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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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19
Nov17

MAIS E MAIS LUTA

António Garrochinho
Resultado de imagem para MANIFESTAÇÃO CGTP 18 NOVEMBRO 2017






MAIS E MAIS LUTA
Cheguei ao Marquês de Pombal, chovia. Não muito, embora sempre igual e molhando de facto. Assim foi até a manifestação da FP chegar à Assembleia da República. Chegados aí, caprichosamente, parou de chover.
Creio que foi uma boa jornada de luta. Veio gente de Beja e do Porto, de Faro e de Leiria, de Vila Franca de Xira e de Coimbra. De Cascais levámos um autocarro cheio e outros camaradas foram de comboio.
Dissemos ao P”S”: metam-se a pau, vocês não são um governo de esquerda e nós continuamos em luta pelos nossos direitos. Vocês não são um governo dos trabalhadores e das conquistas sociais.
Entretanto…
Ao passar por uma paragem de autocarro, 3 ou 4 pessoas “bem-postas” comentavam depreciativamente a atitude dos manifestantes, que não deviam ter mais que fazer do que ir para ali apanhar chuva. «Trabalhar é que não».
Um pouco mais à frente, abrigados num toldo de um café, no Largo do Rato, dois cidadãos comentavam a passagem da manifestação. Dizia um, que era o falante mais desembaraçado: «eu se mandasse mandava-os a todos roubar carteiras». Repetiu o desiderato fora da lei por mais duas vezes, numa clara hostilidade pela luta de quem, por exemplo, não vê o seu salário aumentado há 7 anos. O desgraçado, de fato e gravata, quer lá saber de ninharias.
Já a descer a rua de S. Bento, com a chuva a cair um pouco mais fortezinha, uma serigaita à volta dos 30 a 35 anos, abespinhou-se um pouco, conflituando de passagem com os manifestantes e o seu chapéu-de-chuva, exercendo o direito(?) de opinião no sentido de que aquela gente a estava a incomodar no seu percurso.
Eu sei que custa admitir, camaradas e amigos, mas ainda falta muita luta para mandarmos em nós. Para que se cortem as correntes da exploração de tanto miserável explorado…e grato.

19
Nov17

Multas em dobro para quem não limpar mato à volta das casas

António Garrochinho


Para 2018 será estabelecido um regime excepcional segundo o qual as limpezas têm de ser feitas até 15 de Março. As câmaras deverão substituir-se aos proprietários que não actuem e as coimas serão aplicadas em dobro. Autarquias também poderão ser penalizadas.
Multas em dobro para quem não limpar mato à volta das casas

No ano que vem as regras serão mais apertadas para quem não efectue operações de limpezas de terreno próximos de habitações. De acordo com uma proposta de alteração à proposta de Orçamento do Estado para 2018, apresentada pelo PS, durante 2018 os trabalhos de limpeza terão de ser efectuados até 15 de Março, por forma a assegurar que estarão concluídos antes da época mais propícia a incêndios florestais

Em causa está a chamada gestão de combustíveis, que implica que sejam retirados materiais lenhosos, leia-se, mato ou arbustos que estejam em excesso e que possam facilitar a propagação de fogos. A ideia, portanto, é a aposta na prevenção de incêndios e quem não cumpra as novas regras arrisca ser condenado ao pagamento de coimas a duplicar, sendo que o valor previsto na lei para estas contra-ordenações vai dos 140 aos cinco mil euros.

De acordo com a proposta apresentada pelo PS, até 31 de Maio as câmaras municipais terão de ter garantida a realização de todos os trabalhos de limpeza. Nesse sentido, deverão elas próprias substituir-se aos proprietários ou produtores florestais que esteja a explorar os terrenos em causa. Para tal, apenas terão que fazer um aviso prévio e poderão avançar desde que não obtenham uma resposta no prazo de cinco dias úteis.

Esta é uma forma de agilizar este tipo de procedimentos, que já hoje são possíveis por parte das autarquias, mas que são burocráticos e morosos, tendo sempre por base a defesa da propriedade privada.

O que aqui se está agora a prever é que as câmaras façam as limpezas e depois exijam aos proprietários o pagamento das despesas que tenham sido efectuadas. Para a realização coerciva dos trabalhos, os proprietários são obrigados a permitir o acesso aos terrenos. Se necessário, as câmaras poderão recorrer à intervenção das forças de segurança.

Refira-se que, por lei, as limpezas têm de ser feitas numa faixa de pelo menos 50 metros em redor das habitações e de 100 metros à volta das povoações.

Câmaras também podem ser penalizadas

As regras que o PS agora quer impor prevêem também que as câmaras municipais terão de ter prontos até 31 de Março de 2018 os seus Planos Municipais de Defesa da Floresta contra Incêndios.

Caso não cumpram, as autarquias verão retido no mês seguinte o equivalente a 20% do duodécimo das transferências correntes do Fundo de Equilíbrio Financeiro.

Por outro lado, as câmaras poderão recorrer às medidas excepcionais de contratação publica por ajuste directo para realizarem os trabalhos de limpeza dos terrenos. Poderão também recorrer a linhas de crédito que serão disponibilizadas para o efeito e ficarão dispensados da fiecalização prévia do Tribunal de Contas.

Tal como Eduardo Cabrita anunciou esta quinta-feira, 16 de Novembro, no Parlamento, as câmaras vão dispor uma linha de financiamento de 46 milhões de euros para limparem os terrenos florestais que os proprietários deixarem ao abandono.

100 milhões para empresas atingidas pelo fogo
Ainda no âmbito da prevenção e combate aos incêndios florestais, o PS pretende que uma verba de 100 milhões de euros do IAPMEI, que resulta de reembolsos de incentivos comunitários, transite para 2018 e seja aplicada no financiamento do sistema das empresas atingidas pelos incêndios florestais.
Essa verba, até 100 milhões de euros, segundo a estimativa apresentada pelo PS, deve ser aplicada "no financiamento do Sistema de Apoio à Reposição da Competitividade e Capacidades Produtivas" - entidade que resulta do decreto do executivo do passado dia 3 deste mês e que visa apoiar as empresas afectadas pelos incêndios, assim como financiar os custos da linha de crédito de apoio à tesouraria dessas firmas atingidas.

No âmbito das suas propostas de alteração ao Orçamento do próximo ano, o PS pretende também que o executivo assuma o compromisso de abrir concursos no âmbito do Portugal 2020, "com dotação até 80 milhões de euros", para apoiar projectos de investimento produtivo empresarial geradores de emprego nas regiões afectadas pelos incêndios.
Os socialista pretendem, ainda, que as indemnizações dos danos causados pelos incêndios de Junho e de Outubro não sejam tributadas como mais-valias em sede de IRS e de IRC, desde que sejam reinvestidas. A ideia é, desta forma, apoiar as famílias e as empresas afectadas pelos fogos.         
O PS considera, desta forma, que se justifica "a exclusão de tributação das mais-valias resultantes de indemnizações auferidas, no âmbito de contratos de seguro, como compensação dos danos causados por incêndios florestais, condicionando-se a exclusão desta tributação ao reinvestimento em equipamentos de idêntica natureza". Haverá exclusão da tributação acontece desde que esse reinvestimento aconteça "até ao final do terceiro período de tributação seguinte ao da realização da mais-valia".



www.jornaldenegocios.pt
19
Nov17

A VOZ DOS OUTROS - É POLÉMICO MAS PUBLICO, ESTA É A OPINIÃO DUM BLOGUE QUE SIGO E CONSIDERO INTELIGENTE - A POLÍTICA PORTUGUESA ESTÁ ESTRANHA

António Garrochinho



A política portuguesa está estranha

por Amato, em 19.11.17
Confesso que me sinto confuso com o Portugal político contemporâneo. No passado, a esquerda não tinha força política parlamentar. O poder esteve, desde as primeiras eleições livres após a revolução de 74, entregue aos partidos do chamado arco da governação, PS, PSD e CDS, que, com diferenças pontuais de estilo, muito subordinadas, aliás, às lideranças que neles pontificavam, guiaram o país por um mesmo caminho. Esse caminho que se faz longo na poeira dos nossos passos coletivos é o caminho da liberalização da sociedade.

Os teóricos de direita vociferarão contra a factualidade deste ponto e, em parte, terão razão. O objetivo não é a liberalização total, ampla, generalizada. O objetivo não é um capitalismo puro e selvagem, mas antes um capitalismo de estado, um capitalismo em que o estado se constitui como simultaneamente o advogado e o juiz de um corpo só dos interesses da classe burguesa. O problema é que a razão destes teóricos de direita só encontra sustentação na sua própria teoria económica que é assim uma miscelânea de conceções ilusórias, axiomas débeis e enviesados e matemática medíocre. Não há, com efeito, um único exemplo de capitalismo que não possa ser qualificado como capitalismo de estado. E quando temos dúvidas sobre estas questões, devemos olhar diretamente para os Estados Unidos da América, que é o melhor exemplo de um país estruturalmente cristalizado para proteger os interesses das suas multinacionais burguesas. O presidente dos Estados Unidos da América consegue mais facilmente lançar um míssil sobre um outro país para garantir uma reserva de óleo do que passar uma lei sobre a educação ou sobre a saúde dos americanos.

Mas afastei-me da minha linha de raciocínio. No passado, a política em Portugal era simples: o rebanho governamental estava entregue aos lobos da direita, tivessem eles melhores ou piores vestes de cordeiro. À esquerda restava a rua. Melhor: ao Partido Comunista Português restava a rua.

É bom lembrar que o Bloco de Esquerda é um fenómeno recente que, ainda hoje, volvidos dezoito anos após a sua formação, mantém uma ligação ao povo pouco mais que vestigial. Neste ponto, atacam-me os bloquistas apontando para a maior expressão parlamentar do seu partido face ao PCP e têm razão. A política portuguesa está a mudar, está estranha. Como pode um partido que não tem uma freguesia, quanto mais uma autarquia, em todo o território nacional ter a expressão que o Bloco tem a nível parlamentar? É estranho. Como digo, a política está a mudar e o Bloco tem lucrado com isso. Será essa mudança sustentável? O passado sugere que o eleitorado do Bloco é pouco sólido, flutuante, que se baseia num protesto pouco refletido e muito condicionado à situação atual e, portanto, de natureza egoísta. Com Francisco Louçã, por exemplo, um político e parlamentar muitíssimo mais capaz do que Catarina Martins, o Bloco passou do oitenta para o oito de uma eleição para a outra, que é como quem diz, da noite para o dia. Podia ensaiar duas ou três explicações para o fenómeno, sendo que a minha preferida é a inconsistência ideológica aberrante do Bloco de Esquerda de cuja origem trotskista atinge, no mundo contemporâneo, a mais refinada versão. Tenho consciência, porém, de que qualquer ensaio de explicação esbarraria na realidade que é a absolutamente insondável vontade das massas. Não há lógica que resista a essa parede que é a realidade e que nos surpreende a cada esquina.

Perdi-me novamente, peço desculpas. É que esta problemática é complexa e é difícil expor o que penso com clareza sem dispersar-me. Servia isto para dizer que, incluir o Bloco de Esquerda nos movimentos das massas, na dinamização da rua não é muito relevante. O Bloco não tem rua, só tem parlamento. Como dizia, ao Partido Comunista restava a rua, as organizações de trabalhadores, o movimento sindical. A rua era a forma de o Partido se fazer ouvir, de dar voz aos trabalhadores, ainda que estes, em maioria, não a quisessem ter. A rua foi a forma de contrariar a hegemonia da direita sobre a sociedade, de se garantir que alguns direitos permanecessem e que outros fossem conquistados ao ímpeto liberalizador dos sucessivos governos.

Mas hoje... Hoje o Partido Comunista tem voz no parlamento. Hoje o Partido Comunista é fundamental para que haja governo. Hoje o Partido Comunista pode estabelecer as regras do jogo, dizer por que é que troca o seu apoio parlamentar a este governo. E na verdade, fê-lo. Trocou-o pela defesa dos funcionários públicos e pensionistas e por um punhado de outras minudências. Para mim é muito estranho assistir à manifestação de ontem, àquelas palavras de ordem que conheço de cor. Aquilo que para mim era real, aquilo que era vivo, aquilo que era a força e luta legítimas e honradas de uma minoria política sem expressão parlamentar, porque era disso que se tratava e ainda se trata, resultou numa espécie de encenação que se faz porque se faz e porque se tem que fazer. O Partido Comunista Português assumiu definitivamente, neste quarto ano de mandato governamental, uma dupla face, um jogo duplo: no parlamento protege o governo e defende-o — o que ainda é o mais penoso de se observar — a troco de ganhos de classe minimais; na rua exulta os demais trabalhadores a lutarem pelos seus direitos, os mesmos que não são atendidos no parlamento nem considerados pela ação governativa.

Bem sei que há condicionantes importantes na ação do PCP e tenho plena consciência de que, acaso o PCP exigisse mais do governo, a coligação cairia no mesmo dia. Tudo isto é uma questão de estimar o peso relativo dos pratos de uma balança, de fazer a diferença entre os ganhos e os proveitos de uma solução de compromisso. Mas isso é uma outra história, a qual seria importante aprofundar, porque quando se parte para uma solução deste tipo — e foi o PCP que a criou — é preciso ter consciência plena no que é que se está a meter. Do que este texto trata é de outra coisa, é de uma questão de caráter e de identidade. Um partido que pede aos seus seguidores para lutar na rua por aquilo que os seus dirigentes não lutam com todas as suas forças e armas no parlamento é de todo em todo indecente. Não há outro qualificativo. E sim, não basta apresentar propostas de lei que se sabe que serão chumbadas pelo PS, pelo PSD e pelo CDS. E mais: assistir a isto tudo — já lá vão três anos! — e continuar a apoiar o governo é revelador de uma grande falta de respeito e de dignidade pelo partido e pelos seus militantes.

portodeamato.blogs.sapo.pt

19
Nov17

o que se passa ? Decididamente, o Povo Chileno parece ter a memória curta.

António Garrochinho
Decididamente, o Povo Chileno parece ter a memória curta. Parece ter-se esquecido dos anos tenebrosos de Pinochet, dos assassinatos e, principalmente de Salvador Allende.
Partindo do pressuposto de que as sondagens são fiéis, a direita liderada por Sebastián Piñera vai vencer as eleições.
Naturalmente que para isso contribui a divisão das forças de esquerda, que por não se entenderem vão entregar o "ouro ao bandido" (passe a expressão).
Penso que as forças de esquerda portuguesas, antes de iniciarem guerras intestinas pelo protagonismo, deviam parar para pensar, e olhar para aquilo que supostamente vai voltar a acontecer no Chile.
Os chilenos, antes de votar deviam parar para pensar, e olhar para um passado de má memória, que não é muito longínquo.

CLIQUE NA IMAGEM PARA LER A NOTÍCIA
Quatro anos após entregar a presidência a Michelle Bachelet, que já estivera no La Moneda entre 2006 e 2010, ex-empresário é o favorito à vitória face a uma esquerda dividida
DN.PT

19
Nov17

Limites de uma relação egoísta

António Garrochinho
























O PS está com sondagens que não lhe dão, presentemente, uma maioria absoluta. E muito menos no futuro. 

Convém lembrar que o PSD ainda não se clarificou, nem Marcelo Rebelo de Sousa está na sua plenitude de ataque a um governo de esquerda, apesar de já ter dado um ar da sua graça na questão dos incêndios que, aliás, marcaram o fim de um governo em apoteose. (Para quem acha que o conhece, leia-se este post).
Tudo isto aponta para que o PS esteja forçado a escolher com quem quer governar em 2019. Nada fazer não é uma opção, porque o tempo não joga a favor do PS.

Mas em que ponto é que está o PS? 

O governo socialista e os partidos à esquerda têm mantido a relação graças aos pontos em comuns, mas sem nunca querer resolver as suas divergências, para um acordo estável, coerente de futuro.

A fórmula encontrada - e repetida à exaustão em debates - é a de que "somos diferentes e assumimos as nossas diferenças". Esse comportamento salvou o início, resolveu a urgência, esvaziou a crítica da Direita, permitiu aos partidos à esquerda manter comodamente a sua autonomia de discurso e fez caminho através de negociações diárias e intensas. Mas tem igualmente encontrado os seus limites. 

O Partido Socialista manteve o controlo da informação que permite fazer contas dos impactos de políticas, e - com base nisso - tem gerido relacionamentos distintos. Encontrou pontos comuns em cada relacionamento e estimulou cada parceiro a fazer alarde do que conseguiu junto do Governo. Com essa atitude, fez com que cada parceiro elogiasse o Governo do PS e, ao mesmo tempo, se comprometesse igualmente com essa relação conjunta.

Fonte: Marktest



Mas esta atitude é a principal responsável pelo "ciúme" que se gera entre os partidos à esquerda do PS, que não se relacionam oficialmente entre si. A salvaguarda da identidade de cada partido passou a sentir-se em pressão sobre o governo. 

Este problema tornou-se mais gritante quando os resultados das eleições autárquicas foram percepcionadas na comunicação social, como sendo uma grande vitória do Bloco de Esquerda - que tem uma política comunicacional mais agressiva, quando na realidade ficou longíssimo dos seus resultados nacionais - e uma derrota do PCP/PEV - mais discreto, quando as sondagens não mostram essa tendência de descida a nível nacional.

Esse ciúme alimentado - e no qual Bloco e PCP se deixam cair diariamente - é, contudo, o cimento de uma solução que o PS gere, sabendo que nenhum dos partidos do acordo o poderá romper, sob pena de politicamente pagar cara a ousadia. Não é por acaso que num artigo recente no Observador, o deputado socialista Paulo Trigo Pereira sustenta que "muito dificilmente a geringonça se repetirá em 2019, mas é bom que cumpra, e bem, esta legislatura." 

"Qualquer partido que diretamente, ou por interposta instituição (por exemplo sindicato) criasse uma situação insustentável para a viabilidade governativa, pagaria um preço eleitoral forte por isso. Essa penalização dependeria não da realidade dos factos, mas da perceção que o cidadão mediano teria sobre a responsabilidade dessa eventual crise política. 

Se o incentivo para a estabilidade política existe, não devem ser subestimados os desafios que se colocarão à governação nesta segunda metade da legislatura."
O que impede então a continuação da experiência à esquerda? 

Os "pontos de convergência são claros: "política económica assente no estímulo à procura interna e externa, reforço do combate à pobreza e desigualdades, reforço dos direitos sociais e de medidas de combate a várias discriminações, redução da dívida pública sem privatizações, etc." Mas são igualmente claros os pontos de divergência : "aspetos do mercado laboral, necessidade de reforma do sistema político, necessidade de prosseguir a consolidação orçamental, projeto europeu."

Aliás, num artigo recente, o deputado do Bloco José Soeiro lembrava isso mesmo, estabelecendo uma nova plataforma de entendimento e quase como mostrando o ponto de não retorno: 

Estas regras perpetuam o profundo desequilíbrio entre capital e trabalho, reproduzem e acentuam as desigualdades e comprimem os salários. Sem mexermos nestes três aspetos, continuaremos num impasse. 

Não nos enganemos: este é provavelmente o maior bloqueio do atual Governo e será, crescentemente, o maior problema com a sua base de apoio.   
Para o PCP, o seu posicionamento na questão laboral é igualmente feito - não por causa das eleições autárquicas - mas devido ao limite que sente no posicionamento do PS quando se tornou claro que nada seria feito para inverter a legislação laboral introduzida pela maioria de direita entre 2011 e 2015. O posicionamento do PCP sobre o Orçamento de Estado para 2018 ou até na questão concreta da carreira dos funcionários públicos é o sinal da incapacidade de entendimento com o PS sobre uma área essencial, que lida com a vida de milhões de portugueses, que constitui o elemento fundamental de integração social e de valorização pessoal de cada pessoa e que tem se degradado até durante a retoma económica, reforçando a fatia patronal da distribuição do rendimento.  

Claro que à direita, já se prepara a solução. Martelar nas diferenças é sempre produtivo.  

Marcelo Rebelo de Sousa vai martelando, com a sua guerra de comemoração regular dos incêndios e de fazer "presidência abertas à la Mário Soares, mas numa base diária. Rui Rio diz e desdiz-se - ainda é cedo - mas defenderá um entendimento com o PS. Na comunicação social, amplia-se as divergências no acordo político. David Dinis,director do Público, critica o Governo por ter cedido aos partidos à esquerda e não ter resolvido a "justa luta" dos funcionários por uma progressão na carreira (o problema não é não haver dinheiro, é uma questão de opção), embora anos atrás, em 2014, parecia muito mais interessado em que nada fosse feito, sob pena da Troica voltar. No Observador, Rui Ramos oblitera da sua memória as más políticas de direita - achando que a economia cresce por uma boa conjuntura externa ou que tudo está mal não porque fruto de políticas de direita seguidas desde a década de 70, mesmo pelo PS, mas apenas por causa dos socialistas - e assusta o povo com a insustentabilidade do funcionalismoJosé Miguel Júdice, aquele militante que é várias vezes é citado como tendo actuado nos anos 70 nas organizações terroristas de direita ELP/MDLP, tudo promove para ver se o poder cai no colo da direita.

Ora, a manter-se, tal como está - se não houver uma evolução no relacionamento, se se mantiver a incapacidade de encontrar soluções conjuntas para o país, mais profundas, necessárias e duradouras, estruturadas numa visão articulada do futuro nacional - este acordo terá um fim à vista.

E esse fim apenas pode querer dizer duas coisas, nenhuma delas positiva: Ou um abraço à direita pelo PS ou vitória de uma Direita unida das próximas eleições. E que voltará ainda mais acirrada. 

O PS tem, pois, de decidir porque dele será a responsabilidade primeira.


ladroesdebicicletas.blogspot.pt
19
Nov17

A ETA FOI O RESULTADO DA DITADURA FRANQUISTA E DA REPRESSÃODOS BASCOS NA GUERRA CIVIL ESPANHOLA

António Garrochinho




ETA

Antecedentes históricos da ETA

Uma figura histórica incontornável de se falar na formação da ETA, é Sabina Arana, não por ser membro activo do movimento, mas sim por ter sido uma fonte de inspiração para os “Etarras”. Membro central do Partido Nacional Basco, perseguia os valores bascos e a independência Basca de qualquer tipo de poder opressor. Sabino foi acérrimo defensor da independência basca na segunda metade do século XX, afirmava que o Basco era puro, tradicional, cristão e então, teorizou sobre a independência basca. Foi Sabino e os seus seguidores que criaram um dos maiores símbolos da ETA: a Bandeira Basca, onde a sua simbologia revela a ideologia seguida por Sabino, a mais importante delas é a cruz branca que simboliza Deus. Sabino valoriza que os países bascos deveriam estar todos pela pátria e a pátria por Deus.

Na primeira metade do século XX a nacionalidade basca estava mais efervescente do que nunca e em, 1932, os bascos iniciaram as celebrações do Dia da Pátria Basca, com 65.000 bascos na rua a manifestarem o seu nacionalismo. 


O PNB (Partido Nacional Basco) foi-se movimentando nos meandros da República Espanhola, tentando conspirar contra os republicanos, com o objectivo de conseguir a independência do seu território. Este partido defendia que cada cidadão basco era um soldado de um Estado que não existia, mas que dependia da raça e da força para poder, no futuro, existir.
            “O conceito nacional, em vigor no Ocidente, oscilou sempre entre um critério subjectivo francês e um critério objectivo alemão. O primeiro apela para a comunidade do passado histórico, da vida em comum e do projecto de futuro participado; o segundo, que está mais ligado à comunidade do sangue e das origens, dispensou com frequência a vontade (de pertencer à mesma nação) e apelou para a imposição. ”   
                                                                         
No caso da ETA, pode-se dizer que esta segue a linha alemã, onde existe uma força impositiva violenta para obter a sua autonomia, de modo a criarem então o seu próprio Estado soberano. Ao longo dos séculos, os bascos conseguiram manter os seus traços culturais com alguma dificuldade, resistindo a muitas adversidades e mesmo travando algumas batalhas e actos terroristas. 




Tudo isto concedeu-lhes um carácter guerreiro do qual a Euskadi Ta Askatasuna (ETA), que significa Pátria Basca e Liberdade, tirou partido e utilizou para espalhar o terror, com o apoio do povo basco, que via na ETA uma forma de resistir ao regime franquista com o qual sofriam muito, pois todos os seus movimentos eram controlados. 

Franco não permitia o ensino da língua Basca, nem grandes manifestações de exaltação do espírito do nacionalismo basco. Esta situação de opressão, é retratada por Weinberg e Pedahzur em: “The Franco dictatorship (1935-1875) re-asserted the supremacy of Madrid and pursued a policy of repression with respect to virtually all manifestations of basque social and cultural identity.”


                                 Gabriel Aresti, Harri et Herri, 1964  
Formação - primeiras décadas da ETA

A formação da ETA deve-se ao Estado ditatorial de Franco, isto é, devido à forte opressão que os bascos sofreram durante a guerra civil espanhola até à morte do General Franco. 

Os bascos sofreram um corte radical na sua autonomia, por parte das instituições do Estado, que em si já era pouca que entretanto, com Franco, passou a ser praticamente nula, fazendo com que os bascos tivessem de professar os seus valores, a sua história e a sua língua na clandestinidade. Estes factores levaram a busca de novos meios de combater o regime de Franco, sendo desta forma, que nasce movimento Ekin (que significa empreender), em 1952, em Bilbau. 

Em 1953, este grupo inicia contactos com o Partido Nacional Basco, em particular com a sua parte mais jovem, pois o grupo Ekin era constituído por jovens universitários que, ao estudarem vários autores, tomam uma posição subversiva face ao Regime Franquista. 

De 1956 a 1958, os dois grupos fundam-se, mas, em 1958, tomam rumos diferentes devido a problemas internos quanto à orientação ideológica a ser seguida. Em 31 de Julho de 1959, os partidários do movimento Ekin formam a ETA. 

O objectivo da ETA é criar uma Pátria Basca, que respeite a história e cultura do povo basco, que seja livre de qualquer tipo de imposição. 

São defensores de uma independência total da Espanha e da França, tornando o país Basco uma nação soberana e independente. 

Os jovens bascos são motivados a estudarem a história dos seus antepassados, ganhando assim, uma grande motivação para aderir ao movimento de libertação.





Ataques terroristas e resposta do Estado 


O primeiro ataque terrorista da ETA não tem data específica, mas aquela que é genericamente aceite é do dia 7 de Junho de 1968, no qual foi executado Méliton Manzanas, chefe da Polícia Secreta Espanhola de San Sebastian, conhecido pelas torturas que cometia contra aqueles que eram suspeitos de conspirar contra o regime Franquista. 

Como resposta a diversos atentados por parte da organização, o Governo responde prendendo muitos membros da ETA, e condenando parte deles à morte. O ataque mais forte durante a ditadura, foi a execução em Madrid, em Dezembro de 1973 do Almirante e Chefe do Governo Luís Carrero Blanco. 

Este acto foi exultado por alguns exilados espanhóis, acérrimos opositores à ditadura Franquista. 

Até 1980 a ETA já tinha morto 118 pessoas, no total de todas as suas acções , o que marca duas décadas de luta  pela organização na repercussão dos seus ataques para libertar o povo basco.


Ataques marcantes nas décadas de 80 e 90 


Pode-se destacar o primeiro ataque com um carro bomba, em Setembro de 1985, na capital espanhola, fazendo um morto e 16 feridos. Em 1986, a organização mata 12 guardas - civis num atentado. 

Um dos atentados mais famosos é o Atentado ao Hipercor, na cidade de Barcelona, em 1987, no qual morreram 21 pessoas e 50 ficaram feridos. 

A ETA afirma ter avisado as autoridades e que estas nada fizeram.


Outro atentado foi o sequestro, em 1997, do líder do Partido Popular na Província de Varsóvia. 

Os sequestradores Etarras ameaçam matar Miguel Ángel Blanco caso o Governo não cedesse às exigências. 

E foi o que aconteceu dois dias depois,foi executado pois o governo não cedeu. Depois deste, realizaram vários outros atentados durante a década a 80 e 90. 

Estas décadas foram de grande agitação e mudança face às décadas 60 e 70. Se em 60 e 70 a ETA causava simpatia


A ETA no século XXI 
            

Depois de pôr fim à trégua que havia durado 14 meses, os atentados começaram logo no início do ano 2000, voltando a ETA, aos meios de luta mais duros e violentos. Em Janeiro de 2000, dá-se um atentado em Madrid, onde um carro-bomba explode, mas não faz feridos. 

No mesmo mês, ainda em Madrid, outro carro-bomba explode e mata um político do Partido Socialista e o seu guarda-costas. Na capital basca de Vitória, em Julho do mesmo ano, houve outro morto a tiro, um autarca do Partido Popular da cidade de Málaga.


Em Maio de 2001, houve mais um morto, desta vez, um político, Manuel Abad (um alto membro do Partido Popular). Novembro foi um mês bastante sangrento, primeiro pelo execução a tiro do Juiz Lidon, em Madrid, com uma explosão de um carro-bomba que fez perto de 100 feridos.

Em Julho de 2002 o Juiz Baltazar Gárzon ordenou que fossem confiscados 18 mil euros ao Herri Batasuna 

No mesmo mês, Baltazar decide suspender toda a actividade do Batasuna durante 3 anos, devido ao seu pacto com crimes contra a humanidade, elaborados pelo ETA. Nos anos seguintes, muitos membros da ETA foram presos, o que levou a um curto período de “paz”.



Financiamento da ETA

No início, a ETA era financiada por intermédio de furtos a bancos e grandes comerciantes.

Ao longo da sua existência, a ETA manteve como base de sustentabilidade económica do seu movimento, os raptos, apesar de terem recebido doações por parte daqueles que pertenciam ao grupo, e daqueles que apenas simpatizavam com a causa e apoiavam as acções. 

Entretanto, com o aumento das acções terroristas, necessitavam cada vez mais de mais avultadas somas financeiras para conseguir realizar as acções planeadas.


Se na década de 60 apenas tinham gastos relativos às acções armadas que desenvolviam, nas décadas seguintes, a ETA passou a ter a seu cargo diferentes necessidades que requeriam outros financiamentos. 

Surgiam, cada vez mais, situações que requeriam esforço financeiro, como por exemplo, o pagamento das diversas necessidades financeiras dos seus membros que eram capturados. 

Foi nesta altura que tiveram de recorrer aos raptos, pois as doações eram insuficientes para os tipos de pagamentos que necessitavam ser feitos.


No decorrer dos anos 70, iniciaram-se os raptos com intenção explícita de financiar os seus movimentos. 

O primeiro rapto foi o do Cônsul Alemão Eugen Belin Shaaf. Com este rapto, conseguiram 75 milhões de marcos alemães e 75 milhões de pesetas espanholas.


Ao longo das décadas de 70, 80, 90 e ano 2000, a organização raptou dezenas de pessoas. 

Com a ocorrência destes raptos, os membros da alta finança do Estado sentiam-se ameaçados pela organização terrorista basca. 

Aproveitando-se do medo que causavam, a ETA criou o Imposto Revolucionário. 

Este imposto consistia no pagamento de tal, pelos membros da elite espanhola, para não serem atacados, bem como os seus familiares, estando, assim, a salvo.


terroremescala.blogs.sapo.pt

19
Nov17

SECA EM VISEU

António Garrochinho


VÍDEO





O presidente da câmara de Mangualde não tem dúvidas que este reforço da operação de abastecimento de água em Viseu é o maior de sempre, no país. Uma trasfega de mais de 4.000 metros cúbicos de água da barragem da Agueira para evitar a rutura total da barragem de Fagilde e garantir o abastecimento de água a mais de 140 mil pessoas de 4 concelhos.

sicnoticias.sapo.pt

19
Nov17

OS PRESOS POLÍTICOS NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

António Garrochinho

Estados Unidos ocultam informação sobre presos políticosDos 54 condenados identificados por organizações de direitos civis, maior parte vem de minorias raciais e está encarcerada há mais de 40 anos


O diplomata Andrew Jackson Young foi figura de destaque quando Jimmy Carter governava os Estados Unidos, entre 1977 e 1980. Nascido em Nova Orleans, negro e democrata, iria completar 45 anos quando assumiu o posto de embaixador nas Nações Unidas.
Era este o cargo que desempenhava quando deu, em julho de 1978, célebre entrevista ao jornal francês Le Matin. O assunto era a repressão contra dissidentes na União Soviética. Não hesitou, porém, em tocar nas próprias feridas nacionais.

“Ainda temos centenas de pessoas, em nossas cadeias, que poderia classificar como prisioneiros políticos”, afirmou Young, a respeito de ativistas que tinham sido encarcerados nos anos 60 e 70.

A casa quase caiu.
Young chegou a sofrer processo de impeachment na Câmara dos Deputados, salvando seu mandato por 293 a 82 votos. O próprio presidente Carter referiu-se a suas palavras como “depoimento infeliz”. O fato é que o diplomata sincero jamais voltaria a desempenhar qualquer papel relevante na política de seu país.


Cartaz no estado sulista do Alabama convoca população às eleições e remonta às origens dos Panteras Negras
Depois de quase quatro décadas da retumbante confissão, pouca coisa mudou, apesar do fim da Guerra Fria.
Os Estados Unidos continuam a ocultar que mantêm presos políticos, pois não fica bem para a imagem de uma nação que se autoafirma líder do mundo livre e democrático. Aliás, que explica a ação de seus tanques e aviões ao redor do planeta como exportação da liberdade.
Das centenas de presos reconhecidos pelo ex-embaixador, algumas dezenas ainda permanecem em calabouço. Muitos morreram ou cumpriram suas penas. Mas novos dissidentes foram capturados ao longo do tempo.
A reportagem de Opera Mundi, depois de entrevistar diversos líderes de grupos humanitários e pesquisar sua documentação, pode consolidar lista mínima de 54 condenados por razões políticas.
A relação inclui apenas ativistas que tenham sido julgados por supostos crimes cometidos dentro do território norte-americano. Estão fora desse cálculo, por exemplo, os desterrados de Guantánamo.

A maioria dos prisioneiros é formada por minorias raciais ou nacionais.
O contingente mais expressivo vem dos antigos Panteras Negras e suas ramificações.
Vários destes detentos estão atrás das grades há mais de 40 anos, quando Young ainda não havia reconhecido o drama político e humano que enxovalharia qualquer nação.
O presidente Barack Obama, no funeral de Nelson Mandela, em 2014, fez questão de lembrar o martírio de Madiba, que passou mais de 28 anos trancafiado pelo regime do apartheid, cumprindo sentença por conspiração e resistência armada.
Se fosse tocado pela mesma compaixão em relação a compatriotas seus, encontraria 37 presos que já ultrapassaram, alguns a perder de vista, o tempo de cárcere do líder sul-africano. Todos igualmente apenados por conspiração ou resistência armada.
Outros países ocidentais que viveram processos de confronto interno, como Itália e Alemanha, foram virando a página dos anos de chumbo. Os militantes da insurgência — como os filiados às Brigadas Vermelhas ou ao grupo Baader-Meinhof — recuperaram progressivamente sua cidadania.
Ao sul do rio Grande, nações latino-americanas também superaram a chaga dos presos políticos, herdada de ditaduras que contavam com a simpatia geopolítica da Casa Branca.
Pressão interna
Ramsey Clark, 88, ex-procurador-geral dos EUA
Ramsey Clark, 88, ex-procurador-geral dos EUA
Os Estados Unidos, porém, preferem manter abertas estas feridas. Não hesitam em brandir cobranças sobre direitos humanos em outras praças, mas se recusam a limpar o próprio quintal.
A contradição entre discurso e realidade parece profunda ao ponto de provocar deserções no centro do poder. O advogado Ramsey Clark, hoje com 88 anos, talvez seja o principal expoente desta dissidência palaciana.
Como procurador-geral, chefiou o Departamento de Justiça entre 1967 e 1969, durante a gestão do democrata Lyndon Johnson, quando foram aprovadas as principais leis antissegregacionistas. Acumulou desgostos, no entanto, com a escalada repressiva comandada pelo FBI (a polícia federal norte-americana), então sob o comando de John Edgar Hoover, cujos alvos principais eram organizações que lutavam contra o racismo e a Guerra do Vietnã.
Depois de se afastar do cargo, paulatinamente assumiu causas públicas e judiciais contra o sistema.
“Os presos políticos não têm reconhecimento legal, são tratados como inimigos do Estado”, afirma, com sua voz baixa e pausada, que trai a cada sílaba o sotaque texano. “O objetivo é que sirvam de exemplo para novas gerações, estabelecendo o preço a pagar se recorrerem à rebelião e à insubordinação.”



Muitos dos condenados, aliás, se consideram prisioneiros de guerra, vítimas de ofensiva militar destinada a subjugar o povo afro-americano e preservar um regime de supremacia branca. Essa era a razão na qual encontravam legitimidade para ações de autodefesa e ataque armado.
Irregularidades nos processos
“Há muitas condenações fabricadas, com pressão às testemunhas e eliminação de provas a favor dos réus”, declara o advogado Robert Boyle, 61 anos, desde o final da universidade dedicado à defesa de presos políticos. “Um acordo tácito, que amarra o sistema judicial e as polícias, determina regras especiais de repressão contra integrantes de grupos revolucionários, muitas vezes violando o devido processo legal.”
Robert Boyle, 61, advogado de presos políticos
Robert Boyle, 61, advogado de presos políticos
Até mesmo a Amnistia Internacional, que normalmente indefere casos de luta armada, corrobora a tese de Boyle.
São ilustrativas as situações de Ed Poindexter e Mondo we Langa (nome africano de David Rice), líderes dos Panteras Negras em Omaha, no estado de Nebraska. Poindexter está preso há 45 anos, cumprindo prisão perpétua pelo assassinato de um policial. Langa, depois de passar o mesmo período detido, morreu em 11 de março de 2016.
A única prova condenatória foi o testemunho de um adolescente torturado e ameaçado com a cadeira elétrica se não colocasse a culpa nos dois militantes. A gravidade do episódio levou os dirigentes da mais conhecida entidade humanitária do planeta a classificá-los como presos de consciência.
Abundantes, as denúncias de ilegalidades competem com críticas às normas processuais e sua execução.
“Os presos políticos quase nunca recebem o benefício da liberdade condicional a que têm direito”, ressalta Boyle, com um sorriso amargurado de quem vê a si próprio dando murros em ponta de faca. “Além da má vontade das mesas de avaliação, é gigantesca a pressão das associações policiais para impedir a libertação de quem está acusado pela morte de algum colega.”
Muitas vezes as condenações foram baseadas em dispositivo jamais acionado para crimes comuns. Trata-se de lei estabelecida em 1861, que criou o delito de conspiração sediciosa, para punir governos estaduais que se levantassem contra a União.
Voltou a ser utilizada na perseguição a comunistas e anarquistas durante as duas primeiras décadas do século passado, antes de fazer parte do cardápio repressivo da Guerra Fria.
“Conspiração sediciosa é instrumento de criminalização da contestação política”, explica o advogado Bret Grote, diretor do Centro Legal Abolicionista, de Pittsburgh, na Pensilvânia, organização que se dedica a pressionar pela mudança dos códigos penais. “Essa regra dispensa prova material de crime e leva à cadeia quem comete delito de intenção.”

VÍDEO

Marcha do Movimento Jericho reuniu multidão em março de 1998 pedindo anistia aos presos políticos dos EUA
Tal lei responde pela condenação, a 55 anos, do líder comunitário Oscar López Rivera, preso desde 1981. O crime mais relevante pelo qual foi julgado é o de ter integrado as Forças Armadas de Libertação Nacional, grupo independentista de Porto Rico, seu país de nascimento, por muitos historiadores considerado uma espécie de colônia norte-americana, ainda que usufrua do estatuto de estado autônomo.
Herói no Vietnã, condecorado com a Estrela de Bronze, Rivera não pode ser efetivamente conectado a nenhum delito comprovado, mas sua filiação a um partido separatista foi suficiente para fazê-lo mofar atrás das grades.
Pós-11 de setembro
Poucos dos 59 presos políticos ainda têm possibilidade de apelação, embora muitos possam reapresentar, ano após ano, pedidos de liberdade condicional, costumeiramente negados.
Aqueles que foram condenados por juízes estaduais, também estariam aptos ao indulto dos respectivos governadores. Os presos federais dependem da boa vontade do presidente da República, que não pode interferir nas decisões dos Estados.
Mas uma cortina de ferro esconde a saga destes homens e mulheres.


Membro dos Panteras Negras, o cartunista Emory Douglas produzia ilustrações que estampavam os jornais do movimento
Tudo piorou depois dos atentados de 2001 e a declaração de “guerra ao terror”, com a adoção do Ato Patriota, enfraquecendo ainda mais as garantias legais de suspeitos por agirem contra o Estado.
Novas levas de presos, majoritariamente de origem muçulmana, se somaram aos antigos combatentes aprisionados.
Os principais veículos de imprensa, normalmente ávidos por denunciar atropelos humanitários em outras fronteiras, raramente contam ou investigam esta tragédia norte-americana.
O Departamento de Justiça, insistentemente procurado pela reportagem de Opera Mundi, prometeu dar sua versão dos fatos, mas preferiu o silêncio e informou, através de seu porta-voz, que não havia interesse em tratar do assunto. 
Nada a declarar, registre-se, sempre foi uma das respostas preferidas de governantes que desejam esconder a brutalidade que praticam ou acobertam.


operamundi.uol.com.br

19
Nov17

EUA e Reino Unido continuam vendendo armas à Arábia Saudita apesar de crimes de guerra

António Garrochinho


Os EUA e o Reino Unido mantêm "relações confortáveis" com a Arábia Saudita que são incompatíveis com os valores de respeito pelos direitos humanos que eles alegam promover, disse o ativista pelos direitos humanos Peter Tatchell.
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"[Os crimes] incluem bombardeios indiscriminados de aéreas civis e uso de bombas de fragmentação. Assim, em evidência 'prima facie', a Arábia Saudita terá alegadamente cometido estes crimes, por isso é correto e adequado que a polícia metropolitana esteja investigando o caso", disse.
Se a polícia iniciar o processo criminal, eles terão de reconstruir a cadeia de comando que realizou os ataques aéreos contra civis no Iêmen e esclarecer quem autorizou o ataque.

"Depois eles vão esclarecer se a pessoa que ordenou os ataques em questão foi autorizada pelo ministro da Defesa saudita. Eles podem esclarecer a sucessão de ordens, revelar a documentação e evidências para ver se estes três graus diferentes foram instrumentos fundamentais desse crime de guerra, e então, em teoria, a polícia poderia emitir mandados de prisão internacionais contra os funcionários correspondentes", disse Tatchell.
A unidade da Polícia Metropolitana SO15 está realizando "os exercícios de definição" em relação às alegações na véspera da visita da premiê britânica Theresa May para países do Oriente Médio, incluindo a Arábia Saudita, para reforçar as relações comerciais e na área de segurança.
A Arábia Saudita é o maior parceiro comercial do Reino Unido no Oriente Médio e seu maior comprador de armas. Entre abril de 2015 e março de 2016, depois do início da campanha de bombardeios pela Arábia Saudita no Iêmen, o governo da Grã-Bretanha aprovou um acordo de exportação de armas para os sauditas no valor de £ 3,3 bilhões (R$ 12,8 bilhões).

"Sem dúvida que [a possível investigação policial] é um enorme embaraço para Theresa May e para os sauditas. Eles gostariam que tudo isso desaparecesse e nós, como defensores de direitos humanos, sustentamos que a diplomacia e a política real não devem ignorar as preocupações com os direitos humanos."
"É muito, muito importante cumprir as nossas obrigações na área dos direitos humanos. Assim, o fato de a Grã-Bretanha e os EUA terem relações tão estreitas com a Arábia Saudita é verdadeiramente chocante", disse o ativista.


br.sputniknews.com

19
Nov17

AS CARAS DO VERDADEIRO TERRORISMO

António Garrochinho

Com o petróleo, a Arábia Saudita exporta para todo o mundo a violência mais sangrenta e deturpa o Islão fazendo-o com o sentido de lucrar com as versões mais radicais da religião muçulmana que servem os interesses do Daesh e dos Estados Unidos e pasme-se de Israel.

A estratégia religiosa do Rei e da monarquia sangrenta é a estratégia de uma doutrina do século XVIII, criada por Mohammed ibn Adb-al-Wahhab (1703-1792) uma das correntes mais ortodoxas e extremistas do islamismo sunita.
O wahhabismo não admite outra fé – nem dentro do próprio Islão sunita.
Quem professa outra doutrina é tido como infiel e inimigo.

Assim este fanatismo religioso criou e criará se não for desmascarado e combatido as multinacionais da morte que servem os interesses dos grandes negócios do petróleo e das armas.

O problema nunca esteve na Síria ou no Iraque mas sim na ambição dos yankees e da nefasta seita que comanda a arábia Saudita e do sionismo nazi de Israel.

Destruir a Síria, o Iraque, a Líbia foram sempre as grandes ambições dos crápulas sauditas americanos e israelitas e o mundo sofreu muito com esta devastação protagonizada pelo terrorismo capitalista disfarçado e falsamente apregoado como islamista.


António Garrochinho
19
Nov17

A INÊS

António Garrochinho


Inês de Medeiros Presidente da Câmara Municipal de Almada queixa-se que encontrou uma secretária vazia, funcionários mal encarados e em silêncio, quando entrou ao “serviço” em Almada.
Estas queixas foram o tema central de uma entrevista no Expresso.
Para a semana será entrevistada pelo Correio da Manhã e falará no actual tema da deslocalização da cidade de Almada para Paris, mais precisamente para Orly, com o objectivo de aproximar o local de trabalho ao local de residência de sua excelência Le Mairie ..

Nuno Cavaco
19
Nov17

JÚDICE, um velhaco encartado.

António Garrochinho


Mário Fernandes

Com a devida vénia,,,
Pedro Cabrita
JÚDICE, um velhaco encartado.
Há recentemente em canal aberto (TVI) um novo comentador, de esquerda, claro, como o são a generalidade dos comentadores que debitam sozinhos, engalanados e sem contraditório nos três canais generalistas (RTP, SIC e TVI).
Houve tempos em que por lá andava o agora ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva, saneado por incomodidade do Diretor da TVI Sérgio Figueiredo, quando começou a galgar as higienes politicoides da estação.
Até há bem pouco tempo aparecia o Fernando Medina. Contudo, com o evento das autárquicas, o Medina saiu do comentário político por imposição das regras eleitorais e nunca mais voltou. Creio que se terão comodamente esquecido dele. Acontece.
Mas como que vindo de uma escolha equilibrada, como sempre deve acontecer com um órgão de informação isento e pluralista como o são os tais três canais de TV, eis que nos aparece um novo comentador, anteriormente arrumadinho na TVI24, onde a audiência é bem menor, promovido ao canal generalista por bons esforços e melhores serviços prestados à isenção e pluralismo do comentário político.
Miguel Júdice.
O Júdice foi naturalmente escrutinado para substituir o beijoqueiro Marcelo, candidato ao Guiness na vertente de mais velhas beijadas por minuto e m2, que vencia todas as audiências naquela função. Ou seja, com uma mão e mestria o professor alisava os caminhos do PSD, enquanto que com a outra ferrava os seus inimigos pessoais, fosse qual fosse o quadrante político onde se situassem. Valha-lhe esse pluralismo no tocante às inimizades.
O Júdice agradeceu a promoção e tratou de pagar o encómio mal pegou na função. Disparou para tudo o que mexia, não fosse arrependerem-se.
Curiosamente, consciente ou não de que estava ali para revitalizar o vazio deixado por Marcelo, este foi logo um dos primeiros a experimentar os maus fígados do Júdice. Mas por ali se ficou na arrumação da questão, tratando-se de um inimigo pessoal e bem antigo, procurou dissipar por conveniência própria o prof. das notas dos domingos à noite.
O Júdice não poupa a esquerda, o governo ou tudo o que lhe cheire a socialismo. O desancado é feito com terminologia incisiva, demolidora e malcriada. Uma atitude própria dos valentes que sabem poder dar um murro em alguém que não terão resposta porque o outro está de mãos atadas.
Este é o Júdice da TVI.
Mas não lhe bastando agredir quem não está presente para a adequada resposta, o Júdice começa a acreditar que já está em condições de dizer tudo o que lhe vem à cabeça porque a audiência está conquistada e gosta do que ele diz.
O Júdice é malcriado.
É bem provável que a TVI não o venha a afastar por ser malcriado nos ecrãs da estação. Até porque ser malcriado hoje em dia vende. Mas acredito que venha a perder alguns espectadores que ainda conseguem perceber que um convencido da sua douta capacidade para insultar quem está ausente não está altura do comentário político, que, sendo habitualmente pouco edificante, ainda há gente que se contém no insulto gratuito e bacoco.
Vem tudo isto a propósito da forma como o Júdice se referiu ao ministro das Finanças Mário Centeno nesta sua última intervenção da estação de Queluz de Baixo.
"O ministro da Finanças com aquele seu ar apatetado..." e por ali continuou na sua catilinária mal alinhavada por falta de argumentos da função do ministro, mas insultuoso e reles, característica daqueles debitadores de opinião que não dominando a arte apenas encontram no insulto o argumento da sua razão. Pela imagem da estação ficou um visível incómodo da jornalista Judite de Sousa que não conseguiu disfarçar um certo incómodo.
Eu, o Júdice não voltarei a ouvir, mas sempre lhe deixo a minha opinião e conselho.
Ser malcriado e insultuoso pode satisfazer o seu ego e gerar uma boa dose de bílis desse seu fígado a precisar de libertação e alívio.
Contudo convinha que tomasse consciência que vomitar alarvidades e insultos na televisão que o convidou a membros de um governo ou qualquer outra entidade de quem o Júdice não gosta é baixo e obviamente desprestigia a dignidade de um advogado um dia bastonário da classe, um cargo de enorme relevo que afinal pode não ter sido desempenhado por alguém com a dimensão que o cargo sugere e obriga.
O Júdice é afinal um velhaco encartado que nos entra em casa sem pedir licença mas que na minha não voltará a entrar por uma questão da minha própria salubridade.

19
Nov17

Empresas andam à caça de talentos na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve

António Garrochinho

É uma mostra de turismo, que junta diversos , mas o Tourism Trade Show Algarve é, acima de tudo, uma oportunidade dos alunos da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve se mostrarem a potenciais empregadores e, até, de mostrarem a sua veia empreendedora. É, também, um momento muito aguardado pelas empresas, para tentar garantir os melhores para as suas equipas.

Este evento, que nasceu há quatro anos por sugestão dos próprios alunos da escola, começou ontem e termina hoje, dia 16 de Novembro, na EHTA, em Faro. Ali, estudantes de hotelaria e turismo do Algarve estão a ter a oportunidade de conviver de perto de seis centenas de empresas do setor turístico, regionais e nacionais.

Ao dar uma volta ao recinto, percebe-se que os representantes das empresas presentes embarcaram, na sua maioria, numa verdadeira caça ao talento, quer atraindo alunos que passam aos seus stands, quer visitando os “negócios” montados pelos estudantes em diversos pontos do certame.



«É interessante ver, desde logo, a dinâmica que se gera com a organização dos alunos. Por outro lado, ver a adesão das empresas. Estarem aqui tantas empresas a tentar cativar alunos para trabalhar com eles, é positivo. Isso demonstra a importância das escolas do Turismo de Portugal tem hoje em dia e a qualidade dos recursos humanos aqui formados», considerou Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal.

O responsável por esta entidade considera até que «devia haver mais eventos deste por ano», embora, ressalve, «um já é bem bom».

Já Paula Vicente, diretora da EHTA, frisou a componente de promoção do contacto entre alunos e empresas que o Tourism Trade Show Algarve tem.

«Este evento surgiu da necessidade que nós tínhamos de juntar e aglomerar vários interesses do setor. Nós tínhamos várias solicitações por parte das empresas para vir cá falar com os alunos, para captar recursos humanos. E nós achámos por bem juntar tudo num único espaço, para dar oportunidade às empresas para se mostrar e permitir aos alunos ter tempo para os receber como deve ser», disse.

No fundo, trata-se de dar aos estudantes, «oportunidades de carreira, mas também de empreendedorismo, pois eles sabem o que estão a fazer e fazem-no de forma autónoma».  «Tudo isto é feito pelos alunos, com alguma ajuda dos professores, e eles surpreendem-nos sempre – e cada vez mais», rematou Paula Vicente.























Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação



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19
Nov17

PCP pede ao Governo calendário de intervenções nos Centros de Saúde do Algarve

António Garrochinho



O Grupo Parlamentar do PCP pediu ao Governo «a lista de todas as obras de manutenção ou requalificação a realizar nos centros e extensões de saúde do Algarve, em 2018, com a indicação do centro/extensão de saúde intervencionado, tipo de intervenção, custo, data previsível de início e de conclusão da intervenção».
Este requerimento, apresentado por Paulo Sá, deputado comunista eleito pelo Algarve, é feito depois do PCP ter questionado o Ministro da Saúde, na audição feita no Parlamento a este membro do Governo, no âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2018, mas sem obter as respostas que queria.
«As respostas dadas foram muito genéricas, não identificando as obras de manutenção ou de requalificação previstas, em 2018, para os centros e extensões de saúde do Algarve», enquadraram.
O PCP salientou que tem realizado «visitas regulares» aos centros e extensões de saúde do Algarve, «tendo verificado que muitos carecem de obras de manutenção ou de requalificação».
«A degradação dos centros e extensões de saúde acarreta óbvios prejuízos para utentes e profissionais do Serviço Nacional de Saúde, devendo o Governo reforçar significativamente as verbas destinadas às obras de requalificação e manutenção destes estabelecimentos de saúde», defenderam os comunistas.



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19
Nov17

O grande impasse

António Garrochinho


(José Soeiro, in Expresso Diário, 17/11/2017)
soeiro
José Soeiro
Esta semana ficamos a saber que Portugal tem mais 7 mil milionários do que no ano passado. Ao mesmo tempo, o crescimento da economia e o crescimento significativo do emprego (mais 170 mil postos de trabalho nos últimos dois anos) não tem sido uma garantia de crescimento dos salários.
Na verdade, a produtividade por trabalhador está a evoluir mais rápido do que os salários. As instituições europeias preveem um crescimento da produtividade de 2,3% em 2018 e 2019, ao passo que o salário médio por empregado não sobe além de 1,7% ou 1,8%. Conclusão: os custos do trabalho estão a ser embaratecidos.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, Portugal foi nos anos da austeridade um dos países em que a proporção dos salários no rendimento nacional mais diminuiu. Era de 60% do em 2003 e passou para os 52% em 2014. Esta tendência não se tem alterado. A economia está melhor, mas a média dos salários não, porque o novo emprego agora criado tem salários mais baixos que o emprego que foi destruído nos últimos anos. É isso que mostra, também, um estudo do Observatório das Crises e das Alternativas e os dados do INE. O dado em contracorrente é o aumento do salário mínimo, que tem sido superior à inflação e que tem permitido recuperar poder de compra para os trabalhadores mais pobres. Mas, na ausência de poder negocial e de contratação coletiva, o próprio salário mínimo vai-se transformando perversamente numa espécie de “salário-padrão”.
Há quem insista em explicar o fenómeno pelos sectores e categorias em que o emprego é criado, com um peso muito forte de postos de trabalho indiferenciados na área dos serviços. Mas essa explicação, por si só, diz-nos pouco. É o facto de os empregos estarem relacionados com o turismo, ou com a segurança, ou com a operação de instalações e de máquinas, que determina que os salários sejam tão baixos e que aumente, por essa via, a acumulação de riqueza e se reproduzam as desigualdades?
A razão tem de ser encontrada noutro lado. De facto, a política de recuperação de rendimentos, bem como o crescimento de sectores como o turismo, tem permitido criar dezenas de milhares de postos de trabalho. Mas esse emprego, que é criado em resultado de uma orientação económica diferente da do período anterior, continua a ser enquadrado pela legislação laboral feita pelo PSD e pelo CDS, sob as instruções da troika. Essa legislação teve três características principais.
A primeira foi promover a precariedade, nomeadamente facilitando o despedimento e autorizando, por exemplo, que funções permanentes pudessem ser enquadradas com contratos a prazo, no caso de desempregados de longa duração e de jovens à procura do primeiro emprego, o que correspondeu a uma estratégia de compressão dos salários. A segunda foi embaratecer o trabalho aumentando o tempo de trabalho não pago (pela eliminação de três dias de férias ou do descanso compensatório) e reduzindo o preço pago pelo trabalho (por exemplo, diminuindo para metade o valor do trabalho suplementar). A terceira, que já vinha de trás mas que foi extraordinariamente aprofundada, passou por enfraquecer o poder negocial dos trabalhadores, permitindo a caducidade unilateral das convenções coletivas, o que significou, num primeiro momento, uma quebra brutal do número de trabalhadores abrangidos pela contratação coletiva e, num segundo momento, que é o que vivemos, que as novas convenções coletivas são piores que as anteriores.
Estas regras perpetuam o profundo desequilíbrio entre capital e trabalho, reproduzem e acentuam as desigualdades e comprimem os salários. Sem mexermos nestes três aspetos, continuaremos num impasse. Não nos enganemos: este é provavelmente o maior bloqueio do atual Governo e será, crescentemente, o maior problema com a sua base de apoio.


estatuadesal.com

19
Nov17

ISABEL, A QUE PODERIA TER SIDO AMADA PELO POVO.

António Garrochinho


QUANDO SE DISCUTE O PAPEL DE ISABEL DOS SANTOS EM ANGOLA UNS COM PAIXÃO OUTROS COM DESPREZO
O QUE SE ESTÁ OU O QUE SE DEVERIA DISCUTIR SERIA O PAPEL QUE ESTA SENHORA TEM DE LIGAÇÃO A GRUPOS ECONÓMICOS CORRUPTOS E CRIMINOSOS E A SUA LIGAÇÃO À DIREITA CAPITALISTA E PROSPERAMENTE RICA EM ANGOLA E TAMBÉM EM PORTUGAL ONDE A SENHORA NÃO SE FARTA DE MARCAR "OVOS" NO SENTIDO DE ENRIQUECER ESQUECENDO A LUTA HERÓICA QUE O MPLA TRAVOU PRECISAMENTE CONTRA OS QUAIS ISABEL E OUTROS HOJE SE ALIAM.

NÃO PODEMOS MISTURAR ALHOS COM BUGALHOS.

SABEMOS QUE O ESFORÇO DE MUITOS ANGOLANOS FOI E É TITÂNICO NO SENTIDO DE TORNAR O SEU PAÍS UM PAÍS PRÓSPERO QUE SIRVA AS ASPIRAÇÕES DESSE POVO SOFREDOR O QUAL AGOSTINHO NETO REPRESENTOU CONDIGNAMENTE..

ELEVAR E COLOCAR NA RIBALTA BONECOS E MARIONETAS DO CAPITALISMO COMO LUATY BEIRÃO É OUTRO ERRO QUE É BASTANTE CLARO AO VER AS SUAS LIGAÇÕES E O SEU VAZIO IDEOLÓGICO PERANTE UM POVO QUE DIZ RESPEITAR.


António Garrochinho

19
Nov17

SÓCRATES & COMPANHIA, BPN, MARQUÊS, TECNOFORMA

António Garrochinho

SABEMOS QUE A DIREITA PAFISTA FEZ UM ATAQUE CERRADO AO PS XUXA DESCOBRINDO A CARECA AO SÓCRATES E A OUTROS GOVERNANTES E FIGURAS QUE JÁ PASSARAM PELA GOVERNAÇÃO.

SABEMOS TAMBÉM DA DUALIDADE DE CRITÉRIOS DOS QUAIS A "JUSTIÇA" USA E ABUSA, QUANDO SE TRATA DE CHAMAR À PEDRA, DE PUNIR, OS PREVARICADORES, OS GATUNOS, OS QUE ROUBAM PORTUGAL E OS PORTUGUESES.

A DIREITA NEO LIBERAL E FASCISTA TEM A JUSTIÇA NAS MÃOS E NÃO É MENOS VERDADE É QUE NÃO SE PODE AFIRMAR QUE NOS GOVERNOS QUE NOS TÊM GOVERNADO SE PODE FAZER ALGUMA DISTINÇÃO IDEOLÓGICA JÁ QUE TODOS NOS TEM ROUBADO.

EMBORA MUITOS SIMPATIZANTES XUXAS AINDA HOJE QUEIRAM BRANQUEAR A FIGURA DO SÓCAS, O MENINO DE OURO, UM COMPLETO VIGARISTA ALINHADO NA MESMA BITOLA DO OLIVEIRA E COSTA, DO LOUREIRO, DO SALGADO, DO VARA ETC, ESSA POSTURA E POSIÇÃO DA GENTE QUE VOTA PS É PERIGOSA E CLARO EXTREMAMENTE ERRADA..

OS CORRUPTOS SEJAM DE DIREITA OU DE ESQUERDA NÃO PODEM SER BRANQUEADOS E QUEM OS DEFENDE SÓ ESPERA QUE OS SEUS AMADOS DE PARTIDO FAÇAM O MESMO NO DIA DE AMANHÃ, O QUE ME LEVA A AFIRMAR QUE AO SEREM ROUBADOS ISSO NÃO OS INCOMODA POR ESTAREM BEM NA VIDA, OU POR SEREM COMPLETOS IGNORANTES E CEGOS PERANTE A POLÍTICA DE QUE SÃO VÍTIMAS APESAR DE IDOLATRAREM OS SEUS ÍDOLOS.

António Garrochinho
19
Nov17

PÃO PÃO, QUEIJO QUEIJO

António Garrochinho

A IDEOLOGIA QUANDO HONESTA E SIRVA OS CIDADÃOS POR IGUAL RESOLVE MUITOS PROBLEMAS DA SOCIEDADE E OBVIAMENTE DA SUA ESTRUTURA ECONÓMICA.

O QUE NÃO PODE SERVIR É A ECONOMIA DOS BOLSOS DE CADA "SAFADO" QUE ABUNDANTEMENTE NOS ASSALTA TODOS OS DIAS E NOS INFERNIZA A VIDA.

O CAPITALISMO É SEMPRE O MESMO !
NÃO HÁ O CAPITALISMO SUAVE E CAPITALISMO SELVAGEM.

AS VÍTIMAS SÃO SEMPRE OS MESMOS, OS TRABALHADORES, OS QUE ESTÃO COLOCADOS NA CLASSE DE EXPLORADOS E À MERCÊ DOS EXPLORADORES.

QUANDO O PATRÃO ROUBA O TRABALHADOR E O TRABALHADOR ROUBA O SEU PRÓPRIO IRMÃO A IDEOLOGIA É FASCISTA E TIRANA E FAZ DOS HOMENS NOJENTOS BICHOS NÃO MERECEDORES DE QUALQUER RESPEITO E ATENÇÃO.


António Garrochinho
19
Nov17

A dona Esmeralda e a vizinha do 4º andar, a conversar - (32) ["Que grande manif "]

António Garrochinho


Vizinha do 4º andar - Ó dona Esmeralda!, estou chocada!
Dona Esmeralda - Mas... que se passa?
Vizinha do 4º andar - Os sindicatos... essa gente não pára! Querem dinheiro à tripa-forra... ainda vamos parar outra vez à bancarrota! 
Dona Esmeralda - Ora... estão é a pressionar para se repor um direito! O que não falta para ai é dinheiro!... Está é no lado errado!
Vizinha do 4º andar - ...e ele está...
Dona Esmeralda - ...está nos rendimentos de capital,  como dividendos ou mais-valias com a venda de acções e prediais, que fogem assim às taxas normais do IRS: tanto faz que sejam 5 mil ou 50 milhões de euros, a taxa é a mesma. Parece-lhe justo?  E já nem falando daquela coisa do englobamento...
Vizinha do 4º andar -  5 mil e 50 milhões?  
Dona Esmeralda - Ah, pois então! 
Rogérito (interrompendo naquele momento)- Viram? Que grande manifestação!

conversavinagrada.blogspot.pt

19
Nov17

SEM PAPAS NA LÍNGUA

António Garrochinho


HOJE É O DIA MUNDIAL DOS POBRES, O DIA DA VERGONHA, ONDE POR TODO O MUNDO AS EMINÊNCIAS PARDAS, OS PRESIDENTES, OS MINISTROS FAZEM O ESFORÇO DE SE RODEAR DE MISERÁVEIS, DE SEM ABRIGO, DE GENTE MARGINALIZADA POR ELES PRÓPRIOS ENQUANTO GOVERNANTES E CHEFES DE SEITAS QUE DOMINAM O MUNDO.

HOJE O DISCURSO SERÁ DE CRÍTICA À "CARIDADEZINHA" MAS NADA MUDA POIS AS MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA ACABAR COM A POBREZA E A MISÉRIA NO MUNDO ESTÃO CADA VEZ MAIS RARAS E AUSENTES DO CORAÇÃO DOS HUMANOS QUE MUITO FALAM MAS NÃO AGEM NA PRÁTICA PARA ACABAR COM O FLAGELO CRUEL QUE AFLIGE UMA GRANDE PARTE DA HUMANIDADE..

PAROLES, PAROLES, PALAVRAS BONITAS,MAS DESPIDAS DE VONTADE E SINCERIDADE VÃO RECHEAR OS SALÕES ONDE POR POUCOS MINUTOS SE TENTA MOSTRAR FALSAMENTE AO MUNDO QUE HÁ SOLIDARIEDADE E FRATERNIDADE POR AQUELES QUE VIVEM ESQUECIDOS E SOFRENDO.

TERMINO COM UM BEM HAJA ÀQUELES QUE ATRAVÉS DO VOLUNTARIADO, ATRAVÉS DE ONG(S) HONESTAS AINDA PRESTAM UM SERVIÇO DE APOIO REAL E DE ONDE O HUMANISMO AINDA NÃO SE AUSENTOU.



António Garrochinho
19
Nov17

O Tecnosilêncio

António Garrochinho


Marcelo mordaça

Já lá vão seis dias e nada. No dia 13 do corrente, o Gabinete anti-fraude da Comissão Europeia (OLAF), deu a conhecer o resultado final das suas investigações aos Fundos Europeus atribuídos à empresa Tecnoforma (ver aqui) e, contrariamente ao que apurou o Ministério Público em Portugal, que arquivou o processo (ver aqui), concluiu pela existência de fraude. 

E mais, e em conformidade, reclama a Comissão Europeia ser ressarcida na módica quantia de 6.747.462 euros que terão sido atribuídos abusivamente.

Ora tal, a ser verdade, reveste-se de uma gravidade maior. Falha do Estado na utilização dos dinheiros públicos, falha da Justiça na investigação à atribuição e utilização dos dinheiros públicos, falhas tanto mais severas e a merecerem redobrada atenção da opinião pública e publicada por envolverem responsáveis de altos cargos políticos, nomeadamente um ex-primeiro ministro.

Assim sendo, fiquei, portanto, em expectante atitude aguardando que o assunto tivesse o previsível desenvolvimento e análise na comunicação social e nas declarações dos responsáveis políticos e judiciais, mormente dos mais directamente envolvidos, a saber, Procuradora Geral da República, Ministra da Justiça, e em corolário final, do Presidente da República que salta a terreiro mal vislumbra  que possa estar a ocorrer ou tenha ocorrido uma falha do Estado. 
Foi assim nos fogos, nas armas de Tancos, na legionella, no Panteão, nas lagartas na sopa, e por aí fora.

Qual o meu espanto quando as minhas expectativas foram, até ao momento, totalmente defraudadas. Da comunicação social nem pio se ouviu. 

Deu a notícia à estampa no dia e deixou morrer o assunto. Os painelistas da SICN, nunca ouviram falar de tal temática. Os maduros da Quadratura passaram o tempo a discutir  o jantar do panteão e a corrupção em Angola, como se fôssemos tão pobres que nem corruptos tivéssemos cá em casa para discutir, tendo que se discutir os corruptos dos outros.

Correio da Manhã, esse paladino da luta contra a corrupção do Marquês, não deve ter recebido do Ministério Público nenhuma gravação dos interrogatórios que existiram neste caso, pelo que ficou sem fôlego e ignorou olimpicamente a temática.

Ainda esperei que o Expresso, de ontem, com a experiência do Pedro Santos Guerreiro – adquirida no manuseamento dos Panamá/Paradise Papers -, nos trouxesse alguma luz sobre o assunto, mas nada. 

Parece que só lá há especialistas em Sócrates, pelo que vão ter que mandar o Micael Pereira para um curso de formação em Fundos Europeus e, só depois de concluído o curso com distinção, é que podemos esperar que se faça alguma investigação por conta da casa que possa ser presenteada aos leitores.

Dos responsáveis políticos e judiciais, nada. A Joana Vidal, ninguém a ouviu. O MP limitou-se a “soprar” para o Económico que “pondera reabrir o caso” (ver aqui). 

Eu vou de espanto em espanto: houve fraudes, pelos vistos há provas, há a reclamação de verbas e o Ministério Público ainda está a ponderar reabrir o caso?! Isto já não é Justiça, desculpem-me, parece-me mais uma bagunça delirante.
O único programa televisivo – que eu tenha dado conta -, onde o caso foi discutido, foi o Sem Moderação, no CanalQ, por iniciativa do Daniel Oliveira, que faz parte do painel. Delicioso foi ver o incómodo com que os comentadores da direita, Francisco Mendes da Silva, CDS, e José Eduardo Martins, PSD, tentaram driblar o assunto. Podem ver o vídeo aqui e retirar as ilações devidas e questionar porque só um canal televisivo de reduzida audiência trouxe o assunto à baila.

Ainda tinha uma ténue esperança. 

Era o Eixo do Mal de hoje. 
Mas qual quê? Nada. 
Discutiram também a corrupção de Angola e as carreiras dos professores. Sobre Angola, deve sublinhar-se que todo o comentariado descobre agora grandes sinais de corrupção e ditadura e andam todos com muita pena do povo angolano. Uma hipocrisia pegada quando a corrupção foi patrocinada e aproveitada por muitos dos nossos mais respeitáveis empresários, que nunca se importaram com o nepotismo da família dos Santos, desde que os seus negócios com Angola pudessem prosperar.

Finalmente, a coroar o manto de silêncio, temos a ausência da sábia palavra do rei do comentário, sua Majestade, D. Marcelo I. Marcelo tem andado muito ocupado. Ele são os sem-abrigo, ele são as madrinhas, ele é a seca, ele é a reconstrução das casas ardidas, ele são torneios de golfe, inclusive. 
Mas, mesmo ocupadíssimo, tem sempre tempo para dar notas à acção do governo, para ameaçar com chumbos ou com trabalhos de casa. Majestático e professoral, o Presidente da República, vai exigindo em público, num exercício de nítido exorbitar dos seus próprios poderes constitucionais, o empenho do Governo na agenda das prioridades que ele considera pertinentes, e com a calendarização que ele próprio define. Até quando irá o Governo a submeter-se a este magistério de cátedra, subserviência envergonhada perante o mestre? A ver vamos.

O Governo anda a negociar o orçamento? 
Sim. O que pensa Marcelo? 

Diz que quando lhe vier à mão dará a nota

O Governo está a resolver o problema das carreiras da função pública? Sim. O que acha Marcelo? 
Quando vir a lei, dará a nota
O Governo está a reconstruir as casas ardidas nos fogos? Sim. O que pensa Marcelo? 
Parece-lhe bem, mas se verá se o faz em tempo útil, e se o não fizer subentende-se que haverá sanções presidenciais em carteira e trabalhos de casa redobrados que farão António Costa suar as estopinhas.

Marcelo, sempre acompanhado pelas televisões e pelos repórteres dos jornais, nunca é confrontado com perguntas incómodas. 

A comunicação social ajoelhada que temos não cumpre o seu papel. Os populistas só encenam para o público os guiões onde se saem bem. 

Ainda nenhum jornalista lhe perguntou pela Tecnoforma (ou será que sim e o momento foi censurado por o assunto não agradar ao Presidente-Majestade?), mas Marcelo não deveria esperar pela pergunta.

Se Marcelo tivesse o estilo fradesco e macambúzio de Cavaco, ninguém estranharia que não se pronunciasse. Não o tendo, e estando mesmo nos antípodas do mumificado estilo, o silêncio de Marcelo é um silêncio ensurdecedor. 

Porque é a prova de de que a espontaneidade de Marcelo não é genuína, porque é revelação de que as preocupações de Marcelo, com as pessoas e com o povo, não são uma materialização de princípios mas actos instrumentais que ele maneja na prossecução das suas maquinações políticas do momento.

E quando tal se tornar visível para o povo que ele beija e abraça em profusão, o ídolo irá cair do trono, porque todos os ídolos tem pés de barro. Eu, por mim, enquanto Marcelo não cai do pedestal, vou continuar à espera de saber quem vai pagar os  6.747.462 euros que a Comissão Europeia exige.
Seria uma vergonha nacional ser o erário público a pagar mais essa factura, serem os contribuintes a pagar as dívidas das fraudes de Passos, Relvas e quejandos. Coitados dos contribuintes que já pagaram o Banif, o BPN de Oliveira e Costa e o BES de Ricardo Salgado. Curiosamente, todos esses, os que tivemos que resgatar e os que estão na calha, são todos amigos de Marcelo.

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