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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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28
Jan18

“MELHORES DA EUROPA”

António Garrochinho



Portugal além de ser o “melhor” país da Europa em centenas de aspectos, é também o “melhor” do mundo em dezenas de outros. É pelo menos o que dizem as cornetas do capitalismo em fase terminal e a sua necessidade vital de se iluminar de nada.

É, pois, sabido que a “melhor” polícia da Europa é portuguesa, naturalmente, e que é uma das “melhores” do mundo. E neste inebriar patético de lavagens ao cérebro do pobre matraquilho multi-classista (isto é que é ser moderno), também haviam de chegar as parangonas épicas sobre a “melhor” Procuradora-Geral do mundo e arredores, a senhora que dá pelo nome de doutora Vidal.

Guerrilha aberta pela direita nacional sobre a eventual substituição precária de tão eminente quadro jurídico, sustentáculo insubstituível da peculiar justiça portuguesa. Nunca se tinha visto tanto justicialismo operativo e a sua eficácia contra o crime de colarinho branco, como com esta magistrada de direita, e por isso mesmo, de uma qualidade profissional que a coloca fotograficamente como um ícone dos meandros de Haia (é traduzir, é traduzir…).

Ora, acontece, porém, que esta estrela luzidia do combate à corrupção, teve em cima da sua secretária (soube-se agora), há 23 anos atrás (e durante 2 meses), o famoso processo de roubo de 3 crianças à sua mãe (a “Maria” da TVI), com base em mentiras e crimes altamente punidos pela lei portuguesa.

Foi alertada por duas técnicas superiores, esta superlativa especialista em direitos e cuidados das crianças, e por duas vezes, sobre a obscuridade daquela suposta adopção feita em nome da quadrilha religiosa da IURD.

Se, benevolamente, dermos de barato que a Joana Marques Vidal não viu nada daquilo que deveria ter observado, por confiar nos escriturários que elaboram os processos de adopção de crianças, estranha-se que alguém de tanta responsabilidade institucional, a figura máxima ao tempo, não lhe tenha ocorrido dar uma vista de olhos por cima do dossier. Fazer uma breve leitura, mesmo na diagonal, daquela historieta de gente pobre vendida como carne num mercado de Arronches.

O resultado final da tragédia da “Maria” (e de tantas, tantas, mas tantas outras mães e pais pobres) é que foi cometido o crime mais hediondo após o 25 de Abril de 1974.

Guilherme Antunes in facebook 




28
Jan18

WW1 Kukri - Uma Arma e Símbolo dos Soldados Gurkha

António Garrochinho

O mito dos gurkas, nome oriundo de Gorkha - o distrito do Nepal de onde saíram os primeiros soldados que lutaram em fileiras estrangeiras -, nasceu no século XIX, depois que as tropas britânicas derrotaram em 1815 as nepalesas. Apesar de derrotados, os soldados do Nepal causaram uma forte impressão nos oficiais britânicos, que fizeram o máximo para obter o apoio das tropas do país asiático, a maioria formada por gurkas, para vencer a Índia em 1857, na Revolta dos Cipaios.
Integrados ao exercito britânico, os gurkas conquistaram fama internacional na Primeira e Segunda Guerras Mundiais, quando tornaram famosos o "khukri", a típica faca curva usada pelo grupo, e seu grito de batalha: "Aayo Gorkhali" (aqui vêm os gurkas). Posteriormente, participaram da Guerra das Malvinas, realizada em 1982 entre o Reino Unido e a Argentina para disputar a posse do arquipélago situado no Atlântico.


Com suas origens que remontam aos tempos antigos, o Kukri não é apenas a faca nacional do Nepal, mas também simboliza o soldado Gurkha, uma propriedade privilegiada com a qual ele indeformou uma identidade indelevelmente.


A impressionante vanguarda do Kukri foi experimentada pela primeira vez pelos britânicos na Índia, que tiveram que enfrentá-lo nas batalhas bem documentadas desde 1814, enquanto combatiam o exército de Gorkha, no oeste do Nepal.


Assim nasceu a lenda e o romance. No aperto do soldado de Gurkha, este pedaço aparentemente pequeno de aço curvo torna-se uma arma incrivelmente ameaçadora com a qual ele demonstrou feições raras de bravura enquanto enfrentava o inimigo em muitos campos de batalha.





O Gurkha e o seu Kukri estão incompletos sem o outro. Juntos, eles ganharam sua fama, o que nunca pode ser esquecido. No Nepal, os Gurkhas e os Kukri são inseparáveis.





Lâminas kukris geralmente têm um entalhe (chamado de kauda, kaudi, kaura ou cho) na base da lâmina. Várias razões são dadas para isso, prático e cerimonial: que faz o sangue ou a seiva deixar a lâmina em vez de correr para o punho e penetrar na empunhadura, comprometendo a ação.





A bainha de uma faca kukri, habitualmente de madeira revestida em couro, comporta – na parte traseira – duas (ou eventualmente mais) outras pequeninas facas, normalmente usadas para tarefas diárias, onde lâminas de maior tamanho não seriam adequadas.


Lendas se formaram em torno das campanhas Gurkas, uma delas é seu grito de guerra, que segundo a lenda causa pavor nos inimigos: "Jai Mahakali, Ayo Gorkhali" (lit. "Glória à deusa da guerra, aqui vão os gurkhas!").



Exemplar feito durante a Primeira Grande Guerra e 
também utilizado na Segunda Guerra Mundial.




É também uma parte do armamento regimentais e heráldica do The Royal Gurkha Rifles.




Coleção de exemplares pré-Primeira Guerra:


Coleção de exemplares da Primeira Guerra:


Coleção de exemplares da Segunda Guerra Mundial
(Notem os 2 fixadores da punhadura)


museudavitoria.blogspot.pt

28
Jan18

As megas construções mais incríveis e maravilhosas do mundo

António Garrochinho



Ao redor do mundo existem construções simplesmente magníficas, aquelas que enchem os olhos só de ver as imagens. São museus, florestas artificiais, centro de entretenimentos, dentre outras maravilhas.

1. Busan Cinema Center – Coreia do Sul

Busan Cinema Center - Coreia do Sul

2. Capital Gate, Abu Dhabi – Emirados Árabes

Capital Gate, Abu Dhabi - Emirados Árabes

3. Centro Aquático Nacional de Pequim – China

Centro-Aquatico-Nacional-de-Pequim-China

4. Centro de Entretenimento de Khan Shatyr – Cazaquistão

Centro-de-Entretenimento-de-Khan-Shatyr-Cazaquistao
5. Cidade das Artes e das Ciências, Valência – Espanha
Cidade-das-Artes-e-das-Ciencias-Valencia-Espanha

6. Cloud Forest e Flower Dome – Singapura

Cloud Forest e Flower Dome - Singapura

7. Edifício de Flor de Lótus – China

Edificio-de-Flor-de-Lotus-China

8. Gare do Oriente – Lisboa – Portugal

Gare do Oriente - Lisboa - Portugal

9. Instituto Holandês de Imagem e Som – Holanda

webtudo.net
28
Jan18

Seis Vídeos para regressar a Jean-Michel Jarre

António Garrochinho




Cinco álbuns do músico francês, originalmente editados entre 1984 e 1993, recordam-nos pérolas esquecidas e alguns momentos menos inspirados da obra de um pioneiro das electrónicas.
O sucesso por vezes pode ser mais problema que uma ajuda… E tantas vezes a história da música popular nos mostrou já como a subida de alguém a um outro patamar de “fama” funciona para alguns como condição suficiente para desligar o som dos ouvidos e ligar em seu lugar o sinal luminoso do preconceito. Jean-Michel Jarre, que desde sempre dividiu opiniões (o que é sempre bom), ganhou visibilidade entre 1976 e 78 com dois álbuns que, servindo-se de uma lógica de construção diretamente herdada do progressivo, experimentavam novos caminhos (melódicos, narrativos e cenográficos) para as electrónicas num quadro claramente mais próximo da pop que dos berços em que ele mesmo a começara a estudar (nos dias em que foi aluno de Pierre Schaffer). Oxygène (1976) e Equinoxe (1978) juntaram-se a discos pioneiros seus contemporâneos e ajudaram a abrir caminho para a generalização do uso das electrónicas num contexto pop. Quando, em 1981, edita Les Chants Magnétiques (editado fora de França como Magnetic Fields), opta por manter uma estrutura comum no corpo do disco, encaminhando contudo várias das “partes” rumo a modelos pop onde a repetição e simplificação de linhas e estruturas acaba por gerar um álbum sem o fulgor das visões dos antecessores, o impacte da sonoridade num tempo em que a primeira geração pop electrónica somava já êxitos nas tabelas de vendas colocando-o entre a lista de sabores do momento. O tom açucarado de alguns momentos do álbum (que aprofunda algumas sugestões já antes lançadas em Equinoxe) valeu a Jean Michel Jarre o ceticismo de parte da crítica. E convenhamos que Les Chants Magnetiques está uns furos abaixo do que até então Jarre nos mostrara. A faceta mais popular do músico ganhou entretanto novos focos de visibilidade com o impacte europeu de um álbum (e um documentário televisivo – que na altura foi exibido na RTP) sobre a digressão de Jarre na China e, depois, com o “caso” Music For Supermarkets, um álbum (de 1983) cujos masters foram destruídos após a prensagem de um único vinil, que foi vendido em leilão como se de uma pintura se tratasse. Era de um Jean-Michel Jarre famoso, e sem um disco verdadeiramente estimulante há já seis anos, que se falava quando chegou Zoolook. E, com mais preconceitos ativos que com ouvidos atentos, muitos passaram pelo disco tomando-o como mais um, talvez mesmo dizendo “não presta” sem notar o que ali poderia estar a acontecer. Naturalmente há, como houve e haverá, quem não goste. Mas isso é outra coisa. Aqui não falo de gosto, mas de como tantas vezes não se ouve quando o preconceito está em modo “on” (tanto que George Michael, anos depois, editaria mesmo um álbum a que daria por título Listen Without Prejudice).
Passaram 30 anos e os álbuns de 1976 e 78 de Jean-Michel Jarre conhecem hoje aquele estatuto de maior respeito que (merecidamente) damos a quem desempenhou esforços pioneiros em algo importante. Por muito inconsequente que, de facto, seja grande parte da sua discografia posterior a 1980 a verdade é que convém não deixar Zoolook fora da sua lista de grandes discos. Integrado numa campanha de reedições (que chega aos escaparates a partir de segunda-feira), Zoolook, agora devidamente remasterizado, representa um episódio de exploração de potencialidades de novas máquinas (nomeadamente os samplers e um batalhão de novos teclados), ao mesmo tempo que espelha um desejo do músico em encontrar formas de usar a voz e as línguas do mundo (passando, entre outros, por elementos “samplados” em aborígene, afegão, inuit, francês, holandês, alemão, húngaro, indiano, malaio, tibetano ou sueco). Esgotando em Zooloogique (que chegou a ser editado como single) o apelo pop de Magnetic Fields 2Zoolook é um álbum diferente na estrutura, propondo ao invés de um grande-todo, uma lógica de obra feita de faixas distintas entre si, as ferramentas de trabalho usadas e a presença protagonista das vozes (muitas vezes processadas) assegurando a unidade. O disco, que recupera (com algumas alterações), três fragmentos de Music For Supermarkets, que foi dos primeiros a ser gravado com tecnologia digital e que conta com nomes como os de Laurie Anderson (voz) e Adrian Blew (guitarras) no elenco, é uma pequena pérola esquecida das eltrónicas dos oitentas que agora se recupera, numa versão que retoma o alinhamento original (e não faixas remisturadas como algumas reedições chegaram a usar) de 1984.
Zoolook é um dos cinco álbuns de Jean-Michel Jarre que, com som remasterizado, conhecem reedição neste início de ano. Editado em 1986 Rendez-Vous é um disco que retoma a linha de aproximação a soluções mais ligeiras de Les Chants Magnetiques, fazendo mesmo do desinteressante Rendez Vous IV um dos momentos de maior sucesso pop da sua carreira. Disco menor, gere sonoridades e soluções numa lógica mais segura que ousada (longe de Zoolook, portanto), tendo ficado na história – apesar do impacte no mercado – mais pela associação a um desafio tecnológico que pela música. Foi na verdade um desafio que acabou em tragédia. A parte VI do disco, com o subtítulo Ron’s Piece, nascera de uma ideia de colaboração com o astronauta e saxofonista Ron Mcnair, que deveria ter tocado a partir do espaço. Um dos tripulantes do Challenger, Ron morreu (juntamente com a restante tripulação) na explosão que destruiu a nave pouco depois da descolagem, servindo assim o disco (e o concerto em Houston a 5 de abril) como homenagem aos que ali perderam a vida.
Editado dois anos depois Revolutions procurava desbravar novos terrenos, por um lado explorando uma noção de linguagem industrial (na suite Industrial Revolutions), por outro escutando ecos de músicas outras geografias. Japão, África do Sul e o Médio Oriente definem caminhos diferentes dos habituais na música de Jarre, assim como o faz a colaboração com Hank Marvin (em London Kid. Mas, na verdade, e como alguém chegou a escrever numa crítica, de revolucionário por aqui não há nada.
Em 1990 Waiting For Cousteau – criado como homenagem ao oceanógrafo seu conterrâneo Jacques Cousteau – assinala o mais desafiante conjunto de propostas de Jean-Michel Jarre desde Zoolook. O disco divide-se em duas partes distintas. A primeira, com o título Calypso (o nome do navio oceanográfico de Cousteau), é um tríptico que abre com uma alusão ao calor e cores das steel bands caribenhas e navega depois sob a luminosidade dos mares quentes. A segunda parte, com o título do álbum, é uma peça de 46 minutos, que parte de uma noção de música ambiental em sintonia com o legado das visões de Brian Eno em finais dos anos 70, mantendo contudo a sugestão permanente de estarmos a escutar acontecimentos na água, agora todavia em mergulhos mais profundos, mais longos e lentos, com a luz do dia já distante, talvez mesmo impossível de detectar…
Chronology, de 1993, e que encerra este lote de reedições, assinalou uma vontade de reencontrar o modelo conceptual experimentado nos álbuns da segunda metade dos anos 70. Sucessor natural de Oxygéne e Equinoxe, traduz um reencontro com sonoridades da época e formas de construção que recuperam em vários instantes sinais de fuga aos padrões de repetição ao jeito da canção pop que caracterizaram parte da obra do músico desde a alvorada dos anos 80. Apesar da solenidade cénica da peça de abertura, o disco não deixa contudo de fechar a porta ao antigo e recorrente encantamento que Jarre tem pela pop (e nada contra, diga-se). Curiosa é a forma como aborda esses caminhos, seja por uma via de diálogo com heranças do eurodisco à la Pet Shop Boys (como escutamos em Chronology 4), seja pela integração de elementos rítmicos da cultura hip hop (em Chronology 8), merecendo citação ainda um reencontro com a sua própria forma de encarar o electro (ao jeito dos dias de Equinoxe) em Chronology 6.
Há talvez motivos para reencontrar alguns dos discos de Jean-Michel Jarre. Os cultores do space disco e algumas formas atuais com gosto pela evocação das sonoridades dos teclados analógicos têm, entre este lote, razões para não deixar esta obra reduzida à memória do aparato das mega-produções de concertos com que tantas vezes é lembrada a música (e a figura) de Jean-Michel Jarre.

maquinadeescrever.org
Todos os álbuns são de Jean Michel Jarre

Oxigene
“Zoolook” (1984)
Sony Music
( 4 / 5 )
“Rendez-Vous” (1986)
Sony Music
( 2 / 5 )
“Revolutions” (1988)
Sony Music
( 2 / 5 )
“Waiting For Cousteau” (1990)
Sony Music
( 3 / 5 )
“Chronology” (1993)
Sony Music
( 3 / 5 )
VÍDEOS
28
Jan18

Os primórdios da navegação

António Garrochinho

Resultado de imagem para PRIMORDIOS DA NAVEGAÇÃO

           Quando o homem começou a navegar? Que razões o motivaram a desbravar mares e oceanos? Quais as primeiras embarcações conhecidas pela História? Podemos observar sinais de sua existência no mundo atual?
            Na abertura do tópico "Tipos de Embarcações", Diário de Bordo lança luz sobre os primórdios da navegação, empreendendo uma fascinante viagem à Era primitiva.
 E assim o homem começou a navegar...
Da conquista da terra ao domínio dos mares
      Estranho por natureza ao ambiente aquático, em determinado momento de sua trajetória terrestre, o homem se deparou com a necessidade de explorar o mundo das águas.
      Os principais fatores que explicam tal fenômeno remontam às nossas origens e estão indubitavelmente ligados à luta pela sobrevivência. Neste sentido, diversas causas podem ser cogitadas, tais como a carestia de alimentos nos tempos marcados pela vida nômade, transbordamento dos rios que devastavam habitações e plantações, fuga de condições climáticas adversas, conflitos contra tribos rivais, dentre outras que impeliam à busca por novas paragens.
      Todavia, além do fator sobrevivência, deve-se considerar também o desejo de aventura, conquista e descoberta, característica inata à nossa espécie.
          Diante disso, é no período pré-histórico que se situa o prelúdio da navegação.
Nos tempos primitivos
        Os primeiros tipos de embarcação foram retratados pela arte egípcia há pelo menos 5.500 anos, confundindo-se com a invenção da escrita, na antiga Mesopotâmia.
         Dezenas de milhares de anos antes do surgimento das primeiras civilizações, porém, sabe-se que em diversas partes do planeta, povos de cultura primitiva já se utilizavam de seus próprios e rudimentares meios de transporte aquático.
        Um consenso geral afirma que o tronco (ilustração acima) foi o primeiro recurso empregado pelo homem para se locomover sobre as águas. Inúmeras ilustrações apresentam um homem da caverna flutuando nu sobre um tronco e remando com as mãos, numa representação bem convincente de como devia ser no passado remoto.
        Inclusive a ciência biológica, reforçando a tese, indica que muitas espécies de animais se viram forçadas a realizar semelhantes viagens, quando a força das águas assolava seus respectivos habitats, milhões de anos antes do aparecimento do primeiro homem sobre a terra.
        Tecnicamente, entretanto, admite-se que a primeira embarcação só foi construída por volta de 100 mil ou 50 mil anos, quando o homem afrontou voluntariamente o meio aquático, amarrando troncos uns aos outros ou reunindo um feixe de juncos para criar uma balsa.
        É bem possível que apenas umas poucas tribos dominassem a técnica e que a mesma fosse desenvolvida por outros grupos humanos, em outras partes do mundo, somente milhares de anos depois dos pioneiros. Para tanto, basta salientar que , nos dias de hoje, para cruzar as baías do lago Chade, na África, a tribo dos budumas trança e une ramos de madeira de balsa, formando assim uma pequena jangada, usando mãos e pés como remos.
Embarcações primitivas e seus vestígios atuais
     Curiosamente, a maioria das embarcações dos tempos pré-históricos se verifica em uso atualmente, em vários lugares do mundo. Algumas foram desenvolvidas e melhoradas, enquanto outras poucas mudanças sofreram. Vejamos alguns exemplos:
            No Nilo Branco, um dos principais tributários do grande rio Nilo, na África Oriental, os indígenas impulsionam com varas e remos balsas feitas de ramos de madeira de balsa, ligadas em forma de feixe (2). Árvore de madeira leve e resistente, a balsa (Ochroma pyramidale) é natural principalmente da América Central, achando-se ainda nas matas tropicais ao norte da América do Sul até o sul do México. Muito provavelmente, na América do Sul, seu largo emprego na construção de embarcações nativas acabou associando seu nome ao das próprias embarcações. Em 1947, o explorador norueguês Thor Heyerdahl (1914-2002) e os integrantes da famosa expedição Kon-Tiki, construíram com madeira de balsa a jangada com a qual partiram do Peru rumo à Polinésia, visando demonstrar a possibilidade da colonização das ilhas polinésias por nativos sul-americanos.
          Também a balsa de papiro (3), utilizada como bote no Nilo Branco e outros rios africanos, tem conservado o mesmo aspecto através de milhares de anos. A arte de sua construção não desapareceu porque o papiro é um material de baixa consistência, flutuando apenas por poucos meses e exigindo assim uma produção contínua.
         O catamarã (4), embarcação típica do Sri Lanka e da costa de Coromandel, na Índia, consiste em três ou quatro troncos amarrados, o mais largo ao centro, saliente pela parte anterior, como uma proa. Contudo, muito pouco se parece com a popular canoa dupla dos dias atuais, a qual se acostumou atribuir essa falsa denominação.
       Nas Ilhas Fiji, existe uma larga balsa de bambu (5), feita com linhas de canas e munida de uma espécie de borda, empregada para transporte por lagos e ilhas próximas.
                                                          5- Balsa de bambú das Ilhas Fiji
          Um baixo relevo de Nínive, de cerca de 700 a.C., mostra homens cruzando o rio Tigre com peles infladas de animais. O mesmo método é praticado hoje no Tibet, onde populações nômades carregam consigo peles de bois e porcos, cosidas e calafetadas, as quais inflam como flutuadores (6), possibilitando a travessia dos rios.
          Finalmente, temos a canoa (7), um tronco de árvore cavado, oriunda dos povos nativos da África, América do Sul e Austrália, que continuam a construi-las (cavando o tronco com o fogo e rudimentares instrumentos de pedra), especialmente para o transporte e pesca em rios e lagos. Sua presença registra-se nas terras mais distantes, incluindo a Escandinávia, onde até o início do século XX podia ser vista.
         Em algumas regiões frias, o esqueleto da canoa passou a ser forrado com peles, tais como em uso no Tibet, na Groenlândia, onde é chamada de umiak, e na Grã-Bretanha, conhecida como coracle (8).
         Segundo o estudioso finlandês Björn Landström (1917-2002), autor de "O navio", obra traduzida em diversos idiomas e referencial para o presente artigo, "a canoa e o bote de pele abriram o caminho ao progresso da construção naval".
      Como se sabe, todos os primitivos tipos de embarcações acima citados restringiam-se à navegação fluvial ou marítima costeira.
      Somente em fins da Idade Média, ou seja, há aproximadamente 600 anos, a avançada engenharia naval ibérica, sobretudo portuguesa, permitiu à humanidade reunir as técnicas necessárias para a conquista do alto mar, a travessia dos grandes oceanos e o descobrimento de novos mundos.

      Fontes: 
      LANDSTRÖM, Björn. El buque. 3.ed. Barcelona: Editorial Juventud, 1983. A primeira edição da obra é de               1961. As ilustrações da postagem são do autor. 
28
Jan18

OS FENÍCIOS O LEGADO

António Garrochinho

Desde o século XII a.C. que chegaram à Península Ibérica. Eram de etnia semita (canaanita). A sua língua derivava do hebreu; habitavam a cidade de Tiro. Eram mercadores e excelentes navegadores mediterrânicos. Fundaram as actuais cidades de Cádiz e Málaga (1100 d.C.). Tinham grande interesse em minerais e eram bons metalúrgicos. Também eram bons compositores musicais. Praticavam a pirataria.
 Todos nós sabemos que não somos uma raça, mas sim uma data delas em mistura. Pelo sangue que nos anda cá dentro – se pudéssemos analisá-lo (não sei o processo) e chamar nomes aos seus milhões de glóbulos – poderíamos chamar a uns fenícios, a outros gregos, etc., etc.

Há cerca de 3000 anos vieram por aí fora, dos lados do Oriente (Líbano), à procura do ferro, do cobre e da prata da Andaluzia. Eram marinheiros, pescadores e mercadores. De certo também traziam para cá tecidos de púrpura, que era a sua especialidade. E que mais? Trouxeram ainda o alfabeto e ensinaram-nos as 1.as letras. – Sim, porque foram eles que inventaram o alfabeto! E, finalmente, nas suas andanças por cá, terão influenciado o tipo de construção dos nossos barcos.
E os grupos? Dizem alguns que o tipo de beleza da mulher vareira será indício da colonização grega. Dizem outros que não há certeza, pois os grupos não deixaram cá grandes vestígios. Supõe-se, no entanto, que no séc. VI A. C. (há 26000 anos) já eles andavam por cá. Mas não andaram muito tempo.
Será, então, que as parecenças gregas das nossas vareiras serão só coincidência?
Raul Brandão diz que a mulher vareira é bonita por causa da luz da ria (...lá de AVEIRO), produto de beleza feito apenas de água azul trespassada de sol…





Rostos fenícios
Tez muçulmana
Olhos egípcios
Graça romana.

...os Ilhavenses, que eram um povo originário da FENÍCIA , fixaram-se na ilha (Ilhavo...daí o nome da LOCALIDADE) e tiveram uma emigração para o Brasil  e muito forte para a  Argentina. Alguns deles escolheram a COSTA PORTUGUESA para desbravar e espalhar o seu SABER MILENAR  - 7 famílias "ATRACARAM" em SESIMBRA. 
Entre muitas inovações, tinham uma totalmente desconhecida pelas gentes que habitavam os portos onde chegaram estes forasteiros- pescavam trazendo no barco a mulher e os filhos, punham os" putos" e a mulher na proa e o homem à popa. 

Quando chegaram à PISCOSA, verificaram que os habitantes só pescavam ao anzol , introduzindo eles a pesca à rede. Contornaram toda a COSTA até SAGRES mas foi em SETÚBAL que nasceu uma grande comunidade de ILHAVENSES - denominaram-se VARINOS ... criando uma rivalidade com os  de Sesimbra.




Os VARINOS assentaram ARRAIAIS em frente ao quartel do1 e depois no bairro das Fontainhas... tinham as embarcações com as poupas às  riscas verdes e brancas  -  o Vitória de Setúbal foi fundado pelos VARINOS. E, por esse motivo, as cores das camisolas deste clube são iguais às dos barcos destes VALENTES HOMENS que desbravaram as costas PORTUGUESAS e os MARES do MUNDO lá para os LADOS do NOVO CONTINENTE.




ALBANO, o construtor, é um dos nomes presentes, ainda Hoje,
nas RECORDAÇÕES de JJ e de outros SESIMBRENSES 


Aqui ensinaram, além  das ARTES da PESCA, a CONSTRUÇÃO de BARCOS.

Nos anos 60 e 70 "RESIDIA" em SESIMBRA uma das maiores frotas de PESCA do PAÍS




Praia da CALIFÓRNIA em 1965
Os barcos ocupavam toda a extensão da PRAIA 

 O LEGADO, à PISTOSA, foi imenso... ainda HOJE é um dos maiores PORTOS PESCA do PAÍS, onde chega o melhor PEIXE...procurado por todos os GRANDES COMERCIANTES.




A Lota em 1950, ao lado do FORTE oposta à praia da CALIFÓRNIA

 É, ainda HOJE, uma TERRA de GENTE do MAR que é invadida, todos os ANOS, POR  MILHARES de VERANEANTES que não tiram  o SONO aos ROSTOS adormecidos, pelo cansaço, dos velhos PESCADORES, SOBREVIVENTES de DÉCADAS de VIAGENS NOTURNAS cobertas pelas ESTRELAS ou por densos NEVOEIROS.

Foi-me apresentado o "MENINO", o maior na ARTE dos  ANZÓIS. 



O MAR é quase um SER VIVO para nós. O Mar é um HOMEM que tem vários ESTADOS de ESPÍRITO. Um dia TÁ como TÁ HOJE, tá bem disposto; outro dia é um DESGRAÇADO, tá mesmo RUIM. O MAR é um CÃO!- como a gente costuma dizer.(...) a gente costuma dizer:-Com o MAR não se brinca.  "É um GAJO FALSO (...)", "olha que ele..."


E porque é que não se brinca?? Porque ele é FALSO, ele é MANHOSO, tem os seus CAPRICHOS (...).


(testemunho de um VELHO PESCADOR)


pensadorlobo.blogspot.pt
28
Jan18

Escravos do século XXI

António Garrochinho


O título não é uma metáfora. Falamos mesmo de escravos. Não de seres humanos que vivem como escravos, trabalhando por um salário miserável. Não são também os escravos de há 200 anos. Falamos dos 27 milhões de pessoas que, em todo o mundo, incluindo Portugal, são compradas e vendidas, exploradas e brutalizadas para dar lucro. São os escravos do século XXI.
*
imagem-introducao1.JPG
No Norte da Índia, num quarto mal iluminado e sem ventilação, uma dúzia de crianças debruçadas sobre aquecimentos a gás fabrica pulseiras para vender a 40 cêntimos a dúzia. De idades compreendidas entre os 9 e os 14 anos, estas crianças trabalham dez horas por dia, todos os dias – vendidas pelos pais ao dono da oficina em troca de dinheiro. Em média, as crianças indianas são escravizadas por cerca de 30 euros.
*
imagem-pedreiros.JPG
As dívidas condenam famílias ao CATIVEIRO durante várias gerações. No Sudoeste da Índia, mães e filhas transportam para o forno tijolos feitos à mão, enquanto pais e filhos atiçam o fogo. Os empregadores compram os trabalhadores, emprestando dinheiro para despesas que eles não conseguem pagar. Apesar de trabalharem muitos anos para pagar a dívida, os juros exorbitantes e a contabilidade desonesta perpetuam o fardo, que passa de pais para filhos. Cerca dos dois terços dos trabalhadores cativos de todo o mundo – 15 a 20 milhões – são escravos por dívidas na Índia, no Paquistão, no Bangladesh e no Nepal.
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O corpo de uma mulher pode ser VENDIDO vezes sem conta. Os donos de bordéis israelitas, podem comprar jovens da Ucrânia ou da Moldávia por cerca de 3.500 euros. Mesmo um pequeno negócio com dez prostitutas pode render milhões se euros por ano. Fazendo-se passar por recrutadores de mão-de-obra, os traficantes vão buscar vítimas às cidades pobres da Europa do Leste, atraindo-as com promessas de bons empregos. Quando as mulheres chegam, são entregues a compradores que, por norma, as espancam, violam ou aterrorizam para garantir obediência.
*
PROMESSA QUEBRADA
mecanico.JPG
Os pais do rapaz enviaram-no como aprendiz de mecânico para a capital do Benin. Trabalha o dia todo (em cima), sem descanso nem salário. Não pode sair à rua sem autorização e a desobediência é punida com pancada. Segundo Kevin Bales, director da associação Free The Slaves, a escravatura actual é caracterizada por domínio e exploração económica. O controlo sobre os escravos não se exerce com um regime legal de propriedade, mas através do que Bales chama a “autoridade decisiva da violência”. A escravatura é difícil de detectar: entre os cerca de 60 mil chineses que vivem em Itália, imigrantes legais e ilegais trabalham lado a lado com escravos. As buscas em locais como esta fábrica de peles perto de Florença (em baixo) são dificultadas pela barreira da língua e pelo uso de documentos falsos.
crianca-chinesa.JPG
*
Em Bombaim, na série de bordéis que ladeiam a rua de Falkland, as raparigas mais jovens e bonitas são exibidas em jaulas ao nível da rua para atrair clientes. Muitas mulheres são despejadas por traficantes nestas colmeias, mas muitas são definitivamente vendidas pelos pais ou pelos maridos. Cerca de 50 mil mulheres – metade das quais despachadas a partir do Nepal através da Índia – trabalham como prostitutas na cidade. A violência, as doenças, a subnutrição e a falta de cuidados médicos reduzem a sua esperança de vida para menos de 40 anos.
*
Nasci escrava
O meu nome é Salma. Nasci na Mauritânia em 1956, escrava. Os meus pais eram escravos e os pais deles foram escravos da mesma família. Assim que comecei a andar, fui obrigada a traba¬lhar durante todo o dia, todos os dias. Mesmo quando estava doente, tinha de trabalhar.
Quando ainda era criança, comecei a tomar conta da primeira mulher do chefe da família e dos seus 15 filhos. Mais tarde, se algum dos meus próprios filhos estava doente ou em perigo, não me atrevia a ajudá-lo, porque tinha de tratar dos filhos da mulher do meu patrão. Batiam-me frequentemente. Um dia, bateram na minha mãe e eu não aguentei: tentei impedi-los. O chefe da família ficou muito zangado comigo. Atou-me as mãos, marcou-me com um ferro em brasa e deu-me um estalo. O anel dele fez-me um corte que deixou uma cicatriz.
Não me deixaram ir à escola, nem aprender mais do que alguns versículos e orações do Alcorão. Mas tive sorte, porque o filho mais velho do patrão andou numa escola longe da aldeia e tinha ideias diferentes das do pai. Em segredo, ensinou-me a falar francês e a ler e escrever um pouco. Acho que toda a gente pensou que ele andava a violar-me, mas ele estava a ensinar-me.
Os outros escravos sentiam medo da liberdade: tinham medo de não saberem para onde ir ou o que fazer. Mas eu sempre acreditei que tinha de ser livre e acho que foi isso que me ajudou a fugir. Há cerca de dez anos, tentei escapar: como não sabia a que distância ficava o Senegal, caminhei durante dois dias no sentido errado. Descobriram-me, levaram-me para trás e castigaram-me. Ataram-me os pulsos e os tornozelos, amarraram-me a uma tamareira num terreno da família e deixaram-me lá durante uma semana. O chefe da família cortou-me os pulsos com uma navalha para que eu sangrasse horrivelmente. Ainda tenho as cicatrizes.
Por fim, conheci um homem no mercado que me disse que o Senegal ficava do outro lado do rio. Decidi tentar outra vez. Corri até ao rio onde o dono de um pequeno barco de madeira aceitou levar-me até ao Senegal. Aí, fui até um refúgio administrado por um antigo escravo da Mauritânia. Fiquei no Senegal durante alguns anos, ganhando dinheiro a fazer trabalhos domésticos. Mas nunca me senti segura. Estava sempre com medo que o chefe da família pagasse a alguém para me ir procurar e me levasse de volta à sua casa.
Quando cheguei aos EUA, trabalhei a fazer tranças no cabelo. Da primeira vez que me pagaram por um trabalho, chorei. Nunca tinha visto ninguém ser pago pelo seu trabalho. Foi uma surpresa muito agradável. Uma das coisas mais difíceis foi abandonar os meus filhos, mas sabia que primeiro tinha de fugir. Desde que aqui cheguei, há três anos, tenho trabalhado para libertá-los. Paguei a pessoas que os encontraram e os levaram para o Senegal e agora estou a pagar para que os meus filhos vão à escola.
Levanto-me cedo todas as manhãs, compro um cartão telefónico e falo com eles. Dizem-me que preferem morrer na rua do que voltar à Mauritânia. A minha filha mais velha já está comigo nos EUA. Desejo muito que os meus outros filhos venham ter connosco. Na Mauritânia, nunca tive o direito de tomar decisões em relação aos meus filhos. Aqui é tão diferente.
Na Mauritânia, não me atrevia a ir ter com o governo porque eles não ligavam. As leis não interessam, porque eles não as aplicam. Talvez esteja escrito que não existe escravatura, mas isso não é verdade. Mesmo diante do presidente da Mauritânia, agora posso afirmar em voz alta que existe escravatura na Mauritânia porque já sou tão livre como ele. Quando cheguei aos EUA, tive medo que me mandassem embora. Foi então que conheci o meu advogado, um médico, que me ajudou, e Kevin Bales, da organização Free the Slaves. Conheci também o Programa Bellevue para os Sobreviventes da Tortura. O juiz que julgou o meu pedido de asilo era honesto e cumpriu a sua função. Exigiu provas, mas depois ouviu e prestou atenção.
Um dia, gostaria de ser cidadã dos Estados Unidos e quero que os meus filhos também sejam. Aqui tenho liberdade de expressão. Na Mauritânia, não havia liberdade de expressão. No Senegal, tinha medo de falar abertamente porque era muito próximo da Mauritânia. Então tive de ter cuidado. Tive de ir para muito, muito, muito longe. Aqui, agora, posso falar abertamente.
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Texto de Lyne Warren
Fotografias de Jodi Cobb
Embora custe a acreditar, a escravatura não deixou de existir. Mais incrível ainda é o facto de centenas de milhões de pessoas levarem vidas pouco livres, com um nível de oportunidades pouco superior ao dos escravos. Muitas vezes, os mais pobres sacrificam a sua dignidade, os seus filhos, e até os seus corpos, a um mercado global ávido de LUCRO DESUMANO.
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Este bebé não é um escravo. Porém, como está numa caixa de cartão e cresceu numa barraca de chapa ondulada, a vida deste rapaz da Guatemala começa com escassas probabilidades pela frente. Pode ser roubado ou vendido e depois adoptado ilegalmente, no âmbito de um processo internacional transformado em negócio rendível para alguns advogados guatemaltecos que agem como intermediários. Também pode tornar-se numa das 44% de crianças guatemaltecas que crescem padecendo de subnutrição; ou uma das 80% que vivem em habitações sem lavabos, nem sistemas de recolha de lixo; ou das 40% que chegam à idade adulta sem saber ler ou escrever.
A pobreza que aflige a maioria das famílias da Guatemala é a regra, não a excepção. Três mil milhões de pessoas – quase metade da população mundial – lutam pela sobrevivência com menos de dois euros por dia.
Terríveis provações podem levar os mais pobres a vender os seus bens, os seus corpos ou o dos seus filhos.
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Nos países em desenvolvimento, dezenas de milhares de mulheres transformaram-se em produtos do comércio de sexo. Devido a usos tradicionais das suas comunidades, outras jovens não têm direito a fazer opções elementares, relativamente ao casamento e à gravidez.
Embora os casamentos à força sejam denunciados pela Organização das Nações Unidas como forma de escravatura e quase todos os países tenham estabelecido idades legais mínimas para o casamento, os costumes locais continuam a desafiar a lei. No povoado de Bembe, no Benin, todas as mulheres e crianças comparecem perante o chefe da aldeia (em cima). “São poucas as raparigas da aldeia que chegam aos 18 anos sem se casar”, afirma Hector Gnonlonfin, fundador do Tomorrow Children, um abrigo para crianças exploradas. “Encontrámos uma aluna de 10 anos que já tinha marido.”
Para a família da noiva, o preço a pagar por um noivo mais velho pode representar a diferença entre morrer à fome e sobreviver.
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Para a saúde de uma rapariga, as consequências de um casamento precoce podem ser fatais: segundo a Organização Mundial de Saúde, as raparigas com menos de 15 anos têm cinco vezes mais probabilidades de morrer devido a complicações de gravidez do que mulheres com mais de 20 anos.
Por vezes o sacrifício físico apresenta-se num acto único: estas mulheres de Villivakkam (em cima), na Índia, cuja alcunha é “aldeia dos rins”, trocaram um rim por dinheiro. Com cerca de 20 anos na época em que aceitaram fazê-lo, ansiosas por pagar as sufocantes dívidas familiares, elas foram alvos fáceis para os agentes de transplantes que prometeram cerca de 880 euros por cada órgão. Embora recebessem metade do dinheiro adiantado, não recebera o resto da quantia. A Índia proibiu o comércio de órgãos humanos, mas isso não fez para o tráfico. Para estas mulheres, a dor não cessou: três foram abandonadas pelos maridos, que as consideraram bens danificados. Nas suas palavras, só lhes restam as cicatrizes.



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28
Jan18

INUNDAÇÕES EM FRANÇA

António Garrochinho


Doze regiões administrativas francesas decretaram o terceiro estado de alerta numa escala de quatro, enquanto na capital se prevê que as águas do rio Sena atinjam na noite de domingo os 5,95 m.
A descida das águas vai demorar vários dias e o Sena deverá menter-se em níveis altos vários dias após o pico de inundação deste fim de semana. Isto porque as águas subterrâneas e os lagos de armazenamento estão saturados ou próximos de saturação.
De acordo com os serviços meteorológicos, as chuvas são excedentárias em quase todo o país em janeiro e poderiam atingir valores recordes, o que explica a saturação de solos e reservas.
No hospital parisiense de La Pitié-Salpêtrière, o maior da Europa, todos os edifícios estão em zona passível de inundação e as instalações elétricas no subsolo.

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28
Jan18

Justiça espanhola suspende investidura de Puigdemont

António Garrochinho

O Tribunal Constitucional de Espanha decidiu suspender a investidura à distância de Carles Puigdemont como presidente do governo catalão, prevista para esta terça-feira.
Os onze magistrados espanhóis deliberaram, por unanimidade, que Puigdemont tem de deslocar-se fisicamente ao parlamento por ocasião do voto.
Recorde-se que este se encontra na Bélgica após a proclamação unilateral de independência a 27 de outubro e enfrenta acusações de rebelião.
Os independentistas detêm a maioria no parlamento da Catalunha e o plano era efetuar um voto à distância para eleger aquele que é o único candidato à presidência regional.
Entretanto, o governo de Mariano Rajoy está a tentar anular judicialmente a candidatura de Puigdemont.

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28
Jan18

28 de Janeiro de 1916: Nasce o escritor Vergílio Ferreira

António Garrochinho



Romancista e ensaísta português, natural de Melo (Gouveia), nasceu a 28 de Janeiro de 1916 e morreu a 1 de Março de 1996, em Lisboa. Estudou no Seminário do Fundão, entre 1926 e 1932, vindo a abandoná-lo para completar os estudos liceais. Licenciou-se em Filologia Clássica na Universidade de Coimbra onde, durante a segunda metade dos anos trinta, tomaria contacto com um neo realismo emergente, formado, entre outras influências, na leitura de romancistas brasileiros. Foi professor do ensino liceal, em Évora (1945-1958) e em Lisboa(desde 1959 e até à aposentação). Notabilizou-se no domínio da prosa ficcional, sendo um dos maiores romancistas portugueses deste século.
O seu primeiro ciclo romanesco (O Caminho Fica Longe, Onde Tudo Foi Morrendo, Vagão J) só pode ser compreendido à luz de uma estética narrativa neorrealista, face à qual, para o autor, "a utilidade de uma obra de arte se regula pela sua afinidade com a época em que surge (FERREIRA, Vergílio, cit. in Textos Teóricos do Neo realismo Português (org. introd. e notas de Carlos Reis), ed. Comunicação, Lisboa, 1981, p. 112). A partir dos anos 60, o seu ensaísmo revela o contacto com o existencialismo, reflexão filosófica que marcará uma conversão profunda numa novelística cujo ponto de viragem se anunciara com a publicação de Aparição (Prémio Camilo Castelo Branco) e que atingirá plena maturidade em Alegria Breve. As sombras tutelares de Sartre, Camus ou Malraux, enquanto angustiada indagação existencialista sobre a condição humana, determinam, então, uma escrita que, tendo como precursor um mestre como Raul Brandão, assume até ao limite da vertigem, e raiando o patético, a dissolução do género romanesco, levando para primeiro plano a voz de um ser pensante, um ininterrupto monólogo interior ampliado espiralmente a partir de um eixo temático onde predomina a inquietação metafísica e existencial. Com pontos de contacto, ao nível da construção narrativa, com outros autores contemporâneos, como Faure da Rosa ou Tomaz de Figueiredo, nomeadamente, ao nível da submersão de personagens, tempo e espaços na palavra musical de um discurso subjetivo, a palavra-existência de um eu dominado pela mais profunda angústia, o universo romanesco de Vergílio Ferreira adquire, segundo Eduardo Lourenço, em O Canto do Signo, Lisboa, Presença, 1994, um "carácter fantasmático", mediante o qual o"personagem único e central que assume o discurso significante do romance" se lança paroxisticamente na "quête"[...] de si mesmo" e de um sentido que colmate a ausência de Deus e de verdades salvadoras, que o preserve do nada. Deste modo, o romancista e o ensaísta (Do Mundo Original, Espaço do Invisível, Invocação ao Meu Corpo,Arte Tempo, Pensar) confundem-se no mesmo objetivo: "tornar-nos sensível o absurdo da condição humana sem referência nem destino transcendente e, simultaneamente, extenuar, vencer por dentro, esse mesmo sentimento do absurdo, descobrir nele, até, uma razão suplementar de exaltação da mesma condição humana.". Romances como Para Sempre (prémio PEN Clube, Associação Internacional de Críticos Literários e Município de Lisboa) ou Até ao Fim (prémio APE) representam o culminar de um discurso narrativo e lírico, construído musicalmente em torno de variações temáticas organizadas "segundo essa lei de regresso do mesmo mas em constante aprofundamento daquilo que inicialmente intuído o romancista perseguira sem desfalecimento: experimentar-se,viver-se cada vez com maior radicalidade, como eu absoluto e nu diante de um mundo reduzido à sua primigénia aparição cósmica." (Eduardo Lourenço).
Traduzida em várias línguas, a sua obra inclui, além da novelística e do ensaio, os nove volumes de diário Conta-Corrente (1980-1994).
Temas como a morte, o mistério, o amor, o sentido do universo, o vazio de valores, a arte, são recorrentes na sua produção literária.
Recebeu o Prémio Camões em 1992.
Vergílio Ferreira. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.



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28
Jan18

28 de Janeiro de 1887: Tem início a construção da Torre Eiffel

António Garrochinho

A Torre Eiffel é um dos símbolos franceses mais importantes, localiza-se na cidade de Paris e foi inaugurada a 31 de Março de 1889, para assinalar a Exposição Mundial que decorreu no ano do centenário da Revolução Francesa. 

Os trabalhos de construção, onde participaram 300 operários, demoraram dois anos e dois meses. Projectada por Gustave Eiffel, começou a ser construída a 28 de Janeiro de 1887. É uma estrutura metálica que comporta três plataformas. A primeira fica a 57,63 metros do solo, a segunda a 115,73 metros e a terceira a 276,13 metros. A torre tem uma altura total, incluindo a antena emissora de televisão, de 320 metros. Em Novembro de 2000, foi montada uma nova antena de televisão e rádio que fez a altura total passar para 324 metros. A altura da torre varia 15 centímetros em função da temperatura e quando está muito vento pode balançar até doze centímetros. Para subir a torre é preciso vencer 1665 degraus. Até 1929, foi o edifício mais alto do mundo. Nesse ano, perdeu o estatuto para o prédio da Chryler em Nova Iorque, que tinha mais sete metros. A torre pesa cerca de 10 100 toneladas e na sua construção foram utilizadas 18 000 peças de ferro e 2,5 milhões de rebites. Todas as peças estão fixadas por rebites. Só em tinta há a registar um peso de 40 toneladas. Os pilares da torre estão assentes em fundações instaladas no subsolo. A Torre Eiffel, também conhecida por "Dama de Ferro", abriga nos seus três pisos um restaurante, um cinema e um pequeno museu de cera. Cerca de seis milhões de visitantes por ano fazem deste monumento o mais visitado do mundo. No primeiro ano, foram registados dois milhões de visitantes.No total, já perto de 200 milhões de turistas passaram pela torre, que pertence actualmente ao município de Paris.A torre está dotada de uma série de elevadores para fazer subir os visitantes. Os originais eram todos hidráulicos.Os elevadores dos pilares Este e Oeste foram substituídos em 1899 e modernizados em 1986. O elevador do pilar Sul foi desactivado em 1900 e apenas substituído em 1983 por um exclusivo para clientes do restaurante. O elevador do pilar Norte foi substituído em 1965 por um eléctrico e este posteriormente modernizado, em 1995. O elevador hidráulico central que não opera no inverno, foi substituído em 1983. Nas fachadas dos quatro pilares da Torre Eiffel, estão inscritos os nomes de 72 cientistas, que Gustave Eiffel quis homenagear. Os seus nomes foram apagados no início do século numa altura em que a torre foi pintada, mas entre 1986 e 1987 voltaram a ser inscritos.

Torre Eiffel. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagens)



Resultado de imagem para torre eiffel old pictures


Algumas das fases de construção da Torre
18 de Julho de 1887
File:Construction tour eiffel.JPG
20 de Março de 1888
File:Construction tour eiffel3.JPG
26 de Dezembro de 1888
File:Construction tour eiffel6.JPG
Março de1889
File:Construction tour eiffel8.JPG
Ficheiro:Gustave Eiffel.jpg


Gustave Eiffel
28
Jan18

“Toma este texto; lê-o em voz alta; diz-me o que compreendeste.”

António Garrochinho


por Amato
Sou da opinião que, em vez de se fazerem exames para seriar os alunos para o acesso ao ensino superior, deviam ser feitos exames para averiguar o que os alunos realmente sabem quando saem da escolaridade obrigatória. Deviam ser sujeitos a exercícios pragmáticos do género:

“Toma este texto; lê-o em voz alta; diz-me o que compreendeste.”

Com isto não tenho intenção em defender qualquer tese. Esqueçam qualquer controvérsia.

Há coisas para as quais não é necessário grandes ciências. Basta observar, ter olhos na cara e cabeça para pensar. No dia-a-dia, na prática quotidiana, as observações empíricas e o bom senso ganham de goleada a qualquer ciência e a qualquer pseudociência. Estas últimas escudam a sua incapacidade e inépcia gritantes em números mais ou menos manipulados e em interpretações estatísticas grosseiras e enviesadas. Nós não precisamos desses números, nem de qualquer estatística. Temos olhos na cara. Temos cabeça para pensar.

“Toma este texto; lê-o em voz alta; diz-me o que compreendeste.”

“Não sabes? Não consegues ler duas palavras seguidas sem titubear as sílabas, sem engasgar nessa palavra que nunca viste numa sms?”

“E diz-me, o que compreendeste? Sim, o que retiraste disso que te dei? Não sabes? Ah...”

“Tens 18 anos já, ou vais fazê-los antes que o ano acabe, e não sabes ler, nem sabes compreender um texto. Quer dizer: sabes gaguejar as letras, és proficiente na escrita de mensagens de texto e a comentar no facebook ou no twitter. Mas não sabes compreender um parágrafo de texto simples, escrito em português simples. Não é um poema de António Nobre. É uma prosa simples. Proficiente! Quer dizer: hábil ou capaz! Já consegues perceber com estas palavras? São mais fáceis de entender? Também não sabes quem é António Nobre? Pois não. Desculpa, foi erro meu pensar o contrário.”

“Sabes que já podes ou que poderás votar em breve? E que poderás escolher o governo e as políticas deste país? Sabes que o teu voto valerá tanto quanto o meu? E, todavia, não sabes ler este texto que te dei... Pelo menos já sabes o que significa a palavra proficiente. Eu sei, eu sei... Eu sei que a política é uma seca e não queres saber dela para nada. A questão é que a política é feita de pessoas como tu que se servem de pessoas como tu, que não sabem ler, nem conhecem António Nobre ou o significado da palavra proficiente, apesar de terem doze anos de escolaridade, ou mais...”

portodeamato.blogs.sapo.pt
28
Jan18

DAVOS, onde os avisos soam como ameaças...

António Garrochinho



Entre o ar alucinado de um e outro escolho o dela, mais pela ameaça velada colocada do que por qualquer outro motivo. Lagarde avisa, mas seus avisos soam como ameaças e faz apetecer-me voltar a usar aquele vernáculo em tempos usado. 

Diz o FMI, pelos seus lábios, que “Esta retoma económica é cíclica. Não se sintam satisfeitos”e acrescenta, programática, que “a complacência é um erro” e que “na ausência de reformas contínuas" virá aí aquilo que um outro dia já veio. 

Hesito, entre voltar a citar Saramago (Davos, 2009) e repetir o poema de Gonçalo M. Tavares. 
Sem esquecer o outro, opto por este:
A Grande Inteligência é Sobreviver

A grande Inteligência é sobreviver.
As tartarugas portanto não são teimosas nem lentas, dominam;
SIM, a ciência.
Toda a tecnologia é quase inútil e estúpida,
porque a artesanal tartaruga,
a espontânea TARTARUGA,
permanece sobre a terra mais anos que o homem.
Portanto,
como a grande inteligência é sobreviver,
a tartaruga é Filósofa e Laboratório,
e o Homem que já foi Rei da criação
não passa, afinal, de um crustáceo FALSO,
um lavagante pedante;
um animal de cabeça dura. Ponto.
Gonçalo M. Tavares


 conversavinagrada.blogspot.pt
28
Jan18

Como a PJ apanhou os dois criminosos que a Argentina procurava há 14 anos

António Garrochinho


Há 14 anos raptaram um estudante na Argentina que nunca mais apareceu. Vieram, ninguém sabe como, para a Europa. Especializaram-se em roubar bancos em Portugal com vários nomes falsos. A PJ apanhou-os
Quando foi detido, a PJ pensava estar perante José Luis Guevera Martinez, como atestavam os documentos de identificação. De nacionalidade guatemalteca, Martinez estava evadido de uma cadeia búlgara há dois anos, onde cumpria uma pena por roubo à mão armada e homicídio. Suspeito de vários assaltos a bancos em Portugal, Martinez ficou em prisão preventiva na cadeia de alta segurança do Monsanto. Só três meses depois, a PJ viria a descobrir a sua verdadeira identidade: o homem que tinha detido em novembro de 2016 era, afinal, o argentino Rodolfo Lohrmann, o criminoso mais procurado na Argentina que andava fugido há já 14 anos.
E não estava sozinho. Naquele dia 16 de novembro de 2016, foi também detido o seu braço direito — igualmente fugido há 14 anos e procurado na América do Sul — José Horácio Maidana. Também ele usava uma identidade falsa, de nome Jairo Casanova, e refugiara-se nos últimos anos em Portugal. Na operação foram detidos três outros suspeitos, só um português. Como disse uma fonte próxima do processo ao Observador, saíu o “jackpot” à Polícia Judiciária.
O último crime que terão cometido em terras argentinas terá sido a 21 de setembro de 2003, quando Lohrmann, Maidana e dois outros assaltantes já detidos sequestraram o filho de um empresário, Christian Schaerer, um promissor estudante de direito de 21 anos, na província de Corrientes, perto da fronteira com o Paraguai. O empresário paraguaio, Juan Pedro Schaerer, seria o alvo. Como não conseguiram agarrá-lo viraram-se para o filho, contou o empresário recentemente a um jornal argentino. Juan foi contactado por Maidana e conseguiu reunir 277 400 dólares (mais de 230 mil euros) de resgate. Mas os suspeitos nunca libertaram Schaerer e o que lhe aconteceu continua envolto num mistério.
O último crime que terão cometido em terras argentinas terá sido a 21 de setembro de 2003. Sequestraram o filho de um empresário, Christian Schaerer, um promissor estudante de direito de 21 anos. O empresário paraguaio, Juan Pedro, seria o alvo. Como não conseguiram agarrá-lo viraram-se para o filho. Os suspeitos nunca libertaram Schaerer e o que lhe aconteceu continua envolto num mistério.
Na altura as autoridades argentinas emitiram um alerta com a oferta de 100 mil dólares a quem localizasse José Rodolfo Lohrmann. Houve várias notícias de aparições que não se confirmaram. Os jornais chegaram a escrever que Rodolfo tinha feito uma operação plástica para não ser reconhecido. Três anos depois as suspeitas viraram as autoridades para o Brasil. Havia indicação de que os suspeitos do sequestro estariam escondidos naquele país. Os jornais brasileiros deram então conta de um anúncio do Ministério do Interior da Argentina, em que oferecia 70 mil dólares a quem os localizasse. Nem assim.
O anúncio do Ministério da Justiça publicado após o sequestro, em 2003
As autoridades desconhecem qual foi o verdadeiro percurso de Lohrmann e Maidana, antes de atravessarem o Atlântico rumo à Europa. Mas os documentos falsos com que Lohrmann se identificou depois de deixar a América Latina foram feitos na Guatemala. Fonte próxima do processo explicou ao Observador que o cartão de identificação do suspeito foi aqui produzido com cédulas de nascimento verdadeiras, mas de outra pessoa. Assim, Lohrmann identificava-se como José Luis Guevara Martinez — uma identidade usurpada, mas no cartão de identificação constavam as suas impressões digitais. Na Guatemala, Lohrmann terá mesmo mantido um relacionamento amoroso, alegando trabalhar num navio e, por isso, ter necessidade de se ausentar. Esse relacionamento terá sido com a mãe de Manuel –o arguido também detido pela PJ e que estava evadido de uma cadeia espanhola onde cumpria pena por tráfico de droga.
Já Maidana tinha uma identificação venezuelana, usando o nome Jairo Henry Ramirez Casanova. No debate instrutório, que decorreu em dezembro no Tribunal de Loures sob apertadas medidas de segurança (o Observador foi impedido de assistir por questões de segurança), Maidana justificou à juíza que tinha sido adotado em criança e que era por esse nome que era conhecido. Passara os últimos anos em Portugal, antes teria estado em Espanha.
As imagens de Maidana que foram entregues à Interpol

Quem são os cinco detidos

O Ministério Público português não terá conseguido perceber, contudo, qual o verdadeiro percurso dos suspeitos nos últimos anos, mas afirma que os “arguidos Lhormann e Maidana são ambos argentinos e conhecem-se entre si há pelo menos 20 anos”, altura em que começaram a cometer crimes juntos. Lohrman conheceu Christian na prisão, na Bulgária, onde cumpriu pena entre 2009 e 2011 e acabou por fugir. Quando Lohrmann escapou da prisão foi ter com Christian a sua casa em Espanha e apresentou-lhe Maidana. Já Manuel terá telefonado a Lohrmann a pedir-lhe ajuda mal fugiu da cadeia espanhola. Aqui estão os cinco homens detidos:
José Rodolfo Lhormann, 53 anos, argentino, usava uma identificação falsa com o nome José Luis Guevara Martinez, de nacionalidade guatemalteca. Fugiu de uma cadeia da Bulgária em 2014, onde cumpria uma pena de cadeia por roubo agravado pelo uso de arma e homicídio sob o nome de Jose Luis Guevara Martinez. É com esse nome falso que pende sobre ele um mandado de detenção europeu e, agora, um pedido de extradição. No entanto, o Tribunal da Relação decidiu só entregar Lohrmann quando o processo em Portugal estiver resolvido. Quando foi detido, a 16 de novembro de 2016, Lohrmann ainda se apresentou à PJ como Luis Grisalez. Tinha, aliás, um passaporte falso com esse nome. No dia seguinte, quando foi presente ao juiz e este o advertiu que devia responder com verdade, disse que se chamava Jose Luis Guevara Martinez. Só quase três meses depois as autoridades perceberam que, afinal, o suspeito não era nenhum daqueles homens. Era sim Rodolfo Lohrmann, o homem procurado há 14 anos pelas autoridades argentinas por sequestro de um estudante, que nunca mais tinha sido encontrado. O Ministério Público acusa-o de cinco crimes de roubo qualificado, um deles na forma tentada, um crime de associação criminosa, sete crimes de furto qualificado. É ainda acusado de falsificação de documentos, crime de falsas declarações e de falsidade de declaração, um crime de branqueamento de capitais, condução sem habilitação legal e um crime de detenção de arma proibida. Como pena acessória, o Ministério Público quer se seja expulso do País.
José Horacio Maidana, 58 anos, argentino, usava uma identificação venezuelana com o nome Jairo Henry Ramirez Casanova. Tinha pendente uma ordem de detenção da Argentina (pelo um crime de sequestro cometido com Lohrmann), que já pediu a sua extradição — e cujo processo corre termos no Tribunal da Relação. Tinha ainda outro mandado de detenção pendente em Espanha, sob o nome Gustavo Veloso Dias. Quando foi detido disse chamar-se Nikola Georgiev Petkov, de nacionalidade búlgara. No primeiro interrogatório, em novembro de 2016, disse chamar-se Jairo Henry Ramirez Casanova, nascido na Venezuela. Já no debate instrutório, um ano depois, disse que era assim que era chamado uma vez que José Horacio Maidana era o seu nome de nascença, mas que tinha sido adotado e não se reconhecia como tal. É acusado de cinco crimes de roubo qualificado, um deles na forma tentada, um crime de associação criminosa, sete crimes de furto qualificado. O Ministério Público acusa-o também de falsificação de documentos, de falsas declarações e de falsidade de declaração, um crime de branqueamento de capitais, condução sem habilitação legal e um crime de detenção de arma proibida. Como pena acessória, o Ministério Público quer se seja expulso do país.
Manuel Ruben Garcia, 31 anos, guatemalteco, filho de uma ex-companheira de Lhormann, identificava-se como Angel Ivanov Borisov, búlgaro. Era conhecido por “Mani”. Estava fugido de uma cadeia espanhola desde 18 de março de 2016, quando saiu em precária e não voltou. Cumpria uma pena de seis anos e um dia por tráfico de droga, porque no dia 27 agosto de 2013 trouxe da Colômbia para Madrid 3.980 gramas de cocaína. Foi apanhado no aeroporto. Segundo o despacho de acusação, Manuel viveu em Portugal entre março e novembro de 2016. Tinha pendente um mandado de detenção, mas as autoridades espanholas já pediram a sua extradição. Chegou a usar o nome de Boris Neykov Kracholov, búlgaro, irmão da mulher do arguido Christian. Identificou-se à PJ, quando foi detido, como Angel Ivanov Borisov. Manteve a versão em primeiro interrogatório judicial. É acusado de um crime de associação criminosa, dois crimes de falsificação, um crime de falsas declarações e um crime de falsidade de declaração, um crime de recetação, um crime de branqueamento de capitais. As autoridades também pedem que seja expulso do País.
Jaime Jorge Maia Chastre Fontes, 33 anos, é o único português do processo e era também procurado pelas autoridades para cumprir uma pena de cadeia por tráfico de droga, mas em Portugal. Tratavam-no por “Fábio”. Usava documentos falsificados em nome de Marin Marinov. É acusado de crime de associação criminosa, dois crimes de falsificação, um de tráfico de droga, um de tráfico de armas e um de posse de arma proibida. Neste momento está preso à ordem do processo de tráfico de droga. Quando foi intercetado pela PJ, fugiu com o filho de quatro anos dentro do carro e ainda abalroou o carro da polícia. Foi detido mais tarde, já mais calmo. Relativamente aos seus documentos de identificação, diz o MP que “apesar de alegadamente emitidos pelas autoridades da República da Bulgária, não o foram, uma vez que os respectivos impressos são autênticos, contudo, os seus itens de preenchimento foram adulterados (…) foram obtidos através do arguido Christian que os entregou ao arguido Jaime, para este os usar como fosse a sua identidade e de modo a ocultar perante as autoridades do seu verdadeiro nome”.
Christian Velasco Gomez, conhecido por “Doido” ou por “Gordo”, 35 anos, espanhol, casado com uma cidadã búlgara, usou o nome Elias Neftali Lainez Ortiz, guatemalteco, bem como a identidade do irmão Angel Velasco Gomez, quatro anos mais novo, e com o nome de Eleazar Velasco. Foi condenado a seis anos de prisão na Bulgária e cumpriu pena entre abril de 2009 e novembro de 2013 por crime de roubo com arma de fogo. Foi na prisão que conheceu Lohrmann. E terá sido através dele que conseguiu uma identidade guatemaleca falsa. Os documentos que apresentou foram emitidos sem autorização das autoridades guatemaltecas “usando jacto de tinta policromático e a dita fotografia de Christian, aí fez constar o nome Elias Neftali Lainez Ortiz, a nacionalidade guatemalteca, a data de nascimento 14 de janeiro de 1985, o local de nascimento Guatemala e o número de identificação” e após também a fotografia do arguido, a sua assinatura, “criando um documento inverídico”, diz o Ministério Público. Fez o mesmo com a carta de condução. É acusado pelo Ministério Público de cinco crimes de roubo qualificado, um na forma tentada, um crime de associação criminosa, quatro crimes de furto qualificado, falsificação, crime de uso de documento de identificação alheio, um crime de falsidade de declaração, branqueamento de capitais, posse de arma. Caso seja condenado, o Ministério Público pede que seja expulso do País após cumprir pena. Christian seria perito em furtar carros, mas em dois dos assaltos teve que pedir ajuda a Lohrmann para conseguir pôr o carro a trabalhar e abandonar o local do crime.
Imagens da PJ depois de terem sido detidos em Aveiro

Lohrmann, o líder

O Ministério Público acredita que, ao comando do grupo criminoso, estava Lohrmann e que o seu braço direito seria Maidana, também conhecido por “Gu, Gugu, Irmão, Gonçalo e Alexandre”. Os arguidos não faziam vida em Portugal e só entrariam no País para os assaltos. Os crimes terão sido pensados por Lohrmann, que recrutou “outras pessoas” para o auxiliarem nas tarefas que estavam “bem definidas”, acreditam as autoridades.
Aliás, terá sido Lohrmann quem procurou e contratou alojamento para ele e para os restantes. Foi em agosto de 2014 que o homem mais procurado na América do Sul se alojou num quarto em Santa Iria da Azóia, concelho de Loures. Identificou-se como Luis Henrique Garcia Aldana. Um mês depois pediu um quarto para o amigo Angel Velasco Gomes, que era, afinal, o arguido Christian. E foi ali que ambos passaram algumas temporadas durante o ano seguinte. Lohrmann ainda tentou alojamento para Manuel, mas não havia quartos. Manuel acabaria por ir viver para Odivelas, mas era Lohrmann quem pagava a renda.
Normalmente Christian fazia o reconhecimento dos alvos. Deslocava-se ao interior das dependências bancárias, "aprendendo a sua rotina e apurando as horas em que existiam elevadas quantias em dinheiro no seu interior", nomeadamente a hora a que os funcionários contabilizavam o dinheiro no banco. As autoridades acreditam que Lohrmann o contratou por ser per ser perito em furtar carros. No entanto, em dois dos assaltos de carros, Christian acabou por telefonar a Lohrmann para o ajudar, porque não conseguia pôr os carros a trabalhar para fugir
Normalmente, Christian fazia o reconhecimento dos alvos. Deslocava-se ao interior das dependências bancárias, “aprendendo a sua rotina e apurando as horas em que existiam elevadas quantias em dinheiro no seu interior”, nomeadamente a hora a que os funcionários contabilizavam o dinheiro no banco. As autoridades acreditam que Lohrmann o contratou por ser perito em furtar carros. No entanto, em dois dos assaltos de carros, Christian acabou por telefonar a Lohrmann para o ajudar, porque não conseguia pôr os carros a trabalhar para fugir. Depois de planeado o dia e a hora do assalto ao banco — normalmente Christian ficava nas imediações para garantir que não havia polícia — Maidana arrombava a porta de segurança dos bancos com uma marreta e entrava com Lohrmann.
Os arguidos atuavam sempre disfarçados com capacetes, máscaras, perucas e óculos, que seriam fornecidos pelo arguido Jaime. Entravam nos bancos armados com caçadeiras e pistolas, intimidavam os funcionários e obrigavam-nos a entregar o dinheiro. Jaime guardava, também, o material dos furtos nos carros, também lhe cabia a tarefa de mudar as viaturas de sítio e deixá-las nos locais onde eram necessárias para consumar os crimes e era ele que trocava as divisas estrangeiras por euros. Manuel “zelava” pela viatura que Lhormann tinha adquirido em Portugal quando ele não estava.
A investigação apurou que os suspeitos primavam pelos contactos pessoais para não serem apanhados e trocavam mensagens via internet para não serem detetados. E até falavam por códigos:
Irmã: Pessoa próxima
Virgindade: Morada na Lapa da Serra usada por Lohrman
Avó: Carrinha de transporte de valores
Amigo: Lohrmann
Rapariga: Caixa ATM
Vacina: Levantamento ATM
11 agosto de 2014. Os arguidos rondam as instalações do BBVA da Avenida das Acácias, em Odivelas, para perceberem quais as rotinas dos funcionários. Três dias depois, esperam pelas 15h00 para atacar. Christian ficou perto da entrada para garantir que não havia polícia por perto. As câmaras de videovigilância registam a imagem de três outros suspeitos disfarçados com capacetes — só dois foram identificados: Lohrmann e Maidana.
Foi Maidana quem arrombou a porta de segurança com uma marreta. Atrás de si, estavam os outros dois suspeitos. Um deles obrigou um funcionário a deitar-se no chão e a dizer-lhe onde estava o dinheiro. Nesse momento, a funcionária da limpeza saiu da casa-de-banho, mas foi obrigada a regressar e acabou trancada lá dentro. Maidena saiu da porta, pegou em dois sacos de hipermercado e recolheu o dinheiro: o banco falou em 49.910 euros roubados. Tudo aconteceu num minuto.
O próximo ataque, acreditam as autoridades, seria registado mais de um ano depois, a 19 de outubro de 2015, no Millenium BCP de Vale Figueira, São João da Talha. Lohrmann esperou no carro, Christian, de capacete, aguardou no exterior da dependência bancária, enquanto Maidana, com uma máscara facial fornecida pelo arguido Jaime, dirigiu-se a uma caixa ATM. Mas quando fingia estar a fazer um levantamento de multibanco, para perceber se podia entrar, foi abordado por um cidadão que lhe perguntou o que fazia ali. Acabou por abandonar o local sem fazer o assalto.
Assim que viram a funcionária da limpeza a sair, Maidana saiu do carro e correu em direção à porta e zona de ATM. Na primeira porta passou um cartão multibanco, na segunda deu um pontapé, obrigando a funcionária a permanecer nas instalações. Lohrmann ao entrar chamou Christian para a porta. Apontou uma pistola às duas funcionárias e ordenou que abrissem o cofre. Mas elas não tinham chave. Então Maidana aproximou-se de uma outra funcionária e roubou-lhe as caixas onde estava o dinheiro depositado naquele dia
Um mês depois, nova investida no BCP da Rua Manuel Arriaga, na Ramada, Odivelas, já depois das 17h00. Os três arguidos, Lohrmann, Maidana e Christian, traziam armas, perucas, capacetes e marretas. Christian permaneceu na rotunda junto ao banco em modo de vigia, usando uma peruca de cabelo comprido e um boné. Lohrmann estava de capacete colorido e luvas pretas, Maidana de máscara, gorro e óculos tipo graduados. Assim que viram a funcionária da limpeza a sair, Maidana saiu do carro e correu em direção à porta e zona de ATM. Na primeira porta passou um cartão multibanco, na segunda deu um pontapé, obrigando a funcionária a permanecer nas instalações. Lohrmann ao entrar chamou Christian para a porta. Apontou uma pistola às duas funcionárias e ordenou que abrissem o cofre. Mas elas não tinham chave. Então Maidana aproximou-se de uma outra funcionária e roubou-lhe as caixas onde estava o dinheiro depositado naquele dia. Como a caixa se rompeu, ordenou-lhe que pusesse o dinheiro no saco:
— “Ajuda, põe o dinheiro, vá, acabo com a tua vida”, terá dito “num tom de voz ríspido” Maidana, segundo a acusação.
Ela colocou 82.755 euros no saco. Ao saírem, os assaltantes ainda se cruzaram com outro funcionário:
— “Quieto, calado, não fala não fala”, terão dito.
22 fevereiro 2016, 01h00, Stand Olival Car, em Olival Basto. Mais um roubo. Um deles partiu o vidro de uma janela e entrou. Conseguiu a chave de um BMW, mas como não foi capaz de o ligar, escolheu um Fiat no valor de 6 mil euros e estacionou-o numa rua. Depois voltou a pé ao local do crime e furtou um Ford de 15.300 euros. Ainda levou iPads, portáteis, máquinas forográficas, telemóveis, ferramentas, tudo no valor de 16 mil euros. Lohrmann e Maidana deram-lhe 600 euros pelo serviço. As matrículas e o seguro dos carros foram mudados.
Já em março de 2016 e com novos disfarces, os arguidos deslocaram-se à CGD da Ramada. Lohrmann ficou ao volante de um Mercedes furtado enquanto Maidana arrombava a porta. Entraram os dois armados. Maidana ameaçou um dos funcionários de morte e empurrou um outro. Depois foram para a zona da tesouraria, onde se encontravam duas funcionárias a contar o dinheiro dos depósitos, e colocaram o dinheiro dentro de um saco de desporto preto. Levaram 38.135 euros.
Um mês depois foi no Millenium BCP da Guia. Eram 18h00 quando Christian foi apanhado pelas câmaras de vigilância daquele banco em Cascais. Minutos depois regressou com Lohrmann, armado com uma metralhadora, e Maidana, com uma pistola. Lohrmann empurrou uma funcionária para a zona do cofre. Ou abria, ou morria. Maidana abordou dois funcionários e recolheu o dinheiro junto a eles. Uma funcionária ainda o alertou para o facto de estar grávida. Ele não quis saber e até lhe deu um “estalo”. Levaram 62.245 euros.

Sairam de Portugal e a PJ já andava atrás deles

Christian regressou em outubro de 2016 a Portugal e alojou-se numa pensão em Lisboa. Trazia um passaporte falso, em nome de Elias Neftali Lainez Ortiz. E, por indicação dos arguidos, começou à procura de novos alvos. Pelas 8h00 do dia 15 de novembro, os três fizeram-se à estrada. Mas a PJ já estava de olhos neles. Lhorman conduziu o Renault Scenic que comprou em Portugal, mas que manteve em nome de um português. Os ouros dois arguidos conduziram, cada um, um Ford furtado, com matrículas e seguros também furtados.
Instalaram-se num apartamento na Barra, em Aveiro, e começaram a planear o ataque. Desta vez: carrinhas de transporte de valores. A PJ ainda os viu a fazerem uma ronda junto à estação de comboios e a acompanharem os movimentos de uma carrinha. Acabaram por abordá-los antes de consumado o crime. Os três foram detidos em Aveiro. Nesse mesmo dia, a 16 de novembro, Jaime foi também abordado pela polícia na Ericeira, ao volante de um Chrysler. A mulher seguia no banco do lado e o filho de quatro anos atrás. Mesmo assim, Jaime ofereceu resistência e ainda embateu no carro policial para conseguir escapar. Acabou detido minutos depois na zona da Terrugem. Já Manuel foi detido num apartamento em Odivelas.
Na casa em Aveiro foram apreendidos vários telemóveis, roupa, sacos e um talão de multibanco com um levantamento de 40 euros. O saldo dessa conta era de 119.025,20 euros. Num dos carros apreendidos havia armas. Na residência em Odivelas havia, por exemplo, um cartão de embarque em nome de Luis Enrique Grisalez com destino a Amesterdão e Madrid. Era uma das identidades usadas por Lohrmann. Foi também apreendido um passaporte com esta identificação e com a fotografia dele — emitido pela República Bolivariana de Venezuela. Junto a este documento, havia uma cédula de nascimento, uma licença e um certificado médico para conduzir.
A polícia recuperou ainda numa casa na Carvoeira (Mafra) as perucas usadas nos assaltos, assim como o passaporte em nome de Jairo Casanova, a falsa identidade de Maidana, e o passaporte com que Christian se alojou numa pensão em Lisboa. Foram apreendidas armas, carregadores, uma balança de precisão e uma máscara de borracha.
No total, os suspeitos roubaram 235 mil euros em dinheiro, cinco carros, matrículas e documentos. O Ministério Público acusa os arguidos de, depois dos roubos, terem feito “esforços” para parte desse dinheiro ser enviado para o estrangeiro e aí ser usado por eles ou por familiares. Foram registados vários movimentos de Lohrmann para contas suas na Guatemala e na Colômbia — contas abertas com as identidades falsas. Christian enviou dinheiro, em nome do irmão, para Bélgica, Bulgária, Espanha, Guatemala e Colômbia — “sendo que parte desse dinheiro se destinava ao arguido Lohrmann”. Christian chegou a pedir a um cidadão português que fizesse uma transferência de 2500 euros. As autoridades sul americanas acreditam que este dinheiro possa ser usado por grupos criminosos que ali operam.
O julgamento dos cinco arguidos começa a 12 de março, no Tribunal de Loures. Estão previstas apertadas medidas de segurança.
Texto de Sónia Simões, ilustração de Maria Gralheiro.

observador.pt
28
Jan18

SEM SUL E NO NORTE SÓ O NOME

António Garrochinho

Um xulo da política que enoja até as ratazanas, as mais habituadas ao esgoto da demagogia, da mentira, da falsidade, da arte de fazer dinheiro, enriquecer mentindo, e como muitos roubando o povo.
Enquanto a seita de gatunos e de vigaristas laranja está no poder calam-se e constroem leis e as aplicam destruindo o país e a vida dos portugueses e é vê-los felizes "engraxados" em festarolas de domínio dos incautos que neles votam.
Este por exemplo já vem de herança genética. herança de gente que nunca trabalhou, nunca soube o que é vencer na vida honestamente e com transparência. Este faz parte dos aldrabões inúteis, dos minorcas que são o cancro de Portugal.
É vê-lo no facebook, nos jornais a apontar defeitos a tudo e a mais qualquer coisa, mesmo ignorando propositadamente que a maior parte do que critica são medidas tomadas pela governação do seu partido.
Tem mil e uma caras quando fala do Algarve, da EN 125, das portagens da Via do Infante, da ilhas da Ria Formosa e das demolições.
UM ALDRABÃO COMPULSIVO QUE VIVE DAS RECEITAS DA SUA DESONESTIDADE E FALSIDADE.

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