Antecedentes históricos da ETA
Uma figura histórica incontornável de se falar na formação da ETA, é Sabina Arana, não por ser membro activo do movimento, mas sim por ter sido uma fonte de inspiração para os “Etarras”. Membro central do Partido Nacional Basco, perseguia os valores bascos e a independência Basca de qualquer tipo de poder opressor. Sabino foi acérrimo defensor da independência basca na segunda metade do século XX, afirmava que o Basco era puro, tradicional, cristão e então, teorizou sobre a independência basca. Foi Sabino e os seus seguidores que criaram um dos maiores símbolos da ETA: a Bandeira Basca, onde a sua simbologia revela a ideologia seguida por Sabino, a mais importante delas é a cruz branca que simboliza Deus. Sabino valoriza que os países bascos deveriam estar todos pela pátria e a pátria por Deus.
Na primeira metade do século XX a nacionalidade basca estava mais efervescente do que nunca e em, 1932, os bascos iniciaram as celebrações do Dia da Pátria Basca, com 65.000 bascos na rua a manifestarem o seu nacionalismo.
O PNB (Partido Nacional Basco) foi-se movimentando nos meandros da República Espanhola, tentando conspirar contra os republicanos, com o objectivo de conseguir a independência do seu território. Este partido defendia que cada cidadão basco era um soldado de um Estado que não existia, mas que dependia da raça e da força para poder, no futuro, existir.
“O conceito nacional, em vigor no Ocidente, oscilou sempre entre um critério subjectivo francês e um critério objectivo alemão. O primeiro apela para a comunidade do passado histórico, da vida em comum e do projecto de futuro participado; o segundo, que está mais ligado à comunidade do sangue e das origens, dispensou com frequência a vontade (de pertencer à mesma nação) e apelou para a imposição. ”
No caso da ETA, pode-se dizer que esta segue a linha alemã, onde existe uma força impositiva violenta para obter a sua autonomia, de modo a criarem então o seu próprio Estado soberano. Ao longo dos séculos, os bascos conseguiram manter os seus traços culturais com alguma dificuldade, resistindo a muitas adversidades e mesmo travando algumas batalhas e actos terroristas.
Tudo isto concedeu-lhes um carácter guerreiro do qual a Euskadi Ta Askatasuna (ETA), que significa Pátria Basca e Liberdade, tirou partido e utilizou para espalhar o terror, com o apoio do povo basco, que via na ETA uma forma de resistir ao regime franquista com o qual sofriam muito, pois todos os seus movimentos eram controlados.
Franco não permitia o ensino da língua Basca, nem grandes manifestações de exaltação do espírito do nacionalismo basco. Esta situação de opressão, é retratada por Weinberg e Pedahzur em: “The Franco dictatorship (1935-1875) re-asserted the supremacy of Madrid and pursued a policy of repression with respect to virtually all manifestations of basque social and cultural identity.”
Gabriel Aresti, Harri et Herri, 1964
Formação - primeiras décadas da ETA
A formação da ETA deve-se ao Estado ditatorial de Franco, isto é, devido à forte opressão que os bascos sofreram durante a guerra civil espanhola até à morte do General Franco.
Os bascos sofreram um corte radical na sua autonomia, por parte das instituições do Estado, que em si já era pouca que entretanto, com Franco, passou a ser praticamente nula, fazendo com que os bascos tivessem de professar os seus valores, a sua história e a sua língua na clandestinidade. Estes factores levaram a busca de novos meios de combater o regime de Franco, sendo desta forma, que nasce movimento Ekin (que significa empreender), em 1952, em Bilbau.
Em 1953, este grupo inicia contactos com o Partido Nacional Basco, em particular com a sua parte mais jovem, pois o grupo Ekin era constituído por jovens universitários que, ao estudarem vários autores, tomam uma posição subversiva face ao Regime Franquista.
De 1956 a 1958, os dois grupos fundam-se, mas, em 1958, tomam rumos diferentes devido a problemas internos quanto à orientação ideológica a ser seguida. Em 31 de Julho de 1959, os partidários do movimento Ekin formam a ETA.
O objectivo da ETA é criar uma Pátria Basca, que respeite a história e cultura do povo basco, que seja livre de qualquer tipo de imposição.
São defensores de uma independência total da Espanha e da França, tornando o país Basco uma nação soberana e independente.
Os jovens bascos são motivados a estudarem a história dos seus antepassados, ganhando assim, uma grande motivação para aderir ao movimento de libertação.
Ataques terroristas e resposta do Estado
O primeiro ataque terrorista da ETA não tem data específica, mas aquela que é genericamente aceite é do dia 7 de Junho de 1968, no qual foi executado Méliton Manzanas, chefe da Polícia Secreta Espanhola de San Sebastian, conhecido pelas torturas que cometia contra aqueles que eram suspeitos de conspirar contra o regime Franquista.
Como resposta a diversos atentados por parte da organização, o Governo responde prendendo muitos membros da ETA, e condenando parte deles à morte. O ataque mais forte durante a ditadura, foi a execução em Madrid, em Dezembro de 1973 do Almirante e Chefe do Governo Luís Carrero Blanco.
Este acto foi exultado por alguns exilados espanhóis, acérrimos opositores à ditadura Franquista.
Até 1980 a ETA já tinha morto 118 pessoas, no total de todas as suas acções , o que marca duas décadas de luta pela organização na repercussão dos seus ataques para libertar o povo basco.
Ataques marcantes nas décadas de 80 e 90
Pode-se destacar o primeiro ataque com um carro bomba, em Setembro de 1985, na capital espanhola, fazendo um morto e 16 feridos. Em 1986, a organização mata 12 guardas - civis num atentado.
Um dos atentados mais famosos é o Atentado ao Hipercor, na cidade de Barcelona, em 1987, no qual morreram 21 pessoas e 50 ficaram feridos.
A ETA afirma ter avisado as autoridades e que estas nada fizeram.
Outro atentado foi o sequestro, em 1997, do líder do Partido Popular na Província de Varsóvia.
Os sequestradores Etarras ameaçam matar Miguel Ángel Blanco caso o Governo não cedesse às exigências.
E foi o que aconteceu dois dias depois,foi executado pois o governo não cedeu. Depois deste, realizaram vários outros atentados durante a década a 80 e 90.
Estas décadas foram de grande agitação e mudança face às décadas 60 e 70. Se em 60 e 70 a ETA causava simpatia
A ETA no século XXI
Depois de pôr fim à trégua que havia durado 14 meses, os atentados começaram logo no início do ano 2000, voltando a ETA, aos meios de luta mais duros e violentos. Em Janeiro de 2000, dá-se um atentado em Madrid, onde um carro-bomba explode, mas não faz feridos.
No mesmo mês, ainda em Madrid, outro carro-bomba explode e mata um político do Partido Socialista e o seu guarda-costas. Na capital basca de Vitória, em Julho do mesmo ano, houve outro morto a tiro, um autarca do Partido Popular da cidade de Málaga.
Em Maio de 2001, houve mais um morto, desta vez, um político, Manuel Abad (um alto membro do Partido Popular). Novembro foi um mês bastante sangrento, primeiro pelo execução a tiro do Juiz Lidon, em Madrid, com uma explosão de um carro-bomba que fez perto de 100 feridos.
Em Julho de 2002 o Juiz Baltazar Gárzon ordenou que fossem confiscados 18 mil euros ao Herri Batasuna
No mesmo mês, Baltazar decide suspender toda a actividade do Batasuna durante 3 anos, devido ao seu pacto com crimes contra a humanidade, elaborados pelo ETA. Nos anos seguintes, muitos membros da ETA foram presos, o que levou a um curto período de “paz”.
Financiamento da ETA
No início, a ETA era financiada por intermédio de furtos a bancos e grandes comerciantes.
Ao longo da sua existência, a ETA manteve como base de sustentabilidade económica do seu movimento, os raptos, apesar de terem recebido doações por parte daqueles que pertenciam ao grupo, e daqueles que apenas simpatizavam com a causa e apoiavam as acções.
Entretanto, com o aumento das acções terroristas, necessitavam cada vez mais de mais avultadas somas financeiras para conseguir realizar as acções planeadas.
Se na década de 60 apenas tinham gastos relativos às acções armadas que desenvolviam, nas décadas seguintes, a ETA passou a ter a seu cargo diferentes necessidades que requeriam outros financiamentos.
Surgiam, cada vez mais, situações que requeriam esforço financeiro, como por exemplo, o pagamento das diversas necessidades financeiras dos seus membros que eram capturados.
Foi nesta altura que tiveram de recorrer aos raptos, pois as doações eram insuficientes para os tipos de pagamentos que necessitavam ser feitos.
No decorrer dos anos 70, iniciaram-se os raptos com intenção explícita de financiar os seus movimentos.
O primeiro rapto foi o do Cônsul Alemão Eugen Belin Shaaf. Com este rapto, conseguiram 75 milhões de marcos alemães e 75 milhões de pesetas espanholas.
Ao longo das décadas de 70, 80, 90 e ano 2000, a organização raptou dezenas de pessoas.
Com a ocorrência destes raptos, os membros da alta finança do Estado sentiam-se ameaçados pela organização terrorista basca.
Aproveitando-se do medo que causavam, a ETA criou o Imposto Revolucionário.
Este imposto consistia no pagamento de tal, pelos membros da elite espanhola, para não serem atacados, bem como os seus familiares, estando, assim, a salvo.
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