Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

05
Jan18

MEDUSA RARA PARECE UMA EXPLOSÃO DE FOGO DE ARTIFÍCIO (VÍDEO)

António Garrochinho



Pesquisadores a bordo do Nautilus E/V celebraram o novo ano com um convidado improvável, uma linda medusa Halitrephes maasi encontrada a uma profundidade de 1.200 metros no Arquipélago Revillagigedo, Baja California, no México. A água-viva vibrante parece uma explosão impressionante de fogos de artifício quando seus tendões iluminados e corpo translúcido refletem a luz do ROV, mas de outra forma viajaria em uma obscuridade visual quase que completa.

VÍDEO




www.mdig.com.br
05
Jan18

O Diabo não mora na Coreia do Norte

António Garrochinho


A mentira do ano é o perigo da Coreia do Norte.
Agora é que é. A Coreia do Norte lançou um míssil que caiu no mar do Japão. As sirenes japonesas soarem e os japoneses abrigaram-se com os telemóveis. Qualquer dia os coreanos nortenhos acertam na ponte de São Francisco, ou nos Óscares de Hollywood, ou num casino de Las Vegas. Os coreanos estão cada vez com mais alcance, potência e precisão nos disparos. Descobriram um Viagra nuclear! Temos um problema com a Coreia do Norte, anuncia a Casa Branca.
O problema da Coreia do Norte. Há algum problema com a Coreia do Norte? Se há, quem tem problemas com a Coreia do Norte que se acuse! Fraco mundo que não teve problemas com 2 guerras mundiais, nem com destruição do Iraque, do Afeganistão, da Siria, da Palestina, da Ucrânia, da Líbia, do Mali, do Congo, mas tem agora, por debaixo da trunfa de Trump, a Coreia do Norte como problema principal! O Trump está a ver a Coreia do Norte com os binóculos ao contrário e com o cabelo dentro do crânio.
O problema da Coreia Norte é o problema de ter Trump como presidente dos Estados Unidos. Se não existisse Trump na Casa Branca não existia problema com a Coreia do Norte. Logo, o problema Coreia do Norte é, afinal, o problema Trump. O problema não é a pistola. É o paranóico que ameaça pegar fogo ao bairro onde vive o tipo que tem uma pistola. Alguém, na América, tem de ensinar o Trump a usar uns binóculos!
O grupo de generais que governa os Estados Unidos desde o Verão tem um problema com Trump como presidente dos Estados Unidos. Não podem fazê-lo desaparecer em Guantanamo, nem numa das prisões que a CIA gere em outsourcing pelo mundo, como faz aos doidos islâmicos, nem pode estar à mercê dos seus humores e efabulações para além da obtenção de licenças de construção civil para Torres Trump.
A solução clássica num caso de problemas internos difíceis é encontrar um inimigo externo e ampliar a sua perigosidade. Os pais utilizam o truque do papão que vem de fora para fazer mal aos meninos se eles não se portarem bem, isto é, se não aceitarem obedecer. Os generais americanos, que ocupam agora todos os lugares chave da administração Trump, conhecem a história. Para eles, Trump é o infante inconsciente e irresponsável, o puto das birras.
Para o bom andamento dos negócios do complexo militar industrial e de Wall Street é indispensável um elevado grau de previsibilidade na política interna e externa dos EUA. Ter uma bicha de rabiar num paiol não favorece os investimentos. O Trump espirra caspa da cabeleira e pode carregar no botão do disparo dos misseis enquanto coça o coiro cabeludo.
Agora, que o documento-guia da estratégia dos EUA para os próximos anos está já aprovado, o problema da Coreia do Norte saiu das páginas dos jornais e dos ecrãs de televisão. Já não surgem , ou raramente aparecem imagens de foguetes a brilharem nas pantalhas escuras da noite. O problema Coreia do Norte desapareceu. Mantém-se o problema Trump. O verdadeiro problema.
A Coreia do Norte não representou, nem representa perigo para ninguém, a não ser para os coreanos que morrem de fome e de doenças.
Quem está em perigo com Trump no poder são os 50 milhões de pobres, de ultra-pobres, nos Estados Unidos que vão ficar ainda mais desprotegidos, mais castigados pelo pecado de serem pobres, mais expostos à doença, ao desemprego, à fome. Estão também em perigo, mas eles andam tão felizes, os médios investidores em Wall Street, que correm o sério risco de se verem numa situação idêntica à de 1929! E com eles todos os que andam pelas bolsas nacionais com as suas poupanças e esperanças a ler os sinais do Dow Jones.
Os misseis da Coreia do Norte nunca fariam tantos mortos como a política social e económica de Trump causará, nem com tanta certeza. Para esconder esta quase inevitabilidade é necessário amplificar até ao absurdo a mentira do perigo dos foguetões e “missiliões” coreanos. Kim Jong-un está apenas a salvar a pele com a exibição dos seus obsoletos foguetes russos reaparafusados, mais ou menos como os Cadillacs dos anos 50 que os cubanos modernizam. Os anquilosados foguetes são o seguro de vida de Kim Jong-un, a granada que mantém no bolso enquanto diz aos que assassinaram o Saddam e o Khadafi: não me fazem o mesmo, porque se fizerem vão uns tantos comigo. Ninguém quer ir com o rapaz — e o Trump ainda menos que todos. Por outro lado os chineses e os russos consideram útil o Kim Jong-un. Daí que, não haja problema com o coreano, mas se mantenha o problema Trump.
Sendo assim, nem o jovem com cabelo em estilo de piaçaba, nem o velho com o cabelo em alcatifa de bordel vão disparar mais do que latidos de chimpanzés, um porque tem a supremacia ameaçada, o outro porque está com a vida em perigo.
A ameaça contra a América vem da própria América: das tensões resultantes do aumento da desigualdade social e étnica, da pauperização da classe média, em particular a branca, que se sente ameaçada e tenderá para a prática de acções progressivamente mais violentas. A ameaça da América provem ainda da especulação financeira, da dificuldade, que será cada vez maior, para manter o exclusivo da emissão do dólar como moeda de troca no mercado mundial.
A ameaça da América virá do seu enfraquecimento como ator principal no planeta, de potência determinante, resultante do isolacionismo em políticas fulcrais para o futuro como a do ambiente, a desvalorização do multilateralismo, a saída dos grandes fóruns de concertação como a ONU e outros organismos multilaterais que possibilitam o diálogo e o esfriamento de tensões.
O perigo para a América não está nos lança foguetes e nas ogivas do Kim Jong-un, está na Casa Branca, no Capitólio, no Pentágono, não está em Pyongyang mas em Washingon DC.
Nós, os povos do planeta, sofremos os mesmos perigos da América, mas não elegemos o Trump

medium.com
05
Jan18

ASSIM FOI O FESTIVAL SELVAGEM DE BORDOADA 2018 ONDE OS PERUANOS SALDARAM DIFERENÇAS DO ANO 2017

António Garrochinho


É um pouco estranho como algumas pessoas ainda não se deram conta de como funciona a web (ou estão chegando agora?) e não sabem como funciona um link. Alguns dias atrás publicamos um vídeo no Facebook com a seguinte chamada para o MDig, sobre o evento que acontece na província peruana de Chumbibilcas, em Cuzco, o Takanakuy. A coisa toda é bem curiosa e algumas pessoas queriam saber mais, apesar de que toda a informação estava a um clique de distância (link acima).

Infelizmente, alguns internautas, acham que o Facebook é a própria Internet (e está fazendo tudo para se tornar) sem se dar conta que a rede social é um instrumento de compartilhamento, e inclusive reclamam quando tem que "dar" um clique para fora dali. Triste...

O Takanakuy, para quem ainda não conhece, é uma forma de justiça comunitária que serve para aplacar os conflitos entre os residentes locais. Os participantes deste festival anual, que coincide com o final de ano, trocaram muitos socos e pontapés na semana passada, com o objetivo de saldar as contas pendentes e começar novamente ano. Os vídeos já começas a se espalhar pelo 

Youtube.

Takanakuy combina as palavras indígenas "takay", que significa luta", e "nakuy", que significa "mútuo" e os membros das comunidades asseguram que graças ao evento resolvem os conflitos e melhoram as relações entre si. Não é incomum ver dois brigões com o rosto sangrando trocando abraços e tomando uma bebida depois.

As brigas acontecem entre muita música regional, bebidas e clima de festa. Nem todos, entretanto, são obrigados a participar dos combates. Há aqueles que preferem olhar desde as tribunas localizadas sobre os recintos.

As altercações são pelas questões mais diversas, desde assuntos do coração, chifres e infidelidade até disputas legais e financeiras. Juízes e árbitros são os encarregados de declarar os ganhadores.

O evento serve como forma de justiça comunitária para aplacar os conflitos entre os residentes e permitir começar em um novo ano em paz. Fight!!!


www.mdig.com.br
05
Jan18

05 de Janeiro de 1876: Começa a construção da ponte ferroviária de D. Maria Pia, entre Porto e Vila Nova de Gaia.

António Garrochinho


Ponte ferroviária metálica construída sobre o Rio Douro, esta ponte, assim chama da em honra de Maria Pia de Saboia, é uma obra de grande beleza arquitectónica, cuja construção teve início a 5 de Janeiro de 1876. Projectada pelo Eng.º Théophile Seyrig foi edificada, entre 1876  e 1877, pela empresa Eiffel Constructions Métalliques.  Durante mais de um século, ligou a cidade do Porto ao Sul do País. Em 1991 o trânsito ferroviário passou para a Ponte de S. João, construída a muito pouca distância. A Ponte de D. Maria Pia é hoje monumento nacional. A Ponte de D. Maria Pia, permitiu concluir a ligação ferroviária entre o Porto e Lisboa que, na altura,terminava na estação das Devesas em Vila Nova de Gaia. Foi inaugurada em 1877. De facto, a revolução dos transportes em Portugal tornava urgente a ligação directa entre as duas principais cidades, assumindo a cidade do Porto a posição de nó de um conjunto de linhas importantes. As transformações operadas pela introdução deste meio de transporte na cidade são evidenciadas pela construção de novas estruturas ferroviárias (pontes, túneis,estações) e pelo reordenamento do tecido urbano em função da localização das estações .Em Maio de 1875 foi aberto um concurso público internacional para a seleção da empresa construtora. Das quatro soluções,apresentadas pelas companhias francesas Eiffel et Ce, Fiver Liles e Batignolles e pela inglesa Medd, Wrightson &Co, foi seleccionada a proposta dos engenheiros Gustave Eiffel e Théophile Seyrig, considerada a mais económica e elegante. De facto, o projecto de Eiffel, prevendo a construção de um tabuleiro horizontal ao nível da cota mais alta das margens, apoiado num enorme arco parabólico, revela uma especial atenção aos valores paisagísticos do vale do Douro, procurando os pontos de inserção mais favoráveis num local em que as margens mais se aproximam. Para além de concretizar um problema tecnicamente difícil que era a implantação de uma ponte numa escarpa acentuada, esta estrutura representa um sucesso do ponto de vista formal. O tabuleiro, com 354 metros de comprimento e 4,5 metros de largura, fica a 61 metros do nível das águas, assentando em seis pilares que apoiam sobre um arco com 160 metros de vão e 42,60 metros de flecha, formado por duas curvas parabólicas que no alto têm uma separação de dez metros. Apoia sobre rolos de fricção, o que possibilita a sua dilatação no sentido longitudinal e o torna independente dos movimentos do arco. A construção foi adjudicada em 5 de Janeiro 1876 e o contrato previa um prazo de construção de dezoito meses. O Inverno atrasou as obras que se fixaram em 22 meses, terminando em 30 de Outubro de 1877. No dia da conclusão foi realizada uma experiência de resistência tendo circulado dois comboios pela ponte.

Nesta construção, vigiada pelos engenheiros Pedro Inácio Lopes e Manuel Afonso Espregueira, trabalharam cerca de duzentos operários. A montagem do arco, a operação mais delicada exigiu a presença dos engenheiros franceses Emil Nouguier e Marcel Augevère.

A ponte foi inaugurada em 4 de Novembro, com assistência do rei e da rainha que daria o nome à ponte, esta estrutura manteve-se operacional até 1 de Junho de 1991.Depois desta obra notável, entre 1880 e 1884, Eiffel construiu em França o famoso viaduto de Gabarit, sobre a profunda garganta do Truyère, com 448 metros de vão e122 metros de altura, seguindo o modelo estabelecido para a Ponte D. Maria Pia.


Ponte de D. Maria Pia. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012.
paginas.fe.up.pt
repositorio-tematico.up.pt
Palácio Nacional da Ajuda

Ficheiro:Ponte d maria pia.jpg
Ponte D. Maria Pia -Gravura de 1887

Cópia do projecto original da Ponte de D. Maria Pia



 D.Maria Pia e D. Luís
05
Jan18

OPINIÃO - NÓS OS PROFESSORES

António Garrochinho




Os bullies destes dias não deixarão de ser surpreendidos pela resiliência e saber cívico dos professores portugueses.





Tem-se assistido nas últimas semanas, particularmente a partir da greve e manifestação de 15 de novembro, a um processo de autêntico bullyingcomunicacional contra os professores portugueses do ensino básico e secundário. O cenário é esmagador: não há personagem comunicacional de primeira ou terceira categorias (desde o habitual Miguel Sousa Tavares ao mais esdrúxulo psicólogo, jurista ou “comunicólogo”) que não tenha “molhado a sopa”. Mesmo os pivôs televisivos, regra geral circunspectos, sugerem orientações aos secretários de Estado, exigem firmeza, reclamam políticas, peroram sobre a carreira dos professores. O paroxismo foi atingido com José Miguel Júdice, ex-bastonário da Ordem dos Advogados e ex-libris do lumpem moral das grandes sociedades de advogados, quando chamou aos professores uma “raça”, inaugurando uma nova categoria de racismo ou fobia, digna do DSM: o racismo ou fobia profissionais. Disse Júdice que “os professores é uma raça [sic] muito excepcional... são pessoas diferentes do resto da humanidade”.

A profissão de professor é essencialmente ética. Diz respeito a fins pessoais e sociais a alcançar, dos alunos, da escola e das várias comunidades a que se encontra conectada. De modo amplo, os fins que se jogam nas suas tarefas profissionais são os que estão estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos do Homem, na Constituição da República Portuguesa e na Lei de Bases do Sistema Educativo. Pelo meio, bem entendido, há toda uma diversidade de especificidades e tensões. Desde logo, a principal responsabilidade dos professores é para com os seus alunos concretos, o que só pode ocorrer no contexto e assumindo aquela que é uma das suas principais características profissionais, a autonomia pedagógica e científica, sem as quais não é possível ser professor. Bem entendido, esta autonomia é de natureza tensional. Está em tensão com as comunidades locais, as direções das escolas, as demandas governamentais, os próprios interesses individuais dos alunos. A autonomia profissional é uma pré-condição básica da profissão, sem a qual não é possível responder à virtualmente infinita complexidade e plasticidade das situações pedagógicas concretas, à permanente evanescência relacional, cada dia, em cada sala de aula. A autonomia profissional dos professores nada tem a ver com fixações corporativas mas, pelo contrário, é condição de possibilidade de resposta ética e prática a cada um dos seus alunos. Sem autonomia profissional não há professores, mas simplesmente funcionários, repetidores, como se não houvesse alunos.
Há cerca de um mês publiquei um artigo aqui no PÚBLICO onde citava António Arnaut a defender que os médicos deveriam ter carreiras profissionais equivalentes às dos magistrados. Ora, se há especificidades no estatuto profissional dos magistrados são a autonomia profissional, a inamovibilidade e o muito razoável estatuto remuneratório. Escrevia eu nesse texto que esse raciocínio se devia aplicar com mais razoabilidade aos professores, já que a escola pública e os professores constituem a mais decisiva das infraestruturas democráticas, mais ainda que os médicos e o SNS. Sem os professores, ou com a sua diminuição, mais cedo ou mais tarde tudo rui. Descontando os júdices e os quintinos, a questão principal do debate sobre o papel dos professores na sociedade portuguesa diz respeito, justamente, à natureza do seu estatuto profissional. Vamos então por aí.
A somar a esta complexidade, as tecnologias pedagógicas são constitutivamente instáveis e não recolhem, nem podem recolher, consenso entre os profissionais da educação. Mais uma vez, o que funciona nuns casos pode não funcionar nos outros. As relações causais entre as ações dos professores e a configuração das aprendizagens não são suscetíveis de ser estabelecidas direta e positivamente. O que se ensina hoje, a ação de hoje, muitas vezes só refulge tardiamente e em conexão com eventos e relações que à partida não faziam sentido, mas que, de repente, começam a funcionar! Simplesmente não há como estabelecer tecnologias positivas de ensino-aprendizagem. Os jovens não se deixam padronizar.
Assim sendo, e sem aprofundar o assunto, a autonomia profissional dos professores está em tensão especial com a ideia vulgar de avaliação profissional, vista de um ponto de vista de prestação de contas metricamente definida, como comummente é pensada nas empresas e nas profissões imediatamente instrumentais, e que configuram o senso-comum sobre o assunto. Sendo cada aluno, cada turma, cada escola e cada professor âmbitos específicos de responsabilidades, necessidades e respostas éticas e pedagógicas, não é possível estabelecer referenciais e padrões objetivos do que seja um bom professor, a não ser de modo negativo. É certamente possível definir-se o que é um mau professor, mas é impossível definir o que é um bom professor. Um bom professor num sítio pode ser um mau professor noutro, o que não faz dele integralmente mau ou excelente. A ideia segundo a qual é possível estabelecer um padrão objetivável do que seja um bom professor ou o desvio relativamente a esse padrão conduz, inevitavelmente, à perda da autonomia profissional e à sua calcificação, impedindo-o de responder às necessidades dos seus alunos, substituídas pelas necessidades do sistema de injunções métricas-avaliativas. Porque é que isto é assim? Porque os professores lidam com crianças e jovens, pessoas em estado especialmente plástico do ponto de vista emocional, cognitivo e social; porque lhes compete ensinar criando âmbitos relacionais sumamente complexos; porque os seus saberes, essencialmente práticos, estão em mutação permanente, quer do ponto de vista especificamente científico, quer do ponto de vista metodológico e ético; porque, justamente, o entorno da escola é o mundo todo e a posição do professor enquanto interface entre as crianças e os jovens e o mundo é do tamanho dessa complexidade. Não há, então, nada mais difícil e complexo que ser professor, e tanto mais quanto mais jovem é o seu aluno.
Quer isto dizer que não é possível avaliar os professores? De todo, não. A questão é o que entendemos por avaliação docente. Já vimos que se “avaliação” quer dizer medir a distância de cada prática relativamente a um padrão profissional objetivo e “excelência” (não há palavra mais repugnante, no contexto da profissão de professor), a resposta já foi dada. Não, isso não é possível. Nem desejável. Mais do que isso, a “pulsão avaliativa” e observacional dos políticos é quase sempre mecanismo de legitimação das políticas e não instrumento de melhoria, correspondendo antes à paranoia panótica internalizada na sociedade de transparência e de vigilância integrais em que nos transformamos. Então como avaliar os professores? A coisa é técnica e temo que os poucos leitores que tenham conseguido chegar a este parágrafo não sigam daqui para a frente. É sempre mais fácil ouvir o júdice ou o quintino. Mas a resposta, de muita gente de várias áreas de especialidade, e minha, é que a avaliação dos professores não pode senão consistir num sistema de interpretação e diálogo permanentes entre os professores e as suas práticas. Um sistema de interpretação permanente não liga com a ideia de prestação de contas e medição categorial. Eu sei. E ainda bem. Como se faz isso, então? Instituindo, como está instituído, mecanismos de mediação e debate pedagógico nas escolas e fora delas, a que os professores tenham que recorrer, como recorrem... desde que lhe deem tempo. Sem tempo nada feito. Não há avaliação possível. Nem interpretativa, nem objetiva (que não é avaliação).
E que tem tudo isto a ver com as carreiras? A carreira profissional dos professores não é um sistema de antiguidade. Isto já foi dito mil vezes, mas o seu contrário foi dito um milhão. Mas mais vale dizê-lo, então, mais uma vez. A progressão na carreira dos professores depende de uma acumulação necessária de três fatores: avaliação de desempenho; formação contínua; tempo de serviço. E a progressão ao quinto e sétimos escalões depende de vagas, estabelecendo uma barragem administrativa à progressão. Também não é verdade que todos os professores tenham as mesmas funções. A supervisão pedagógica e a coordenação dos departamentos científicos/pedagógicos são exclusivos dos professores do quarto escalão ou superiores. É certo, e assim é que está bem, que os coordenadores de departamento não são, nas escolas básicas e secundárias, superiores hierárquicos dos outros professores, mas apenas coordenadores das equipas pedagógicas, desde logo porque são eleitos (de entre os professores do quarto escalão ou superiores que sejam detentores de experiência relevante ou formação especializada). Mas sim, é verdade que, em teoria, todos os professores podem chegar ao escalão mais alto da sua profissão, nem que seja nos últimos anos de serviço. E isso tem uma razão básica para ser assim. E a razão é económica e está bem que assim seja.
Como vimos acima, o professor é detentor de competências profissionais especialmente complexas. Para além das competências do seu campo científico (que não para de evoluir e lhe exige uma atualização permanente), são-lhe exigíveis competências culturais e emocionais muito amplas, susceptíveis de lhe permitirem uma compreensão, participação e relação aprofundadas com os seus contextos sociais, culturais e políticos, a começar pelo contexto da sua escola. Sem essas competências amplas o professor transformar-se-ia num mero repetidor, alienando o aluno, treinando-o na obediência e, portanto, deixando de ser um professor. Para que possa cumprir adequadamente estas exigências os professores precisam de tempo. De tempo para si, para o cultivo daquelas competências culturalmente complexas, e de dinheiro. O saber custa dinheiro, como se sabe, e não se pode exigir aos professores que sejam tudo, literalmente tudo (!) e, a seguir, pagar-lhes como operários com funções repetitivas, instrumentais e operacionalmente simples. Os professores têm de ser razoavelmente pagos, para a média do país. Salários que permitam aos professores apenas uma relação mínima com o seu saber e formação é a opção de um saber pobre, mecânico, medíocre e sem futuro. A ignorância e o anquilosamento culturais são mais caros que professores medianamente pagos.
Ora, esta é a grande opção que o Partido Socialista tem que fazer. Ou quer uma escola pública qualificada e democrática, o que implica professores qualificados, autónomos e dotados de saberes complexos, com requisitos salariais razoáveis (tendo em conta a média do país), ou quer uma escola pública autoritária, com professores hierarquizados, vigiados, desprovidos de autonomia profissional, mal pagos, proletarizados e, portanto, tendendo para a mediocridade profissional (como queria Maria de Lurdes Rodrigues). Em suma, ou quer uma escola pública decente ou quer uma escola pública para pobres, que sirva essencialmente a reprodução da desigualdade.
Temos, por último, a magna questão de haver ou não dinheiro para uma escola pública decente. O governo anterior vendeu com sucesso a ideia que não havia alternativa a um país pobre, feito de baixos salários, com funções públicas vegetarianas, quando não completamente destruídas. O argumento é que não havia dinheiro. Muitos portugueses convenceram-se disso. Tantos que a PAF até ganhou as últimas eleições. Mas confirmamos, entretanto, que o governo de Passos e Portas estava enganado. Afinal havia alternativa, ao governo anterior e às suas políticas. Mas, afinal, lá regressou pela janela a mesma conversa de que, afinal, não havia mesmo alternativa, ou, a haver, seria assim uma alternativazinha. O PS e os partidos da esquerda parlamentar têm que se decidir, para que a verdadeira alternativa não seja a implosão do atual sistema partidário, a que Portugal conseguiu escapar pelos pingos da chuva, ao contrário do resto da Europa. Dizem que Costa é um génio da política e Centeno o Mourinho das Finanças. Com a ajuda do BE e do PCP só posso estar convencido que não deixarão de nos surpreender positivamente.
Entretanto, os bullies destes dias não deixarão de ser surpreendidos pela resiliência e saber cívico dos professores portugueses.
O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
05
Jan18

2018 começa com aumentos nas portagens da Via do Infante

António Garrochinho


Circular na Via do Infante ficou mais caro desde o início do ano. As novas tarifas das portagens já estão em vigor e determinam aumentos em diversos troços da A22, que liga Lagos à Ponte Internacional do Guadiana, distribuídos pelas diferentes classes de veículos, segundo revelou a Infraestruturas de Portugal.
Um veículo da classe 1 que percorra toda a extensão da Via do Infante passa a pagar 8,85 euros, enquanto a um da classe 2 são cobrados 15,45 euros. Uma viatura de classe 3 paga 19,8 euros e um da classe 4 22,05 euros.
Para os veículos da classe 1, há aumentos em três troços: entre Mexilhoeira e Alvor, onde se passa a pagar 45 cêntimos; entre o nó de Albufeira/IP1 e o nó de Boliqueime, que passa a custar 1,15 euros; e no troço entre Tavira e Monte Gordo, onde a portagem aumentou para 1,75 euros.
Os condutores de veículos da classe 2 viram o preço a pagar crescer para os 1,5 euros entre Lagoa e Alcantarilha, para 65 cêntimos no troço Loulé/Quarteira – Faro/Aeroporto, para 2,25 euros entre o Nó de Faro Este (Estoi) e o de Moncarapacho e para 3,05 entre Tavira e Montegordo.
Na classe 3 há aumentos nos troços Faro Este – Moncarapacho e Albufeira/IP1 e Boliqueime, onde se passa a pagar 2,9 e 2,6 euros, respetivamente.
A portagem para veículos da classe 4 também aumenta nestes dois últimos troços (agora custa 3,2 e 2,9, respetivamente), bem como no que liga Tavira a Monte Gordo, onde a taxa cresceu para os 4,35 euros.
Segundo revelou a Infraestruturas de Portugal, numa nota de imprensa, houve aumentos em 161 tarifas, a nível nacional, num universo de 500, o que significa que se paga mais em 32% das autoestradas «cuja taxa de portagem constitui receita da Infraestruturas de Portugal».
«A variação é maioritariamente de 5 cêntimos e em apenas 12 tarifas esta variação atinge os 10 cêntimos», acrescentou a IP.

Veja na tabela o que aumentou (a vermelho) e as portagens que se mantêm:


www.sulinformacao.pt
05
Jan18

162 médicos internos entraram ao serviço nos hospitais do Algarve

António Garrochinho



162 médicos recém-formados começaram esta terça-feira o seu internato no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA). Os internos, 42 de formação específica e 120 do Ano Comum escolheram os hospitais algarvios para continuar a sua formação e dar início às suas carreiras.

Segundo o CHUA, «os internos da Formação Específica foram colocados nas seguintes especialidades nas unidades de Faro e Portimão: Anestesiologia (2), Cardiologia (1), Cirurgia Geral (3), Gastrenterologia (1), Ginecologia/Obstetrícia (2), Medicina Física e de Reabilitação (3), Medicina Intensiva (2), Medicina Interna (9), Medicina do Trabalho (1), Nefrologia (1), Oncologia Médica (2), Patologia Clínica (2), Pediatria Médica (2), Pneumologia (1), Psiquiatria (6), Radiologia (2), Reumatologia (1), Urologia (1)».


«Os internos do Ano Comum, apesar de praticarem uma medicina tutelada, foram colocados em diferentes especialidades nas unidades hospitalares de Faro e Portimão com o objetivo de terem a oportunidade de contactar com os diferentes serviços nas duas unidades e, dessa forma, aprofundarem os seus conhecimentos em diversos contextos clínicos», acrescentou.
Hugo Nunes, vogal do Conselho de Administração do CHUA, considerou que o número de internos que escolheram vir para o Algarve «permite olhar para o futuro de uma forma mais otimista quanto à possibilidade de fixação destes jovens médicos».
Já Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, «sublinhou a importância regional do acolhimento destes novos internos que escolheram o Algarve para darem início à sua carreira na área da medicina ou complementarem a sua formação específica, evidenciando-se não só a capacidade e dinâmica formativa dos hospitais públicos e das unidades dos cuidados de saúde primários algarvios na formação de jovens médicos, mas também a força das sinergias criadas com o mundo universitário e com a componente de investigação que agora caracterizam o Centro Hospitalar Universitário do Algarve».
Em Janeiro de 2018 iniciam funções nas instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS) 2.179 médicos internos do ano comum e 1.758 médicos internos de formação específica.

www.sulinformacao.pt

05
Jan18

“De Viena a Hollywood” abre 2018 no Auditório Municipal de Olhão

António Garrochinho


Foto: Orquestra Filarmónica Portuguesa,



“De Viena a Hollywood” é o título do concerto de Ano Novo com que a Orquestra Filarmónica Portuguesa abre a programação de 2018 do Auditório Municipal de Olhão, este sábado, dia 6 de Janeiro, a partir das 21h30.
«Numa só noite, serão apresentados em palco os clássicos da família Strauss e os mais recordados êxitos de Hollywood», diz a Câmara de Olhão.
Johann Strauss, Eduard Strauss, Josef Strauss e Johann Strauss II serão interpretados pelas mãos de 60 músicos, conduzidos pelo maestro Osvaldo Ferreira, que este ano inova com a apresentação de alguns dos maiores êxitos de Hollywood de todos os tempos, que ficaram para sempre no nosso imaginário, como é o caso de 007, New York, New York, ou Star Wars.
Fundada em Maio de 2016 por Osvaldo Ferreira e Augusto Trindade, «a Orquestra Filarmónica Portuguesa integra um conjunto de músicos de elevado padrão artístico, premiados em concursos nacionais e internacionais, antigos integrantes da Orquestra Jovem da União Europeia e, ainda, músicos estrangeiros residentes em Portugal, que se juntaram neste projeto para criar uma orquestra que fosse uma referência de qualidade», conclui a autarquia.


www.sulinformacao.pt
05
Jan18

PCP APRESENTA PROPOSTA SOBRE ALOJAMENTO LOCAL

António Garrochinho
Na apresentação do projecto de lei sobre alojamento local, Paula Santos afirmou que "o direito à habitação tem de ser assegurado, assim como o direito ao lugar e à cidade tem de ser protegido. Numa sociedade democrática residir no centro da cidade não pode ser só para uma elite de elevadíssimos rendimentos, tem de ser para todos".


VÍDEO
05
Jan18

Uma cátedra bem tonta - O regresso de uma velha e bafienta milonga

António Garrochinho



Como se pode  ver na imagem acima, no Público de hoje, em artigo de apoio a Santana Lopes, o Prof. de Direito Jorge Bacelar Gouveia faz ressuscitar a velha pantomine de caracterizar o PSD como «o partido mais português de Portugal».
Embora cansado e farto até mais não destas bafientas fantasias, mobilizo um cisco das restantes energias para explicar três coisas ao ilustre Professor Catedrático: 
1. Qualquer partido ou um seu militante ou apoiante pode, sem problemas, ter o direito de classificar o seu partido como o mais patriota, mais progressista, mais conservador, mais coerente, mais reformista, etc, etc, à vontade do freguês .
2. Ou seja, tudo menos como «o mais português»pela cristalina razão de que todos os partidos são portugueses, de que esse não é um qualificativo de valor ou mérito mas de nacionalidade e de que não há um cidadão português-tipo.
3. Aliás,  tendo em conta a actual cotação eleitoral do PSD, talvez o Prof. Jorge Bacelar Gouveia tivesse de concluir que Portugal está hoje habitado por uma imensa maioria de «menos portugueses».



otempodascerejas2.blogspot.pt
05
Jan18

Sobre o espírito do capitalismo. 3 – Espero poder deixar de trabalhar dentro de alguns anos: uma antevisão dos americanos sem pensões de reforma (1ª parte). Por Peter Whoriskey

António Garrochinho
imagem Deus mercado

Sobre o espírito do capitalismo


Seleção e tradução de Júlio Marques Mota

3. Espero poder deixar de trabalhar dentro de alguns anos: uma antevisão dos americanos sem pensões de reforma (1ª parte)

Por Peter Whoriskey
Publicado por Washington Post, em 23 de dezembro de 2017

Espirito capitalismo 3 Espero poder 1
Tom Coomer, 79 anos, no exterior da Walmart, onde trabalha cinco dias por semana em Wagoner, Oklahoma, em 16 de novembro. Coomer trabalhava na fábrica de McDonnell Douglas em Tulsa antes desta fechar em 1994. Ele e muitos de seus colegas de trabalho nunca puderam repor os seus benefícios de pensão perdidos e enfrentam dificuldades financeiras na sua velhice. (Nick Oxford para o Washington Post)
Tulsa — Tom Coomer reformou-se duas vezes: uma vez quando tinha 65 anos, e depois há vários anos atrás. Em cada uma das vezes ele percebeu que com apenas um cheque da segurança social, “você dificilmente consegue sobreviver hoje em dia.”
Então aqui está ele, com 79 anos, a trabalhar em regime de tempo integral na Walmart. Durante cada turno de oito horas, ele fica à entrada da loja cumprimentando os clientes, contando uma piada ou a trazer ou levar um carrinho de compras. Ou então está parado à saída, verificando os recibos e os compradores que caíram no alarme contra roubos.
“Desde que me sente por cerca de 10 minutos por cada uma ou duas horas, eu fico bem”, disse ele durante uma pausa. Diagnosticado com estenose espinhal nas costas, ele recentemente apresentou um atestado médico aos gestores da Walmart e “eles deram-me um banquinho.”
A forma como as principais empresas americanas utilizam os trabalhadores aposentados tem vindo a mudar ao longo das três últimas décadas, com as pensões tradicionais cada vez mais a cair, ano após ano. A primeira geração completa de trabalhadores a aposentar-se desde esta viragem dá uma desanimadora visão sobre uma força de trabalho cada vez mais dependente das suas próprias economias para a reforma.
Anos atrás, Coomer e os seus colegas de trabalho na fábrica de Tulsa de McDonnell Douglas, o famoso fabricante de aviões, estavam registados no sistema de pensões da empresa, mas em 1994, com um olho na direção dos cortes nos custos de reforma dos seus aposentados, a empresa fechou a fábrica. Agora, o Washington Post encontrou numa análise da situação dos 998 trabalhadores, que, mesmo que a maioria deles tenha encontrado novos empregos, eles nunca poderiam repor os seus benefícios de pensões perdidos e muitos estão a enfrentar dificuldades financeiras na sua velhice: 1 em cada 7 declarou falência nos seus anos de reforma ou enfrentaram problemas com faturas por liquidar, ou ainda ambas as coisas, de acordo com registos públicos.
Os afetados estão sobrecarregados por dívidas incorridas com cartões de crédito, carros usados, cuidados de saúde e, por vezes, com a educação universitária dos seus filhos.
Alguns perderam as suas casas.
E para muitos deles, mesmo quando alcançam mais de 70 anos, a passagem à reforma é ilusória. Embora eles tenham trabalhado durante décadas para a McDonnell Douglas, muitos dos septuagenários ainda estão a trabalhar, alguns em tempo integral.
Lavern Combs, de 73 anos, trabalha no turno da meia-noite a carregar caminhões para uma empresa que faz entregas para Amazon. Ruby Oakley, 74 anos, é um guarda de trânsito. Charles Glover, 70, é caixa na Dollar General. Willie Sells, 74, é barbeiro. Leon Ray, 76, compra e vende lixo.
“Eu planeei aposentar-me há anos atrás”, diz Sells por detrás da sua cadeira de barbeiro, onde trabalha cinco dias por semana. Teve uma vez um trabalho no controle da qualidade no fabricante de aviões e aí trabalhou durante 29 anos. “Eu julgava que McDonnell Douglas era uma empresa de primeira classe, isto é o que eu costumava dizer às pessoas. Eles são uma empresa fixe e não vão fechar. Mas depois eles deixaram a cidade – e aqui estou eu ainda a trabalhar. Graças a Deus eu ainda tinha algum material de cabeleireiro. “
Da mesma forma, Oakley, uma guarda de trânsito numa escola primária, disse ter aceite o trabalho para complementar a sua reforma da Segurança Social.
“Isto dá pouco dinheiro-$7 uma hora”, disse Oakley. Ela disse às autoridades locais que deveriam pagar melhor. “Eu aceitei trabalhar assim para ter dinheiro para pagar a gasolina. Gosto das pessoas. Mas temos que estar lá fora no trânsito, e as pessoas na cidade pensam que nos estão a fazer um favor, a nós idosos, deixando-nos trabalhar assim. “
Glover trabalha na caixa registadora e no armazém, numa loja de Dollar General Stores fora de Tulsa para fazer face às suas despesas. Depois de trabalhar 27 anos na McDonnell Douglas, Glover encontrou trabalho numa fábrica de eletrodomésticos da Whirlpool e depois num outro lugar que fabrica robôs para inspecionar a soldadura e também acabou por agarrar alguns pequenos trabalhos ao nível da informação com programas CAD.
“Espero poder deixar de trabalhar daqui a alguns anos, mas pela forma como vão as coisas agora, não vejo que o vá conseguir”, disse Glover recentemente numa conversa com clientes. “Tive de refinanciar a minha casa depois da McDonnell Douglas fechar. Eu ainda devo cerca de 12 anos de pagamentos da hipoteca. “
Para alguns, as carências financeiras aumentaram de forma aguda e de tal modo que se têm precipitado as penhoras por causa de faturas não pagas ou levado as pessoas a pedir a declaração de falência. Nenhum estava interessado em falar sobre as suas dívidas.
“É uma luta, basta dizer isso”, disse uma mulher, de 72 anos, que pediu a declaração de falência em 2013. “Apenas tem de tentar sobreviver” acrescentou.
Espirito capitalismo 3 Espero poder 2
Charles Glover, de 70 anos, no dia 16 novembro na Dollar General em Catoosa, Okla. Ele trabalha vários turnos por semana enquanto rececionista (Nick Oxford Para Washington Post)

Um privilégio que se tornou muito caro
A noção de pensões — e a ideia de que as empresas devem pôr de lado dinheiro para as reformas dos seus assalariados — não durou muito tempo. Foi uma ideia que pegou em meados do século XX, mas hoje, exceto entre os empregados da Administração Pública, a pensão tradicional parece destinada a ser um artefacto da história do trabalho dos EUA.
As primeiras pensões de reforma oferecidas por uma empresa privada foram as pensões atribuídas por American Express, quando ainda era um serviço de entrega por diligências. Isso foi em 1875. A ideia não se espalhou exatamente como um fogo, mas sob a pressão sindical em meados do século passado, muitas empresas adotaram um plano de reforma para os seus assalariados. Na década de 1980, a tendência tinha remodelado profundamente a ideia de reforma para os americanos, com uma grande maioria de trabalhadores a tempo inteiro em empresas de médio e grande porte a receberem a tradicional cobertura de pensões, de acordo com os dados do Bureau of Labor Statistics.
Depois, a América das grandes empresas mudou: a adesão sindical diminuiu. Os quadros executivos, os conselhos de administração, sob a pressão dos caçadores financeiros, focaram-se mais intensamente na maximização das cotações das ações. E os americanos viviam mais tempo [do que o esperado quando se efetuaram os cálculos dos regimes de pensões] tornando-se  muito caro para o empregador pagar as mensalidades fixadas pelo respetivo regime de pensões.
Em 1950, poder-se-ia esperar que um homem de 65 anos poderia atingir, em média, a idade de 78 anos. Hoje, estima-se que um homem de 65 anos de idade possa viver, em média, para além dos 84 anos. A expectativa de vida prolongada significa que os planos de pensão devem ser pagos substancialmente durante muito mais tempo do que antes.
Exatamente o que levou a América empresarial a distanciar-se das pensões é hoje uma questão de debate entre os estudiosos, mas há muito pouca dúvida de que estes regimes [de contribuição variável e prestação de reforma fixa] parecem destinados à extinção, pelo menos no setor privado.
Até mesmo no início dos anos 1990, cerca de 60 por cento dos trabalhadores em tempo integral em empresas de médio e grande porte tiveram a sua cobertura de pensões, de acordo com os dados do governo. Mas hoje, apenas cerca de 24 por cento dos trabalhadores em empresas de médio e grande porte têm cobertura de pensão de reforma, de acordo com os dados oficiais, e espera-se que esse número continuará a cair à medida que os trabalhadores mais velhos saiam do mercado de trabalho
No lugar das pensões, as companhias e os conselheiros de investimento incitam os empregados a abrirem contas individuais de pensões de reforma. A ideia básica é que os trabalhadores irão gerir os seus próprios fundos de reforma, às vezes com uma pequena ajuda dos seus empregadores, às vezes não. Quando atinjam a idade da reforma, essas contas são supostamente para complementar o que quer que a Segurança Social venha a pagar. (Hoje, a Segurança Social fornece apenas o suficiente para um orçamento de miséria, cerca de $14000 por ano em média.)
O problema com a espectativa de que os trabalhadores irão poupar por conta própria é que quase metade das famílias americanas não têm tal conta individual de reforma, de acordo com o inquérito sobre as finanças dos consumidores, feito pelo Federal Reserve em 2016.
Além disso, daqueles que têm contas individuais de reforma, as suas poupanças são demasiado escassas para suportar uma reforma clássica. A conta mediana, entre os trabalhadores no nível de rendimento mediano, é de cerca de $25000.
“O sistema de pensões de reforma dos EUA, e os trabalhadores e os reformados foi concebido para ajudar a enfrentar grandes desafios”, de acordo com um relatório de Outubro feito pelo Government Accountability Office. “As pensões tradicionais tornaram-se muito menos comuns, e os indivíduos são cada vez mais responsáveis pelo planeamento e gestão das suas contas de poupança de reforma.”
O GAO advertiu ainda que “muitas famílias estão mal preparadas para esta tarefa e têm pouca ou nenhuma poupança própria para a reforma.”
O GAO recomendou que o Congresso considerasse criar uma Comissão independente para estudar o sistema de pensões de reforma dos EUA.
“Se não forem tomadas medidas, uma crise de pensões de reforma poderá ser iminente”, afirma o GAO.
(continua)


aviagemdosargonautas.net
05
Jan18

O De_Bate e as quatro opções de voto dos militantes do PSD.

António Garrochinho



Convertidos todos nós, telespectadores, em militantes do PSD, uns terão assistido ao de_bate, outros terão mudado de canal. 

Eu assisti e confirmei o que já tinha percebido. O Rui tem muito do que é o Lopes e o Santana tem outro tanto do que o Rio é. Donde, aqueles que irão votar estarão, por assim dizer, perante quatro opções de escolha. Isto é um verdadeiro passo em frente pois Passos era igual ao Coelho e Cavaco só se parecia com ele próprio.

Confirmo, entretanto, as minhas previsões ver abaixo um deles será o escolhido, pois, como sabemos, Pacheco Pereira* não é candidato.

Cartão de Boas Festas com algumas previsões para 2018 - I


Começaram a chover desejos de todo o lado e eu não podia ficar calado. Cá fica um cartão com desejos sinceros e algumas previsões para o ano que aí vem. Assim, prevejo:
  1. Que não vai haver sol na eira e chuva no nabal
  2. Que os rios continuarão a correr para o mar
  3. Que Marcelo vai tentar conseguir estar ao mesmo tempo em dois sítios diferentes, mas não irá conseguir
  4. Que o dito cujo se vier a ser confrontado com a opção em receber o vencimento como comentador ou como Presidente não irá reunir o Conselho de Estado para tomar uma decisão
  5. Que entre Santana e Rio, o PSD elegerá um deles
  6. Que a Cristas não será convidada para liderar o PSD, dada a minha previsão anterior
  7. Que os jornais teimarão a reclamar-se como imprensa escrita
  8. Que a geringonça conseguirá chegar ao fim do mandato, se o Assis deixar
  9. Que continuaremos a ser rendeiros da nossa própria terra
  10. Que, para o ano, meus netos terão mais um ano

conversavinagrada.blogspot.pt
05
Jan18

O financiamento dos partidos e os políticos - (Carlos Esperança, in Facebook, 04/01/2018)

António Garrochinho


Admito que os 13 anos de intervenção política, que precederam o 25 de Abril, deixaram em mim tiques frentistas que perduram. Mesmo quando são sérias as divergências que me separam de qualquer dos partidos cujo passado foi antifascista, exprimo-as com uma benevolência que não tenho para com os que vieram dos destroços da União Nacional.
É por isso que a pusilanimidade e dissimulação da Dr.ª Assunção Cristas, relativamente ao financiamento partidário, em quem, talvez injustamente, vislumbro o perfil adequado a distribuir, com braçadeira do Movimento Nacional Feminino, aerogramas e maços de tabaco a soldados de uma qualquer guerra colonial ou cruzada para libertar um santuário católico ocupado pela IURD, me provoca náuseas.
Com a falência fraudulenta do BPN, o banco do cavaquismo, e do BES, o banco do arco do poder, na designação antidemocrática de Passos Coelho, Paulo Portas, Cavaco Silva e Assunção Cristas, o financiamento partidário está à mercê de luvas de veículos militares de alta gama, de eventuais subornos para abate de sobreiros ou dos desvios de dinheiros da UE para cursos de apertadores de parafusos em aeronaves, na presunção da perda de documentos e/ou prescrição dos processos judiciais.
Para quem a ditadura não constitui problema, o financiamento dos partidos pelo Estado é sempre um crime, ao contrário do que acontece com as IPSS, bombeiros, fundações e comissões fabriqueiras paroquiais. Permite-se destinar 0,5% a instituições de interesse duvidoso e impossibilidade de escrutínio, mas não se permite aos partidos beneficiar do mesmo privilégio. A Fundação Sousa Cintra, por exemplo, é de interesse público, mas os partidos políticos são a lepra que corrói a União Nacional, de saudosa memória.
Combater os partidos e os políticos é uma obrigação nacional, tão ingénua ou crapulosa como admitir que todas as IPSS são sempre beneméritas, todos os sacerdotes incapazes de fazerem mão baixa da arte sacra e todos os bombeiros incapazes de atearem fogos. Mas há partidos beneficiados!
No financiamento partidário, independentemente da solução que vier a ser encontrada, o pior que pode suceder é deixá-lo a mercê do poder económico e financeiro.
Sempre me assustaram os seráficos líderes partidários que se indignam com a isenção de impostos à Festa do Avante e reivindicam apoios governamentais aos colégios privados.
05
Jan18

Veja aqui os finalistas do prémio de fotografias Comédia da Vida Animal 2017

António Garrochinho


O prêmio de fotografia de vida animal selvagem mais divertida é recente, existe há apenas dois anos, mas tem chamado atenção com suas imagens de animais em momentos cômicos ao redor do mundo. Para participar, há poucas regras: os animais devem ser selvagens (nada de animais de estimação ou de fazendas); a imagem não pode retratar animais sendo perturbados ou mal-tratados; e o participante deve deter os direitos autorias da imagem.
 
Paul e Tom mostram que prezam pelo bom humor não apenas nas fotografias, mas também em todos os aspectos da vida. Os termos e condições para participar do concurso dizem: “Você deve achar que Bohemian Rhapsody é uma das melhores músicas já escritas, brincadeira. Não, é verdade…”. O documento termina com a seguinte frase: “Parabéns! Você conseguiu ser todo o Termos e Condições! Muito bem! Primeira vez?”.
Claro que essas brincadeiras não significam que o concurso não seja sério. As imagens vencedoras serão anunciadas no dia 14 de dezembro de 2017, com base na opinião de uma banca que analisa a técnica e o senso de humor tanto da imagem quanto da legenda.
Os ganhadores passarão uma semana em um safári fotográfico no Quênia, com direito a acompanhante de livre escolha e passeio guiado por Paul Joyson-Hicks, um dos organizadores do concurso.
Confira abaixo 10 imagens finalistas:
 

10. MACACOS AVENTUREIROS

Crédito imagem: Katy Laveck Foster / CWPA / Barcroft Images
Esses dois macacos se separaram do grupo para fazer um test drive em uma moto estacionada perto da entrada da reserva Batuangus, na Indonésia.

9. ELEFANTE MARINHO POSSUÍDO

Crédito imagem: George Cathcart / CWPA / Barcroft Images
Um elefante marinho jovem olha chocado para seu amigo girando o pescoço em San Simeon, Califórnia.

8. GIRAFA E SEU AVIÃO

Crédito image: Graeme Guy / CWPA / Barcroft Images
Girafa parece estar espionando o interior de um avião nesta fotografia de Graeme Guy, feita em novembro de 2008 no Quênia. O título do autor para a imagem é “terceirização da checagem de cinto de segurança”.

7. COCEIRINHA GOSTOSA

Crédito imagem: Johnny Kaapa / CWPA / Barcroft Images
Este esquilo deu uma bela coçada em seu peito na imagem registrada por Johnny Kaapa, em Gotemburgo na Suécia.

6. CARETA DE GORILA

Crédito imagem: Josef Friedhuber / CWPA / Barcroft Images
Este gorila da montanha fez esta cara quando saiu de um arbusto depois da chuva, no Parque Nacional Virunga, em Ruanda.

5. NINHO DE COELHO

Crédito imagem: Olivier Colle / CWPA / Barcroft Images
Este coelho selvagem foi flagrado coletando material para construir um ninho em Bredene, na Bélgica.

4. FILHOTINHO EQUILIBRISTA

Crédito imagem: Andrea Zampatti / CWPA / Barcroft Images
Este filhote de Muscardinus avellanarius foi fotografado se equilibrando em uma flor estreita em Monticelli Brusati, na Itália.

3. GNU-DE-CAUDA-PRETA

Crédito imagem: Jean Jacques Alcalay / CWPA / Barcroft Images
Este gnu-de-cauda-preta parece estar de pé em seus companheiros, mas na verdade está em cima de rochas em Masai Mara, no Quênia.

2. CORAL DE PEIXES ANFÍBIOS

Crédito imagem: Daniel Trim / CWPA / Barcroft Images
Esses peixes anfíbios que passam parte do dia fora d’água parecem estar cantando como membros de um coral em uma poça rasa de lama em Krabi, na Tailândia.

1. HORA DA MISSA

Crédito imagem: Carl Henry / CWPA / Barcroft Images
Três pinguins reais se aproximam da única igreja da ilha Geórgia do Sul, que pertence ao Reino Unido e fica no Atlântico Sul, próxima das ilhas Malvinas (ou Falkland). O autor da imagem deu a seguinte legenda para ela: “Mãe, nós sempre temos que ser os primeiros a chegar à igreja?”

fonte:[via]
vivimetaliun.wordpress.com
05
Jan18

Pintura de Da Vinci encontrada em 2011 é vendida por US$450 milhões

António Garrochinho


 
O leilão da tela “Salvator Mundi” aconteceu na quarta-feira (15) de novembro de 2017 no Rockefeller Center, em Nova York, e durou apenas 19 minutos. A obra representa Jesus Cristo com uma mão em movimento de bênção e a outra segurando um globo de cristal (veja imagem completa abaixo).
Quatro compradores participaram por telefone e um pessoalmente na sede da casa de leilões Christie. Cada lance dos interessados provocava reações de surpresa nos presentes.
O preço alcançado foi de US$450,3 milhões, com as taxas de compra. Esta quantia foi radicalmente maior que o último recorde de obra de arte leiloada, o “Mulheres de Alger” de Picasso, vendida por US$179 em 2015. O comprador de “Salvatore Mundi” ainda não foi identificado publicamente.
Este preço pago pela obra de Da Vinci é ainda mais impressionante levando em conta que o mercado de obras de arte renascentistas está em contração por falta de peças disponíveis para venda. A venda astronômica também traz questionamentos sobre o valor de obras de arte, já que ainda há dúvidas de que o  “Salvatore Mundi” seja de Da Vinci e a obra está em más condições de preservação. Enquanto as mãos estão bem preservadas, o fundo foi manipulado e a superfície da tela foi limpo de forma incorreta, danificando a face e cabelo de Cristo.
Apesar de já ter sido chamada de “Mona Lisa masculino”, o quadro não tem muita semelhança com a composição e estilo de Da Vinci. Especialistas em investimentos em obras de arte se queixaram da demora da Christie em liberar um relatório sobre as condições da peça, e o certificado de garantia de que se trata de um Da Vinci vence em apenas cinco anos. Esta informação foi impressa em letras pequenas atrás do catálogo de venda da obra.
 
Mesmo assim, a pintura atraiu o interesse de muita gente, mostrando que o público não se importa se a pintura é original de Da Vinci ou se é de um de seus pupilos. Na fase de pré-leilão, a peça foi exposta em Hong Kong, Londres, São Francisco e Nova York, e atraiu 27 mil pessoas interessadas em conferir a tela feita no século XVI.

LINHA DO TEMPO DA OBRA PERDIDA


A obra foi feita ao redor de 1.500, e alguns estudos realizados por Da Vinci ligam a tela a ele. Em algum momento, o rei Charles I da Inglaterra, um grande colecionador de arte, comprou a pintura. Ela provavelmente ficava no quarto de sua esposa Henriqueta Maria. Charles I foi executado em 1.649 na Guerra Civil Inglesa. Depois de sua morte, a obra foi vendida em 1.651, para John Stone.
Stone ficou com a pintura por nove anos, quando o filho de Charles I voltou do exílio para retomar o trono inglês. A tela foi devolvida para Charles II, e ela provavelmente ficou no Palácio de Whitehall em Londres até o final do século XVIII, passando de Charles II para seu irmão James II. A partir daí sua localização ficou imprecisa.
A pintura ficou em local desconhecido até o século XX, quando foi vendida como um trabalho de Bernardino Luini, um dos pupilos de Da Vince. Em 1.958, a tela foi comprada por apenas mil dólares no valor atual (na época, apenas 45 libras esterlinas).
Apenas em 2005 a pintura acabou em um leilão nos Estados Unidos, mas ainda acreditava-se que se tratava de um trabalho de um dos pupilos de Da Vinci. Depois daquela venda, em 2007 a restauradora Dianne Modestini, do Instituto de Nova York de Belas-artes, lançou um projeto para recuperar a obra, removendo gotas de tinta que haviam sido adicionadas ao painel de madeira para disfarçar batidas e para restaurar tentativas ruins de colar uma rachadura na madeira.
Foi aí que ela percebeu que poderia ter em mãos uma obra de Da Vinci. Especialistas do mundo todo examinaram a peça e concordaram que o autor realmente foi Da Vinci. Em 2011, a tela foi exposta na Galeria Nacional em Londres.
Algo que acrescenta ainda mais valor à tela é a técnica de pintura da pele de Cristo, chamada sfumato. Nela, o artista usa a palma da mão para espalhar tinta na tela. Imagens em infravermelho mostraram que ainda há impressões da mão de Da Vinci na tela, especialmente na testa de Cristo.
Em 2013, a tela foi vendida por US$80 milhões para um negociante suíço, que a vendeu por US$127 milhões em 2014 para o investidor Russo Dmitry Rybolovlev. A obra anterior de Da Vinci vendida por maior preço foi a “Cavalo e Cavaleiro”, por US$11,4 milhões em 2001. 




vivimetaliun.wordpress.com
05
Jan18

O que é que aconteceu à semana de trabalho de 40 horas?

António Garrochinho



 David Rosen     
Fez em 2017 duzentos anos uma das reivindicações históricas do movimento operário: a semana de trabalho de 40 horas. Dois séculos passados, tanto a semana como a jornada de trabalho poderiam ser muito inferiores ao que foi então reivindicado. Mas o que se verifica não é a redução mas o aumento. O capitalismo vai-se apossando não apenas das horas de trabalho, mas de todas as horas da vida das pessoas.



Ao tempo que termina 2017, é importante recordar que neste ano passa o 200º aniversário do apelo à semana de trabalho de 40 horas. O movimento pelas 8 horas diárias não muda apenas a semana de trabalho, muda também a luta pelo poder de classe. Os momentos de viragem na história da semana de trabalho sublinham a reconfiguração do capitalismo moderno:
1817 – Robert Owen, um manufactureiro galês de sucesso, activista dos direitos do trabalho e fundador da comunidade utopista de New Harmony, confiava na divisão do dia em partes iguais de 8 horas – “Oito horas de trabalho, oito horas de recreação, oito horas de descanso.”

1869 – Numa altura em que os trabalhadores cumpriam entre 12 e 14 horas de trabalho diário, 6 dias por semana, o Presidente Ulysses Grant emite uma proclamação garantindo uma jornada de trabalho de 8 horas sem redução do salário, mas a disposição apenas se aplicava a trabalhadores governamentais.

1926 — Henry Ford implementou a semana de 5 dias e 40 horas de trabalho na sua empresa de produção de automóveis; enviou um recado aos seus companheiros na exploração (robber-barons): “Já é mais do que tempo de nos libertarmos da noção de que o lazer dos trabalhadores ou é tempo perdido ou privilégio de classe.”

1930 — Enquanto a Grande Depressão devastava o país, o magnate de flocos de cereais W. K. Kellogg introduziu a jornada de trabalho de 6 horas na sua fábrica em Battle Creek, Michigan.

1940 — O Congresso introduziu emendas no Fair Labor Standards Act de 1938, que limitava a semana de trabalho 44 horas ou 8,8 horas diárias para 40 horas, 8 horas diárias.

1970 – A Minneapolis Federal Reserve refere que a semana de trabalho média era de 38,8 horas.
Mais perturbador é que o Banco Federal (Fed) refira que entre 1970 e 2000 a semana de trabalho média aumentou para 40,5 horas. Uma estimativa de 2016 do Bureau of Labor Statistics (BLS) fixa-a em 43 horas semanais ou 8,8 horas diárias.

A semana de trabalho de 40 horas está a desaparecer. 

Trabalham-se mais horas na nova e tão sofisticada economia de escravos-assalariados altamente qualificados e independentes. E isto está a suceder quando a semana de trabalho deveria ser reduzida a metade com pagamento e regalias por inteiro.
***
Quantas horas trabalhas por semana? Quantas horas gastas cada dia a “trabalhar”?
Quanto tempo estás escravizado ao teu computador, seja num escritório, em casa, um café ou um espaço de trabalho partilhado? Quanto tempo sacrificas a puxar pelas vendas numa loja local?, fazendo trabalho burocrático no emprego público?, ou embrulhando mercadorias na expedição de um armazém? Quantas horas conduzes um barco ou uma carrinha? Quanto tempo demora a fazer um negócio?, a trabalhar numa reunião ou (se estiveres com sorte) num jantar com despesas de representação ou numa recepção? E quanto tempo gastas fazendo chamadas pessoais, tomar um café ou uma pausa para fumar ou apenas para dois dedos de conversa com colegas de trabalho? Tudo isso é trabalho, e provavelmente totaliza mais do que 40 horas por semana.
Em tempos que já lá vão, as pessoas faziam uma “jornada de trabalho justa” por um “salário diário justo.” O grande “Sonho Americano” do pós II Guerra Mundial visionava um mundo em que o – branco, homem – operário industrial se deslocava para o trabalho, picava o ponto para sair após as 8 horas do turno (se mais, recebia trabalho extraordinário) e ia para casa, tomava um copo, comia um jantar cozinhado pela sua mulher, passava tempo com a família, deitava as crianças, ligava a TV por uma hora ou duas e ia para a cama.
Hoje ninguém parece saber quanto tempo trabalham cada semana os norte-americanos. Em 2016 o BLS fixou-o em 43 horas semanais; em 2014 uma sondagem Gallup apontava para uma média de 47 horas semanais (9,4 horas diárias), com muitos dos inquiridos dizendo trabalhar 50 horas semanais. Em 2016 um estudo da Upwork e o sindicato dos Freelancers concluíram que free-lancers a tempo inteiro estão a trabalhar 36 horas semanais. Outros informam que os que trabalham em sectores como a comunicação social, a alta tecnologia, a venda a retalho e outros, estão mais próximo das 60 horas semanais.
Sejam quais forem as horas de trabalho que cada um despende num emprego, sabe-se que não representam nem a totalidade nem o quadro real. Todos sabem que o dia de trabalho tem das partes, o emprego propriamente dito e o impacto que ele tem no resto da vida de cada um. No mundo de comunicações instantâneas possibilitado pela internet e pelos smartphones uma fata crescente dos norte-americanos pós modernos vive um trabalho de 24 horas/7 dias. Hoje, muito do trabalho diário consome horas infindáveis da vida doméstica – ou pessoal – em termos de preparação de tarefas, deslocações, limpeza de roupa ou tratar do almoço ao mesmo tempo que as preocupações pessoais e familiares. Tudo isso é considerado trabalho não pago requerido pelo desenvolvimento das tarefas do emprego, trabalho.
***
Nos dias de hoje as pessoas fazem mais ou menos as mesmas coisas (se não mais) que faziam outrora, mas fazem-nas de modo diferente. Contudo, a vida de trabalho dentro e fora do emprego está a tomar uma maior porção da vida dos trabalhadores, comprimindo todos os outros segmentos.
No decurso do período pós II Guerra Mundial verificou-se uma mudança na relação trabalho-vida norte-americana, na medida em que o consumismo tomou o lugar do tempo livre e as mulheres se integraram de forma crescente na força de trabalho para apoiar a família com dois rendimentos. Num discurso de campanha de 1956, o vice-presidente Nixon predisse a possibilidade de uma semana de trabalho de 32 horas, se fossem cumpridas as seguintes condições: “A semana de trabalho apenas pode ser reduzida numa altura em que essa redução não reduza a eficiência nem reduza a produção.” Três factores vieram confirmar a predição de Nixon, outorgando a semana de trabalho de 32 horas aos norte-americanos.
Primeiro, a incessante automatização do processo de trabalho alterou fundamentalmente o trabalho por segundo, para não falar do trabalho por semana. O cérebro tomou o lugar do músculo, o digital desbancou o analógico e a globalização reconfigurou o mercado doméstico. Em conjunto, todas essas forças aumentaram a eficiência e retiraram a vida à vida de trabalho.
Segundo, a força de trabalho foi reconfigurada. Desde os tempos de Nixon os sindicatos foram sistematicamente esmagados e uma percentagem crescente da força de trabalho tornou-se precária – trabalhadores independentes, freelance ou tarefeiros. O BLS estima a força de trabalho civil em 160 milhões, dos quais 11% “auto-empregados” e 22% precários, ou seja cerca de 35 milhões de trabalhadores. Outros estimam uma percentagem mais elevada: um estudo da McKinsey coloca-os nos 27% e um estudo de Upwork e da Freelancers Union afirma que ”a força de trabalho em regime freelance cresceu de 53 milhões em 2014 para 55 milhões em 2016 e representa actualmente 35% da força de trabalho nos EUA.” A projecção da Upwork/Freelancers Union aponta para que em 2020 o sector freelance – trabalho precário – atinja os 40% da força de trabalho total.
Terceiro, e igualmente de fundo, segundo o Center for American Progress “em 1960 apenas 20% das mães trabalhavam. Hoje [2010], 70% das crianças norte-americanas vivem em lares em que todos os adultos estão empregados.” O Bureau of Labor Statistics (BLS) estima que entre 1969 e 2000 a semana de trabalho dos casais – combinando homem e mulher – aumentou de 56 horas para 67 horas. O lar de dois empregos é o novo normal.
***
Em 1930, o economista John Maynard Keynes predisse que no prazo de um século o incremento na produtividade significaria que todos estaríamos a trabalhar 15 horas semanais. Ao que parece, a sua predição não irá verificar-se.
Outros economistas partilharam variantes da predição de Keynes. Argumentaram que à medida que as economias avançadas se tornavam mais produtivas, as pessoas escolheriam trabalhar menos horas. Infelizmente, isso não sucedeu.
Nos EUA, o capitalismo triunfa! Desde a grande revolução do consumo na era do pós II Guerra Mundial, os norte-americanos trocaram uma semana de trabalho mais curta por níveis mais elevados de consumo – e sempre crescentes níveis de endividamento. A vigarice das alterações fiscais recentemente aprovada consagra o plano do Presidente Trump de “Tornar a América Grande de Novo.” O apelo a uma semana de trabalho mais curta soa tão fora do tempo como os grandes movimentos utopistas do séc. XIX.
O capitalismo forjou um sistema global dominado pela finança e, de forma sempre crescente, conseguiu dominar de forma sistemática todos os momentos ou aspectos da vida pessoal de cada um. Seja no trabalho ou no lazer, no escritório ou em casa ou em férias, os norte-americanos sabem como funcionar enquanto sujeitos e objectos, a comprar e vender. O mercado medeia a individualidade mas está a ser posto em causa por toda a Terra.
Em alguns países do mundo capitalista avançado estão em curso iniciativas no sentido de reduzir a semana de trabalho. Por exemplo, o maior sindicato alemão, IG Metall, pressiona no sentido de uma semana de trabalho de 28 horas. Segundo o Independent britânico “o sindicato argumenta que os trabalhadores devem obter uma justa parcela das vantagens da crescente economia alemã sob a forma de melhores salários e um melhor equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal.”
O jornal refere também que os trabalhadores dos correios (Royal Mail) britânicos representados pela Communication Workers Union (CWU) votaram recentemente uma acção de greve, tendo como uma das reivindicações centrais a redução da semana de trabalho para 32 horas e quatro dias. Os Verdes juntaram-se ao coro, apelando a uma semana de trabalho mais curta bem como a um rendimento garantido adequado. Até o multimilionário mexicano Carlos Slim defendeu uma semana de trabalho de três dias como um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
O capitalismo triunfa também porque conseguiu efectivamente conter o debate social sobre a desigualdade. A insurgência “Occupy Wall Street” de 2011 reinseriu a desigualdade no vocabulário político dos EUA. A campanha de Bernie Sanders em 2016 constatou a desigualdade, colocando-a como uma questão chave na actual luta social. As recentes vitórias eleitorais do Partido Democrata em Virgínia e Nova Jersey, a disputa senatorial no Alabama bem como os ganhos conseguidos na Câmara de Delegados de Virgínia podem constituir um indício do que virá nas eleições intercalares de 2018. Nessa altura, os confrontos a nível local e estadual acerca do plano fiscal dos republicanos poderão ter impacto. Por agora, o debate foi ultrapassado, e o 1% ganhou!
Trump é um grande homem do espectáculo e quase todos os dias, através de tweets e de comunicados de imprensa, deita poeira para os olhos do público norte-americano. Combinando a habilidade de um grande empresário do circo com a de um bom comunicador de entretenimento televisivo, Trump seduz e envolve a sua audiência, proporcionando um infindável fluxo de veneno como se se tratasse de um astucioso jogo de distracção. E os grandes meios de comunicação de massa populares, sejam os de grande curso sejam os de direita ou de esquerda, promovem a distracção. A sua ficção ecoa nos noticiários, na conversa dos comentadores e nos escândalos sexuais. Tudo serve para fazer os norte-americanos esquecerem as desigualdades, e que o povo trabalhador há dois séculos vem lutando por uma semana de trabalho de 40 horas.


David Rosen é o autor de «Sex, Sin & Subversion: The Transformation of 1950s New York’s Forbidden into America’s New Normal» (Skyhorse, 2015). Pode ser contactado em drosennyc@verizon.net; ouwww.DavidRosenWrites.com.


www.odiario.info
05
Jan18

O DEBATE

António Garrochinho


O DEBATE

Que me desculpem os nobres porcos a sério, por estar a compará-los com estas duas bestas. Que me desculpem pois os Bísaros, os Alentejanos (ibéricos), os Malhados, os Brancos (large white), os Javalis… e mais não sei quantas dezenas de raças de simpáticos roncadores e artistas desenterradores de trufas, espalhados pelo mundo.
Regressando ao "debate" em que estes dois lutam por um lugar de destaque na "gamela", como disse um dia o "porco" a que tentam suceder... de um lado, está o nascido no Porto, do outro o nascido em Lisboa.
Não digo quem é um e quem é o outro… para não ferir susceptibilidades ligadas à beleza individual de cada um. 


Samuel Quedas in facebook

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •