O ambiente surreal das árvores e plantas que envolvem as gigantes criaturas fazem deste parque um local imperdível para quem visita a região italiana perto de Roma.
A visita a este parque dos monstros inicia-se passando por um arco de pedra com cerca de 500 anos que levam a uma encruzilhada de escadarias envoltas em árvores e folhas que transmitem uma sensação pouco confortável para os menos aventureiros.A pouco mais de 90 quilómetros do norte da cidade de Roma está o Sacro Bosco, ou como é conhecido o "parque dos monstros". Mandado construir pelo Pier Francesco 'Vicino' Orsini, um grande líder militar da altura e patrono das artes.
O jardim foi projetado ignorando a tradicional linha renascentista italiana. Em vez de fontes ornamentadas, cercadas de sebes e de deuses e deusas romanas esculpidas, Orsini deixou as árvores e os arbustos crescerem sem orientação e encheu o seu jardim de criaturas incomuns e grotescas.
Depois da morte de Orsini, o Sacro Bosco foi abandonado à sua sorte e à da natureza. Só vários séculos depois suscitou interesse por parte do público, tendo sido impulsionado pelas visitas do artista Salvador Dalí. O próprio Dalí inspirou-se nas criaturas gigantes cobertas de musgo e produziu uma curta-metragem em 1948 sobre este tema. Além disso, há também pinturas da década de 60 sobre o Sacro Bosco.
Este renovado interesse pelo Sacro Bosco estimulou o debate entre os estudiosos da história de arte, que continua até hoje: o que Orsini tentou comunicar através da sua criação bizarra?
Há quem acredite que os monstros foram inspirados por Arcadia, a representação de Utopia descrita em Aeneid de Virgil e Orlando Furioso de Ludovico Ariosto - um lugar onde a arte e a natureza estão entrelaçadas. Outros argumentam que Orsini construiu o Sacro Bosco para combater o jardim do seu amigo, Cristoforo Madruzzo. O jardim de Madruzzo, nas proximidades de Soriano di Cimino, representava tudo o que era bom e leve no mundo, enquanto Orsini, construído em oposição direta a Madruzzo, representa os seus elementos escuros e discordantes.
Há ainda uma terceira visão em que as criaturas malvadas representam os demónios pessoais de Orsini nascidos das tragédias da sua vida. Um general no exército do papa durante a Reforma, Orsini passou vários anos como prisioneiro de guerra na Alemanha após uma campanha militar em 1553.
De acordo com Melinda Schlitt, professora de história da arte e humanidades no Dickinson College, no centro da Pensilvânia, EUA, a resposta para entender o propósito do jardim reside nas inscrições que Orsini deixou para trás.
Escondido perto do coração do jardim está o belvedere, uma pequena perspetiva que lembra a torre de um castelo. Uma pequena escada serpenteia ao seu lado, acompanhada da inscrição: "E todas as outras maravilhas antes apreciadas pelo mundo cederam ao Sacro Bosco que se assemelha apenas a si mesmo e nada mais".
Em outras palavras, em vez de procurar o significado por trás da criação de Orsini, devemos apreciar o jardim pela maravilha que ele é.
Muitos dos monstros agora descansam pacificamente atrás de pequenas barreiras onde as suas características macabras podem ser protegidas dos turistas.
O Centro Nacional de Cultura vem propor visitas a alguns dos monumentos arqueológicos mais importantes da região algarvia.
Villa Romana de Milreu Estoi (Faro)
A região do Algarve foi, desde tempos muito recuados, testemunha da presença do homem. Os vestígios mais antigos encontrados remontam ao Paleolítico e prolongam-se pelo Bronze Final e Idade do Ferro. No final da Idade do Ferro, o início de um novo ciclo começa a impor-se com a romanização. O desenvolvimento inerente a esta ação está bem patente no elevado número de vilas, nos restos de panos de muralha, nas barragens, nos vestígios da exploração mineira, nos tanques ou cetárias, ligados aos preparados piscícolas (garum - que era exportado para as diversas partes do império romano), nas pontes, troços de vias e calçadas, nas cerâmicas, etc.
Esta importância é aliás comprovada por autores antigos nos documentos clássicos ao referirem lugares e cidades (algumas pré-romanas), que eram pontos de confluência de estradas e dos percursos fluviais e marítimos, contribuindo para a consolidação da sua importância.
As vilas ou casas rurais romanas são o testemunho civilizacional da família rústica romana e do seu apego à posse e trabalho da terra. Constituíam grandes propriedades autosuficientes, geridas por um senhor, que no seu conjunto, além da casa do amo, integravam diversas dependências destinadas à exploração agrícola, casas de servos e escravos. Por vezes as vilas não constituem apenas complexos agrícolas, funcionando também como centros industriais.
Entre as mais importantes, conta-se a vila romana de Milreu, próximo de Faro, sendo possível ver-se uma casa senhorial de grande dimensão e aspeto luxuoso, datável do séc. I ou II, que integra um peristilo com colunas. As áreas destinadas a banhos, mostram os pavimentos e paredes dos tanques e piscinas revestidos por belos mosaicos, cuja decoração é alusiva a animais marinhos. Dos finais do séc. III, inícios do séc. IV, foi levantado um templo dedicado a divindades aquáticas.
Outra vila romana que merece uma visita atenta é a do Cerro da Vila, Vilamoura (Loulé). Trata-se de uma vila do séc. III, embora o local tenha sido ocupado desde o séc. I até bastante mais tarde (período muçulmano).
A sua situação, junto do porto, permitiu-lhe, sem dúvida, um desenvolvimento económico assinalável, sendo disso prova a existência de tanques de salga de peixe e um núcleo de casas de apoio. A vila possui peristilo e dois conjuntos destinados aos banhos. Elaborados desenhos de configuração geométrica estão representados nos pavimentos das salas. Não longe, no Vale do Tesnado, uma barragem romana servia o abastecimento de água que era trazida através de um aqueduto.
Também aproveitou os dividendos resultantes da situação de proximidade marítima, a vila romana da Praia da Luz (Lagos).
Entre diversas estruturas, podem ser vistas termas com o habitual revestimento dos pavimentos a mosaico e um complexo industrial composto por cetárias.
A estação romana da Quinta da Abicada(Portimão) corresponde a outra notável vila, com testemunhos que vão do séc. I ao séc. IV. A casa mostra dois peristilos, sendo o da parte central hexagonal.
Referimos ainda as ruínas lusitano-romanas da Boca do Rio, Budens (Vila do Bispo), uma vila com vestígios de ocupações dos séculos I a V.
A guerra na Síria está em vésperas de uma viragem monumental com a grande operação militar turca no norte da cidade síria de Afrin iniciada no sábado [20/Jan]. O presidente Recep Erdogan anunciou hoje que uma operação no terreno também fora lançada juntamente com bombardeamentos de artilharia e ataques aéreos. Disse ele que uma operação contra a cidade de Manbij, cerca de 140 milhas [225 km] a leste, virá a seguir. (Ver mapa da Google aqui .)
Afrin e Manbij são actualmente controladas pelas forças curdas sírias alinhadas com os EUA. Os EUA, os quais têm cinco bases no norte da Síria nos territórios controlados pela milícia curda, em 2016 ajudaram directamente a ocupação de Manbij pela milícia curda. Portanto, a operação turca significa um desafio estratégico aos EUA. Washington instou Ancara reiteradamente a não fazer quaisquer movimentos militares contra a milícia curda.
Mas o que finalmente se mostrou decisivo parece ter sido o plano dos EUA para criar uma força curda de 30 mil homens no norte da Síria com a intenção de utilizá-la como um proxy. Erdogan sente que os EUA está a ir em frente com o projecto de criar um enclave curdo no norte da Síria ao longo da fronteira turca como um centro estratégico para suas futuras intervenções na Síria e no Iraque. Naturalmente, um tal enclave no Curdistão apresentará para a Turquia uma ameaça a longo prazo para a sua segurança nacional, pois dá estímulos aos separatistas curdos na Turquia. Erdogan mantinha-se a implorar a Washington para não se alinhar com os curdos mas sem resultado e agora decidiu-se a tomar o assunto nas suas mãos.
O desenvolvimento de hoje poderá levar a uma confrontação entre os EUA e a Turquia. Na quinta-feira o porta-voz da Casa Branca apelou explicitamente à Turquia a que não empreendesse quaisquer operações militares. O secretário de Estado Rex Tillerson telefonou neste sábado ao seu homólogo Mevlut Cavusoglu, no momento em que a operação parecia estar iminente.
A posição do Irão e da Rússia vai ser crucial. O Irão partilha preocupações da Turquia acerca da aliança dos EUA com os curdos (os quais também têm ligações a Israel) e respeitantes a qualquer Curdistão na região. Portanto, se bem que o Irão possa exprimir reservas quanto à operação turca (a qual é uma violação da soberania nocional da Síria), é improvável que actue contra a Turquia.
O foco do Irão está nas operações em curso do governo sírio no noroeste da província de Idlib, a qual é enormemente estratégica uma vez que está na linha de costa junto ao Mediterrâneo Oriental. A Rússia actualmente também está a concentrar-se nas operações em Idlib, a qual é adjacente à província de Latakia (também ao longo do Mediterrâneo Oriental) onde estão situadas a base naval russa em Tartus e a base aérea em Hmeimim.
É concebível que haja um entendimento tácito de que a Turquia pode não objectar (excepto, é claro, verbalmente) às operações sírias (ajudadas pela milícia apoiada pelo Irão e a Rússia) para esmagar os filiados à al-Qaeda presentes em Idlib e proteger aquela grande província. Os media iranianos informaram hoje que forças do governo sírio capturaram a base aérea estratégica de Abu al-Dhohour no sudeste de Idlib à Frente al-Nusra (filiada à al-Qaeda) no sábado à tarde.
Quanto à posição russa, significativamente, na quarta-feira Erdogan enviou o vice-chefe do Estado-Maior turco, Gen. Hulusi Akar e ao chefe da Organização de Inteligência Nacional, Hakan Fidan, num voo a Moscovo para reunir-se com o chefe do Estado-Maior russo, Valery Gerasimov, e a inteligência russa. Claramente, houve um alto grau de coordenação entre Moscovo e Ancara na decisão de Erdogan de ordenar a operação militar turca. Moscovo exprimiu preocupação acerca das operações turcas e apelou à contenção mas simultaneamente também retirou para fora de perigo pessoal russo da vizinhança de Afrin.
Não há razão concebível para que Moscovo deva ajudar os americanos – contra o pano de fundo a Nova Guerra Fria. De modo interessante, na sexta-feira o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, atacou duramente os EUA alegando que estavam a balcanizar a Síria. Ele disse isto numa conferência de imprensa na Sede da ONU em Nova York. Citação de Lavrov: "Os EUA estão realmente a estabelecer corpos de governo alternativos em grandes partes da Síria, o que contraria as obrigações em relação à integridade territorial da Síria que têm reafirmado e a que se comprometeram, particularmente nas reuniões do Conselho de Segurança. Estamos preocupados acerca disso".
No dia 15 de Janeiro, numa conferência de imprensa em Moscovo, Lavrov fez algumas declarações francas:
Podemos ver as aspirações não para resolver o conflito (sírio) tão logo quanto possível, mas sim para assistir aqueles que desejariam dar passos práticos para mudar o regime... As acções, podemos ver agora, demonstram que os Estados Unidos não querem manter a Síria territorialmente integrada. Foi só ontem que ouvimos acerca de uma nova iniciativa de que os EUA querem ajudar as assim chamadas forças da Síria democrática a organizarem algumas zonas de segurança na fronteira. De facto, isso significa separação de um enorme território ao longo das fronteiras com a Turquia e o Iraque.
Como é que tudo isto faz sentido? Na minha opinião, tanto a Rússia como o Irão simplesmente sentarão com os braços cruzados e observarão como Erdogan cuida de esmagam o principal proxy dos EUA (a milícia curda) no norte da Síria. Na verdade, eles não têm nada a perder se se seguir um confronto desagradável entre os EUA e a Turquia, duas grandes potências da NATO. Por outro lado, se a Turquia tiver êxito em vencer a milícia curda, os EUA não terão outra opção senão desocupar o norte da Síria, o que também funciona em vantagem da Rússia e do Irão. Dito resumidamente, a administração Trump deu um passo maior do que as pernas com a sua decisão insensata de manter indefinidamente a presença militar dos EUA na Síria "para conter Assad e o Irão" . Teerão sabe muito bem que se os EUA forem forçados a desocupar a Síria, o projecto estado-unidense-israelense contra o Irão tornar-se-á uma piada no bazar do Médio Oriente.
As próximas semanas vão ser cruciais. Se os EUA se mostrarem impotentes enquanto a Turquia esmaga seus aliados na Síria, isto será uma enorme perda de face para a administração Trump no plano regional. Enquanto isso, a Turquia está a cooperar activamente com a Rússia nos preparativos para manter um Diálogo Nacional Sírio (de representantes do governo e da oposição) em Sochi, dias 29-30 de Janeiro. A Rússia agora consegue uma outra oportunidade para acelerar o entendimento sírio.
Por decreto de 2 de Novembro de 1860 e Carta de lei de 9 de Novembro do mesmo ano, assinados por D. Pedro V, foram aprovados os primeiros Estatutos da Associação Protectora do Asilo para a Infância Desvalida no Campo Grande.
A iniciativa que então se formalizava tinha já origem em 1855, quando um «grupo de pessoas caridosas pensaram estender à numerosa população do Campo Grande e suas imediações o benefício da instituição de uma casa de asilo de infância desvalida». A Comissão Fundadora, presidida pelo Conde das Galveias, procedeu de imediato à angariação de fundos, que se destinariam em primeiro lugar à construção de um edifício adequado às finalidades da Associação.
Por escritura de 12 de Março de 1856 a obra foi adjudicada aos Senhores Rambois e Cinatti e a construção começaria imediatamente. O edifício ficou concluído em Setembro de 1857, tendo sido inaugurado em Outubro. Após a morte de D. Pedro V, «Protector do Asilo», em 1861, é mudada a designação da Associação, por portaria de 19 de Janeiro de 1862. Passaria então a chamar-se Asilo D. Pedro V, para a Infância Desvalida do Campo Grande, e a contar com a protecção da Rainha.
A iniciativa enquadrava-se, então, no espírito liberal e filantrópico que animava pessoas com responsabilidades políticas e sociais para a constituição de organismos privados de solidariedade social, de cunho marcadamente cristão. A actividade assistencial do Asilo D. Pedro V caracterizava-se pelo apoio, em termos de alojamento, alimentação, vestuário e, não menos importante, instrução, a raparigas. Foi concebido como um internato, com capacidade para receber até 100 educandas ao mesmo tempo, e dentro destes moldes funcionou ao longo de mais de um século de existência.
A história do Asilo ficou marcada pelas vicissitudes da vida política do país, pelos altos e baixos da sua vida económica. Todas as despesas eram suportadas por donativos privados, mesmo quando o Asilo se via na necessidade de suprir carências que deveriam caber ao Estado, como sucedeu com a criação de duas escolas primárias no Campo Grande, a fim de se garantir instrução a educandas externas. O único apoio do Estado, no século XIX, verificou-se apenas em 1897-98, traduzindo-se num contributo para a ampliação do edifício. Não terá sido estranho à decisão o facto de o Ministro das Obras Públicas ter sido Presidente do Asilo.
Ao longo do século XX os períodos de expansão e recessão alternaram, sendo de estacar o princípio dos anos vinte como um período de estabilidade e normalização financeira, que seriam reforçadas com os apoios do Governo Civil de Lisboa, da Comissão Central de Assistência e do Instituto de Seguros Sociais, entre 1924 e 1929. Entre 1930 e 1939 o Estado continuou a apoiar o Asilo, mas as dificuldades de funcionamento aumentavam. O Fundo de Desemprego completou, ao longo da década de 1940-50, os generosos donativos privados de dois benfeitores da instituição. A partir de 1951 a sobrevivência do Asilo ficou a dever-se principalmente à acção do Conde de Vill´Alva. Na década de cinquenta o Asilo estabeleceu um acordo com o Instituto de Protecção aos Menores, e começou a preparar a comemoração do seu centenário. Em 1956, o Ministro das Obras Públicas, Engenheiro Arantes e Oliveira concedeu um subsídio de cem contos para obras de melhoramento, a que o Arquitecto Raul Lino emprestou o cunho do seu gosto.
O funcionamento da instituição continuava, porém, a depender sobretudo do apoio do Senhor Conde de Vill’Alva. Em finais da década de sessenta era notório o desajustamento dos fins estatutários do Asilo (então designado pelo Internato D. Pedro V), com a realidade social do país. No princípio dos anos setenta o Conselho Director, presidido pelo Eng. José Frederico Ulrich, começou a desenvolver novos projectos, nomeadamente no âmbito da formação de educadoras de infância.
Este e outros projectos ficaram interrompidos com a Revolução do 25 de Abril de 1974. Seguiu-se a «ocupação» do edifício por «forças revolucionárias» e a nacionalização da instituição privada. Finalmente em 20 de Maio de 1983, o Governo da Aliança Democrática reconheceu o Internato D. Pedro V como Instituição privada, e ordenou a sua devolução.
As transformações ocorridas na sociedade portuguesa tornavam anacrónicos os estatutos pelos quais se regia a instituição. Em 1982 tinham sido aprovados novos estatutos, assim como a nova designação: Associação de Solidariedade Social D. Pedro V. Associação, presidida desde 1983 pela Senhora Condessa de Vill’Alva, definiu um projecto de intervenção novo, ajustado às novas situações sociais. Tornava-se por demais evidente a impossibilidade de manter o internato, e os custos de recuperação e conservação do edifício, degradado no período da «ocupação», tornavam inviáveis quaisquer projectos nesse sentido. Em Assembleia Geral de 20 de Março de 1983 ficou decidida a venda do edifício e, com o produto da venda, criar um fundo financeiro para a prossecução dos objectivos da Associação.
Desde então a filosofia de actuação da Direção tem sido regida pelo princípio de que a Associação não dispõe de infra-estruturas para directamente concretizar os objectivos estatutário, mas antes os realiza através de apoio a instituições já existentes, com fins estatutários semelhantes aos da Associação.
Postal Asilo Don Pedro VAsilo D. Pedro V, situado no topo nordeste, com o actual número 380. Foi concluído e inaugurado em 1857, erguido por subscrição pública para celebrar a aclamação do jovem rei e desde logo destinado a socorrer e instruir a infância desvalida de Lisboa, iniciativa que contou com o caloroso apoio do monarca. As obras, iniciadas a 10 de Maio de 1856 segundo o traço de Aquiles Rambois e José Cinatti, duraram pouco mais de um ano, tendo a inauguração, feita pelo próprio D. Pedro V, decorrido no dia 18 de Outubro de 1857. Albergava inicialmente 20 crianças, número em breve multiplicado, pois três anos volvidos era já de 81 raparigas e 39 rapazes. A escritura de venda, datada de 27 de Dezembro de 1990, refere um valor de 1,728 milhões de contos. Seria posteriormente revendido e, em 1999, demolido Ao centro do [novo] conjunto, nova construção que reproduz as características exteriores do velho imóvel
A cerimónia de abertura do ano judicial foi uma grande desilusão. Não tanto pela incapacidade de a maioria dos oradores ir além do politicamente correto mas, sobretudo, pela incapacidade de a maioria desses oradores falar com o povo a quem se dirige a justiça e em nome de quem ela é feita. Discursos pomposos, carregados de linguagem jurídica, feitos com tudo e o seu contrário, verdades insofismáveis sobre estatutos e dignificação das magistraturas.
Salvou-se o Presidente da República, como quase sempre, como há um ano, a colocar o dedo na ferida. Lembrando que a justiça precisa de uma reforma, apontando para o futuro, pedindo avanços no acordo conseguido pelos operadores da justiça, pedindo ao poder político que, partindo daqui, saiba explicar aos portugueses o que se pretende mudar para que a justiça exista em nome do povo. Mas mesmo Marcelo procurou pôr paninhos quentes no mal de que padece a justiça. Valorizou mais os pequenos passos que se deram do que os atrasos estruturais que não se resolvem. Para o Presidente há sempre tempo porque muito tempo já todos esperámos e nem para ele há urgência em resolver a mais grave crise do regime.
A ideia que a opinião pública tem de que a justiça é lenta, que funciona de forma diferente para pobres e ricos, que condena na praça pública por incapacidade de julgar nos tribunais, nada disso lhes interessa. Querem convencer-nos de que está tudo no bom caminho, só a precisar de mais meios e mais dinheiro. Presidente da Assembleia e Presidente da República pedem o óbvio, que o poder político dê seguimento ao acordo que foi conseguido pelos operadores da justiça. Mas todos sabemos que, se ficarem por aí, nada de substancial vai mudar.
Falta ambição e, mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa tenha razão quando diz que é melhor dar pequenos passos do que ficar parado, sem ambição, o regime continuará refém das corporações que menos mudaram no pós-25 de Abril. Agora há separação de poderes mas não há muito mais do que isso.
No dia em que Trump comemora um ano como presidente dos Estados Unidos, o senado não conseguiu acordo
O Governo dos Estados Unidos da América iniciou às 00:00 locais (mais uma hora em Lisboa) o encerramento parcial dos seus serviços devido à falta de fundos para os financiar, após ter falhado a tentativa de compromisso para o Orçamento. Donald Trump, que hoje comemora um ano na Casa Branca, já acusou os democratas pelo fracasso nas negociações.
"É o primeiro aniversário da minha presidência e os democratas quiseram dar-me um belo presente", escreveu no Twitter.
Donald Trump acusou os democratas de estarem mais preocupados com os imigrantes ilegais do que com as questões militares e de segurança "na perigosa fronteira a sul". "Poderiam ter feito um acordo mas preferiram jogar à política do 'shutdown'", acrescentou o presidente dos EUA.
Trump lembra que os republicanos têm apenas 51 votos no senado e que precisavam de 60 para aprovar o orçamento de curto prazo. "É por isso que precisamos de mais republicanos a ganhar nas eleições de 2018", apelou.
A proposta de Orçamento apresentada pelos republicanos obteve mais votos a favor (50) que contra (48), mas foram insuficientes para aprovar as verbas que exigiam o apoio de 60 senadores.
Nas reuniões bipartidárias, os democratas tinham colocado como condição para a aprovação do orçamento um aumento de financiamento do programa DACA, de integração dos imigrantes que entraram ilegalmente nos EUA quando eram menores, bem como alterações na política de imigração de Trump. A Casa Branca e os representantes republicanos recusaram.
A última vez que o Governo dos Estados Unidos teve de fechar por falta de fundos foi em outubro de 2013 com Barack Obama na Casa Branca, situação que durou 16 dias.
Então, Obama mandou para casa mais de 800 mil funcionários públicos -- os considerados não essenciais -, encerrou museus e parques nacionais, e cancelou tratamentos experimentais em centros federais de investigação médica.
Às 10h20, de 21 de Janeiro de 1793, na Praça da Revolução (actual Place de La Concorde), Luís XVI, 39 anos, ex-rei da França, é guilhotinado um dia após ser condenado por conspiração com potências estrangeiras e sentenciado à morte pela Convenção Nacional Francesa.
Preso nas Tulherias com a sua família desde o mês de Agosto de 1792, a Convenção acusa-o de ser um traidor da Nação. Em 16 de Outubro do mesmo ano seria vez da sua mulher Maria Antonieta ser executada na guilhotina em praça pública.
Luís XVI havia assumido o trono francês em 1774 e desde o começo mostrou-se incapaz de tratar dos graves problemas financeiros que herdara de seu avô, o rei Luís XV. Em 1789, numa desesperada tentativa de resolver a aguda crise por que passava o país, Luís XVI convoca os Estados-Gerais, uma assembleia nacional que representava os três “Estados” do povo francês – a nobreza, o clero e a população comum e que não se haviam reunido desde o longínquo ano de 1614.
Ao longo da década de 1780, vários ministros tentaram ampliar a cobrança de impostos para assim tentar ultrapassar o quadro critico do país. No entanto, o conservadorismo das autoridades reais e a conivência de grande parte da nobreza e do clero impediam a realização dessas mudanças.
O primeiro estado, o clero, contava com cerca de 120 mil religiosos divididos em alto clero (bispos e abades, muitos deles proprietários de terras) e o baixo clero (padres, monges e abades de pouca condição). O segundo estado, a nobreza, dividia-se entre a nobreza provincial (proprietária de terras) e a nobreza de toga (burgueses que compravam títulos de nobreza da Coroa). O terceiro estado era composto pela esmagadora maioria da população. No topo, a burguesia que se dividia em três categorias: a alta burguesia (banqueiros e grandes empresários). Em seguida, vinha a média burguesia (empresários, professores, profissionais liberais e advogados). Por fim, a pequena burguesia (artesãos, pequenos comerciantes, artistas). Na base do terceiro estado encontrava-se toda a classe trabalhadora francesa.
À parte de formar um estado misto com agudos conflitos entre si, somente os integrantes do terceiro estado arcavam com as taxas e impostos que sustentavam a monarquia francesa.
No hemiciclo da Assembleia Geral, o primeiro estado, sentado à direita, contava com 291 cadeiras; o segundo, no centro, com 270; o terceiro, posicionado à esquerda, contava com 578 cadeiras. Como o voto era dado por Estado, a coligação entre nobreza e clero impedia a aprovação de leis mais avançadas.
O Terceiro Estado pretendia a adopção de voto por cabeça o que garantiria um amplo leque de reformas. Temendo as consequências o rei ameaçou dissolver os Estados gerais. Revoltados, os membros do Terceiro Estado reuniram-se nos espaços do Jogo da Péla, de onde exigiram a convocação de uma Assembleia Nacional. Sem saída, o monarca decidiu acatar o estabelecimento de uma Assembleia Nacional que aprovaria uma nova Constituição.
Diante da insuportável situação económica vivida, a população começa a mobilizar-se. No dia 14 de Julho de 1789, uma grande multidão invadiu a Bastilha e libertaram todos aqueles que eram considerados inimigos da realeza. Era o começo da Revolução Francesa.
Em Outubro de 1789, a multidão marchou sobre Versalhes obrigando o casal real a mudar-se para as Tulherias. Em Junho de 1791, forçaram os reis a fugir para a Áustria. Durante a viagem, Luís e Maria foram detidos em Varennes e reconduzidos a Paris. Ali, Luís XVI teve de aceitar a Constituição de 1791, que o reduziu a mera figura decorativa.
Em Agosto de 1792, os reis foram presos pelos ‘sans-cullottes’ e levados à Conciergerie. Em Setembro, a monarquia é abolida pela Convenção, que substituíra a Assembleia Nacional.
Em Janeiro seguinte, Luís foi considerado culpado e condenado à morte por estreita maioria. Em 21 de Janeiro de 1793, caminhou para a guilhotina.
Fontes: DW
wikipedia(imagens)
A execução de Luís XVI
Luís XVI preso na Tour du Temple - Jean-François Garneray
Em 21 de Janeiro de 1924, morre o líder da revolução bolchevique, Vladimir Ilitch Ulianov - Lenine. O revolucionário já estava semi-paralisado devido a sucessivos acidentes vasculares e aos poucos foi obrigado a renunciar ao exercício do poder. Mas teve tempo de instalar a ditadura do proletariado após o triunfo da Revolução de Outubro. A sua morte, devido a uma hemorragia generalizada, provocou intensa comoção popular. O funeral de Lenine teve a assistência de quase 1 milhão de pessoas sob o rigoroso inverno russo.
Teórico político e homem de acção, Lenine foi o primeiro dos herdeiros de Marx a conduzir uma revolução até à vitória, lançando as bases do sistema soviético. Combinando uma reflexão teórica original e uma visão de organização centralizada e disciplinada, foi considerado pelos seus contemporâneos como o verdadeiro pai da revolução bolchevique. Os opositores consideram-no também como a origem do sistema de repressão e supressão das liberdades individuais.
Influenciado desde muito cedo pela leitura da obra seminal de Karl Marx, O Capital, Lenine radicalizou a sua posição aquando da execução do seu irmão mais velho, Aleksandr, por conspirar contra o czar Alexandre III em 1887. Profundo e ardoroso intelectual, Lenine associa os princípios do marxismo directamente à sua própria teoria de organização política e a análise da realidade russa, imaginando um grupo de elite de revolucionários profissionais - ou “vanguarda do proletariado” -, que inicialmente conduziriam as massas russas à vitória sobre o regime czarista para finalmente provocar uma revolução mundial. Expôs essa teoria na sua famosa obra O que fazer? em 1902. A insistência de Lenine na necessidade desta vanguarda acabou por dividir o Partido Social-Democrata russo em dois. Uma ligeira maioria passou a ser conhecida como bolchevique que pregava a revolução e os seus oponentes, como mencheviques, que defendiam as reformas graduais.
Após a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914, Lenine, que então vivia na Suíça, instou os seus partidários na Rússia de reverter o conflito anti imperialista numa guerra civil que livraria as classes trabalhadoras do jugo da burguesia e da monarquia. Com o sucesso da Revolução de Fevereiro de 1917 com a abdicação do czar Nicolau II, Lenine retorna clandestinamente à Rússia e trata de organizar a tomada do poder pelos bolcheviques, o que ocorreria em Outubro do mesmo ano.
Ao chegar ao poder, Lenine estabelece um armistício imediato com as Potências Centrais (Alemanha, Áustria e Turquia) e age rapidamente para consolidar o poder do novo Estado soviético, sob o controlo do que passou a ser Partido Comunista bolchevique. Para tanto, os “vermelhos” (revolucionários) tiveram de derrotar os “brancos” (reacionários) em feroz luta e repelir a invasão de 13 potências estrangeiras.
Em 6 anos de poder, Lenine enfrentou extremas dificuldades para implementar a sua visão de Estado dentro das fronteiras, assim como materializar a revolução internacional.
Lenine sofreu um primeiro derrame em Maio de 1922. O segundo, mais violento, ocorreu em Maio do ano seguinte, deixando-o quase sem fala e praticamente encerrou a sua carreira política.
Quando Lenine morre, em Janeiro de 1924, na sua casa de campo em Gorki, o Politburo, no meio comoção geral, prepara exéquias excepcionais. Estaline envia um telegrama a Trotsky, que estava ausente de Moscovo, comunicando a morte de Lenine, mas o velho camarada não vai ao funeral. Havia três versões para a ausência de Trotsky: estaria em descanso no sul da Rússia; em tratamento de saúde ou em serviço. Trotsky telefona para Estaline e pergunta quando seriam os funerais. Estaline responde “No sábado.Não conseguirás chegar a tempo, e de qualquer modo nós aconselhamos-te a permanecer aí com o teu tratamento de saúde”. As cerimónias ocorreram no domingo. Estaline foi o único orador ao lado do caixão mortuário. O povo e os camaradas do partido interpretaram a cena: Estaline transformara-se no herdeiro de Lenine.
Escritor inglês, de nome verdadeiro Eric Blair, nascido a 25 de junho de 1903, em Bengala, Índia, e falecido a 21 de janeiro de 1950, em Londres. Convencendo-se de que o imperialismo era uma ilusão, foi para Inglaterra, após ter feito parte da polícia imperial na Birmânia. Aproximando-se, mais tarde, do socialismo, acabou por abordar os problemas sociais com franqueza e precisão. Desde o início, os seus romances basearam-se nas suas experiências pessoais. Da sua vasta obra, destacam-se Burmese Days (1934), The Clergyman's Daughter (1934),Keep the Aspidistra Flying (1936), The Road to Wigan Pier (1937), Animal Farm (O Triunfo dos Porcos) e Mil Novecentos e Oitenta e Quatro.
O Triunfo dos Porcos
Romance de George Orwell, cujo título original é Animal Farm, publicado em 1945. A história relata a revolução dos animais da quinta Manor, propriedade do senhor Jones.
O Velho Major, o mais respeitado porco, reúne, durante a noite, todos os animais da quinta e conta-lhes um sonho que tivera - a sua morte estava para breve e compreendia, então, o valor da vida. Explica logo aos companheiros que devem a sua miserável existência à tirania dos homens que, preguiçosos e incompetentes, usufruem do trabalho dos animais, vítimas de uma exploração prepotente. O Velho Major incita o grupo não só à rebelião, para derrotar o inimigo, como também a entoar o cântico de revolta "Animais de Inglaterra".
Três dias depois, morre o Velho Major. Mas a revolução prossegue, com novos líderes - os porcos Snowball, Napoleão e Squealer, que criam o Animalismo, como sistema doutrinário, com "Os Sete Mandamentos". Expulsam o dono da quinta e mudam o nome da propriedade para "Quinta dos Animais". Dada a estupidez e a limitação de alguns, que não conseguem decorar os "Mandamentos", Snowball reduziu-os a uma máxima: "Quatro pernas, bom; duas pernas, mau".
O regime do Animalismo começa logo de forma vigorosa, com todos os animais a trabalharem, de forma a fazerem progredir a quinta – a auto-gestão estimulava o orgulho animal. Snowball cria uma lista de comissões para conceber programas de desenvolvimento social, educação e formação.
Com o passar do tempo, os porcos tornam-se corruptos pelo poder. Instala-se então uma nova tirania, sob o comando de Napoleão, que passa a impor um novo princípio: "Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros".
Numa demonstração do seu sucesso político-social, os porcos convidam, para um jantar, os donos das propriedades vizinhas, a fim de que estes se apercebam da eficiência da "Quinta dos Animais". E são felicitados pelo sucesso do seu regime. Nessa altura, o cavalo Clover constata, horrorizado, que já não é possível distinguir a cara dos porcos da dos homens.
Orwell, através desta fábula, pretende não só demonstrar como o idealismo foi traído pelo desejo de poder e pela corrupção e mentira, como também condenar o totalitarismo, a Revolução Russa de 1917 e a Rússia de Stalin. Em 1955, a obra foi adaptada para filme animado, com título homónimo.
George Orwell. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012.
"Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir." George Orwell
Pelo menos seis mortos e doze horas de pesadelo: é o balanço do ataque contra um hotel de luxo de Cabul, que só terminou esta madrugada.
Um porta-voz do ministério afegão do Interior precisou que a ação foi perpetrada por quatro homens armados e não três, como tinha sido antes indicado. Os quatro atacantes foram mortos pelas forças de segurança que, segundo a mesma fonte, "resgataram 126 pessoas, incluíndo 41 estrangeiros" do interior do hotel Intercontinental de Cabul, um dos dois hotéis de cinco estrelas da capital do Afeganistão. Entre as vítimas mortais há um estrangeiro, cuja nacionalidade não foi divulgada.
Os atacantes introduziram-se no hotel por volta das 17h30, hora local, provocando uma explosão, antes de abrirem fogo de forma indiscriminada. Durante a noite, forças especiais apoiadas por militares da NATO recuperaram progressivamente o controlo do hotel, mas foi só já depois de amanhecer que o último dos atacantes, entricheirado com reféns, foi finalmente abatido.
O ataque ainda não foi reivindicado. O hotel Intercontinental de Cabul, que abriu as portas em 1969, já tinha sido visado em junho de 2011 pelos talibãs, numa ação que se saldou em 21 mortos. O último ataque contra um grande hotel da capital afegã, o Serena (também com cinco estrelas), aconteceu em março de 2014 e terminou com a morte de nove pessoas.
Engenho explosivo foi encontrado no pinhal que ardeu a 15 de outubro
A Polícia Judiciária de Leiria já identificou as causas dos dois incêndios que consumiram 86% do Pinhal de Leiria a 15 de outubro de 2017. “Ambos tiveram mão criminosa. Num deles foi usado um engenho artesanal para atear o fogo”, avançou ao Expresso fonte da PJ. Contudo, os investigadores não conseguiram ainda identificar os autores.
Desse dia, o pior do ano em incêndios, em que morreram 45 pessoas, há já mais ocorrências com causa identificada. A PJ da Guarda confirma que os dois principais fogos registados no distrito foram iniciados por dois pastores locais que realizaram queimadas (proibidas naquela altura) para a renovação das pastagens. “Há vários pastores na região, são um grupo que se isola, fechado sobre si, e está a ser difícil identificar os autores concretos”, avança fonte do processo.
A PJ de Coimbra também já determinou a causa de um dos mais graves incêndios de 15 de outubro, o da Lousã, que atingiu uma área de 43.941 hectares. “Uma árvore de grande porte caiu na linha de média tensão”, garante um investigador, e projetou fagulhas em várias direções, com ajuda do vento forte.
Os 700 gigabytes de escutas do processo Operação Marquês, entregues no mês passado à defesa de José Sócrates, estavam com vírus informáticos,
O Ministério Público esclareceu hoje que as escutas da Operação Marquês, atacadas por dezenas de vírus informáticos, foram contaminadas "no momento da interceção", e não no procedimento de cópia dos ficheiros ou no processo de análise durante a investigação.
Em meados do mês passado, os representantes legais do ex-primeiro-ministro José Sócrates foram informados pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) de que podiam levantar os discos que lá tinham deixado para que neles fossem gravadas todas as interceções telefónicas.
Nessa altura, terão sido avisados por uma funcionária do DCIAP de que o acesso ao conteúdo dos discos devia ser feito com antivírus, uma vez que alguns ficheiros podiam estar infetados.
Questionada pela Lusa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) salientou "que a existência dos referidos vírus informáticos não resulta do procedimento de cópia dos ficheiros nem do processo de análise durante a investigação -- as próprias mensagens, no momento da interceção, estavam já contaminadas com os problemas informáticos".
Desse modo, verificando que alguns dos ficheiros informáticos de prova estavam "originalmente infetados com vírus, o Ministério Público optou por manter essa situação", e "fê-lo para não alterar, de forma alguma, a versão originária dos ficheiros de prova", disse fonte da PGR.
"Todos os arguidos que requereram cópia dos referidos ficheiros informáticos de prova foram informados deste facto", acrescentou.
De acordo com o "Público", o advogado Pedro Delille explicou que se limitou a enviar tudo para um perito informático, e que este detetou um total de cinco dezenas de vírus, entre trojans (também conhecidos por cavalos de Tróia, por entrarem nos computadores como se fossem um programa legítimo) e "outras coisas do género".
O representante do principal arguido da Operação Marquês explicou ainda que, tenha ou não sido por causa do malware, o certo é que, mesmo depois de os vírus terem sido postos de quarentena, as escutas --- que o perito informático só lhe devolveu há dois dias --- estão imprestáveis, ainda segundo o jornal.
Pedro Delille assegura que é impossível identificar quem está a falar, não porque as vozes não sejam audíveis, mas porque não está identificado em lado nenhum a quem pertencem.
O "Público" especifica que são 700 gigabytes de escutas e adianta que aos advogados foi oferecida outra alternativa, que consiste em irem ao DCIAP ouvir as interceções telefónicas nos equipamentos daquele departamento.
Contudo, esta possibilidade também não resultou, porque o computador colocado na sala destinada aos advogados, e a que chamaram sistema de audição, tem os mesmos problemas que as peças processuais anteriormente fornecidas, conta o advogado, citado pelo "Público".
Pedro Delille diz que quando o processo transitar do DCIAP, de onde já devia ter saído, para o Tribunal Central de Investigação Criminal, irá pedir uma perícia informática a estas interceções telefónicas, porque as únicas que são identificáveis são aquelas que foram transcritas pelo DCIAP ao longo da investigação, mas que constituem uma parte ínfima de todas as escutas feitas.
Os vírus informáticos são mais um problema num processo que tarda em entrar na fase de instrução, precisamente por o DCIAP não ter conseguido até agora fornecer às defesas em tempo útil todas as peças processuais.
A audição da subcomissão parlamentar sobre a nova lei da identidade de género teve, quinta-feira, um episódio insólito: uma conservadora do Registo Civil abandonou a sala, sem mais nem menos, porque personalizou uma pergunta inofensiva da deputada comunista Rita Rato.
Questionada quanto ao número de casos de pessoas que tinham mudado de sexo no Registo Civil e que depois decidiram reverter a decisão, Sónia Pinho, representante da Associação Sindical dos Conservadores de Registos - ASCR, mostrou-se completamente fora de si, porque pensou que lhe estava a ser perguntado pela deputada do PCP se tinha casos de transexualidade na família.
"Nunca me tinha acontecido", acabou por admitir Rita Rato, que chegou a ser mandada calar pela conservadora, que saiu porta fora após ser impedida de falar de modo impróprio pela presidente da subcomissão para a Igualdade e Não Discriminação, a socialista Elza Pais.
O episódio conta-se em poucos parágrafos: chamadas pelo Parlamento a pronunciarem-se sobre as propostas de alteração à lei da identidade de género, Sónia Pinho, ao lado de outra representante da ASCR, Paula Lopes, começou por ultrapassar em muito os 10 minutos que tinha para fazer críticas e sugestões apenas sobre a legislação. Com um tom afirmativo muito próprio, que acentuava no final de cada frase com considerações pessoais, a conservadora chegou aos 30 minutos de intervenção, ao que se seguiram as questões das deputadas que integram aquela subcomissão.
Depois de uma curta intervenção da bloquista Sandra Cunha, Sónia Pinho começou a ruborizar perante a declaração da socialista Isabel Moreira, que, apesar de agradecer as contribuições à analise dos documentos, chamou à atenção da sindicalista de que estava ali para dar uma opinião de carácter profissional e não pessoal.
Quando chegou a vez de Rita Rato questionar as duas conservadoras, Sónia Pinho mostrou então todo o seu desconforto.
(Ana Sousa Dias, in Diário de Notícias, 20/01/2018)
O menino Nelito foi uma das criações geniais de Herman José. Um menino de bibe a destruir tudo à passagem, a fazer perguntas embaraçosas e a ser encantador. Aí estão três características das crianças. Destroem muita coisa à passagem, fazem perguntas embaraçosas e são encantadores. Fazem e são muitas outras coisas, todos os dias, a todas as horas, e o sossego muitas vezes só chega quando adormecem. Como anjos, não é?
Esforcei-me por ver aquela coisa chamada Supernanny da SIC, mas várias vezes parei, desliguei, respirei fundo e voltei atrás por me sentir obrigada a ver até ao fim. Estou à procura de uma expressão. Enojada, indignada, cheia de pena daquela criança e daquela mãe que consentiu na devassa da vida da sua filha e dela própria e de caminho levou também a avó. Aquela criança e aquela mãe, aquela família, identificadas e com a morada evidenciada, não podem ficar melhor depois de aquilo ter sido emitido.
(Talvez eu esteja a ver mal, a portar-me mal e, portanto, vou ver se descubro aqui em casa um banquinho onde me sinta suficientemente humilhada e culpada. Mas talvez isso não resulte sem uma câmara a filmar a minha humilhação, talvez não seja suficientemente cruel. E dada a minha idade, um minuto por cada ano vai dar uma conta bem demorada, ultrapassando todos os máximos recomendáveis.)
Ter filhos é uma experiência em que saímos sempre a ganhar e a perder ao mesmo tempo. Não tem regras que sirvam para todos e para tudo, erramos muitas vezes e gritamos e cedemos e fazemos muitas daquelas coisas que, quando os não tínhamos, sabíamos com toda a certeza: nunca hei de fazer isto. Ou comes a sopa ou etc. Gritei de fúria e desespero. Fiquei farta muitas vezes e disse-o. Era o que estava a sentir. Muitas vezes fiquei feliz, encantada, aconchegada, recompensada, mais completa. Na maior parte do tempo, é a vida como ela é, a correr de um lado para o outro, a fazer contas e a dizer não faças isto não faças aquilo, a afligir-me com as doenças e os acidentes, a rir de disparates, a contar tropelias aos amigos. Nesse processo aprendi imensas coisas e eles também, e não o digo porque fica bem dizer isto em momentos-chave para pacificar a conversa e diminuir a culpa. Digo-o porque é verdade.
Depois do que vi naquele episódio, respondo aquele que tem sido o mote de muitas intervenções sobre o tema: o direito da criança à privacidade não é respeitado. Não é um programa de informação, invocar o Código Deontológico dos Jornalistas pode parecer deslocado, mas cito-o porque é, também, uma súmula de regras de sensatez e respeito pelos outros: o jornalista “deve proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor”.
Não é aceitável expor o comportamento de uma menina de 7 anos que está a ser filmada em casa (mesmo quando ela está a dormir há uma câmara de vigilância), num contexto que finge ser uma sessão de ensinamentos sobre boas práticas de educação numa casa de família. Vai contra vários direitos das crianças e, estou segura, contra as normas éticas dos psicólogos.
A Margarida não é o Nelito nem uma personagem ficcionada de This Is Us, é uma criança que tem direito a ser protegida. E é falacioso o argumento de que se pretende ajudar os pais a lidar com filhos difíceis, sobretudo os que não têm dinheiro para pagar psicólogos. Se os adultos querem autoflagelar-se em público, façam-no, mas não ponham à frente as crianças. Se uma psicóloga quer ganhar dinheiro e notoriedade, faça-o sem usar cobaias humanas.
Com isto concluo, citando a menina que faz uma birra de sono e está de castigo no banquinho: “Deixem-me sair, vocês são estúpidas.” Quer dizer. Quem de certeza não é estúpido é quem está a ganhar dinheiro e outras benesses no processo.
(Aproveito para dizer que se uma criança com cabelo revolto chora quando a penteamos: 1) tem razão; 2) podemos cortar-lhe os caracóis para ser mais fácil; 3) há uns produtos que ajudam a desembaraçar os nós. É só uma dica para a miúda de cabelos compridos daquele primeiro e funesto episódio, ou para a mãe dela, ou para quem fez aquele programa e usou os gritos da menina a ser penteada para ilustrar a grave acusação: ela grita!)
VÍDEO ATENÇÃO ! SE QUISER TRADUZIR PARA PORTUGUÊS CLIQUE EM LEGENDAS NO CANTO INFERIOR DIREITO DO VÍDEO E DEPOIS LOGO A SEGUIR NA RODA DENTADA ONDE DIZ TRADUZIR AUTOMATICAMENTE E PROCURE O IDIOMA
Fará sentido Portugal assinar um acordo internacional, num qualquer domínio, para depois uma entidade nacional chamar a si o papel de avaliador e concluir que não aplica esse acordo porque a outra parte, segundo a sua avaliação, não é credível, não tem competência ou não merece confiança? Será aceitável pela outra parte continuar a cooperar com essa instituição, quando esta tem tão má opinião das suas instituições nacionais? Faz sentido a existência de uma comunidade internacional em que participam os governos quando uma entidade de um desses países, sobre a qual os governos não têm poder, decide chamar a si a decisão sobre quais os acordos que aplica e os parceiros dessa comunidade que lhe merecem confiança?
A resposta é um triplo não. A posição do MP apenas poderá ter uma consequência prática, a perda de credibilidade do Estado português junto de Angola e a implosão da CPLP pois nos tempos que correm dificilmente o MP poderá considerar de confiança a justiça de qualquer um dos membros dessa comunidade. Não confiar na justiça angolana não é bem a mesma coisa que pedir a prisão preventiva de um qualquer pilha-galinhas, por receio dele fugir; é uma decisão de grandes consequências diplomáticas que nem mesmo o governo pode decidir sem ouvir o Presidente e se explicar ao Parlamento.
Imaginemos que a justiça espanhola decidia investigar Marcelo Rebelo de Sousa e quando o governo português pedisse, ao abrigo de uma convenção de que ambos os Estados fossem parte, que o processo seguisse os seus trâmites em Portugal, a Fiscalia Fiscal de Espanha, a PGR lá do sítio, se recusasse a aceder a esse pedido, argumentando não ser a justiça portuguesa merecedora de confiança.
Razões não lhe faltariam, as violações graves e reiteradas do segredo de justiça, a corrupção de um importante magistrado, a incapacidade de chegar a condenações nalguns dos mais importantes processos. Mas como reagiriam os portugueses e as suas instituições?
Ao considerar que a justiça de um país não merece confiança, o MP está a afirmar que todo esse país não merece confiança. isso significa que os políticos e as instituições não são de confiança, que os investidores estrangeiros não podem confiar nos tribunais e serão sujeitos a todas as arbitrariedades. Esta classificação põe em causa as relações entre estados e seria interessante saber quais foram os procedimentos internos adoptados para que a Procuradora-Geral se permita tomar uma posição tão drástica e de consequências tão graves. Seria também de conhecer quais os procedimentos internos que levaram a essa decisão: se bastou uma mera informação de um procurador que mereceu despacho favorável da Procuradora-Geral.
A Procuradoria-Geral elaborou tal “licença” com que base? É o resultado de visitas a Angola no quadro da tal excelente cooperação de que alguém falou, baseia-se nalguma auditoria à justiça angolana, resulta de relatórios de organizações internacionais, é uma percepção resultante da leitura dos jornais? Considerar que um país não é de confiança não pode ser uma decisão tomada de ânimo leve, com base em argumentos levianos. É algo muito sério, que deve ser ponderado, que deve ser devidamente fundamentado.
A política externa não é competência da Procuradora-Geral, é mesmo uma das poucas competência, a par da chefia das forças armadas, em que governo e Presidência partilham responsabilidades. Condenar um país não é uma decisão que um Presidente e um primeiro-ministro tomem de ânimo leve; se o fizerem pondo em risco as relações bilaterais serão chamados a explicar as razões de tão grave decisão, que pode fazer perigar as relações entre dois grandes aliados.
O que se exige da Procuradora-Geral, que parece ser uma Presidente da República na sombra, é o que se faz em relação a qualquer órgão de soberania eleito, o que não é o caso do MP. A Procuradora-Geral deve vir a público explicar a decisão que tomou em relação a Angola, assumindo as responsabilidades, explicando os fundamentos e dando a conhecer os procedimentos internos que podem ter levado a tão grave decisão.
Não estão a ser desalojadas por qualquer catástrofe natural, foram escorraçadas do seu natural meio de sobrevivência e atiradas, dentro da moral capitalista, para o caixote do lixo da sobrevivência, o desemprego.
Não houve felizmente a infelicidade de um incêndio ou qualquer outra calamidade e, como a media do patronato não tem interesse em divulgar tudo o que afete os interesses da sua classe, a luta das trabalhadoras da Triumph aparece graas à determinação das trabalhadoras.
«Trabalhadoras da Triumph mantêm vigília para impedir saída de equipamento»
SER SOLIDÁRIO COM TODOS OS MEIOS AO NOSSO ALCANCE, SEMPRE!
Jorge Moreira da Silva, ex-ministro do Ambiente e atual diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da OCDE, convidado desta semana do programa da TSF , A Vida do Dinheiro , disse com todo o despudor que : " o país tem uma dívida de gratidão para com Passos Coelho " Só mesmo num programa com o título a vida do dinheiro... Grato deve estar o menino Jorge Moreira da Silva pela sinecura que Passos lhe arranjou na OCDE. Também hoje falando no encerramento do Congresso "Portugal no Futuro", da Plataforma para o Crescimento Sustentável (PCS), de Jorge Moreira da Silva, o Chefe de Estado defendeu que "a modernização do Estado fica a perpassar como um dado óbvio para uma boa consciência individual e coletiva, mas, pela situação vivida em Portugal neste momento, não passa de uma proclamação piedosa". A reforma do Estado para estes senhores e para o Selfie de Belém já se sabe qual é : Estado mínimo , com tudo o que pode dar dinheiro privatizado. A lição dos fogos não lhes chegou.
Foi uma reunião da direita apadrinhada pelo PR uma repetição da nova/velha versão dos meninos do " Compromisso Portugal " que em 2004 se reuniu no Beato com um objectivo indisfarsável : " Venha a nós ao nosso Reino "
Nas últimas semanas escrevi umas coisas sobre a imprensa, sobre o seu poder, passei em revista as conclusões esquecidas de um Congresso de que já ninguém fala, fiz link para um vídeo onde o meu patrono Paulo Henrique denunciava "O Quarto Poder" de lá e deu para eu concluir não ser muito diferente do de cá.
A propósito do que se passa lá:
«A cobertura jornalística tradicional que se delineia nas vésperas do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem confirmado a tendência conservadora de empresas de comunicação no sentido de criminalizar a figura do petista. (...) Um levantamento feito na época pelo Intervozes mostrou que, no Jornal Nacional, da Rede Globo, que é o noticiário televisivo de maior audiência no país, em 1h20min dedicados ao tema, a defesa de Lula teve apenas 13 minutos para se manifestar. Tal prática é rotineira, segundo Bia Barbosa. "É quase natural a gente ver esse comportamento agora nas vésperas desse julgamento porque isso, na verdade, só ratifica uma linha editorial que foi adotada há muito tempo"»
Num momento em que se fala de despedimentos e do encerramento de 22 estações de correios, no âmbito do plano de reestruturação dos CTT, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações entregou esta quarta-feira, no Parlamento, uma petição com mais de 8 mil assinaturas em que pede a reversão da privatização da empresa.
Na semana passada, durante o debate quinzenal, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que, enquanto estiver em vigor o contrato de concessão, o Governo "tem as mãos bastante atadas " quanto aos CTT.
Victor Narciso, secretário-geral do sindicato, deixa um apelo ao Governo e diz que é preciso lembrar processos semelhantes que ocorreram com a banca: "Se o Estado já pagou cerca de 7 mil milhões de euros para nacionalizar dívida, porque é que não pode pagar 600 milhões para nacionalizar os CTT, para que as populações e empresas possam ser beneficiadas e os cidadãos não sejam prejudicados", perguntou o dirigente sindical.
O tema da reestruturação dos CTT esteve em destaque esta quarta-feira no Fórum TSF, onde o porta-voz dos CTT, Miguel Salema Garção, anunciou um acordo com "as entidades locais, com as juntas de freguesia" para que 14 dos 22 espaços que vão encerrar mantenham os serviços postais. O secretário-geral do sindicato rejeita esta solução e considera que "as juntas de freguesia estão a a financiar os CTT" e que "não é solução".
Sobre esta matéria, Luís Testa, deputado do PS, diz compreender o esforço que está a ser feito pela autarquias, mas chama a atenção para a necessidade de a empresa cumprir com as obrigações contratuais.
SOM ÁUDIO
Os deputados do PS, do PCP, do Bloco de Esquerda e do PEV desceram a escadaria da AR para falar com os dirigentes sindicais. Pelo PCP, Miguel Tiago também rejeitou esta solução.
SOM AUDIO
José Soeiro, do BE, diz que ao adiantar que há um acordo com as autarquias os CTT estão a admitir que não conseguem cumprir o contrato de concessão.