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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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20
Nov17

Cientistas desvendam os segredos dos crocodilos laranja do Gabão

António Garrochinho


Das 14 subespécies de crocodilos espalhadas pelo planeta, só uma parcela de uma pequena população nas florestas do Gabão tem couro alaranjado 
 Existem 14 subespécies de crocodilos espalhadas por diversas regiões do planeta, mas apenas uma parcela de uma pequena população que habita um sistema de cavernas escondido nas florestas do Gabão possui o couro alaranjado. 

Os animais foram descobertos em 2010, mas só agora os pesquisadores começaram a desvendar os segredos em torno deste réptil. O primeiro de uma série de estudos foi publicado no fim de setembro no periódico “African Journal of Ecology”, com informações sobre a dieta desses animais.

— Eles passam a maior parte do ano dentro das cavernas, se alimentando de grilos e, principalmente, morcegos — conta o espeleólogo francês Olivier Testa, que participou das três expedições realizadas nas cavernas de Abanda, na província de Ogooué-Maritime, na costa do Gabão. — Essas cavernas são habitadas por centenas de milhares de morcegos. Os crocodilos só precisam ficar parados, esperando o almoço cair.

O sistema de Abanda foi descoberto em 2007, e a primeira expedição francesa foi realizada três anos depois. O objetivo inicial era realizar estudos arqueológicos, mas os pesquisadores foram surpreendidos pelos crocodilos da subespécie Osteolaemus tetraspis, conhecida popularmente como crocodilo anão. No mundo, esta é apenas a terceira ocorrência conhecida desses répteis vivendo em cavernas






































O espeleólogo francês Olivier Testa, que participou das três expedições realizadas nas cavernas de Abanda, na província de Ogooué-Maritime, na costa do Gabão 
O explorador francês conta que em contatos com os guias, os pesquisadores foram alertados que a região é evitada pelos moradores locais, por abrigarem monstros.




— Eu pensei que fosse uma lenda — diz Testa. — Ver os olhos dos crocodilos brilhando dentro das cavernas foi assustador. E a surpresa maior foi perceber que o couro de alguns deles era laranja.
Ao todo, o sistema de Abanda possui cinco redes não conectadas, e nem todas foram exploradas. As cavernas possuem formato semelhante, com cerca de cem metros de comprimento, por dois de largura. Em algumas delas, existe água empoçada no chão. Quando os morcegos caem, eles ficam presos na água e se tornam presa fácil para os crocodilos.
Nas três expedições — realizadas em 2010, 2011 e 2015 —, os pesquisadores identificaram cerca de 25 crocodilos, mas o sistema deve abrigar muitos outros. Apenas os espécimes mais adultos possuíam o couro alaranjado. Por isso, está praticamente descartada a hipótese de se tratar de uma subespécie diferente, que tenha se diferenciado geneticamente por causa do habitat.
Segundo Testa, um estudo genético sobre os crocodilos deve ser publicado ainda este ano. A tese de que os crocodilos laranjas poderiam ser uma nova subespécie chegou a ser levantada, mas a explicação pode ser bem mais simples, e nojenta.
— Esses animais vivem imersos no guano dos morcegos. A ureia e os ácidos corroem o couro e mudam a sua coloração — diz Testa.

Mas ainda existem segredos a serem desvendados. Os pesquisadores acreditam que os crocodilos passam a maior parte do ano nas cavernas, mas precisam sair durante o período de reprodução, já que a temperatura no interior não é ideal para o desenvolvimentos dos ovos. Isso pode explicar facilmente as cavernas horizontais, mas Testa afirma que existem cavernas verticais, de onde os animais não seriam capazes de sair.
— Nós não sabemos há quanto tempo eles vivem lá. Se estão presos e passam a vida lá dentro até morrer, ou se estão se reproduzindo há gerações — diz o explorador.
Espeleologo flagra crocodilo laranja do Gabão



oglobo.globo.com
20
Nov17

6 grandes mistérios da Antártida

António Garrochinho







Há pouco mais de cem anos, dois grupos de exploradores partiram em uma expedição com um objetivo comum: serem os primeiros a alcançar o Pólo Sul na história da humanidade. Roald Amundsen, da Noruega, liderou o grupo que chegou primeiro, a 14 de dezembro de 1911, abrindo os olhos da comunidade científica para os mistérios da Antártida.



Muitos desses segredos, no entanto, continuam ocultos mesmo depois de um século de pesquisas. O continente gelado influencia o resto do mundo muito mais do que pensávamos, motivo pelo qual os cientistas encaram a compreensão da Antártida como um grande desafio.

6 – O que está oculto no gelo

Acima da superfície da Antártida, que ocupa uma área superior a 14 milhões de quilômetros quadrados (equivalente a mais do que um Brasil e meio), dorme uma camada de gelo que chega a ter 4 quilômetros (km) de espessura em alguns pontos. Isso faz com que o continente armazene 70% da água não salgada do planeta.
A profundidade da camada foi descoberta, ao longo do tempo, por meios tanto rudimentares (explosões com dinamite para verificar a altura do gelo) quanto modernos (sistemas de radares modernos). Já se descobriu sob a superfície de gelo, por exemplo, um complexo conjunto de lagos que influencia na direção em que se movimentam as calotas polares.

5 – O que existe abaixo da camada superficial

Abaixo desta espessa camada, a Antártida esconde um segredo fantástico: a Cordilheira de Gamburtsev. Exploradores soviéticos descobriram, nos anos 50, uma cadeia de montanhas comparável ao tamanho dos Alpes, na Europa, mas soterrada por gelo.


Ainda se discute a idade dessa cordilheira. Até pouco tempo, estimava-se que teria quase um bilhão de anos, o que é impressionante do ponto de vista geológico: quase nenhuma cadeia de montanhas dura tanto tempo assim. Mas pesquisas recentes apontam que Gamburtsev seria mais jovem, algo entre 100 e 200 milhões de anos. De qualquer maneira, ainda há muito o que se descobrir sobre a Cordilheira.



4 – Lagos subglaciais

Quando o calor proveniente do núcleo da Terra derrete a parte mais baixa da camada de gelo da Antártida, criam-se fenômenos naturais interessantes: grandes lagos subglaciais. Este ecossistema é quase totalmente desconhecido da humanidade, e cientistas estimam que tais lagos sejam abrigo de formas de vida nunca vistas antes.
Por esse motivo, duas estações de pesquisa (uma russa e outra britânica), instaladas no meio do continente, preparam projetos para coletar amostras da água desses lagos (Lagos Vostok e Ellsworth, respectivamente), o que deve acontecer já no ano que vem.



3 – Formas de vida no gelo

O gelo da Antártida pode ser berço, conforme estimam os pesquisadores, de uma ampla variedade de microorganismos. Já se sabe que existem bactérias na superfície do continente (embora em quantidades reduzidas; cerca de 300 células em um milímetro de gelo, pouco quando comparadas às cem mil na água do mar), mas elas estão alojadas em pequenos depósitos de água que oferecem nutrientes.
Amostras de gelo com 420 mil anos de idade, tiradas de profundidades superiores a 2 km, foram analisadas em laboratório por cientistas americanos. Descobriu-se que ali havia bactérias ainda vivas, o que impressionou os pesquisadores.
Mas será que existem realmente ecossistemas complexos vivendo nessa camada? Ou essas bactérias isoladas foram apenas conservadas pela temperatura baixa? É uma questão que permanece sem resposta.

2 – O mar em volta do continente

A vida marinha que existe no oceano que circunda a Antártida é totalmente diferente de qualquer outro mar do planeta. Alguns animais que habitam essas águas (tais como certas espécies de aranha-do-mar, do tamanho de um prato de cozinha) são encontrados apenas por lá, enquanto animais comuns em todos os outros oceanos não marcam presença nos mares antárticos.
Para sobreviver em águas de temperaturas tão baixas, o corpo de alguns animais produz uma espécie de substância anticongelante. E esta é apenas uma entre várias adaptações nos organismos existentes nestes mares, a maioria dos quais os cientistas ainda não conhecem muito bem.

1 – Até que ponto o gelo está derretendo?

Não é mais novidade a quantidade de discussões entre especialistas sobre o volume das calotas polares da Antártida, e se elas estão de fato diminuindo. Essa questão tem recebido atenção especial há mais de vinte anos.
Pesquisadores têm entrado em comum acordo quanto a um ponto: o derretimento do gelo na Antártida afeta realmente o nível dos oceanos pelo planeta. Um cientista americano, Robert Bindschadler, explica que boa parte da base da superfície de gelo fica abaixo do nível do mar, ou seja, nem tudo fica em “terra firme”. Isso torna as calotas polares vulneráveis, segundo ele.

A interação entre a superfície de gelo e o oceano que o circunda tem sido muito estudada pelos especialistas, que consideram muitos fatores perigosos. O aumento do nível do mar é consequência direta do enfraquecimento das geleiras, que depositam quantidades enormes de água no mar. Se todo o gelo da porção ocidental da Antártida derretesse, cientistas estimam que o nível do mar da Terra subiria em cerca de 5 metros. 


[LiveScience]

hypescience.com

20
Nov17

A Civilização Branca na Amazónia - O povo das nuvens Peru

António Garrochinho


Uma cidade perdida descoberta nas profundezas da floresta amazônica pode desvendar os segredos de uma tribo lendária.
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Pouco se sabe sobre o “Povo das Nuvens” do Peru, uma civilização antiga, de pele branca, dizimada pelas doenças trazidas pelos colonizadores europeus no século 16. Mas agora, arqueólogos descobriram uma cidade fortificada em uma área remota e montanhosa do Peru conhecida pela sua beleza natural. Acredita-se que essa descoberta possa finalmente ajudar os historiadores a descobrir os segredos dos “guerreiros brancos das nuvens”.
A cidadela descoberta está escondida em uma das áreas mais distantes da Amazônia. Ela se encontra na borda de um abismo que a tribo pode ter utilizado como um mirante para espionar inimigos. O acampamento principal é composto por casas circulares de pedra cobertas por mata. Pinturas rupestres cobrem algumas das fortificações, e próximo às residências encontram-se plataformas que teriam sido usadas para moer sementes e plantas para fazer alimentos e medicamentos.
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A tribo amazônica dos Chachapoyas tinha pele branca e cabelos loiros – características que intrigam os historiadores, uma vez que não há ascendência europeia documentada na região, onde a maioria dos habitantes é de pele mais escura.
O “povo das nuvens” uma vez comandou um vasto reino que se estendeu através dos Andes, até as margens da floresta amazônica do norte do Peru. Nomeados assim porque viviam em florestas tropicais cheias de névoa e nuvens, a tribo mais tarde aliou-se aos colonizadores espanhóis para derrotar os incas, mas foram todos mortos por epidemias de doenças européias, como o sarampo e a varíola. Grande parte do seu modo de vida, que remonta ao século IX, foi também destruída pela pilhagem, deixando pouco para os arqueólogos a examinarem.
A muralha que cerca a cidadela tem paredões de pedra com 20 m de altura que estendem-se ao longo de cerca de 600 m de comprimento por 110 m de largura, uma verdadeira fortaleza!
Os cientistas têm grandes esperanças com a nova descoberta, feita por uma expedição ao distrito de Jamalca, na província peruana de Utcubamba, cerca de 800 km a nordeste da capital, Lima.
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Até recentemente, muito do que se sabia sobre essa civilização perdida vinha de lendas incas. Até mesmo o nome que eles chamavam a si próprios é desconhecido. O termo Chachapoyas, ou “pessoas das nuvens,” foi dado a eles pelos próprios incas. Sua cultura é mais conhecida pela fortaleza de Kuellap, no topo de uma montanha em Utcubamba.
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Dois anos atrás, arqueólogos encontraram uma câmara mortuária subterrânea dentro de uma caverna com cinco múmias – duas delas intactas, com pele e cabelo.
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Um historiador da época, Pedro Cieza de Leon, escreveu suas análises pessoais sobre os Chachapoyas: “Eles são os mais brancos e os mais lindos de todos os povos que eu já vi. Suas mulheres são tão bonitas que, por causa da sua beleza, tornam-se esposas dos incas e são levadas para o Templo do Sol”. Ele também escreveu: “As mulheres e seus maridos sempre se vestem com roupas de lã, e em suas cabeças usam seus llautos [turbantes de lã], um sinal que eles usam para serem reconhecidos por toda parte”.
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rebuilt house, Kuelap
gocta-waterfall
Uma das coisas que mais chama a atenção no mundo dos chachapoyas são os sarcófagos. O mundo andino, e as civilizações costeiras, enterravam seus mortos debaixo da terra. Mas os chachapoyas não, eles os enterravam na parte mais alta das montanhas, em sarcófagos de madeira em forma humana – como os antigos egípcios… O mais parecido com os sarcófagos dessa misteriosa civilização de guerreiros brancos são as imensas esculturas na Ilha da Páscoa. Será que Rapa Nui foi uma ilha conquistada por esses guerreiros?
rapanuichachapoyas
Fontes:
otrecocerto.com
20
Nov17

Floresta Amazônica e seus encantos mágicos! - FORMIGAS

António Garrochinho

A floresta Amazônica é de natureza e ambiente impressionante, assim como outros biomas incríveis, cada um com seus encantos. Encontramos nos biomas, ambientes que vão desde grandes desertos,como as montanhas dos andes e os planaltos que são de tirarem nosso fôlego. O clima, a vegetação, e todos os fatores micro e macro cósmico, tornam a natureza uma fonte de vida mágica! Estudos mais recentes dos cientistas, começam a reconhecer  que acontece essa espécie de “magia” da floresta. E sabemos que isso já era conhecido pelos povos nativos há milênios de anos.

Na floresta Amazônica, existe uma complexa rede de transmissores, usam a propagação de diversas formas como a mecânica, através das ondas sonoras, magnéticos e elétricas. Uma rede sustentada pelos próprios reinos mineral, animal e vegetal. E é nesse formato de alta tecnologia, que as plantas conversam entre si, com insetos parceiros e fungos. É o caso das formigas “Aztecas”, que protegem algumas espécies de árvores. Elas(Aztecas) por sua vez, as defendem(as árvores) dos ataques de outras espécies, como as formigas “roçadeiras”.

Veja o vídeo abaixo da simbiose das Astecas com a Embaúba na Amazônia – Cecropia glazioui:

VÍDEO

Essas corajosas formigas, mostram sua energia e veracidade, e precisam! Já que suas inimigas, as fortes “roçadeiras” são capazes de comer as folhas de uma árvore gigante em poucas horas. Em dias, elas abrem uma “clareira” na floresta, dando lugar a montanhas de terras movidas pelas formigas, equivalente a tratores de esteiras para mexer e revirar o mesmo volume de terra e roçar todo quarterão de floresta.

São exemplos dessa integração, sejam em defesa ou ataque, para procriações de espécies ou de transmutações, em diferentes formas e níveis, essa comunicação é impecável acontece. O fato é que assim os seres da floresta não param infinitamente! As espécies se articulam para implantar, as suas condições, e criarem por exemplo  incríveis substâncias, espécies e seres. Esses fenômenos da natureza são mais abundantes nas florestas virgens que ainda existem no planeta, como é o caso de algumas regiões isoladas da floresta amazônica.


Quando entramos na floresta Amazônica, iniciamos uma experiência com os seres visíveis e invisíveis que ali habitam. As espécies de plantas e animais, há quilômetros de distância, sabem muito bem de nossa presença. Provavelmente  não descobriram a que distância chegam essas comunicações. Acredito que se depender dessa engenhosa forma da natureza se manifestar, a coisa realmente deve ir muito longe. É interessante observar também, que no início, quando pisamos nas folhas na mata, os bichos e insetos tendem a se silenciar. Imediatamente todos os seres em segundos sabem que estamos ali. São impressionantes essas características da floresta amazônica, e passar a conhecer mais sobre isso, aumentam nossos sentimentos de respeito e admiração. Geralmente os moradores das florestas, pedem permissão a entidade que chamam de “Rainha da Floresta”, um costume de crença que é bem difundida pelos seringueiros e índios.

Entrar na floresta amazônica pode ser perigoso, mas é realmente um grande privilégio. Ver infindáveis espécies de árvores, cipós, bichos, rios e florestas, que jamais pensaríamos ver antes. Tudo isso em proporções absurdamente gigantescas. Outra experiência marcante é a de presenciar o severo clima quente e úmido. Sentir na pele e verificar a importância que tem o papel da Amazônia para todo planeta no equilíbrio climático. Tamanha pressão e temperatura, faz balançar qualquer um, seja pela embriaguez natural, ou o choque e admiração da grande floresta. Onde quase tudo aponta para mistérios, e assim, como nos encanta, confirma um tanto amedrontador. Por mais experiente e repetidas vezes que o façamos, sempre iremos ver uma coisa nova, e quase sempre teremos receio e medo. Ao cair da noite, a relação com aqueles seres das florestas se intensificam. Para aventura ficar em níveis elevados, é só esperar as tempestades tropicais. A chuva anoitece o dia, criam uma atmosfera ainda mais apreensiva. São esses momentos que aumentam as chances de encontros com os seres da floresta, despertando muitas curiosidades e encantamentos de nossa parte.




Rio Negro, navegação ao lado da floresta amazônica

Acredito que para sermos pessoas mais ecológicas, temos que praticar visitas na natureza e observa-las com calma e respeito. Uma boa dica, é praticar caminhadas e meditações na natureza e deixar com que ela se apresente a seu tempo. Considerando que nem todos nós tem essa chance, e ou, condições e até mesmo coragem. No entanto, um pequeno jardim já é suficiente, ou um parque ecológico, onde colocamos em prática a observação da natureza. Com sorte avistamos uma abelha no pólen de uma linda flor. Isso já seria suficiente para sentir a força que existe nesses lugares, um espetáculo de cores autêntica, e de formas criativas.

Uma vez vi em uma enchente de rio, formigas que juntavam seus corpos, formando uma jangada, usando a densidade da superfície da água. Saíram flutuando e navegando rio a fora pela correnteza, até onde conseguissem agarrar em galhos de árvores mais ao alto da enchente, para se abrigarem novamente e continuar a comunidade.

Veja exemplos da capacidade de organização das formigas:



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Em uma longa expedição pela floresta, eu estava fotografando, na primeira documentação fotográfica da madeira certificada da Amazônia. Acompanhava o jornalista Holandês, Sr. Maindert Brower. Ele escrevia a primeira matéria e livro sobre certificação da madeira para Europa sobre a floresta amazônica brasileira, pelo WWF da Holanda. Nessa expedição fomos até matas virgens, e nos deparamos com uma Samaúma de uns 40 metros, de idade que passaria dos 1000 anos de vida. Vagarosamente Sr. Maindert foi ajoelhando no chão, abismado com aquele ser que se estendia ao céu de maneira triunfante. Em meio a emoção daqueles segundos, entre todos que estavam ali, sentimos a presença do espírito mágico da floresta.



 


Estou fotografando as copas das árvores com mais de 30m de altura, na floresta amazônica. Foto: Priscila Ulbrich

Não é por acaso que a floresta em sua biologia extraordinária, produz as substâncias mais incríveis, e que não imaginaríamos existir. Por milênios, toda humanidade bebeu dessa fonte para conseguir especiarias, curas, alívio para dores e experiências espirituais. Desde os manuscritos do Egito, e também dos livros das dinastias do oriente, se tem conhecimento desses poderosos ecossistemas e seus benefícios, de espécies exóticas, assim como seus segredos e lendas.  




Juncos, navios Chineses que mapearam o globo.

Os orientais atravessavam oceanos, com seus enormes navios jamais vistos antes, chamados“Juncos”, eram navios gigantes chineses com capacidade de dar a volta na terra sem abastecer de água e alimentos, entre os anos de 1.000 e 1.300. Eram naves tão grandes que somente os transatlânticos atuais podem fazer referência.




Mapas antigos Chineses que tem datas mais antigas que as descobertas da Américas pelos Europeus









Assim como, existem mitos na floresta, que hoje se discutem suas origens e veracidades. E pergunto: será que são mitos mesmo? Depois que a arqueologia recentemente descobriu, que na floresta existiram milhares de populações nativas, em complexas cidades, com grandes centros urbanos, eu não duvido mais de quase nenhum mito.

Se do ar deixassem cair uma agulha, há de dar em cabeça de índio e não no solo alto”. A afirmação do padre Alonso de Rojasem 1639 atesta a grande quantidade de habitantes que viviam às margens do Rio Amazonas naquela época. Ao longo de milhares de anos, a região permaneceu dominada por estas populações; no entanto, não é fácil reconstituir os detalhes desse passado. Os índios não tinham escrita, de modo que é preciso contar com os vestígios materiais.

Voltamos a considerar que se existiam em torno de 8 a 15 milhões de habitantes, praticamente é um mesmo número que hoje habita a selva, com nossas impactantes cidades modernas. Tendo a conhecer que onde existe uma grande cidade na América descoberta, não seja mérito dos colonizadores e sim das grandes civilizações que ali habitavam e assimilaram por milênios seus segredos.

O fato é que a floresta amazônica continua a nos intrigar  cada vez mais. Como retratei no filme documentário sobre as descobertas mais recentes dos chamados “Geoglífos da Amazônia”. São grandes desenhos geométricos feito por antigas civilizações, provavelmente antes de a floresta tomar essa forma atual. Veja o filme:



VÍDEO

Mais recentemente, depois de nossa documentação e diversas palestras do Professor Alceu Ranzi, inclusive em entrevista ao Jô Soares, muitos cientistas passaram a ver que na amazônia, existem muito mais mistérios que se podia imaginar.

A BBC em 2015 iniciou um projeto com Drone, por causa das centenas desses geoglífos, confira: “Cientistas britânicos vão usar um drone para fazer varreduras na Amazônia brasileira e procurar vestígios de civilizações antigas. O avião não-tripulado que será enviado para a região é equipado com um laser que analisa e procura por áreas onde podem ter existido construções há milhares de anos.” 

Não cuidar e preservar a floresta amazônica, é realmente um dos maiores erros de nossa civilização atual. Perdemos com isso uma grande herança espiritual, física e química. Além das matérias-primas, frutas, remédios e espécies de animais e vegetais que nem sequer sabemos que existem ainda.

Veja o trecho da reportagem de Michael J. Heckenberger da Cientific American Brasil:







Kuhikugu, conhecida pelos arqueólogos como sítio X11, é a maior cidade pré-colombiana já descoberta na região do Xingu na Amazônia. Abrigava mil pessoas ou mais e servia como o eixo central de uma rede de aldeias menores.












“A aparência pode ser enganosa. Escondidos sob as copas das árvores da floresta estão os resquícios de uma complexa sociedade pré-colombiana. Trabalhando com os cuicuro, escavei uma rede de cidades, aldeias e estradas ancestrais que já sustentou uma população talvez 20 vezes maior em tamanho que a atual. Áreas enormes de floresta cobriam os povoados antigos, seus jardins, campos cultivados e pomares que caíram em desuso quando as epidemias trazidas pelos exploradores e colonizadores europeus dizimaram as populações nativas. A rica biodiversidade da região reflete a intervenção humana do passado. Ao desenvolverem uma variedade de técnicas de uso da terra, de enriquecimento do solo e de longos ciclos de rotatividade de culturas, os ancestrais dos cuicuro proliferaram na Amazônia, apesar de seu solo natural infértil. Suas conquistas poderiam atestar esforços para reconciliar as metas ambientais e de desenvolvimento dessa região e de outras partes da Amazônia.”


josetezza.com

20
Nov17

Hannah Arendt - A BANALIDADE DO MAL

António Garrochinho

Hannah Arendt (1906-1975) foi uma filósofa judia, de origem alemã, autora de vários livros onde desenvolveu diversos conceitos, dos quais se destaca o que chamou de “banalidade do mal”, ainda hoje polémico e incompreendido.

O conceito de “Banalidade do Mal”, aprofundado por Hannah Arendt no livro “Eichmann em Jerusalém”, trouxe-lhe as críticas da comunidade judaica e também a polémica que ainda se mantém.
O livro surgiu na sequência do julgamento em Jerusalém de Adolf Eichmmann, raptado pelos serviços secretos israelitas na Argentina em 1960, e que a filósofa acompanhou para a revista “The New Yorker”.
Nesta obra a filósofa defende que, em resultado da massificação da sociedade, se criou uma multidão incapaz de fazer julgamentos morais, razão porque aceitam e cumprem ordens sem questionar.
Eichmann, um dos responsáveis pela solução final, não é olhado como um monstro, mas apenas como um funcionário zeloso que foi incapaz de resistir às ordens que recebeu.
O mal torna-se assim banal.
Este livro foi ainda criticado porque Arendt também deu exemplos de judeus e instituições judaicas que se submeteram aos nazis ou cumpriram as suas diretivas sem questionar.
Hannah Arendt foi autora de vários outros livros e trabalhos onde questiona o papel da mulher na sociedade, a violência e o poder. Destacam-se livros como “As Origens do Totalitarismo”, “A Condição Humana”, “Sobre a violência” ou “Homens em Tempos Sombrios”.

VÍDEO


20
Nov17

Realizam o primeiro transplante de cabeça humana em um cadáver «com sucesso»

António Garrochinho

Realizam o primeiro transplante de cabeça humana em um cadáver «com sucesso»
Sim, nós sabemos que um transplante de cabeça em um cadáver não é necessariamente uma cirurgia bem sucedida, mas a maioria dos sites está anunciando o fato como "O primeiro transplante de cabeça humana do mundo foi um sucesso". O caso é que um grupo de cientistas da Universidade de Medicina Harbin, na China, realizou o primeiro transplante de cabeça humana (ou seria de corpo?), segundo anunciou nesta sexta-feira em uma coletiva de imprensa em Viena o polêmico cirurgião italiano Sergio Canavero, diretor do Grupo de Neuromodulação avançada de Turim.

Realizam o primeiro transplante de cabeça humana em um cadáver com sucesso
Foto-montagem com Sergio Canavero.

A operação, que foi realizada em um cadáver na China, de 18 horas demonstrou que supostamente é possível reconectar com sucesso a coluna vertebral, os nervos e os vasos sanguíneos. O transplante foi liderado pelo doutor Xiaoping Ren, que no ano passado inseriu com sucesso uma cabeça no corpo de um macaco e de vários roedores.

- "Realizamos o primeiro transplante em cadáveres humanos. A próxima etapa será um intercâmbio completo entre doadores de órgãos com morte cerebral. Esse é o passo final para o transplante formal de cabeça, que é iminente", assinalou o cirurgião italiano.
Realizam o primeiro transplante de cabeça humana em um cadáver com sucesso
Transplante de cabeça.

Canavero não forneceu nenhuma prova concreta de seu relato, mas disse que o estudo será publicado dentro de alguns dias em uma publicação científica de renome (o que eu duvido muito).

- "Todos disseram que era impossível. Mas a cirurgia foi bem sucedida", asseverou.

Nesse ponto você deve estar se perguntando, quem seria o maluco que se submeteria a uma cirurgia como essa? Por mais maluco que pareça, há mais de um voluntário. O mais conhecido é Valeri Spiridonov, programador russo diagnosticado com a rara doença de Werdnig-Hoffman que acarreta perda muscular, que diz que sua expectativa de vida não é muito promissora:

- "Eu conheço todos os riscos de uma cirurgia como essa. São muitos. Mas eu também conheço as minhas chances de sobreviver a doença, sei que não vou viver muito tempo para ver isso acontecer com outra pessoa. Pois então que seja comigo."
Realizam o primeiro transplante de cabeça humana em um cadáver com sucesso
Valeri Spiridonov.

Valeri escreveu um manifesto público defendendo que o transplante de cabeça é tão ético quanto qualquer outro transplante, como o de coração ou de rim. No entanto, o primeiro a passar pelo transplante será um chinês já que as autoridades do país asiático, segundo Canavero disse hoje, concederam permissão aos especialistas e proporcionaram fundos para realizar o experimento.

Desde a primeira vez que Canavero aventou a possibilidade de realizar uma cirurgia como essa, a polêmica desatou no mundo científico. Vários especialistas advertem que não é possível realizar com sucesso uma operação destas características, e alertam que dita cirurgia suporia uma violação das normas éticas médicas.

Os especialistas dizem que os vasos realmente podem ser costurados, mas conectar a cabeça à medula espinhal, onde se estendem 12 pares de nervos responsáveis por diversos movimentos, já são outros quinhentos. Teoricamente seria possível localizá-los, ligá-los e costurá-los, mas requer-se que tudo isto cresça sem rejeição e cicatrize.
Realizam o primeiro transplante de cabeça humana em um cadáver com sucesso
Sergio Canavero ao lado de Xiaoping Ren, líder da última cirurgia.

O problema principal é o cérebro. Sem circulação as consequências irreversíveis para suas estruturas ocorreriam em no máximo cinco minutos depois da separação da cabeça do corpo. O tema da restauração da medula espinhal depois de seu corte completo é outra incógnita, mas, para isso, Canavero conta com uma "cola mágica", que ninguém sabe verdadeiramente o que é.

O transplante também levanta algumas interrogantes filosóficas sobre o caráter indissociável e impartível de corpo e cérebro. A consciência se encontra totalmente no cérebro ou é, de fato, imanente à unicidade do corpo? Se nossas memórias estão conectadas à experiência subjetiva de nosso próprio corpo, o que acontecerá quando a consciência experimente o mundo em outro corpo? Poderia o cérebro vivo de um homem ressuscitar o corpo morto de outro? Ademais a questão desatou grande polêmica também no mundo religioso, por inquietar pela identidade de alguém que tem a cabeça de outra pessoa.

Falando com o Wired, em maio deste ano, sobre a cirurgia de transplante de cabeça, o neurocientista Dean Burnett disse que quando alguém faz uma alegação extrema, sua regra é a seguinte:

- "Se esta pessoa não fornecer provas científicas robustas, mas fez uma palestra TED, todos os alarmes devem soar."

VÍDEO


www.mdig.com.br
20
Nov17

Retratos inspirados destacam a beleza do cabelo crespo para que outras garotas parem de escondê-lo

António Garrochinho

A busca de padrões de beleza estabelecidos faz com que algumas pessoas façam, coisas realmente estúpidas. Lembro-me, quando criança, que minhas três tias tinham um cabelo armado que eu achava simplesmente lindo, mas elas, não. Sabem o que faziam? Naquela época não existia a amada e infame prancha. Então, para alisar o cabelo utilizavam um pente de ferro (última foto), que era previamente aquecido na brasa do fogão de lenha e, em brasa, servia para alisar os fios encaracolados com óleo de coco ou banha de porco. Para que fazer isso? 

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Retratos inspirados destacam a beleza do cabelo crespo para que outras garotas parem de escondê-lo 01
A verdade é que todos somos belos da maneira que somos. Só precisamos colocar isso para fora, mas muitas vezes demoramos muito tempo para perceber.

Nesse exato sentido, o casal de cabeleireiros Regis e Kahran decidiu concentrar seus esforços criativos em garotas de cabelos encaracolados, criando Afro Art, uma fotosérie de belos retratos que destacam exatamente a beleza dos cabelos crespos.

As fotos apresentam garotas em belos penteados e trajes elaborados, desde o período barroco até a moda steampunk e conjuntos de alta moda. Isso é bacana porque mostra às crianças e adolescentes que a beleza não está apenas nos cabelos lisos e que sim qualquer tipo de penteado e cabelo é bonito, poderoso e isso acaba elevando a baixa auto-estima de quem pensa ao contrário.

Se esta questão se caracteriza como uma percepção difícil inclusive para os adultos, imaginem então para uma criança.
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A lembrança desse pente para mim é marcante. Porque sendo criança, a primeira chance que tive, adivinhem o que fiz? Exatamente! Certo dia, sem que ninguém percebesse, coloquei o pente no fogo e taquei na cabeça. Se não fosse minha avó ter percebido a tempo, eu teria terminado com uma bela porção de couro cabeludo assado. 
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Nov17

O ódio que uma informação de qualidade suscita!

António Garrochinho


Será crível que, daqui a uns bons anos, quando os historiadores se debruçarem sobre a História das esquerdas europeias nestes últimos anos, convirjam na conclusão de terem ascendido às respetivas lideranças alguns políticos avessos à matriz marxista - que lhes deveria estar no âmago! -, e deixado tentar por projetos espúrios de gerirem a organização capitalista da economia com maior competência que os habituais figurões das direitas. Se as análises forem objetivas constatarão que todas essas vocações conotadas com a esdrúxula «Terceira Via» terão reduzido drasticamente a influência dessas esquerdas junto dos respetivos eleitorados e contribuído ativamente para prolongadas governações das direitas mais conservadoras.

Porventura - e se a realidade evoluir como desejamos! - enaltecerão a exceção a partir da qual se terá então infletido o rumo das sociedades europeias e ela terá por nome a governação de António Costa à frente de uma maioria parlamentar virada determinadamente à esquerda. E como, pelos seus resultados, terá constituído exemplo paradigmático para que outros, igualmente afoitos, ousassem replicá-lo nos respetivos países.

Se o meu otimismo ganhar substancia poderemos encontrar a formulação de uma viragem histórica através da qual as sociedades europeias poderão ter recuperado o capital de esperança, que já foi o seu, quando prometiam um futuro mais justo e esperançoso aos respetivos povos.















Vem isto a propósito da polémica atualmente em curso em França e que tem tido por protagonista um dos mais pérfidos espécimes daquela «escola de pensamento» criada por Anthony Giddens, Bill Putnam e Mark Lyon e depois implementada por Tony Blair, Felipe Gonzalez, François Mitterrand ou Andreas Papandreou. Manuel Valls, pois é dele que se trata, não se contentou em quase destruir o Partido Socialista francês, como agora aposta na liquidação da agência noticiosa Mediapart, que é uma das poucas alternativas informativas em território gaulês a emancipar-se da tutela ideológica dos grandes grupos económicos. É que, ao contrário do «L«Obs», que manchou todo o passado da publicação outrora dirigida por Jean Daniel ao promover a candidatura de Emmanuel Macron à presidência ou do «Libé», caído nas mãos da sinistra Altice, a proposta informativa do site informativo de Edwy Pinel é uma das poucas garantias de se acederem a conteúdos noticiosos fiáveis. Algo que assusta e faz Valls agir como agente terrorista.

Vale pois ler atentamente um texto publicado na semana transata pelo diretor da Mediapart, que reivindica a importância da sua publicação na conjuntura atual e do qual se propõe a tradução do seguinte extrato:

“A democracia não se cinge ao direito de votar. Uma democracia que a tal se limitasse - o direito de escolher os seus dirigentes - pode produzir uma tirania doce em que o povo designa por intermediação os seus donos antes de retomar a costumada servidão. Porque, se for mantido na cegueira pelas propagandas partidárias e ideológicas dominantes com mentiras dos poderes estatais ou dos poderes económicas, o eleitor pode votar, sem o adivinhar, no seu pior inimigo ou na pior infelicidade que o possa esperar.
Significa isto que uma verdadeira democracia pressupõe o respeito por um direito fundamental: o de saber. Este direito é o de ser informado livremente, seriamente, rigorosamente. Saber tudo quanto caiba no interesse público ou seja tudo quanto é feito em nome do povo soberano, tudo o que influencia o seu quotidiano, tudo o que os interesses privados que gangrenam o interesse público pretendem esconder, tudo o que procuram escamotear os aparelhos partidários que apenas ambicionam o poder pelo poder, ou seja tudo o que nos der, enquanto cidadãos, a liberdade de escolher na maior autonomia das nossas decisões.”

Uma das dificuldades que a atual governação está a conhecer tem a ver com a desinformação da maioria dos órgãos de comunicação social, quase exclusivamente orientados para hostilizarem, continua e ativamente, tudo quanto está a colidir com os interesses de quem deles possui a propriedade. Por isso nos faz tanta falta uma Mediapart em Portugal, porque gente da estirpe de Valls é o que mais abunda no nosso ambiente político-partidário … e «informativo».



 ventossemeados.blogspot.pt
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Nov17

As notícias falsas connosco

António Garrochinho



Aparentemente, a Comissão Europeia (CE) anda preocupada com a disseminação de notícias falsas. É caso para dizer que a CE anda preocupada consigo própria, já que tem sido uma potente disseminadora de mentiras. Afinal de contas, como já aqui assinalei, o actual Presidente da Comissão Europeia e antigo líder político de um pequeno país, o Luxemburgo, transformado num grande paraíso fiscal, disse um dia que a mentira é necessária quando as coisas ficam difíceis. A nova notícia falsa é que andam preocupados com um proclamado pilar social da UE.

Esta é a mesma instituição que tem passado os últimos anos, décadas mesmo, a promover a austeridade, o ataque aos direitos laborais ou o esfarelamento da segurança social pública. Foi de resto para isso que foi criado esse grande ataque aos modelos sociais nacionais chamado Euro, proibindo uma política económica orientada para o pleno emprego e impondo os ajustamentos sobre o salário directo e indirecto. Esta é, não se esqueçam, a maior e mais eficaz máquina supranacional de liberalização económica jamais criada. Só mesmo a crescentemente irrelevante social-democracia europeia e a sua decadente burocracia sindical de Bruxelas para apostar em mais esta notícia falsa. 

No fundo, estão bem para Macron, a reveladora esperança do europeísmo realmente existente, apostado no reforço da integração, ao mesmo tempo que, em coerência, faz reformas fiscais claramente para beneficiar os 1% mais ricos (que captarão 44% do regressivo abaixamento previsto de impostos, segundo o Financial Times) e ataca os direitos laborais dos de baixo.

Felizmente, creio que a verdade sobre a lógica da integração é cada vez mais clara. Talvez por isto seja de esperar cada vez mais mentiras vindas de Bruxelas e dos seus aparelhos ideológicos em todos os países da UE.


ladroesdebicicletas.blogspot.pt

20
Nov17

A confessão

António Garrochinho




a mómecê me confesse
senhor padre, senhor abade
e a vêr se nã me esquece
de nã lhe dezêr a verdade

a verdade é uma mintira
verdadêro é maldeção
ninguém saca, ninquém a tira
nem que seja ò sáquestão

se perdoado por dezêr
as mentiras os més pecados
bem poderia morrer
e ser dos más abençoades

mas por debáxo do chapéu
do abade ó do prior
o que mente vai pró céu
ser verdadêro é pior

é bem triste essa função
de confessar a vida alhêa
dum namoro, dum palavrão
dum pensamento ó idéia

o povo tudo consente
o negóico, a esparréla
sem sabêr que o que mente
é que leva a vida béla

António Garrochinho
20
Nov17

«Attero», uma exibição gigante de conjuntos de animais construídos com lixo

António Garrochinho



Há um sem número de artistas que obtém sua matéria prima garimpando no lixo e então há Bordalo II, o artista urbano português que explora como ninguém mais o luxo do lixo. Dentro de um armazém abandonado em Lisboa, Bordalo II abriu as portas para o seu maior trabalho até agora: dezenas de conjuntos animais compostos por seu meio cobiçado: lixo. Usando resíduos plásticos, peças automotivas, materiais de construção e outros detritos, Artur Bordalo tornou-se famoso por suas estranhas representações de animais, os mais vulneráveis aos efeitos colaterais de nossa economia descartável.

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Ainda que a escala muitas vezes desempenhe um papel importante em suas peças urbanas montadas em paredões ao ar livre, o artista também criou conjuntos consideravelmente menores anexados a portas antigas, tapumes e janelas.

- "Seja em grande ou pequena escala, suas criações escultóricas incomuns nos obrigam a questionar e repensar nosso próprio papel como atores nesta sociedade estática, consumista e autodestrutiva, que explora, muitas vezes de forma abusiva, os recursos que a natureza nos oferece", diz a curadora da mostra, Lara Seixo Rodrigues.

"Attero" significa "desperdício" em Latim e serve sugestivamente ao propósito de intitular uma exposição dessa monta. No entanto Attero não soa a nenhum desperdício como arte de Bordalo, que ao fim de quatro anos juntou perto de 28 toneladas de lixo para dar nova vida às paredes de uma espetacular galeria.

Com mais de 8 mil visitantes na sua primeira semana, Attero estreou em 4 de novembro de 2017 e vai até o dia 26. Você pode ver muitas mais fotos no Facebook e Instagram.
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Nov17

Orçamento de Estado é «uma boa oportunidade» para eliminar portagens na A22

António Garrochinho



A Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI) considera que o Orçamento de Estado para 2018 é «uma boa oportunidade» para eliminar as portagens na Via do Infante (A22). 

Em comunicado, a CUVI «congratula-se por, mais uma vez, algumas forças políticas terem apresentado na Assembleia da República, na discussão do Orçamento de Estado para 2018, propostas para a eliminação das portagens».

Para a CUVI,«além dos graves prejuízos que continuam a afetar a economia e a mobilidade na região, um dos aspetos mais nocivos» das portagens na A22 «prende-se com os inúmeros acidentes rodoviários que ocorrem na EN125, transformada numa perigosa rua urbana pejada de armadilhas mortais», considera a CUVI.

«Enquanto a requalificação da via entre Olhão e Vila Real de Santo António tarda em avançar, a requalificação entre Olhão e Vila do Bispo deixa muito a desejar, evidenciando erros técnicos clamorosos», acrescenta.

É que, para a CUVI, «o trânsito tornou-se mais lento, para desespero de utentes e comerciantes, e os acidentes de viação aumentaram».

Segundo dados desta Comissão, desde 1 de Janeiro até 15 de Novembro deste ano houve «9679 acidentes (9246 em 2016 e 8528 em 2015), com 27 vítimas mortais e 167 feridos graves. No período de um ano, entre 16 de Novembro de 2016 e 15 de Novembro de 2017, ocorreram na região 31 vítimas mortais (31 em igual período do ano anterior) e 181 feridos graves (mais 15 do que anteriormente) – grande parte na EN125».

«Quanto ao ruinoso e obsceno contrato da Parceria Público-Privada (PPP) da A22, torna a situação das portagens ainda mais insustentável. Segundo a Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos (UTAP), a cobrança de portagens atingiu o valor de 14,8 milhões de euros no 1º semestre de 2017, receita que cobre apenas 43,5% do que o Estado tem de pagar à concessionária privada».

Ou seja, «o Estado teve de desembolsar mais 19,2 milhões para perfazer os 32 milhões que a concessionária recebeu. São cerca de 40 milhões que, anualmente, são subtraídos aos contribuintes e que vão direitinhos para encher os bolsos dos privados», diz.

«Os deputados do PSD, do CDS e, muito em particular, do Partido Socialista, têm agora uma boa oportunidade para abolir as portagens na discussão do Orçamento de Estado, juntando-se aos outros deputados das restantes forças políticas parlamentares», diz a CUVI.
Por isso, «qualquer solução que passe pela eliminação das portagens na região sem demora, mesmo com alguns constrangimentos, será invariavelmente bem melhor do que a manutenção dessas mesmas portagens. As consequências muito negativas estão bem à vista de todos».
«O Algarve não merece tanta afronta, injustiça e discriminação por parte dos governantes», conclui.





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Nov17

SABE O QUE É O PORTUNHOL ?

António Garrochinho


SABE O QUE É O PORTUNHOL ?
O português uruguaio, também conhecido por portunhol riverense, fronteiriço ou misturado, é uma variedade dialetal do que hoje se conhece em meios académicos como Dialectos portugueses del Uruguay (DPU).
É falado por cerca de 15% da população uruguaia sendo usado na região fronteiriça entre o Uruguai e o Brasil em cidades como Artigas e Quaraí, mas principalmente na região das cidades gémeas de Rivera (Uruguai) e do Santana do Livramento (Brasil).
Esta região da fronteira é chamada a "Fronteira da Paz".
Este nome é resultado da cultura de integração surgida da convivência internacional pacífica de ambos povos
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Nov17

Coalizão de esquerda Frente Ampla supera pesquisas e se consolida como 3ª força política do Chile

António Garrochinho


'O Chile quer mudanças e mais de 1,2 milhão de pessoas votaram pela mudança', afirmou candidata Beatriz Sánchez em seu discurso após divulgação do resultado


A coalizão de esquerda Frente Ampla (FA) obteve neste domingo (19/11) um resultado além do esperado por analistas e previsto pelas pesquisas, ficando a poucos votos de passar para o segundo turno com o ex-presidente Sebastián Piñera e se consolidando como terceira força política no Chile.

Com 99,04% das urnas apuradas, Piñera ficou em primeiro, com 36,64% dos votos, seguido pelo candidato de Bachelet, Alejandro Guillier, que ficou com 22,70%, e Beatriz Sánchez, da Frente Ampla, com 20,27%. As pesquisas indicavam que Sánchez não chegaria a 20%.
Além do expressivo resultado na eleição para presidente, a Frente Ampla também conseguiu um bom número de cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado. Segundo o Servel (Serviço Eleitoral do Chile), a FA elegeu um senador e 20 deputados, efetivamente se tornando a terceira força na Câmara Baixa (atrás da Chile Vamos, de Piñera, que terá 73, e da Nova Força da Maioria, que apoia Guillier, com 43).
A origem da Frente Ampla guarda certa relação com a Nova Maioria - que, por sua vez, é descendente da Concertação, responsável por juntar a Democracia Cristã, o Partido para a Democracia (PPD), o Partido Radical Socialdemocrata (PRSD), o PS (Partido Socialista) e outros menores na época do plebiscito que decidiu pela saída do ditador Augusto Pinochet.
Entre 1990 e 2010, todos os presidentes chilenos saíram desta coalizão: Patricio Aylwin, Eduardo Frei (democratas-cristãos), Ricardo Lagos e Michelle Bachelet (socialistas). A sequência só foi interrompida com a eleição de Piñera, em 2010, e a Concertación foi para a oposição.
Em 2013, novos partidos se juntaram à coalizão e formaram a Nova Maioria: Esquerda Cidadã, Partido Comunista e Movimento Amplo Social. Rebatizado, o grupo de partidos levou Bachelet novamente ao governo.
Surgimento
Em janeiro de 2016, a Revolução Democrática (RD), fundada pelo deputado Giorgio Jackson, e a Esquerda Autônoma, do também deputado Gabriel Boric (ambos reeleitos no domingo), entregaram seus cargos no governo Bachelet, anunciaram um distanciamento da Nova Maioria e fundaram a Frente Ampla, que se inspira na sua versão uruguaia e diz querer ser uma alternativa de esquerda aos atores tradicionais da política do país.




Beatriz Sánchez ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais do Chile
Um ano depois, a Nova Maioria teve um novo racha: a Democracia Cristã decidiu não participar das primárias da coalizão e lançou candidata própria – a da líder do partido, Carolina Goic, que terminou com 5,88%. Guillier passou a ser apoiado pela coalizão Nova Força da Maioria, da qual fazem parte o Partido Comunista, o PPD, o PRSD e o PS.
Os resultados do domingo mostram que os eleitores penderam para o flanco mais à esquerda da antiga Nova Maioria, seja votando em Guillier, de centro-esquerda, seja votando em Sánchez, de esquerda. Combinados, os dois obtiveram quase 43% dos votos – o suficiente para superar Piñera, por exemplo.
Mudança
“O Chile quer mudanças e mais de 1,2 milhão de pessoas votaram pela mudança”, afirmou Sánchez em seu discurso após o resultado.
Ela disse que enfrentou uma concorrência desigual. “Havia um candidato que gastou seis vezes mais que nós, dez vezes mais que nós. Aqui houve trabalho, seriedade, porque aqui houve coerência, porque houve convicção, porque o fizemos de maneira honesta, não quisemos enganar ninguém”, disse.



operamundi.uol.com.br

20
Nov17

O Ventríloco de Marcelo

António Garrochinho

As aldrabices do ventríloco, Marques Mendes :
"No início da semana, Centeno disse publicamente que é urgente começar a reduzir a dívida porque, mais dia, menos dia, a taxa de juro vai subir e isso nos vai penalizar. Afirmações certeiras.
"Mas acabou a semana a agravar o défice para 2018. De 1% para 1,1%. Ou seja, agravando o défice, aumenta a dívida. É mais dinheiro que o país tem de pedir emprestado. E são mais juros que Portugal tem de pagar."
"Se, em tempo de "vacas gordas" não fazemos um esforço para reduzir fortemente a dívida, quando é que a vamos baixar? E não se diga que o agravamento do défice é por uma boa causa (o apoio à reconstrução devido aos incêndios). Certamente que sim. Mas governar é fazer escolhas. E, para aumentar uma despesa, devia haver a coragem de reduzir outra noutro sector."
Ai sim ? Por que não defendeu o mesmo o Ventríloco com os bancos , com o caso do Banif ?
O PS fez agora uma proposta na especialidade de redução do IRC para a banca para resolver o crédito mal parado que vai agravar o défice. Será que Marques Mendes vai estar contra , será que o PSD vai votar contra ?
Procurando por trabalhadores contra trabalhadores a Voz do PSD e do Marcelo continua :

"O descongelamento das carreiras na função pública, depois das reposições de salários e de pensões, leva muita gente legitimamente a perguntar: mas acabou mesmo a austeridade? E a minha resposta é: acabou para alguns, os funcionários públicos e os que vivem dependentes do Estado; mas não acabou para todos os trabalhadores do sector privado."
Os portugueses ficam a saber o que lhes acontecia se a direita estivesse no governo : nem reposição de direitos e rendimentos para os trabalhadores da funçap pública , nem para os privados .
Na mesma lógica se pode dizer que para o crédito mal parado dsa banca vai haver redução do IRC mas para o crédito mal parado das outras empresas nada .

"Banca vai abater 5 mil milhões ao IRC nos próximos 19 anos 



Entre as mais de uma centena de propostas de alteração ao orçamento do Estado apresentadas pelo PS aparece uma para resolver um problema politicamente delicado que se arrastava há meses, relativamente ao tratamento fiscal das imparidades da banca "
Negócios hoje


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20
Nov17

Quando Salazar proibiu o Benfica de Eusébio de ir a Moscovo

António Garrochinho


A equipa do Benfica na época 1964-65. Em cima: Germano, Perides, Raul, Cruz, Cavém e Costa Pereira. Em baixo: José Augusto, Eusébio, José Torres, Coluna e Simões
Os encarnados jogam na quarta-feira na capital russa, onde há 52 anos foram impedidos de ali atuar por questões políticas

O Benfica visita na quarta-feira território russo pela oitava vez na sua história, para disputar um jogo das provas da UEFA. O adversário é o CSKA Moscovo e a equipa de Rui Vitória está obrigada a vencer para manter intacta a esperança de continuar na Europa em 2018, quer pela via da Liga dos Campeões quer pela da Liga Europa. Longe vão os tempos em que entrar em território soviético, bastião do comunismo mundial entre 1922 e 1991, era tarefa complicada, ainda mais quando em Portugal vigorava o regime salazarista, durante o qual os contactos entre os dois países se limitavam a reuniões científicas ou provas desportivas. Que o diga o Benfica, que em 1965 foi impedido de fazer uma digressão para disputar um jogo particular com o Spartak Moscovo, com o qual iria receber um cachê de quatro mil contos - 20 mil euros na moeda atual.

A história foi surpreendente e surgiu através do DN, que na edição de 4 de setembro de 1965 deu a notícia na primeira página: "O Benfica vai à Rússia e o Spartak (de Moscovo) vem a Lisboa." O impacto foi imediato e surpreendeu inclusive o governo de Salazar, como se veria pelo corrupio dos dias seguintes. Foi Albino André, diretor da agência Turexpresso que na altura organizava todas as viagens dos encarnados ao estrangeiro, que desafiou, em agosto desse ano, o chefe do departamento de futebol Gastão Silva para uma digressão à União Soviética (URSS), que na altura tinha como líder máximo Leonid Brezhnev. A sugestão agradou aos responsáveis do clube da Luz, então presidido por António Catarino Duarte, e ficaria dependente do resultado dos contactos que seriam feitos em Moscovo. 

O DN adiantava que seria a oportunidade de abrir o fluxo turístico entre Portugal e a URSS, à semelhança do que já acontecia com Espanha, outro país "profundamente anticomunista" governado pelo generalíssimo Franco.


Amália e Pauliteiros na comitiva

Na edição de 6 de setembro, Gastão Silva confirmava ao DN a possibilidade de o Benfica de Eusébio, Coluna, Simões, José Augusto e companhia ir a Moscovo. "O Sr. Albino André, nos contactos que já teve com os dirigentes do clube Spartak, atuou como delegado autorizado pelo Benfica. Nas primeiras diligências, limitou-se a receber o convite que os russos fizeram para que a nossa equipa jogasse com a turma moscovita. E prometeu transmitir esse convite à direção do Benfica, o que fez agora", assumiu o dirigente, acrescentando que faltava apenas decidir a data do jogo em Moscovo, que seria "a 6 ou 11 de novembro", enquanto o Spartak viria a Lisboa "em maio ou outubro de 1966". "Tudo isto, conforme se compreenderá, se for dada autorização superior", advertiu o dirigente do Benfica, referindo-se à aprovação governamental.

Alberto Miguéns, investigador da história do Benfica com várias obras publicadas, explica ao DN que "na altura a direção já sabia que essa viagem era uma impossibilidade" devido à oposição entre o regime português e o soviético.
O certo é que, em Moscovo, Albino André reunira-se com um vice-presidente da Federação Soviética de Desportos e um responsável político para as relações com a Europa Ocidental. E a ideia foi acolhida com entusiasmo, tendo sido inclusive proposto a Albino André e à agência de viagens soviética InTourist que, além dos dois jogos com o Spartak, se fizesse também um intercâmbio cultural que levaria a Moscovo os fadistas Amália Rodrigues, Fernanda Maria e Carlos Ramos, bem como o grupo folclórico Pauliteiros de Miranda para atuações na capital soviética.

A notícia, que na altura teve grande impacto nacional, levou a que a PIDE abrisse de imediato e com caráter de urgência um inquérito, na sequência do qual foram interrogados Albino André e Gastão Silva no dia 6 de setembro. Alberto Miguéns revela ao DN que, numa conversa que manteve com o antigo chefe do departamento de futebol do Benfica, este contou-lhe que "a PIDE queria saber por que razão queria o Benfica ir a um país com o qual Portugal não tinha relações diplomáticas". 

Havia mesmo "uma certa perplexidade" governamental sobre esta digressão. Na altura, Gastão Silva assumiu perante a polícia política de Salazar "que o clube estaria interessado no dinheiro que iria ganhar, embora tenha admitido que o Benfica sabia que era difícil obter autorização" governamental.

Uma resposta ao regime

A decisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros, liderado na altura por Fernando Nogueira, com contribuição decisiva de António Salazar, foi célere e de imediato comunicada ao Benfica nesse mesmo dia 6 de setembro: os encarnados estavam proibidos de fazer essa digressão. Os órgãos sociais das águias convocaram de imediato uma reunião que se prolongou noite dentro. Daí saiu um comunicado publicado na edição de dia 8 do DN em que o clube reforçava a intenção de "manter o intercâmbio desportivo com clubes de todo o mundo", assumindo por isso uma posição bem vincada de oposição ao regime de Salazar: "O Benfica não tem quaisquer razões para pensar que seja considerada impossível pelas competentes autoridades portuguesas a realização de um encontro de futebol entre a sua equipa e a de um clube russo."

O certo é que os jogos entre Benfica e Spartak, em Moscovo e Lisboa, não se realizaram. "Com esse comunicado, a direção do Benfica demarcou-se da posição do governo e espicaçou o regime dizendo que era um clube universalista, afinal naquela altura a equipa fazia muitas digressões, tendo inclusive estado em vários países da América do Sul e ainda na Ásia", assume Alberto Miguéns, que a esta distância temporal e "pela conversa" que manteve com Gastão Silva está convicto de que "a agência de viagens que trabalhava com o Benfica aproveitou aquela situação para fazer publicidade". E explica o porquê dessa sua convicção: "Aquela agência organizava, na altura, viagens quase clandestinas para a União Soviética, em que as pessoas viajavam para França ou Itália para depois seguirem para Moscovo."

Nem pró nem anti-Salazar

António Simões, uma das estrelas do Benfica da altura, recorda 52 anos depois que "tratou-se de uma notícia que durou poucos dias", afinal era um tema incómodo para a ditadura, declaradamente anticomunista, que vigorava em Portugal. O antigo extremo assegura ao DN que naquela data "os jogadores não se apercebiam da intervenção do regime, mas o certo é que era muito complicado obter vistos para ir a países do Bloco de Leste, dominado pela URSS, pois havia um controlo muito grande" nessas viagens. Nesse sentido, Simões diz que este episódio da proibição da digressão à URSS "vem provar que o Benfica nunca poderá ser catalogado como o clube do regime", até porque "acabou por marcar uma posição contra o regime de Salazar".
Também Alberto Miguéns considera que este episódio "demonstra de certo modo que o Benfica não era o clube do regime, mas também não era da oposição, pois os seus estatutos não o permitiam". Na opinião do investigador, a maior demonstração dessa demarcação do regime de Salazar é o facto de o clube "nunca ter tido figuras do regime na presidência".

"A maior demonstração de que o Benfica nada a tinha que ver com a ditadura era o facto de a seleção nacional só ter jogado no Estádio da Luz, que era o maior do país, a 21 de abril de 1971, com a Escócia, no apuramento para o Euro 72, e por pressão da imprensa, que defendia que o fracasso na qualificação para o Mundial de 1970 se devia ao facto de Portugal não jogar no estádio onde pudesse ter o maior apoio", frisou Alberto Miguéns ao DN.


www.dn.pt
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Nov17

Patrões aceitam negociar 580 euros em troca de menos impostos

António Garrochinho
Governo e parceiros sociais reúnem-se na sexta-feira para negociar aumento do salário mínimo para 2018
Patrões preparam-se para nova subida de 5%, mas pedem contrapartidas. Os sindicatos querem ir mais longe

Governo e parceiros sociais começam a discutir, na sexta-feira, a atualização do salário mínimo (SMN) para 2018. Desta vez, entre as confederações patronais restam poucas dúvidas de qual vai ser o valor em cima da mesa - 580 euros. E esta não é uma linha vermelha, mas esperam que o governo ofereça contrapartidas, que passem, nomeadamente, por medidas de desagravamento fiscal para as empresas. Para a CGTP, o patamar mínimo são 600 euros.

O acordo político assinado entre o governo e o Bloco de Esquerda em matéria de salário mínimo é para cumprir. Sendo assim, prevê-se uma nova subida da remuneração mínima na ordem dos 5%. António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), não ignora a existência do acordo político, acha mesmo que é "uma realidade incontornável", mas acentua que será necessário encontrar "mecanismos que permitam aliviar a tesouraria das empresas", nomeadamente daquelas para quem esta subida do SMN representa um esforço financeiro significativo e das que estão mais expostas à competitividade externa. "Fora de causa" está o aumento do salário mínimo para 600 euros, repetiu em entrevista ao Negócios/Antena 1.

João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), lembra que esta subida, sem ter em conta os indicadores económicos, acaba por ter as consequências que estão à vista: o SMN é já a remuneração paga a um quarto dos trabalhadores e o valor aproxima-se cada vez mais do salário médio em Portugal. Por tudo isto, sublinha, será necessário que o governo verta no Orçamento do Estado do próximo ano medidas de desagravamento fiscal. "Temos a expectativa de ver neste OE medidas dirigidas às empresas, nomeadamente na área fiscal, mas vamos esperar para ver como é que o governo vai enquadrar a proposta do salário mínimo", refere em declarações ao DN/Dinheiro Vivo.

CIP e CCP reclamam uma descida da taxa máxima do IRC e também o desagravamento da tributação autónoma. Os patrões do comércio reclamam ainda o fim do pagamento especial por conta e a indústria quer uma reformulação das contribuições das empresas para os fundos de compensação (criados para fazer face a eventuais incapacidades das empresas em pagarem indemnizações em caso de despedimento). Esta comparticipação é de 1% sobre os contratos firmados de novembro de 2015 em diante e, refere António Saraiva, os fundos registam reservas financeiras sobredimensionadas.

A Confederação dos Agricultores de Portugal quer ouvir primeiro a proposta do governo, mas Eduardo Oliveira e Sousa avisa que uma subida do SMN para 580 euros terá de ser acompanhada de medidas que invertam a situação "de asfixia fiscal" das empresas. O presidente da CAP precisa que as mudanças no regime simplificado são "inadmissíveis", mas para haver um acordo não basta que se deixe cair esta medida orçamental. Será necessário fazer mais e tornar o OE mais amigo das empresas.

A CGTP distancia-se dos 580 euros e defende os 600 euros a partir de janeiro. Arménio Carlos considera que as subidas de 2016 e 2017 não tiveram impacto negativo no emprego e que devem servir de estímulo à evolução dos restantes salários. Entre os vários fatores que enumera para justificar esta subida para 600 euros, a CGTP inclui o crescimento da economia, nomeadamente nos setores em que é mais elevado o número de trabalhadores que ganham salário mínimo.

Para Carlos Silva, secretário-geral da UGT, a única linha vermelha que há na negociação do SMN para 2018 é que os 580 euros são um "valor mínimo". "Entendemos que há condições objetivas para que as empresas possam acomodar este aumento [para os 580 euros]." E coloca a fasquia nos 585 euros.



www.dn.pt
20
Nov17

NO PASQUIM "OBSERVADOR" - OS QUE PROTAGONIZAM OS ESCÂNDALOS E OS QUE VIVEM À CUSTA DELES - EU NÃO ME "CÂNCIO" DE DIZER QUE ESTAS QUESÍLIAS SÃO JÁ DE GENTE IGUAL - Ricardo Araújo Pereira responde a Fernanda Câncio: “Não é conhecida pela persp

António Garrochinho

Humorista escreveu sobre Miguel Abrantes, do blogue Câmara Corporativa. A jornalista Fernanda Câncio acha que lhe era feita uma crítica no texto. Araújo Pereira diz que Câncio "vê o que não existe"

Na sua conta pessoal de Twitter, a jornalista Fernanda Câncio publicou este sábado uma mensagem em que se confessava “um pouco saturada de cobardes, sonsos e caluniadores”. A mensagem tinha um destinatário confesso: Ricardo Araújo Pereira (RAP). O motivo? O mais recente artigo de opinião do humorista, na coluna “Boca do Inferno” que a revista Visão publica todas as quintas-feiras. Esta semana, RAP escreveu sobre Miguel Abrantes, pseudónimo em nome do qual eram publicados, no blogue Câmara Corporativa, textos abonatórios dos Governos de Sócrates e outros, críticos da oposição ao executivo socialista. A jornalista encontrou naquelas linhas uma referência implícita a si mesma. “Depois de ter passado anos a não ver o que parecia evidente, dedica-se agora a ver claramente o que não existe. É preciso ter azar”, diz Araújo Pereira ao Observador.
Entretanto, Fernanda Câncio já respondeu a Ricardo Araújo Pereira no Twitter:
same old. nao se esperava outra coisa senao isto: muitas voltas para me associar ao processo marquês. parabéns de novo, ricardo. mas agora ao menos disseste o q t vai na alma. é muito mais saudável assim. https://twitter.com/observadorpt/status/932359038091890689 
As críticas de Câncio surgiram quase em simultâneo numa resposta a um comentário feito numa publicação de Bárbara Bulhosa no Facebook (FB) – em que a editora partilha precisamente a última crónica do colunista – e na sua conta Twitter. No FB, a jornalista começa por considerar que Araújo Pereira “podia ser homenzinho e ter a coragem de dizer de quem está a falar”, uma vez que, segundo a própria, “só houve uma pessoa que disse publicamente que o Miguel Abrantes existia e não era assessor do governo”.
A referência decorre de uma passagem da última crónica de Ricardo Araújo Pereira, em que o colunista recorda as teorias criadas à volta do blogue, câmara de ressonância da visão socrática dos anos de 2005-2011. RAP escreve o seguinte: “Os crentes diziam que Miguel Abrantes existia mesmo e era óbvio que mantinha um blog de apoio a José Sócrates por gosto, até porque a ideia de pagar a um blogger para elogiar o Governo era cómica”, ao passo que “os incréus diziam que não existia uma pessoa chamada Miguel Abrantes mas alguém que, escondido atrás desse nome, era pago para defender Sócrates e quem o criticasse”, concluindo que, “em certa medida, todos tinham razão”.
Fernanda Câncio sentiu-se pessoalmente visada nesta passagem:
Só houve uma pessoa que disse publicamente que o Miguel Abrantes existia e não era assessor do governo (…) e que era cómico achar que alguém podia pagar para se escrever um blogue: eu, em posts de 2008 e 2010 no Jugular”, escreve no extenso comentário.
E esclarece que “ao contrário do que o articulista convenientemente afirma, o que se dizia não era que se tratava de um pseudónimo de uma pessoa qualquer mas havia duas teorias: que se tratava de um assessor do governo e/ou de um grupo de pessoas, incluindo assessores do governo”.





A jornalista também considera que RAP a apresenta como “mentirosa” e acrescenta: “A triste (para o articulista) verdade é que aquilo que está em investigação no âmbito do processo marquês diz respeito a pagamentos efetuados a partir de 2012, portanto bastante depois dos posts que escrevi (…) com boa fé”. A rematar, Câncio ainda escreve o seguinte: “A verdade e o meu bom nome e já agora o meu sossego não têm importância alguma, porque é giro entrar na onda de imputar mentiras e semear suspeitas, na senda do Correio da Manhã e companhia. Muitos parabéns, Ricardo Araújo Pereira. Eu escrevo os nomes das pessoas que refiro”. Cinco minutos depois, publicava a mensagem no Twitter em que se referia a Araújo Pereira como fazendo parte de um grupo de “cobardes, sonsos e caluniadores”.
Ao Observador, Ricardo Araújo Pereira reage dizendo que a reação de Fernanda Câncio, “sendo de certo modo surpreendente, é, apesar de tudo, típica: para Fernanda Câncio, tudo é sobre Fernanda Câncio, e todas as ocasiões são boas para que ela nos recorde a sua impecável superioridade moral”.


O colunista considera, porém, que a jornalista “não consegue viver à altura dos seus elevados padrões”. E dá como exemplo dois textos (um visando o jornalista José António Cerejo e outro em que sai em defesa de José Sócrates), publicados no Diário de Notícias, jornal em que assina regularmente um artigo de opinião.
“No caso do meu texto, há uma boa razão para o nome de Fernanda Câncio não ser referido: é que eu não estava a falar dela, como me parece óbvio”, garante. E nota que não é “o primeiro” nem será o último a ser acusado por Fernanda Câncio” de falar sobre a Operação Marquês – que, entre outros factos, investiga alegados pagamentos do ex-primeiro-ministro a António Costa Peixoto (o verdadeiro personagem por detrás do pseudónimo ou, pelo menos, um dos autores que assinam com esse nome no blogue) – “com o único propósito de a amesquinhar”. A acusação soma 164 crimes e quase três dezenas de arguidos. “Mas, lendo Fernanda Câncio, percebemos que, na verdade, estamos perante uma pérfida cabala do Ministério Público para lhe dar cabo do sossego”, conclui Ricardo Araújo Pereira



Leia aqui a resposta, na íntegra, de Ricardo Araújo Pereira ao Observador:
“Não creio que valha a pena fazer muito mais do que convidar os leitores a lerem o texto no qual terei cometido o duplo pecado de sujar o nome de Fernanda Câncio e de não mencionar o nome de Fernanda Câncio. A reacção que me enviou, sendo de certo modo surpreendente, é, apesar de tudo, típica: para Fernanda Câncio, tudo é sobre Fernanda Câncio, e todas as ocasiões são boas para que ela nos recorde a sua impecável superioridade moral. Desta vez, a virtude escolhida para nossa edificação é a coragem: ela “escreve os nomes das pessoas que refere”.
Quem não gostaria de ser como Fernanda Câncio? Toda a gente, suponho, incluindo Fernanda Câncio – que, infelizmente, não consegue viver à altura dos seus elevados padrões. De facto, não escrever os nomes das pessoas que refere é um procedimento habitual em Fernanda Câncio. Para dar apenas os dois exemplos que ficaram mais célebres, cito o texto “Promiscuidade e perversão”, no qual, sem nunca escrever o nome do jornalista do Público, critica violentamente José António Cerejo pelo modo como investigou o caso Freeport; e o pertinente aggiornamento do artigo de Zola, “J’accuse”, em que prefere omitir o nome do seu Dreyfus: um pobre injustiçado pelo sistema judicial, pela comunicação social, e muito provavelmente vítima de anti-semitismo, chamado José Sócrates.
No caso do meu texto, há uma boa razão para o nome de Fernanda Câncio não ser referido: é que eu não estava a falar dela, como me parece óbvio. Sucede que Fernanda Câncio não é conhecida pela perspicácia. Depois de ter passado anos a não ver o que parecia evidente, dedica-se agora a ver claramente o que não existe. É preciso ter azar. Não faço a mínima ideia se Fernanda Câncio foi a única pessoa a dizer publicamente que Miguel Abrantes existia e a considerar cómica a ideia de pagar a um blogger para dizer bem do governo, nem tenho presentes as datas em que considerava a ideia cómica e o momento em que passou a achá-la plausível, e muito menos o modo como essa oscilação de estados de alma se conjuga com o que vem referido na acusação. Não mencionei declarações públicas porque estava a referir-me àquela insignificante parte do mundo que decorre fora dos blogues e do twitter de Fernanda Câncio. Pelos vistos fui o único, mas desde 2005 assisti a muitas discussões inflamadas, vi amizades esfriarem ou até terminarem por causa de José Sócrates. O Capitão Roby, que partilha com o ex-primeiro-ministro alguns talentos, não foi tema de tantas conversas. Mas Sócrates, que foi eleito PM duas vezes, uma das quais com maioria absoluta, excitou ódios e paixões, e boa parte do país que não profere declarações públicas dividiu-se entre os que não podiam ou não queriam acreditar e os que viam motivos mais do que justificados para desconfiar. Infelizmente, Fernanda Câncio estava muito longe de ser a única a pensar como pensava. Muita gente fez figura de parva. Acontece. E, como calcula, eu sei, por experiência própria, quanto isso embaraça. Percebo que seja ainda mais doloroso nos casos em que a pessoa que faz figura de parva se notabiliza por fazer carreira a chamar parvos aos outros. Mas nem sempre que descrevo gente que se deixa enganar facilmente e defende o indefensável estou a falar especificamente de Fernanda Câncio. Há mais marias na terra.
Repare que não sou o primeiro nem hei-de ser o último a ser acusado por Fernanda Câncio de me pronunciar sobre este caso com o único propósito de a amesquinhar. Há quem diga que a Operação Marquês envolve um total de 164 crimes, praticados por 28 arguidos, entre os quais se incluem um ex-primeiro-ministro, o ex-presidente do maior banco privado português, e o antigo presidente executivo da maior empresa portuguesa. Mas, lendo Fernanda Câncio, percebemos que, na verdade, estamos perante uma pérfida cabala do Ministério Público para lhe dar cabo do sossego.”




observador.pt

20
Nov17

Governo avança com redução da TSU para contratos efectivos como contrapartida BE quer «ligeira» taxa sobre precariedade

António Garrochinho


O BE propôs a criação de uma taxa sobre a precariedade, no processo de discussão do Orçamento do Estado para 2018 (OE2018), mas a precariedade não se combate com «uma ligeira penalização», alerta a CGTP-IN.
Os «call center» são um dos sectores onde a precariedade laboral se faz sentir de forma mais acentuada
Os «call center» são um dos sectores onde a precariedade laboral se faz sentir de forma mais acentuadaCréditos
A proposta de alteração ao OE2018 é uma ambição antiga do PS e do BE, e vai ao encontro dos objectivos definidos pelo Governo, no âmbito do combate à precariedade. No contreto, resulta num aumento de três pontos percentuais na Taxa Social Única (TSU), a pagar pelas empresas, sobre os contratos de trabalho precários (a termo resolutivo ou temporários).
A medida poderia ter como contrapartida a redução da TSU para os contratos efectivos, de acordo com a informação enviada pelo Governo às organizações com assento no Conselho Permanente de Concertação Social.
Na passada semana, a CGTP-IN lembrou, em comunicado, que «a precariedade não se combate com uma ligeira penalização na TSU para as empresas que persistam em manter esta relação laboral». A estrutura acrescentou ainda que «a função da Segurança Social visa corresponder às necessidades dos trabalhadores e dos reformados, e não ser usada para financiar as empresas», numa referência a uma eventual contrapartida.
Em vez de capacitar a Autoridade para as Condições do Trabalho e alterar a legislação laboral para consagrar o princípio de fazer corresponder um contrato efectivo a cada posto de trabalho permanente, pretende-se agora criar uma espécie de multa sobre quem não cumpre.
A eficácia desta medida no combate à precariedade é ainda de eficácia muito duvidosa, alerta quem conhece esta realidade. A nova taxa resultaria num aumento de 3% na despesa que cada empresa tem com cada trabalhador com um vínculo precário.
Para a generalidade das situações, em que os trabalhadores em situação de precariedade laboral auferem muito abaixo dos colegas a cumprir tarefas idênticas com contratos efectivos, continuaria a ser um excelente negócio para as empresas mantê-los com contratos precários.
A central sindical contrapõe a «limitação dos fundamentos para a contratação a termo» como uma «boa base de partida» para combater a precariedade. A CGTP-IN lembra ainda que 22,3% dos trabalhadores portugueses estão em situação de precariedade laboral e que 80% do emprego criado entre Outubro de 2013 e Junho deste ano foi através de contratos precários e com salários próximos do salário mínimo nacional.


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