11 DE NOVEMBRO… (S.MARTINHO )

Dia de S.Martinho…comem-se as castanhas,e prova-se o vinho..!!!!
O que é mais representativo?
Eu tenho “o homem das castanhas”…Fado cantado pelo Carlos do Carmo,com musica do Paulo de Carvalho,e poema do Ary dos Santos…!!!
O que é mais representativo?
Eu tenho “o homem das castanhas”…Fado cantado pelo Carlos do Carmo,com musica do Paulo de Carvalho,e poema do Ary dos Santos…!!!
Na Praça da Figueira,
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.
É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.
e, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p’ra casa.
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p’ra casa.
A mágoa que transporta a miséria ambulante,
passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.
passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p’ra casa.
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p’ra casa.
(Ary dos Santos)
A VENDEDORA DE CASTANHAS – DONA ADELAIDE

Aos 88 anos, Adelaide Santos ainda aguenta muitas horas em pé, ao frio, a vender castanhas. É assim há mais de 65 anos. Diz que este pode ser o último Inverno ali, de fuligem colada ao rosto.
Alguns clientes chamam-lhe “velhota”, ternamente. Brincam com ela – “Tenho muitas pessoas amigas, fregueses que gostam de mim e me compram castanhas, sabe?” – e ela esquece as dores nos ossos e na carne para responder à letra. Os anos não lhe roubaram o humor.
Quem pára na Praça 8 de Maio, o coração da Baixa de Coimbra, para lhe comprar castanhas, diz que são as melhores. “As desta senhora são sempre boas e quentinhas, não há uma podre. Quando tenho uns trocos no bolso compro”, diz, de fugida, uma jovem.
A vendedora é generosa e atenta. Em cada cartuxo põe uma castanha “de brinde”. E nem pensar em servir as castanhas esfriadas. “Teimosa!”, reclama outra cliente. “Adelaidinha, elas estão boas, bem assadas, não é preciso aquecer!”. Não adianta.
A preocupação com a qualidade do serviço prestado começa muito antes da venda. Levanta-se de madrugada para retalhar as castanhas e “tirar o podre”, explica Adelaide.
Mas o corpo começa a ressentir-se da dureza do trabalho. A trombose e o derrame cerebral sofridos também pesam. “Passo muitas horas em pé. De vez em quando sento-me, mas tenho de assar as castanhas e de tomar conta dos clientes. É vida de pobre”, solta, resignada. Incapaz de cumprir todas as tarefas, tem de pagar para lhe empurrarem o carrinho e lhe levarem as castanhas a casa. O facto de viver na Rua Corpo de Deus, a dois passos dali, mas bastante inclinada, é uma agravante. “Quando eu era nova, as coisas levavam-se bem, era eu que fazia tudo”.
Adelaide vende uns 10 quilos de castanhas por dia. Sempre é melhor que nada, como sublinha. Até porque o valor da reforma não cobre sequer a conta na farmácia.
Não tem pregões porque não gosta de chamar ninguém. “”As pessoas vêm. Os meus fregueses já sabem como sou. Muitos conheceram-me nova”. Os turistas também se lhe dirigem, de máquinas fotográficas estendidas. “Tenho retratos por todo o lado: Espanha, Brasil…” Ainda assim, Adelaide sente que este pode ser o seu último Inverno enquanto vendedora de castanhas.
Alguns clientes chamam-lhe “velhota”, ternamente. Brincam com ela – “Tenho muitas pessoas amigas, fregueses que gostam de mim e me compram castanhas, sabe?” – e ela esquece as dores nos ossos e na carne para responder à letra. Os anos não lhe roubaram o humor.
Quem pára na Praça 8 de Maio, o coração da Baixa de Coimbra, para lhe comprar castanhas, diz que são as melhores. “As desta senhora são sempre boas e quentinhas, não há uma podre. Quando tenho uns trocos no bolso compro”, diz, de fugida, uma jovem.
A vendedora é generosa e atenta. Em cada cartuxo põe uma castanha “de brinde”. E nem pensar em servir as castanhas esfriadas. “Teimosa!”, reclama outra cliente. “Adelaidinha, elas estão boas, bem assadas, não é preciso aquecer!”. Não adianta.
A preocupação com a qualidade do serviço prestado começa muito antes da venda. Levanta-se de madrugada para retalhar as castanhas e “tirar o podre”, explica Adelaide.
Mas o corpo começa a ressentir-se da dureza do trabalho. A trombose e o derrame cerebral sofridos também pesam. “Passo muitas horas em pé. De vez em quando sento-me, mas tenho de assar as castanhas e de tomar conta dos clientes. É vida de pobre”, solta, resignada. Incapaz de cumprir todas as tarefas, tem de pagar para lhe empurrarem o carrinho e lhe levarem as castanhas a casa. O facto de viver na Rua Corpo de Deus, a dois passos dali, mas bastante inclinada, é uma agravante. “Quando eu era nova, as coisas levavam-se bem, era eu que fazia tudo”.
Adelaide vende uns 10 quilos de castanhas por dia. Sempre é melhor que nada, como sublinha. Até porque o valor da reforma não cobre sequer a conta na farmácia.
Não tem pregões porque não gosta de chamar ninguém. “”As pessoas vêm. Os meus fregueses já sabem como sou. Muitos conheceram-me nova”. Os turistas também se lhe dirigem, de máquinas fotográficas estendidas. “Tenho retratos por todo o lado: Espanha, Brasil…” Ainda assim, Adelaide sente que este pode ser o seu último Inverno enquanto vendedora de castanhas.
TEMPOS IDOS- FEIRA DE SÃO MARTINHO

Em Tempos Idos… a feira de São Martinho servia para a população se abastecer de agasalhos, cobertores, samarras, capotes de pano e de palha, bonés de orelhas, chancas, botas, meias, tamancos, guarda-chuvas, chapéus, coletes, fazendas e camisas para o rigor do inverno, e com outros artigos, desde louças, quinquilharia, ourivesaria, bonecos de madeira e de barro, cestos de vime, violas e cavaquinhos.
Apesar dos motivos que levam as pessoas à feira não serem os mesmos, a Tradição continua a ser o que era, o que faz desta feira uma das mais importantes do país, e uma tradição identitária do povo Penafidelense, ou Albardeiro, como é conhecido muitas vezes*…

…*Albardeiro é uma das designações que se dá a um habitante de Penafiel, pois antigamente esta profissão que consiste no fabrico de albardas era uma actividade tradicional na Cidade!
Desde tempos antigos, que na feira de São Martinho se fazia a venda e troca de burros e albardas. Ainda hoje se realiza, duma maneira diferente, a Feira do Gado Cavalar, nos dias 10 e 11 de Novembro.
QUEM QUER QUENTES E BOAS?

Maria de Jesus chegou umas semanas mais tarde este ano, mas já ocupou o lugar do costume no início da Avenida Heróis de Angola. Nem o Outono era a mesma coisa sem aquela senhora baixinha, o mítico carrinho verde, o assador de barro e o cheirinho a castanha assada no ar. É de aproveitar que só dura até à Páscoa e para ano… nunca se sabe!
“Não me imagino a viver sem as castanhas”, diz Maria de Jesus, que há 42 anos marca presença junto à rodoviária de Leiria. Chegou a vender 70 quilos de castanhas num dia, mas esses tempos acabaram-se. Agora, contabiliza 15 se o dia estiver a correr de feição, mas mesmo assim continua a assar e a vender castanhas, embora já não ganhe muito com isso. Dois euros a dúzia: o preço é o mesmo há quatro anos. Feitas as contas às despesas e ao trabalho, pouco sobra.
Ainda assim, diz que nem que lhe calhasse o Euromilhões deixava de vir vender castanhas. “Venho porque gosto e porque os clientes me pedem”, diz-nos enquanto avia um pacotinho delas a uma senhora que nem precisou de sair do carro para ser atendida.
“Os clientes não podem viver sem mim aqui, nem eu sem eles. Isto é como uma família”. A relação afectiva que tem com os leirienses, e em particular com os clientes de sempre, faz com que não consiga deixar de sair à rua e vender as famosas castanhas. Garante que “enquanto puder” cá estará a fazer fumo como mais ninguém.
Pergunta que não podia falhar: Então e qual é o segredo? Além do assador de barro, diz que “não há mais nenhum”. Nós desconfiamos que sim, mas não insistimos.
Já agora, aquela conversa do Euromilhões. Podemos confiar? Com toda a certeza que sim. É que Maria de Jesus não joga

CARLOS DO CARMO HOMEM DAS CASTANHAS
HOMEM DAS CASTANHAS CANÇÃO DE CARLOS DO CARMO GRAVADO NA DÉCADA 80
VÍDEO
centrodeestudosportugues1.wordpress.com