Os irmãos Ovitz eram filhos de Shimshon Eizik Ovitz, um homem de estatura baixa que teve dez filhos com uma mulher de estatura normal. Desses filhos, sete herdaram o seu nanismo.
A família foi capturada pelos Nazis na Hungria, em 1944, e foi mandada para um campo de concentração, aos cuidados do “Anjo da Morte”, Josef Mengele.
No campo, eles foram submetidos aos mais variados tipos de torturas, tanto físicas quanto psicológicas.
Mengele injetava materiais químicos nos úteros das mulheres, chegava a coletar quantidades absurdas de sangue para comparar com pessoas de estatura normal.
O que lhes fazia mal, acabou sendo a sua salvação também, pois a curiosidade de Josef Mengele permitiu-lhes permanecer vivos. E quando os soviéticos liberaram os campos de concentração, em 1945, eles foram libertados com vida.
Mas apesar de sair com vida, as cicatrizes foram profundas, no corpo e na alma.
Perla, a irmã caçula foi quem relatou toda a história da sua família e essa comovente história acabou se tornando um livro: “Gigantes no Coração: A Emocionante História da Trupe Lilliput – Uma Família de Anões que Sobreviveu ao Holocausto”.
Perla também fundou a Trupe Lilliput, que rodou toda a Europa até se estabelecer em Israel.
Image captionJumbo passeia com visitantes do zoológico de Londres; peso provocou lesões nos quadris e joelhos do elefante
Ele se tornou uma celebridade assim que chegou a Londres, onde multidões se aglomeravam para ver o "maior elefante do mundo".
Jumbo, como era conhecido, desembarcou na capital britânica em 1865, vindo da África, onde foi capturado quando era filhote.
O elefante era tão popular na época que até os filhos da rainha Victoria eram seus fãs.
Ele inspirou um dos filmes mais famosos ??da Disney: Dumbo, que conta as aventuras de um elefante voador. E foi também a origem do apelido dado ao Boeing 747, devido ao tamanho da aeronave.
Um documentário da BBC, apresentado pelo renomado naturalista britânico David Attenborough, reuniu especialistas de diferentes áreas para examinar o esqueleto de Jumbo, que está no Museu de História Natural de Nova York.
Image captionO naturalista David Attenborough e um grupo de cientistas examinaram o esqueleto de Jumbo para um documentário da BBC
A ideia era desvendar alguns mistérios que rondam o célebre elefante. Como ele morreu exatamente? Por que sofria ataques de fúria? Será que ele foi realmente o "maior elefante do mundo"?
Os resultados da investigação causaram tanto surpresa quanto tristeza nos especialistas.
O fato é que a vida real de Jumbo foi muito diferente da fantasia criada pelos estúdios Disney.
Uísque como calmante
Fotografias e gravuras da época mostram Jumbo no zoológico de Londres, carregando diversos visitantes - de crianças a adultos - nas "costas".
Ter a oportunidade de "andar de Jumbo" era certamente uma das aventuras mais emocionantes para as crianças londrinas.
Mas o elefante que era manso durante o dia sofria "ataques de fúria" à noite - os acessos de raiva chegaram a danificar, em diversas ocasiões, as cercas de madeira que ficavam ao seu redor.
Alguns relatos sugerem que Matthew Scott, o fiel cuidador de Jumbo, costumava dar uísque ao animal para acalmá-lo.
O zoológico concluiu então que Jumbo poderia se tornar uma ameaça para o público e decidiu vendê-lo, em 1882, para o circo norte-americano PT Barnum.
O animal se recusou, no entanto, a entrar em um curral de madeira para ser levado para o navio, quebrando várias vezes as correntes que tentavam contê-lo.
E só "concordou" em embarcar quando os donos do circo aceitaram que Scott viajasse com ele - o cuidador conseguiu acalmá-lo.
Centenas de pessoas foram até o porto se despedir de Jumbo, que duas semanas depois desembarcaria na costa leste dos Estados Unidos.
Em terras norte-americanas, o elefante continuou super popular - percorreu todo o país com o circo, chegando até o Canadá. Mas morreu ainda jovem, com apenas 24 anos, quando foi atropelado por um trem, em um incidente rodeado de mistério.
Dores fortes
Attenborough e um grupo de cientistas começaram então a examinar o esqueleto de Jumbo.
Image captionJumbo, 'o maior elefante do mundo', foi uma grande atração nos dois lados do Atlântico
Richard Thomas, arqueólogo da Universidade de Leicester, no Reino Unido, observou que Jumbo tinha uma sobreposição incomum de camadas de ossos novos e velhos nos quadris.
"São sinais de lesões que seu organismo estava tentando reparar", disse Thomas no documentário da BBC.
"Essas lesões devem ter sido incrivelmente dolorosas e foram resultado do peso que Jumbo teve que transportar, carregando grupos de visitantes".
De acordo com Thomas, o excesso de peso também causou lesões no joelho do animal.
"Quando olhamos seus joelhos, vemos todos os tipos de modificações que você não esperaria encontrar em um elefante daquela idade. Não esqueçam que Jumbo tinha apenas 24 anos e ainda estava crescendo."
"Os ossos dele parecem mais com os (ossos) de um elefante de 40 ou 50 anos", completa.
Fúria noturna
Os ataques da fúria noturnos eram tão violentos que o animal desesperado chegou a quebrar, em algumas ocasiões, suas presas.
Image captionJumbo era muito popular entre as crianças, incluindo os filhos da rainha Victoria
E quando a presas começavam a crescer, o elefante as desgastava, esfregando-as contra as cercas.
Uma das autoridades do zoológico, Abraham Bartlett, atribui o comportamento noturno de Jumbo a um fenômeno conhecido como must - período em que elefantes do sexo masculino apresentam comportamento agressivo, acompanhado de um forte aumento nos níveis hormonais.
Mas Vicki Fishlock, pesquisadora de elefantes baseada no Quênia, discorda.
Segundo ela, se os hormônios tivessem sido a causa da ira de Jumbo, o elefante teria sido violento até mesmo com seus cuidadores, o que não aconteceu.
Dentes deformados
Os cientistas encontraram no crânio do animal uma pista que também pode explicar o comportamento violento - malformações muito pronunciadas nos dentes.
Image captionO cuidador de Jumbo, Matthew Scott, foi a única pessoa que conseguiu acalmar o elefante para embarcar no navio rumo aos Estados Unidos
"Os elefantes têm seis dentes, mas apenas um de cada lado se desgasta em determinado momento. Quando o dente cai, outro dente nasce para substituí-lo, mas se o dente velho não se desgasta o suficiente, não cai, fazendo com que o novo dente fique deformado", explica Thomas.
A dieta de Jumbo no zoológico e no circo era bem diferente da de um elefante em seu habitat natural, onde os animais comem uma variedade de vegetação que permite a eles desgastar os dentes.
A conclusão de Thomas é que Jumbo "sofria com uma dor de dente terrível", que ficava mais latente durante a noite, quando não havia distrações. E provocava os ataques.
Tamanho
Mas Jumbo era realmente o maior elefante do mundo?
Talvez sim, dizem os pesquisadores do documentário da BBC.
Image captionJumbo ganhou estátua em St. Thomas, em Ontário, no Canadá, onde o célebre elefante morreu
Uma fenda na cabeça do fêmur de Jumbo indica que o elefante ainda estava crescendo quando morreu.
Ao analisar os ossos, os cientistas determinaram que ele tinha uma altura de 3,45 metros - do ombro até o chão.
Um elefante africano selvagem da mesma idade tem, em média, 2,84 metros.
E Jumbo ainda estava em fase de crescimento, então poderia ter se tornado o maior elefante africano do mundo, de acordo com Thomas.
Pelos da cauda
Após a morte, o corpo de Jumbo foi embalsamado e preservado pela Universidade Tufts, em Massachusetts, nos Estados Unidos.
Um incêndio destruiu os restos mortais do animal, com exceção do rabo, ??que a pesquisadora Holly Miller, da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, analisou para descobrir sua dieta.
Image captionA cauda embalsamada de Jumbo foi salva de um incêndio e se encontra nos arquivos da Universidade Tufts, em Massachussetts
Miller encontrou grandes níveis de nitrogênio nos pelos da cauda de Jumbo, o que indica que ele não era saudável.
Segundo ela, o corpo do animal não recebia os nutrientes necessários - e seu organismo extraía níveis anormais de nitrogênio dos alimentos na tentativa de cicatrizar as frequentes lesões.
Morte misteriosa
A vida de Jumbo chegou ao fim quando ele e outro elefante menor embarcaram em um trem na cidade de St. Thomas, em Ontário, no Canadá.
Jumbo ganhou uma estátua na cidade - e o museu local é quase um memorial do elefante.
Image captionMatthew Scott, o cuidador de Jumbo, aparece junto às orelhas do elefante em foto tirada após a morte do animal
Entre as muitas fotografias e gravuras do acervo, uma chamou a atenção de Attenborough.
A imagem mostra Jumbo morto após a colisão com o trem - e é possível observar marcas profundas em seu quadril.
O dono do circo disse inicialmente que ele teria se jogado na frente do trem para proteger heroicamente o elefante menor.
Mas as marcas indicam que, na realidade, o trem atropelou Jumbo por trás, quando o elefante estava sendo embarcado em um vagão.
O esqueleto que está no Museu de História Natural de Nova York não apresenta fraturas, o que fez os cientistas concluírem que Jumbo morreu de hemorragia interna.
Elefantes 'aposentados'
A história de Jumbo tem contornos muito atuais.
Attenborough visitou um santuário no Tennessee, nos Estados Unidos, para elefantes de circo "aposentados" - e muitos animais que estão ali apresentam sintomas semelhantes aos de Jumbo.
Image captionNa foto, as longas presas de um elefante africano, que não estavam presentes em Jumbo porque quebraram ou foram desgastadas devido ao stresse
Os elefantes do santuário têm as presas desgastadas, esfregando-as constantemente em sinal de agitação e estresse.
Segundo Vicki Fishlock, zoológicos e circos não podem ser o lar de elefantes como Jumbo.
Eles devem viver em seu habitat natural - são animais sociais, que precisam de contato com seus pares, de acordo com a pesquisadora.
Na foto tirada após a morte de Jumbo, Matthew Scott, seu fiel cuidador, aparece ao lado do corpo. Segundo contam, ele chorou inconsolavelmente diante da partida do amigo inseparável.
A empatia de Scott foi certamente o grande incentivo de Jumbo ao longo de sua breve existência - tão célebre quanto trágica.
Confira agora um documentário que pretende levá-lo numa viagem que vai desde o Gerês a Montesinho, passando pelos picos mais altos da Serra da Estrela e pelos fantásticos rios que percorrem o território português.
Descubra também o Montado e as Planícies Alentejanas, desça até à Ria Formosa e atravesse o Atlântico para encontrar as Ilhas dos Açores e da Madeira. Conheça um pouco melhor algumas das espécies mais icônicas da fauna do nosso país.
Sem mais delongas, assista ao vídeo abaixo, do canal aidnature: tudorocha.blogspot.pt VÍDEO
Vivemos em uma época em que o código de vestimenta relaxou e onde há sextas casuais mesmo nos escritórios mais sérios. No entanto, uma boa gravata sempre veste e distingue um cavalheiro de um homem simples.
Aqui você pode aprender a fazer os nós de gravata mais populares, passo a passo.
1. Com o início do novo ano, estão a ser concretizados vários aumentos de preços de alguns bens e serviços essenciais, desde os transportes públicos às portagens, do pão às rendas da habitação, do serviço postal às comissões bancárias, entre outros. Para o PCP, estes aumentos de preços de bens e serviços essenciais constituem motivo de preocupação dado o seu peso significativo nos orçamentos familiares. Vale a pena lembrar que quase dois terços das despesas familiares são com habitação, transportes e alimentação.
Os aumentos que se estão a verificar limitam o impacto da melhoria mais significativa das condições de vida da população que, pela intervenção do PCP e pela luta dos trabalhadores e das populações, foram conquistadas nos dois últimos anos.
2. Como o PCP tem alertado repetidamente, o Governo PS continua a optar por não libertar o País dos constrangimentos impostos pela UE e o grande capital que atingem as condições de vida de grande parte da população.
São disso exemplo a grave situação de serviços públicos essenciais, como na saúde, renovando as Parcerias Público Privadas, apesar do desastre que constituíram as anteriores, mantendo limites à contratação de médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar, ou rejeitando a proposta do PCP de isenção de taxas moderadoras, designadamente para doentes crónicos; nos transportes públicos, a dramática degradação sentida diariamente pelas populações, em particular nas áreas metropolitanas, incluindo ao nível das condições de segurança do material circulante, ao mesmo tempo que aumentam os preços da sua utilização; ainda nos serviços públicos, tem significado a recusa por parte do governo de proceder à recuperação do controlo público dos CTT, quando se assiste a um processo de destruição da empresa, em que o grupo económico e financeiro que a controla aumentou exponencialmente as tarifas mas piorou drasticamente o serviço e delapida património, preparando-se para encerrar dezenas de postos de atendimento e despedir um milhar de trabalhadores.
Em relação aos custos com a energia, o PCP chama a atenção para o facto de em 2017 o Governo não ter cumprido a Lei do Orçamento do Estado (OE) no que concerne à redução do preço do gás de botija, bem como uma posterior Resolução da Assembleia da República no mesmo sentido, apresentada pelo PCP. Impõe-se avançar com medidas concretas que permitam reduzir o preço do GPL, quer sob a forma de gás de botija quer canalizado, com a instituição de um regime de preços máximos.
Igualmente, é possível e necessário baixar o preço do gás natural, concretizando o que foi aprovado no OE para 2018, por proposta do PCP.
O PCP tem sistematicamente confrontado o governo com a necessidade da redução dos custos com a energia eléctrica para os consumidores. A proposta da ERSE da Tarifa de Baixa Tensão para 2018, com a redução de 0,2% é um elemento que resulta também da luta persistente do PCP. Por outro lado para aqueles que estão no mercado liberalizado, a EDP
anunciou um aumento de 2,5%. Além da critica que nos merece este aumento, sublinhe-se que, por iniciativa do PCP, foi aprovada a medida que permite a todos os utentes regressarem ao mercado regulado, prevenindo assim serem afectados pelo aumento dos preços.
É necessário e possível ir mais longe. Necessário porque a baixa do custo da energia eléctrica, além da contribuição para a melhoria do rendimento líquido dos portugueses, é oxigénio na dinamização da economia nacional!
É possível, porque há muito por onde cortar nos avultados lucros da EDP, da REN e de outras electroprodutoras. Integrando nos cortes as verbas ilegalmente obtidas nos CMEC (Contratos de Manutenção de Equilíbrio Contratual), vulgo rendas, transpondo para as eléctricas os custos do Défice Tarifário, fazendo a REN suportar os custos de novas redes, eliminando os custos da Garantia de Potência. A reversão do aumento da taxa de IVA que o Governo do PSD/CDS colocou a 23% também não pode ser esquecida.
3. Não é possível avaliar as consequências destes aumentos ignorando a política de décadas em que sucessivos governos privatizaram sectores da nossa economia e do serviço público entregando-os aos grandes grupos económicos e financeiros. Assim como não podem ser entendidos à margem da política de liquidação de direitos e aumento da exploração do Governo PSD/CDS-PP e muito menos ignorando que estes aumentos conduzirão à acumulação dos lucros de algumas grandes empresas, sem que tenha havido sequer subida dos seus custos operacionais.
Apesar de todas as limitações existentes e com as quais urge romper, teria sido possível, fossem outras as opções do governo, impedir o aumento de 2,5% do custo dos transportes públicos, alargar a regulação dos preços a todo o sector eléctrico e impor uma baixa global à custa dos lucros das empresas, travar novas subidas nos custos dos serviços bancários, congelar uma parte significativa dos custos dos serviços públicos prestados, tal como foi feito, por iniciativa do PCP, com as propinas do Ensino Superior.
4. Como o PCP tem vindo a sublinhar, Portugal precisa é de uma outra política, uma política patriótica e de esquerda, que rompa com a matriz que há décadas é responsável pela estagnação do rendimento dos trabalhadores e dos pensionistas e reformados, que restringe o mercado interno e é também responsável pelas dificuldades de milhares de micro pequenas e médias empresas.
É necessária outra política que rompa com a política de direita, responda aos problemas estruturais do País, reduza o desequilíbrio na distribuição do rendimento, contribua efectivamente para o bem-estar dos trabalhadores e do povo e concretize as medidas e possibilidades abertas com a actual correlação de forças na Assembleia da República.
Li no Facebook a seguinte pergunta: e se os votos nulos e em branco começassem a ser representados por cadeiras vazias na AR? E dei, lá nesse mesmo espaço, a seguinte resposta. As cadeiras vazias não fazem audições de cidadãos e de instituições, não fiscalizam o governo, não fazem inquéritos, não debatem orçamentos, não fazem propostas. Se a ideia é melhorar o parlamento, não será certamente com cadeiras vazias. E não será por acaso que em alguns países o voto é obrigatório - mas, por cá, não há muita gente com coragem para penalizar os que não cumprem o seu dever cívico.
Esta resposta suscitou algumas objecções. Algumas dessas objecções atiraram ao lado e a essas não vou responder (por exemplo, não propus a penalização de quem não vota, apenas a mencionei como elemento – existente em outros países - de uma equação que não pressupõe apenas direitos, mas também virtudes cívicas). Outras objecções são, realmente, algum tipo de resposta ao meu argumento, mesmo quando laterais. Sobre essas vou tentar elaborar aqui um pouco mais (mas apenas um pouco).
Há sugestões que subscrevo inteiramente. Desde logo, melhorar a acessibilidade ao voto, facilitar o acto de votar. De acordo. É preciso modernizar o modo de aproveitar os novos meios (designadamente electrónicos) sem deformar o essencial.
Outras sugestões repetem velhas ideias, mas sem as analisar. Por exemplo: há deputados a mais. A primeira resposta, estando a discutir a representação, é basicamente a mesma que está no argumento original: com menos deputados haverá menos gente para fazer o trabalho que o parlamento tem de fazer. Até há quem diga: assim poupa-se dinheiro. Pois é: a democracia custa dinheiro. Mas a ditadura custa mais, e não só dinheiro. E, pela enésima vez: com menos deputados, seria difícil não distorcer ainda mais a representação. Porque a transposição de votos em mandatos, com um sistema de múltiplos círculos, favorece os maiores partidos e prejudica os mais pequenos – e com menos deputados essa distorção seria ainda maior, basta fazer as contas. E, com um único círculo nacional, a ligação aos territórios ficaria ainda mais comprometida, o que também prejudicaria a representação. Quanto à ideia de haver círculos uninominais: concordo, desde que seja numa combinação de círculos uninominais com círculos plurinominais, preservando pelos menos a proporcionalidade existente (nunca a diminuindo, porque acredito que o sistema político precisa de diversidade). Porque é que não concordo que haja apenas círculos uninominais? Porque nem todas as pessoas que são necessárias têm jeito ou vontade de serem políticos de tribuna, o que dificulta a sua eleição em candidatura uninominal. Mário Centeno teria sido eleito num formato desses? Provavelmente não – e seria pena. (Eu também não seria – mas isso já seria menos grave…)
Ainda há outro argumento acusativo para os deputados: há demasiados deputados-família. Não acho. Aliás, entre os poucos deputados-família que há, neste momento, no parlamento português, estamos eu e a minha mulher. E não tenho nenhuma dúvida em afirmar o seguinte: que eu seja deputado nada tem a ver com o facto de eu ser casado com quem sou, que ela seja deputada nada tem a ver com o facto de ser casada comigo. Acho que ela tem excelentes habilitações, de todo o tipo, para ser parlamentar; acho que eu também não faço assim tão mal o meu trabalho. Posto isto, pergunto: porque é que eu havia de deixar de ser deputado por ela também ser? Ou, porque é que ela não poderia ser deputada ao mesmo tempo que eu?
Outra das objecções apresentadas é a que milita pela multiplicação de referendos como substituto da democracia representativa – ou, vá lá, como complemento. Um exemplo insistente é a Suíça. Quanto à exemplaridade da Suíça, não vou alongar-me. Mas vale a pena apelar a que as pessoas pensem nas razões de não haver assim tantas suíças por aí. Talvez não seja só porque os suíços são os melhores do mundo e, no demais, sejamos todos obtusos.
Mas olhemos para a questão referendária em geral. Um dos exemplos dados é que as privatizações da EDP e dos CTT poderiam ter sido referendadas. Não concordo. Eu conto-me entre os que criticam essas privatizações, mas não acho que o problema se resolva passando a referendar caso a caso decisões desse tipo. O que as sociedades democráticas precisam é de melhores mecanismos para estudar melhor, com antecedência, essas decisões. E também precisamos de aprender a descartar os preconceitos ideológicos que, multiplicados até à náusea por uma comunicação social ideologicamente rendida ao liberalismo extremo, impediu a seu tempo uma apreciação política equilibrada dessas decisões. Nada disso se consegue fazer melhor com referendos. Aliás, basta ver o insucesso dos referendos nacionais em Portugal, dominados pela tal abstenção que motiva, em alguns, o desejo da via referendária. Por este andar, quererão antes mudar o povo… Precisamos de maior conteúdo na nossa política, melhor representação, melhor prestação de contas, melhor deliberação – mas isso não se consegue resumindo tudo ao voto, que é afinal a receita referendária.
Já agora, para quem aprecia a via referendária como cura para todos os males, sugiro o estudo de alguns problemas detectados pela investigação. Veja-se, por exemplo, o chamado “dilema discursivo” para situações em que indivíduos pertencentes a um colectivo participam em séries de decisões desse colectivo ao longo do tempo, na presença de constrangimentos e do requisito de consistência da série de decisões colectivas. O que é essencial é que o “dilema discursivo” pode ocorrer em muitas situações de decisão colectiva lidando com questões racionalmente ligadas, de tal modo que possam formar-se sucessivas maiorias incoerentes. No limite, pode ser impossível a partir de um dado momento tomar qualquer decisão coerente com a série antecedente — mesmo que todas as decisões individuais tenham sido, enquanto tal, perfeitamente racionais. O que importa aqui é que a racionalidade da decisão colectiva não emerge espontaneamente da racionalidade da decisão individual – e esse é um dos problema dos que sugerem a via referendária radical. (Apresentei sumariamente esta questão no meu texto “Intencionalidade: Mecanismo e Interacção”, publicado em Principia - An International Journal of Epistemology, em 2010, disponível na minha página académica.)
Outra objecção é posta assim: “E então o que fazer quando não nos sentimos representados ? Voto nulo?”. Tenho dois níveis de resposta a essa questão. Primeiro, não pode haver um partido para cada pessoa. Há muitas decisões colectivas que não passam (nem devem passar) pelos partidos, há outros mecanismos de formação de vontades colectivas, há decisões que não devem ser tomadas pela política nacional mas noutras instâncias – e tem de haver aí muita margem de manobra para pessoas e organizações. Quanto às questões que realmente devem ser decididas pelo parlamento: sim, defendo que temos de escolher um espaço com o qual temos afinidades fundamentais, mantendo a liberdade de pensamento e de acção, quer quando convergimos quer quando divergimos, porque a acção colectiva é mais do que a soma das acções individuais. Acho que precisamos de entrar em dinâmicas colectivas onde nem sempre concordamos com tudo, porque nós somos livres e os outros também são livres. Eu também não estou sempre de acordo com os grupos em que sou filiado – mas isso não me faz pensar que só estaria bem se tivesse um partido que tivesse sempre as mesmas ideias que eu. Sim, porque é essa exigência que subjaz a quem quer um partido com que esteja sempre de acordo: é querer que um colectivo de dezenas de milhares de pessoas esteja sempre de acordo consigo! Mas que ideia tão individualista, e ao mesmo tempo tão imperialista! Segundo nível de resposta: se acham que não há partido nenhum onde possam viver, com as concordâncias e discordâncias, criem um partido novo: mexam-se! Sim, porque o sofá como ponto de análise é demasiado fácil.
Uma última palavra para a objecção representada pelas seguintes frases: “O não votar chama-se direito ao pensamento livre” ou “não votar, ou votar em branco, é a última manifestação de liberdade”. Sobre isso, só tenho a dizer duas coisas simples. Primeiro, não sou contra a liberdade de não votar, embora deplore a facilidade com que as pessoas descartam a sua responsabilidade pessoal em momentos cívicos essenciais. Segundo, a liberdade não é só pensar, também é agir: se a abstenção é a melhor maneira de agir em liberdade, tenho pena de que a liberdade seja tão fina (em duplo sentido: tão aristocrática e tão pouco densa).
Procurando coisas interessantes para compartilhar com vocês leitores, eis que tropeço em uma postagem do site japonês Gigazine sobre um interessante canivete multi-uso romano fabricado há 1800 anos e vi que não podia deixar de compartilhar:)
Em 1991, um objeto de metal misterioso foi encontrado em uma escavação nas proximidades do Mar Mediterrâneo. Com uma rápida observação, ficou claro que se tratava de um ferramenta de múltiplas funções. A descoberta nada mais era que um modelo de "canivete multi-uso" produzido nos tempos do Império Romano, por volta do ano 200 da era cristã, segundo a análise e datação de peritos. A surpreendente descoberta se encontra em exibição no Museu Fitzwilliam em Cambridge, Inglaterra.
No detalhe, um canivete suíço Vitorinox.
A largura do "canivete suíço" mais antigo do mundo é de de cerca de oito por 15 centímetros de comprimento e em grande parte é feito de bronze. A ferramenta possui uma colher de prata, um "espetador" (para não dizer garfo) dobrável, uma lâmina de ferro, uma espátula, um espalitador (para não dizer palito de dentes), um picador e uma mini colher, aparentemente para limpar os ouvidos...Além disso, supõe-se que nos tempos da Roma antiga, as pessoas usariam o picador para quebrar nozes ou escargots.
Uma réplica exata dessa utilíssima ferramenta, precursora do canivete suíço, pode ser vista sendo manuseada no seguinte vídeo: . Fonte
Historiadores acreditam que o primeiro feriado comemorado pelo povo antigo foi "O dia de Ano Novo", realizado na Babilónia no ano de 2000 A.C.
Apesar deles não terem um calendário legitimo escrito naquela época, os babilónios iniciavam a comemoração do seu novo ciclo anual, que em dias de hoje seria por volta da data de 23 de março. Essa comemoração babilónica tinha duração de 11 dias.
tecelagem da seda (foto ao lado), chá e a tinta em 2.500 a.C.
Lembrando que uma corda de Seda chinesa é mais forte que um cabo de aço de mesmo peso;
alfabeto chinês 1.500 a.C;
calibrador "inventado" cerca de 1.700 anos depois na Europa;
700 a.C. invenção da pólvora e conseqüentemente, dos artefatos como fogos de artifício, armamentos e foguetes;
a bússola;
Detector de mentiras. O médico Hua To, que nasceu em 125 a.C. foi o precursor do método de análise pelos pulsos e que induziria à uma maneira interessante de investigação, onde era analisado em julgamentos se uma pessoa estivesse ou não mentindo sobre uma questão jurídica, algo que foi inserido nos meios modernos de investigação policial com o detector de mentira (consiste em analisar a alteração dos batimentos cardíacos ao se pronunciar uma mentira);
a bicicleta;
instrumentos de medição astronômica;
calendário lunar e solar de uso simultâneo;
o papel, inventado por T'sai Lun 100 a..C., ele produziu o papel aglutinando redes de pesca e trapos, mais tarde, procurou outro material chegando então a fazer uso de fibras vegetais. Os espécimes que chegaram até nossos dias provam que o papel feito pelos antigos chineses era de alta qualidade, o que permite comparar com o papel normal produzido atualmente, curiosamente os Maias e Astecas já faziam uso de um papiro semelhante ao produzido no Egito quando da chegada dos espanhóis;
dinastia Han, na tumba do príncipe Liu Sheng foi encontrado um instrumento de medição cronométrica,
os óculos;
a caneta;
dinastia Tang, reinado de Xuan Zong primeiro relógio do mundo com um complexo sistema de engrenagens formando um conjunto com aproximadamente 4 metros, movido por água que era inserida em 60 baldes que correspondiam aos segundos e faziam mover a engrenagem primeira, que movia gradualmente a segunda que correspondia aos minutos e esta por fim movia a terceira que correspondia às horas, sua figura não era vista por outros que não o próprio imperador que queria conhecer as horas do dia, mas foi desenhada por jesuítas como o padre Leoni Nani que em 1904 chegou à China como um dos muitos missionários jesuítas, que trouxeram a idéia para a Europa praticamente mil anos depois de sua invenção;
o periscópio;
balanças de peso;
invenção do ábaco (método de computação matemática) em 190 d.C.;
astrônomos chineses evidenciam uma supernova - 386 d.C.;
papel moeda (1.000 d.C.);
Bi Sheng inventou a tipografia no séc. VIII que daria origem ao método utilizado até hoje para a publicação de jornais em 1.045;
Quin Jiusao (1202-1261) em 1245 registrou pela primeira vez um índice pluviométrico com um pluviômetro, que só foram utilizados pela primeira vez no ocidente em 1639;
Liu Xiang Ti (1648-1695) no começo da dinastia Qing, protegia a população de Gansu com o uso de canhões para evitar chuvas de granizo;
Não podemos esquecer do primeiro sismógrafo, que era uma estátua com sapos envolta, enormes, e bolas de metal que caiam com os tremores na boca do sapo indicando de onde vinha os tremores (o"Sismocóspio", inventado por Chang Heng em 132. Consistia numa bola de bronze sustentada por oito dragões, que a seguravam com a boca. Quando ocorria um tremor de terra, por menor que fosse, a boca do dragão abria e a bola caía na boca aberta de um dos oito sapos de metal que se encontravam em baixo):
Nem dos objetos confeccionados com Laca (parente do látex, primeiros plásticos), resistentes ao fogo em altas temperaturas e muito mais duráveis:
E também o primeiro papel-higiênico, que mais parecia um jornal, e era feito de fibras de bambu;
A Pipa, que servia como "pombo correio", arma, instrumento para plantação (espalhava sementes) entre outras coisas:
Você sabia que o maior peixe de água doce do mundo é um peixe-gato do Rio Mekong?
Comprovadamente, o maior peixe de água doce do mundo é um peixe-gato pescado no rio Mekong, na Tailândia, em 1º de maio de 2005. O animal tinha 2,7 m de comprimento e pesava 293 kg (646 libras), de acordo com a ONG WWF e com o National Geographic. Em 24 de fevereiro de 2009, no entanto, a imprensa inglesa noticiou que o biólogo britânico Ian Welsh pescou, no rio Maeklong, também na Tailândia, uma arraia gigante que pesava entre 265 quilos e 350 quilos.
Segundo o jornal The Guardian, o peso é estimado por conta do tamanho do animal: 2 metros de comprimento por 2 de largura, além do rabo de 3 metros. Se houvesse comprovação do peso da arraia, Welch ficaria com o recorde. A nota triste é que o peixe-gato gigante encontrado pelos pescadores tailandeses acabou morrendo e virando comida. A fêmea não aguentou quando passou por um processo para retirar as ovas, que tinha como objetivo abastecer um programa de criação em cativeiro. Já a arraia, que também era fêmea, estava grávida, e foi devolvida ao rio Maeklong por Welsh.
Rio Mekong
O Mekong é um dos maiores rios do mundo e está localizado no sudeste asiático. Com um comprimento de aproximadamente 1535 km, é o 13.° mais longo e 10.° mais volumoso (descarrega 475 km³ de água anualmente) rio do mundo, drenando uma área de 795 000 km². Nasce no Planalto do Tibete e depois percorre a província chinesa de Yunnan, Mianmar, a Tailândia, o Laos, o Cambodja e o Vietname.
O nome Mekong vem dos idiomas tailandeses e significa Mae Nam Khong, onde Mae pode ser traduzido como Mãe, e Nam como água. A bacia do Mekong tem uma das biodiversidades mais ricas do mundo. Mais de 1200 espécies de peixe já foram descobertas na área e são uma fonte vital para a dieta da população local.No Mekong superior, ao longo da porção nordeste, na fronteira com o Laos, o rio é relativamente limpo e possui uma fluidez considerável. A água tende a ser neutra com um pH variando de 6,9 a 8,2 e o nível de nutrientes é baixo. Na parte baixa do Mekong, a água é turva, especialmente durante a época de chuvas. Devido a erosão dos barrancos ao longo da margem, a água passa a ter uma coloração amarelada, cor de terra. A temperatura do rio varia de 21,1 a 27,8 °C e o pH entre 6,2 e 6,5.
Risco de extinção
O projeto para construção de uma série de barragens no rio Mekong, o maior do sudeste asiático, poderá causar a extinção de um dos maiores peixes de água doce do mundo, advertiu o Fundo Mundial para a Natureza (WWF). De acordo com a organização, há pelo menos 50 espécies migratórias de peixes no Mekong. A construção poderá modificar de forma irreversível o ecossistema do rio. As informações são do jornal El Mundo.Os peixes-gato, que podem medir até 3 metros de comprimento, poderão desaparecer se essas estruturas separarem os locais de desova, compreendidos em diversos trechos do rio que atravessa a China, o Laos, a Tailândia e o Camboja. O animal, considerado o terceiro maior do mundo, parte do Camboja para fazer a desova no norte da Tailândia ou em Laos. A WWF teme que as barragens impeçam este movimento.Segundo a WWF, um quarto dos peixes gigantes do planeta vive no Mekong, um rio de 4,8 mil km de comprimento, que abriga, também, a raia pastenaga cujo peso pode atingir os 600 kg. A construção de uma barragem na província de Sayabouly, no norte do Laos, uma das onze previstas no curso inferior do Mekong, é "uma ameaça à sobrevivência" do peixe-gato, cujo número diminuiu 90% em 20 anos, afirmou a organização. Fontes: Oragoo / Terra / Wikipédia
O termo diáspora (em grego antigo, διασπορά – “dispersão“) define a deslocação, normalmente forçada ou incentivada, de grandes massas populacionais originárias de uma zona determinada para várias áreas de acolhimento distintas. Em termos gerais, diáspora pode significar a dispersão de qualquer povo ou etnia pelo mundo.
Vamos para alguns exemplos de grandes diásporas:
A maior diáspora que se tem conhecimento foi a diáspora africana, também chamada de Diáspora Negra que foi o fenómeno sociocultural e histórico que ocorreu em países além África devido à imigração forçada, a África teve seu povo e suas terras invadidas pelas potências estrangeiras, que incitavam brigas entre tribos para trocar os seus prisioneiros por especiarias.
Antes da escravização dos africanos, a maior parte dos territórios africanos era governada por seus próprios reis, rainhas, chefes de clãs e de linhagens, em impérios, reinos, comunidades e unidade políticas de porte e natureza diversas.
As sociedades africanas tinham suas religiões, o culto às suas divindades e apresentavam uma boa organização familiar. Essa diáspora foi motivada com fins escravagistas mercantis que perduraram da Idade Moderna ao final do século XIX.
O tráfico de seres humanos para o outro lado do Atlântico foi, por séculos, uma das mais rentáveis atividades do mundo mercantilista, a ponto de se tornar impossível precisar o número exato de africanos que foram arrancados de seu habitat natural para servir de mão de obra forçada em outros continentes.
A diáspora negra foi grande responsável por a mistura de culturas e etnias no Brasil.
Talvez não sejamos o melhor fotógrafo do mundo -nem pretendemos sê-lo-, mas certamente você tem uma foto, que, ao apreciá-la, pensa que é a mais bonita já vista. Acontece que às vezes temos a sorte de tomar a fotografia perfeita no momento e lugar exatos. Estas fotografias seriam feitas de forma casual ou seria a natureza conspirando para nos presentear com uma cena espetacular. Seja qual for a resposta, ocorreu com o fotógrafo alemão, Daniel Biber de Hilzingen.
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Ele estava em Costa Brava, no nordeste da Espanha, quando um passaredo de estorninhos passou a sua frente em uma nuvem que se deslocava de um lado para o outro, em um fenômeno conhecido como "Murmúrio" ou "Sol Negro". Um verdadeiro superorganismo que aflora dos componentes menores unidos da passarinhada como se obedecessem uma função coletiva de auto-organização baseada no caos sem limites claramente estabelecidos, mas que podem se converter em algumas formas surpreendentes.
Evidentemente que um evento assim faz a alegria de qualquer fotógrafo e Daniel, que estava exatamente atrás disso, começou a clicar e a clicar sem parar, sem se dar conta ao certo do que estava acontecendo nos céus. Mais tarde quando revisava as fotos em casa ele foi obrigado a pegar seu queixo no chão e a usar um babador: a revoada, possivelmente afligida por uma ave de rapina, acabara formando uma grande silhueta como se dissesse ao seu perseguidor: - Ei cara, eu sou um Simurgh bem maior do que você!"
As fotos de Daniel acabaram vencendo um concurso internacional de fotografia, um prêmio à figura fractal de um estorninho gigante, que é, por sua vez, um autorretrato de cada célula do mesmo.
São mais de mil. Todos os dias apanham no Tejo toneladas de amêijoas japonesas, contaminadas mas que geram milhões. Não para eles. Tailandeses e romenos são controlados por redes que começam no estuário e terminam na Galiza. Pelo caminho há agressões, armas, furtos, falsificações, fraude fiscal, atentados à saúde pública, exploração laboral e suspeitas de tráfico humano
Até ao dia de Reis é época alta. À saída da água, o quilo da amêijoa japonesa está a valer sete euros, quase o dobro do resto do ano. No estuário do Tejo, junto à Ponte Vasco da Gama, os apanhadores fazem duas marés baixas, calhem de dia ou de noite, estejam ou não em mínimos razoáveis. Avançam rio adentro, apinham barcos que os largam nos cabeços mais distantes e férteis, esticam ao máximo o tempo passado no leito lodoso, às três horas de cada vez até a corrente e o frio ultrapassarem todos os limites de segurança.
Na praia do Samouco, concelho de Alcochete, só se adivinha quantos estão no meio do Tejo pelo incontável número de carros e bicicletas estacionados estrada fora. É como se fosse agosto no Algarve, mas chega-se ao areal e não se vê vivalma. O cais de palafita quase vazio, a água sem ninguém até onde a vista alcança, os barracões fechados, os balneários públicos também. Calcorreia-se a língua de areia ao longo da Base Aérea nº 6 e ainda nada. E de repente, pelos trilhos que a baixa-mar abre no rio, surge uma primeira pessoa a caminhar para terra, depois duas, dez, dezenas, centenas, várias centenas, de certeza quase um milhar, num cortejo interminável como se do êxodo bíblico se tratasse, em que o Tejo vazio de água faz a vez do Mar Vermelho e os mariscadores de hebreus. A maré começa a encher. É hora de sair.
Mais uns passos e os vultos passam a gente, gente jovem, alguns certamente menores, algumas mulheres mas principalmente homens a compor a maralha. Caminham quase em silêncio, calados pelo cansaço, curvados pela posição das últimas horas — de olhos pregados ao chão e ancinho na mão a escarafunchar a lama — e pelo peso das amêijoas que transportam às costas, em mochilas de campismo. Uns ainda trazem ao ombro uma ganchorra manual, espécie de arado que raspa com garras de aço inoxidável o fundo do rio e que garante maior apanha, mas que os obriga a trabalhar com água acima da cintura.
Num dia bom, por maré, cada um pode apanhar 30 quilos de bivalves, são 210 euros limpos, 420 por dia se bisarem a baixa-mar, mais de 13 mil por mês se cumprissem os 31 dias de dezembro sem folgas. Uns passos mais, já no areal, quase olhos nos olhos e percebe-se que estes não são os ganhos dos apanhadores. Os fatos de mergulho, para quem os usa, estão gastos e remendados. Há quem se proteja da água só com galochas. Há quem vá de ténis. Há mulheres idosas de saias compridas e saca à cabeça. Há uma jovem grávida com uma menina ao colo a dormir. A acompanhá-las outra mulher, com dois baldes na mão: um para os bivalves, outro da Hello Kitty para a criança brincar.
Um milhar de apanhadores, num cortejo interminável como se do êxodo bíblico se tratasse, em que o Tejo vazio de água faz a vez do Mar Vermelho e os mariscadores de hebreus. A maré começa a encher. É hora de sair
Não querem falar. Nenhum quis. “Não português.” Não querem fotografias. “Não, foto não.” São maioritariamente imigrantes, quase todos da Roménia e alguns (em crescimento) da Tailândia. A custo, e por negociação gestual, um aceita mostrar o que carrega, ceder uma amêijoa, das grandes. Tem medo nos olhos, que não param de procurar quem possa estar de olho nele. Não ficou ali nem um minuto. Os poucos portugueses que aparecem repetem a recusa, dirigindo-se apressadamente para os barracões que já abriram. À porta há agora uma balança industrial e seguranças informais. Milhares de notas mudam de mão, com armas para assegurar que se mantêm nas certas. “Não há aqui nada para ver. Não há aqui negócio nenhum. É só para o petisco do Natal. Mas se quiser comprar eu vendo”, avançam em tom ríspido.
Todos sabem que tudo ali é ilegal. Não podem apanhar amêijoa porque não têm licença — sem licença só podem recolher até cinco quilos à mão —, e mesmo que a tivessem não podiam vender a amêijoa para consumo humano. Aquela zona do estuário do Tejo está classificada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) como classe sanitária C, o que significa que os bivalves só podem ser usados para transformação em unidade industrial, a altas temperaturas, ou destinados a transposição prolongada numa depuradora em meio natural, que não existe em Portugal. Estão contaminados com índices elevados de E.coli que podem provocar intoxicação diarreica, fora os metais e metaloides tóxicos acumulados (zinco, chumbo, arsénio, mercúrio, níquel) por décadas de exploração industrial que desaguava no estuário.
“Em vez disso são ensacadas sem controlo sanitário e vendidas na quase totalidade em Espanha, onde ganham selo de origem galega e entram legais no circuito alimentar. É um negócio de muitos milhões, em que os apanhadores são seguramente o elo que menos ganha. Até há quem tenha deixado o tráfico de droga pela amêijoa: tem menos riscos e lucros semelhantes”, explica Manuel Faustino, chefe do Serviço de Investigação Criminal da Polícia Marítima, que acompanha o fenómeno desde 2012.
Por dia são retiradas do Tejo cerca de 20 a 30 toneladas de amêijoa — além dos apanhadores apeados, há mergulhadores de apneia e botija e barcos com ganchorras XXL —, com um valor atual de 120 mil euros. Num ano, a um preço médio de quatro euros o quilo, podem atingir os 30 milhões de euros. Em Espanha o valor duplica. E é por esse bis que trabalha a dezena de cabecilhas, portugueses, que opera no estuário.
A acumulação de indícios da existência de uma estrutura organizada de âmbito transnacional e a multiplicação de crimes conexos — furto de embarcações e motores, furtos de botijas de oxigénio hospitalar, posse ilegal de armas ilegais, exploração laboral, tentativas de homicídio... — levaram mesmo os Serviços de Informação e Segurança (SIS) a elaborar, em maio deste ano, um relatório de análise de risco, entregue ao primeiro-ministro, António Costa, organismos judiciais, órgãos de polícia criminal e entidades implicadas no fenómeno. O documento alerta para a transversalidade do crime, impacto económico e potencial relação com tráfico de droga e de seres humanos.
Só a Polícia Marítima (PM) tem seis inquéritos a correr no âmbito da apanha ilegal de amêijoa japonesa no Tejo, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) dois, a que se somam investigações, apreensões e processos da Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), da Guarda Nacional Republicana (GNR), Autoridade Tributária (AT) e Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em risco (CPCJ). “Após o relatório do SIS, a procuradora-geral-distrital de Lisboa, Maria José Morgado, recomendou aos coordenadores do Ministério Público desta área a especial atenção para o fenómeno e a eventual concentração de processos relacionados, para que se perceba a verdadeira dimensão”, relembra o chefe Faustino.
A rede (ou redes) está montada em escalões, de baixo para cima. Na base, está o milhar de apanhadores que trabalha e vende obrigatoriamente para determinados intermediários, a quem estão presos por dívidas e coação. Cada dois ou três intermediários, donos de armazéns (como os da praia) e embarcações (algumas furtadas), servem cada um dos líderes, proprietários de empresas de importação e exportação de peixe vivo e mariscos, com frotas de carrinhas que asseguram o transporte da amêijoa até à Galiza.
“As firmas são legais mas a única coisa que comercializam é amêijoa japonesa. Ou seja, o objeto da firma é lícito mas a prática material é ilícita. A falsificação começa em Portugal com a emissão de guias de transporte falsas com local de captura também falso: em vez do Tejo colocam Sado, que é classe B. Em Espanha, como a amêijoa não saiu com documentos oficiais, essas guias são destruídas e é emitida nova documentação nos viveiros, em que o bivalve passa a ser do Atlântico Norte ou da Galiza”, explica o chefe Faustino, adiantando que estão já identificadas duas dezenas de empresas recetadoras no norte de Espanha, que falsificam a origem dos bivalves do Tejo. De um lado e do outro da fronteira não há impostos nem rendimentos a declarar: é isso que dá valor de droga à amêijoa.
Dos inquéritos e da cooperação ibérica a Polícia Marítima não fala. Está tudo em segredo de justiça. Num meio pequeno como o Samouco, pouco mais de três mil habitantes, não dá para ser de outra forma. Toda a gente é amiga de alguém que vive do negócio, e entre os implicados há desde antigos pescadores a autoridades no ativo. Já bastam os fóruns na internet onde são divulgadas as matrículas de todos os carros da PM, os rádios apreendidos sintonizados nas frequências das autoridades ou os vigias pagos ao dia, estrategicamente colocados nas duas margens do rio — no parque do Trancão (Expo) e na praia de Alcochete.
Pela freguesia há dezenas de armazéns ocultos, onde até se escondem câmaras frigoríficas e pontos de abastecimento de gasóleo para que as carrinhas não levantem suspeitas nas bombas de combustível. Os próprios veículos são camuflados. Um cabecilha de Chelas, condenado em setembro a cinco anos de pena suspensa por falsificação de documentos e corrupção de substâncias alimentares, transportava a amêijoa para Espanha numa carrinha de Medicamentos Urgentes, que tinha no interior um sofisticado sistema de água corrente, tanques e refrigeração, para garantir que a amêijoa chegava viva a San Sebastián, onde tinha o recetor.
“Nestas semanas das festas todos os dias partem carrinhas, cada uma com 1400, 1500 quilos de amêijoa”, explica o agente José Gabriel, da Unidade de Investigação da PM. Longe vão os dias dos grandes carregamentos. “Em 2013 fizemos uma apreensão de 24 toneladas em Loures, que representou um prejuízo de mais de 90 mil euros. Desde então repartem a carga e usam veículos mais pequenos”, revela.
A última operação relacionada com a amêijoa japonesa realizou-se a 13 deste mês e juntou Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Polícia Marítima. Na sequência de várias denúncias, o SEF abriu um inquérito em outubro relacionado com um grupo crescente de tailandeses identificado na apanha da amêijoa — serão cerca de 150 pessoas —, à volta do qual se adensavam indícios de exploração laboral, maus-tratos e tráfico de seres humanos.
Em domínio de romenos, até na água, pejada de pequeninos pontos humanos, os asiáticos saltam à vista. Homens e mulheres têm sempre a cabeça e o rosto envoltos em lenços, a que acrescentam um chapéu de abas largas, como se estivessem enfiados em arrozais. É cultural: não querem a pele mais escura e o sol refletido durante horas no rio tisnas-lhes a tez. Alguns barram o rosto com tanaka, uma pasta amarelo-claro protetora, tradicional da vizinha Birmânia. Chegam e partem do rio em bicicletas. É só segui-los pelo atalho ao lado da base aérea para chegar ao local onde estão a morar, um lote industrial, paredes-meias com o cemitério.
Nos barracões de que é feita a improvisada aldeia, ninguém fala português, apesar de as plantas aromáticas crescidas e a criação de perdizes e galinhas indicarem que já lá estão há algum tempo, talvez ano e meio. Comunicam por sorrisos
As casas não são casas, são uma dúzia de armazéns convertidos, são paredes de betão e piso de pedra transformados em habitação permanente open space, cada uma com seis a sete moradores. Não há divisões, há tendas de campismo montadas no chão, individuais e familiares, há uma autocaravana com calendários desnudos, há colchões poisados, paredes feitas de lençóis, cozinhas improvisadas e sujas, pacotes de vinho branco e maços de tabaco em cada canto, uma mercearia paralela. Na rua, estruturas construídas com canas de bambu servem de estendal aos fatos de mergulho e roupas encharcadas. Não há como esconder em que trabalham.
Ninguém fala português, apesar de as plantas aromáticas crescidas e a criação de perdizes e galinhas indicarem que já lá estão há algum tempo, talvez ano e meio. Comunicam por sorrisos, convidam a entrar, riem com a tosse dos jornalistas incapazes de respirar devido às malaguetas que um deles torra no lume. No chão de uma das residências, um caixote de cartão diz o que eles não conseguem: Product of Thailand.
No dia da operação policial, que incluiu elementos da Unidade Antitráfico de Pessoas da Direção Central de Investigação do SEF, mantiveram o silêncio mas não o sorriso. Estão todos legais em Portugal, com cartões de residência provisória, mas nem todos isentos de culpa. A atividade que praticam é ilegal e a abertura de um dos portões verdes revelou um armazém clandestino, de recetação e expedição, com mesa de separação de bivalves, balança e uma arca frigorífica onde estavam 22 sacas de amêijoa, num total de 660 quilos, avaliados em mais de 4500 euros, apreendidos pela Polícia Marítima. Aí só vivia um tailandês. A exclusividade do dormitório, a responsabilidade da guarda, a forma mais cuidada de vestir — calçado e de pullover, a mostrar que não vai às marés —, a posse de um carro português, denunciou-o como encarregado, intermediário do intermediário que explora a comunidade. Quem os explora é um português, ou vários. A investigação é recente, ainda há muito por apurar.
Oriundos do leste da Tailândia, entraram legalmente em Portugal para trabalhar na agricultura, contratados para a apanha de frutos em quintas da zona Oeste e Alentejo. A cada fim de campanha foram para a próxima e acabaram ali, ainda não se sabe bem como ou através de quem. Em processos anteriores, ficou provado que a vulnerabilidade dos tailandeses atrai os traficantes. Pouco instruídos, pobres, não têm noção da exploração. Quem tinha pouco no seu país não se importa de trabalhar por quase nada, que é mais do que alguma vez teve. E são conhecidos por trabalharem muito e sem reclamar. É a mistura perfeita.
O controlo sobre eles terá sido posterior à sua chegada ao Samouco. São obrigados a fazer duas marés por dia e é definida a quantidade de amêijoa grande — a mais valiosa, existente nos bancos mais inacessíveis — que têm de apanhar e entregar apenas a determinado intermediário. A mais pequena podem negociá-la desde que não afete a quota estabelecida. O incumprimento da última regra deixou recentemente uma tailandesa com uma perna e um braço engessados.
Para dormirem nos armazéns, propriedade de uma conhecida família do Samouco, pagam 70 euros cada um. Os donos foram lá chamados no dia da operação do SEF, disseram-se beneméritos, que só estavam a ajudar, que não cobram luz nem água, mas alugam cada garagem, como se uma casa fosse, a €240 euros por mês — e são uma dúzia com lotação esgotada, o que já obrigou à dispersão por uma quinta na freguesia e por alguns apartamentos.
A situação de domínio sobre os romenos não é muito diferente. Chegaram ao Samouco há vários anos para trabalhar na agricultura, ajudados por um acordo de geminação com uma cidade da Roménia. Começaram a ser notados na apanha em 2012, 2013, empurrados pela crise económica que os deixou sem trabalho. Pode, aliás, dizer-se que foi a troika que impulsionou a exploração ilegal no estuário do Tejo: a amêijoa, originária do Japão, já andava por lá desde o início do século XXI, introduzida por pescadores, tornando-se rapidamente invasora, graças ao longo ciclo reprodutivo e grande fecundidade.
Hoje, a comunidade romena é dominante nas águas, alimentada semanalmente por camionetas que trazem de Satu Mare 46 pessoas de cada vez, angariadas por passa-palavra comunitário e anúncios em jornais romenos para “Trabalhar na Fábrica da Amêijoa do Samouco”. Chega um autocarro todos os domingos por volta da hora do almoço ao estacionamento do supermercado E.Leclerc do Montijo. O congénere que gere a rota de imigração distribui-os depois por apartamentos, sete a oito em cada casa, entrega-lhes a ganchorra, o fato de mergulho, tudo somado numa conta que os prende. “Estão livres, legais em Portugal, têm com eles a documentação, mas há um domínio através da dívida que contraíram e que lhes reduz os ganhos diários e os obriga a vender exclusivamente ao credor”, explica o chefe José Faustino.
Só as ganchorras custam 600 euros cada. Numa operação, a PM desmantelou um armazém com cerca de 30, cada uma com um papelinho com o nome do mariscador, quase todos romenos. Uma vez no rio têm ainda que pagar cinco euros cada para entrarem nos barcos, também propriedade do credor, que os levam para mais longe. Parecem refugiados, 10, 20, 30 em cada embarcação, corpos apertados entre aparelhos de faina, mochilas e sacas. Os que trabalham como mergulhadores — maioritariamente em Alcochete — tentam economizar nos gastos e muitos usam botijas artesanais, que não são mais do que garrafas de imperial de pressão a que adaptam um redutor e enchem de oxigénio, vindo de botijas roubadas nos hospitais.
No único levantamento abrangente sobre a negócio ilegal no estuário, realizado entre janeiro e dezembro de 2015 por seis investigadores do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) da Universidade Nova de Lisboa, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Universidade de Lisboa e do IPMA, apurou-se que existiriam então 35 intermediários e mais de 1700 mariscadores, quase todos homens, concentrados na cala do Montijo e no Samouco. “A maioria das capturas tem como destino Espanha, por canais ilegais, sendo os benefícios deslocalizados para aquele país. A elevada importância socioeconómica direta desta atividade é largamente reconhecida, requerendo a adoção de medidas de gestão e regulamentação específica para a pesca deste bivalve”, concluem no relatório, entregue ao Ministério do Ambiente.
Os criminosos tem menos de um ano para explorar o rio. Segunda-feira é dia de Natal. Às primeiras horas da madrugada, o estuário vai encher-se de pontos luminosos, espécie de pirilampos espalhados ao acaso, concentrados nas imediações da Ponte Vasco da Gama
Este ano, um estudo do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro e do MARE, dedicado unicamente à análise da contaminação da amêijoa japónica do Tejo por metais e metaloides, apurou que a ingestão destes bivalves pode constituir um risco para a saúde. Mesmo os que são apanhados nas zonas com baixa contaminação dos sedimentos, sendo que, “basta um consumo inferior a um quilo de amêijoas por semana para haver consequências na saúde”. Na sequência destas conclusões, as duas cientistas envolvidas recomendam que “a identificação de áreas de risco elevado para a apanha de amêijoa para consumo humano seja considerada com seriedade pelas autoridades locais e pelos pescadores”.
A resposta oficial chegou em julho, pela ministra do Mar. Ana Paula Vitorino anunciou a criação da primeira central de depósito, transposição e valorização de bivalves do país, na antiga central da EDP, no Lavradio (Barreiro), para possibilitar a comercialização dos recursos do Tejo em condições de salubridade. Financiada pelo Mar2020, tem data de abertura marcada para o segundo semestre de 2018. A medida vem acompanhada de um novo Plano Sanitário do Estuário do Tejo, a realizar pelo IPMA, e da monitorização da zona em diferentes pontos, que poderá alterar as classificações atuais de proibição.
Se resultar, o crime tem menos de um ano para explorar o rio. Segunda-feira é dia de natal. Nas primeiras horas da madrugada, o estuário vai encher-se de pontos luminosos, espécie de pirilampos espalhados ao acaso, concentrados aqui e ali nas imediações da Ponte Vasco da Gama. Mas não há nada de festivo na imagem. A maré baixa apanha a noite e os apanhadores rumarão ao rio com luzes de mineiro na cabeça a apontar ao lodo. Até ao dia de Reis é época alta. E esta poderá ser a última.
Já ninguém se recorda de Deus no Natal. Há tanto estrondo de corneta e fogos-de-artifício, tantas guirlandas de focos de cores, tantos perus inocentes degolados e tantas angústias de dinheiro que ultrapassam nossos recursos reais que podemos nos perguntar se a alguém resta um instante para perceber que semelhante alvoroço é para celebrar o aniversário de uma criança que nasceu há 2000 anos numa estrebaria de miséria, a pouca distância de onde havia nascido, uns mil anos antes, o rei David. Novecentos e cinquenta e quatro milhões de cristãos crêem que essa criança era Deus encarnado, mas muitos celebram-no se na realidade não o acreditassem. Celebram-no além disso muitos milhões que nunca o acreditaram, mas agrada-lhes a pândega, e muitos outros estariam dispostos a virar o mundo do avesso para que ninguém continuasse a acreditar. Seria interessante averiguar quantos deles crêem também, no fundo da sua alma, que o Natal de agora é uma festa abominável, e não se atrevem a dize-lo por um preconceito que já não é religioso e sim social.
O mais grave de tudo é o desastre cultural que estes Natais pervertidos estão a causar na América Latina. Antes, quando só tínhamos costumes herdados da Espanha, os presépios domésticos eram prodígios de imaginação familiar. A criança Deus era maior que o boi, as casinhas encarapitadas nas colinas eram maiores que a virgem, e ninguém dava atenção a anacronismos: a paisagem de Belém era completada com um comboio de corda, com um pato de pelúcia maior que um leão que nadava no espelho da sala, ou com um agente de trânsito que dirigia um rebanho de cordeiros numa esquina de Jerusalém. Acima de tudo punha-se uma estrela de papel dourado com uma lâmpada no centro, e um raio de seda amarela que deveria indicar aos Reis Magos o caminho da salvação. O resultado era antes feio, mas parecia connosco, e naturalmente era melhor do que tantos quadros primitivos mal copiados do aduaneiro Rousseau.
A mistificação começou com o costume de que os brinquedos não fossem trazidos pelos Reis Magos – como sucede em Espanha com toda a razão – e sim pela criança Deus. Nós crianças deitávamo-nos mais cedo para que as prendas chegassem logo, e éramos felizes ouvindo as mentiras poéticas dos adultos. Entretanto, eu não tinha mais de cinco anos quando alguém na minha casa decidiu que já era tempo de revelar-me a verdade. Foi uma desilusão não só porque eu acreditava deveras que era a criança Deus que trazia os brinquedos, como também porque teria querido continuar a acreditar. Além disso, por pura lógica de adulto, pensei então que os outros mistérios católicos também eram inventados pelos pais para entreter as crianças, e fiquei-me no limbo. Aquele dia – como diziam os mestres jesuítas na escola primária – perdi a inocência, pois descobri que tão pouco as crianças eram trazidas de Paris pelas cegonhas, o que é algo que ainda gostaria de continuar a acreditar para pensar mais no amor e menos na pílula.
Tudo isto mudou nos últimos trinta anos, mediante uma operação comercial de proporções mundiais que é ao mesmo tempo uma devastadora agressão cultural. A criança Deus foi destronada pelo Santa Claus dos gringos e dos ingleses, que é o mesmo Papá Noel dos franceses, aos quais todos conhecemos demasiado. Chegou-nos com tudo: o trenó puxado por um alce, e o abeto carregado de brinquedos sob uma fantástica tempestade de neve. Na realidade, este usurpador com nariz de cervejeiro não é outro senão o bom São Nicolau, um santo ao qual quero muito é o do meu avô coronel, mas que nada tem a ver com o Natal, e muito menos com Noite Boa tropical da América Latina. Segundo a lenda nórdica, São Nicolau reconstruiu e reviveu vários escolares que um urso havia despedaçado na neve, e por isso proclamaram-no patrono das crianças. Mas a sua festa celebra-se em 6 de Dezembro e não a 25. A lenda tornou-se institucional nas províncias germânicas do norte em final do século XVIII, junto à árvore dos brinquedos, e há pouco mais de cem anos passou à Grã-Bretanha e à França. A seguir passou aos Estados Unidos, e estes enviaram-na para a América Latina, com toda uma cultura de contrabando: a neve artificial, as velas de cores, o peru recheado e estes quinze dias de consumismo frenético ao qual poucos de nós se atrevem a escapar. Contudo, talvez o mais sinistro destes Natais de consumo seja a estética miserável que trouxeram consigo: esses cartões postais indigentes, esses cordões de luzinhas de cores, esses sininhos de vidro, essas coroas de visco penduradas no umbral, essas canções de atrasados mentais que são os cânticos traduzidos do inglês; e tantas outras estupidezes gloriosas para as quais nem sequer valia a pena haver inventado a electricidade.
Tudo isso, em torno da festa mais espantosa do ano. Uma noite infernal em que as crianças não podem dormir com a casa cheia de bêbados que se enganam de porta à procura de onde desaguar, ou a perseguir a esposa de outro que por acaso teve a boa sorte de cair adormecido na sala. Mentira: não é uma noite de paz e amor, e sim todo o contrário. É a ocasião solene da gente que não se quer. A oportunidade providencial de cumprir os compromissos adiados por indesejáveis: o convite ao pobre cego que ninguém convida, à prima Isabel que ficou viúva há quinze anos, à avó paralítica que ninguém se atreve a mostrar. É a alegria por decreto, o carinho por lástima, o momento de presentear porque nos presenteiam, e de chorar em público sem dar explicações. É a hora feliz de os convidados beberem tudo o que sobrou do Natal anterior: o creme de menta, o licor de chocolate, o vinho de banana. Não é raro, como sucede amiúde, que a festa termine a tiros. Nem é raro tão pouco que as crianças – ao verem tantas coisas atrozes – acabem por crer realmente o menino Jesus não nasceu em Belém e sim nos Estados Unidos
Bassem Tamimi, o pai da adolescente ativista palestiniana detida a 18 de dezembro por militares israelitas, mostrou-se satisfeito e orgulhoso, em exclusivo para a euronews, por a filha se ter tornado um ícone na luta pela liberdade da Palestina.
O pai de Ahed Tamimi diz que o caso ganhou destaque porque a filha não corresponde à imagem típica ocidental de um ativista palestiniano.
Bassem Tamimi: "[Os israelitas] estão chocados porque ela é loira. Isso arrasou toda a propaganda que mostra os palestinianos como terroristas. Viram palestinianos que são vítimas. Não vítimas inúteis que estão em combate, mas pessoas que estão de pé a lutar contra estes soldados. Ela não tem nada nas mãos. Ninguém pode ver isto e não apoiar.
"Nós encorajamos a nossa filha e os nossos filhos a participar na resistência. Queremos fortalecê-los porque a ocupação existe nas suas vidas. Toda a nossa ação é uma resistência não-violenta, mas isso não significa que não possamos usar outros meios, no Direito internacional. Temos de resistir de qualquer forma.
"Se Ahed se tornar um ícone, isso vai deixar-me feliz porque queremos que todos nesta geração empunhem a bandeira e sejam fortes o suficiente para lutar pelos seus direitos, pela liberdade, pela justiça e pela paz até que libertem a Palestina da ocupação."
Físico e matemático inglês, nasceu no dia 4 de Janeiro de 1643, em Lincolnshire, e morreu em 1727, em Middlesex. É conhecido pela formulação das três leis do movimento, consideradas os princípios da FísicaModerna, de onde resultou a formulação da Lei da Gravitação.
Newton estudou no Trinity College de Cambridge. O seu trabalho científico sofreu forte influência do seu professor e orientador Barrow (desde 1663), e de Schooten, Viète, John Wallis, Descartes, dos trabalhos de Fermat sobre retas tangentes a curvas; de Cavalieri, das concepções de Galileu Galilei e Johannes Kepler. Os trabalhos realizados sobre a teoria da gravitação foram expostos na obra Philosophia e Naturalis Principia Mathematica,publicada em 1687, onde Newton mostra que a Lei da Gravitação é universal. Como matemático, inventou o cálculo infinitesimal e descobriu o teorema do binómio. Em 1668, completou o seu primeiro telescópio de refracção, com que observou os satélites de Júpiter. A partir de 1672 passou a fazer parte da Royal Society, onde apresentou a sua teoria intitulada Nova Teoria sobre a Luz e a Cor, na qual enuncia que a luz branca é composta por muitas cores, tendo chegado a este resultado através de um prisma ótico. Todas as suas investigações sobre a luz e a cor foram reunidas na obra Óptica.
A história mais popular relacionada com Newton é a da maçã. Se por um lado essa história é um mito, o facto é que dela surgiu uma grande oportunidade para se investigar mais sobre a Gravitação Universal. A referida história envolve muito humor e reflexão. Diz-se que a maçã bateu realmente na cabeça de Newton, quando este se encontrava num jardim, sentado por baixo de uma macieira, e que o seu impacto fez com que, de algum modo, ele ficasse ciente da força da gravidade. A pergunta não era se a gravidade existia, mas se ela se estenderia tão longe da Terra que poderia também ser a força que prende a Lua à sua órbita. Newton mostrou que, se a força diminuísse com o quadrado inverso da distância, poderia então calcular correctamente o período orbital da Lua. Ele supôs ainda que a mesma força seria responsável pelo movimento orbital de outros corpos, criando assim o conceito de "gravitação universal". O escritor contemporâneo William Stukeley e o filósofo Voltaire foram duas personalidades que citaram a maçã de Newton em alguns dos seus textos..
Isaac Newton. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (imagens)
Newton (1702), por Godfrey Kneller, na National Portrait Gallery, Londres
A igreja católica (de Roma) tem lucro de milhões, com isenções indecentes aprovadas pelo Estado Português que (diz ser) é laico. Desde edifícios de luxo, colégios e hospitais particulares, passando pelas IPSS, a "Igreja de Cristo" arranja maneira de arrecadar milhões sem pagar impostos. Em Fátima, por exemplo, a Igreja Católica tem hotéis onde milhares de pessoas ficam hospedadas e pagam caríssimo pela hospedagem. Esses hotéis, porém, estão registados como "seminários que preparam jovens para a vida religiosa". E para quê? Para não pagarem impostos ao abrigo da Concordata assinada entre a Santa(?) Sé e o Governo de Portugal, em 1940. Foram alteradas leis laborais, fizeram-se reformas fiscais, aumentaram-se impostos, cortou-se nos vencimentos e pensões, tudo em nome de uma crise que levou à miséria milhares de famílias e provocou estragos irrecuperáveis mas a famosa Concordata continua em vigor, fresca que nem uma alface, e aplica-se a toda a força. A Igreja de Roma saiu ilesa e continua a facturar milhões, fugindo aos impostos e enriquecendo descaradamente, enquanto vai pregando o amor e dizendo: "Abençoados os pobres que deles será o reino dos céus". A C.Social tem berrado aos 4 ventos sobre a Lei de Financiamento dos Partidos; alguns comentadeiros foram às TV(s) muito zangados, revoltados, irados, denunciando essa grande injustiça mas NENHUM deles se lembrou que a Igreja Católica (e apenas esta porque as outras Igrejas pagam) está isenta de impostos, até nas situações em que não existe exercício de serviço religioso. Afinal de contas todos conhecemos a causa da "dor de barriga" dos revoltados... assim como sabemos qual foi o objectivo da aprovação dessa lei, no tempo do nada saudoso cavaco, tal como sabemos qual foi o partido que ele quis atingir...! Ana Sara Cruz in facebook
Entrevistado pelo Público, António Saraiva, o «patrão dos patrões», afirma que o «novo PSD devia libertar o Governo da dependência que tem da esquerda». Consideraque o Governo tem estado prisioneiro da esquerda, em particular do PCP, e que isso põe em perigo «reformas estruturais».
Aconselha mesmo o PSD a apoiar mais o Governo para que ele se possa libertar dessa terrível dependência capaz de comprometer as finanças públicas, o empreendedorismo e a confiança dos patrões.
Não podia ser mais claro sobre a actual fase da vida política e sobre os verdadeiros incómodos que lhe causa o facto de, nesta correlação de forças, o PCP conseguir determinar avanços favoráveis aos trabalhadores, ao povo e ao País. E mais, que por causa do PCP não se avance tão depressa quanto queria nas «reformas estruturais» que a Paf (Coligação PSD/CDS) tinha prometido prosseguir e que, se tivesse tido a desejada maioria absoluta, há muito estariam em acelerado andamento.
Faltou-lhe reconhecer, em abono da verdade, que o que recomenda ao PSD é há muito a sua prática corrente: nas questões estruturais, sempre que estejam em causa orientações e ditames da União Europeia e do capital monopolista, o PS pode contar com o apoio do PSD e do CDS.
Talvez, então, a sua preocupação maior tenha a ver com a determinante intervenção do PCP que, com a luta dos trabalhadores e do povo, mesmo perante um Governo que não rompe com as suas opções de fundo, seja capaz de imprimir avanços na defesa, reposição e conquista de direitos obstaculizando as reformas que gostaria de ver feitas.
Não o afirma, é certo, mas deixa implícito um receio bem maior: que o PCP se reforce, que a luta cresça, que mais democratas e patriotas percebam que para resolver os verdadeiros problemas do País há uma ruptura que se mostra inadiável e uma alternativas que urge construir.
O «patrão dos patrões» manifesta-se preocupado com a acção do PCP. E, convenhamos, tem boas razões para isso.
Com toda a Força da Tradição, as Charolas regressam a São Brás de Alportel no início do ano, para dar as boas-vindas a 2018 e desejar um ano repleto de prosperidade a todos. O programa de atuações decorre de 1 a 7 de janeiro, em diversos locais do concelho.
Com os cânticos e as “vivas” habituais, improvisadas ao sabor do momento, o Programa de Valorização das Tradições Musicais “Charolas, a Força da Tradição”, arrancou a 1 de janeiro com a atuação do Grupo de Charolas dos Machados, na sede do Grupo Desportivo e Cultural de Machados.
Esta sexta-feira, 5 de janeiro, a partir das 10h00, as charolas do Centro Infantil António Calçada, integrado na Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel, vão soar porta a porta pelas ruas de São Brás de Alportel.
No Dia de Reis, 6 de janeiro, logo pelas 9h30, as Charolas da Mesquita, dos Machados e o grupo “Os Carolas”, animam o Mercado Municipal de São Brás de Alportel. Estes três grupos partem em “digressão” pelo concelho na parte da tarde, com paragens programadas em: Alportel, Almargens, Parises, Mealhas, Vilarinhos, São Romão e na vila de São Brás de Alportel.
O Centro de Convívio de Parises celebra os seus cinco anos de atividade, pautados por muito trabalho e empenho, a 6 de janeiro com uma tarde animada que conta com a atuação da Charola dos Machados, a partir das 15h30.
O Cineteatro São Brás acolhe o XXXV Encontro de Charolas de São Brás no Dia de Reis, a partir das 21h00. Para esta edição de 2018 estão confirmadas as atuações dos grupos de charolas: “Ossónoba de Estoi”, do Grupo Desportivo e Cultural dos Machados, do Grupo Etnográfico de Quelfes, “Os Carolas”, da Mesquita e Flor de Lis.
O ciclo do programa de valorização das tradições musicais termina no domingo, dia 7 de janeiro, pelas 15h00, no Salão de Festas da Santa Casa da Misericórdia com a atuação das charolas do concelho.
Seleção de Júlio Marques Mota e tradução de Francisco Tavares
2. As reduções de impostos do Pai Natal
Por Paul Krugman
O Pai Natal vem à cidade com presentes para os perversos e ricos
É mais uma vez aquela época do ano. Em que alguns de nós receberemos prendas bonitas, e outros receberão pedaços de carvão.
Mas as regras mudaram, pelo menos no que diz respeito ao governo federal. O Pai Natal que conhecíamos está de férias. Em vez dele temos um Pai Natal republicanos que reduz impostos, e tem prioridades diferentes.
Este tipo recompensá-lo-á se você for mau mas de maneira correta. Mas principalmente ele preocupa-se você for rico, especialmente se a sua riqueza vier da propriedade (preferivelmente herdada), não de trabalho duro. Nesse caso, você receberá verdadeiramente um grande presente. Se você for uma família trabalhadora comum, nem por isso — e eventualmente receberá pedaços de carvão.
Falemos pois sobre de quem serão as meias que ficarão bem recheadas com a lei fiscal que os republicanos acabaram de impor sem ouvir qualquer especialista e sem um só voto democrata.
O ponto central é uma enorme redução de impostos para as empresas. Os Republicanos afirmam que isto se repercutirá em salários mais elevados para os trabalhadores, mas a maior parte dos estudos concluem que pouco gotejará para os trabalhadores. Deste modo, isto será basicamente uma redução de impostos para os acionistas.
E quem são estes acionistas? Cerca de um terço dos benefícios irão para estrangeiros. Entre os residentes dos Estados Unidos, muitos têm ações em contas de reforma, mas normalmente não muito. Mesmo incluindo as participações através de fundos de investimento, os agregados familiares mais ricos, do topo de 1%, detêm 40% das ações, enquanto os 80% que formam a parte inferior, os mais pobres detêm apenas 7%. Assim quando chegarem as reduções do Pai Natal será bom ser-se rico.
Entretanto, coisas complicadas acontecerão com os impostos individuais: algumas deduções aumentarão, outras serão cortadas. No próximo ano, a maioria das pessoas terão provavelmente uma pequena redução, embora para a classe média vá ser uma redução menor do que a que tiveram com Barack Obama em 2009 — uma redução fiscal que quase ninguém deu por ela.
Fundamentalmente, contudo, enquanto as reduções fiscais para as empresas são permanentes, todas estas coisinhas boas individuais estão preparadas se desgastarem ao longo do tempo e depois acabarem, de modo que quando a lei esteja plenamente implementada a maioria das famílias da classe média verá os seus impostos aumentar.
Os Republicanos dizem que os Congressos no futuro ampliarão as deduções individuais — ou seja, estão a dizer que a sua própria lei é tão má que não será implementada tal como está redatada.
Agora, vem a parte em que vale a pena ser mau.
A segunda parte mais importante desta lei fiscal é uma redução drástica para os proprietários de negócios, que pagarão muito menos impostos do que as pessoas que tenham o mesmo rendimento mas trabalhem por conta de outrem.
Isto discriminará os contribuintes de um modo que não tem relação com qualquer objetivo político coerente. Todavia, oferecerá um inesperado ganho financeiro a numerosos políticos eleitos, especialmente Donald Trump.
E também abrirá a porta a muito jogo com o sistema tributário.
O truque óbvio é continuar a fazer o que já faz atualmente, mas redefinindo-se como trabalhador independente em vez de empregado por conta de outrem. A lei contém normas que supostamente limitarão este tipo de abuso, mas os especialistas fiscais já encontraram enormes lacunas. E nos meses que se seguem, à medida que milhares de contabilistas e advogados de topo metam mãos á obra, é de esperar que apareçam mais vias para fugir ao fisco — mas apenas para os ricos e os bem relacionados.
Vejamos um exemplo que já conhecemos. Imaginemos uma empresa composta por vários médicos. Segundo as novas normas, uma tal empresa não teria direito à redução fiscal (ainda que se fosse de arquitetos teria. Porquê? Quem sabe?). Mas os medicos podem contornar a norma se comprarem o edifício onde trabalham e cobrando a si mesmos uma qualquer renda exorbitante. Aí está! Conseguirão pagar impostos muito mais baixos — porque os grupos económicos de investimento imobiliário conseguem a grande baixa tributária.
Ou então imagine que alguns colegas meus formam uma empresa de consultoria económica. Essa empresa não teria direito a desagravamento fiscal. Mas imagine ainda que a empresa comece também a vender camisetas excêntricas ou pedantes. Com um pouco de mágica, parece que poderão definir-se como uma empresa de camisetas e assim pagarão menos em impostos.
Deste modo, haverá centenas de jogadas como esta para evadir os impostos, custando aos contribuintes muitos milhares de milhões em perda de receita fiscal. Mas somente aqueles que são prósperos e matreiros conseguirão fazer estas jogadas. Como disse, a redução fiscal do Pai Natal recompensa realmente se se for mau da maneira correta.
E que dizer dessas promessas de que os ricos não beneficiariam de redução de impostos, de que o sistema tributário seria mais simples, de que a declaração caberia num simples postal? Tudo o que se pode dizer é, como diz o Pai Natal, ho ho ho!
O capital já esgotou os partidos que vêm servindo a sua democracia, o povo deles descrê, há que encontrar outras soluções. Daí os constantes arremessos, desautorizações, incitamento à corrupção para de seguida a desvendar deixando os partidos do arco-do-poder ensarilhados, desprotegidos, conspurcados. Os media de que o capital dispõe encarregam-se do resto.
A solução está no ‘apartidarismo’ impulsionado e financiado pelos mesmos mentores, e frequentemente dirigidos por dissidentes dos partidos que se esvaíram. E não é necessário ir muito longe no tempo e no espaço. Na Grécia o multimilionário Soros apoiou o Syrisa que tomou o lugar da esquerda e direita do sistema, para continuar ‘legitimado’ pelo voto, a fazer igual ou pior. Em França aparece um novo partido sem história com o ‘dissidente’ de um PS apodrecido, e na Itália é o que se sabe.
Por cá o caso tem sido mais complicado, o PCP frustra-lhes as ofensivas, e a Lei dos partidos de 2003 que lhe foi dirigida, não resultou como previam. Havia necessidade de voltar ao ataque, envenenando a opinião pública e procurando ao mesmo tempo fazer crer que os partidos são todos iguais.