Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

27
Jan18

O ALENTEJO SEMPRE FOI UMA TERRA DE CONTRASTES

António Garrochinho

25 de Abril




O Alentejo sempre foi terra de contrastes...
A própria paisagem é vitima da rudeza do clima, muito frio de Inverno, extremamente quente no Verão.
Ao longo de séculos foi assim: as grandes propriedades, vulgarmente chamadas de "Latifúndios", foram pertença de algumas famílias importantes e, a restante população, a maioria deles eram pobres camponeses reduzidos á condição de servos, com a finalidade de labutar de Sol a Sol...

É por isso que a culinária alentejana é tão rica, de simples que é: Pão, Azeite e Alho, com variadas ervas á mistura, são os ingredientes principais dos pratos das nossas gentes e serviram lindamente para enganar a fome a muitas gerações de trabalhadores alentejanos.
Quando se deu o 25 Abril, esta população apoiou sem qualquer reserva a Revolução...
E nunca poderia ser de outra forma pois, desde o principio dos anos 60, muitos Portugueses, para fugir á fome e pobreza extrema tinham de emigrar ou, pior ainda, para fugir á Guerra Colonial, tinham de passar a salto a fronteira e procurar destinos que os aceitassem como refugiados "políticos"ou que fechassem os olhos a estes "ilegais" vindos de Portugal.
No periodo do PREC, prometeu-se a "Terra a quem a trabalha" e os alentejanos acreditaram na Reforma Agrária, movimento que gerou muita esperança num futuro melhor...
Cometeram-se excessos nessa época, sem sombra de dúvida. Mal preparados, os alentejanos tomaram as rédeas dos latifúndios e salvo raras excepções, as UCP's ( Unidades Colectivas de Produção ) acabaram por se extinguir ao fim de poucos anos...
E em 1977, a Lei Barreto deu um valente empurrão para devolver as terras aos seus antigos donos, dando a machadada final á Reforma Agrária...

No principio dos anos 80 Portugal entrou na CEE  e, de repente, vieram dinheiros para investir em novos negócios e potencializar a riqueza comum...
Novamente, com meritórias excepções, este dinheiro foi parar ás mãos erradas, a de gente que o gastou mal gasto e não o aplicou como devia de ser...
Ao povo alentejano, chegaram algumas migalhas desse imenso bolo, que contribuiu sem dúvida alguma para melhorar as condições de vida das aldeias, vilas e cidades alentejanas, mas numa parcela insignificante. Infelizmente, a maior parte do dinheiro ficou nos bolsos de gente que não o merecia e não soube aproveitar a oportunidade para gerar prosperidade e riqueza comuns...
Depois, a partir dos anos 2000, foi o descalabro: os anteriores latifundiários, descapitalizados, foram vendendo as suas herdades a gente de fora, investidores capitalistas na sua maioria, que não conhecem o Alentejo, estão a marimbar-se para as suas gentes e tradições e que, ávidos de lucro fácil, estão preparados para o estragar em poucos anos.
A difusão de canais de irrigação, com origem na Barragem do Alqueva, permitiu que toda uma imensa parcela alentejana se tornasse área de plantações intensivas, com tudo o que há de negativo nestas coisas, desde o aparecimento de alguns casos de escravatura de seres humanos, monoculturas de um determinado tipo de alimento e intensiva poluição ambiental, derivado do uso de agroquimicos sem controlo algum.
E, cada vez mais, o Alentejo profundo está cada vez mais despovoado. Se não fossem os empregos públicos, a situação ainda seria mais desastrosa. Desde 2008, com o desinvestimento social que se seguiu á Crise económica, muitos jovens com educação superior fizeram as malas e partiram...
Eram a esperança na renovação do tecido social alentejano e, em vez disso,  estão espalhados por esse mundo fora...
Hoje, o Alentejo continua a ser uma região pobre, desertificada e com a mais alta taxa de desemprego  do país !...

Os antigos Montes, outrora cheios de vida, estão em ruínas e, ainda por cima, os latifúndios estão a ficar nas mãos de gente que não deseja o contacto com os habitantes locais.
Tratam-se de Empresas Gestoras de Capitais: Compram, recuperam, têm administradores designados que gerem as propriedades, mas depois, salvo as honrosas excepções, o seu contributo para a prosperidade local é o pagamento do IMI e pouco mais...
Neste momento, nascem vedações em toda a imensa planura alentejana. Estamos a ficar cercados dentro das nossas aldeias e vilas e ninguém faz absolutamente nada para impedir os donos destas enormes propriedades de se apropriarem de caminhos rurais que sempre foram públicos e que serviram durante séculos para permitir a passagem de gentes e bens entre as diversas localidades.
Dizem que é por causa dos roubos de Cortiça e Gado. Que é por causa da Industria Cinegética. Que não querem ninguém a travessar as suas propriedades...
São milhares de hectares de terra onde só se pode entrar com autorização, áreas práticamente independentes dentro do Alentejo, completamente vedadas e por onde não se podem utilizar os antigos caminhos públicos.


Mas nem tudo é negativo:
Continuaremos a ter esperança no Futuro...
Com a crise, muitos jovens citadinos estão a regressar ás origens de seus pais e avós. Esta malta está a criar pequenos negócios locais, a ter filhos e, aos poucos, estão a ajudar a recuperar o tecido social alentejano...
Depois de tudo o que os nossos bisavós, avós e pais passaram, o subconsciente colectivo alentejano é indomável. Haverão decerto muitas outras lutas e muitos outros recomeços para o Alentejo e seu povo !...
Cabe a cada um de nós fazer a sua própria revolução silenciosa.
Cabe a cada um de nós contribuir com o seu esforço para tornar as nossas vilas e aldeias espaços melhores para se viver...
A União faz a Força !...
Abril Vencerá !...

O Hino da Revolução dos Cravos é nossa homenagem aos companheiros e companheiras que lutaram  e sofreram no passado para que hoje houvesse um futuro melhor:

Grândola, vila morena,
Terra da fraternidade,
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade.

Dentro de ti, ó cidade,
O povo é quem mais ordena,
Terra da fraternidade,
Grândola, vila morena.

Em cada esquina um amigo,
Em cada rosto igualdade,
Grândola, vila morena,
Terra da fraternidade.

Terra da fraternidade,
Grândola, vila morena,
Em cada rosto igualdade,
O povo’é quem mais ordena.

À sombra duma azinheira,
Que já não sabia a idade,
Jurei ter por companheira,
Grândola’a tua vontade.

Grândola’a tua vontade
Jurei ter por companheira,
À sombra duma azinheira,
Que já não sabia a idade.

( Zeca Afonso)

Fotos e gravuras retirados aleatóriamente da Internet.

omelhoralentejodomundo.blogspot.pt
27
Jan18

O Cante na raia do Baixo Alentejo – passado, presente e horizontes de expectativa

António Garrochinho


No filme “Alentejo, Alentejo”, de Sérgio Tréfaut, o mestre Bento Maria Adega, cantador de Safara, diz-nos que “foram cigarras e pássaros que ensinaram os alentejanos a cantar”. No entanto, os estudiosos atribuem diversas origens ao Cante Alentejano, que entrelaçam influências culturais cristãs, judaicas e árabes. 
Sobre as terras alentejanas escreveu Luís de Freitas Branco: “a região alentejana, de tão gloriosas tradições musicais, parece justificar, na tendência polifónica do seu povo, a teoria geralmente aceite de que a extraordinária florescência do estilo a cappella, em volta de Évora, não fosse obra do acaso” (Freitas Branco, 1929: 24). Armando Leça ao referir-se à imensa planície que é o Baixo Alentejo e aos seus magníficos corais escreveu: “a paisagem do Baixo Alentejo sem corais é como catedral gigantesca sem as sonoridades do órgão” (Leça, s/d: 32). Rodney Gallop (1960) também manifestava um entusiástico fascínio pelo Cante, afirmando: “na pequena região de entre Beja e a raia, que compreende Serpa, Moura e alguns sítios mais humildes, conservou-se uma tradição de cantar a três partes, que não tem paralelo na minha experiência de qualquer país” (Gallop, 1960: 30). No entanto, as primeiras referências documentais ao Cante remetem para o final do século XIX, início do século XX, e a denominação mais antiga e usual era de “Canto às Vozes”. João Ranita Nazaré diz-nos que a primeira alusão aos cantares no Baixo Alentejo data de 1886, da autoria de Francisco Manuel de Melo Breyner, Conde de Ficalho (1837-1903), num livro de contos em que descreve alguns costumes populares e onde o Cante surge ligado à dança: “ficavam horas no baile, andando à roda n’um passo vagaroso, cantando em coro as modas lentas, entoadas em terceiras, prolongadas em sonoridades singulares e doces” (Marchi, 2010: 8). Na revista A Tradição (1899-1904) encontramos um conjunto de textos de Manuel Dias Nunes e um cancioneiro com 60 cantigas (com pauta), que manifestam o interesse das elites intelectuais pelo Cante e outras práticas musicais associadas à cultura popular. A César das Neves e Gualdino de Campos devem-se os três volumes do Cancioneiro de Musicas Populares (1893-1899) contendo letra e música de canções, e a António Tomás Pires os quatro volumes que compõem os Cantos Populares Portugueses (1902-1910) recolhidos da tradição oral, contendo canções provenientes das diversas províncias portuguesas, com predomínio do Alentejo. Na Amareleja, terra do Padre António Marvão, musicólogo e folclorista autor do Cancioneiro Alentejano (1946), encontramos na Sociedade Recreativa Amarelejense uma foto de um grupo de cantadores, datada de 1887, que serve para legitimar a tradição do Cante junto dos seus associados e inspirar o actual grupo coral, formado em 2007.
20130815165238(1)
Em 1902, Manuel Dias Nunes fala-nos dos cantadores: “essa pobre e sofredora gente, que leva a vida inteira a moirejar, disseminada por montes e vales, à chuva, ao sol, ao frio, encontra no canto coral como que um doce lenitivo à rudeza do labor que a subjuga desde o berço até à sepultura.” (“Costumes da minha terra ― os descantes”, in A Tradição, Ano IV, p. 8). José Alberto Sardinha (2001) descreve-nos a prática do cante e da dança nas aldeias alentejanas nos seguintes termos:
“As moças cantavam muito bem, frequentemente sozinhas, fazendo a polifonia tradicional do canto alentejano. Ali, a tradição não tinha senão uma regra fixa: no alto (terceira superior à melodia) só cantava uma voz, fosse masculina ou feminina. De resto, imperava a liberdade e conveniência do momento: tanto cantavam as mulheres só, como os homens, como todos em conjunto. Não havia fainas agrícolas em que não se ouvisse cantar e os tempos de lazer eram invariavelmente ocupados a cantar e a bailar” (Sardinha, 2001: 29).
Na década de 1930, com o início do processo de folclorização, cujo objectivo era representar a tradição duma localidade, duma região ou da Nação, assistimos à mobilização de mediadores, pessoas letradas que exerciam influência pessoal ao nível local, regional e nacional, e intervinham na selecção e adaptação de repertórios, na organização de grupos folclóricos e de eventos (Castelo-Branco & Branco, 2003). No processo de adequação do Cante ao contexto político e cultural do Estado Novo, as casas do povo foram o espaço social privilegiado para a criação e emblematização dos grupos corais, como representações locais da Nação. A partir de 1933 o Estado Novo controla todas as formas de participação social para as dominar ideologicamente, proibindo as manifestações culturais dissonantes, com a intenção de criar corpos dóceis, usando a terminologia de Foucault. Os estatutos da FNAT (1935) determinavam uma educação estética de exaltação do rural, assente nos pilares do folclore e da etnografia, impondo um “modelo nacionalista-ruralista-tradicionalista da cultura popular”, com o objectivo de legitimar o regime e estabelecer um consenso social em torno de um conjunto de valores, imagens e práticas culturais (Torgal, 1982). As elites locais alentejanas participaram deste processo, e contribuíram para a “domesticação” e divulgação dos grupos corais, organizando espectáculos na capital. No primeiro espectáculo organizado pelo Grémio Alentejano (Casa do Alentejo), a 23 de Março de 1937, no Teatro São Luís em Lisboa, participaram os grupos corais de Mértola, Vidigueira, Aldeia Nova de São Bento, Vila Verde de Ficalho, e a orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, dirigida pelo maestro Pedro de Freitas Branco (1890-1955). Francisco Valente Machado (1980) afirma ter sido “a primeira vez que cantadores alentejanos se exibiram na capital do País”, e descreve como se “deslocaram em passos lentos e cadenciados pelo Chiado abaixo até ao Rossio, entoando maravilhosos cantos da sua província, como se se encontrassem nas terras das suas naturalidades”. Para assinalar a participação no evento, o cantador António Soares, do grupo coral de Vila Verde Ficalho, versejou: “Esta noite sonhei eu /Um sonho muito feliz/ Sonhei que estava cantando / No Teatro São Luís” (Machado, 1980: 279).
Sarau na Casa do Alentejo em 1937
Sarau na Casa do Alentejo em 1937
Entre 1939 e 1940, o musicólogo Armando Leça realizou o primeiro levantamento “músico-popular feito em Portugal através do registo mecânico de som”, de cantares e danças populares. Tratava-se de uma encomenda da Comissão Executiva dos Centenários, que o Estado Novo nomeara para celebrar o oitavo centenário da Nacionalidade e o terceiro da Restauração. O objectivo era organizar uma compilação “das mais características e genuínas músicas e canções populares existentes em todas as províncias do continente português” (Sardinha, 1992). Armando Leça esteve no Alto Alentejo, Baixo Alentejo e Algarve. No Baixo Alentejo foram gravados grupos de Moura, Serpa, Aldeia Nova de São Bento, Baleizão, Aljustrel, Castro Verde Mértola e Vila Verde de Ficalho. O registo de som em fita magnética esteve a cargo da Emissora Nacional, mas a publicação desta recolha pioneira, prevista pela Comissão dos Centenários, não chegou a realizar-se (Sardinha, 1992). No entanto, a 30 de Novembro de 1940 Armando Leça proferiu uma conferência sobre o seu trabalho, intitulada: “Da Música Popular do Baixo Alentejo”, na Casa do Alentejo, durante a qual se exibiu o grupo de cantadores de Vila Verde de Ficalho.
armando leça
O Cante estava profundamente ligado à vida dos trabalhadores rurais, ao trabalho agrícola, ao convívio nas tabernas, e às festas, animando os bailes ao som da viola campaniça, da harmónica ou do adufe, que serviam para imprimir ritmo (Marvão, 1955; Machado, 1980). Joaquim Soares, presidente da direcção da “Associação Moda”, recorda que o Cante era entoado por homens e mulheres, que cantavam no campo, a caminho de casa, nas festas, e que hoje o Cante é associado sobretudo aos homens, porque “era nas tabernas, em torno do vinho e do tremoço, que se organizavam os grupos, e aqui não entravam as mulheres. Falamos dos anos 40, 50 do século XX. (…) Hoje há menos convívio. Hoje os grupos marcam ensaios. Antes cantavam a trabalhar e no lazer e assim se organizavam” (ver artigo “Associação Moda – O cante alentejano é «melodia que transmite o sentimento de um povo»” em: http://www.cafeportugal.pt/pages/noticias_artigo.aspx?id=4611). No mesmo sentido falaram os cantadores e cantadeiras com quem conversei em Santo Aleixo da Restauração, em Barrancos, na Amareleja e em Vila Verde de Ficalho, quando evocam o Cante como expressão de sentimentos e experiências de vida.

VÍDEO
O Cante Alentejano é caracterizado como uma polifonia simples, a duas vozes paralelas, à terceira superior, formado por um coro, sem instrumentos, de homens, de mulheres ou misto, que cantam estruturas poéticas denominadas por “modas”. Segundo Manuel Joaquim Delgado (1955) esta denominação provém do facto destas canções se divulgarem de boca em boca, entre a população rural alentejana, caindo assim na “moda” (1955: 7). As “modas” cantam a terra, o trabalho, os acontecimentos e os sentimentos de homens e mulheres, no sentido do amor, da saudade, da zombaria e da crítica social. As modas são formadas por estrofes poéticas e interpretadas segundo um cânone estabelecido: um solista, denominado como ponto, inicia o canto, cantando uma quadra solta, de seguida um outro, designado por alto, substitui-o, cantando o primeiro verso da moda, e de seguida todo o coro se lhes junta para cantar o restante. O padre António Marvão (1955) diz-nos que podemos dividir o cante alentejano em três tipos de música: as modas lentas, as modas coreográficas e os cantes religiosos, como os “Cantos populares de Natividade, das Janeiras e dos Reis – na raia do Baixo Alentejo” publicados nesta página (https://culturaexpressiva.wordpress.com/2015/01/24/cantos-populares-de-natividade-das-janeiras-e-dos-reis-na-raia-do-baixo-alentejo/)
Nos finais da década de 1950, as transformações na agricultura e os subsequentes fluxos migratórios dos trabalhadores rurais para as cidades, na procura de melhores condições de vida, altera a geografia emocional do Cante, como espaço de interação social entre as pessoas e os lugares. No contexto da Diáspora formam-se os primeiros grupos corais nos arredores de Lisboa, enquanto os grupos locais perdem gradualmente os seus cantadores. No pós 25 de Abril os grupos corais alentejanos são resignificados e participam em comícios, manifestações e reivindicações dos trabalhadores rurais, assumindo um papel de intervenção política. Assiste-se à formação de novos grupos nos quais as mulheres passam a assumir um papel relevante, e à criação de “modas” que denunciam a exploração, a fome, a repressão nos campos e as legitimas aspirações da Reforma Agrária. A partir da década de 1980, com o fim do processo revolucionário, abandona-se as temáticas de intervenção politica e social, recuperam-se os repertórios tradicionais e vive-se um período de indefinição do Cante, que conduz ao desaparecimento e envelhecimento dos grupos. Na década de 1990 assiste-se a uma renovação do Cante, com o surgimento de novos grupos na Diáspora e de grupos femininos locais, que teimam em manter e defender a sua identidade cultural.
VÍDEO
No ano 2000 foi criada a MODA – Associação do Cante Alentejano, para “divulgar, defender e dignificar o canto alentejano”, congregando uma parte significativa dos grupos corais em actividade no Alentejo e nas regiões de Lisboa e Setúbal. Numa entrevista à agência Lusa, Joaquim Soares afirmava que “o envelhecimento dos grupos corais era um dos grandes problemas do Cante”, precisando que a maioria dos grupos associados da Moda “eram constituídos sobretudo por homens entre os 50 e os 70 anos”. Joaquim Soares defendia o ensino das modas nas escolas e nos conservatórios da região, para que as novas gerações aprendessem “o cantar típico da sua terra como aprendem outras músicas” (ver artigo em: http://expresso.sapo.pt/cante-alentejano-sobrevivencia-depende-da-convivencia-dos-dos-mais-velhos-com-geracao-mp3=f533813#ixzz2aYbKDQjM).
Em 2012, José Francisco Colaço Guerreiro, num artigo publicado no Correio do Alentejo afirmava que “o cante hoje deve ser tido como um produto cultural, um património de inestimável valor, pertença colectiva de um povo e de uma região e não mais uma manifestação etnográfica específica do proletariado rural” (ver artigo em: http://www.correioalentejo.com/?opiniao=1157&page_id=56). Para o músico Janita Salomé “é no território de laboratório, experimentando coisas novas, nomeadamente instrumentos, que o cante deve evoluir, sem perder a sua matriz”, para isso, considera que “é essencial captar gente nova para o cante” (ver artigo em: http://www.cafeportugal.pt/pages/noticias_artigo.aspx?id=5255&dossier=http%3A%2F%2Fwww.cafeportugal.pt%2Fpages%2Fdossier_artigo.aspx%3Fid%3D6038&did=6038). Neste sentido, foram implementados dois projectos de ensino do Cante Alentejano, um em Serpa e outro na Damaia, para além de novos projectos que têm surgido em Barrancos e na Amareleja, motivados pela candidatura e reconhecimento como Património Imaterial da Humanidade. Por outro lado, assiste-se ao surgimento de novos grupos corais, constituídos por jovens com formação musical, oriundos de contextos urbanos, que parecem dar resposta às problemáticas em torno da continuidade do Cante. O processo de candidatura, ao mobilizar autarquias, associações, agentes culturais e grupos corais também criou novas expectativas nos cantadores. Todavia, continuam a debater-se com os problemas de sempre, a falta de recursos financeiros e de reconhecimento como grupos musicais, no contexto da indústria discográfica e do espectáculo.

VÍDEO

Bibliografia:
DELGADO, Manuel Joaquim (1955) Subsídio para o Cancioneiro Popular do Baixo Alentejo, vol. II, Lisboa.
FREITAS BRANCO, Luís de (1929) A Música em Portugal, [brochura da] «Exposição Portuguesa em Sevilha», Lisboa, Imprensa Nacional de Lisboa.
GALLOP, Rodney (1960) Cantares do Povo Português: estudo critico, recolha e comentário, Lisboa, Instituto de Alta Cultura.
GIACOMETTI, Michel (1981) Cancioneiro popular português, (com a colaboração de Fernando Lopes Graça), Lisboa, Círculo de Leitores.
LEÇA, Armando (s/d) Música Popular Portuguesa, Lisboa.
LOPES-GRAÇA, Fernando (1991) A Canção Popular Portuguesa, Lisboa, Caminho.
MACHADO, Francisco Valente (1980) Monografia de Vila Verde de Ficalho. Vila Verde de Ficalho: Biblioteca-Museu.
MARCHI, Lia, Piedade, Celina da, e Manuel Morais (2010) Caderno de Danças do Alentejo, vol.1, Pédexumbo.
MARVÃO, António (1955) O Cancioneiro Alentejano: Corais majestosos, coreográficos e religiosos do Baixo Alentejo, Braga: Editorial Franciscana.
NAZARÉ, João Ranita (1979) Música tradicional portuguesa: cantares do Baixo Alentejo, Lisboa: Instituto da Cultura Portuguesa.
NEVES, César & CAMPOS, Gualdino de (1893-1899) Cancioneiro de Musicas Populares, contendo letra e música de canções, serenatas, chulas, danças, descantes, cantigas dos campos e das ruas, fados, romances, hinos nacionais, cantos patrióticos, cânticos religiosos de origem popular, cânticos litúrgicos popularizados, canções políticas, cantilenas, cantos marítimos, etc., e cançonetas estrangeiras vulgarizadas em Portugal, Vol.1, 2 e 3, Porto, Tipografia Ocidental. Consultável em: http://purl.pt/742
SARDINHA, José Alberto (1992) “Armando Leça e o primeiro levantamento músico-popular realizado em Portugal”, em: http://run.unl.pt/handle/10362/6737
– (2001) A Viola Campaniça: O Outro Alentejo, Sons da Tradição, vol.1, Tradisom.
TORGAL, Luís Reis & Carvalho Homem, Amadeu de (1982) “Ideologia salazarista e «cultura popular» – análise da biblioteca de uma casa do povo”, Análise Social, vol. XVIII (72-73-74), 3.°4.°5.°, 1437-1464.
Revista A Tradição (criada em 1899 por Ladislau Piçarra e Manuel Dias Nunes). Vol.1 consultável em: http://www.archive.org/stream/tradio12lisbuoft#page/n7/mode/2up


culturaexpressiva.wordpress.com
27
Jan18

OS IDIOTAS

António Garrochinho

E existem os "idiotas úteis" que se consideram "revolucionários" enquanto deambulam pelo conforto do consumismo o desconforto das dívidas, das hipotecas, o desemprego e dos bolsos vazios.
Clamam por tudo e por nada sem nunca conhecerem ou ousarem apontar o mal, o cerne da sua "miséria franciscana" a origem dos problemas que os afectam.
Um dia falam mal dos comunistas e logo a seguir dos capitalistas, e deambulam desorientados e cegos durante décadas e décadas, espumando raiva contra os que não aceitam a exploração a submissão, e amouxam, beijam o cu, aos que surpreendentemente idolatram, os fascistas, os patrões, os carrascos, os responsáveis pela sua ruína, tristeza, má sorte e destino miserável.
Socorrem-se de alienações religiosas, bruxedos, frases como a " sina", a pobreza honrada, deixando-se enlevar no chorrilho das frases feitas do fascismo salazarista e da Igreja sua cúmplice.
Não passam de "Marias que vão com as outras" sempre com tiques, com manias, com histerismos doentios que ora são de revolta, ora de obediência.
Detestam as utopias, principalmente a utopia socialista e derretem-se na ilusão de que serão ricos, nunca passando de meros escravos voluntários e ignorantes.
Furtam-se ao debate de ideias e como crianças inocentes acreditam mais no "papão explorador" do que na força dos companheiros de trabalho, na sua luta e na sua capacidade de unidade e acção.
Afogam-se temporariamente na demagogia dos falsos profetas sempre na esperança de que o bom profeta venha à terra e os liberte de todos os males que covardamente recusam combater nos locais de trabalho, na sua terra, no seu país.
António Garrochinho
27
Jan18

27 de Janeiro de 1901: Morre o compositor italiano Giuseppe Verdi

António Garrochinho


Compositor italiano, Giuseppe Fortunino Francesco Verdi nasceu a 10 de outubro de 1813, em Le Roncole, noDucado de Parma (atualmente, parte integrante da Itália), e morreu a 27 de janeiro de 1901, em Milão. Juntamente com Richard Wagner, forma o grupo dos maiores génios músico-dramáticos da era romântica.Começou a estudar música com o organista da cidade vizinha de Le Roncole. Depois, com dezoito anos, partiu para Milão, onde aprendeu composição e tomou contacto com a ópera. Em 1839, obteve um enorme sucesso, no Scala de Milão,com a estreia da sua primeira ópera, Oberto. No entanto, só se consagrou em 1842, com a produção da ópera Nabucco. Com as composições mais célebres, Rigoletto (1851), Il Trovatore (1853), La Traviata (1853), La Forzadel Destino (1862), Don Carlo (1867), Aida (1871), Otello (1887) e Falstaff (1893), Verdi atingiu a maturidade dramática.


Verdi enriqueceu a música ao explorar novos campos dramáticos, onde o trágico e o cómico e os dramas individuais e os coletivos se cruzam e se iluminam à maneira de Shakespeare. Aliás, os temas das óperas Otello (1887) e Falstaff (1893) são de Shakespeare. O seu estilo foi sempre extremamente comunicativo e revelador de uma compreensão profunda da condição humana.

Fontes:Giuseppe Verdi. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012.



Arquivo: GiuseppeVerdi.jpg

Giuseppe Verdi - 1876

Giuseppe Verdi por Giacomo Brogi
Arquivo: Green-Delfos-1860.jpg



Caricatura de Verdi - Delfico (1860)

VÍDEO


27
Jan18

73º Aniversário da Libertação de Auschwitz: Dia Internacional da Memória do Holocausto

António Garrochinho


Auschwitz é a designação em alemão da localidade polaca Oswiecim, na província de Katowice, a cerca de 60 quilómetros a sudoeste de Cracóvia.Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazis instalaram, nos arredores da povoação, um complexo de campos de concentração que ficaram tristemente célebres pela tragédia humana ali ocorrida ao longo de vários anos. Auschwitz, criado em maio de 1940, foi o maior de todos os complexos de extermínio nazis. Compreendia, efectivamente, quatro campos e trinta e oito "comandos" (casernas e edifícios militares e "administrativos"). Um dos campos, Birkenau, com as suas quatro gigantescas câmaras de gás, era o lugar onde a "solução final" do povo judeu através de um "tratamento especial" atingiu a triste cifra de 20 000 incinerações por dia. No campo de Auschwitz, propriamente dito, os detidos, por exemplo, serviam de "cobaias"humanas para experiências "in vivo" dos tenebrosos médicos das SS (corpo paramilitar de elite). Homens e mulheres, principalmente polacos e judeus, foram explorados até ao limite humano. Milhares e milhares acabaram eliminados nas câmaras de gás. Muitos dos mártires de Auschwitz eram também crianças, muitas das quais submetidas a experiências biológicas (como os casos de gémeos). Outros dos que ali estiveram presos trabalhavam para a fábrica de Buna-Monowitz, a IG Farben. Também a um grande número dos deportados desta galeria de horrores eram explorados os seus resíduos. Em transferências de campos, morreram cerca de 80 000 pessoas, entre muitas tristes imagens e cifras contabilizáveis ou, talvez, ainda por contabilizar. Os registos nazis relatam apenas a morte de pouco mais de duas centenas de milhar de detidos.

Avalia-se, actualmente, em cerca de três a quatro milhões de indivíduos, na maioria judeus, metade dos quais oriundos da Polónia, o número de vítimas desta gigantesca e cruel máquina criminal nazi. Auschwitz foi libertada em 27 de Janeiro de 1945 pelos russos, mas ainda assim as SS conseguiram retirar, dez dias antes, numerosos"detidos" que transferiram ainda para outros campos de extermínio e reclusão, como Buchenwald e Dora. Os responsáveis desta macabra "campanha" de extermínio em Auschwitz foram condenados pelo tribunal de Nuremberga depois da guerra ter acabado, apesar de muitos não terem demonstrado arrependimento ou consciência daquilo que fizeram, para além de alguns dos "médicos" exterminadores terem conseguido obter refúgio seguro e impunidade junto das ditaduras militares sul-americanas.

Naquilo que foi a estrutura construída do campo de concentração, foi erigido em Abril de 1967, a expensas de antigos presos, diversos governos e povos, o Monumento Internacional do Martírio, da traça de arquitectos italianos e polacos.

O campo de concentração de Auschwitz foi classificado Património Mundial pela UNESCO.O dia da libertação de Auschwitz foi declarado pela ONU como o Dia Internacional em Memória do Holocausto.

Auschwitz. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013
wikipedia(imagem)
A entrada do campo marcada pela frase: Arbeit Macht Frei (O Trabalho Liberta)

Se isto é um Homem


Vós que viveis tranquilos
nas vossas casas aquecidas,
vós que encontrais regressando à noite
comida quente e rostos amigos,
considerai se isto é um homem:
quem trabalha na lama,
quem não conhece a paz,

quem luta por meio pão,

quem morre por um sim ou por um não.
Considerai se isto é uma mulher:
sem cabelo e sem nome,
sem mais força para recordar,
vazios os olhos e frio o regaço,
como uma rã no inverno.
Meditai que isto aconteceu.
Recomendo-vos estas palavras,
esculpi-as no vosso coração,
estando em casa, andando pela rua,
ao deitar-vos e ao levantar-vos.
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou que desmorone a vossa casa,
que a doença vos entrave,
que os vossos filhos vos virem a cara.

Primo Levi (1946); tradução: Simonetta Cabrita Neto
27
Jan18

Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias

António Garrochinho



Nós vamos começar este artigo com um vídeo criado por um arquivista da Biblioteca da Universidade de Cornell, de Nova Iorque, que mostra uma cópia de 1925 da novela "Kim", de Rudyard Kipling, para demonstrar a genialidade deste tipo de arte. Parece ser um livro antigo típico de capa dura com bordas decorativas douradas, como tantos outros. Mas veja o que acontece quando a pessoa que manipula o livro, com todo o cuidado, mantém o bloco de páginas entre o polegar e o resto dos dedos e dobra para ventilar ligeiramente as bordas. De repente, uma adorável pintura de uma paisagem surge. Fantástico.

VÍDEO


Esta forma de decoração é conhecida como pintura de borda, e foram muito populares durante o século 18 até o início do século XX.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 01
Mas a história da pintura remonta anos atrás. Alguns dos primeiros exemplos de pinturas de borda datam do século X. Sério!
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 02
Estas primeiras pinturas eram decorações simples ou desenhos heráldicos feitos em tinta dourada e outras cores.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 03
Mas o desaparecimento das pinturas, verificado quando o livro está fechado, começou a aparecer em meados do século XVII.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 04
As pinturas também se tornaram mais elaboradas, consistindo em ilustrações totalmente coloridas de paisagens, retratos e cenas religiosas.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 05
A técnica atingiu o ápice no final do século XIX e início do século 20, quando melhores prensas foram projetadas.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 06
Foi nesse período quando os artistas começaram a pintar em livros originalmente publicados no início do século XIX.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 07
A maioria das pinturas de borda que sobrevivem até hoje são deste período e constituem belas obras de arte.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 08
As pinturas mais modernas de bordas são tão elaboradas, que mostram duas ilustrações diferentes segundo a forma e a direção que você folheia (capa e contracapa ou vice versa).
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 09
Alguns pintores mais avançados deram um passo adiante e pintaram uma terceira cena diretamente na borda do livro que só pode ser vista quando o livro está completamente fechado.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 10
Outros pintaram panoramas envolvendo as bordas frontais e laterais do livro.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 11
Ademais há algumas peças extremamente criativas que precisam ser semi-folheadas ou retorcidas de forma especial para revelar a pintura.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 12
O assunto das cenas também mudou das paisagens e figuras religiosas para eróticas e cenas de romances populares como Julio Verne, Charles Dickens e Arthur Conan Doyle.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 13
Em muitos casos, as bordas dianteiras eram pintadas com cenas que descreviam um assunto relacionado ao livro. Mas há muitos outros casos em que não tinham ligação nenhuma.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 14
Existem várias bibliotecas e casas de livros raros em todo o mundo, onde é possível ver as pinturas de borda.
Pinturas nas bordas de livros: as obras ocultas nas laterais das obras literárias 15
Coleção Ralph H. Wark na Biblioteca Earl Gregg Swem, na Virgínia, Estados Unidos, abriga mais de 700 livros raros com essas pinturas, incluindo vários com retratos verticais e pinturas duplas ou triplas.

VÍDEOS

Apesar de uma arte moribunda, as pinturas de borda são ainda criadas por artistas como Martin Frost e Clare Brooksbank. O primeiro tem mais de 3.000 obras de arte.

VÍDEO


www.mdig.com.br
27
Jan18

PDM de Faro tira ferrovia da baixa e os donos da linha já deram o ok

António Garrochinho


A retirada da linha férrea da frente de Ria, na baixa de Faro, está prevista na proposta de Plano Diretor Municipal (PDM) que a Câmara farense está a ultimar e a empresa Infraestruturas de Portugal, que gere a ferrovia, já disse “sim” a esta intenção.
Esta é apenas uma das ideias que consta na proposta preliminar de PDM que a Câmara de Faro apresentou esta quinta-feira e que está desde hoje e até ao dia 16 de Fevereiro em consulta pública.
Os interessados já podem consultar a proposta de plano no site da Câmara ou presencialmente, junto da equipa da autarquia farense responsável pela revisão do PDM. As sugestões devem ser apresentadas online, através do preenchimento de uma ficha de participação, ou em suporte de papel, por carta ou entregues em mão na Loja do Munícipe, no Mercado Municipal.
Ontem ao início da noite, houve um primeiro momento aberto à participação da população, onde marcaram presença técnicos da empresa Lugar do Plano, contratada para fazer a revisão deste plano, que deram a conhecer o documento, em linhas gerais, e tiraram dúvidas ao público presente. Muitas delas estavam ligadas à linha férrea.
«A ligação da cidade com a Ria Formosa é algo que considerámos fundamental. A proposta da retirada da linha férrea da frente de Ria já vinha de trás, mas surge agora muito mais elaborada e já foi apresentada à Infraestruturas de Portugal. E foi aceite, temos em ata a aceitação da entidade responsável pela gestão da linha», explicou Pedro Ribeiro da Silva, da Lugar do Plano.
No novo PDM, continua a existir uma estação central, a que já existe na baixa de Faro, mas «a linha mais pesada segue ao longo da variante à EN125, porque já tem um canal de proteção onde não é possível fazer outra coisa», ligando na zona dos Salgados, na saída da cidade para Olhão.
Tudo isto implica a construção de uma estação intermodal na zona do Patacão, uma visão que já havia sido explicada na sessão de apresentação do Plano de Mobilidade e Transportes de Faro, em Junho.

Pedro Ribeiro da Silva, da Lugar do Plano, e Sophie Matias, vereadora de Urbanismo da Câmara de Faro
Ontem, a sessão também foi pública, mas o plano em foco é bem mais complexo – engloba o de mobilidade e transportes, algo inédito em Portugal. Afinal, o PDM é o instrumento de ordenamento do território que define o que se pode ou não construir, e onde, em todo o concelho de Faro.
E se a natureza do documento, só por si, é complexa, o facto de há mais de 20 anos não ser feita uma revisão do plano ainda obrigou a mais trabalho.
Na verdade, a partir do momento em que entrar em vigor, algo que se espera que aconteça «até final de 2018», esta será, apenas, a segunda versão do PDM de Faro. Ou seja, desde 1995, ano em que foi aprovado o atual (e primeiro) PDM, ainda não se procedeu a qualquer revisão do documento, embora a lei estipule que esta deva ser feita de dez em dez anos.
Assim, uma das primeiras preocupações da empresa contratada pela Câmara para elaborar o novo PDM foi corrigir algumas falhas do plano que está em vigor.
«Uma das grandes diferenças que se irá sentir está relacionada com o território. No plano anterior, houve várias áreas e núcleo habitacionais que não estavam contemplados. Com a sua classificação como zona urbana, as pessoas que lá moram passam a ter todos os bens que um aglomerado urbano pode oferecer: a possibilidade de ampliar as suas casas e algum pequeno parcelamento, que não tinham até agora», segundo Pedro Ribeiro da Silva.
A grande novidade, neste campo, é a delimitação dos núcleos habitacionais das ilhas-barreira da Ria Formosa – Praia de Faro, Farol, Hangares e Culatra – como aglomerados urbanos. No entanto, admitiu Pedro Ribeiro da Silva, esta pretensão de Faro ainda terá de ser sujeita à apreciação e aprovação de várias entidades, o que significa que não há qualquer garantia de que esteja contemplada na versão final do plano.

Núcleo do Farol, na Ilha da Culatra
O novo PDM não esqueceu a zona do Bom João e do Porto Comercial de Faro. No primeiro caso, vai-se criar «uma zona de reconversão urbana de usos mistos», o que significa que a área que fica a Sul da atual linha férrea, hoje ocupada pela indústria e pelo bairro da Horta da Areia, deixa de estar classificada como zona industrial, passando a ser vista como um espaço para a habitação, comércio e turismo, «todas as funções que um espaço urbano equilibrado deve ter».
«Mas é preciso ter algum cuidado com o desenho urbano. Não vamos retirar uma barreira, que é a linha férrea, para criar outras. Os canais de ligação com a ria deverão manter-se, com essa reconversão», avisou Pedro Ribeiro da Silva.
Também o Porto Comercial de Faro foi marcado como zona para usos múltiplos e tem «a flexibilidade necessária para abarcar um conjunto de situações». «Engloba a matéria turística, mas também outras possibilidades, nomeadamente a de manutenção como Porto Comercial», explicou.
Outra grande novidade deste plano é que «introduz, com muita força, o conceito da estrutura ecológica urbana». «Estamos a falar dos espaços verdes contínuos e do green belt [cordão verde], um espaço que vai desde o Parque Ribeirinho, passando pelo Montenegro e por todo o espaço de transição urbana», referiu o coautor da revisão do PDM.
O plano prevê a criação de um parque agro-urbano, «com hortas urbanas», na fronteira entre a cidade de Faro e a Campina, bem como de parques urbanos no Montenegro e na zona do Bom João.
O há muito falado Centro de Congressos de Faro também cabe no novo Plano Diretor Municipal de Faro. «Localizar-se-á na zona do Patacão, próximo da cidade, junto ao nó [da Variante de Faro], porque tem boa acessibilidade, espaço para poder acontecer e está na proximidade do Aeroporto e da Universidade», segundo o técnico da Lugar no Plano.

Pedro Ribeiro da Silva
Agora, a bola está do lado dos cidadãos, que podem dizer de sua justiça. Como explicou a vereadora Sophie Matias, na sessão de apresentação da proposta de PDM, a apreciação pública que está a decorrer não é um trâmite obrigatório.
No entanto, a Câmara de Faro decidiu oferecer ao escrutínio público a sua visão para aquilo que deverá constar neste instrumento de ordenamento do território, o mais importante a nível municipal, para recolher propostas «que ainda possam ser integradas na proposta final»
Isto não inviabiliza a realização de nova consulta pública – esta sim, obrigatória -, após o documento ser aprovado pela Assembleia Municipal.
Nota: Corrigida a data de término do período de consulta pública que está a decorrer, que acaba a 16 de Fevereiro e não a 26 de Fevereiro


www.sulinformacao.pt
27
Jan18

Quando se esquece Abril… regressam os fascistas

António Garrochinho


(Carlos Esperança, in Facebook, 26/01/2018)
cravo_25
Quando a insensibilidade, a ignorância e a debilidade democráticas chegaram aos mais altos cargos do Estado, apagaram do calendário dos feriados, duas datas identitárias do povo que somos e da nação que temos, o 1.º de Dezembro e o 5 de Outubro.
Varridos os autores, sem honra nem glória, com militantes vexados com a ignomínia a que a solidariedade partidária os obrigou, não restava, a qualquer governo digno, outra alternativa que não fosse a reposição, como aconteceu.
Lamentavelmente, parece estar em curso o apagamento da data maior da Liberdade, em quase 9 séculos de História, o 25 de Abril. Exceto para os denegrir, os nomes de Melo Antunes, Vítor Alves, Carlos Fabião, Rosa Coutinho, Vítor Crespo, Salgueiro Maia, Costa Gomes, Marques Júnior, Costa Martins ou Vasco Gonçalves, para referir apenas alguns dos que faleceram, raramente são relembrados.
Quando só recordamos divergências e esquecemos aqueles a quem devemos a liberdade, deixamos de merecer a democracia, não faltando quem a queira derrubar.
Primeiro exoneraram da lapela os cravos, depois votaram ao esquecimento os heróis da Revolução e, finalmente, esperam que o tempo apague a carga ideológica para sepultar a data, os protagonistas e os sonhos de que foram portadores.
E nós, os que recebemos a liberdade, juntamos à ingratidão o desleixo, e desistimos de fazer a pedagogia cívica que devíamos, alheados do ruído destinado a minar as bases da democracia, à espera de um outro 28 de maio a que a desintegração da União Europeia, a acontecer, rapidamente nos conduz.
Um povo sem memória não perpetua um país, preenche um espaço sem identidade.
É por isso que amanhã, sábado, um grupo de fascistas, usando a liberdade que o sinistro ditador Salazar sempre negou aos adversários, vai prestar-lhe homenagem (ver notícia (aqui). Os fascistas acabam por demonstrar a superioridade da democracia, mas os democratas não podem acreditar que a democracia é eterna.


estatuadesal.com
27
Jan18

"Dificilmente haverá aumentos para a função pública em 2019"

António Garrochinho
Foi na economia que todos duvidaram dela e acabou por ser através da economia que ela, a geringonça, ganhou a confiança do país. Dois anos depois, Portugal conseguiu o défice mais baixo da história da democracia, a economia está a crescer mais do que se esperava, o desemprego a cair e as taxas de juro a que se financia são as mais baixas dos últimos anos. Reversões, devoluções e reposições foram as conjugações de um Governo do PS apoiado por BE, PCP e PEV, tudo orquestrado pelo maestro António Costa. O deputado João Galamba é o nosso convidado. Fez parte do grupo de economistas que ajudou o primeiro-ministro a fazer o programa do Governo. É deputado e porta-voz do PS, uma voz crítica e desalinhada quando acha que tem de ser. Já confessou o sonho de uma dia ser secretário de Estado ou, quem sabe, ministro.
Há economistas que sustentam que o Governo não está propriamente a preparar o país para uma futura crise. Admite que este crescimento possa ser pouco sustentado?
Não. O país teve uma grande transformação estrutural na última década e, ao contrário do que muita gente dizia, não foi uma década perdida, foi uma altura em que se lançaram importantes sementes para o crescimento futuro. Portugal tem hoje uma mão-de-obra muito mais qualificada, uma economia muito mais diversificada. Ao contrário do que muitos têm dito, o que cresce não é apenas o turismo, que dá um contributo importante, mas temos crescimento em todos os setores. Nas exportações é muito visível. Na área do emprego, o que tem crescido mais além do turismo é a indústria. Temos hoje em todas as áreas ganhos de emprego, crescimento das exportações e Portugal tem condições para manter um crescimento bastante mais elevado do que tinha na primeira década. Discordo de quem pensa que não é sustentável.
À esquerda pedem-se aumentos para a função pública, aumentos para pensões estarão criadas as condições para o Governo avançar com estas medidas, subindo a despesa do Estado?
O Governo tem procurado fazer um equilíbrio entre as medidas de devolução de rendimentos, aumento da despesa ou diminuição da receita e a redução do défice. Esse equilíbrio terá de se manter. O sucesso desta solução governativa, aliás, não teria sido possível sem o rigor nas contas públicas. Esse rigor e essa estratégia são para manter, mas é possível ter atualização de pensões e de salários na função pública, neste caso através do descongelamento das carreiras, mantendo o rigor orçamental. O equilíbrio terá de ser encontrado quando a negociação para o próximo orçamento estiver em cima da mesa. Mas já demonstrámos que é possível.
Mas são duas questões diferentes: uma coisa é a atualização de pensões e de salários ao nível da inflação ou o descongelamento de carreiras; outra é aumentos reais de salários e de pensões. Se a economia continuar a crescer e esta questão se colocar para 2019, acha isso viável ?
É algo que terá de ser avaliado tendo em conta a evolução da economia. Se houver espaço, deve haver aumentos salariais em linha com a inflação, mas temos de perceber que 2016 foi o ano do fim dos cortes salariais na função pública e também teve impacto em 2017, 2018 e 2019 serão anos em que o descongelamento das carreiras irá produzir efeito, também faseado. Eu diria que dificilmente poderá haver em cima disto aumentos salariais em 2019. Mas é uma questão de se avaliar, fazer as contas e ver se é ou não possível. Se for possível, esses aumentos devem existir. Se não for, os funcionários públicos compreenderão que já muito foi feito e não se pode fazer tudo ao mesmo tempo, porque a pior coisa é pôr em perigo os passos que já se deram. É melhor que sejam passos curtos e mais lentos do que acelerados e depois tenha de se voltar atrás.
E não cometer o mesmo erro que se cometeu em 2009, ou não foi um erro aquele aumento salarial à função pública?
Naquela altura, com os dados conhecidos, foi unânime. Ainda me lembro de Manuela Ferreira Leite dizer que era um aumento que já tardava e que era inteiramente justo. Foi um aumento para compensar perdas de rendimento de anos anteriores, anos em que os salários estiveram congelados. Foi em 2009, agora estamos em 2018.


www.tsf.pt
27
Jan18

O verdadeiro escândalo nas IPSS está nos salários

António Garrochinho


Trabalhadores das IPSS concentradas junto ao Ministério do Trabalho e da Segurança Social, em Lisboa, após o seu encontro nacional. 26 de Janeiro de 2018
O encontro foi promovido pela Federação Nacional dos Sindicatos do Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (CGTP-IN), ao longo do dia de ontem, em Lisboa, e culminou com um desfile até ao Ministério do Trabalho e da Segurança Social, na Praça de Londres, onde foi entregue a resolução aprovada pelos trabalhadores das IPSS.
No documento, acusam que, apesar do reconhecimento social do papel que desempenham, «auferem dos mais baixos salários do País». Apesar da intervenção dos sindicatos, os aumentos salariais têm sido claramente insuficientes, apontam, o que transforma as funções dos trabalhadores das instituições numa espéce de «voluntariado forçado», acusam.
Para além disto, a falta de pessoal leva a que existam muitas situações de trabalhadores que asseguram funções que ultrapassam muito as responsabilidades de cada um.
Na resolução, é exigido que o Estado condicione os protocolos de comparticipação à existência de aumentos salariais, e que este assuma o seu papel «primordial» no apoio à «infância, juventude, deficiência e idosos».
No plano reivindicativo, os trabalhadores exigem, para 2018, aumentos salariais de 4%, a redução do horário semanal para as 35 horas, a progressão e o respeito pelas carreiras profissionais e o direito à formação profissional.

www.abrilabril.pt
27
Jan18

Justiça faz buscas ao gabinete de Mário Centeno

António Garrochinho


Ministério confirma buscas mas não adiantou o motivo das mesmas. Procuradoria adianta que investigação que motivou as buscas não tem arguidos constituídos e está em segredo de justiça.
As buscas foram realizadas por elementos da 9ª Secção do DIAP, que lida com o crime económico, entre as 10h30 e 12h00, segundo o diário.
As buscas foram já confirmadas pela Procuradoria Geral da República. “Confirma-se a realização de buscas para recolha de prova documental no âmbito de um inquérito em investigação no DIAP de Lisboa. O inquérito não tem arguidos constituídos e está em segredo de justiça”, disse à agência Lusa fonte oficial da PGR.
O ministério não adiantou o motivo das buscas, apenas que não terão a ver com os processos de privatização que se encontram em investigação. À Lusa fonte do ministério confirmou “a realização de ações inspetivas”, garantiu a colaboração “de forma franca”, colocando “à disposição das autoridades judiciárias todos os elementos solicitados”.
O executivo não revela o motivo das “ações inspetivas”, “respeitando o segredo de Justiça”, segundo a mesma fonte.
Há vários processos de investigação a decorrer que têm pontos de contacto com o Ministério das Finanças, caso da Operação Ciclone, que envolve a EDP e a REN no mecanismo dos Custos para Manutenção de Equilíbrio Contratual (CMEC), ou as viagens de membros do Governo ao Euro 2016, em França, a convite da Galp.


www.dinheirovivo.pt
27
Jan18

A moda dos anos 1920 quebrou tudo e lançou tendências que imperam até hoje

António Garrochinho


Quando a Primeira Guerra Mundial terminou em, 1918, as pessoas estavam obviamente felizes. Tão felizes que todo esse sentimento acabou influenciando a arte e a moda da época. A era começou sendo definida pelo surgimento da Art Déco, que influenciou também a moda, que – como você pode ver nas fotos a seguir – continua sendo incrível mesmo 90 anos mais tarde.
Antes da década de 1920, a moda na Europa ocidental ainda era um pouco rígida e impraticável. Estilos eram restritivos e muito formais, havendo pouco espaço para se expressar. Mas depois da guerra, as pessoas começaram a abandonar esses estilos pelo conforto. As mulheres começaram a usar saias curtas e calças. Já os homens passaram a se vestir de maneira mais informal.
Este surto do vintage marcou um ponto de crucial na forma ocidental e contemporânea dos estilos de hoje. Confira!
1920s-women-fashion-58-5710dc57d5d11__700

27
Jan18

A MONARQUIA MALUCA

António Garrochinho

Os 10 monarcas mais insanos da História



Dos urros fantasmagóricos da mãe de Dom João VI ao rei que cumprimentava árvores e casos letais

A mãe de Dom João VI passou por muitos transtornos | <i>Crédito: Wikimedia Commons
A mãe de Dom João VI passou por muitos transtornos 











10. Maria I (Portugal, 1734-1816)

A mãe de dom João VI já era problemática quando foi abalada pela morte de seu marido Pedro III, em 1786, e do seu filho, o príncipe herdeiro dom José, em 1788. Extremamente religiosa, ficou obcecada pela ideia de que estavam no inferno. Dormia só de três a quatro horas por noite e corria de madrugada seminua pelo palácio de Queluz, soltando berros horrendos. Declarada incapaz em 1792, foi parar na camisa de força e tratada com banhos de água gelada.

9. Sultão Ibrahim (Império Otomano, 1615-1648)

O apetite sexual do sultão, que cresceu preso num harém, era legendário. Diziam ter inventado novas posições sexuais. Um dia, andando em sua carruagem, se encantou com as partes de uma vaca e pediu que encontrassem uma mulher igual. A escolhida pesava 149 quilos e foi apelidada por ele de Sechir Para (“Torrão de Açúcar”). Numa crise de ciúmes, mandou jogar no Estreito de Bósforo 280 de suas mulheres – Torrão foi poupada. Foi deposto e executado.

8. George III (Reino Unido, 1738-1820)

O rei que perdeu a guerra de independência dos EUA ficava horas falando sem parar e chegava a espumar pela boca, conversando com os mortos e anjos, porque se acreditava morto e no paraíso. Foi afastado do trono em 1810, durante a ameaça napoleônica. No Natal de 1819, cerca de um mês antes de sua morte, a crise durou 58 horas. As más línguas diziam que certa vez o monarca cumprimentou uma árvore acreditando ser o rei da Prússia.

7. Príncipe Sado (Coreia, 1735-1762)

A insanidade do príncipe da Coreia foi desencadeada logo após se recuperar de sarampo. Tinha pesadelos e delírios todas as noites, cada dia mais violentos. Passou a espancar seus eunucos para aliviar o estresse, e depois começou a matá-los por qualquer razão – por exemplo, se não trouxessem roupas de seu agrado. Também estuprava qualquer mulher em seu caminho. Por ordens do pai, foi preso num baú de arroz até morrer de sede, oito dias depois.

6. Qin Shi Huang (China, 259-210 a.C)

Primeiro imperador da China unificada e brutal tirano, tinha uma obsessão por se tornar imortal, literalmente. Aceitava todo tipo de alquimista e charlatão que lhe propusesse uma “cura” para a morte e tratou-se com mercúrio – que o deixaria insano. Mandou uma ampla expedição atrás de uma bruxa de mil anos que teria o elixir – nunca voltaram. Percebendo que falhara, ordenou uma tumba com réplicas de seu Exército. E rios de... mercúrio.

5. Ivan IV (Rússia, 1530-1584)

Não foi apelidado de “Terrível” à toa. Sua loucura era a fúria. Após a morte da primeira esposa, em 1560, mandou julgar todos os seus conselheiros por bruxaria. Na invasão de Novgorod, em 1570, matou até 15 mil pessoas para punir dois administradores corruptos. Levou ao fim da própria linhagem ao mandar espancar a nora, grávida, por achar suas roupas “inapropriadas”, causando o aborto. Ao confrontá-lo, seu filho acabou morto a bengaladas.

4. Carlos VI (França, 1368-1422)

Tinha apenas 11 anos quando assumiu o trono e ganhou o apelido de Carlos, o Amado. Até uma expedição militar em 1392, na qual se voltou contra seus cavaleiros, matando quatro deles, e quase também o seu irmão, Luis de Orléans. Depois disso, passou a delirar, acreditando que era feito de vidro, não deixando que ninguém o tocasse e andando com roupas reforçadas para impedir que se partisse. Vez ou outra, corria até a exaustão, gritando que estava sendo perseguido por inimigos invisíveis.

3. Justino II (Império Romano do Oriente, 520-578)

Subiu ao trono crente que poderia recuperar a glória de Roma. Quebrou todos os acordos de paz e, diante de uma série de derrotas, perdeu sua sanidade. A partir daí, ordenou que um órgão fosse tocado o dia todo no palácio, para controlar seus nervos. Passou a ser empurrado em um trono de rodas, dando dentadas em quem tivesse o azar de estar do lado. Chegou-se a dizer que havia devorado alguns. Mas, num momento de sanidade, abdicou.

2. Lúcio Aurélio Cômodo (Roma, 161-192)

Achava-se a reencarnação do semideus Hércules. Para mostrar sua bravura, enfrentava animais e pessoas no Coliseu – um dia matou 100 leões. Em outras ocasiões, mandava amarrar deficientes físicos para massacrá-los com maças, reencenando as lutas de Hércules. Tentou mudar o nome de Roma para Colonia Commodiana e exigiu que os romanos chamassem a si mesmos de “comodianos”. Foi morto por seu treinador.

1. Al Hakim (Egito, 985-1021)

Quebrou a tradição de tolerância de seus antecessores, perseguindo cristãos e judeus, destruindo templos e matando peregrinos – dando a justificativa principal para as cruzadas. Proibiu as mulheres de sair às ruas e confiscou seus sapatos para garantir. Mandou matar todos os cães do Cairo. Se isso soa como ações de um fanático islâmico, ele também cometeu a maior heresia possível na religião: aceitou ser chamado de Deus na Terra. Aos 36 anos, simplesmente sumiu.


aventurasnahistoria.uol.com.br
27
Jan18

DUAS ESPIAS DA HISTÓRIA MATA HARI e MARTHE RICHARD

António Garrochinho

Mata Hari: A espiã que amava

Há cem anos, durante a Primeira Guerra, ela foi presa, acusada de espionagem. Conheça a história da dançarina burlesca que foi do estrelato para o pelotão de fuzilamento


A holandesa usou seu aspecto mediterrâneo para se fingir de sul-asiática | <i>Crédito: Domínio Público
A holandesa usou seu aspecto mediterrâneo para se fingir de sul-asiática 



Margaretha Geertruida Zelle McLeod vestiu-se com elegância para sua morte, naquela manhã de outono de 15 de outubro de 1917. Saia longa, corselete de renda, chapéu de feltro, botinas, casaco e luvas até os cotovelos. O terror de momentos atrás, quando soube que sua pena capital seria executada na penitenciária francesa de Saint-Lazare, transformara-se em calma
Frente aos 12 soldados do pelotão de execução que apontavam seus fuzis para ela, ouviu a sentença em que era “condenada à morte por unanimidade por espionagem”. Enviou um beijo aos carrascos e sorriu para as freiras que a acompanhavam. Às 6h12, a ordem de execução foi dada por um brusco movimento descendente de sabre. Um dos soldados desmaiou. Onze tiros ecoaram, certeiros. O marechal Petey caminhou até o corpo estendido e disparou na têmpora o tiro de misericórdia.
Uma mãe-de-família holandesa 
Em seus 41 anos, Margaretha foi falsa bailarina oriental e espiã fracassada. Colecionou amantes e mentiras e acabou vítima de seu próprio personagem e do espírito de sua época. Julgada em um processo repleto de falhas, a vedete foi ingênua a ponto de ser transformada, contra sua vontade, em perigosa inimiga da segurança nacional. Durante seu julgamento, o procurador Henri Mornet declarou para um júri já adepto de sua causa: “Vocês têm diante de si talvez a maior espiã do século”. Margaretha já havia se defendido: “Uma cortesã, eu admito. Uma espiã, jamais!”. Mas era tarde: a lenda de Mata Hari já estava há muito criada.
Margaretha nasceu em 7 de agosto de 1876, em Leeuwarden, cidade de 27 mil habitantes no norte da Holanda, filha do chapeleiro Adam Zelle e de Antje van der Meulen. De seu pai, herdara a personalidade pretensiosa e ambiciosa e a facilidade de esbanjar dinheiro. Da mãe, o aspecto tido por exótico para os europeus da época – dizia-se que era descendente de uma antiga tribo da Ásia que migrara para a Escócia e a Irlanda. A infância de sonhos ruiu com a falência dos negócios da família. A crise provocou a separação dos pais. Às vésperas de completar 15 anos, em 1891, a mãe morreu. O pai já vivia com outra mulher, em Amsterdã, e Margaretha foi acolhida por um casal de tios e enviada para estudar na cidade universitária de Leyden, para se tornar professora de escola maternal.
Ela tinha mais de 1,70 metro de altura, ombros largos e seios pequenos - não uma beleza convencional. A seu favor, os cabelos negros, o olhar, os lábios sensuais e o aspecto mediterrâneo, incomuns na Holanda. Aos 19 anos incompletos, casou-se com o capitão Rudolph McLeod, 39.
Em maio de 1897, já com seu primeiro filho, Norman, a família mudou-se para a Indonésia, para onde a empresa em que o capitão trabalhava, a Companhia das Índias Orientais, o transferira. Em Toempoeng, perto de Bali, nasceu Juana-Luisa, apelidada de Non, abreviação de nonah (“menina” no idioma malaio). Na Ásia, por diversão, Margaretha começou a vestir trajes malaios e a imitar danças locais para oficiais, o que era malvisto pelas esposas dos funcionários holandeses. O casamento não ia bem: ela e o marido discutiam muito e, quando bebia, ele costumava ser violento.
Em Medan, uma tragédia. A babá, amante do capitão, tentou matar seus dois filhos, colocando veneno no molho do arroz. Non sobreviveu, mas Norman não. O casamento se degradava a cada dia e, em março de 1902, a família voltou para a Europa. O casal se separou em agosto do mesmo ano. Contra a decisão judicial, o capitão John se recusou a pagar pensão alimentar e sequestrou Non da mãe, que tinha sua guarda. Abalada, Margaretha partiu para Paris em 1903, aos 27 anos.
Instalada em uma modesta pensão familiar, saiu em busca de trabalho como modelo para artistas. Só arrumou serviço para posar nua. Não conseguiu o dinheiro que achou que obteria e voltou para a Holanda, onde conheceu e tornou-se amante de um ricaço, o barão Henri de Marguerie. Em 1904, resolveu tentar de novo a vida em Paris. Com apenas 50 centavos na bolsa, Margaretha desembarcou no Grand Hôtel, com vista para a Opera, e enviou uma mensagem para o barão, que se encarregou de pagar suas diárias e também novos vestidos.
Mudança de hábito
Com o orientalismo em moda na Europa, Margaretha decidiu dançar para ganhar a vida. Sua primeira performance de strip-tease, na casa de uma cantora, já foi um sucesso. Fascinados pelo espetáculo, os diretores do Museu Guimet colocaram o cenário do prestigioso local à disposição de Margaretha e insistiram para que ela adotasse um nome artístico, como era comum na época. Ela optou pelo mesmo nome que usara quando dançava para oficiais na Indonésia: Mata Hari, expressão malaia que significa “olho da manhã”, mas pode também ser traduzida por “luz do dia”.
Sua primeira apresentação no Museu Guimet, em 13 de março de 1905, marca a virada de sua carreira artística. Com quatro bailarinas, Mata Hari dançava em trajes emprestados da coleção do museu: um cinto indiano de pedras preciosas enlaçava seu translúcido sari. Para disfarçar seus seios pequenos, criou um sutiã metálico e adornado de bijuterias, que não tirava jamais. Contorcia-se em cena e despia-se de seus xailes até o momento em que, de costas para a audiência, deixava o sari cair.








A Mata Hari que deu certo
Marthe Richard seduziu, espiou e se deu bem

A fama é de Mata Hari, mas foi uma outra jovem a verdadeira cortesã agente dupla que realmente trabalhou a serviço da França. Como boa espiã, no entanto, ela nunca foi presa. E ainda fez carreira política. Marthe Richard nasceu em 1889, em Bettenfeld, na Alemanha, mas adolescente já morava na França. Ficou viúva cedo, em 1916 – o marido morreu na Primeira Guerra. Como Mata Hari, tornou-se espiã por influência do capitão Georges Ladoux, amigo de um de seus amantes. A alemã e Mata Hari, inclusive, chegaram a estar hospedadas no mesmo hotel em Madri, em 1917. Marthe seduziu o septuagenário Hans van Krohn, um dos chefes da espionagem alemã na Espanha, que a recrutou como o agente “S 32”. Graças às suas informações, foram presos vários espiões alemães, foi descoberto o segredo da tinta invisível inimiga, destruído um submarino UB 52 e impedido o sucesso do bombardeamento da costa basca. Nos anos 1930, quando lançou suas memórias, Ma Vie d’Espionne au Service de la France (“Minha vida de espiã a serviço da França”, inédito em português), disse que como agente dupla poderia ter tido o mesmo destino de Mata Hari. “Mas eu tive direito à Legião de Honra e, ela, ao pelotão de execução”, afirmou. Sua carreira política começou em 1945, quando foi eleita para o conselho municipal de Paris. Mas ficou famosa por lutar pelo fechamento das casas de prostituição francesas. Marthe Richard morreu em 1982, aos 93 anos.

⇨ Bastante solicitada nos salões da elite parisiense, em pouco tempo Mata Hari passou a dançar para um público composto de príncipes, como Albert I de Mônaco, e membros da aristocracia. Conquistou também o povo ao apresentar-se no Olympia, primeira casa de shows de música de Paris. Tornou-se uma sensação, seu nome corria pelo continente. Acumulava amantes ricos. 
De 1910 a 1911, desapareceu de cena para viver como amante permanente do banqueiro francês Félix Rousseau. Após a clausura, tentou reemplacar como dançarina, mas não teve sucesso. Sem dinheiro, partiu para Berlim atrás de um ex-amante, o proprietário de terras Albert Kiepert. No país, em maio de 1914 conseguiu agendar uma temporada de duas semanas no music-hall Metropol. A deflagração da Primeira Guerra Mundial, porém, abortou o projeto.
Em 28 de julho de 1914, um mês após o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, o Império Áustro-Húngaro invadiu a Sérvia. O conflito generalizou-se rapidamente: de um lado a Tríplice Aliança (Alemanha, Itália e Áustria-Hungria), de outro, a Tríplice Entente (Inglaterra, França e Rússia). Mata Hari queria voltar para Paris e, em 6 de agosto, embarcou no trem para a Suíça. Na fronteira, fizeram-na descer para interrogatório. O trem partiu sem ela, mas com suas bagagens. As autoridades alemãs exigiam um documento oficial atestando sua nacionalidade holandesa (poucas pessoas na época possuíam um passaporte) e um visto suíço. Acabou voltando para a Holanda.
Em 1916, tentou novamente ir para Paris, dessa vez por Londres. O cônsul britânico recusou-lhe um salvo-conduto. Os ingleses já suspeitavam que a dançarina era espiã.
Paranoia da guerra
O serviço de contra-espionagem italiano enviara para Paris, com cópia para Londres, uma mensagem dizendo que Mata Hari, então residente em Berlim e que falava com um “leve sotaque alemão” estava em um navio com destino ao Egito, que faria escala em Nápoles. A confusão deve-se, no fundo, ao hábito de Mata Hari de inventar histórias sobre a própria vida. Nove anos antes, fizera um cruzeiro pelo Egito e dera uma entrevista ao jornal Le Temps, dizendo que, no momento, era “berlinense”. O jornal afirmara que o alemão falado por Mata Hari tinha quase nenhum sotaque.
Foi nessa “prova” amadora e inconsistente – sem uma única linha sobre espionagem – que os ingleses sustentaram sua desconfiança. Depois desse episódio, ela passou a ser seguida por pessoas do serviço secreto inglês, que procuravam indícios para culpá-la de espionagem a serviço da Alemanha. Já em Paris, quando chegou em 16 de junho de 1916, foi seguida por policiais franceses, alertados pelos ingleses, até 15 de janeiro de 1917. Nada de realmente suspeito pôde ser notado.
Mata Hari continuou entretendo-se com seus amantes até encontrar o grande e talvez único amor de sua vida, o oficial russo de 21 anos Vladimir de Masloff, o Vadim. A paixão deflagrou as circunstâncias que terminaram por levá-la à morte.
Naquele mesmo ano, ferido no olho esquerdo, Vadim foi transferido para tratamento no hospital militar de Vittel, a 300 quilômetros de Paris. Para visitar o amado, Mata Hari precisava de uma autorização especial de acesso à zona militar. Pediu-a ao capitão Georges Ladoux, encarregado da organização da contra-espionagem. O oficial francês, já informado de que Mata Hari era suspeita de ser espiã alemã, disse à suposta inimiga que daria autorização para ir a Vittel caso ela trabalhasse como espiã para a França. Ela aceitou e foi clara: só o estava fazendo pelo dinheiro.
Espiã desastrada
Mata Hari partiu como uma espiã amadora, sem qualquer missão específica, para a Espanha. Hospedada no Hotel Ritz em Madri e decidida a mostrar serviço, aproximou-se do capitão Hauptmann Kalle, adido militar da embaixada alemã. Ele não notou o golpe e Mata Hari foi manipulada desde o primeiro encontro. Em conversas informais, Kalle lhe passou informações aparentemente importantes, mas na verdade falsas ou obsoletas. 
Por sua vez, ela forneceu impressões banais do que se passava na França, todas acessíveis em jornais ou ouvidas nas ruas, para convencer seu amante de que seu coração batia pela Alemanha. Em dezembro, enquanto ela esperava voltar para a França e receber a recompensa por seu trabalho, o capitão Ladoux interceptou mensagens enviadas por Kalle a Berlim. Referindo-se ao agente “H 21”, relatava as informações (superficiais) passadas por Mata Hari a ele.
Um detalhe indica que a correspondência entre Madri e Berlim fazia parte de uma estratégia dos alemães para incriminar Mata Hari como agente-dupla junto aos franceses. Em 1914, os ingleses já haviam conseguido decifrar o sistema codificado de mensagens alemão. Em 1916 os alemães perceberam isso e alteraram o código. O capitão Ladoux percebeu mais tarde – e escondeu do procurador e do júri que condenou Mata Hari – que as mensagens sobre o agente H 21 transmitidas por Kalle usavam o antigo código, aquele que os alemães sabiam que os franceses conheciam. Ou seja: eles faziam questão que seu conteúdo fosse lido pelas autoridades inimigas.
Em 4 de janeiro de 1917, Mata Hari voltou a Paris. O contexto na França era dos piores. A guerra se alastrava e o espírito de derrota imperava. O clima reinante era o de caça às bruxas e do uso de bodes expiatórios. O governo exigia a prisão do maior número possível de espiões estrangeiros para provar sua eficácia. Não prender Mata Hari seria reconhecer que o serviço de contra-espionagem perdera tempo e dinheiro ao investigar uma mera cortesã aspirante a espiã. Em 13 de fevereiro, por ordem do juiz de instrução Pierre Bouchardon, Mata Hari foi presa em Saint-Lazare.
Os sucessivos interrogatórios não revelaram nenhuma prova conclusiva de crime de espionagem contra a França. Só no fim de abril Ladoux revelou sobre as mensagens alemãs interceptadas. Fez isso, porém, sem revelar as verdadeiras intenções alemãs – o que não deixou dúvidas ao capitão Bouchardon de que a prisioneira era culpada. Foi então que Mata decidiu contar o que até então acobertara. Em uma noite de maio de 1916, segundo ela, recebera a inesperada visita em sua casa na Holanda do cônsul da Alemanha em Amsterdã, Karl Kroemer. 
O diplomata ofereceu 20 mil francos por informações confidenciais que ela obtivesse dos franceses. Ela deveria escrever seus relatórios e assinar com o código “H 21”. Mata Hari disse que concordara, mas só para pegar dinheiro dos alemães – e nunca teria dado informação alguma. O fato explicaria por que os alemães teriam usado o sistema de mensagens para “entregar” aos franceses a espiã que embolsou o dinheiro alemão sem ter feito espionagem para o Kaiser. Mas, em seu julgamento, o júri composto de militares desconheceu ou ignorou as falhas e contradições do dossiê de acusação.
“Mata Hari foi vítima de um erro judiciário”, diz o próprio bisneto de Pierre Bouchardon, o historiador Philippe Collas, em Mata Hari – Sa Véritable Histoire (“Mata Hari – Sua verdadeira história”, inédito em português). “Mata Hari é culpada porque era imoral. Uma mulher liberada, um símbolo sexual, uma mulher livre.” “Foi condenada não por espionagem, mas por sua falta de vergonha”, disse o acadêmico americano Pat Shipman em Femme Fatale: Love, Lies, and the Unknown Life of Mata Hari (“Mulher fatal: amores, mentiras e a desconhecida vida de Mata Hari, sem tradução). A frase definitiva de sua inocência veio, porém, de um de seus maiores carrascos. Cerca de 30 anos após tê-la proclamado “a maior espiã do século” diante dos jurados, o procurador Henri Mornet declarou em uma entrevista sobre o julgamento: “Il n’y avait pas de quoi fouetter un chat” (“não havia com o que fustigar um gato”), a versão francesa de “fazer tempestade em um copo d’água” – expressão, todos sabemos, usada para dizer que não havia nada de grave no episódio Mata Hari.
aventurasnahistoria.uol.com.br
27
Jan18

SOBRE O NAZISMO

António Garrochinho


Quanto mais estudamos sobre a Alemanha Nazista mais factos acabamos descobrindo. E ainda bem que a net existe para trazer ao público as pesquisas que os Historiadores anualmente nos apresentam em formas de livros ou artigos.  

 
"1. Alemães são "arianos"
 

Essa é uma das maiores bizarrices nazistas. Arianos eram invasores do Cáucaso que, há quase 4 mil anos, conquistaram a Índia e a Pérsia - Irão, nome que a Pérsia assumiu em 1935 quer dizer “terra dos arianos”. Teóricos do século 19 levantaram a hipótese de que esses conquistadores também chegaram à Europa, porque lá se fala línguas indo-europeias, aparentadas ao sânscrito, hindi e persa (incluindo o português). Uma migração do Cáucaso é o coerente com o que se acredita ainda hoje, ainda que a palavra "ariano" se refira apenas à leva asiática. 
Mas os nazistas tinham outra parte: para eles, só no norte da Europa os arianos se mantiveram "puros" – isto é, os alemães seriam mais "arianos" do que povos com real ligação com os arianos, os indianos e iranianos.Isso tem zero base na realidade.
  
2. O Brasil tinha o maior número de nazistas fora da Alemanha 

Os membros do Partido Nazista no Brasil eram menos de 3 mil. Todos alemães nativos, não descendentes, porque esses eram vistos como mestiços degenerados, que perderam sua cultura, e ninguém nem se dava ao trabalho de conferir seus ancestrais. 

Filiados nazis

Nos Estados Unidos, somente a Liga Germano-Americana tinha 25 mil filiados com fortes vínculos com o nazismo – eles desfilavam com bandeiras americanas ao lado da suástica. Antes da guerra, o nazismo era tido por uma ideologia tolerável, se antipática.

  


3. O exército alemão era formado apenas por alemães

Havia muitos estrangeiros nas forças alemãs, inclusive as SS. Muçulmanos dos Bálcãs, simpatizantes espanhóis, franceses, ingleses e mais. Até mesmo judeus da Finlândia ajudaram os nazistas. . Após o Dia D, Yang Kyoungjong, um coreano, foi capturado pelos americanos entre as forças nazistas, servindo na França. Ele havia lutado pelo Japão, depois no Exército Vermelho, por fim a Wehrmacht. Morreu em 1992.
  

4. Todos os alemães eram Nazistas


Ninguém era obrigado a se filiar ao partido – ainda que isso tivesse óbvias vantagens. O maior general da Alemanha nazista, Erwin Rommel, não era filiado - e acabou sendo forçado a se matar sob suspeita de participar de uma conspiração para assassinar Hitler. Outros oficiais - como o almirante Canaris - simplesmente boicotavam o regime nazista tanto quanto podiam. Alguns membros do partido praticaram resistência passiva, como Oscar Schindler. E o grupo estudantil Rosa Branca chegou a realizar passeata contra o nazismo nas ruas de Munique.  

5. Só os judeus foram mortos pelos nazistas  

Nazismo não era apenas contra judeus, mas também a "decadência moral" e a "poluição genética". Os primeiros exterminados pelo regime foram deficientes físicos e mentais, para evitar que passassem seus genes. Embora os judeus tenham se tornado as mais conhecidas vítimas do nazismo, ciganos, homossexuais, maçons, comunistas e até testemunhas de Jeová também estavam entre os assassinados pela política de Hitler. 

Mais de 100 mil gays foram presos e pelo menos 10 mil executados. Cada tipo de prisioneiro usava uma insígnia diferente no uniforme. Judeus, famosamente, a estrela amarela. Homossexuais, um triângulo rosa - que foi um símbolo inicial do movimento gay, até a adoção do arco-íris, nos anos 1970, já que o primeiro era muito deprimente."(Revista Aventura na História)

aterramediadeclaudia.blogspot.pt

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •