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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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16
Fev18

OS COMUNISTAS

António Garrochinho


Os Comunistas
... Passaram bastantes anos desde que ingressei no Partido... Estou contente... Os comunistas constituem uma boa família... Têm a pele curtida e o coração valoroso... Por todo o lado recebem pauladas... Pauladas exclusivamente para eles... Vivam os espiritistas, os monárquicos, os aberrantes, os criminosos de vários graus... Viva a filosofia com fumo mas sem esqueletos... Viva o cão que ladra e que morde, vivam os astrólogos libidinosos, viva a pornografia, viva o cinismo, viva o camarão, viva toda a gente menos os comunistas... Vivam os cintos de castidade, vivam os conservadores que não lavam os pés ideológicos há quinhentos anos... Vivam os piolhos das populações miseráveis, viva a força comum gratuita, viva o anarco-capitalismo, viva Rilke, viva André Gide com o seu coribantismo, viva qualquer misticismo... Tudo está bem... Todos são heróicos... Todos os jornais devem publicar-se... Todos devem publicar-se, menos os comunistas... Todos os políticos devem entrar em São Domingos sem algemas... Todos devem festejar a morte do sanguinário Trujillo, menos os que mais duramente o combateram... Viva o Carnaval, os derradeiros dias do Carnaval... Há disfarces para todos... Disfarces de idealistas cristãos, disfarces de extrema-esquerda, disfarces de damas beneficentes e de matronas caritativas... Mas, cuidado, não deixem entrar os comunistas... Fechem bem a porta... Não se enganem...
Não têm nenhum direito... Preocupemo-nos com o subjectivo, com a essência do homem, com a essência da essência... Assim estaremos todos contentes... Temos liberdade... Que grande é a liberdade!... Eles não a respeitam, não a conhecem... A liberdade para se preocupar com a essência... Com a essência da essência...
... Assim passaram os últimos anos... Passou o jazz, chegou o soul, naufragámos nos postulados da pintura abstracta, abalou-nos e matou-nos a guerra... Deste lado tudo continuava igual... Ou não continuava igual?... Depois de tantos discursos sobre o espírito e de tantas matracadas na cabeça, alguma coisa continuava mal... Muito mal... Os cálculos tinham falhado... Os povos organizavam-se... Prosseguiam as guerrilhas e as greves... Cuba e o Chile tornam-se independentes:.. Muitos homens e mulheres cantavam A Internacional... Que estranho... Que desconsolador...
Agora cantam-na em chinês, em búlgaro, em espanhol da América... É preciso tomar medidas urgentes... É preciso proibi-lo... É preciso falar mais do espírito... Exaltar mais o mundo livre... É preciso falar dar mais matracadas... É preciso dar mais dólares... Isto não pode continuar... Entre a liberdade das matracas e o medo de Germán Arciniegas... E agora Cuba... No nosso próprio hemisfério, na metade da nossa maçã, estes barbudos com a mesma canção... E para que nos serve Cristo?... De que maneira nos têm servido os padres?... Já não se pode confiar em ninguém... Nem nos próprios padres... Não vêem os nossos pontos de vista... Não vêem como baixam as nossas acções na Bolsa...
... Entretanto trepam os homens pelo sistema solar... Ficam pegadas de sapatos na Lua... Tudo se esforça por mudar, menos os velhos sistemas... A vida dos velhos sistemas nasceu de imensas teias de aranha medievais... Teias de aranha mais duras que os ferros das máquinas... No entanto, há gente que acredita numa mudança, que praticou a mudança, que fez triunfar a mudança, que fez florescer a mudança... Caramba!... A Primavera é inexorável!
Pablo Neruda, in "Confesso que Vivi"
16
Fev18

PCP propõe na Assembleia da República o fim das demolições nas ilhas-barreira da Ria Formosa

António Garrochinho



Paulo Sá in facebook


PCP propõe na Assembleia da República o fim das demolições nas ilhas-barreira da Ria Formosa:

Hoje, dia 16 de fevereiro, o PCP entregou na Assembleia da República um projeto de resolução propondo o fim das demolições nas ilhas-barreira da Ria Formosa, solicitando de imediato à Comissão de Ambiente a sua discussão na próxima terça-feira, dia 20 de fevereiro, com vista à sua votação na Sessão Plenária de sexta-feira, dia 23 de fevereiro (antes da data marcada pelo Governo para o início das demolições nos núcleos populacionais dos Hangares e do Farol).

A coberto de uma suposta defesa dos valores naturais, sucessivos governos de PS, PSD e CDS têm procurado expulsar as comunidades locais das ilhas-barreira da Ria Formosa, assim como limitar ou mesmo eliminar o direito das populações à utilização dessas ilhas-barreira como espaço de residência, de desenvolvimento da sua atividade económica e também como espaço de lazer e fruição, com o objetivo – nunca assumido – de entregar este valioso património natural aos grandes interesses privados para que estes o explorem em seu benefício, como aliás o fazem em grande parte do litoral algarvio, incluindo nos territórios ambientalmente mais sensíveis.

Depois de o anterior Governo PSD/CDS ter iniciado a demolição de habitações, nos ilhotes da Ria Formosa e na praia de Faro, o atual Governo PS deu continuidade a esse processo, demolindo habitações nos Hangares e no Farol.

A estratégia do PS e do seu Governo para prosseguir as demolições aposta na divisão das comunidades das ilhas-barreira da Ria Formosa, apresentando legislação visando a legalização das habitações no núcleo da Culatra (e só destas) e anunciando investimentos para a requalificação deste núcleo (e só deste). Uma estratégia que assenta ainda na divisão entre aqueles que possuem casa de primeira habitação e aqueles que não possuem, entre pescadores/mariscadores e os restantes residentes, e entre aqueles que têm habitações a menos de uma determinada distância da linha de água (definida arbitrariamente) e os restantes residentes.

O anúncio – três dias antes das eleições autárquicas de 1 de outubro de 2017 – da regularização das casas dos pescadores e mariscadores e das casas de primeira habitação no núcleo da Culatra, da concretização do Projeto de Intervenção e Requalificação (PIR) da Culatra e de um investimento de 1,5 milhões de euros na requalificação desse núcleo encheu de esperança os moradores dos demais núcleos das ilhas-barreira da Ria Formosa, em particular dos Hangares e do Farol, levando-os a pensar que as suas casas também seriam legalizadas e os seus núcleos requalificados.

Mas tal ilusão pouco durou! Nos primeiros dias de janeiro de 2018, moradores dos Hangares e do Farol começaram a receber cartas comunicando a tomada de posse administrativa das casas e a sua demolição entre finais de fevereiro e início de março deste ano. Passadas as eleições autárquicas, o PS e o seu Governo insistem no objetivo de expulsão das comunidades locais das ilhas-barreira da Ria Formosa. O pesadelo das demolições está de volta!

Quanto ao PCP, como sempre, honramos os nossos compromissos. Mantemos hoje aquilo que dissemos antes das eleições. Aquilo que defendemos no Algarve é aquilo que fazemos em Lisboa, na Assembleia da República. Estamos, inequivocamente e sem subterfúgios, ao lado das populações na sua persistente e corajosa luta contra as demolições, pela requalificação de todos os núcleos populacionais das ilhas-barreira, pela defesa e preservação dos valores naturais e pela valorização das atividades produtivas na Ria Formosa.

16
Fev18

Fazer a América grande através da exploração, servidão e abuso

António Garrochinho
James Petras


A denúncia pública por milhares de mulheres e alguns homens de que foram vítimas de abuso sexual por parte dos seus patrões levanta questões fundamentais acerca das relações sociais no capitalismo americano. 

As ofensas morais são essencialmente crimes económicos e sociais. O abuso sexual é só um aspecto de dinâmicas sociais que facilitam o aumento da desigualdade e concentração de riqueza, as quais definem as práticas e valores do sistema político e económico americano.

Os bilionários e mega-milionários são eles próprios produtos da exploração intensa de dezenas de milhões de trabalhadores assalariados isolados e não organizados. A exploração capitalista está baseada numa hierarquia rígida com suas prerrogativas privadas, as quais permitem aos oligarcas exigirem seus privilégios feudais, suas predações sexuais senhoriais.

O capitalismo estado-unidense prospera e exige poder ilimitado e a capacidade de ter o tesouro público a pagar pela sua pilhagem desimpedida da terra, do trabalho, dos sistemas de transporte e do desenvolvimento tecnológico. O poder capitalista, nos Estados Unidos, não tem contrapartidas; há poucas, se é que algumas, forças para dar qualquer equilíbrio.

Hoje, 93% dos trabalhadores do sector privado dos EUA não têm representação organizada. Além disso, muitos dos 7% que estão em sindicatos são controlados e explorados por responsáveis sindicais corruptos – em aliança com o patronato.

Esta concentração de poder produz o contínuo aprofundamento das desigualdades entre o mundo dos bilionários e os milhões de trabalhadores de baixos salários.

As tão celebradas inovações tecnológicas têm sido subsidiadas pelo estado e suas instituições educacionais e de investigação. Embora estas sejam financiadas pelos contribuintes, os cidadãos-trabalhadores são marginalizados pelas mudanças tecnológicas, como a robótica, que eles originalmente financiaram. Inovações de alta tecnologia florescem porque elas concentram poder, lucros e privilégio privado.

A matriz hierárquica de poder e exploração levou à polarização das taxas de mortalidade e dos códigos morais. Para os trabalhadores pobres, a ausência de cuidados de saúde competentes levou à utilização maciça e ao abuso da prescrição de opiáceos e outras drogas viciantes. Para a classe alta, levou ao flagrante abuso físico e psicológico de empregados vulneráveis, especialmente, mas não exclusivamente, mulheres trabalhadoras jovens. Os prestigiosos media da burguesia obscurecem a polarização de classe com a constante referência ao que denominam "nossos valores democráticos partilhados".

A generalizada e crescente vulnerabilidade de trabalhadores de ambos os sexos coincide com a incorporação das mais recentes inovações tecnológicas na produção, distribuição e promoção. Isto inclui avanços electrónicos e digitais, inteligência artificial, robótica e vigilância extensiva sobre trabalhadores, os quais incorporam altos lucros para os investidores e longas horas de degradante trabalho monótono para os que manufacturam e transportam os "produtos".

A proliferação da nova tecnologia tem crescido em relação directa com a degradação do trabalho e a marginalização e banalização de trabalhadores. A Amazon e Walmart aproximam-se dos triliões de dólares de receitas vindos do consumo em massa, ainda que com a aceleração chaplinesca da corrida de humanos robotizados para atenderem noite e dia à entrega de encomendas. A indústria do entretenimento distrai a população transversalmente às linhas de classe com ofertas cada vez mais vulgares e violentas, ao passo que os barões do cinema entretêm-se com jovens trabalhadoras – as quais são despersonalizadas e mesmo violadas.

A imoralidade mais chocante revela-se por vezes e é condenada, enquanto as vítimas são temporariamente celebradas pela sua coragem em protestar. Os piores predadores pedem desculpa, desistem dos seus iates e mansões e são substituídos por novas encarnações com os mesmos poderes e as mesmas estruturas em vigor que facilitaram o abuso. Políticos correm a abraçar as vítimas numa espécie de " Síndrome de Munchausen por Procuração" dos políticos e dos media quando alguém considera o seu próprio papel como facilitador desta desumanização.

O problema não é meramente de canalhas individuais corruptos e pervertidos: É a hierarquia da desigualdade que produz e reproduz uma oferta infindável de trabalhadores vulneráveis para explorar e abusar.

As formas mais avançadas de entretenimento vicejam num ambiente de absoluta impunidade no qual a revelação ocasional de abuso ou corrupção é ocultada atrás de um pagamento monetário. A coragem de uma vítima individual capaz de atrair atenção pública é um passo em frente, mas terá maior significado se for organizada e ligada a um desafio maciço ao poder da indústria do entretenimento burguês e ao sistema de exploração de alta tecnologia. O abuso sexual de um indivíduo no lugar de trabalho é apenas parte de uma cadeia que começa com a exploração dos trabalhadores em geral e só pode ser travada através da sua organização colectiva.

Pode alguém dizer com uma cara séria dizer que os EUA permanecem uma nação de cidadãos livres e autónomos? A servidão e a degradação moral são o resultado de uma classe trabalhadora atomizada e impotente que pode [apenas] mudar de um patrão para outro ou de um presidente vulgar para um moralista hipócrita. Esperamos que as denúncias iniciem algo, mas sem organizações com consciência de classe não sabemos o que surgirá. 


O original encontra-se em www.globalresearch.ca/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 
16
Fev18

Atirador que matou 17 em escola treinou com grupo extremista branco

António Garrochinho























Atirador que matou 17 em escola treinou com grupo extremista branco

Ataque em colégio da Flórida foi o 8º em uma escola americana este ano, mas é a primeira vez que pode haver uma ligação com supremacistas; FBI ainda não confirmou informação















PARKLAND, ESTADOS UNIDOS - O atirador Nikolas Cruz, que matou 17 pessoas na escola de ensino médio Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, na Flórida, era membro do grupo supremacista branco República da Flórida e participou de treinamento paramilitar com a organização em novembro, em Tallahassee, no norte do Estado. A informação foi dada nesta quinta-feira, dia 15, pelo próprio líder do grupo, Jordan Jereb. O FBI não confirmou a ligação.
O ataque a tiros no colégio Marjory Stoneman Douglas, na quarta-feira, foi o 8.º em uma escola americana este ano – quase um atentado por semana, segundo o Washington Post. Embora ainda não confirmada oficialmente, esta poderia ser a primeira vez que há uma ligação de um atirador com uma milícia nacionalista branca. 



Atirador da Flórida
Nikolas Cruz foi acusado de 17 homicídios após o ataque na escola de Flórida  Foto: Broward County Sheriff / REUTERS
Jereb reconheceu nesta quinta-feira, dia 15, que “Cruz foi recrutado” pelo grupo, mas que “agiu por sua conta e é o único responsável pelo que fez”. O grupo, de acordo com o líder, luta para “transformar a Flórida em um Estado branco”. No site da organização há posts sobre “como espancar um antifascista” e “como abater um comunista solitário”. Há também os dez mandamentos de um militante, entre os quais “lealdade eterna ao República da Flórida”, “à raça branca” e “desejo de entrar em combate”. Em um post sobre “itens essenciais”, o primeiro é um kit de primeiros socorros, o segundo, uma arma, de preferência “uma de bom calibre”.

Sinais de alerta. Nesta quinta-feira, dia 15, o youtuber americano Ben Bennight disse que apresentou uma denúncia ao FBI em setembro de 2017 por um comentário feito por um jovem com o mesmo nome do responsável pelo massacre na Flórida. No comentário, o usuários “nikolas cruz” dizia que se tornaria um “atirador profissional contra escolas”. Em comunicado, o FBI reconheceu que foi alertado, que os agentes realizaram uma “revisão em bases de dados e outras checagens, mas não foram capazes de identificar a pessoa que publicou o comentário”.
Havia outros sinais indicando que Cruz poderia cometer um ataque como o de quarta-feira. Ele apresentava problemas psicológicos e comportamento violento desde que seu pai adotivo, Roger Cruz, morreu, em 2010. Ele e a mulher, Lynda, tinham adotado Cruz e seu irmão biológico, Zachary. Depois da morte do pai, Nikolas Cruz se tornou problemático. Segundo vizinhos, várias vezes a polícia foi chamada para impedir agressões cometidas por ele. Em razão de episódios de violência, ele foi expulso do colégio.
O prefeito do condado de Broward, Beam Furr, disse à CNN que Cruz havia recebido tratamento em uma clínica de saúde mental por um tempo, mas que deixou de frequentar o local havia mais de um ano. “Nós tentamos cuidar deles, mas, neste caso, não encontramos maneira de lidar com a situação”, afirmou. Fora do radar dos serviços de assistência social, Cruz passou a usar a internet para aprender sobre armas e entrar em contato com grupos extremistas

VÍDEO





Em novembro, Lynda Cruz, de 68 anos, morreu de pneumonia. Cruz e o irmão foram morar com amigos. Meses antes, ele comprou legalmente um fuzil AR-15 em uma loja de Broward. Na Flórida, maiores de 18 anos sem ficha criminal podem comprar armas. Foi com a AR-15 que ele matou 17 pessoas. Cruz está preso e foi acusado nesta quinta-feira, dia 15, de 17 homicídios premeditados. Ele pode ser condenado à morte. 






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Atirador da Flórida é problemático e fã de armas



Nesta quinta-feira, dia 15, em seu primeiro pronunciamento depois do ataque, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o país precisa mudar seu comportamento em relação ao tratamento de saúde mental. “Estamos empenhados em trabalhar com líderes estaduais e locais para ajudar a proteger nossas escolas e enfrentar a difícil questão da saúde mental.” No entanto, em nenhum momento, Trump mencionou o controle sobre a venda e o porte de armas nos EUA. 


/ W.POST, NYT e AP


internacional.estadao.com.br

16
Fev18

O Cavalo de Ruuskanen - Bertolt Brecht.

António Garrochinho


Ao chegar o terceiro inverno da crise do mundo
Os camponeses de Nivala derrubaram árvores como de costume
E como de costume os cavalos pequenos arrastaram os troncos de madeira
Até os rios, mas este ano
Receberam apenas cinco marcos finlandeses por um tronco, o preço portanto
De um pedaço de sabão. E ao chegar a quarta primavera da crise
Foram leiloadas as propriedades dos que não haviam pago os impostos no outono.
E os que haviam pago não puderam comprar rações para seus cavalos
Indispensáveis no trabalho da floresta e do campo
De modo que as costelas dos cavalos apontavam no
Pêlo sem lustre, e então o magistrado de Nivala
Foi ao camponês Ruuskanen, em seu campo, e falou
Com autoridade: “Você não sabe que existe uma lei que
Proíbe a judiação de animais? Olhe seu cavalo. As costelas
Estão à mostra. Este cavalo está doente
E deve ser morto”. E foi embora. Mas três dias depois
Ao voltar, ele viu Ruuskanen novamente
Com seu cavalo esquálido no campo minúsculo, como se
Nada tivesse acontecido e não houvesse lei nem magistrado.
Aborrecido
Enviou dois guardas com ordens estritas
De tomar o cavalo a Ruuskanen e levar
O animal maltratado imediatamente ao matadouro.
Mas os guardas, puxando o cavalo de Ruuskanen
Através da aldeia, viam, olhando em torno
Cada vez mais camponeses saindo das casas
Seguindo-os atrás do cavalo, e no fim do povoado
Pararam, inseguros, e o camponês Niskanen
Um homem devoto, amigo de Ruuskanen, sugeriu
Que a vila arranjasse alguma ração para o cavalo, de modo que
A matança não fosse necessária. Então, em vez do cavalo
Os guardas levaram consigo de volta, ao magistrado amante dos bichos
O camponês Niskanen com sua feliz mensagem
Em favor do cavalo de Ruuskanen. “Ouça, senhor magistrado”, disse ele
“Este cavalo não está doente, apenas sem ração, e Ruuskanen
Morrerá de fome sem seu cavalo. Mate o cavalo
E logo terá que matar o próprio homem, senhor magistrado.”
“Olhe como fala comigo”, disse o magistrado. “O
Cavalo está doente e lei é lei, por isso será morto.”
Preocupados
Voltaram os dois guardas com Niskanen
Retiraram do estábulo de Ruuskanen o cavalo de Ruuskanen
Prepararam-se para levá-lo ao matadouro, mas
Ao chegarem novamente à saída do lugar, lá estavam
Cinquenta camponeses como se fossem grandes pedras, e
Olhavam em silêncio para os dois guardas. Em silêncio
Deixaram estes o cavalo velho na saída do lugar.
E sempre em silêncio
Os camponeses de Nivala conduziram o cavalo de Ruuskanen
De volta ao estábulo.
“Isto é rebelião”, disse o magistrado. Um dia depois
Uma dúzia de guardas com rifles chegou com o trem de Oulu
A Nivala, a vila tão agradavelmente situada
Rodeada de prados, apenas para demonstrar
Que lei é lei. Naquela tarde
Os camponeses retiraram das paredes nuas
Seus fuzis, pendurados junto aos quadros
Pintados com frases bíblicas. Os velhos fuzis
Da guerra civil de 1918, que lhes haviam distibuído
Para usar contra os vermelhos. Agora
Apontavam-nos contra os doze guardas
De Oulu. Naquela mesma noite
Trezentos camponeses, vindos de muitas
Aldeias vizinhas, sitiaram a casa do magistrado
Na colina perto da igreja. Hesitante
O magistrado apareceu na escada, acenou com a mão branca e
Falou do cavalo de Ruuskanen com palavras bonitas
Prometendo deixá-lo viver, mas os camponeses
Já não falavam do cavalo de Ruuskanen, mas sim exigiam
Que os leilões cessassem e que os impostos
Fossem perdoados. Amedrontado até a morte
O magistrado correu ao telefone, pois os camponeses
Haviam esquecido não apenas que havia uma lei, mas também
Que havia um telefone na casa do magistrado, e agora ele telefonava
Seu grito de socorro a Helsinquia, e na mesma noite
Chegaram de Helsinquia, a capital, em sete veículos
Duzentos soldados com metralhadoras, na frente
Um tanque. E com esta máquina de guerra
Foram derrotados os camponeses, açoitados na Casa do Povo
Seus líderes arrastados ao Tribunal de Nivala e condenados
A um ano e meio de prisão, para que a ordem
Fosse restaurada em Nivala.
Mas sobretudo, em seguida somente
O cavalo de Ruuskanen foi amnistiado
Por intervenção pessoal do Ministro do Estado
Em resposta às muitas cartas recebidas.
Bertolt Brecht.
Poemas: 1913-1956
16
Fev18

VÍDEO - VIAJE PELA ÁFRICA DO SUL NA PROCURA DO LEÃO BRANCO DE TIMBAVATI

António Garrochinho

Em busca do extraordinário, belo e mortífero Leão Branco de Timbavati

Dominic Monaghan é um aventureiro apaixonado por criaturas selvagens e estranhas.


Confira agora como foi a sua viagem para a África do Sul, em que ele estava procurando pelo raro e belíssimo Leão Branco de Timbavati, que possui apenas alguns poucos exemplares na natureza.

Sem mais delongas, vamos ao vídeo:


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tudorocha.blogspot.pt

16
Fev18

VÍDEO - ENQUANTO ISSO UM GRUPO DE ESTUDANTES DE UMA ACADEMIA DE AVIAÇÃO APROVEITA UM DIA DE SOL NO LAGO GELADO BAIKAL

António Garrochinho


Vários membros de um clube de natação na cidade russa de Irkutsk, Sibéria oriental, realizaram o que poderia ser considerado o Desafio Satisfaction mais extremo até agora. O desafio viral foi iniciado por um videoclipe humorísticoem que estudantes de uma academia de aviação russa dançam ao ritmo de "Satisfaction", do DJ Benny Benassi. No entanto, desta vez homens e mulheres de diferentes idades, e vestindo roupas de banho, enfrentam baixas temperaturas para mostrar seus atributos em um poço de águas geladas do lago Baikal.

VÍDEO



www.mdig.com.br
16
Fev18

AS CASAS COM TELHADOS DE ALGAS DA ILHA DE LAESO

António Garrochinho
Na ilha de Læsø, localizada ao largo da costa da Dinamarca, existem casas com telhados feitos com algas marinhas. Estes telhados podem alcanças até um metro de espessura, e da maneira como pendem sobre as paredes, a casa parece estar vestindo um manto (ou um gorro). Além do seu tamanho enorme, eles se parecem muito com palha, mas as algas marinhas são muito mais duráveis. Alguns desses telhados têm mais de 300 anos de idade e são uma característica única da ilha de Læsø.

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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 01
A prática de construir telhados com algas marinhas -na verdade é uma grama marinha chamada zostera- remonta ao momento em que a ilha de Læsø teve uma indústria de sal florescente. A ilha estava praticamente mergulhada em sal. As águas subterrâneas tinham mais de 15% de sal, e durante os verões quentes e secos, elas cristalizavam naturalmente em grandes prados salgados.

Centenas de fornos de sal foram construídos na ilha para refinar o sal. Eles precisavam de combustível que era fornecido pelos bosques limitados da ilha, até um dia em que os ilhéus cortaram a última árvore. Sem madeira para os fornos, a indústria do sal de Læsø entrou em colapso. Sem árvores para mitigar o vento, as aldeias de Læsø foram enterradas em tempestades de areia. O ar tornou-se cheio de sal marinho e inibiu o crescimento de qualquer tipo de plantas, mesmo a grama.

Læsø, no entanto, tinha muito enxofre e madeira flutuante. Assim, as pessoas começaram a usar a madeira flutuante para construir suas casas e a zotera foi usada para o telhado. A grama cresce nos estuários da ilha e uma vez foi tão abundante que frequentemente tomava as margens.

Elas têm longas folhas, na cor verde claro, semelhantes a uma fita de cerca de um centímetro de largura e até 2 metros de comprimento. Os agricultores as recolhiam na praia e, uma vez secas, eram empacotadas e retorcidas em cordas grossas que foram então tecidas para formar um telhado. Tradicionalmente, os feixes de algas marinhas foram feitos pelas mulheres da ilha. Cerca de cem mulheres e jovens participaram dessas atividades.

Como o enxerto é impregnado com sal, o telhado não cai facilmente e pode sobreviver por centenas de anos. À medida que o teto envelhece, solidifica em uma massa sólida que não é apenas impermeável, mas também à prova de fogo e pode ser pisada sem causar danos. Há séculos, os ilhéus ficavam no topo de suas casas com um telescópio, olhando pela ilha plana e sem árvores para ver os navios apanhados em tempestades. Os naufrágios eram a única fonte de madeira em Læsø.

Os telhados também são excepcionalmente pesados. Henning Johansen, que está revivendo a arte da palha de algas marinhas, estima que apenas um metro quadrado de telhado pesa em torno de 300 kg.

Na década de 1920, uma doença fúngica eliminou grande parte da zotera ao redor da ilha causando um declínio deste tipo de cobertura. No final do século 18, havia 250 casas e fazendas com palha de algas, agora existem menos de 20.

Hoje, a ilha foi reflorestada e os moradores não conseguem mais ver o mar a em cima dos seus telhados. Agora, muitas casas estão cercadas por árvores, protegendo-as dos ventos carregados de sal. Isso permite que a grama e outras plantas se arraiguem facilmente nos telhados de algas, que eventualmente racham e precisam ser removidos.
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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 02
Via: Jörg-Dieter Langhans
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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 03
Via: Tomasz Sienicki
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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 04
Via: TrineBM
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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 05
Via: Beth/
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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 06
Via: Gert Pedersen
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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 07
Via: Pedersen
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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 08
Via: Frilandsmuseet
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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 09
Via: Visit Laeso
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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 10
Via: They ear of mud
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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 11
Via: KulturaRV
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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 12
Via: Lammik
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As casas cobertas com algas da Ilha de Læsø 13
Via: TangTag

www.mdig.com.br

16
Fev18

As negociatas dos anteriores governos

António Garrochinho




Quem paga a factura é o ZÉ
"Pelas contas da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), os portugueses vão suportar este ano um valor de 88,4 milhões de euros pelo chamado serviço de "interruptibilidade", escreve o Público na sua edição desta sexta-feira, 16 de Fevereiro.

Este serviço garante um desconto na factura eléctrica a empresas industriais que constam na lista dos grandes consumidores que se disponibilizaram para reduzir os seus próprios consumos em casos de emergência ou de eventuais desequilíbrios  entre a procura e a oferta que possam vir a provocar um apagão.

Também segundo o jornal, dos 88,4 milhões estimados pela ERSE para 2018, 20 milhões irão para a Siderurgia Nacional que, sozinha, é responsável por 2,5% do consumo de electricidade. Actualmente são cerca de 50 as empresas que recebem.

No ano passado o custo da interuptibilidade para os portugueses tinha sido de mais cerca de 24 milhões de euros. O governo prometeu introduzir concursos para reduzir este custo para os consumidores, mas tal ainda não aconteceu."


foicebook.blogspot.pt
16
Fev18

Um instrumento da classe dominante

António Garrochinho


Leis engessadas

Zillah Branco *

SAMUEL JOHSON EM 1801, ANTES DA "LEI DA UNIÃO" ENTRAR EM VIGOR PARA PERMITIR QUE A IRLANDA FOSSE ADMITIDA NO IMPÉRIO BRITÂNICO, ACONSELHOU CAVALHEIRESCAMENTE A UM IRLANDÊS: "NÃO SE UNA A NÓS...( )... SÓ NOS UNIREMOS A VÓS PARA VOS ROUBAR".


Esta foi uma medida habitual, tomada pelas nações colonizadoras para impor a sua cultura ao povo dominado, tornando os seus elementos de identidade - a língua e as leis - obrigatórias e prioritárias. Gandhi, na luta pacífica pela independência da India, propôs a desobediência civil à Lei que proibia a produção nacional do sal indiano para que fosse importado o do Império Britânico.

A história dos Supremos Tribunais é muito esclarecedora do poder das leis usado como armas de dominação. Assim foi a do Tribunal da Inquisição, no final da Idade Média, que condenou à fogueira, entre tantos outros que contestaram os dogmas (leis engessadas) da Igreja, a Giordano Bruno, em 1600, quem dava um grande impulso à ciência universal minando o poder retrógrado da religião. Esta eliminação produziu um atraso, em anos e séculos, ao desenvolvimento da ciência retomada por Galileu, Kepler, Espinoza, Bacon, Descartes, Newton, Kant e uma plêiade de filósofos, físicos e matemáticos que desvendaram o conhecimento propiciando a evolução da humanidade. Giordano Bruno terá dito ao juiz que o condenou à morte: "Certamente você tem agora mais medo que eu!" E a história provou que sim (se é que o juiz tinha consciência da traição à Justiça que estava a ser cometida).

A Justiça hoje paira como uma exigência suprema, mas os elementos de que se compõe são as leis, cujas interpretações, feitas no interessa da elite, abrem caminhos diversificados e dependentes de condições alheias ao princípio inicial. Vemos hoje, em muitos paises, que as discussões jurídicas se eternizam anos a fio, são esquecidas pelo povo e os processos empoeiram-se nas gavetas sob o acúmulo de milhões de novos casos, até prescreverem. Ao contrário, um furto de alimento por alguém desempregado e pobre enfrenta uma lei férrea que não admite interpretações porque contraria princípios éticos ou leis morais eternas. 

O sistema capitalista, à medida em que se torna dominante e imperial, defende os seus interesses com a mentira repetida várias vezes até parecer verdade. A mídia multiplica a sua difusão acrescentando dados ilusórios que criam um contexto aparentemente verídico. Isto permite que um juiz de primeira instância faça a condenação sem provas concludentes de um personagem "a ser abatido politicamente". O processo segue o seu curso - que se supõe imparcial, de investigação dos fatos para comprovar a condenação com Justiça - até chegar ao Supremo Tribunal que enfrenta o dilema de desacreditar o sistema judicial vigente e liberar o personagem a ser abatido por contrariar os interesses da elite dominante. Nessa altura a Justiça fecha os olhos e a boca. 

Um antigo filme italiano de Pepino de Felipe apresentava com grande realismo "Um dia na vida de um juiz". Ele passara o dia tendo de condenar: uma velha prostituta por atentado à moral, um idoso famélico que matara o gato do vizinho para comer, e outros casos derivados da miséria e da incapacidade de arranjar emprego ou socorro social. No fim do dia o juiz volta ao seu gabinete onde havia um busto de Cícero e uma frase lapidar sobre a Justiça gravada a ouro no mármore. O juiz, transtornado pelas condenações historicamente "injustas" que pronunciou, brada a Cícero: "Você andava de biga, tinha escravos, nada entende da Justiça em um mundo que se pretende democrático!



* Cientista Social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Chile, Portugal e Cabo Verde


foicebook.blogspot.pt


16
Fev18

PORQUÊ ?

António Garrochinho


celulose
O Correio da Manha e a CMTV pertencem, como é sabido, à COFINA que faz parte de um gigantesco grupo empresarial que engloba uma parte importante da indústria de celulose com a Caima, Altri, Celtejo e outras empresas, tanto de pasta como papel, e mete ainda o grupo metalomecânico RAMADA, várias empresas de investimentos imobiliários, etc.
O grupo exporta só em papel cerca de 600 milhões de euros por ano. Acho interessante um grupo assim.
Só queria compreender uma coisa.
Porque razão há uma ligação tão intima entre o juiz Carlos Alexandre, o Alex do processo de limpeza das burlas de Álvaro Sobrinho, o procurador Rosário Teixeira e outros com este grande grupo industrial e financeiro?
Tudo o que o CM escreveu sobre Sócrates mostra que algumas pessoas do Ministério Público e até da PJ estão muito ligadas ao engenheiro Paulo Jorge Fernandes que é diretor/CEO e acionista principal de mais de uma dezena de empresas que parece que herdou o grupo Ramada e depois entrou ou herdou as celulósicas Caima e Celtejo, etc.
Podemos todos raciocinar tal como fez o juiz de Instrução Carlos Alexandre e o procurador Rosário Teixeira (o Meias Brancas) e até com mais certezas. Houve troca de favores e a careca foi descoberta com os resultados das análises feitas na CELTEJO colocadas pelo MP em segredo de Justiça.
Suponho que o eng. Paulo Fernandes deve ter uma raiva muito especial ao eng. J. Sócrates.Porquê? Não sei.
Mas, devemos investigar isso e saber se durante a governação Sócrates no ambiente como ministro e depois como Primeiro Ministro terá havido algo que o grupo eucaliptal do eng. Paulo não gostou.
Não vejo que haja pessoal do Ministério Público com razões particulares para liquidarem Sócrates na praça pública, já que as suas queixas por causa da insuficiência de serviços seriam muito maiores contra o governo Passos/Portas/Cristas.
E não devemos esquecer que todo a Operação Marquês começou com denúncias e reportagens publicadas pelo Correio da Manha do eng. Paulo Jorge Fernandes. A falta do til não é erro, é propositada.
Alguém deve saber qual a razão do ódio do eng. Paulo Jorge Fernandes ao eng. J.Sócrates ou ao Partido Socialista.
Admito que pode ter algo a ver com o ambiente nos tempos do governo Guterres até porque o CM foi tão bem tratado pela Autoridade Tributária e várias empresas do Grupo tanto com este governo como com os anteriores. Claro, dentro da lei.
Houve um perdão de dívida com a promessa de pagamento de uma parte substancial em prestações e não me parece que os 12,5 milhões de euros tenham grande significado num grupo que é capaz de ter vendas da ordem dos mil milhões de euros.
Aquela história do juiz Alex se mostrar muito pobre e provinciano na televisão cheirou-me a falsidade ou a uma mascarada. Ele parecia estar a fingir. Claro, a gente vê as coisas na televisão e há sempre algo que nos parece de uma determinada maneira.
(Por Dieter Dillinger, 15/02/2018)


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