava sendo explorada e cansando de tudo aquilo.
No documentário é insinuado diversas vezes  – até mesmo dito pela filha deles – que ela era louca por não sair daquela relação. Dizendo que ela o provocava. Justificando algo injustificável. 
A agressão contra a Nina é colocada em todo o documentário apenas como ossos do ofício.
Uma mulher combativa movida por paixão e raiva e justamente por isso era uma mulher revolucionária. Mas toda sua força combativa, sua raiva, sua indignação, foram colocadas como algo pejorativo. 
Podemos lutar, mas temos que continuar a ser dóceis, continuar a ser amáveis. Podemos lutar, mas em silêncio!
O erro – na visão da sociedade – de Nina Simone foi ocupar um espaço político, foi se colocar como pessoa política. 
E então ela se tornou a chata. A péssima mãe. A ingrata.
Nina então mostra que a revolução, as mudanças, não se fazem apenas ali na linha de frente. São feitas também com música, colocando-se de forma política na sociedade.
Nina-Simone-Feeling-Good1
A partir de então, Nina começa o processo de libertação individual.
No documentário isso é retratado – através de uma entrevista com Andy, marido e empresário – como uma rebelia pessoal no relacionamento, não retratado como um processo de liberdade e desconstrução, onde ela não aceitava mais, não se sujeitava mais, não se submeteria mais a toda aquela situação de agressão e exploração.
É muito comum ouvirmos até mesmo dentro dos movimentos sociais e políticos, dentro da esquerda, que devemos ser pessoas pacifistas. Nina foi muito criticada por sua posição violenta, por acreditar que devemos ter nossos direitos, custe o que custar. Nina acreditava na revolução armada.
A violência que Nina Simone sofreu durante toda a vida, é relativizada e colocada apenas como um detalhe de sua vida. Não dão atenção ao fato e é absurdamente desrespeitoso a peça central do documentário ser Andy, seu agressor. Porém, ao contar sobre as agressões que Nina cometeu contra a filha, que era adolescente na época, é colocada de uma forma totalmente diferente – não que para mim seja justificável -, apenas retratando uma Nina raivosa e cheia de fúria. 
Nina era a vilã. E sempre foi a vilã. Os pesos e as medidas são usados de formas distintas.
Conforme eu ia assistindo ao documentário, tinha a esperança que no final ela seria retratada de forma digna. Que mostraria toda a sua luta e o motivo de sua raiva – necessária, sempre -, iria retratá-la como uma mulher forte e combativa. Mas o que fizeram foi retratar Nina como uma mulher descontrolada, violenta e que desperdiçou o seu talento apenas por um capricho – a luta pelos movimentos civis é retratada exatamente dessa maneira -, e no fim, para fechar com chave de ouro (porque não poderia ser pior), Nina é “diagnosticada” como maníaca-depressiva como forma de “justificar” todo seu “descontrole”.
No fim a mulher é sempre a louca, “patologicamente” ou não, ela sempre será retratada assim quando assume papel político, quando ocupa espaços políticos e sociais. 


VÍDEO

www.geledes.org.br
18
Nov17

Algarve quer atrair os turistas do pedal mas a ecovia é uma armadilha

António Garrochinho


A Comunidade Intermunicipal do Algarve tem uma candidatura de dois milhões para as câmaras acabarem uma obra que está pendurada há mais de dez anos.
Mario Lopes Pereira
Foto



 A Região de Turismo do Algarve (RTA) anunciou que vai dispor de 350 mil euros para promover a ecovia litoral — uma obra a decorrer há mais de uma dezena de anos mas que ainda não está concluída. A iniciativa da RTA insere-se nos projectos europeus do turismo ambiental, destinados a dar a conhecer a região a quem gosta de pedalar. O pior é que, nas actuais circunstâncias, há sérios riscos de atropelamento. Os ciclistas são empurrados para a Estrada Nacional (EN) 125, que está a ser requalificada para vir a ser uma via urbana, mas sem que haja espaço para se circular de bicicleta 

O presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUV), José Manuel Caetano, lamenta as “lacunas e indefinições” quanto às políticas de mobilidade na região, em particular na questão da ecovia. Cada câmara, diz, gere à sua maneira o troço correspondente aos limites de cada um dos 16 concelhos, sem que haja uma entidade responsável por todo o percurso. O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (Amal), Jorge Botelho (também autarca de Tavira), reconhece que “tem havido alguns atrasos na conclusão das obras”, mas promete mudança de atitude: “Temos [Amal] uma candidatura de dois milhões de euros aprovada para concluir o projecto e vamos arrancar”. E Caetano exclama: “Façam qualquer coisa, já não há paciência para tanta espera”.
Há cerca de seis meses, a Região de Turismo do Algarve e a Amal apresentaram aos parceiros privados uma proposta para que fosse criada uma entidade externa para gerir a ecovia — os 200 quilómetros que vão da fronteira espanhola a Sagres. O projecto passaria por criar um “pacote” de turismo da natureza, inserindo nessa oferta a Via Algarviana, a rota pedestre que atravessa o interior da região, pela serra. A coordenadora do projecto desta via, Anabela Santos, da associação Almargem, comentou: “Espero ao menos que haja financiamento para garantir a manutenção desta via, que já é conhecida lá fora”. Juntar numa mesma entidade a gestão dos dois projectos, disse, “não teve receptividade junto da maioria dos parceiros privados”
A Amal e a RTA anunciaram que, no curto prazo, vão assumir “sobretudo as acções de comunicação e promoção” da ecovia, que ficará ligada ao projecto Atlantic on Bike, liderado pelo departamento francês dos Pirenéus Atlânticos, envolvendo 18 parceiros de sete países. O orçamento dos 350 mil euros vai ser investido ao longo de 36 meses, beneficiando de uma taxa de co-financiamento comunitário de 75%.
Nesta altura, o mais importante, diz Paulo Carvalheiro, um professor que tem promovido as bicicletas nas escolas, “seria repor a sinalética que foi destruída e concluir o projecto ou vão promover uma obra que não está concluída?”. O troço mais difícil de percorrer, adianta, situa-se entre Faro e Olhão: “Os ciclistas são obrigados a circular na EN 125, uma autêntica armadilha”. Mas há outras zonas perigosas: Portimão
Lagos, Odeceixe/Mexilhoeira Grande e Altura (praia de Monte Gordo), exemplifica. Sobre as obras em curso na EN 125, critica que, “mais uma vez, se esqueceram dos ciclistas: basta ir a Boliqueime ver o que lá fizeram”.

  www.publico.pt
18
Nov17

18 de Novembro de 1922: Morre o escritor francês Marcel Proust, autor de "Em Busca do Tempo Perdido"

António Garrochinho


Romancista e crítico francês, nasceu a 10 de julho de 1871, em Auteuil, perto de Paris, e morreu a 18 de novembro de 1922, na capital francesa. Era uma criança débil e asmática mas também com uma inteligência e uma sensibilidade precoces. Até aos 35 anos movimentou-se nos círculos da sociedade parisiense. Depois da morte dos pais isolou-se no seu apartamento de Paris, onde se entregou profundamente à composição da obra-prima, A la recherche du temps perdu (Em Busca do Tempo Perdido, 1914-27). Este imenso romance autobiográfico consta de sete volumes em que expressa as suas memórias através dos caminhos do subconsciente, e é também uma preciosa reflexão da vida em França nos finais do século XIX. A obra é como a sua vida: o reencontro de duas épocas, a tradição clássica e a modernidade. Proust é considerado o precursor do romance contemporâneo.

Marcel Proust licenciou-se em Direito (1893) e Literatura (1895). Durante os anos de estudo foi influenciado pelos filósofos Henri Bergson, seu tio, e Paul Desjardins e pelo historiador Albert Sorel. Em 1896 publicou Les plaisirs et les jours (Os Prazeres e os Dias) uma coleção de versos e contos de grande valor e profundidade, muitos dos quais saíram nas revistas Le Banquet e La Revue Blanche. A revista Le Banquet (1892) foi fundada pelo próprio Marcel Proust em conjunto com amigos. É nesta altura que publica os seus primeiros trabalhos literários e biografias de pintores. Faz traduções de Ruskin, ensaia o relato romanesco da sua trajetória espiritual compondo Jean Santeuil, obra que fará silenciar por lhe parecer apressada e demasiado próxima do seu diário.

A morte do pai (1903), da mãe (1905) e de um grande amigo, empurraram-no para a solidão, mas permanece financeiramente independente e livre para escrever. Através da reflexão que desenvolve obra Contre Sainte-Beuve, composta em 1907, aproxima-se já do grande livro A la recherche du temps perdu (Em Busca do Tempo Perdido). Em 1909 priva-se de toda a vida social e quase de toda a espécie de comunicação. Em 1912 foram publicados no jornal "Le Figaro" os primeiros extratos da obra. Proust cria um trabalho grandioso, escrito na primeira pessoa. Exceção na narrativa, Un Amour de Swann (Um Amor de Swann) é a história de uma época. O mundo exterior e o mundo interior são originalmente identificados. Viajando no tempo, problematiza a modernidade e a existência maquinal a que ela nos condenou. É um trabalho realizado no reencontro de uma vida perdida e que se prolonga, por outro lado, numa metafísica sugerida, como é o caso do episódio da chávena de chá em que Proust nos quer transmitir que a realidade autêntica vive no nosso inconsciente e só uma viagem involuntária pela memória nos leva ao contacto com ela. A la recherche du temps perdu é uma história alegórica da sua vida, de onde são retirados os acontecimentos e os lugares. O autor projeta a sua própria homossexualidade nas personagens considerando-a, bem como a vaidade, o snobismo e a crueldade, o maior símbolo do pecado original.

Proust é considerado precursor da nova crítica e fundador da crítica temática. Publicou ainda em 1919 Pastiches et mélanges.

Marcel Proust. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. 
Wikipedia(Imagem)
Marcel Proust em 1900
Retrato de Marcel Proust  em 1892- Jacques-Emile Blanche 

 Arquivo: Marcel Proust 1887.jpg
Marcel Proust com 15 anos

18
Nov17

MAIS UMA VEZ

António Garrochinho


Governo e sindicatos da educação chegaram esta madrugada a um compromisso, que durante dez horas esteve pendente da discussão de pormenores, mas que conseguiu avanços e permite continuar negociações em dezembro sem comprometer nenhuma reivindicação dos professores.

  • Mais uma vez, depois de semanas e meses a perseguir publicamente Mário Nogueira, por todo o lado, insultando-o de tudo… e execrando os sindicatos “dirigidos por chulos dos sócios que pagam quotas”… ou por “comunas de merda”… parece que a luta dos professores, da FENPROF e de Mário Nogueira, trarão alguns frutos.
    Mais uma vez, HAVERÁ UM GRANDE NÚMERO DE BANDALHOS que, insultando os camaradas de trabalho que lutaram e lutam, bandalhos que não perdendo um único euro do seu vencimento, ao NÃO fazerem greve…
    VÃO BENEFICIAR da luta a que não aderiram.
    Resumindo… são os rematados ƒı‘ˇ„@∂@πø™@ de sempre!!!  
    Este tipo de ƒı‘ˇ„@∂@πø™@ mereceria que houvesse lutas e reivindicações que, depois de ganhas e conquistadas, só beneficiassem quem lutou… mas para bem destes rematados ƒı‘ˇ„@∂@πø™@… não é esse sentimento mesquinho que faz mover os verdadeiros sindicalistas e os trabalhadores solidários. Gente com uma dimensão humana e um carácter que estes rematados ƒı‘ˇ„@∂@πø™@ nunca tiveram, nem terão!

CLIQUE NA IMAGEM ACIMA (JN) PARA LER NOTÍCIA

18
Nov17

O primeiro Fuzil de Assalto da História

António Garrochinho


Durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército Alemão com sua famosa tática de avanço, a Blitzkrieg (Guerra relâmpago), que consistia em utilizar forças móveis em ataques rápidos e de surpresa para evitar que as forças inimigas tivessem tempo de organizar sua defesa, percebia que os armamentos usados pelas tropas eram inferiores a dos seus oponentes. Naquela época, o Exército Alemão considerava o fuzil como apenas uma arma de “suporte”, sendo a arma primária da infantaria uma metralhadora-leve ou pesada. Os soldados carregavam consideravelmente mais munições para uma metralhadora que para seus próprios fuzis. 

Ao longo da guerra, essa tática estava se tornado obsoleta, já que as tropas inimigas estavam utilizando armamentos novos e avançados. Houve-se a real necessidade do Exército Alemão em adquirir um novo armamento para suas tropas, e que essa arma fosse igual ou superior ao poder de fogo das tropas inimigas.

Vendo a situação, os Generais do Exército ordenaram que seus engenheiros desenvolvessem e construíssem um novo armamento para suas tropas. A nova arma teria que ser mais leve, mais robusta, com boa cadência de tiro, mais fácil para o transporte e que fosse eficaz em combates fechados. 

O projeto da nova arma ficou ao encargo de Hugo Schmeisser, um dos designers de armas mais reconhecidos da Europa e que já havia desenvolvido outros armamentos para a Alemanha. Em 1942, Hugo e outros engenheiros começaram  a trabalhar com o projeto da nova arma e em 1943 ela já estava pronta. Nasceu a STG44 (Sturmgewehr 44), o primeiro Fuzil de Assalto do mundo.

Sturmgewehr 44, originou-se da MKb42, que foi desenvolvida pela empresa alemã Walther, em 1940. A MKb42 foi uma arma inovadora para a época, que permitiu a utilização do conceito “Ação à gás”, que facilitava a ejeção dos projéteis deflagrados e a troca do modo de disparo, permitindo também que a arma lançasse granadas através de seu cano. Porém a arma não foi adquirida pelos militares alemães, alegando defeitos de projeto nas armas e que não se adequavam as exigências dos nazistas. 

Aproveitando o projeto da MKb42, Hugo resolveu fazer modificações na arma, trocando seu sistema de disparo, assim como toda sua parte externa. Essas modificações, permitiu aos engenheiros a desenvolverem versões melhoradas da MKb42, surgindo dali, os protótipos:  MP43 e a MP44. 
MKb42.
MP43, parecia, realmente, capaz de cumprir suas funções no campo de batalha e de substituir os rifles alemães, que já estavam obsoletos para a guerra. Mas o protótipo apresentou sérios defeitos que incapacitou as chances de ser usada em combate. Dentre os defeitos, a MP43 não tinha precisão ao disparar, o sistema de recarga travava, não tinha um encaixe para a baioneta e não suportava a alta cadência de tiro. A arma também era pesada, portanto, o Exército Alemão desaprovou a MP43.



Isso tudo só seria corrigido com a chegada da
 MP44. Esse protótipo evoluiu em muitos aspectos. Todo seu sistema interno foi modificado, feito para operar com mais facilidade. Em muitos testes de tiro realizados, a arma teve 100% de aproveitamento. Era bastante precisa, não apresentava panes no seu sistema, era mais leve que a versão anterior e aguentava a alta cadência de tiro. Foram realizadas também, simulações de combate, onde a arma se saiu muito bem. 

Depois de muitos testes, os militares alemães aprovaram a MP44 e pediram a autorização de Adolf Hitler para produzi-la em massa, porém ele negou. A MP44, inicialmente, foi produzida em segredo e em pouca quantidade que apenas equipou algumas unidades do Exército. A MP44 estreou em combate na Frente Oriental, onde os alemães lutavam contra o Exército Vermelho. A arma provou sua grande eficiência em combate, tendo gerado muitas baixas para as tropas Soviéticas. Tal eficiência atraiu os olhos de Hitler novamente, que depois autorizou sua produção em massa.


A sigla “MP” (Maschinenpistole), que era usada na denominação das Submetralhadoras alemãs, mudou para “STG”(Sturmgewehr), que significa Fuzil de Assalto. Surgiu dali o termo “Fuzil de Assalto”, que revolucionou o mundo das armas como conhecemos hoje.
STG44.

STG44 (Sturmgewehr 44), tinha um calibre de 7,62X33mm, capaz de atravessar paredes reforçadas e outros materiais mais resistentes. Seu Pente foi projetado para receber mais munição, cabendo ao máximo 30 projéteis, podendo receber também um Pente estendido com até 40 projéteis. 

Era uma arma robusta, de fácil manutenção. 
A sua alça de mira podia ser ajustada para o ângulo que o atirador precisava, dando a arma mais precisão para acertar o alvo. Foi fabricada inicialmente pela empresa Walther e depois pela Mauser.

STG44, serviu de base para construção de muitas armas ao longo dos anos. Entre elas, a família de Fuzis AK, projetada por Mikhail Kalashnikov. A STG44, sempre será recordada como o “Pai dos Fuzis de Assalto”.



vamosfalarde.com.br
18
Nov17

A Galeria de Espelhos de Versalhes

António Garrochinho

A Galeria de Espelhos de Versalhes, na França, é um suntuoso salão com 17 janelas para o jardim refletidas por 17 arcos espelhados em seu interior. Mas comparado a todo o requinte em ornamentos, pinturas e arquitetura, o nome seria injusto, não fosse os espelhos serem muito caros na época. Pois em toda a sua extensão de 73 metros contém símbolos contando a história da França.

Os arcos são feitos de mármore e ilustram os maiores símbolos da França como a Flor-de-Lis e o Galo Gaulês, entre outros, alguns dos quais foram derretidos para financiar a Guerra dos Nove Anos: como travessas em prata e guéridons. E o teto mostra uma série de cenas alegóricas retratando acontecimentos do reino de Luís XIV, desde as batalhas na Guerra Holandesa até suas reformas econômicas e administrativas.
O Salão dos espelhos foi inicialmente construído para ligar o quarto do rei Sol (Luis XIV) ao da rainha, mas sediou muitos eventos históricos como:
  • a recepção dada aos embaixadores do império Otomano, Sião e Pérsia.
  • Onde Otto von Bismarck proclamou a inauguração do Império Alemão – do qual Guilherme I foi coroado imperador, em 1871.
  • Celebração do casamento de Luís XVI e Maria Antonieta.
  • Assinatura do Tratado de Versalhes após a 1ª Guerra Mundial.
Por tal importância a galeria foi declarada patrimônio cultural mundial pelas Nações Unidas.
Ao passar dos muitos anos o palácio obscureceu em cores, acumulado de sujeira. Mas há 10 anos (em 2007) recebeu uma restauração que custou 16,08 milhões de dólares, revitalizando o salão sem recorrer a métodos artificiais. O arquiteto chefe disse que o salão agora parece “uma senhora velha, mas esfuziante … E as rugas de seu rosto contam uma história”.


vamosfalarde.com.br
18
Nov17

As poderosas mulheres da Primeira Guerra Mundial

António Garrochinho


Falar sobre mulheres para muitos ainda parece algo novo. Pouco se lê sobre elas nos livros de História. É sempre pequena sua participação em filmes históricos e pouco se ouve sobre elas em palestras e aulas. E, quando falamos sobre mulheres e guerras, a ideia soa quase antagônica.
Contudo, a participação das mulheres nas guerras é lembrada por conta de sua presença maciça nos esforços de guerra, trabalhando em fábricas de armamentos e munição, e em posições que tradicionalmente seriam ocupadas pelos homens. A participação feminina teve grande importância nas duas grandes guerras mundiais – tanto por sua proporção quanto pela condição que a mulher vinha ganhando socialmente.

Na foto acima, as recrutas do exército feminino do Reino 

Unido são vistas durante exercícios em maio de 1917. A Primeira Guerra Mundial quebrou as barreiras entre a vida militar e civil. Com os homens afastados na batalha, as mulheres assumiram um papel extraordinário em apoio à guerra, seja na linha de frente ou em casa, em fábricas e fazendas.
Loretta Perfectus Walsh
Loretta Perfectus Walsh se alistou na Reserva Naval dos Estados Unidos em março de 1917, tornando-se a primeira mulher de serviço ativo na Marinha e a primeira mulher militar dos EUA que não era uma enfermeira.
Mulheres trabalhando em uma fábrica
As mulheres trabalham na fábrica da Gray & Davis Co. em Cambridge, Massachusetts. Os fabricantes das munições enfrentaram duras condições de trabalho que às vezes eram letais, como na explosão da fábrica National Barnbow que matou 35, perto de Leeds, na Inglaterra.

Uma mulher trabalha como porteiro na estação Marylebone em Londres enquanto outra limpa um vagão de trem
Russas
Um regimento de mulheres russas de Petrogrado (agora São Petersburgo) relaxa em frente às suas tendas. As mulheres em todo o mundo serviriam diretamente nos campos de batalha, com muitas servindo como enfermeiras, motoristas de ambulâncias e cozinheiras.
Maria Bochkareva
Maria Bochkareva, apelidada de Yashka, era uma militar russa que, em 1917, criou o 1º Batalhão da Morte das Mulheres Russas – uma unidade de combate feminina.
“Hello Girls”
“Olá meninas” no trabalho. O Exército dos EUA treinou mais de 400 mulheres operadoras de telefonia para servir na França e na Inglaterra para o Corpo de Sinal do Exército. Essas mulheres eram bilíngues, falando francês e inglês.
Grace Banker
Grace Banker recebe uma Medalha de Serviço Distinto por seu papel como operadora chefe no Corpo de Sinal do exército dos EUA. Ela trabalhou em um posto perto das linhas de frente na França.
Bombeiras
Bombeiras colocaram uma escada de incêndio em posição, no Reino Unido.
Lenah Higbee
Lenah Higbee, uma enfermeira-chefe da Marinha dos EUA nascida no Canadá, serviu como superintendente do Corpo de enfermeiras da Marinha dos EUA durante a Primeira Guerra Mundial. Ela foi a primeira receptora feminina da Cruz da Marinha.

Na foto acima, as enfermeiras atendem um soldado ferido na França em 1915
Julia Stimson
Julia Stimson foi superintendente do Corpo de enfermeiras do exército dos EUA e a primeira mulher a atingir o grau de major no exército. Ela ganhou a Medalha de Serviço Distinto pelo seu serviço na França.
Mairi Chisholm e Elsie Knocker
Mairi Chisholm e Elsie Knocker dirigem uma ambulância em julho de 1917. As duas mulheres britânicas realizaram um posto de primeiros socorros na Bélgica, a apenas 100 metros das trincheiras.
Milunka Savic
Milunka Savic era uma combatente da Sérvia e a lutadora feminina mais decorada na história da guerra. Ela foi homenageada por vários países por sua bravura.
Mary Sophia Allen inspeciona policiais em Londres
Mary Sophia Allen inspeciona policiais em Londres em maio de 1915. Antes da guerra, Allen havia sido presa três vezes por seu ativismo como sufragada. Ela recusou uma oferta de serviço de guerra de uma “Needlework Guild” para se tornar a segunda no comando do Serviço de Polícia das Mulheres.
Women’s Forestry Corps
Uma integrante do Women’s Forestry Corps (Corpo Florestal Feminino), parte do Women’s Land Army (Exército de Terra Feminino) no Reino Unido, trabalhando, por volta de 1916.
“Escavadeiras”
Mulheres “escavadeiras” trabalham no edifício ferroviário em Coventry, Inglaterra.
Dorothy Lawrence
Dorothy Lawrence se disfarçou de homem para se tornar um soldado inglês na Primeira Guerra Mundial.

Uma mulher em uma fábrica de armamento trabalhando com solda
Tenente com sua família
Um tenente do exército britânico senta-se em um jardim com sua esposa e três filhos enquanto eles estão de licença durante a guerra. Na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, as mulheres enfrentaram a escassez de alimentos, combustíveis e habitação em tempos de guerra enquanto lutavam para manter casas e famílias, enquanto eles também trabalhavam fora da casa.

Fonte: CNN

vamosfalarde.com.br
18
Nov17

OS TECTOS MAIS BELOS DO MUNDO

António Garrochinho

Aquele momento quando você visita um aguardado local na sua viagem e, então, olha para cima e descobre que suas expectativas subestimaram o quanto você apreciaria estar ali. Nesse sentido, abaixo, foi feito uma lista com um dos mais belos tetos dos mundo. Só toma cuidado para não ficar com torcicolo!

1. Castello di Sammezzano, Leccio, Itália: O Castello di Sammezzano fica nas redondezas de Leccio, na comuna de Reggello, Toscana. Feito em estilo mouro, ele foi construído em 1605 por um nobre espanhol, Ximenes de Arago. Porém, somente no século 19 que ele ganhou suas características árabes como é conhecido hoje. O Castello chegou a hospedar até mesmo o rei da Itália, Umberto I, em 1878. Depois da Segunda Guerra, virou um hotel de luxo até ser fechado nos anos 90 e ficar abandonado por quase 20 anos, e se transformado em um alvo de vandalismo. Em 2012, ganhou maior atenção e valorização. Seu  tetos é estupendamente belo, e vale mais do que a pena valorizá-lo.

2. Ely Cathedral, Cambridgeshire: Completada em 1334 pelo carpinteiro Real William Hurley, o centro octogonal é uma magnífica obra de design e engenharia estrutural.

3. Estação de Metrô Central Solna, Estocolmo: É a maior estação ferroviária da Suécia, cerca de 200.000 visitantes diários, localizada no distrito de Norrmalm de Estocolmo, Suécia, e sustenta um fabuloso teto. Foi inaugurada em 1871.


4. Grand Central Station, New York: Baseada em mapas astronômicos medievais, o teto foi pintado pelo artista francês Paul César Helleu e pelo norte-americano Charles Basing, com um time de assistentes. Os signos do Zodíaco foram contornados com folhas de ouro em um pano de fundo azul-esverdeado, evocando as noites de outono e de inverno da Grécia e do Sul da Itália. O teto limpo e restaurado foi revelado em 1998.

5. Mesquita Shah, Isfahan: Construído por Shah Abbas – o qual tinha se mudado para a capital Persa em 1598 – e projetado pelo mestre calígrafo e miniaturista Rezza Abbasi, os seus ladrilhos azúis, amarelos, turquesas, rosas e verdes pegam e refletem a luz da brilhante e quente cidade de Isfahan, animando os espaços calmos sob a grande cúpula azulada da Mesquita de Abba.

6. Haesley Nine Bridges Golf Club House, Yeoju-gun, Coreia do Sul: Projetado por Shigeru Ban, um famoso e inovador arquiteto japonês, foi inaugurado em 2010, e trouxe um mais que notável e elegante corredor átrio. Uma carapaça de grades de madeira suportadas por três colunas de baixa densidade do mesmo material formam o fabuloso teto e telhado. Otimizada via programas computacionais, a obra usa o mínimo de materiais possíveis para sua construção, sua estrutura permite uma agradável fluxo de ar e as colunas são à prova de fogo.

7. Centro Heydar Aliyev, Baku, Azerbaijão: Todo o complexo foi inaugurado em 2012, e o efeito da sua arquitetura é mágico. Construído por Zaha Hadid, sua arquitetura quebrou regras e reinventou um estilo próprio. Também projetado com a ajuda de computadores, sua complexa geometria dá a impressão que sua estrutura está flutuando no espaço.


8. San Pantalon, Dorsoduro, Venice: Essa estupenda pintura à óleo feita no século 17, foi concebida por Gian Antonio Fumiani (1645-1710). O influente crítico inglês de arte do século 19, John Ruskin, descreveu ´O Martírio´ e a ´Apoteose´de San Pantalon como “o mais curioso exemplo na Europa do efeito vulgar dramático da pintura”. Bem, ninguém entendeu nada, porque o teto é fabuloso.

9. Salão de Orações para o Deus da Colheita, Templo do Paraíso, Beijing: O Templo do Paraíso é um vasto complexo de construções realizadas durante o reino da Dinastia Ming do Imperador Yongle (nascido Zhu Di). Completado em 1420, o Salão de Orações evocava e representava as horas, dias, meses e temporadas dos anos em uma arquitetura de geometria precisa e gloriosas cores. Com uma altura de 38 metros, o templo foi construído sem a utilização de um único prego. As cores distintas representam várias evocações de boas fortunas, alegrias, prosperidade e a glória do governo imperial. Foi queimado em 1889 e reconstruído mais tarde, com o interior do templo repintado para as Olimpíadas de 2008 na China.

10. Santo Stephen Walbrook, Cidade de Londres: Por fora, a igreja que sustenta esse teto parece bastante modesta, mas quando se entra em seu interior, compreende-se o quão bela e luxuosa é a sua estrutura. Projetada por Christopher Wren, é uma das grandes obras europeias do século 17. Com um cúpula de 19,3 metros de altura, foi construída com madeira, gesso e cobre.
REFERÊNCIAS:
  1. http://www.stadiumguide.com/friendsarena/
  2. https://unalucciola.com/2014/06/05/castello-di-sammezzano/
  3. http://www.bbc.com/culture/story/20160317-the-10-most-beautiful-ceilings-in-the-world
vamosfalarde.com.br
18
Nov17

Com mais de 200 mil monges enterrados, conheça o maior cemitério do Japão

António Garrochinho


Em uma área pacífica e arborizada da Prefeitura de Wakayama, sul de Kyoto e Osaka, encontra-se a antiga vila de Koyasan ou Monte Koya, conhecida como o epicentro da escola de Budismo Shingon. Budismo Shingon foi introduzido no Japão no início do século 9 por Kobo Daishi, uma das figuras religiosas mais importantes do Japão. Kobo Daishi construiu um templo no topo da montanha isolada de Koyasun como um lugar onde pudesse meditar. Desde então, mais de cem templos e mosteiros surgiram em torno da sede da comunidade.

Koyasan é também o local do maior cemitério do Japão, Okunoin, que se estende por mais de 2 km e é o lar de mais de 200.000 túmulos de monges, em sua maioria budistas. Kobo Daishi permanece enterrado aqui, mas segundo a crença local, ele não está morto – está apenas meditando esperando pela ressurreição do Futuro Buda. 

Desejando estar perto de Kobo Daishi em morte para receber a salvação, muitas pessoas, incluindo monges proeminentes e senhores feudais, tiveram suas lápides erguidas aqui ao longo dos séculos. De acordo com a escola budista Shingon de pensamento, não há mortos em Okunoin, apenas espíritos.
Atrás do Salão de Torodo está o mausoléu de Kobo Daishi, o Gobyo, o local da sua meditação eterna. Refeições ritualísticas são depositadas no mausoléu todos os dias, enquanto monges e leigos refletem em silêncio e recitam com seus sutras em voz baixa.

Mount Koya é um lugar muito sagrado para os japoneses, por isso é preciso tomar cuidado ao visitar o cemitério. É importante se comportar respeitosamente e fotografias, alimentos e bebidas são proibidos. Esta região inteira da Mountain Kii, juntamente com mais dois locais sagrados, Yoshino e Omine, e Kumano Sanzan, foi designado como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2006.
Mizumuke Jizo
Memorial by Nissan





http://vamosfalarde.com.br

18
Nov17

LUTEM PELO COMUNISMO - ENTREVISTA A GROVER FURR

António Garrochinho




A Verdade entrevistou, por e-mail, Grover Furr, professor da Universidade Montclair, no Estado de Nova Jersey, EUA, e autor do livro Antistalinskaia Podlost ("A infâmia antistalinista"), lançado recentemente em Moscou, na Rússia. Grover Furr é ph.D. em literatura comparada (medieval) pela Universidade de Princeton, e, desde 1970, ensina na Universidade de Montclair, sendo responsável pelos cursos de Guerra do Vietnã e Literatura de Protesto Social, entre outros. Suas principais áreas de pesquisa são o marxismo, a história da URSS e do movimento comunista internacional e os movimentos políticos e sociais. Nesta entrevista, o professor Grover fala de sua pesquisa e afirma que “60 de 61 acusações que o primeiro-ministro Nikita Kruschev fez contra Stálin são comprovadamente falsas”.

A Verdade – Recentemente, um grande número de livros tem sido publicado atacando a pessoa e a obra de Josef Stálin. Como o senhor explica a intensificação desse antistalinismo nos EUA e no mundo?

Grover Furr – Desde o fim da década de 1920, Stálin tem sido o maior alvo do anticomunismo ideológico e acadêmico. Leon Trótsky atacava Stálin para justificar sua própria incapacidade de ganhar as massas trabalhadoras da União Soviética [URSS]. A verdadeira causa da derrota de Trótsky é que sua interpretação do marxismo – um tipo de determinismo econômico extremado – predizia que a revolução estava fadada ao fracasso a não ser que fosse seguida por outras revoluções nos países industrialmente avançados. Mas a liderança do Partido preferiu o plano de Stálin para primeiro construir o socialismo em um só país. As ideias de Trótsky tiveram (e ainda têm) uma grande influência sobre todos aqueles declaradamente capitalistas e anticomunistas. Os historiadores trotskistas são muito bem acolhidos pelos historiadores capitalistas. Pierre Broué e Vadim Rogovin, os mais proeminentes historiadores trotskistas das últimas décadas, já foram louvados e ainda são frequentemente citados por historiadores abertamente reacionários. Muitos na liderança do Partido em 1930 combateram Stálin quando este lutava por democracia interna no Partido e, especialmente, por eleições democráticas para os sovietes. As grandes conspirações da década de 1930 revelaram a existência de uma ampla corrente de oposição às políticas associadas a Stálin. Essas conspirações de fato existiam: os oposicionistas realmente estavam tentando derrubar o partido soviético e assassinar a liderança do governo, ou tomar o poder liderando uma revolta na retaguarda, em colaboração com os alemães e os japoneses. Nikolai Ezhov, líder da NKVD (o Comissariado do Povo para Assuntos Internos), tinha sua própria conspiração direitista, incluindo colaboração com o Eixo. Visando aos seus próprios fins; ele executou centenas de milhares de cidadãos soviéticos completamente inocentes para minar a confiança e a lealdade ao governo soviético. Quando Stálin morreu, Kruschev e muitos líderes do Partido viram que poderiam jogar a culpa por essas grandes repressões em cima de Stálin. Eles também inventaram muitas outras mentiras escancaradas sobre Stálin, Lavrentii Béria e pessoas próximas aos dois. Quando, bem mais tarde (1985), [Mikhail] Gorbachev assumiu o poder, ele também percebeu que as suas “reformas” capitalistas – o distanciamento do socialismo em direção a relações capitalistas de mercado– poderiam ser justificadas se sua campanha anticomunista fosse descrita como uma tentativa de “corrigir os crimes de Stálin”. Essas mentiras e histórias de horror permanecem como a principal forma de propaganda anticomunista, hoje, no mundo. A tendência é que elas se intensifiquem, pois os capitalistas estão diminuindo os salários e retirando benefícios sociais dos trabalhadores, caminhando em direção a um exacerbado nacionalismo, ao racismo e à guerra.

A Verdade – O que o levou a se interessar pela história da URSS?

Grover Furr – Quando estava na faculdade, de 1965 a 1969, eu fazia protestos contra a guerra dos EUA no Vietnã. Um dia, alguém me disse que os comunistas vietnamitas não poderiam ser “caras legais” porque eram todos “stalinistas”, e “Stálin tinha matado milhões de pessoas inocentes”. Isso ficou na minha cabeça. Foi provavelmente por isso que, no início da década de 1970, li a primeira edição do livro O grande terror, de Robert Conquest. Fiquei impressionado quando o li! Mas eu já tinha um certo domínio do russo e podia ler neste idioma, pois já vinha estudando literatura russa desde o ensino médio. Então examinei o livro de Robert Conquest com muito cuidado. Aparentemente ninguém ainda havia feito isso! Descobri, então. que Conquest fora desonesto no uso de suas fontes. Suas notas de rodapé não davam suporte a nenhuma de suas conclusões “anti-Stálin”. Ele basicamente fez uso de qualquer fonte que fosse hostil a Stálin, independentemente de se era confiável ou não. Decidi, então, escrever alguma coisa sobre o “grande terror”. Demorou um longo tempo, mas finalmente foi publicado em 1988. Durante este tempo estudei as pesquisas que estavam sendo feitas por novos historiadores da URSS, entre os quais Arch Getty, Robert Thurston e vários outros.

A Verdade – Seu livro Antistalinskaia Podlost (“A infâmia anti-stalinista”) foi recentemente publicado em Moscou. Conte um pouco sobre ele.

Grover Furr – Há aproximadamente uma década fiquei sabendo da grande quantidade de documentos que estavam sendo revelados dos antigos arquivos secretos soviéticos, e comecei a estudá-los. Li em algum lugar que uma ou duas das declarações de Kruschev em sua famosa “fala secreta”, de 1956, foram identificadas como falsas do início ao fim. Daí, pensei que poderia fazer algumas pesquisas e escrever um artigo apontando alguns outros erros de seu pronunciamento da “sessão secreta”. Nunca esperei descobrir que tudo o que Kruschev disse – 60 de 61 acusações que ele fez contra Stálin e Béria – eram comprovadamente falsas (não pude encontrar nada que comprovasse a 61ª)! Percebi que este fato mudava tudo, uma vez que praticamente toda a “história” anticomunista desde 1956 se baseia ou em Kruschev ou em escritores de sua época. Verifiquei que a história soviética do período de Stálin que todos aprendemos era completamente falsa. Não apenas “um erro aqui e outro ali”, mas fundamentalmente uma fraude gigantesca, a maior fraude histórica do século! E meus agradecimentos ao colega de Moscou Vladimir L. Bobrov, que foi o primeiro a me mostrar esses documentos, me deu inestimáveis conselhos, várias vezes, e fez um excelente trabalho de tradução de todo o livro. Sem o dedicado trabalho de Vladimir, nada disso teria acontecido.

A Verdade – Em suas pesquisas o senhor teve acesso direto a arquivos soviéticos abertos recentemente. O que esses documentos revelam sobre os "milhões de mortos" sob o socialismo, especificamente no período de Stálin?

Grover Furr – Considerando que pessoas morrem a todo instante, eu suponho que você esteja falando de mortes “excedentes”. A Rússia e a Ucrânia sempre experimentaram fomes a cada três, quatro anos. A fome de 1932-33 ocorreu durante a coletivização. Sem dúvida, que um número maior de pessoas morreu do que teria morrido naturalmente. No entanto, muito mais pessoas iriam morrer em sucessivas fomes – a cada três, quatro anos, indefinidamente, no futuro – se não fosse feita a coletivização. A coletivização significou que a fome de 1932-33 foi a última, com exceção da grave fome de 1946-1947, que foi muito pior, mas isso devido à guerra. E, como mencionei anteriormente, Nikolai Ezhov deliberadamente matou milhares de pessoas inocentes. É interessante considerar o que poderia ter sucedido se a URSS não houvesse coletivizado a agricultura e não tivesse acelerado seu programa de industrialização, e se as conspirações da oposição nos anos 1930 não tivessem sido esmagadas. Se a URSS não tivesse feito a coletivização, os nazistas e os japoneses a teriam conquistado. Se o governo de Stálin não houvesse contido as conspirações direitistas, trotskistas, nacionalistas e militares, os japoneses e os alemães teriam conquistado o país. Em qualquer um desses casos, as vítimas entre os cidadãos soviéticos teriam sido muito, muito mais numerosas do que os 28 milhões mortos na guerra. Os nazistas teriam matado muito mais eslavos ou judeus do que mataram. Com os recursos, e talvez até mesmo com os exércitos da URSS do seu lado, os nazistas teriam sido muito, muito mais fortes contra a Inglaterra, a França e os EUA. Com os recursos soviéticos e o petróleo de Sakhalin, os japoneses teriam matado muito, muito mais americanos do que fizeram. O fato é que a URSS sob Stálin salvou o mundo do fascismo não apenas uma vez, durante a guerra, mas três vezes: pela coletivização; pelo desbaratamento das oposições direitista-trotskista-militares e também na guerra. Quantos milhões isso dá?

A Verdade – Alguns autores vêm tentando encontrar semelhanças entre Stálin e Hitler, e alguns até chegam a afirmar que o suposto "stalinismo" foi “pior” que o nazismo. Existia realmente alguma ligação entre Stálin e Hitler?

Grover Furr – Os anticomunistas e os pró-capitalistas não discutem a luta de classes e a exploração. De fato, eles ou fingem que essas coisas não existem ou que não são importantes. Mas a luta de classes causada pela exploração é o motor da história. Então omitir isso significa falsificar a história. Hitler era um capitalista, um anticomunista autoritário de um tipo que é comum em vários países capitalistas. Stálin liderou o Partido Bolchevique e a URSS quando os comunistas em todo o mundo estavam lutando contra todo tipo de exploração capitalista. Sempre que dizemos “pior”, devemos sempre nos perguntar: “Pior para quem?” A URSS e o movimento comunista durante o período de Stálin foram definitivamente “piores que o nazismo”, para os capitalistas. Essa é a razão de os capitalistas odiarem tanto Stálin e o comunismo. O movimento comunista durante o período de Lênin e Stálin, e ainda por um bom tempo depois, foi a maior força de libertação humana da história. E novamente devemos nos perguntar: “Libertação de quem? Libertação do quê?” A resposta é: libertação da classe trabalhadora de todo o mundo, da exploração capitalista, da miséria e das guerras.

A Verdade – Um dos ataques mais frequentes a Stálin é que ele seria responsável pela fome na Ucrânia, em 1932-1933, também chamada de Holodomor. Esta versão da história corresponde ao que realmente ocorreu?

Grover Furr – O “Holodomor” é um mito. Nunca aconteceu. Esse mito foi inventado por ucranianos nacionalistas pró-fascistas, junto com os nazistas. Douglas Tottle comprovou isso em seu livro Fraud, Famine and Fascism (1988). Arch Getty, um dos melhores historiadores burgueses (isso é, não marxistas, não comunistas), também tem um bom artigo sobre isso. Até o próprio Robert Conquest deixou de defender sua antiga versão de que os soviéticos deliberadamente causaram a fome na Ucrânia. Nenhuma sombra de prova que poderia confirmar essa visão jamais veio à luz. O mito do “Holodomor” persiste porque ele é o “mito fundacional” do nacionalismo direitista ucraniano. Os nacionalistas ucranianos que invadiram a URSS juntamente com os nazistas mataram milhões de pessoas, incluindo muitos ucranianos. Sua única “desculpa” é propagandear a mentira de que eles “lutaram pela liberdade” contra os comunistas soviéticos, que eram “piores”.

A Verdade – Deixe uma mensagem para os trabalhadores .

Grover Furr – Lutem pelo comunismo! Todo o poder à classe trabalhadora de todo o mundo!




omarxistaleninista.blogspot.pt
18
Nov17

A ENTREVISTA PERDIDA DE JOHN LENNON DE 1971

António Garrochinho

Resultado de imagem para JOHN LENNON

Todos que já leram o Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels, e já ouviram a música Imagine, de John Lennon, já perceberam que há algumas coisas em comum.

Sendo diretamente inspirada no livro ou não, a música apresenta algumas das teses centrais do comunismo: um mundo em que as pessoas vivam em irmandade, sem nações, sem possessões, sem ganância, sem fome. O mundo todo como um só.

Encontrei em diversos sites na internet uma declaração de John Lennon em que ele diz que sua música é "virtualmente o Manifesto Comunista". Apesar de ainda não ter confirmado a veracidade de tal afirmação, os pontos de contato entre as duas obras são inequívocos.

Reproduzimos abaixo trechos da última entrevista de John Lennon, concedida em 21 de janeiro de 1971 ao jornal de esquerda The Red Mole (que ele carrega na foto ao lado).

Os recortes que escolhemos para tradução mostram John Lennon falando sobre cultura, violência e tomada do poder pelos trabalhadores.

Representaram o jornal Robin Blackburn (RB) e Tariq Ali (TA). Também foi entrevistada, junto com Lennon (JL), sua inseparável Yoko Ono (YO).




Power to the People: A entrevista perdida de John Lennon de 1971

[...]

RB: Bem, em todo caso, política e cultura estão ligados, não? Digo, os trabalhadores são reprimidos pela cultura, e não pelas armas neste momento...

JL: ...eles estão dopados...

RB: E a cultura que os dopa é aquela que os artistas podem criar ou romper com ela...

JL: É isto que estou tentando fazer com meus álbuns e nessas entrevistas. O que estou tentando fazer é influenciar todas as pessoas que posso. Todos aqueles que ainda podem sonhar e que colocam um grande ponto de interrogação em suas mentes...

[...]

Todas as revoluções acontecem quando um Fidel ou Marx ou Lenin ou quem seja, que são intelectuais, são capazes de ir aos trabalhadores. Eles conseguiram organizar uma boa quantidade de pessoas e os trabalhadores pareciam entender que estavam em um Estado opressor. Eles ainda não tinham acordado, eles ainda acreditavam que carros e televisores eram a solução. O que se deve fazer é pegar esses estudantes de esquerda e levá-los aos trabalhadores, vocês tem que pegar esses estudantes e envolvê-los com o The Red Mole.

[...]

TA: Nenhuma classe dominante em toda a história jamais entregou o poder volutariamente, e eu não vejo nenhuma mudança...

[...]

A violência popular contra seus opressores é sempre justificada. Não pode ser evitada.

YO: Mas de certa forma, a música mostrou que as coisas poderiam ser transformadas por novos canais de comunicação.

JL: Sim, mas como eu disse, nada mudou.

YO: Bem, alguma coisa mudou, e para melhor. Só estou dizendo que talvez possamos fazer uma revolução sem violência.

JL: Mas você não pode tomar o poder sem luta...

TA: Isso é o crucial.

JL: Porque quando chega na hora do "vamos ver", eles não deixarão o povo ter nenhum poder; eles darão todos os direitos para atuar e dançar por eles, mas nenhum poder real...

[...]

TA: Como você pensa que podemos destruir o capitalismo aqui, na Inglaterra, John?

JL: Acho que apenas fazendo os trabalhadores conscientes da infeliz situação em que se encontram, desconstruindo a ilusão que está à sua volta. Eles pensam que estão num país maravilhoso, com liberdade de expressão. Eles tem carros e televisores e não querem pensar que existe algo mais na vida. Estão prontos para deixarem os chefes governá-los, ver suas crianças drogadas na escola. Estão sonhando os sonhos dos outros, não é nem seu próprio sonho. Eles deveriam perceber que os negros e os irlandeses estão sendo atormentados e reprimidos e que eles serão os próximos.

Assim que tiverem consciência disso podemos começar a fazer algo. Os trabalhadores podem tomar o controle. Como Marx disse: "A cada um de acordo com sua necessidade". Acho que isso funcionaria bem aqui. Mas precisamos nos infiltrar no exército também, porque estão todos bem treinados para nos matar.

Temos que começar tudo isso a partir de onde somos oprimidos. Acho que é falso, vazio, fazer caridade aos outros enquanto sua própria necessidade também é enorme. A idéia não é dar conforto às pessoas, não fazê-las se sentir bem, mas fazê-las se sentir piores, constantemente colocando diante delas as degradações e humilhações pelas quais passam para conseguir aquilo que chamam salário mínimo.


VÍDEO


omarxistaleninista.blogspot.pt

18
Nov17

Sonho americano? Conheça 10 factos chocantes sobre os EUA

António Garrochinho

Sonho americano? Conheça 10 factos chocantes sobre os EUA


Maior população prisional do mundo, pobreza infantil acima dos 22%, nenhum subsídio de maternidade, graves carências no acesso à saúde… bem-vindos ao “paraíso americano”                  


Os EUA costumam se revelar ao mundo como os grandes defensores das liberdades, como a nação com a melhor qualidade de vida do planeta e que nada é melhor do que o “american way of life” (o modo de vida americano). A realidade, no entanto, é outra. Os EUA também têm telhado de vidro como muitos  dos países, a diferença é que as informações são constantemente camufladas. Confira abaixo 10 fatos pouco abordados pela mídia ocidental.

Sonho americano? Conheça 10 fatos chocantes sobre os EUA

Sonho americano? Conheça 10 fatos chocantes sobre os EUA

1. Maior população prisional do mundo


Elevando-se desde os anos 80, a surreal taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controle social: à medida que o negócio das prisões privadas alastra-se como uma gangrena, uma nova categoria de milionários consolida seu poder político. Os donos destas carcerárias são também, na prática, donos de escravos, que trabalham nas fábricas do interior das prisões por salários inferiores a 50 cents por hora. Este trabalho escravo é tão competitivo, que muitos municípios hoje sobrevivem financeiramente graças às suas próprias prisões, aprovando simultaneamente leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes menores como roubar chicletes. O alvo destas leis draconianas são os mais pobres, mas, sobretudo, os negros, que representando apenas 13% da população norte-americana, compõem 40% da população prisional do país.


2. 22% das crianças americanas vive abaixo do limiar da pobreza.

Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças norte-americanas vivam sem “segurança alimentar”, ou seja, em famílias sem capacidade econômica para satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável. As estatísticas provam que estas crianças têm piores resultados escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm uma maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.


3. Entre 1890 e 2012, os EUA invadiram ou bombardearam 149 países.




O número de países nos quais os EUA intervieram militarmente é maior do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de oito milhões de mortes causadas pelo país só no século XX. Por trás desta lista, escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, recipiente do Nobel da Paz, os EUA conduzem neste momente mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo.


O mesmo presidente criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, superando de longe George W. Bush.



4. Os EUA são o único país da OCDE que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade.


Embora estes números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos por cada empresa, é prática corrente que as mulheres norte-americanas não tenham direito a nenhum dia pago antes ou depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença maternidade. Neste aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia.


5. 125 norte-americanos morrem todos os dias por não poderem pagar qualquer tipo de plano de saúde.


Se não tiver seguro de saúde (como 50 milhões de norte-americanos não têm), então há boas razões para temes ainda mais a ambulância e os cuidados de saúde que o governo presta. Viagens de ambulância custam em média o equivalente a 1300 reais e a estadia num hospital público mais de 500 reais por noite. Para a maioria das operações cirúrgicas (que chegam à casa das dezenas de milhar), é bom que possa pagar um seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a terra das oportunidades e, como o nome indica, terá a oportunidade de se endividar e também a oportunidade de ficar em casa, torcendo para não morrer.



6. Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de nativos. Só entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres em reservas índias foram esterilizadas contra sua vontade pelo governo norte-americano.



Esqueçam a história do Dia de Ação de Graças com índios e colonos partilhando placidamente o mesmo peru em torno da mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições atuais à imigração ilegal, ninguém diria que os fundadores deste país foram eles mesmos imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados. Em pleno século XX, os EUA iniciaram um plano de esterilização forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num formulário escrito em idioma que não compreendiam, ameaçando-as com o corte de subsídios caso não consentissem ou, simplesmente, recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se espante, os EUA foram o primeiro país do mundo oficializar esterilizações forçadas como parte de um programa de eugenia, inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e, mais tarde, contra negros e índios.



7. Todos os imigrantes são obrigados a jurarem não ser comunistas para poder viver nos EUA.


Além de ter que jurar não ser um agente secreto nem um criminoso de guerra nazi, vão lhe perguntar se é, ou alguma vez foi membro do Partido Comunista, se tem simpatias anarquista ou se defende intelectualmente alguma organização considerada terrorista. Se responder que sim a qualquer destas perguntas, será automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco carácter moral”.


8. O preço médio de uma licenciatura numa universidade pública é 80 mil dólares.


O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente, todos os estudantes têm dívidas astronômicas, que, acrescidas de juros, levarão, em média, 15 anos para pagar. Durante esse período, os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel prazer, sem o consentimento ou sequer o conhecimento do devedor. Num dia, deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juros e, no dia seguinte, pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juro. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes norte-americanos cresceu à marca dos 1,5 trilhões de dólares, elevando-se assustadores 500%


.

9. Os EUA são o país do mundo com mais armas: para cada dez norte-americanos, há nove armas de fogo.


Não é de se espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior coleção de armas. O que surpreende é a comparação com outras partes do mundo: no restante do planeta, há uma arma para cada dez pessoas. Nos Estados Unidos, nove para cada dez. Nos EUA podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, algo em torno de 275 milhões. Esta estatística tende a se elevar, já que os norte-americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.



10. Há mais norte-americanos que acreditam no Diabo do que os que acreditam em Darwin.


A maioria dos norte-americanos são céticos. Pelo menos no que toca à teoria da evolução, já que apenas 40% dos norte-americanos acreditam nela. Já a existência de Satanás e do inferno soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos norte-americanos. Esta radicalidade religiosa explica as “conversas diárias” do ex-presidente Bush com Deus e mesmo os comentários do ex-pré-candidato republicano Rick Santorum, que acusou acadêmicos norte-americanos de serem controlados por Satã.


fonte: revistaforum.com.br
18
Nov17

A PRIMEIRA MULHER COMUNISTA E SINDICALISTA NO CHILE FUNDADORA DO PARTIDO OBRERO SOCIALISTA MAIS TARDE O PARTIDO COMUNISTA DO CHILE

António Garrochinho

Entre tantas comunistas bravas e aguerridas inspiraram a batalha diária revolucionária, anti-imperialista e feminista classista, vale a pena lembrar a Latino americana a história de luta de Teresa Flores.


Teresa Flores nasceu em 1891, num contexto social onde as mulheres sequer podiam ler e escrever. 

Primeira mulher dirigente sindical no Chile, passou a se interessar pelo debate de emancipação das mulheres trabalhadoras e impulsionou uma importante mobilização feminina no país, a Greve das Cozinhas (Huelga de las cocinas apagadas), liderada por inúmeras donas de casa que se negavam a cumprir o dever de cozinhar que recaía sobre suas costas, obrigando assim seus maridos a participarem das paralisações e de comparecer aos sindicatos para escutar o que as mulheres tinham a dizer. Essas manifestações culminaram em uma unidade entre as mulheres que lutavam pelos direitos das trabalhadoras e trabalhadores, que fundam a Federação Obreira Feminina, cuja dirigente eleita foi Teresa Flores.

Em janeiro de 1912, Teresa é a única mulher a participar da fundação do Partido Obrero Socialista, que mais tarde veio a ser o Partido Comunista do Chile – de Pablo Neruda e Ramona Parra – o PCCh.

Desde as vitórias no Leste Europeu, passando pela história de luta da América Latina,as mulheres comunistas desempenharam um papel importante na história


“amiga nuestra, corazón valiente,
niña ejemplar, guerrillera dorada:
juramos en tu nombre continuar esta lucha
para que así florezca tu sangre derramada.”

(Neruda)

Por Mariana Pahim Hyppolito
18
Nov17

Faro no Teatro das Figuras - Gala homenageia acordeonista Hermenegildo Guerreiro

António Garrochinho


Hermenegildo Guerreiro, acordeonista e compositor algarvio que se tem destacado no ensino do acordeão, vai ser homenageado numa gala marcada para sábado, 18, às 21:30 horas, no Teatro das Figuras, em Faro.
O espetáculo conta com a participação de Acordealma (João Pereira, Sérgio Conceição e Silvino Campos), Anabela Silva/José Gabriel Chaveca (duo), Emanuel Marçal, Fábio Guerreiro, Fernando Inês, Hélder Barracosa, Ilda Maria, João Filipe Guerreiro, João Frade, José Correia, Lígia Cipriano, Lúcia Barracosa, Luís Gama, Nelson Conceição, René Sopa (França), Rui Briceño e Grupo Folclórico de Faro.
Hermenegildo Guerreiro, 60 anos, natural de Salir (Loulé), mudou-se cedo para Bordeira, no concelho de Faro, onde aprendeu a tocar acordeão. Mais tarde, dedicou-se ao ensino do instrumento.
Os seus alunos já foram duas vezes campeão do Mundo e três vezes vice-campeões do Mundo, entre outras dezenas de títulos internacionais e nacionais.
Compôs também várias dezenas de obras, de sua autoria e co-autoria, das quais, algumas premiadas.
É júri na Confédération Mondiale de l’Accordéon e na Confédération Internationale des Accordéonistes, sendo, nesta última, delegado em representação de Portugal. É sócio de mérito da Mito Algarvio – Associação de Acordeonistas do Algarve, um dos parceiros na organização desta iniciativa, com o Grupo Folclórico de Faro e a junta de freguesia de Santa Barbara de Nexe.
O espetáculo tem a duração prevista de duas horas. Os bilhetes custam 5 euros.

regiao-sul.pt

18
Nov17

Zoológicos humanos que ainda hoje existem foram um dos eventos mais vergonhosos da Europa e só terminaram nos anos 1950

António Garrochinho


Isolados em bolhas sociais, econômicas e virtuais, muitos de nós gostam de acreditar que os piores horrores cometidos pela humanidade, em nome de preconceitos e ignorâncias (muitas vezes alinhadas à cobiça e a ganância), aconteceram em um passado remoto e distante. A verdade, porém, é que não só nossas piores páginas aconteceram ontem, em uma perspectiva histórica, como muitas delas, ou ao menos os ecos e efeitos desses horrores, seguem acontecendo. Da mesma forma que o holocausto judeu tem a idade de muitos avós vivos e saudáveis por aí, os terríveis e inacreditáveis zoológicos humanos só deixaram de existir no final dos anos 1950.

Tais “exibições” eram exatamente o que o nome sugere: a exposição de pessoas, em sua absoluta maioria africanos, mas também indígenas, asiáticos e aborígenes, aprisionados em jaulas, expostos literalmente feito animais, obrigados a reproduzir marcas de suas culturas – como danças e rituais –, a desfilar nus e carregar animais para o deleite da população de países europeus e dos EUA. O racismo era orgulhosamente aplaudido e celebrado por milhões de visitantes.



Zoológicos que ainda existem hoje, como o localizado no bairro do Bronx, em Nova Iorque, no início do século passado também expuseram seres humanos em suas jaulas. Uma pigmeia do Congo ficou “exposta” nesse zoológico em 1906, obrigada a carregar chimpanzés e atirada em jaulas com outros animais. Houve resistência por parte de alguns setores da sociedade (o jornal New York Times, porém, comentou na época como “poucas pessoas expressaram objeção em ver um ser humana em uma jaula com macacos”), mas a maioria não se importou.



O último zoológico humano que se tem notícia aconteceu na Bélgica, em 1958. Por mais chocante que hoje tal prática possa parecer, a verdade é que, na mídia, na publicidade, nas redes sociais e na sociedade como um todo, tal objetificação e hierarquização racial seguem postas em práticas análogas – e o efeito desse nível de racismo e violência pode ser reconhecido em qualquer cidade ou país, e serve como medida para o tamanho da luta que ainda precisa ser feita a fim de combater qualquer racismo.




Pôster de uma dessas “exibições” em zoológicos humanos na Alemanha, em 1928

© fotos: divulgação/fonte:via

18
Nov17

Distopia na Faixa de Gaza - Os nazis/sionistas de israel

António Garrochinho


Gideon Levy
Haaretz




Uma catástrofe humana está acontecendo a uma hora de distância; um desastre humanitário, um horror de que Israel tem o peso da culpa e [o público em] Israel está ocupado com acusações de agressão sexual contra o executivo de televisão Alex Gilady.



Os filhos de Gaza vivem no inferno. Um psicólogo fala sobre abuso sexual, drogas e desespero desenfreados.

A entrevista com o psicólogo israelense Mohammed Mansour é um dos mais chocantes, terríveis e recentes documentos irritantes para serem publicados aqui.

Se Israel fosse uma sociedade moral e não nacionalista e lavagem de cérebro, seus fundamentos estariam tremendo. Este deveria ter sido o tema do dia, a tempestade do dia. Uma catástrofe humana está acontecendo a uma hora de distância; um desastre humanitário, um horror de que Israel tem a pior parte da culpa, e Israel está ocupado com acusações de agressão sexual contra o executivo de televisão Alex Gilady.

Mansour voltou de uma visita à Faixa de Gaza como voluntário dos médicos para os direitos humanos de Israel. Ele é um especialista no tratamento do trauma e ninguém pode permanecer impassível às observações de suas duas visitas mais recentes. Direita ou esquerda, não importa, qualquer pessoa com um iota de humanidade se estremeceria.

Mais de um terço das crianças que conheceu no campo de refugiados de Jabalya relataram ter sido abusadas sexualmente. Seus pais, presos em uma guerra para sobreviver e sofrendo de depressão, não conseguem protegê-los. Em Gaza, é impossível manter as crianças e seus pais longe de suas fontes de trauma porque o trauma não termina e não vai acabar. Adultos e crianças vivem com dor terrível. Ninguém está mentalmente saudável em Gaza. Caos, essa é a palavra.

Mansour descreve a distopia, uma sociedade que está caindo aos pedaços. Devastação O povo de Gaza demonstrou uma resistência, espírito e solidariedade incríveis em suas famílias, cidades, bairros e acampamentos, depois de todas as pragas que sofreram: refugiados, filhos de refugiados, netos de refugiados e bisneto de refugiados, estão desmoronando .

Mansour descreveu uma luta total pela sobrevivência, com dependência aos analgésicos como o refúgio final. Não resta o que sabíamos sobre a Gaza. Nada nos lembra da Gaza que amamos. "Será difícil restaurar a humanidade de Gaza, Gaza é um inferno", diz Mansour.

As descrições de Mansour, tão difíceis quanto são, não devem surpreender ninguém. Tudo está acontecendo de acordo com o livro, o melhor livro de experiências com seres humanos. Este é o único resultado possível da prisão de dois milhões de pessoas em uma enorme gaiola há mais de 10 anos, sem saída e sem esperança.

O bloqueio da Faixa de Gaza é o maior crime de guerra que Israel cometeu. Esta é a segunda Nakba, ainda mais horrível que a sua antecessora. Desta vez, Israel não tem desculpas para a guerra e o voo dos árabes. Mesmo as desculpas da segurança excessiva não podem mais convencer ninguém, exceto os israelenses que são incitados contra Gaza. Somente eles não têm nenhum problema moral com a existência de uma gaiola humana na fronteira deles. Eles sozinhos têm mil desculpas e acusações contra o mundo inteiro, alguns falsos, como a afirmação de que o Hamas ascendeu ao poder através do uso da força. Ou que os foguetes Qassam começaram após a retirada de Israel da Faixa de Gaza em 2005 - qualquer coisa para silenciar a consciência e sempre silenciosa - afinal eles são árabes.

Estamos a falar de Gaza. Estamos falando de seres humanos. Dezenas de milhares de crianças e bebês sem presente e sem futuro. Sacrifícios de seres humanos cujo destino não interessa a ninguém.

Na calma entre um ataque cruel de Israel e outro, entre as ruínas que Israel causou sem qualquer propósito e que não foram reconstruídas, Gaza está à frente das previsões mais miseráveis. As Nações Unidas advertiram que, até 2020, a Faixa de Gaza poderia tornar-se "inabitável". Em 2017, já é um inferno.

Israel não permitiu que qualquer jornalista israelense entre na Faixa de Gaza por mais de uma década, a fim de poupar os israelenses o leve desconforto que as visões podem causar. Voluntários dos Médicos para os Direitos Humanos, todos os árabes, são os únicos israelenses que conseguem entrar em Gaza. O relatório de Mansour é um relatório feito clandestinamente de um gueto. A Faixa de Gaza pode ser comparada a um gueto. Com a cabeça inclinada e um grande clamor, devemos compará-los. Gaza é um gueto e o mundo está em silêncio.

Gideon Levy, correspondente da Haaretz.

Fonte: https://www.haaretz.com/opinion/.premium-1.821845

Esta tradução pode ser reproduzida livremente na condição de respeitar sua integridade e mencionar o autor, o tradutor e a Rebelião como fonte da tradução.
18
Nov17

AI, É LÁ TÃO LONGE…

António Garrochinho




Aung San Suu Kyi é mais um produto de cosmética democrática, sakharovizada e nobelizada e tudo o mais que houvesse de “democrático” para a “premiar”. Filha do “pai da Pátria”, esteve vários anos em prisão domiciliária, embora rodeada das coisas boas da vida.

Admirada por “Killary” Clinton, poder-se-ia desconfiar, de imediato, da qualidade da personagem tão propalada por toda a imprensa neo-liberal e fazedora de heroínas “à la carte”, desde há duas décadas.

Finalmente liberta e sendo conselheira de Estado, é, de facto, quem manda hoje no seu país. É, pois, esta mulher a responsável política pelo genocídio do povo “rohingya”, no estado birmanês de Rakhine.

O morticínio tem arquitectura de “apartheid”, uma vez que os “rohingya” são muçulmanos na imensidão budista. Justificação, desde há muito, para matanças e perseguições a este povo que, para seu grande azar, não é francês nem belga, razão porque não lhe é concedida a categoria internacional de adquirir “je suis” em catadupa (não tivessem ido viver para tão longe…).

Até a ONU, imagine-se, já reconheceu o depoimento de uma mulher a que a tropa fandanga assassinou o marido e o filho afirmando que “muito provavelmente representam crimes contra a Humanidade”.

Disse a pobre mulher: «O meu filho de 8 meses estava a chorar com fome, queria mamar. Eles (a tropa) estavam em minha casa, e então, para o silenciar mataram-no com uma faca.»

O neo-fascismo situado em Bruxelas já emitiu alguma nota discordante?
Há alguma notícia no ocidente dos milhares de mortes que ocorrem na Birmânia?

A resposta é não! Nem uma só nota. Apenas faltará acrescentar que, pelo muito petróleo existente, a outrora fechada sociedade asiática, está agora plena de democracia, através de uma das suas campeãs mais notáveis, a pró-estadunidense Aung San Suu Kyi.
 
18
Nov17

PCP propõe baixa de IMI e direita quer menos impostos sobre grandes proprietários

António Garrochinho
O IMI veio substituir a Contribuição Autárquica, regulada pelo Decreto-Lei n.º 442-C/88
A proposta dos comunistas, já entregue na semana passada, prevê uma redução de 0,05 pontos percentuais à taxa máxima do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). O PCP recorda que «a actualização do valor patrimonial dos imóveis imposta pelo anterior governo PSD/CDS levou a enormes aumentos de IMI para as famílias, agravando desta forma as suas condições económicas e dificultando em muitos casos a manutenção da habitação».
A redução da taxa máxima do IMI de 0,5% para 0,45% foi incluída no Orçamento do Estado para 2016 por proposta do PCP.

Também o PSD e o CDS-PP querem uma redução do IMI, mas para os grandes proprietários. Os dois partidos querem extinguir o adicional ao IMI, que incide sobre os contribuintes com património imobiliário superior a 600 mil euros.
O partido liderado por Assunção Cristas está alinhado com o seu antigo parceiro de governo no que toca à política fiscal e acompanha várias das propostas anunciadas pelo PSD. Ambos querem a redução da taxa de IRC em dois pontos percentuais, para 19%, já no próximo ano, e a redução da taxa liberatória de IRS para os rendimentos prediais para 23%.

Esta última proposta pretende aliviar os impostos sobre os proprietários, sendo tanto mais vantajoso, quanto mais prédios arrendados e mais altas forem as rendas associadas. Também nesta matéria, o PCP já avançou com uma proposta em sentido contrário – obrigando o englobamento dos rendimentos de capital e prediais acima dos 100 mil euros, que seriam assim tributados à taxa normal.


www.abrilabril.pt
18
Nov17

TV Marcelo - pelo humorista João Quadros

António Garrochinho






Estou certo que, em termos de beijos, o nosso Presidente já deve estar no Guinness Book. Marcelo já beijou mais gente numa semana do que o Harvey Weinstein em toda a carreira de produtor.

“Belém informa que Marcelo Rebelo de Sousa foi ao Hospital São Francisco Xavier depois de falar com ministro da Saúde”. “O Presidente Marcelo passou a noite com os sem-abrigo em Lisboa.” Marcelo está em todo o lado. Já lhe pus a alcunha de Omnipresidente.
Conhecido como o “Presidente dos afectos”, Marcelo aparece onde há tragédia ou infelicidade. Esta semana, quando vi Marcelo ir passar a noite com os sem-abrigo, fiquei a pensar se ele não iria lamentar que aquela caixa de cartão, onde vivia um sem-abrigo, tinha pouca luz para ler.
Como o nosso Presidente dorme pouco, e lhe dá a insónia, lá vai ele durante a noite fazer o bem e, com ele, vai sempre uma equipa de televisão, seja a que horas for. Marcelo ainda não percebeu que as pessoas que trabalham na TV precisam de dormir mais de três horas por dia ou ficam com má cara. O nosso Presidente Marcelo já vai nos 99,99% de popularidade. Os 0,01 são os “cameramen” das televisões.
Atenção, não duvido da bondade de Marcelo e acredito que, para um sem-abrigo, passar a noite com Marcelo é melhor do que passar o lusco-fusco com Cavaco, mas dá a sensação que o Presidente Rebelo de Sousa recebeu milhares de cheques, daqueles de A vida é bela, mas no sentido oposto. Em vez de uma massagem oriental, é “venha experimentar ser mendigo 48 horas”. Não vai andar de balão no Alentejo, mas vai ver um avião despenhado num minimercado. Em vez de uma ida ao Oceanário, vai espreitar doentes com legionella por detrás de um vidro. É triste.
Também estou certo que, em termos de beijos, o nosso Presidente já deve estar no Guinness Book. Marcelo já beijou mais gente numa semana do que o Harvey Weinstein em toda a carreira de produtor.
Para o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, é sempre a aviar, como se fosse na farmácia, mas com beijos de marca (não genéricos). O mesmo para as respostas a jornalistas e pessoas em geral. Já nos velhos tempos na TVI era assim. A Judite sacava de perguntas e ele, pumba, aviava, não um beijo, mas uma resposta rápida, que durava exactamente o mesmo tempo, quer o tema fosse o sentido da vida ou a carreira do Sporting de Braga. Houve tempos em que pensei que o próprio Professor Marcelo escrevia as perguntas da Judite, e das cartas que lhe mandavam, e passava a noite acordado a decorar as respostas. Na altura, o meu sonho era conseguir pôr, lá pelo meio, uma pergunta sobre o tempo de gestação de um rinoceronte. Só para ver se o Professor Marcelo não patinava pela primeira vez. Já agora, fiquem a saber que o tempo de gestação de um rinoceronte são 16 meses se tudo correr bem. Mas, se interromperem a gravidez, aos seis meses podem ter um cágado.
Chego ao final da crónica como uma sugestão. Para o ano, em vez de um dia sem carros, podíamos experimentar um dia sem Marcelo. Fica aqui a ideia.

João Quadros in Jornal de Negócios
18
Nov17

É o clima, estúpido!

António Garrochinho




                                                                             

Bill Clinton, na sua campanha presidencial, tornou famoso o slogan “É a economia, estupido!”. O seu vice-presidente, Al Gore, poderia ter preferido “É o clima, estupido!”.

No caso dos fogos assassinos, em Portugal, que o governo reconhece que se irão repetir, há duas opções: manter o regime centrado em fazer crescer a economia – e como se sabe, mesmo no deserto, é possível encontrar como fazer dinheiro extraindo do solo (ou da zona marítima exclusiva) aquilo que lá possa haver – ou fazer um regime novo capaz de proteger as pessoas.

A mudança de regime político, que todos sabemos necessária, mas não sabemos como se vai fazer, dá sinais de vida, pela boca do governo. A respeito dos desastres dos fogos, o governo insiste que o estado não é capaz de cumprir as suas funções: os fogos hão-de repetir-se, como já tinha avisado, e as populações só têm uma possibilidade de defesa: a auto-organização.

O regime conduziu o país à incapacidade de defesa contra o clima e alheia-se das populações. O novo regime que há-de sobrevir já tem um mote para se orientar: favorecer a auto-organização das populações na sua luta contra os fenómenos climáticos extremos, única solução perante a auto-proclamada impotência do estado.

Quem o diz é um governo das esquerdas. Que não pode, realisticamente, ser acusado de pretender reduzir o âmbito da intervenção do estado. O que ocorre, como é público e notório, é que há uma evidente contradição insanável entre os pressupostos de organização do ordenamento do território, incluindo a extracção de madeira, a política de florestação, o estatuto da propriedade, e a protecção da vida das pessoas e dos respectivos bens.

O regime democrático de integração europeia, em Portugal, caracterizou-se pela infantilização, pela despolitização, pela anestesia da autonomia das populações, em nome da autoridade e competência dos partidos e, de quando em vez, da ciência.

Esta democracia que se afunda, assim desenhada, ajustou-se bem à globalização: a minoria bem formada e bem colocada recolheu os frutos do seu cosmopolitismo. Temos os CEO mais bem pagos da Europa. Tratam o resto das pessoas com salários de miséria e uma desorganização muito bem organizada – como aquela que permitiu os escandalosos colapsos de todos os bancos portugueses e da PT, mais a corrupção associada ao financiamento de partidos e/ou de governantes.

As reacções do governo aos desastres dos fogos, a posição de indiferença da ministra responsável pelo sistema de protecção civil à vergonha nacional – aparentemente agarrada ao poder por ligações partidárias impossíveis de desgrudar – reflecte bem o regime da pesporrência. O secretário de estado, quando explica que do estado não se pode esperar mais, além de sinceridade, está a mostrar o caminho que, racionalmente, um novo regime político útil deveria saber inaugurar: a auto-organização das populações na sua própria defesa. Para o que a geração mais bem formada de sempre, embora ensinada na complacência, poderia, caso esteja disponível, dar uma ajuda preciosa. Por exemplo, ajudando a multiplicar iniciativas como as da Rede Reflorestar Portugal, da Aliança pela Floresta Autóctone ou da APAGAR – Aliança Para Acabar com as vaGAs Recorrentes de Fogos.

Os defensores da tese da mão criminosa deverão ponderar quem deve passar, a partir de agora, a ser perseguido: os tachistas que usam o comando da protecção civil para subir na vida, desorganizando pelo caminho a capacidade de intervenção do estado, ou as populações que resistem a viver fora das cidades, despolitizadas pelas políticas das últimas décadas e agora chamadas, sem mais avisos nem preparação, à auto-organização?

Quem precisa de se auto-organizar é todo o povo português (e, na verdade, europeu e norte-americano).

O regime democrático fez do País, em termos de ordenamento do território e protecção civil, aquilo que o governo reconhece: um país ingovernável. Aquilo que as escolas e as universidades fizeram, a respeito da consciência ambiental, foi integrar as preocupações ecológicas em recomendações de consumo. O beco sem saída é hoje evidente. Mas é preciso tirar daí consequências políticas: este regime não serve as populações!

Um país à espera da desertificação causada pelo aquecimento global, em vez de se preparar e desenhar uma estratégia para enfrentar os novos tempos, entretém-se a auto-satisfazer-se com o crescimento. Está tudo a correr bem, no campo económico e financeiro, mostram os números. Os fogos excitarão ainda mais o crescimento, pois será preciso reconstruir e comprar mais coisas para substituir as que agora arderam, a somar às despesas da própria actividade de combate a incêndios.

Isto prepara-se para ficar um deserto e os governos, nacionais e locais, continuam a explorar a terra e as pessoas, como habitualmente. Para quem manda e deveria ser responsável, de facto, a desertificação não é um problema. Se as estradas passarem a estar intransitáveis, passam a fazer campanha de avião.

Quando a separação de interesses fundamentais entre quem nos governa e quem é governado se torna tão profunda como o é actualmente, há que acenar com espantalhos e prender uns bêbados, que não servem para outra coisa senão fazer de bodes expiatórios. Já limpar da corrupção o país e, também, a indústria de fogos, isso – é preciso tomar consciência – não está a ser feito. Basta ler os trabalhos da TIAC para o saber.

A justiça criminal previne crimes depois deles ocorrerem. Como dizem os juristas, é óptima a tratar de bagatelas penais, a prender pilha galinhas. Já é praticamente impossível tratar com a corrupção ou a criminalidade de colarinho branco, diz-se. Como se pode ver no caso Sócrates. Aquilo que o João Cravinho gritou aos sete ventos, para quem o queria ouvir – de que a corrupção estava instalada ao mais alto nível do estado (que ele conhece tão bem) – não serviu de nada. As vozes do Banco Central Europeu, anos antes, quando avisou que o primeiro problema financeiro de Portugal era a corrupção; ou da recente campanha presidencial de Paulo Morais, cuja popularidade política se pode comparar com a de Isaltino Morais, esbarram com a indiferença nacional.

Tal como a guerra colonial ditou o fim da ditadura mais de uma década antes do 25 de Abril, a crise financeira de 2008 ditou o fim do regime democrático em Portugal, que se arrasta por falta de capacidade de encarar as realidades. Em vez de ser dada a voz ao povo, a voz foi entregue à Merkel e aos seus banqueiros preferidos, através da política “Para além da Troika!”. Ficou evidente que o capital português vivia da especulação e corrupção (de que a PT é o melhor exemplo). Como seria de outro modo se a convicção dos economistas de serviço era – como o disse Guterres na ocasião da entrada no Euro – Portugal não precisava mais de se preocupar com problema financeiros, a cargo da Alemanha e outras grandes potências?

Com Passos Coelho, passou-se à ideia consensual do controlo financeiro, depois da entrada de novos investidores (chineses, Vistos Gold) e novos velhos gestores (até então, de segunda linha), nos bancos e empresas do regime e na política.

Em 2014, a aliança de todas as esquerdas interrompeu, aparentemente, o interregno da soberania nacional. Porém, a herança do regime decadente na ordenação do território – usada pela aliança corrupta entre autarcas, partidos, construção civil, para lavar e criar dinheiro – não foi subvertida. Adaptou-se às novas circunstâncias.

O megaprocesso criado em torno de Sócrates pela Procuradoria-Geral da República, para se auto-legitimar e recuperar da cegueira que caracterizou a sua congénere até à crise financeira, consome todas as energias judiciais. O julgamento do regime, como é típico do nosso estado, demorará tempo suficiente para quando acabar já o regime tenha acabado.
A política continua a ser a distribuição pelos amigos e a justiça porrada nos mais desprevenidos. Apesar do peixe graúdo, e visto existir esse peixe graúdo, como fazia o humorista, há que perguntar: “Que dê os outros?” Ninguém sabia de nada?

Eu acredito que de facto, como aconteceu na Casa Pia, ninguém sabia de nada. Porque o único que queria saber de denunciar os problemas estava isolado e era tratado com doido. João Cravinho, Ana Gomes. Quem quer fazer figura de alienado num país de gente cordata?

Na prática, continua a haver quem ganha balúrdios por alegadamente ser de uma competência singular, nomeadamente por ter a desfaçatez de usar influências para circular entre os sistemas público e privado, entre o partido e a construção civil e a banca, entre os meios de comunicação social e as sociedades secretas. Aprende – como disse o Salgado ter aprendido – que nunca se confessa a culpa e o dolo. Se tiver que ser condenado, que seja no fim do final mais longínquo possível. E sempre alegando inocência e perseguição política, como terá ensinado Berlusconi.

O país assistiu à novela da licenciatura do Sócrates, alinhando na complacência dos comentadores (que isso era irrelevante para a política, diziam). Mesmo que a universidade que lhe concedeu a licenciatura tenha sido fechada pelo governo de Sócrates, nada perturbou o marasmo. O homem até teve a lata de se queixar à justiça de difamação contra quem quis manter o caso na praça pública. Em 2017 ficámos a saber algumas das consequências dessa atitude nacional: a inoperacionalidade dos comandos da protecção civil, tomados por partidarite. Mais preocupados em fazer cursos superiores à pressa para agarrar os tachos do que a assumir responsabilidades públicas pelos seus actos.

No caso dos incêndios em Portugal, o estado falhou! O estado criado pelo regime democrático, que custa a derrubar, é um perigo. Está tomado por interesses alheios à protecção das pessoas e bens. Ele próprio reconhece a necessidade de auto-organização dos portugueses, se se quiser pensar em fazer alguma coisa quanto ao prognóstico de desertificação do país, no fim do século. Ou antes.

É urgente reinventar a democracia, num regime novo, antes que a extrema- direita, como está a fazer em grande parte da Europa e nos EUA, faça do regime que está para vir uma ditadura belicista e persecutória dos direitos e liberdades individuais.

18
Nov17

DA “CADERNETA DE CROMOS” DO PSD…MAIS UM!

António Garrochinho



Joaquim Vassalo Abreu

Da vasta “caderneta de cromos” do ainda actual PSD, o remanescente do Relvismo, do Marcantonismo e do Passismo Coelhismo, ressalta, para além do Huguinho de quem aqui já muito tenho falado, e de um “Leitãozinho Amar(go)” , pois lhe falta o Sarmentinho e na Bairrada leitão sem ele não é nada, o Duartinho Marquinhos. Não vos soa a nada? Então eu vou-vos elucidar!

Do Huguinho estão vocês fartos de saber, não só pelo que tanto já aqui escrevi, mas também pelo que de extraordinariamente reles dele emana; do Leitãozinho Amar(g)o nunca falei, mas para que se recordem de alguma ideia do cujo sempre vos posso lembrar que foi aquele que disse que o anterior governo (o dele, “persupuesto”) tinha proibido a Legionela, mas hoje eu pretendo dissertar acerca de mais um cromo: o Duartinho Marquinhos! Mas não se admirem deste tratamento pois o melhor amigo do meu Irmão mais novo chamava-se Francisco José, Xico Zé para todos menos para o meu Irmão, que lhe chamava de Francisquinho Zézinho!

Para além de feitos vários lembro-me, meus Deus há quanto tempo já foi, na tal Comissão do BES, da maneira como ele tratava aquele microfone: erguia-o, debitava naquele tom de voz travada que o cujo tem e, quando acabava, num golpe de “disse”, assim como se tivesse realmente dito, mas tivesse dito de modo absoluto, inequívoco e redundantemente definitivo, baixava abruptamente o microfone num daqueles gestos à Reboredo Seara na sua campanha à Americana por Odivelas, ou do Marcelo na Web Summit. O gesto é tudo, como dizem? Só se for cá no Norte ou à Bordalo!

Mas o nosso querido Duartezinho fora o resto, que já pertencia ao “bubble” das línguas travadas, resolveu, por uma questão de afirmativa maturidade, assim se pretendendo distinguir dos seus companheiros imberbes, aderir ao das barbas e fez que do seu rosácio rosto ressaltasse uma prematura e escura barba, apenas apanágio de gente precoce!

Mas porquê? Por pura afirmação! Pena é que que não se tenha ainda inventado para o caso assim um aparelho como as moças, principalmente elas, usam para, corrigindo pretensos defeitos nas suas cremalheiras, ficarem homogeneizadas e poderem dizer: eu até posso, ouviram ó possidónias?

É que o nosso queridinho Duartinho e o resto é Marquinhos, que só tem pena de não ter saído filho do D. Duarte para assim usar o dom de ser também ele Don, pertence, apesar da barba que agora ostenta, àquela seita de imberbes que, sob o manto daquela revolução Relvista-Marcantonista, a da renovação, assaltaram o PSD, o tal dito Partido Social Democrata e, quais Ali Babás e os quarenta ladrões, conquistaram o famigerado pote! Mas, para  tudo o mais, falta-lhe o dom!

Mas que diz ele? Basicamente nada mas, quando algo diz ou comenta, resulta daí um tão rasteiro raciocínio que, por tão pretensioso e, apesar de tudo, coerentemente alinhado na sua reacionária retórica, diz bem da educação que levou e carrega: a da formação “jotista” em universidades de verão. Com canudo e tudo, à semelhança dos seus padroeiros Relvas e Passos. Mestres de referência, acrescentaria eu, na formação dos “cromos” da sua extensa caderneta.

E só agora reparo que, no entusiasmo das palavras, disse que ele nada disse mas, perdoem-me, até que disse. E o que ele disse até se reveste de alguma importância pois só vem realçar, ainda mais, a importância da “caderneta” de cromos de que acima falei.

 É que, na sequência dos eufemismos que o seu governo tinha inventado, como aquele dos cortes serem ditos por poupanças, mais aquele outro do “crescimento negativo”, que na altura eu até  observei que era como que quando descíamos uma escada o que fazíamos era subir para baixo, o nosso Duartezinho saiu-se num debate na sua SIC com a Mariana M., que o destratou, com este fabuloso diamante, ainda com mais quilates que aquele que a Isabel dos S. vendeu por uns não sei quantos milhões, embora nada que se aproximasse do quadro do Da Vinci, que vai receber lá em cima em cheque para desconto no Banco do Céu e, para que melhor repararem, até vou referi-lo em itálico: “ O PSD descongelaria a carreira dos Professores SEM CUSTOS”! O Duartezinho falou e a Mariana embasbacada apenas balbuciou: “Impressionante”!

De modos que eu, e para terminar, só lhe rogo: Fale homem, fale e não se canse. Assim como nos tempos do seu glorioso governo, quando empresas e particulares faliam como tordos, eu ouvi um dizer: Tudo fale, tudo fale e como todos falem eu também falo!
Maneiras que, ó homem, você fale e fale, mesmo que sem “p” de apoio…

E falei!


aesquerdadozero.wordpress.com
18
Nov17

Um grande número de pessoas que tomam decisões sobre o futuro da Europa, não tem quaisquer interesses diretos nesse futuro!

António Garrochinho
Segundo Alberto Castro*, Phil Lawyer terá feito um balanço curioso sobre os líderes da Europa
  • O recente eleito presidente da república francesa, Macron, não tem filhos
  • A Chanceler, Angela Merkel, não tem filhos
  • A PM do Reino Unido, Theresa May, não tem filhos
  • O PM de Itália, Paolo Gentiloni, não tem filhos
  • Mark Rutte da Holanda, não tem filhos
  • Stefan Lofven, da Suécia, não tem filhos
  • Xavier Better, do Luxemburgo, não tem filhos
  • Nicola Sturgeon, da Escócia, não tem filhos
  • Jean-Claude Juncker, Presidente da CE, não tem filhos
Portanto, um grande número de pessoas que tomam decisões sobre o futuro da Europa, não tem quaisquer interesses diretos nesse futuro!


*Alberto Castro é correspondente de Afropress em Londres e colabora na Página Global



conversavinagrada.blogspot.pt

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •