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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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06
Fev18

Alemanha e o desafio de reduzir o lixo plástico

António Garrochinho


Apesar de sua imagem ecológica, país é o maior consumidor de plástico da Europa. Aos poucos, surgem iniciativas para limitar uso do material, e consciência de compradores aumenta, mas mudança ainda não é suficiente.
Embalagens de verduras em pratileira
Em supermercados, grande parte das frutas e verduras é vendida em embalagens de plástico
Pepinos, fatias de queijo, pastilhas para máquina de lavar louça. Estes são apenas alguns dos muitos exemplos de itens embalados em plástico encontrados em supermercados alemães. A imagem de sustentabilidade associada ao país parece não combinar com a onipresença das embalagens feitas a partir de petróleo.
De acordo com o Departamento de Estatísticas da União Europeia (Eurostat), a Alemanha é o maior consumidor de plástico da Europa. E a tendência é que o consumo continue aumentando devido a mudanças de estilo de vida – como compras pela internet, comida e bebida para viagem, e pessoas que vivem sozinhas.

Todos os anos, 8 milhões de toneladas de plástico poluem os oceanos do mundo, de acordo com estimativas da Fundação Ellen MacArthur, representando um perigo para a vida marinha e a saúde humana.
Como os plásticos nunca se decompõem totalmente, nosso rastro de chinelos usados, garrafas de plástico e microplásticos liberados a cada lavagem de roupas sintéticas permanecerá por gerações, de acordo com os cientistas.
Na Alemanha, alguns começam a perceber o impacto no meio ambiente do uso de plásticos. Tom Ohlendorf, especialista em embalagens da organização WWF, no país, aponta uma mudança na mentalidade de alguns compradores e varejistas que preferem as opções livres de plástico.
"A consciência dos varejistas e consumidores aumentou", diz Ohlendorf. "Basta olhar para iniciativas como supermercados sem embalagens que surgiram em várias cidades alemãs."
Infografik Verwendung von Plastik POR
Deixar o plástico de lado
Uma pequena loja no bairro de Kreuzberg, em Berlim, é um dos negócios pioneiros do movimento livre de plásticos. Chamado Original Unverpackt (Original sem embalagem, em tradução livre), o supermercado, com suas paredes de azulejos brancos e prateleiras de madeira, abriu as portas há três anos.
Nele, os clientes enchem recipientes com grãos, legumes e até mesmo xampu. Além de produtos frescos, o,local vende escovas de dente de bambu, preservativos fair-trade e sacolas de pano com a frase "Não existe planeta B"

Estabelecimentos do tipo ainda são um fenômeno de nicho, sendo que muitos ainda escolhem os produtos que compram pelo preço. Mas a mudança também está surgindo nos consumidores convencionais. Agora, redes gigantes de supermercados estão falando sobre diminuir as suas pegadas de plástico também.
Os clientes dos supermercados da rede Edeka e das lojas de produtos orgânicos Denn's Biomarkt podem, por exemplo, usar seus próprios recipientes para comprar de queijos a produtos vendidos no balcão de carnes, seguindo os passos de uma série de cafeterias em Berlim e outras regiões que incentivam os clientes a adquirirem copos reutilizáveis.
O segundo maior varejista de alimentos da Alemanha, a rede de supermercados Rewe, decidiu adotar novos recipientes de ervas secas e madeira para as maçãs orgânicas. A rede também está avaliando os resultados de um projeto-piloto que tentou desencorajar os clientes em algumas de suas lojas de usar sacos de plástico translúcidos para comprar frutas e vegetais. A empresa afirmou à DW que ainda não está claro se implementará o esquema em todas as suas lojas.
Aterros sanitários repletos de plástico
Tobias Quast, especialista em resíduos e recursos na organização ambiental Friends of the Earth International, em Berlim, diz haver apenas "tentativas iniciais" de cortar o consumo de plástico, e não uma verdadeira mudança.
Pessoa com vidro de arroz na mão
Na loja Original Unverpackt, em Berlim, consumidores enchem recipientes reutilizáveis com grãos e outros produtos, abrindo mão de embalagens
"Esses projetos-piloto mostram que é completamente possível expandir a ideia ecologicamente responsável do uso de recipientes reutilizáveis", disse à DW. "Mas os planos em andamento na política e no varejo alemães não são, de longe, suficientemente ambiciosos."
Hábitos de compras mais ecológicos e políticas como um imposto sobre as empresas que produzem resíduos plásticos e a cobrança por sacolas plásticas em lojas não parecem ter diminuído a quantidade de plástico que flui para os aterros sanitários alemães.
Os dados mais recentes da Eurostat mostram que o uso de embalagens em geral e de plástico em particular aumentaram na Alemanha nos últimos anos. O total de resíduos de embalagens foi de 18,1 milhões de toneladas em 2015, tendo aumentado por três anos consecutivos.
Grupos ambientalistas criticam a nova legislação alemã sobre embalagens – que entrará em vigor em janeiro de 2018 – por não trazer avanços suficientes. A lei visa fortalecer a reciclagem, e reduzir a prevalência de garrafas de utilização única e embalagens em geral.
Impulso da Europa
Em breve, a Alemanha pode receber um novo impulso da União Europeia para reduzir o consumo de plástico. Citando a quantidade de plástico nos oceanos e nos peixes que ingerimos, Bruxelas afirmou que planeja tornar todas as embalagens plásticas do bloco recicláveis até 2030. Os países europeus produzem anualmente 25 milhões de toneladas de resíduos plásticos – e menos de um terço é reciclado.
Observadores apontam que a nova abordagem do bloco seguiu a proibição da China de importar resíduos plásticos, o que pode forçar a União Europeia a incinerar ou aterrar seu plástico.
Diversas startups em toda a Europa estão testando diferentes abordagens para embalar produtos. A Miwa – com sede em Praga, na República Tcheca –, por exemplo, desenvolveu recipientes reutilizáveis para transportar produtos alimentícios de produtores para consumidores, gerando o mínimo de resíduos. A companhia testou o processo numa rede de fornecedores e planeja abrir suas primeiras lojas no outono europeu de 2018.
A empresa, que ganhou recentemente um prêmio de inovação, foi fundada por Petr Baca, que trabalhou por muitos anos com design de embalagens e desenvolveu uma consciência sobre o problema de resíduos.
Só é preciso "perceber o impacto negativo das embalagens de utilização única", afirmou Baca à DW. Para ele, a tecnologia é parte da resposta para "ajudar as pessoas a superar a mentalidade atual sobre embalagens descartáveis, que é em grande parte responsável pela poluição em massa de todo o planeta".


www.dw.com

06
Fev18

«Três estranhos idênticos»: a sinistra história dos trigêmeos que foram separados ao nascer como parte de uma experiência de um médico sinistro

António Garrochinho



Imagine que você leva uma vida normal e comum como filho único, sem ninguém mais que sua mãe e pai e, de repente, certo dia, assim do nada, aparecem dois irmãos idênticos, duas pessoas que você não tinha a mais remota ideia que existiam. Este foi o caso de Robert Shafran, Eddy Galland e David Kellman, que passaram 19 anos de suas vidas sem saber que eram trigêmeos. Foram separados ao nascer e adotados por famílias diferentes, sem saber da existência um do outro. Mas a verdade aflorou, ainda que de maneira sinistra.


«Três estranhos idênticos»: a sinistra história dos trigêmeos que foram separados ao nascer como parte de um experimento
Robert, Eddy e David foram adotados em 1961. Cada um foi monitorado desde seu nascimento como parte de um experimento do doutor Peter Neubauer, um psicanalista de origem austríaca do Manhattan Child Development Centre de Nova York.
«Três estranhos idênticos»: a sinistra história dos trigêmeos que foram separados ao nascer como parte de um experimento

O objetivo do estudo era ver até que ponto o meio socioeconômico e a educação influenciariam à natureza dos meninos . Os pais adotivos visitavam o pesquisador mensalmente para ver o progresso dos garotos. Mas o destino aprontou das suas nesta história.
«Três estranhos idênticos»: a sinistra história dos trigêmeos que foram separados ao nascer como parte de um experimento
Em 1980, quando Robert chegou para o seu primeiro dia na faculdade, no Sullivan County Community College, em Nova York, ficou confuso com a quantidade de pessoas desconhecidas que calorosamente o saudavam com abraços e "toca aqui" e, mais estranho, chamando o de Eddy. Ele descobriu a razão por trás da estranha recepção daquela "gente tão bacana" quando conheceu seu novo companheiro de quarto Michael Domitz.

Michael já frequentava a universidade fazia um ano e dividiu o quarto do campus com Eddy Galland, que tinha tomado a decisão de não mais voltar àquela universidade. A coisa muito estranha era que Robert era um Xerox de Eddy. Então, depois que Michael soube que Robert nasceu no mesmo dia que seu velho colega de quarto e que, como ele, foi adotado, decidiu que os dois tinham que se encontrar.
«Três estranhos idênticos»: a sinistra história dos trigêmeos que foram separados ao nascer como parte de um experimento
- "Ele tinha o mesmo sorriso, o mesmo cabelo, as mesmas expressões... parecia um dublê", diz Michael no documentário de Tom Wardle, "Three Identical Strangers", que ganhou um prêmio especial no Festival de Cinema de Sundance no início deste ano.

Tão logo se encontraram, Robert e Eddy perceberam que eram irmãos separados no nascimento, ambos nascidos em 12 de julho de 1961, em Long Island e depois adotados por famílias diferentes. Sua história estampou capas de revistas e jornais locais na época, o que provocou um outro giro ainda mais inesperado. Pouco depois da história, David Kellman, do Queens entrou em contato com os gêmeos. Ele também parecia, falava e agia exatamente como os dois irmãos. Os gêmeos há muito perdidos eram de fato trigêmeos perdidos há muito tempo.
«Três estranhos idênticos»: a sinistra história dos trigêmeos que foram separados ao nascer como parte de um experimento
Os três jovens, apesar de nunca saberem da existência um do outro tinham muita coisa em comum: a preferência pelo mesmo esporte, pela mesma comida e até mesmo fumavam a mesma marca de cigarros. Todos acabaram se conectando íntima e instantaneamente.

- "O encontro inicial foi um surrealismo completo", diz Robert no documentário. - "Mas, uma vez que nos reunimos, senti uma alegria que nunca havia experimentado em toda a minha vida, e isso durou muito tempo."
«Três estranhos idênticos»: a sinistra história dos trigêmeos que foram separados ao nascer como parte de um experimento
Peter Neubauer
A partir dali os trigêmeos se transferiram para o mesmo curso da mesma universidade e começaram a fazer tudo juntos para recuperar o tempo de convivência que lhes foi roubado. Inclusive sentiram um breve gostinho da fama quando apareceram como figurantes em alguns filmes de Hollywood.

No entanto, essa reunião feliz não era o fim da história. O detalhe mais significativo ainda estava por ser descoberto. Depois de fazer uma investigação, os meninos perceberam que sua separação tinha sido deliberada como uma experiência social sinistra de Peter Neubauer, um psiquiatra de Nova York. Na verdade, o Dr. Neubauer foi responsável pela separação de dezenas de gêmeos recém nascidos, espalhando-os entre famílias similares para estudar sua educação.
«Três estranhos idênticos»: a sinistra história dos trigêmeos que foram separados ao nascer como parte de um experimento
O médico usou as crianças para explorar a teoria da "natureza contra a educação", um debate científico, cultural e filosófico que questiona se a cultura humana, o comportamento e a personalidade são causados ??principalmente pela natureza ou pela educação.

Nem o médico nem a agência de adoção informaram a família adotiva das crianças que eram trigêmeos separados, apenas que seu filho fazia parte de um estudo de desenvolvimento. O Dr. Neubauer escolheu as famílias, porque cada uma delas tinha uma filha em torno de dois anos no momento da adoção, mas tinham níveis variáveis ??de riqueza.
«Três estranhos idênticos»: a sinistra história dos trigêmeos que foram separados ao nascer como parte de um experimento
Como dizíamos no início, os trigêmeos foram monitorados de perto ao longo de suas vidas. Uma vez por ano, cada família visitava o Centro de Desenvolvimento Infantil de Manhattan, para testes de avaliação. Os psicólogos filmavam e registravam esses testes, bem como faziam entrevistas com os meninos e suas famílias. Claire Kellman, a mãe adotiva de Davi, revelou no documentário que sentia que faltava alguma coisa, mas não sabia o quê:

- "David começou a falar muito cedo. Lembro-me que um dia, logo após acordar, ele disse: 'Eu tenho um irmão'. Todos falamos sobre seu irmão imaginário", disse ela. - "Mais tarde é que fomos perceber que ele exibia sintomas de ansiedade de separação durante a infância, mas isso só fazia sentido em retrospectiva, nós não tínhamos a mínima ideia do que se tratava até descobrir a verdade."
«Três estranhos idênticos»: a sinistra história dos trigêmeos que foram separados ao nascer como parte de um experimento
Depois que os meninos se encontraram, suas famílias ficaram furiosas com os psicólogos, mas não havia muito o que pudessem fazer sobre o assunto, já que aparentemente não havia nenhuma lei que proibisse Neubauer e seu time de realizar suas experiências cruéis.

Infelizmente, Eddy suicidou-se aos 33 anos, depois de sofrer uma grave depressão. Robert e David estão atualmente buscando uma desculpa do grupo que realizou a experiência, bem como uma compensação e querem que todos os documentos oficiais do estudo sejam divulgados. O conselho a cargo do estudo se recusou a participar do documentário, mas desde então publicou uma declaração no Washington Post:
«Três estranhos idênticos»: a sinistra história dos trigêmeos que foram separados ao nascer como parte de um experimento
- "O Conselho Judaico não endossa o estudo realizado pelo Dr. Peter Neubauer, e é apreciativo que o filme tenha criado uma oportunidade para um debate público sobre isso", disse um porta-voz. - "Esperamos que o filme incentive outros a apresentar uma denúuncia e solicitar o acesso aos seus registros. O Conselho Judaico não teve nenhum papel na separação dos gêmeos adotados."

Nancy Segal, uma psicóloga e autora de um próximo livro chamado "Accidental Brothers", conheceu o Dr. Neubauer antes de morrer. Ela disse aos meios que ele era um homem extremamente frio e calculista:
«Três estranhos idênticos»: a sinistra história dos trigêmeos que foram separados ao nascer como parte de um experimento
- "O que mais me impressionou foi que ele não mostrava nenhum remorso pelo que ele havia feito. Ele ainda sentia que tinha feito a coisa certa. Mas... para quem?"

Nancy acrescentou que o estudo de Neubauer descobriu que os genes têm uma influência mais generalizada do que pensamos e que a maioria dos gêmeos separados envolvidos na pesquisa acabou sendo extremamente parecido apesar de nunca terem se conhecido.

VÍDEO


06
Fev18

As belas meninas pardas - Alda Lara

António Garrochinho







As belas meninas pardas

As belas meninas pardas
são belas como as demais.
Iguais por serem meninas,
pardas por serem iguais.

Olham com olhos no chão.
Falam com falas macias.
Não são alegres nem tristes.
São apenas como são
todos os dias.

E as belas meninas pardas,
estudam muito, muitos anos.
Só estudam muito. Mais nada.
Que o resto, trás desenganos...

Sabem muito escolarmente.
Sabem pouco humanamente.

Nos passeios de domingo,
andam sempre bem trajadas.
Direitinhas. Aprumadas.
Não conhecem o sabor que tem uma gargalhada
(Parecem mal rir na rua!...)

E nunca viram a lua,
debruçada sobre o rio,
às duas da madrugada.

Sabem muito escolarmente.
Sabem pouco humanamente.

E desejam, sobretudo, um casamento decente...

O mais, são histórias perdidas...
Pois que importam outras vidas?...
outras raças?..., outros mundos?...
que importam outras meninas,
felizes, ou desgraçadas?!...

As belas meninas pardas,
dão boas mães de família,
e merecem ser estimadas...



voarforadaasa.blogspot.pt


06
Fev18

ARTE?

António Garrochinho
KoonsJeff Koons, um dos mais artistas contemporâneos com maior cotação no mercado das artes, ofereceu à cidade de Paris a maqueta de uma escultura(?), obra original e monumental, para ser realizada com dez metros de altura em bronze, aço e alumínio, custo estimado três milhões de euros, de uma mão empunhando um ramo de túlipas. A única originalidade, as túlipas repetem as muitas que tem plantado em várias exposições, é a mãozinha, um bom exemplo de como Koons é um artista medíocreQualquer aluno do primeiro ano de escultura numa qualquer escola de artes deveria ser chumbado se produzisse aquela coisa que só é validada por ser desenhada pelo “artista” norte-americano que só o é e tem a cotação por ser suportadopelo negócio que contamina as artes contemporâneas, organizado pelos vendedores das multinacionais do hiperluxo, por uma “crítica” de arte que não existe enquanto crítica, fabrica bulas de marketing publicitário que avaliza as escolhas dos curadores, esse baixo clero das artes do nosso tempo. É uma, mais uma, demonstração do que José Luís Porfírio, com a lucidez e o conhecimento que o caraterizam, enuncia: Cada vez mais o valor venal de um objecto artístico é considerado o seu único valor objectivo, ou mesmo, sem confusões o seu único valor, numa tempo em que os “curadores” não devem pensar porque estão sempre entre duas actividades promocionais onde a arte é, sempre e só, mercadoria e o público se alicia com mentiras, ou melhor (pior) não verdades.
Em França, várias personalidades do universo intelectual contestam que a cidade se deixe aprisionar pela teia de interesses espúrios que têm um único objectivo, contribuir para solidificar a cotação especulativa dos objectos produzidos pelo atelier de Koons que se tornou “num emblema de uma arte industrial, espectacular e especulativa”. Um alarme tardio sobre no que se tornou o “Paradigma da Arte Contemporânea”, para aceitar as teses de Nathalie Heinich, reunidas num livro que tem esse título.
A questão já tem uns anos, tem sido objecto de várias e bem fundamentados teses, das mais pertinentes as de Fredric Jameson nos seus vários ensaios sobre o pós-modernismo. Uma prática artística que não coloca questões porque não tem nada para dizer e se dedica a explorar os limites das transgressões numa sociedade débil, entediada pelo seu próprio tédio e onde tudo se aceita e está cinicamente perdoado, desde que tenha valor de mercado. Mesmo as mais aparentemente contundentes não passam de encenações para consumir um tempo desgastado de uma sociedade de inutilidades retóricas que se acumulam sem sentido para se esquecerem no momento seguinte.
EViena, em 1970, vários artistas organizam performances em que mijaram e defecaram em público. Piero Manzoni fabricou e vendeu numa exposição quarente e oito caixas de conserva em que se dizia no rótulo conter a merda do artista. No museu de Anvers, Wim Delvoye expôs uma máquina em que literalmente se reproduzia o ciclo alimentar, da ingestão à excreção dos excrementos que recuperava e vendia com um preço por quilograma. Performances recuperadas por cantores punk. Em São Francisco, Nöh Mercy vai para o palco grávida, simula o parto, num grande banho de sangue falso, dá à luz um osso de vaca. Em Los Angeles, num concerto dos Vox Pop. uma mulher nua corre entre os tocadores e cantores, retira um tampax da vagina, atira-o para a multidão. Alguns flagelam-se brutalmente com navalhas e lâminas, numa auto-humilhação que atingiu o seu máximo com o artista norte-americano Paul McCarthy, horrorizando mas não escandalizando o público. Todas as fronteiras são violadas sem quebrar a imobilidade do nosso tempo como Leo Ferré proclamava “Escuta, escuta…no silêncio do mar, há como um balanço maldito que acerta as horas/ na areia que ascende um pouco, como as velhas putas que refazem a sua pele, desfazem as rugas // A imobilidade…A imobilidade perverte o século”.
A imobilidade que faz assistir às mais parvoides exibições que se vendem como arte. São acondicionadas por farfalhadas como que, ainda recentemente a pretexto de uma exposição da dupla portuguesa Von Calhau, numa exposição que ainda está em exibição em Londres na galeria Kunstraum, subsidiada pela Fundação Gulbenkian, Instituto Camões e embaixada de Portugal em Londres, o programador independente João Laia, com largo currículo de exposições, a doutorar-se em curadoria, escreveu: “Com recurso a esses diferentes meios, e explorando constantemente a miscigenação de referências e elementos das mais diferentes extrações, os Von Calhau! têm vindo a construir um imaginário e uma cosmogonia muito próprios, esotéricos e sincréticos, a partir dos quais interrogam a nossa condição no mundo, ao mesmo tempo que averiguam o sentido da colaboração inerente a tudo aquilo que fazem”.
Alguém ou o próprio consegue decifrar este pedaço de prosa? Em anexo um video de uma “obra” dos Von Calhau como auxiliar descodificação.



VÍDEO



Assim vai, para nossa danação, a arte contemporânea.
Resta-nos acreditar em Leo Ferré, no final do já citado poema-canção Il n’y a Plus Rien(…) não morreremos em vão/ viveremos para sempre// E os micróbios da parvoíce que insistem / em nos legar / enchendo as vossas estrumeiras / dos vossos livros empilhados nas vossas bibliotecas/ dos vossos documentos públicos/ dos vossos regulamentos da administração penitenciária/ dos vossos decretos/ das vossas orações, mesmo / de todos os micróbios jurídicos/ Estejam tranquilos/ Nós já temos as máquinas para os triturarem// NÓS TEREMOS TUDO// nos próximos dez mil anos.(*)



Manuel Augusto Araujo
(*) tradução livre da minha responsabilidade

pracadobocage.wordpress.com

06
Fev18

«Historiadores» da treta e as contínuas provocações dos magistrados

António Garrochinho

(Jorge Rocha, 05/02/2018)

marcelo_joana
Nos anos mais recentes apareceram na praça pública uns «historiadores» execráveis, que publicações como o «Expresso» ou o «Observador» se incumbiram de promover como se fossem luminárias, mas mais não se têm revelado do que execráveis manipuladores da História para que ela lhes sirva de caução à ideologia profundamente reacionária de que estão imbuídos. Rui Ramos, Maria Fátima Bonifácio e Helena Matos são os ponta-de-lança de uma escola de pensamento, cujos escritos, além de constituírem veementes insultos à inteligência de quem os lê, estão eivados de um ódio descontrolado contra a atual maioria parlamentar.
Num vómito hoje inserido no «Público» (Ver aqui), a Bonifácia não só consegue branquear a provocação do Ministério Público contra Mário Centeno, como desenvolve uma soez catilinária contra o deputado socialista Porfírio Silva, que falsamente se insurgira contra Joana Marques Vidal, pois limitara-se a partilhar um texto assinado por um conhecido jurista em que, de facto, essa posição era transmitida.
A megera – que quase faz de João Miguel Tavares, ideologicamente na mesma área de extrema-direita, um gentleman – cuida assim garantir que o mandato da ainda procuradora será renovado. É caso para considerar que são tantas as razões para que a criatura leve um pontapé no dito cujo e seja devolvida ao anonimato de onde nunca deveria ter saído, que argumentos complementares pareceriam desnecessários. Mas se a Bonifácia a quer, que a leve consigo para onde quer que seja, conquanto uma e outra nos deixem de assombrar a tranquila existência a que tivemos direito desde que esta maioria parlamentar fez de Passos Coelho um merecido “has been”.
Mas que o Ministério Público ainda continua a revelar-se virulento na conduta, prosseguindo atividade manifestamente provocadora em relação aos interesses dos portugueses, revela-o o mandato de captura contra o ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente, numa altura em que os nossos diplomatas tentam tratar do caso com justificados caldos de galinha. Os riscos impostos pelos magistrados em causa aos nossos compatriotas, que trabalham em Angola, ou ali têm negócios, revela bem como os subordinados da D. Joana não têm qualquer escrúpulo em repetirem provas de força, mesmo que pondo em causa os superiores interesses da Nação. Os tais que Marcelo prometeu defender, quando tomou posse, mas para os quais parece alhear-se como se lhe fosse possível assobiar para o lado e disfarçar quanto à sua existência.
Estas semanas confirmam a urgência em higienizar a Procuradoria-Geral da República, impedindo-a de se pretender interveniente de peso na política nacional.  E Marcelo continua a confirmar o que nele desde início prevíramos: um presidente sem as qualidades necessárias para exercer seriamente o seu cargo.


 estatuadesal.com
06
Fev18

Redacções do Rogerito (39) - [O Ranking das Escolas]

António Garrochinho






Veio a stora lavada em lágrimas pedir à turma que fosse ela própria numa nossa redacção a dar a explicação do porquê ter ficado a nossa querida escola cá em baixo da tabela e eu acho que não é culpa dela mas é mais culpa do tal diabo de que falava a stora Lídia que até é minha amiga e é isso mesmo que eu acho e é por isso achar que passo a relatar que essa coisa do ranquing mandado publicar em nome da transparência é coisa muito opaca e até mesmo uma indecência.
Eu acho que a nossa escola ficava no topo da tabela se os ministros todos desde este aos mais antigos olhassem e olhem mais por ela e não continuem a pôr a stora a fazer coisas com papeis às carradas só para que no ministério se faça uma vida ocupada mas que ao saber e ao conhecimento não acrescentam nada e que ainda por cima nem lhe pagam uma única hora extraordinária.
Eu acho que a nossa escola ficava no topo da tabela se valorizassem as matérias por igual como por exemplo o estudo do meio que é coisa que eu sei à brava e onde sou melhor que em matemática e assim a tabela ficava mais equilibrada e era mais transparente sobre os saberes da gente e sobre a nossa habilitação em lidar com os vizinhos dos nossos pais lá no bairro camarário e do outro fica logo ali ao lado ou daquele que fica lá mais abaixo.
Eu acho que a nossa escola ficava no topo da tabela se o ensino fosse orientado para os filhos dos homens que nunca foram meninos em vez de embandeirar em arco com o desempenho dos filhos dos amigos dos donos disto tudo.
Quando a escola mudar a minha irá ser a melhor do Mundo.

conversavinagrada.blogspot.pt
06
Fev18

CTT: Autarcas pedem reunião urgente com primeiro-ministro

António Garrochinho

A reunião com a administração dos Correios não sossegou os autarcas, que vão avançar com um pedido de reunião ao primeiro-ministro. «A administração dos CTT está irredutível neste caminho de encerramento de lojas e percebemos claramente que não vão ficar por aqui», denunciou ao AbrilAbril o presidente da Câmara do Seixal.

O presidente da Câmara do Seixal (ao centro) admitiu que a reunião desta manhã foi inconclusiva, «mas isso só nos deu mais ânimo para continuar a luta»
As populações e os eleitos dos municípios do Seixal, Loures, Alpiarça e Odivelas, em conjunto com as Juntas de Freguesia de União das Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação (Loures), Junta de Freguesia de Riba de Ave (Vila Nova de Famalicão), União das Freguesias do Seixal, Arrentela e Aldeia de Paio Pires e União de Freguesias de Queluz e Belas (Sintra) estiveram hoje presentes na sede dos CTT em Lisboa, para reivindicar que as estações dos CTT dos respectivos municípios não sejam encerradas.
Em declarações ao AbrilAbrilJoaquim Santos, presidente da Câmara do Seixal [autarquia que mobilizou o protesto], transmitiu que, segundo informou a administração dos CTT, esta manhã, o programa de encerramento de lojas vai prosseguir. «É um processo dinâmico em que todos os meses há uma reavaliação: todas estão em causa e são as dinâmicas, sobretudo económicas, que vão ditar» o futuro. 
«Nós dissemos que não estávamos de acordo, que estavam a pôr em causa o serviço público postal e que vamos continuar com a luta», disse, recordando em seguida que, só no ano passado, «os CTT tiveram um lucro de 72 milhões de euros, pelo que não se justifica tal medida».
Para já, esta comissão de autarcas vai pedir uma reunião urgente ao primeiro-ministro e à Comissão Parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas, uma vez que, admite Joaquim Santos, «só estas entidades poderão dar resposta às pretensões da população, que muito precisa deste serviço». 


No caso da loja da Aldeia de Paio Pires, no Seixal, o presidente do município revela que não foi confirmado o fecho e que ficou prevista nova reunião para analisar alternativas. «Para nós, a alternativa devia ser por a estação a funcionar e reforçá-la porque a dimensão da procura é crescente naquela estação (são os indicadores que nós temos), e nada justifica o encerramento». 
O edil deixa a experiência da cidade da Amora que, em 2013, «deixou de ter uma estação dos Correios para ter um senhor que vende mercearia e artigos de papelaria, e que também faz serviços para os CTT, com todos os inconvenientes que isso tem» e que Joaquim Santos enumera.
«Primeiro, do ponto de vista funcional: uma pessoa que tem outra função não substitui, em nenhuma dimensão, um funcionário específico dos Correios. Em segundo lugar, há questões relacionadas até com confidencialidade e privacidade dos utentes», frisa
presidente da Câmara do Seixalrepudiaaindasituaçõescomo a de Alpiarça, no distrito de Santarém. «Não é admissível que uma sede de concelhofique sem uma estação dos Correioscomo é o caso de AlpiarçaEstado não deviapermitir que issoacontecesse, é uma questão de dignidadeinstitucional», salienta.
À saída da reunião com a administração dos CTT, o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, adiantou aos jornalistas não ter sido dada «justificação racional» para o fecho das lojas, considerando que se trata de «critérios puramente economicistas».
«Há uma total insensibilidade para com as populações e para com as empresas», acusou o eleito, referindo que a administração dos CTT «está completamente alheia às necessidades e longe do interesse público», além de estar a querer «passar os custos para outras entidades».

«Só a reversão é a solução»

Bernardino Soares foi um dos eleitos que acompanharam o presidente da Câmara do Seixal nareunião com a administração dos Correios, esta manhã, juntamente com o presidente da Câmara deAlpiarça (Santarém), Mário Pereira, e dopresidentes das juntas de freguesia do Areeiro (Lisboa), Fernando Braancampe de AlpiarçaFernandaCardigo, e das uniões de Freguesias de CamarateUnhos e ApelaçãoRenatoAlves, e do SeixalArrentela e Aldeia de PaioPiresAntónio Santos.
Gritando «Reversão da privatização», «Só a reversão é a solução» ou «Privatização é roubo à população», os utentes esperaram mais de uma hora que os seus representantes autárquicos trouxessem notícias da reunião que contrariassem o anunciado plano de encerramento de lojas por parte dos CTT. 
«A reunião foi inconclusiva desse ponto de vista, eles têm uma posição, nós temos outra, mas isso só nos deu mais ânimo para continuar a luta», conclui Joaquim Santos.


www.abrilabril.pt
06
Fev18

PCP pede mais recursos humanos para saúde fixados no interior do país

António Garrochinho


O líder parlamentar do PCP pediu hoje mais recursos humanos e investimento em geral no Serviço Nacional de Saúde (SNS), concentrando-se na necessidade de fixar médicos e enfermeiros no interior do país.
Após uma visita hospitalar integrada nas jornadas parlamentares que decorrem desde segunda-feira até hoje no distrito de Portalegre, João Oliveira e restante comitiva percorreram os cuidados paliativos e as urgências da sede da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA) - Entidade Pública Empresarial.
"Quando tratamos do investimento e desenvolvimento do país, a área da saúde é uma daquelas em que mais evidentemente se constata a necessidade de intervenção pública. As necessidades de investir nos recursos humanos, dignificação das carreiras, condições de trabalho e adequação do número de profissionais às necessidades do SNS são absolutas", afirmou o deputado comunista.
João Oliveira sublinhou as "dificuldades de fixação de médicos em determinadas especialidades e enfermeiros, que resulta muito evidente, com consequências na estabilidade dos serviços de saúde, ao ponto de 40% dos cuidados de saúde dependerem da prestação de serviços, ou seja, profissionais contratados, muitas vezes por avença, de fora do quadro dos hospitais".
Como solução, o PCP defende, além dos aspetos remuneratórios já existentes e que se revelam insuficientes, a maior facilidade de progressão nas carreiras e outros, sobretudo no plano social e familiar, por exemplo no auxílio à habitação e integração das famílias desses profissionais nas regiões em causa.
"Em muitas circunstâncias, os incentivos remuneratórios [para fixação em territórios do interior] são devolvidos pelos próprios médicos que, mais tarde ou mais cedo, acabam por se ir embora destas zonas mais carenciadas", lamentou.
Além do Hospital Dr. José Maria Grande, na capital do Alto Alentejo, a UlSNA dirige também as instalações hospitalares de Santa Luzia de Elvas e o agrupamento de centros de saúde de São Mamede, abrangendo todos os concelhos de Portalegre.
Presidente do conselho de administração da ULSNA, João Moura Reis, referiu que aguarda a concretização de mais concursos para recrutar médicos depois de retratar a falta de peritos em anestesia, oftalmologia, otorrinolaringologia e pediatria altamente carenciadas.
"Aqueles benefícios de progressão na carreira, por não haver ninguém, eles realmente acontecem e quem vier para cá irá construir um serviço [de uma especialidade] à sua imagem", salientou.


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06
Fev18

EM 2016 - ANPC entrega 68 milhões de euros sem controlo a bombeiros

António Garrochinho


Em 2016, a Autoridade Nacional de Proteção Civil entregou 67,9 milhões de euros a associações humanitárias de bombeiros sem ter um sistema de gestão e controlo financeiro adequado.
A conclusão consta de uma auditoria de seguimento do Tribunal de Contas (TdC), na qual procurou saber se as recomendações deixadas em anteriores auditorias foram implementadas.

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06
Fev18

No Tejo sobrevive-se da pesca. "Têm de proibir quem está a poluir"

António Garrochinho
Jerónimo de Sousa e João Oliveira nas jornadas parlamentares do PCP, em Portalegre
Deputados comunistas foram ver o que se passa com a poluição no rio. "Deviam ter vindo mais cedo", gritou pescador.
A quase 150 quilómetros da costa, aquele pequeno barco diz-se Lobo do Mar. O seu mestre, Francisco São Pedro, o Chico que é de boa terra, vai gritando ao vento que os políticos e os jornalistas chegam tarde a este pedaço deslumbrante do Tejo, nas portas de Ródão, paredes escarpadas que descem ao rio e não adivinham como vão doentes aquelas águas. "Deviam ter vindo mais cedo."
Ao mau cheiro da celulose de Vila Velha de Ródão dizem que nos habituaremos. Não é verdade - entranha-se nas narinas, zoa na cabeça. O rio também não mostra o que mostrou em janeiro e fez, finalmente, soar alarmes. "Ando nesta luta há três anos", diz o pescador de lagostins que só puxa das gaiolas lagostins mortos ou quase.
Francisco São Pedro pede que não chova. "Deus queira que não venha água", aponta o céu, já com os pés em terra. Para se ver como o rio vai doente. À mesma hora, em Lisboa, o ministro do Ambiente anunciava resultados sobre as análises feitas ao Tejo. O pescador não precisa de saber, para ele o culpado está lá em cima a fumegar nas chaminés da celulose Celtejo. "Eles", argumenta perante o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, "têm de proibir quem está a poluir e não quem está a sobreviver".
Os deputados comunistas estão em Portalegre (desde ontem e até hoje) para discutir o desenvolvimento e o investimento público. Na tarde de ontem, uma comitiva comunista e de jornalistas foi ver o que se passa no rio Tejo, onde descargas poluentes (cuja origem ainda não está identificada) provocaram um manto branco de espuma. "A 13 de janeiro, a água era preta, café", conta Chico do Lobo do Mar.
Fernando Inácio, dono de um restaurante em Arneiro, freguesia próxima, explica a João Oliveira aquilo que todos sabem. "A gente sabe que há descargas, agora ou eram menos ou havia mais água", diz, ensaiando uma explicação sobre o que se passa no rio. Na casa de restauração serve uma sopa de peixe que muitos procuram. Agora perguntam-lhe pela poluição. "O meu peixe já não vem do Tejo há uns anos, mas já pescámos muito no rio."
Para Fernando Inácio, "tem que haver equilíbrio": "O Tejo, os vizinhos do Tejo, os trabalhadores das fábricas, a ver se conseguimos normalizar as coisas como era aqui atrasado." Como diz Vasco Fernandes, que guia pelo rio a comitiva comunista. "As pessoas acabam por ser muito tolerantes porque isto não é Lisboa. É preciso aqueles empregos." E também o mestre da embarcação repete a palavra "equilíbrio". O líder parlamentar comunista ensaia uma resposta política sem se saber ainda o que dirá o governo. "Mais do que punir, deve prevenir-se a poluição."
O homem que se revolta a falar disto tem outra leitura. "Fechem aquela merda. Queremos o rio limpo, mataram o nosso rio. Daqui ao Fratel está tudo morto." "Há pessoas que sobrevivem à pesca", foge a boca para o verbo certo a Rui Sequeira, militante comunista que acompanha a viagem. João Oliveira terá pouco mais do que palavras de ânimo para Francisco São Pedro. "É preciso manter a luta, não é nada que esteja perdido."
A mesma luta para que os trabalhadores foram convocados ontem pelo secretário-geral do PCP. Jerónimo de Sousa apresentou duros cadernos de encargos no campo das leis laborais e do investimento público ao Governo. O PCP quer ir mais além do que a reversão das alterações às leis laborais introduzidas pelo governo anterior. "É necessário apontar para a eliminação das normas gravosas do Código do Trabalho", avisou, na abertura das jornadas parlamentares.

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06
Fev18

Empresa algarvia investe 7 milhões em fábrica de transformação de semente de alfarroba

António Garrochinho







A empresa algarvia Chorondo e Filhos investiu cerca de 7 milhões de euros na construção de uma nova fábrica de transformação de alfarroba no Areal Gordo, em Faro, que irá substituir a velinha Industrial Farense, situada junto à sede regional da Segurança Social, na capital algarvia. A nova unidade fabril permitirá a esta empresa duplicar a capacidade de transformação de semente deste fruto, um produto com elevado valor de mercado.

A nova fábrica, que já está em fase de testes, deverá estar «a trabalhar em pleno até ao final deste ano», até porque o edifício da Industrial Farense, onde a empresa faz atualmente a 2ª transformação, «já foi vendido», segundo Isaurindo Chorondo, proprietário desta fábrica.

A unidade empregará, «numa primeira fase, 12 pessoas». O número de funcionários poderá aumentar, dependendo das necessidades, tendo em conta que esta é a força de trabalho para a laboração com apenas um turno.

O investimento feito por esta empresa familiar, criada em 1944 por Gregório Chorondo e hoje gerida pelo seu neto, foi um dos exemplos dados pela Câmara de Faro, numa visita que promoveu a obras que já foram ou estão a ser feitas no concelho, com capitais privados.

Mais do que o espaço físico em si, a empresa algarvia apostou forte na modernização tecnológica, tendo mesmo desenvolvido algumas das máquinas que integram a linha de produção. Isso permite um elevado nível de automação e uma melhor eficiência.

O funcionamento da fábrica pode, de resto, ser controlado à distância, com recurso a um smartphone, graças a uma aplicação desenvolvida por Ricardo Pacheco, responsável pela manutenção desta unidade. Durante a demonstração, todas as máquinas foram colocadas em funcionamento e desligadas a partir de um telefone, algo que pode ser feito de qualquer sítio do planeta, desde que haja ligação à Internet.



A matéria prima nasce nos campos do Algarve e sofre uma primeira transformação – separação da semente da polpa – nas fábricas que a Chorondo e Filhos tem em São Brás de Alportel e em Boliqueime. «Atualmente, somos autossuficientes ao nível das graínhas», revelou Carlos Moura, o responsável pela produção da fábrica.

A semente é, depois, trazida para Faro, para que se produza, a partir dela, diferentes produtos, nomeadamente a goma de alfarroba, com grande procura devido aos seus múltiplos usos, mas também farinha de gérmen da graínha – quase toda exportada, com o Japão a ser o grande mercado.

A goma de alfarroba, o produto «com mais valor», é muito usada na indústria alimentar, não só por ser um espessante natural, mas também devido às suas caraterísticas, como o facto de ser livre de glúten, entre outras. «É dos poucos componentes que são permitidos nos produtos para bebés. Mais recentemente, tem sido estudada a sua utilização no tratamento do cancro e na fertilização humana», acrescentou Carlos Moura.



Esta é, assim, a valência da Chorondo e Filhos que faz a diferença, já que permite tirar muito maior rendimento de um produto que existe em abundância na região e cuja qualidade é internacionalmente reconhecida.

As 100 toneladas que a empresa algarvia exporta anualmente para o Japão, mercado com elevada exigência, acabam por ser uma confirmação da qualidade dos produtos que saem desta fábrica.

A nova unidade do Areal Gordo terá uma capacidade de produção anual na ordem das 2 mil toneladas, no que à goma de semente de alfarroba diz respeito. A sua construção iniciou-se em 2010.

Certo é que a linha de montagem está a funcionar e já se vai ouvindo o som das máquinas a funcionar, na nova fábrica da Chorondo e Filhos.


 Isaurindo Chorondo






Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação
06
Fev18

Quem quer decidir como aplicar 5 milhões de euros no país?

António Garrochinho






Até 24 de abril podem ser apresentadas propostas em todas as áreas da governação. Em 2018 o Orçamento Participativo evoca o 25 de Abril. Projetos vencedores do ano passado ganham corpo até março.
Quem fizer 18 anos em 2018 pode ter, em breve, entrada gratuita em museus e outros espaços culturais. É o resultado da aprovação de um dos projetos vencedores na edição do ano passado do Orçamento Participativo (OPP).
À TSF, a secretária de Estado da Modernização Administrativa, Graça Fonseca, diz que gostava de ultrapassar o número de projetos apresentados e de votos registados, na edição de 2017, mas sublinha o principal objetivo da iniciativa.
Os Orçamentos Participativos têm esta mais valia da tangibilidade: isto significa que a minha ideia mudou algo na vida das pessoas".
Nesta segunda edição, além do aumento de verbas de 3 milhões para cinco milhões, o Governo alargou o âmbito das propostas a todas as áreas de governação.
Dos projetos já apresentados, Graça Fonseca considera que se nota a diversificação: "da modernização administrativa, passando pelo ambiente, água".
As propostas começaram a ser aceites desde 24 de janeiro através da página www.opp.gov.pt
Uma das novidades é a evocação da Revolução do 25 de Abril, com o roteiro de encontros participativos pelo país a reproduzir geograficamente "locais relevantes para a ação militar da Revolução", levada a cabo pelo Movimento das Forças Armadas.
O primeiro encontro está previsto para Lagos a 20 de fevereiro e o último, para Lisboa, no dia 24 de abril. Pelo meio, Vila Nova de Gaia , Mafra,
Serra da Carregueira, Santarém, Viseu, Lamego, Figueira da Foz, Porto, Vendas Novas, Estremoz, Aveiro, Guarda, Viana do Castelo, Santa Margarida, Funchal, Angra do Heroísmo são pontos de paragem para debate no OPP.
Nesta segunda edição, foram contactadas as redes de bibliotecas públicas e municipais e os Espaços Cidadão, que vão servir de apoio a todos aqueles que quiserem apresentar propostas para o OPP 2018.
No calendário do Orçamento Participativo Portugal, entre 11 de junho e 30 de setembro decorre a votação, através do portal ou via SMS gratuito, das propostas apresentadas.

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06
Fev18

Bruxelas pressiona governo a cortar na proteção de contratos sem termo

António Garrochinho
"Há espaço para ir mais longe em reformas que reduzam a proteção laboral excessiva nos contratos permanentes em países como Portugal e Espanha."
A Comissão Europeia saúda os planos do governo PS para penalizar a contratação a prazo e outras formas ainda mais precárias, mas critica o facto de pouco ou nada estar a ser feito para reduzir o "excesso de proteção" dos trabalhadores que já estão nos quadros (contratos permanentes ou definitivos). Os chamados "efetivos" deviam ser mais fáceis de despedir, basicamente.
Esta pressão surge numa altura em que governo, partidos e parceiros sociais já começaram a dialogar sobre a futura vaga de reforma da lei laboral no sentido de reduzir a segmentação do mercado de trabalho português. Bruxelas tenta recentrar o debate, lembrando que o problema não está só no uso e abuso por parte das empresas das formas mais precárias de contratação.
"Há espaço para ir mais longe em reformas que reduzam a proteção laboral excessiva nos contratos permanentes em países como Portugal e Espanha", defende um estudo da Direção-Geral para os Assuntos Económicos e Financeiros, ontem divulgado, sobre "os efeitos de longo prazo da grande recessão no mercado de trabalho".
Este trabalho com a chancela de Bruxelas vem recordar que Portugal, no âmbito da avaliação do semestre europeu, foi aconselhado a desblindar os vínculos mais estáveis, já que as medidas de combate à precariedade não chegam para reanimar a contratação na economia. "Em janeiro de 2017, Portugal reformulou o seu programa de apoio ao emprego no intuito de promover a contratação de trabalhadores por tempo indeterminado. No entanto, o impacto esperado na redução da segmentação parece ser limitado, tendo em conta que o número de pessoas que se espera venham a ser abrangidas pelo programa é reduzido."
Assim, "embora as recentes reformas do mercado de trabalho tenham melhorado os incentivos à criação de emprego, alguns aspetos do regime jurídico são ainda suscetíveis de desencorajar as empresas de contratar trabalhadores por tempo indeterminado". No entender das autoridades europeias, que também acabam por representar os maiores credores da República (ainda estão por pagar quase 52 mil milhões de euros da parte europeia do resgate), o maior problema é que "os custos do despedimento individual de trabalhadores permanentes sem justa causa são incertos para os empregadores". Isto "fica a dever-se, em parte, à possibilidade de um trabalhador ser reintegrado na empresa se o despedimento for considerado abusivo, bem como a ineficiências nos processos judiciais".
No mês passado, na sétima avaliação ao pós-programa, a missão de Bruxelas disse que "o problema subjacente" da rigidez no despedimento dos efetivos não é respondido pelas medidas preconizadas pelo governo. Há a tal questão da "incerteza" dos custos com despedimentos individuais, mas também "falta de clareza" sobre o conceito de "razões económicas" para despedir, o que pode complicar a vida dos empregadores sempre que tentam afastar alguém.
Em Portugal, há quase quatro milhões de empregados sem termo, mas este grupo tem vindo a crescer mais devagar do que os mais precários. O grupo dos trabalhadores sem termo expandiu-se 4,6% no terceiro trimestre de 2017 face a igual período de 2016; o contingente dos precários, com 3,9 milhões de pessoas, subiu 5,1%. Amanhã, o INE divulga os números de todo o ano de 2017.

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06
Fev18

Conspiração em Downing Street?

António Garrochinho

No Reino Unido, a pressão aumenta sob Theresa May. A imprensa britânica diz estar em curso uma rebelião de um grupo deputados e ministros conservadores para tornar primeiro-ministro Boris Johnson.

A atual instabilidade que atravessa o governo britânico tem na sua base a posição dúbia de Theresa May quanto à União Aduaneira. No fim-de-semana, o Sunday Times revelava que Boris Johnson estaria pronto para assumir o poder.
Boris Johnson foi uma das caras da campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia e continua um acérrimo defensor de um brexit mais radical com a saída do país do mercado único e da União Aduaneira.
Só assim, dizem os defensores do brexit, o Reino Unido pode estabelecer acordos comerciais com outros países.
Por isso, não foi com bons olhos que Boris Johnson e os seus camaradas para o brexit viram Theresa May equacionar uma possível União Aduaneira durante uma entrevista televisiva aquando da visita à China na semana passada.
O assunto é de tal maneira sensível que levou mesmo Downing Street a emitir um comunicado esta segunda-feira que garante que a proposta do governo não passa pela participação na União Aduaneira atual, nem em qualquer outra União Aduaneira.
Já a ministra do Interior joga com as palavras de maneira diferente e diz que o Reino Unido pretende um entendimento aduaneiro ou parceria aduaneira.
O certo é que há muito que Theresa May está entre a espada dos ministros pró-Europa e a parede dos governantes anti-União Europeia.
A cada passo negocial, a primeira-ministra tem tido a preocupação constante de agradar a gregos e a troianos. Mas com as negociações prestes a entrarem na segunda fase, Theresa May vê a sua missão cada vez mais complicada.

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06
Fev18

OUÇA AQUI A ENTREVISTA EM SOM AUDIO - "As mulheres são a única maioria no mundo que é tratada como minoria"

António Garrochinho


Há 100 anos, o parlamento britânico aprovou o direito das mulheres ao voto. A investigadora Isabel Lousada considera que um século depois ainda há muito a fazer.



A 6 de fevereiro de 1918 as mulheres britânicas passaram a poder votar. Um direito, ainda assim, restrito. Só 10 anos mais tarde passaram a ter os mesmos direitos atribuídos aos homens, com o sufrágio universal.

Um momento simbólico e fundamental, considera Isabel Lousada. A investigadora do Centro de Estudos de Sociologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, que tem desenvolvido estudos sobre as mulheres, considera esta foi uma vitória com efeitos por todo o mundo, "exemplos que até hoje vamos buscar para defender os mesmos princípios".



Isabel Lousada lembra que já na altura a luta das mulheres não era apenas pelo direito ao voto, mas também pelo direito de serem eleitas. "O que as mulheres queriam era chamar a atenção sobre a necessidade e a urgência de se fazerem ouvir, de se fazerem ver e de reclamarem os seus direitos e vê-los consignados legalmente".

A luta das sufragistas não acontecia apenas no Reino Unido. O movimento estava espalhado por todo o mundo e também em Portugal as mulheres estavam atentas. A investigadora dá como exemplo, Carolina Beatriz Ângelo, sufragista portuguesa, aproveitou um vazio legal e agarrou a oportunidade. Quando a lei passa a permitir que as mulheres chefes de família possam votar, a viúva lutou por exercer o seu direito e tornou-se a primeira mulher a votar.

Mesmo com as todas as conquistas, a luta pelos direitos das mulheres sempre foi feita de avanços e recuos. "Desde tempos idos, sempre que as lutas das mulheres e as suas reclamações são deixadas de lado, refletem precisamente essa necessidade de fazer aprovar um conjunto de medidas que não ponham em causa todas as outras. Quando é preciso retirar alguma coisa, então retirem-se a estas".

"As mulheres são a única maioria no mundo que é tratada como minoria", recorda.

Um século depois da aprovação ao direto de voto no Reino Unido, a investigadora acredita que as mulheres continuam a ter motivos para lutar. "Estas questões são tão prementes hoje como há anos atrás".

A investigadora lembra que em muitos países do mundo as mulheres continuam a lutar pelo direito ao voto, mas há também outros direitos que ainda não foram conquistados. "Os diretos laborais, o diferencial salarial... tudo isso faz sentido".

E deixa a pergunta: "Hoje quantas mulheres temos hoje chefes de nações?".


SOM AUDIO

Ouça a conversa de Fernando Alves com a investigadora Isabel Lousada.




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06
Fev18

CGTP-IN recebida pelo Presidente da República

António Garrochinho

VÍDEO



A CGTP-IN na audiência com o Presidente da República afirmou ser este o momento para revogar as leis laborais introduzidas na sequência do programa da ‘troika’ e, simultaneamente, revogar a norma da caducidade, introduzida em 2003”. Este é o momento certo para o Governo dar um passo significativo em frente, para responder às expectativas que, legitimamente, os trabalhadores quer do sector público quer do sector privado têm e que até agora, em muitos casos, não têm sido respondidas, nomeadamente no que diz respeito à legislação do trabalho, que favorece nas relações de trabalho claramente as entidades patronais”.
Este artigo encontra-se em: CGTP-IN – CGTP-IN http://bit.ly/2FQUSHW

06
Fev18

OLIVAL INTENSIVO É O MAIOR PROBLEMA AMBIENTAL DE PORTALEGRE

António Garrochinho


Nuno Sequeira, Presidente da QUERCUS

A associação ambientalista Quercus está a promover uma campanha de alerta ambiental para o ano de 2018, a "12 meses / 12 iniciativas", onde a cada mês vai denunciar aqueles que considera como os maiores problemas ambientais do país e está a apontar o Olival Intensivo como um o grande problema ambiental no Alto Alentejo.
Para Nuno Sequeira, professor e biólogo de 40 anos  e presidente da Quercus, a cultura Intensiva do Olival está a causar pressões no uso da água, esgotamento do solo e contaminação dos lençóis freáticos em Avis, Fronteira, Campo Maior e Elvas e que o Governo deve intervir para "limitar a expansão desta Cultura", que, considera, já "atingiu o seu limite" na região e, da mesma forma, atinge um vasto território no Baixo Alentejo, como Beja, Ferreira do Alentejo e Moura.


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