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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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04
Mar18

ALGARVE . CACELA VELHA - Vento virou autocaravana em Cacela Velha e fez um ferido

António Garrochinho


O vento forte que também atingiu, esta tarde, a zona de Cabela Velha e Altura virou uma autocaravana, provocando ferimentos num dos seus ocupantes.
Segundo o site Safeplace52, a vítima, de nacionalidade francesa, foi assistida no local pelos Bombeiros de Vila Real de Santo António e levada para o hospital.
Nos concelhos de Tavira, Castro Marim e Vila Real de Santo António, os ventos muito fortes que se fizeram sentir por volta das 16h30 deste domingo provocaram a queda de árvores, postes de eletricidade, outdoors, coberturas e outras estruturas.
Num cruzamento do Aldeamento Pedras D’El Rei, perto de Cabanas de Tavira, uma árvore centenária foi mesmo arrancada pela raiz.
Foto: Safeplace52

www.sulinformacao.pt

04
Mar18

IMAGENS E VÍDEOS - MINI TORNADO EM FARO E OLHÃO TAVIRA CASTRO MARIM E MONCARAPACHO - MAU TEMPO E CHUVAS TORRENCIAIS FIZERAM MUITOS ESTRAGOS

António Garrochinho



O vento forte derrubou várias árvores e estruturas na Estrada Nacional (EN) 125, nas cidades de Faro e Olhão, provocando ainda cortes de eletricidade naquelas cidades.


VÍDEO



www.rtp.pt



VÍDEO






Um mini tornado atingiu Faro e Olhão e provocou "várias ocorrências", confirmou fonte do CDOS de Faro à SÁBADO. Segundo a agência Lusa, derrubou várias árvores e estruturas na Estrada Nacional (EN) 125 e causou cortes de electricidade nas duas cidades.


Nas redes sociais estão a circular várias imagens do fenómeno. Os ventos fortes atingiram o Fórum Algarve. Fonte do centro comercial não estava disponível para comentar à SÁBADO.


Os bombeiros estão no terreno a tentar resolver várias ocorrências relacionadas com um fenómeno extremo de vento que se registou cerca das 16:00, não havendo, para já, danos pessoais a registar, indica a agência Lusa.


O vento derrubou árvores, postes de electricidade, tendo, pelo menos, um caído na estrada, telhados, "placards" de publicidade e tapumes de obras perto de Lejana, junto a uma das entradas de Faro, com o centro comercial situado naquela zona a ser também atingido, confirmou à Lusa fonte da autarquia.


De acordo com a mesma fonte, no centro comercial Fórum Algarve há registo de vidros partidos na zona da restauração e de cadeiras arrastadas pelo vento, mas não há, por enquanto, a indicação da existência de feridos.


A freguesia do Montenegro, junto ao aeroporto da cidade, e a Estrada Nacional (EN) 125, onde se situam vários 'stands' de automóveis, foram atingidos pelo vento extremo, que causou danos em diversas estruturas.



Tornado provoca estragos nas zonas de Faro e Moncarapacho [com fotos e vídeo]

Ventos muitos fortes, provavelmente um tornado de fraca intensidade, voltaram esta tarde a provocar estragos nos concelhos de Faro e Olhão, em especial na área do Fórum Algarve e zona comercial e de oficinas vizinha, bem como em Moncarapacho e Pechão.
Árvores e estruturas caídas, como coberturas de edifícios, outdoors e anúncios luminosos, vidros partidos, vastas áreas urbanas sem luz devido à queda de postes e linhas é o resultado do forte vento que hoje, por volta das 16h05, afetou aquelas zonas.
O site da Proteção Civil apresenta 19 ocorrências nos concelhos de Faro, Olhão e Tavira, todas relacionadas com quedas de árvores, de estruturas e de linhas de eletricidade.
Ao que o Sul Informação apurou, não há registo de feridos, apenas de prejuízos muito avultados.

Vídeo de João Paulo Soares:
No Fórum Algarve, há danos materiais, sobretudo na zona da restauração, onde perto de meia centenas de vidros de proteção ficaram partidos, cadeiras e mesas voaram. Os clientes que lá estavam fugiram, abrigando-se dentro de lojas, mas não houve qualquer vítima. O centro comercial está a funcionar, apesar de algumas zonas estarem interditadas.
Além deste centro comercial, houve também danos na cobertura de outros edifícios comerciais na vizinhança, nomeadamente as instalações da Volkswagen e de outras marcas automóveis e a bomba de combustíveis da BP, como se pode ver nas imagens.
O trânsito está muito condicionado na zona do Fórum, à entrada de Faro, devido à queda de uma árvore sobre a via, portanto, se puder evite passar por ali.
Na freguesia de Montenegro, perto do Aeroporto, também houve estragos, nomeadamente com postes de eletricidade e de iluminação e árvores, caídos sobre a estrada para a Praia de Faro, obrigando também a condicionar o trânsito, que está condicionado a uma faixa.
Entretanto, o nosso jornal apurou que se terá tratado de um tornado, que foi avistado por diversas testemunhas ainda sobre a Ria Formosa, que atravessou parte do concelho de Faro e acabou por atingir também o vizinho concelho de Olhão, em especial nas zonas de Pechão e Moncarapacho, deixando um rasto de destruição à sua passagem.
Na passada quarta-feira, dia 28 de Fevereiro, Faro já tinha sido atingida por um tornado, que, neste caso, causou prejuízos sobretudo na zona da Doca.
































04
Mar18

Primeiros habitantes por ordem de chegada: indígenas brasileiros

António Garrochinho




Irecê – indígenas brasileiros



Primeiros habitantes de Irecê: Indígenas brasileiros
Índios_escravizados,_século_XIX (Wikipedia)

Irecê – Indígenas brasileiros: os povos indígenas que habitavam as terras da antiga Irecê – Bahia são de origem asiática, assim como todos os demais. Os estudiosos do assunto dizem que eles vieram da Ásia. Atravessaram a pé o Estreito de Bering, na glaciação de 62 mil anos atrás.
A caminhada durou centenas de anos até chegarem à América. Quando chegaram ao continente americano, espalharam-se rapidamente pelas extensas áreas de terra, preenchendo as selvas.
Saladino de Gusmão propôs o termo amerígena, no ano de 1936, para designar os selvagens da América. Selvagem, no caso, referia ele aos índios.
A fertilidade dos indígenas brasileiros  era no mínimo igual ou até melhor do que a nossa. Eles não fazem planejamento familiar; Além disso, já se encontravam nos solos brasileiros há no mínimo dois mil anos. Nós estamos aqui há apenas quinhentos anos. Disso podemos inferir o seguinte: quando os portugueses chegaram ao Brasil, há pouco mais de quinhentos anos, havia, no mínimo, o dobro dos atuais  cento e cinquenta e cinco milhões de brasileiros, enumerados pelo censo de 1995.
Ora, é lógico que esta enorme população de índios brasileiros não se encontrava habitando um único lugar. Encontravam-se espalhados pelas selvas brasileiras, ocupando as áreas onde posteriormente se ergueram as cidades. Embora existindo aos milhões, foram paulatinamente reduzidos a pó ou à escravidão. Restam poucos deles atualmente, se compararmos com a população de trezentos anos atrás.

Irecê e Morro do Chapéu

Os indígenas brasileiros da antiga Caraíbas, atual Irecê-Bahia, também tiveram o mesmo destino. Claro que a área da atual cidade era uma caatinga fechada.
Gabriel Soares de Souza, autor do livro “Tratado descritivo do Brasil”, publicado em 1587, enumerou, já naquele ano, centenas de grupos indígenas no Brasil.
No ano de 1652, já se falava em indígenas brasileiros que residiam em Morro do Chapéu e consequentemente em Irecê ou Caraíbas, na época, cujas terras pertenciam a Morro do Chapéu.
Caraíbas, primeiro nome de Irecê, por exemplo, refere a indígenas dos Caraíbas, uma grande família linguística, da qual fazem parte muitas tribos no Brasil. Além disso, Irecê é também um nome indígena que significa, segundo Teodoro Sampaio, “pela água, à tona d’água, à mercê da corrente“.
Os índios da região de Irecê foram descobertos, pela primeira vez, poucos anos após o descobrimento do Brasil, conforme consta nos Anais do Arquivo Público da Bahia:
“Em 1652, João Calhelha engravatava grotões e furnas de Jacobina, sempre na pista de Moribeca. Em 1658 e 59 conseguiram 50 léguas de novas sesmarias ao longo do grande rio. E os cariris, rechaçados do Morro do Chapéu para a margem direita do São Francisco, cediam lugar aos conquistadores.”1
Só no Vale do São Francisco, e Irecê pertence à bacia hidrográfica do São Francisco, existiam dezenas de grupos indígenas. Eis alguns:
Abaeté, Tamoio e Cataguá, Shacriaba, Acroá, Aricobé, Tobajara, Amoipira, Tupiná, Ocren e Sacragrinha, Tupinambá, Ponta e Massacara, Tamanquim, Caripó, Dzbucua-Cariri, Poria, Cariri,Tacaruba, Payayas, Tusha, Ouesque, Uma e Vouvé, Pancaruru, Huanoi e Chocó, Carapotó e Fulinô, Garanhum, Aramuru, Boimé, Caxago, Guaíba, Cururu, Goianá, Prakió Tacaruba, etc.
Faz parte de todo ser humano o recôndito desejo de migrar de um lugar para outro, buscando o eldorado. Do mesmo modo que viajamos de um lugar para outro em busca de um lugar melhor para fixarmos residência, eles também migravam em busca do lugar ideal para viver, isto é, o lugar que mais tinha caça, mel e terrenos férteis para cultivarem.

Belchior Dias Moreira

Pedro Calmom, um dos maiores historiadores do Brasil, menciona a presença de pessoas penetrando estas terras, em companhia de índios:
“Belchior Dias Moreira metera-se pelos gerais do Nordeste com os índios, parente de sua avó Catarina Alvares, e de sua companheira, a mãe de Robério. Não havia de ser muito diferente dos tupinambás e Caetés, cuja amizade cultivou: sumariamente vestido, a face acobreada, falando o “ABENEEGA”, comendo raízes que eles mastigavam, bebendo a água que se agasalha nas palmas do gravatá, caçando à flecha os roedores da caatinga, onde seu organismo de aço, como planta enfezada e persistente, recobrava energias …”2
A existência de índios em todo o território brasileiro é um fato insofismável. Há vestígios deles em todos os lugares. Na microrregião de Irecê é possível detectar, em diversas cidades, vestígios deixados pelos índios habitantes destas terras. Por exemplo, em América Dourada, Central, Ibipeba, Irecê e Barra do Mendes eles deixaram inscrições rupestres, desenhos de linhas, círculos, pontos, estrelas, animais e outras coisas.
Em Irecê havia outrora lajedos, cheios de tanques naturais, mais conhecidos por “tocas” ou caldeirões e até grutas de diversos formatos e profundidades.  Nestes locais havia uma diversidade incrível de pinturas indígenas. Infelizmente, no passado, não tivemos um prefeito preocupado em preservar nossas riquezas históricas, ante a ambição capitalista. Vieram os proprietários de máquinas de fazer concreto e arrasaram tudo, sem nenhuma preocupação por parte deles ou das autoridades, na preservação daquilo que seria para todos nós uma das maiores fontes históricas.


Irecê-indigenas brasileiros
Fotografia de pedras de machadinhas indígenas encontradas em Irecê, feitas há mais de dois séculos, quando esta região era habitada por índios. Naquela época os índios não tinham faca nem facão para cortar as coisas. Recorriam então a estas pedras, afiadas artesanalmente, e amarradas a um cabo de madeira resistente.

Sempre houve por parte dos “civilizados”, afora algumas exceções, uma preocupação em transmitir a todas as pessoas que os índios são selvagens. Quando avistavam uma pintura indígena, admiravam-na não por sua essência, e sim, porque foi feita por um selvagem, cuja criatividade não permitia fazer mais que uma simples pintura rupestre.
Tais raciocínios, produzidos por uma cultura que se diz superior, em detrimento de uma outra que consideram inferior, têm por fim perpetuar a ideia de que os índios são selvagens, e os brancos são civilizados.
Na realidade, eles tem as mesmas capacidades que nós, embora estejam impossibilitados, ou pelo menos não sintam o desejo de atingir nosso grau de conhecimentos, sobretudo na arte de poluir e de matar. Afinal, de que adiantaria fazer metralhadoras, se a flecha também serve para matar?

A importância dos indígenas brasileiros

Os índios nos ensinaram todo um sistema de agricultura, incluindo práticas diversas como as coivaras para as queimadas. Também deles recebemos instruções acerca do cultivo da mandioca, do milho e de outras culturas, bem como uma grande variedade de alimentos que podem ser feitos com estes produtos. Primeiro transmitiram aos colonizadores e estes a nós.
Maria Beltrão, arqueóloga famosa, chefe do Setor de Arqueologia do Museu Nacional e membro da Associação Internacional de Paleontologia Humana, além de muitos outros títulos, descobriu, na planície calcária da Chapada Diamantina, o sítio arqueológico mais antigo da América, ao qual denominou “Toca da Esperança”. Fica em Central, cidade da microrregião de Irecê..
Estudos feitos nos fósseis e nas pinturas rupestres feitas por índios, encontradas neste sítio, perto de Irecê, permitiram-na concluir, após mandar fazer datações na França, que o homem baiano tem aproximadamente trezentos mil anos. Isso causou um enorme reboliço nos meios científicos, pois entra em contradição com a teoria científica vigente, para a qual os índios chegaram na América há apenas doze mil anos.
Enfim, a presença de índios na região de Irecê é muito mais antiga do que podemos imaginar.
Celene Fonseca, que faz doutorado na Escola de Altos-Estudos em Ciências Sociais, em Paris, tem ironizado a chamada História do Brasil. Segundo ela, toda a história que é ensinada nas redes de ensino particular e pública, visa ignorar nossos descendentes índios:
“Só para início de conversa, há um paradoxo imenso no ato do tal descobrimento, visto que, chegando aqui, os portugueses encontraram os verdadeiros descobridores, os índios, que já existiam há milhares de anos.”3

Cultura europeia e preconceitos

Todos os preconceitos existentes contra os índios foram transmitidos pela cultura europeia, visando a dirimir um pouco a consciência dos ditos “civilizados”. Por causa desses ensinamentos, a sociedade, em sua maioria, fica parada. Aceita com naturalidade a grilagem de terras indígenas e a matança deles, quando há resistência. O objetivo é exterminá-los totalmente, “limpar o mapa”, como dizia Jerônimo Alburquerque, no comando de forças pernambucanas, para vingar a morte dum bispo, supostamente morto por índios.
Mais de quatrocentos anos passaram-se desde o descobrimento, para que o Brasil fizesse alusão ao direito dos índios à posse da terra e à conservação de seus costumes. Assim, no ano de 1910, o Marechal Cândido Rondom criou o SPI Serviço de Proteção ao Índio, posteriormente substituído pela Funai.
Embora milhares de indígenas brasileiros habitassem as terras da atual Irecê – Bahia e microrregião, não tiveram sequer reconhecido o direito a sete palmos de terras. Muitos deles tombaram vítimas de tiros e afiados punhais. Alguns dos que restaram vivos fugiram para outras terras. Outros foram capturados e transformados em escravos, para trabalharem nas terras que outrora pertenciam a estrangeiros e descendentes.
<<< OS PRIMEIROS PROPRIETÁRIOS DE IRECÊ   |   PRIMEIROS  HABITANTES POR ORDEM DE CHEGADA: ESTRANGEIROS E DESCENDENTES   >>>
Fonte: blog Jackson Mensagem Livros do escritor Jackson Rubem, impressos e online.
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Referências:
1.Anais do Arquivo Público da Bahia, vol. XXIV.
2.Pedro Calmom, História da Casa da Torre, 1958, p. 49.
3.Jornal A Tarde, Quarta-feira, 23 de Abril de 1997, “Historiadora ironiza o Dia do
 Descobrimento”

www.jacksonmensagem.com


Povos Indígenas no Brasil


Povos Indígenas


Resultado de imagem para PEDRA SEMELHANTE A UMA MULHER
Falar, hoje, em povos indígenas no Brasil significa reconhecer, basicamente, seis coisas:
Nestas terras colonizadas por portugueses, onde viria a se formar um país chamado Brasil, já havia populações humanas que ocupavam territórios específicos;Não sabemos exatamente de onde vieram; dizemos que são “originárias” ou “nativas” porque estavam por aqui antes da ocupação européia;
Certos grupos de pessoas que vivem atualmente no território brasileiro estão historicamente vinculados a esses primeiros povos;
Os índios que estão hoje no Brasil têm uma longa história, que começou a se diferenciar daquela da civilização ocidental ainda na chamada “pré-história” (com fluxos migratórios do “Velho Mundo” para a América ocorridos há dezenas de milhares de anos); a história “deles” voltou a se aproximar da “nossa” há cerca de, apenas, 500 anos (com a chegada dos portugueses);
Como todo grupo humano, os povos indígenas têm culturas que resultam da história de relações que se dão entre os próprios homens e entre estes e o meio ambiente; uma história que, no seu caso, foi (e continua sendo) drasticamente alterada pela realidade da colonização;
A divisão territorial em países (Brasil, Venezuela, Bolívia etc.) não coincide, necessariamente, com a ocupação indígena do espaço; em muitos casos, os povos que hoje vivem em uma região de fronteiras internacionais já ocupavam essa área antes da criação das divisões entre os países; é por isso que faz mais sentido dizer povos indígenas no Brasil do que do Brasil.
A expressão genérica povos indígenas refere-se aos grupos humanos espalhados por todo o mundo, e que são bastante diferentes entre si.
É apenas o uso corrente da linguagem que faz com que, em nosso país e em outros, fale-se em povos indígenas, ao passo que, na Austrália, por exemplo, a forma genérica para designá-los seja aborígines.
O que todos os povos indígenas têm em comum? Antes de tudo, o fato de cada qual se identificar como uma coletividade específica, distinta de outras com as quais convive e, principalmente, do conjunto da sociedade nacional na qual está inserida.

Contato com não-índios

Muitos povos reúnem, em seu cotidiano, modos de viver herdados de seus antepassados, além  de produtos, instituições e relações sociais adquiridas após a intensificação do contato com os “brancos”. Nesse ponto, não diferem muito de “nós”, brasileiros não-índios, afinal vivemos em uma sociedade continuamente influenciada por outras tradições culturais. Por exemplo, este site da Internet, onde agora nos encontramos, ou as cadeias de fast-foodespalhadas pelas cidades de nosso país são pequenas provas de que nossa língua e nossa cultura também sofrem influências de outras.

Mudanças no modo de viver

O contato com a nossa sociedade certamente trouxe muitas mudanças no modo de viver dos povos indígenas. Em relação a esse assunto, é preciso ter em mente pelo menos dois pontos.
  • As culturas indígenas não são estáticas. Ao contrário, elas são, como qualquer outra cultura, dinâmicas. Assim transformam-se ao longo do tempo, mesmo sem uma influência estrangeira. Por outro lado, é inegável que as mudanças decorrentes do contato com a nossa sociedade podem, muitas vezes, alcançar escalas preocupantes. Esse é o caso, por exemplo, de povos que perderam suas línguas maternas e, hoje, só falam o português.
  • É preciso dizer que por trás das mudanças, cujo ritmo e natureza são diferentes em cada caso, há um aspecto fundamental: mesmo travando relações com os não-índios, os povos indígenas mantêm suas identidades e se afirmam como grupos étnicos diferenciados, portadores de tradições próprias. E isso vale também para os povos que vivem em situações de contato mais intenso.

04
Mar18

Mulheres Himba usam defumador de ervas para cuidados de higiene

António Garrochinho
Enquanto o homem pastoreia os animais, a mulher Himba trata dos afazeres do vilarejo. (Foto: © Haroldo Castro/ÉPOCA)
Os Himba moram em casas circulares construídas em adobe. (Foto: © Haroldo Castro/ ÉPOCA)
Existem 50 a 60 mil Himba no norte da Namíbia. É um povo de pastores nômades e a essência de sua existência repousa sobre quantas cabeças de gado cada família ou clã possui. Os Himba quase desapareceram na década de 1980, quando uma forte seca matou 90% do rebanho. Gente forte do deserto, eles conseguiram sobreviver e levam uma vida pacata em lugares que, para nós urbanos, seriam rotulados de insuportáveis, seja pelo calor como pela secura. Isolado, o povo ainda guarda algumas tradições inabaláveis.
Para chegar ao povoado Otjomitjira, nosso guia Moisés Muijankwe nos conduz em uma 4x4 por um caminho de pedras que segue um rio enfeitado de palmeiras. O trajeto é difícil e leva duas horas. Ele avisa que, no vilarejo, encontraremos apenas mulheres e crianças. “De dia, os homens estão no campo, cuidando dos rebanhos de gado e de ovelhas”, diz Moisés. “Só voltam para casa no final da tarde.”
Atingimos um grupo de cabanas redondas construídas com barro e palha. As crianças são as primeiras a correr a nosso encontro, sorridentes e saudáveis. As tranças das meninas indicam sua idade. As mais jovens possuem duas tranças jogadas para frente, as adolescentes levam as tranças para atrás.
A posição das tranças das meninas Himbas indica sua idade. As mais jovens, como essa, possuem duas tranças na frente.  (Foto: © Haroldo Castro/ÉPOCA)
As mães se aproximam e também estão contentes. Não é sempre que visitantes conseguem chegar a Otjomitjira e elas sabem que, quando um carro faz o longo trajeto, o guia traz alimentos e mantimentos básicos, como sal e óleo de cozinha.
Agradecidas, elas compartilham um pouco de suas tradições. A mais importante é seu ritual de beleza cotidiano. Maeka, mãe das três crianças que nos receberam, revela como transforma pedras de minério de ferro em um pó vermelho. Ela fricciona com força o mineral em uma pedra mais dura e recolhe o pó em um recipiente que contém gordura.

Chego mais perto para entender o que guarda a vasilha. O cheiro me remete imediatamente a 9 mil km de distância, à Lhasa. A capital do Tibete é empapada com um odor semelhante, o da manteiga de iaque, o bovino doméstico do Himalaia. Eis que estou aqui entre os Himba e recebo a mesma impressão olfativa. A semelhança entre os dois odores é que ambos os produtos são manteigas rançosas, abarrotadas de moléculas de ácido butírico (butiro é manteiga em grego), substância responsável pelo cheiro forte específico.
 
As mulheres Himba adornam seu corpo até os tornozelos e as panturrilhas. (Foto: © Haroldo Castro/ÉPOCA )
Depois de misturada, Maeka passa a pasta vermelha oleosa na pele. Começa pelos braços, continua pelas pernas, lambuza todo o tronco e pescoço, esparrama pelos dois seios fartos e termina a maquiagem no rosto. Efeito benéfico deve trazer, pois sua pele não tem pintas, manchas ou rugas.
“A pasta se chama otjize. Protege do sol, do ar muito seco e dos insetos”, afirma Moisés. “Além de manteiga e pó de pedra vermelha, elas colocam cinzas.” A mistura também é passada no cabelo e as tranças femininas são ensopadas com otjize, criando longos e grossos dreadlocks. O topo da cabeça é enfeitado com pedaços de couro de gazela, usados apenas por mulheres casadas.
 
A pasta otijze é criada com pó de mineral ferroso e manteiga de cabra. (Foto: Haroldo Castro/Época )
Quase todo o corpo é coberto com a pasta otijze; apenas as pontas dos cabelos ficam soltas.  (Foto: Haroldo Castro/Época )
Mulher Himba dentro de sua casa feita de madeira e barro. (Foto: Haroldo Castro/Época )
Maeka entra em sua casa circular e regressa com um pedaço de pedra ovalado, com um buraco côncavo no centro. É como um prato fundo espesso. Ela coloca ervas secas e resinas aromáticas no centro da pedra e põe fogo na mistura. Uma fumaça azulada sai da mescla e o cheiro é bem mais agradável do que o da manteiga rançosa. Ela passa o vapor nas axilas, no pescoço, nos braços e até mesmo entre as pernas, nas suas partes íntimas. A fumaça serve como um desodorante natural”
“A tradição impede que a mulher Himba se lave”, afirma Moisés. “Banho de rio só para homens e crianças. Para perfumar seu corpo, as mulheres fazem essa defumação todos os dias.”
Para substituir o banho, Maeka faz uma defumação quotidiana com ervas e resinas.  (Foto: Haroldo Castro/Época )
Uma jovem passa o defumador de ervas em seu pescoço.  (Foto: Haroldo Castro/Época )
Difícil entender por que essas proibições chegaram até os dias de hoje. Deve ter tido alguma razão prática no passado – como escassez de água – e foi perpetuada como uma obrigação tradicional, mesmo se aqui em Otjomitjira existe um rio a 100 metros do vilarejo.

epoca.globo.com
04
Mar18

A Síria e a comunicação portuguesa dominante

António Garrochinho


A Síria e a comunicação portuguesa dominante


O MASSACRE DO SÉCULO XXI
Agostinho Lopes

“Na guerra não há apenas uma versão. Na Síria há muitas, contraditórias, confusas e nada fáceis de entender. Morte há só uma, às centenas, e cega cai sobre civis, crianças e inocentes”, João Vieira Pereira, Expresso Curto, 27FEV18.
Se as coisas são assim, e são, então porque é que os órgãos de informação ditos de referência, jornais, rádio e televisão, insistem em dar apenas uma versão (salvaguarde-se a notável excepção de Fernando Sobral, no Jornal de Negócios de 27FEV18). A versão das agências de informação dos EUA e da UE. A versão do Trump, Macron, May e companhia. A começar pelo jornalista autor daquela evidência em epígrafe. Porquê esta repetição tal e qual, onde nem os títulos mudam? “O massacre do século XXI”, “O Juízo Final”, “a violência histérica”, etc. Porquê esta dificuldade em investigar e noticiar com um mínimo de objectividade? Onde há sempre os mesmos maus, Assad, o Estado Sírio, os russos e há sempre os mesmos bons? Porquê a origem do que noticiam tem sempre como fonte um dito “Observatório Sírio dos Direitos Humanos” sedeado em Londres, quando não uns ditos “Capacetes Brancos”, transfigurados em “Defesa Civil Síria”. Porque será que no lado dos “massacrados”, não há jornalistas ocidentais? Será porque como referiu o jornalista Robert Fisk (The Independent) «Não estão lá repórteres ocidentais para os entrevistar – porque (normalmente não o dizemos) eles cortavam a cabeça, se tentássemos entrar naquele subúrbio cercado de Damasco»! Que ainda faz a seguinte anotação: «Estes grupos armados estão curiosamente ausentes quando expressamos a nossa indignação contra a carnificina em Ghouta». Como é possível que alguém dê credibilidade a um tal “analista sírio Hassan Hassan” via NPR – agência noticiosa pública do Governo dos EUA – segundo o qual “de facto os civis são um dos alvos principais dos ataques”. De que ”«A maioria dos bombardeamentos não é dirigida para as frentes de combate.»” “De que muitos dos alvos são áreas
residenciais e hospitais” (DN, 26FEV18). Porque é que de um lado estão as tropas de Assad, Rússia, Irão e do outro a “oposição”, os “rebeldes”, e outrossubstantivos colectivos, “neutros”, onde se dissolvem e desaparecem os grupos islamistas/ salafitas, isto é os grupos terroristas do Daesh e Al-Qaeda?
O mesmo passe de mágica semântica do jornal Expresso que numa notíciasobre o Afeganistão (14ABR17): numa linha era a intervenção dos EUA contra os “talibans e (…) Al-Qaeda”, uma linha depois eram os soviéticos contra os “guerrilheiros afegãos”! Porquê o regresso de Alepo e não de Mossul? A RTP 1 no Telejornal de 26FEV18, querendo falar de Ghouta, falou das imagens impressionantes colhidas por Drones da destruição em Alepo (?!), “esquecendo-se” aliás da reconstrução e reanimação da cidade em curso! Até a inominável trágica farsa de Srebrenica vem à colação, Ghouta a Srebrenica síria! Será que as bombas dos americanos só acertam em terroristas e as dos russos em crianças? Porquê a amnésia permanente sobre os massacres no Iémen? Na faixa de Gaza? Porquê o Assad para o Público (21FEV18) é o “ditador”, o “carniceiro”, o “assassino” e na Arábia Saudita encontramos o príncipe herdeiro saudita Mohammad bin Salman e o 1º Ministro Benjamin Netanyahu em Israel. E que chamam a Bush, a Blair (ler com urgência o Relatório do Parlamento do Reino Unido sobre o assunto), a Aznar? terroristas de Estado que massacraram milhares de crianças no Iraque e destruíram um país? Em quantos “países” quer esta gente que se divida a Síria? Nunca menos que os 7 em que se dividiu a Jugoslávia! Aliás, tantos como os que aceitam no Reino Unido e em Espanha! A duplicidade da generalidade dos nossos jornalistas lembra sempre os répteis, cuja língua, dizem, é bífida…


foicebook.blogspot.pt

04
Mar18

Que luz vem do farol? Que nos dizem os faroleiros? INTERVENÇÃO DE JERÓNIMO DE SOUSA, SECRETÁRIO-GERAL, COMÍCIO COMEMORATIVO DO 97.º ANIVERSÁRIO DO PCP «97 anos de vida e luta de um Partido que assume com energia e audácia as exigências do futuro

António Garrochinho


O titulo deste post está amarrado a outro publicado em acontecidas vésperas que conduziriam, em junho de 2011, à eleição de Passos. Lá se dizia o que lá se encontra escrito. 
A luz projetada do farol era de aviso. E o que era avisado, aconteceu.
O que nos diziam os faroleiros, então, mantém hoje toda a atualidade, pois a barca em que nos encontramos todos corre o risco de voltar ao rumo antigo...

Uma metáfora é coisa nem sempre inteligível e fechada? Lá ser, é, mas não dá lá grande trabalho deslinda-la. 
Vá lá, não custa nada! E para lhe aguçar a curiosidade, ficam algumas das  palavras de aviso:
«Os recentes desenvolvimentos após o Congresso do PSD em que este partido procura recuperar a política de agravamento da exploração, empobrecimento e desastre nacional que executou, acentuam expressões de consensualidade e regista-se a assumida articulação entre PS e PSD em torno das “ reformas estruturais” – essa enganosa designação com que se envolvem as medidas de agravamento da exploração do trabalho, de retrocesso económico e de injustiça social. Nós sabemos do que falam, quando falam em “reformas estruturais”. As suas “reformas estruturais” são as do receituário monetarista e neoliberal, confeccionadas nos laboratórios do grande capital e que os governos do PS, PSD e CDS tomaram como núcleo dos seus programas de governo nos últimos anos, aqui e na União Europeia.
Não foram tão longe como pretendiam e queriam, porque a luta contou na contenção dos seus propósitos, mas levaram longe a sua acção destruidora sob o tal chapéu reformador.
Essas “reformas” que se traduziram num criminoso programa de privatizações, incluindo de serviços públicos essenciais, de desregulação económica e de liberalização financeira, abrindo caminho ao “capitalismo de casino” que deu no que deu no BES, no BPN, no BPP, no BANIF, de desprotecção social, incluindo no desemprego, na subversão da Segurança Social que tentaram, mas não conseguiram, de desmantelamento das funções sociais do Estado, de aplicação da chamada flexibilização laboral, para sacrificar salários e direitos fundamentais dos trabalhadores e o esvaziamento da contratação colectiva, bem como a utilização de sistemas fiscais para favorecer o capital e penalizar o trabalho, entre outros.
Um caminho que pretendem não só consolidar, mas relançar afivelando a máscara das “reformas estruturais” e à sombra de uma suposta inócua descentralização (mas de facto, uma transferência de encargos e desresponsabilização do Estado) e uma consensualizada política de investimentos e aplicação de fundos comunitários, vendidos como a coisa mais natural, tão natural como o ar que respiramos.
Um primeiro passo, no caminho dos consensos e de restauração de um bloco central informal para voos mais largos, em que muitos aspiram a que a Segurança Social torne a marcar lugar.»
Jerónimo de Sousa, intervenção no Comício  
«97 anos de vida e luta de um Partido que assume com energia e audácia as exigências do futuro»
conversavinagrada.blogspot.pt 



TERVENÇÃO DE JERÓNIMO DE SOUSA, SECRETÁRIO-GERAL, COMÍCIO COMEMORATIVO DO 97.º ANIVERSÁRIO DO PCP

«97 anos de vida e luta de um Partido que assume com energia e audácia as exigências do futuro»


As nossas mais cordiais saudações a todos os que aqui estão nesta magnífica iniciativa comemorativa do 97º. Aniversário do Partido Comunista Português!
Há 97 anos, com o objectivo de construir em Portugal uma sociedade liberta da exploração do homem pelo homem, uma geração de combatentes fazia nascer no nosso País uma força política que iria inaugurar uma nova etapa no processo de desenvolvimento do movimento operário português. Brotando do seu seio e sob a influência da Revolução de Outubro, nascia o PCP - Partido Comunista Português.
Comemorar 97 anos de vida do Partido é assinalar e recordar a luta do nosso povo contra o fascismo, pela liberdade, a revolução de Abril e as suas conquistas, mas também a luta em sua defesa num combate sem tréguas contra a política de direita, de recuperação capitalista e monopolista protagonizada por PS, PSD e CDS-PP.
As centenas de iniciativas, que por todo o País, dão expressão às comemorações do 97º aniversário do Partido, são prova inequívoca da continuação da força e vitalidade deste Partido Comunista Português, do seu profundo enraizamento junto dos trabalhadores e do povo português.
Comemoramos 97 anos de vida de um Partido com uma história ímpar. Um Partido que é o resultado da abnegação de camaradas que, ao longo de décadas, enfrentaram a repressão, em alguns casos dando até a própria vida, dos seus heróis caídos na luta.
Mas é também resultado, de uma intensa e dedicada militância de muitos milhares de camaradas. Todos eles, trouxeram até nós, este Partido, com a grande vitalidade e força que hoje transporta.
A todos eles, a nossa singela, mas sentida, homenagem, nesta iniciativa de aniversário do Partido.
Homenagem que no momento em que celebramos o aniversário do nosso Partido, queremos estender a essa figura excepcional do movimento operário internacional que é Karl Marx, cujo II Centenário do nascimento o PCP comemora neste ano de 2018, sob o lema «Legado, Intervenção, Luta. Transformar o Mundo».
Homenagem justamente devida à sua obra de investigador e teórico, que tem no Capital um dos seus expoentes e à sua contribuição abnegada de dirigente revolucionário, para a luta emancipadora dos trabalhadores e dos povos.
A Marx devemos, com a colaboração do seu amigo e companheiro de luta Engels, a elaboração científica de uma nova concepção do mundo, materialista e dialéctica, apontada à efectiva libertação da Humanidade de todas as formas de exploração e opressão.
Evidenciando o papel de vanguarda da classe operária e das massas trabalhadoras na luta contra a exploração capitalista, e de força social a quem, pelas suas condições objectivas de existência, cabe a missão histórica de pôr fim à dominação da burguesia, Marx e Engels mostraram igualmente que, na sua libertação do jugo do capital, a classe operária precisa de se organizar em Partido autónomo, com um programa de classe próprio — o Partido Comunista.
É de Marx e de Engels a elaboração do primeiro programa de acção dos comunistas, organizados na Liga dos Comunistas, o Manifesto do Partido Comunista, apresentado em 1848 «abertamente perante o mundo inteiro», como nele se proclama — o seu «mérito» consistia em que «nós não queremos antecipar dogmaticamente o mundo, mas encontrar, a partir da crítica do mundo velho, o mundo novo».
Uma sociedade em que seja posto fim à escravidão assalariada a que a sociedade capitalista condena os trabalhadores por não terem nada de seu a não ser a sua força de trabalho, numa troca desigual e subordinada de exploração.
O património teórico que a prodigiosa actividade científica e revolucionária de Marx legou à Humanidade não é algo de intemporal e acabado, mas ponto de partida para novos aprofundamentos e novos desenvolvimentos no conhecimento e na resposta às realidades de um sistema assente na exploração capitalista.
Um património que resistiu à erosão do tempo e se afirmou como a mais poderosa arma de transformação social emancipadora.
Um património que se enriqueceu e desenvolveu com a luta do movimento comunista e revolucionário mundial e as experiências de inúmeros combates libertadores dos trabalhadores dos países capitalistas, do movimento de libertação dos povos colonizados, dos países socialistas, de amplos movimentos democráticos, anti-imperialistas e em defesa da paz.
Enriquecimento que teve em Lenine uma marcante contribuição, tão marcante que o Movimento Comunista Internacional e o nosso Partido associaram no conceito de marxismo-leninismo todo o conjunto desse património teórico comum.
Esse património que não se toma como uma doutrina revelada, mas “um guia para a acção”, um instrumento para a “análise concreta da situação concreta”. Um património que o conjunto de iniciativas programadas das comemorações sobre o II centenário do nascimento de Marx promovidas pelo PCP continuará a valorizar e dar a conhecer, mostrando a sua actualidade e redobrada utilidade como instrumento de conhecimento e transformação do mundo.
De um mundo que é hoje, nesta segunda década do Século XXI que vivemos, crescentemente desigual, desumano e mais perigoso. Um mundo marcado por uma grande instabilidade e incerteza, pelo acumular de perigos decorrentes da ofensiva exploradora e agressiva do imperialismo, em particular dos Estados Unidos da América.
Um mundo onde as principais potências imperialistas mundiais estão em permanente confronto com os povos e países que afirmem a sua soberania e independência e o direito ao desenvolvimento e onde está presente a sua opção pelo militarismo, desestabilização, ingerência, chantagem nuclear e guerra. Uma opção bem patente no acumular de tensões e perigos de guerra em várias regiões do Mundo.
Uma situação que é indissociável do aprofundamento da crise estrutural do capitalismo, em resultado do contínuo agravamento das suas contradições.
Ao contrário de um anunciado tempo de prosperidade e paz e de prometidas soluções para os problemas da humanidade que os propagandistas do capitalismo difundiam, na sequência da derrota do socialismo na URSS e no Leste Europeu, temos hoje um mundo com problemas agravados e sem perspectiva de solução no quadro de um sistema capitalista que apura a sua natureza exploradora, opressiva, agressiva e predadora.
Um mundo onde se agravaram e continuam a agravar as desigualdades sociais, onde cresce o desemprego, a fome e a miséria. Um mundo onde os cuidados primários de saúde são negados a milhões de seres humanos.
Um mundo onde o imperialismo liberto do factor de contenção que a União Soviética e os países socialistas então constituíam, leva a guerra e a destruição aos quatro cantos do mundo, sempre a pensar na exploração e na ganância do lucro.
Contudo, a roda da história não pára. A luta dos trabalhadores e dos povos, por todo o mundo, os processos revolucionários, progressistas, anti-imperialistas desenvolvidos nuns casos, aprofundados em outros, demonstram que é possível resistir, avançar e vencer.
É a própria vida que se encarrega de demonstrar todos os dias que o capitalismo não é a solução para os problemas da humanidade!
Com uma história marcada pela guerra, pelos crimes contra a humanidade, pelo sofrimento de milhões de seres humanos, pela irracionalidade económica e destruição de importantes recursos naturais, a sua superação revolucionária é indispensável, é inevitável!
Há dois anos e meio, com a luta dos trabalhadores e do povo e com a intervenção do PCP, foi possível pôr termo à acção destruidora do Governo PSD/CDS-PP. Foi possível, como há muito não acontecia, retomar no País a aprovação de medidas não só de reposição de direitos liquidados como de novos avanços e conquistas. São conquistas e avanços que devemos valorizar. São propostas do PCP que ou já melhoraram ou vão melhorar a vida de muitos milhares de portugueses.
Propostas que se traduzem em medidas nos domínios da reposição de salários extorquidos, no melhoramento geral das reformas e pensões, de desagravamento fiscal sobre os rendimentos do trabalho no IRS e do IMI, na reposição dos feriados roubados e no horário de trabalho de 35 horas, no alargamento e na majoração de abonos de família, na gratuitidade dos manuais escolares e muitas outras que agora se alargam à medida que forem sendo concretizadas as medidas previstas no Orçamento do Estado deste ano de 2018, onde pesa, e bem, a decisiva contribuição do nosso Partido.
Uma contribuição que se traduziu em dezenas de propostas aprovadas, apresentadas pelo Grupo Parlamentar do PCP e que significarão novos avanços no melhoria das pensões com um novo aumento extraordinário. Mas igualmente uma nova redução da carga fiscal sobre os trabalhadores e reformados no IRS, o descongelamento da progressão nas carreiras da Administração Pública, a reposição do valor do trabalho extraordinário e do trabalho nocturno, a eliminação do corte de 10% no subsídio de desemprego, o alargamento do apoio aos desempregados de longa duração, o alargamento da gratuitidade dos manuais escolares aos 200 mil alunos do 2.º ciclo, entre muitas outras, no domínio dos serviços públicos e no apoio às micro, pequenas e médias empresas.
Mas se há elementos positivos registados na evolução da situação do País, mantêm-se porém, muitos problemas a carecerem de resposta.
A situação do País nos últimos anos permite sublinhar alguns elementos importantes.
A luta dos trabalhadores e do povo e a intervenção do PCP conseguiram derrotar e afastar o Governo PSD/CDS, conseguiram reais avanços na defesa, reposição e conquista de direitos, provando, mais uma vez, que nada é oferecido que tudo é conquistado, que a luta dos trabalhadores e do povo e a intervenção do Partido, com determinação e persistência, torna realidade aquilo que muitos pensavam ser impossível.
Comprovou também que a defesa, reposição e conquista de direitos, indispensável para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo constitui ao mesmo tempo um factor decisivo para o crescimento económico e a criação de emprego, e que a política de agravamento da exploração e empobrecimento, de cortes nos salários, nas pensões e em outros direitos sociais foi, não só uma política de injustiça social, mas também de recessão, desemprego e afundamento do País.
Estes avanços foram alcançados numa situação em que havendo um governo minoritário do PS, este partido não tem deputados suficientes para determinar o que quer. Avanços que um governo do PS, noutras circunstâncias, não adoptaria, como nunca antes adoptou. Cada avanço foi conquistado a pulso face às resistências do PS num caminho que mostra o valor determinante da influência do PCP e da sua intervenção para assegurar a defesa e valorização dos direitos dos trabalhadores e do povo.
Na actual situação evidencia-se a manutenção de graves problemas nacionais, consequência duradoura da política de direita brutalmente agravada com os PEC e com o Pacto de Agressão subscrito por PS, PSD e CDS-PP e aplicado pelo Governo PSD/CDS-PP. Problemas que persistem e se agravam com as opções de classe do PS e do seu Governo, em convergência com o PSD e o CDS-PP.
Os sectores estratégicos da economia estão hoje dominados pelos monopólios, nacionais e sobretudo estrangeiros, com sucessivos governos a tomar partido pelo grande capital. Prossegue uma política orientada por opções de contenção do crescimento dos salários. A precariedade continua a assumir uma grande dimensão, acentua-se a desregulação dos horários de trabalho, a repressão e violação dos direitos e liberdades de organização e intervenção sindical, incluindo o direito à greve, a contratação colectiva continua sujeita à caducidade, e as normas gravosas inscritas no Código do Trabalho e na Legislação laboral da Administração Pública não foram revistas.
Os serviços públicos continuam com falta de trabalhadores, de equipamentos, de investimento na sua manutenção e reforço com consequências na resposta às populações. A situação vivida na saúde ou nas empresas públicas de transportes, é um bom exemplo disso mesmo.
A dívida pública continua a ser um sorvedouro de recursos nacionais. A natureza de classe das políticas da União Europeia e do Euro está em confronto com a necessidade de uma política que adopte medidas estruturais que respondam verdadeiramente aos défices e problemas que o País enfrenta.
Numa correlação de forças que permitiria dar resposta aos problemas do País, isso só não se concretiza porque o PS e o seu governo, em convergência com o PSD e o CDS-PP, confirma o seu compromisso com os interesses do grande capital e a sua submissão às imposições do Euro e da União Europeia.
Os recentes desenvolvimentos após o Congresso do PSD em que este partido procura recuperar a política de agravamento da exploração, empobrecimento e desastre nacional que executou, acentuam expressões de consensualidade e regista-se a assumida articulação entre PS e PSD em torno das “ reformas estruturais” – essa enganosa designação com que se envolvem as medidas de agravamento da exploração do trabalho, de retrocesso económico e de injustiça social. Nós sabemos do que falam, quando falam em “reformas estruturais”. As suas “reformas estruturais” são as do receituário monetarista e neoliberal, confeccionadas nos laboratórios do grande capital e que os governos do PS, PSD e CDS tomaram como núcleo dos seus programas de governo nos últimos anos, aqui e na União Europeia.
Não foram tão longe como pretendiam e queriam, porque a luta contou na contenção dos seus propósitos, mas levaram longe a sua acção destruidora sob o tal chapéu reformador.
Essas “reformas” que se traduziram num criminoso programa de privatizações, incluindo de serviços públicos essenciais, de desregulação económica e de liberalização financeira, abrindo caminho ao “capitalismo de casino” que deu no que deu no BES, no BPN, no BPP, no BANIF, de desprotecção social, incluindo no desemprego, na subversão da Segurança Social que tentaram, mas não conseguiram, de desmantelamento das funções sociais do Estado, de aplicação da chamada flexibilização laboral, para sacrificar salários e direitos fundamentais dos trabalhadores e o esvaziamento da contratação colectiva, bem como a utilização de sistemas fiscais para favorecer o capital e penalizar o trabalho, entre outros.
Um caminho que pretendem não só consolidar, mas relançar afivelando a máscara das “reformas estruturais” e à sombra de uma suposta inócua descentralização (mas de facto, uma transferência de encargos e desresponsabilização do Estado) e uma consensualizada política de investimentos e aplicação de fundos comunitários, vendidos como a coisa mais natural, tão natural como o ar que respiramos.
Um primeiro passo, no caminho dos consensos e de restauração de um bloco central informal para voos mais largos, em que muitos aspiram a que a Segurança Social torne a marcar lugar.
As últimas eleições legislativas demonstraram na prática que estas servem para eleger deputados para a Assembleia da República, de que resulta a sua distribuição pelos vários partidos, e não a escolha do primeiro-ministro. Como a realidade se encarregou de demonstrar, o que conta são as maiorias que se formam na Assembleia e quanto mais deputados tiver o PCP melhor para os trabalhadores, para o povo, para o País. Nenhum voto do Grupo Parlamentar do PCP faltará para rejeitar o que é negativo e para aprovar o que é necessário para ir mais longe na defesa, reposição e conquista de direitos e dar força à alternativa necessária para o País, não desperdiçando nenhuma possibilidade de o conseguir.
Romper com a política de direita, independentemente de ser realizada pelo PSD e CDS, ou pelo PS sozinho ou não, construir a alternativa política e um governo que concretize uma política alternativa é a questão essencial que se coloca aos trabalhadores e ao povo português, e cuja concretização só será possível com o decisivo reforço do PCP e da sua influência.
O PCP afirma-se como a força portadora dessa política, a Política Patriótica e de Esquerda. Uma política que rompa com a exploração, o empobrecimento, o declínio e a dependência, e assegure um Portugal com futuro, desenvolvido e soberano.
Uma Política Patriótica e de Esquerda que assumindo o compromisso com os trabalhadores e o povo, com todos os democratas e patriotas, que negoceie a dívida, recupere para o País o que é do País - os seus recursos, os seus sectores estratégicos, o seu direito inalienável ao crescimento, ao desenvolvimento e à criação de emprego - que assegure o direito à saúde, à educação, à cultura, à protecção social.
Uma Política Patriótica e de Esquerda que passa, necessariamente, por pôr Portugal a produzir, com mais agricultura, mais pescas, mais indústria, a criar mais riqueza e a distribuí-la melhor, apoiando as micro, pequenas e médias empresas, valorizando o trabalho e os trabalhadores, os seus direitos individuais e colectivos.
Nesta luta que travamos pela afirmação e concretização de uma outra política, patriótica e de esquerda, a valorização do trabalho e dos trabalhadores assume uma importante prioridade nos combates do tempo presente.
Por isso, estamos neste momento empenhados na realização de uma campanha nacional de esclarecimento, informação e contacto com os trabalhadores, com o lema «Valorizar os Trabalhadores. Mais Força ao PCP»!
Uma campanha que visa estimular a iniciativa, a acção e a luta de cada trabalhador em defesa dos seus direitos, os que estão hoje consagrados e reclamando a reposição dos que foram roubados pela política de direita, concretizada por PS, PSD e CDS, e conquistando os muitos que correspondem a uma vida digna.
Uma campanha para estimular a iniciativa reivindicativa e a luta pelo aumento dos salários; de combate às tentativas de desregulação dos horários de trabalho que estão em desenvolvimento e exigindo as 35 horas semanais para todos; de combate à precariedade, avançando com mais vigor no processo iniciado na Administração Pública e avançando também no sector privado; pela melhoria das condições de trabalho; pela eliminação das normas gravosas da legislação laboral, nomeadamente a revogação da caducidade dos Contratos Colectivos de Trabalho.
Eixo essencial de uma política alternativa, a valorização do trabalho e dos trabalhadores é não só um elemento distintivo de uma verdadeira política de esquerda, mas objecto e condição do desenvolvimento e do progresso social.
Desenvolvimento e progresso social que não pode ficar à espera, por isso o PCP tem vindo também a apresentar um conjunto de iniciativas com propostas muito concretas de reposição de direitos e rendimentos injustamente usurpados e que tardam não só a ser concretizados, como enfrentam uma inaceitável resistência por parte do PS e do seu governo.
Uma resistência bem patente na recusa no mês passado do projecto de Lei do PCP que visava a reposição do pagamento do trabalho extraordinário e o trabalho em dia feriado. Uma resistência onde PSD e CDS marcaram presença ao lado do PS no chumbo à nossa proposta, tal como já o haviam feito conjuntamente no passado recente inviabilizando a reposição de direitos fundamentais dos trabalhadores na legislação laboral. Uma posição que evidencia o compromisso de classe de uns e outros com o grande patronato. Compromisso que permanece mas questões essenciais por parte do PS, que não descola das orientações que estiveram presentes nos últimos anos e aplicadas por governos do PSD e CDS, mas também do PS, de desregulação laboral e de liquidação dos direitos do trabalho e de rebaixamento dos salários.
Uma resistência que mostra a persistência e identidade de propósitos em defesa dos grandes interesses económicos e que nos diz do muito trabalho que temos pela frente para remover as nefastas consequências sociais da velha política que indistintamente os governos de uns e de outros levaram à prática no País.
Sabemos das dificuldades que se apresentam. Sabemos da resistência e insistente acção do grande capital para consolidar os recuos impostos por governos determinados em servir os seus interesses, mas isso não pode significar um baixar de braços neste combate que estamos a travar pela valorização do trabalho e dos trabalhadores.
As propostas que temos apresentado são viáveis e correspondem a justas e sentidas aspirações dos trabalhadores.
Propostas que passam, além da reposição dos montantes e regras de cálculo do pagamento do trabalho extraordinário, trabalho suplementar e em dia feriado, pela reposição dos montantes e regras de cálculo nas compensações por cessação e despedimento, tais como a garantia do critério de um mês de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, sem limite máximo de anos.
Pela garantia do período anual de férias para a duração mínima de 25 dias úteis para todos os trabalhadores.
Pela revogação dos mecanismos de adaptabilidade individual e do banco de horas individual e outras formas de desregulação de horários.
Pela reposição do princípio do tratamento mais favorável e a proibição da caducidade dos contratos colectivos de trabalho por via da sua renovação sucessiva até à sua substituição por outro livremente negociado entre as partes.
Propostas a que se juntam a outras que têm sido também objecto de iniciativas legislativas do PCP, entre elas as dirigidas ao combate à precariedade com propostas muito concretas ou à revogação das normas da Lei de Trabalho em Funções Públicas.
Propostas que assumem uma ainda maior razão de ser quando se verifica, nestes últimos dois anos, uma estagnação média dos salários reais e o crescimento da precariedade laboral.
Uma evolução que nos diz que não basta fazer crescer a economia. É preciso que ela seja colocada ao serviço de todos e da elevação da qualidade de vida de todos os portugueses que trabalham.
E é por isso, que não vamos desistir deste combate, porque este é um combate que uma força de esquerda, como o PCP, tem que travar com toda a sua determinação!
Um combate que tem necessariamente de contar, para ter êxito, com a luta dos trabalhadores!
Luta dos trabalhadores e do povo que continua a ser, como sempre foi, o elemento decisivo para resistir, para repor, defender e conquistar direitos e para alcançar uma política alternativa. Luta que passa também pelas comemorações do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher e, em particular pela participação na Manifestação Nacional de Mulheres, promovida pelo MDM, no dia 10 de Março, em Lisboa, pelo 28 de Março, Dia Nacional da Juventude, com a manifestação nacional da juventude trabalhadora, pela dinamização das comemorações populares do 44.º aniversário da Revolução de Abril e pela preparação e realização do 1.º de Maio, convocado e organizado pela CGTP-IN, expressão reivindicativa da luta dos trabalhadores de cada empresa e sector e grande jornada de luta de todos os trabalhadores e do povo.
Não foram fáceis os primeiros anos de vida do PCP. Desde o primeiro dia, e logo a partir de 1926, com o golpe militar de 28 de Maio que conduziu à instauração da ditadura fascista, o Partido, com apenas cinco anos de existência, foi proibido e perseguido, forçado a desenvolver a sua actividade nas condições da mais severa clandestinidade e brutal repressão, incluindo sacrifício da própria vida de muitos que com a sua militância, dedicação e coragem, ajudaram a erguer, defender e construir o Partido que temos e que somos.
Não foram fáceis os primeiros anos de vida do PCP, como não o são hoje. Durante o ano de 2017, para não recuar mais, o Partido foi chamado a uma intensa intervenção com uma grande exigência e uma resposta que se valoriza. Uma resposta dada na acção política geral, no desenvolvimento da luta de massas, na preparação da Festa do Avante! na batalha das eleições autárquicas, no Centenário da Revolução de Outubro e em outras acções e iniciativas.
A actual situação e os seus desenvolvimentos exigem um PCP cada vez mais forte e mais reforçado, fortalecendo meios e capacidades e melhorando o seu aproveitamento. Mais forte e reforçado em todos os planos - político, ideológico, orgânico, financeiro -, na intervenção em todas as frentes - massas, política, institucional, eleitoral e ideológica.
Mais forte para dar mais força à luta e à intervenção política, estruturando a organização e melhorando o seu funcionamento a todos os níveis, assegurando o fortalecimento do trabalho de direcção e do trabalho colectivo, a responsabilidade individual, a iniciativa, coordenação e disciplina, assegurando a responsabilização de quadros, o funcionamento regular e eficaz dos organismos de direcção, à estruturação das organizações locais, tendo em consideração a realidade dos efectivos da organização, o seu fortalecimento, a sua renovação e rejuvenescimento, a iniciativa política e o trabalho com as novas gerações e com os reformados e pensionistas, a organização do trabalho de propaganda, sistematizando e alargando o aproveitamento dos meios electrónicos, elevando a difusão e a leitura da imprensa do Partido, nomeadamente o «Avante!» e «O Militante», assegurando a independência financeira do Partido, tendo como elemento essencial a elevação da importância das quotizações.
Mais forte e mais reforçado em especial junto dos trabalhadores, nas empresas e locais de trabalho, com uma activa política de recrutamento de novos militantes e consequente integração, prioritariamente a partir dos locais de trabalho, com a criação e dinamização de células de empresa e de locais de trabalho, assegurando a sua formação política e ideológica, particularmente evidenciada no ano em que comemoramos o II Centenário do nascimento de Karl Marx.
Nesse sentido é muito importante concretizar as decisões do Comité Central das quais se destaca a de contactar 5 mil trabalhadores e dizer-lhes porque razão consideramos muito importante, para a luta que travamos no nosso País, que se inscrevam no Partido dando-lhe assim mais força organizada, levando a bom termo a acção junto dos trabalhadores que temos em curso e que durará todo o ano, informando, ouvindo e aprendendo.
Assim, deixamos aqui o apelo a todos os camaradas presentes que olhem à sua volta, vejam quem devem contactar para aderir ao Partido e concretizem esses contactos, começando já por todos os que aqui connosco estão neste aniversário e não são membros do Partido.
Ao longo dos seus 97 anos de existência, o Partido enfrentou e passou por situações de grandes perigos e dificuldades, encontrando sempre os caminhos que lhe permitiram superar, com audácia criativa e firmeza de princípios, grandes mudanças e viragens na situação nacional e internacional.
Confiança, confiança que 97 anos de vida e luta de um Partido que, orgulhoso da sua história, aprendendo com a sua própria experiência, firme e determinado no presente, assume com energia e audácia as exigências do futuro.
Confiança num Partido que, longe de sucumbir como os seus inimigos desejariam e tantas vezes anunciaram, se afirma mais forte, mais necessário, mais determinado a prosseguir o seu caminho com os trabalhadores e o povo pelo progresso e justiça social, pela soberania e independência nacionais.
Confiança! Confiança num Partido que assume e afirma a sua identidade comunista, neste colectivo que resiste e avança, que não volta a cara às adversidades, que está onde sempre esteve, na frente da batalha pelos direitos e interesses dos trabalhadores e do povo, na vanguarda da luta por “Uma Democracia Avançada - Os Valores de Abril no Futuro de Portugal”, por uma sociedade livre da exploração do homem pelo homem, por uma terra sem amos, pelo socialismo e o comunismo.


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04
Mar18

OLHÓ AVANTE ! MAS AS CRIANÇAS SENHORES ?

António Garrochinho


Correia da Fonseca 

Mas as crianças, senhores?
É sabido que a guerra na Síria está longe de terminar, e é igualmente sabido que não terminará enquanto potências ocidentais capitaneadas pelos Estados Unidos se obstinarem em derrubar o governo de Bashar-el-Assad, réu do imperdoável delito de se entender muito bem com a Rússia, para esse tão nobre objectivo derramando sobre grupos efectivamente mercenários da região uma abundante chuva de dólares sob a forma de armas modernas, munições altamente eficazes e mão-de-obra bastante para a execução da empreitada. Entretanto, de ambos os lados da região fronteiriça com a Turquia, o povo curdo obstina-se no sonho de conseguir a autonomia/independência do Curdistão, seu país, objectivo de que a Turquia de Erdogan não quer nem sequer ouvir falar. Por tudo isto, e decerto ainda por mais motivos que aqui nos escapam, a tragédia instalou-se em Goutha, situada já nos arrabaldes de Damasco, a capital, e sobre Goutha se desencadeou uma intensa tempestade de bombas que mata não apenas os que combatem o governo mas também, talvez sobretudo, a população civil que dificilmente se lembrará ainda do tempo em que a Síria era o país mais tranquilo e socialmente mais avançado daquela zona. E, de entre os que morrem, serão mais numerosos os que mais dificuldade tenham em fugir, os velhos e as crianças. Quanto aos velhos, não há registo mediático de grandes comoções: afinal são velhos, já viveram uns tempos, estão maduros para a morte e são geralmente feios, mas a morte de crianças é uma dor de alma. Por isso as câmaras das televisões buscam os seus corpitos inertes para os mostrarem ao resto do mundo. 

Inertes e usados

A esses momentos de reportagem move-os decerto o dever de informar. Não é, porém, um dever que venha só, digamos assim. O caso é que o governo de Damasco, que até ver é o único com a legitimidade confirmada por reconhecimento internacional, tem a fama e o proveito de ser apoiado pelos russos, esses mais-que-maus, de onde ser imputada à Rússia a responsabilidade pelos bombardeamentos aéreos a Goutha, dominada pelos rebeldes. É o pavor instalado, como se imaginará, e no meio dele estão crianças a morrer em conjunto com adultos. Atentas, as reportagens dão-nos imagens desses pequenos corpos, pois que os cadáveres dos adultos já não têm interesse informativo, e dir-se-ia por vezes só faltar que sobre essas penosíssimas imagens seja posto um letreiro com a legenda «made in Russia» a fim de tornar explícita a acusação. Entendamos claramente do que se trata: é a utilização de crianças mortas como arma no combate propagandístico que sempre acompanha os conflitos bélicos, e esse processo tem na verdade uma designação que não é simpática: é uma forma peculiar de profanação de cadáveres. Talvez os pais dessas crianças tenham sido apoiantes do governo de Damasco, mas desse crime, se de crime se trata, estão os filhos inocentes. Contudo, ali estão eles, inertes, transformados em argumentos no quadro sinistro de um conflito de facto accionado de muito longe. Inertes e usados. Sem que ninguém ou quase ninguém se dê conta dessa sua última condição.


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04
Mar18

Entrevista a João Ferreira do Amaral - (Depois de sabermos que Passos Coelho vai ser contratado para leccionar como catedrático de economia, vem mesmo a propósito esta entrevista a um VERDADEIRO professor catedrático de economia. Leiam e avaliem se P

António Garrochinho


(In Expresso, 03/03/2018)
ferreira_do_amaral
(Depois de sabermos que Passos Coelho vai ser contratado para leccionar como catedrático de economia, vem mesmo a propósito esta entrevista a um VERDADEIRO professor catedrático de economia. Leiam e avaliem se Passos alguma vez teria gabarito para dar uma entrevista com o substracto que esta encerra. É como comparar um vinho Barca Velha com uma vulgar água-pé.
Comentário da Estátua, 03/03/2018

João Ferreira do Amaral é peremptório: “Nos últimos 20 anos a nossa evolução foi um desastre completo. Não vejo razão alguma para os próximos 20 anos serem melhores. Pelo contrário, acho que vão ser ainda piores”. Muito crítico da adesão portuguesa ao euro, em entrevista ao Expresso, o economista e professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) renova os alertas: o crescimento em 2017 foi “bom”, mas “a questão está em saber se temos condições a prazo para progredir. E continuo a achar que não temos. Não nos enganemos”.
Foi das primeiras vozes a opor-se à adesão portuguesa à moeda única e em 2013 disse ao Expresso que “só a saída do euro evita décadas de estagnação em Portugal”. Continua a defender o mesmo?  
Sim, e com maioria de razão. Hoje, o PIB é apenas 15% superior ao que era há 20 anos. Nunca houve um período tão longo de quase estagnação. A dívida pública multiplicou por duas vezes e meia e a dívida externa líquida, que era praticamente zero, hoje é mais de 100% do PIB. Além do desemprego ser maior. Nos últimos 20 anos — grosso modo, o período do euro — a nossa evolução foi um desastre completo. Não vejo razão alguma para os próximos 20 anos serem melhores. Pelo contrário, acho que vão ser ainda piores. Vamos atravessar uma nova fase, com uma situação muito pior à partida do que tínhamos em 1999, quando o euro foi criado.
Mas a situação económica melhorou desde 2013… 
Claro que temos uma situação económica melhor. Este Governo procedeu bem. Hoje, já se esqueceu o que foram as tentativas de pressão europeia sobre o Governo para mudar a política no início do mandato. Houve coragem em seguir uma política que, a meu ver, faz todo o sentido, impulsionando a economia através dos rendimentos, o que permitiu criar mais postos de trabalho, reduzir o desemprego, aumentar as contribuições para a Segurança Social e ir equilibrando as finanças públicas. Agora, isto é um efeito de curto prazo, que terá tendência a não se prolongar, porque as condições são muito adversas ao crescimento.
Os alertas sobre a acumulação de défices externos, gerando uma dívida insustentável, continuam válidos? Com um crescimento de 2,7% e as exportações em alta, já ninguém fala sobre isso.  
O problema de Portugal é que esquecemos rapidamente as coisas! Houve um ano bom em 2017, espero que 2018 também seja. O crescimento tem sido bom nas exportações, há equilibro da balança de pagamentos, o que é importante. O crescimento é saudável. Agora, é um crescimento dentro de um ambiente muito bom, nomeadamente ao nível financeiro, com as taxas de juro muito baixas. Se houver uma crise financeira, tudo se altera. A questão está em saber se temos condições a prazo para progredir. E continuo a achar que não temos. Não nos enganemos. Praticamente continuámos a não convergir para a média europeia. Tivemos um crescimento bom, mas, antes da moeda única, 2,7% teria sido considerado um mau ano. Isto não tira mérito ao governo. Agora, está muito longe de resolver os problemas.
OS PAÍSES ENDIVIDADOS ESTÃO MUITO MAIS VULNERÁVEIS DO QUE EM 2007. ACHO EXTRAORDINÁRIO QUE HAJA QUEM ACHE QUE OS PROBLEMAS ESTÃO RESOLVIDOS. NÃO ESTÃO
Em 2013 também disse que não é possível fazer a reestruturação necessária da economia portuguesa dentro da moeda única. Não foi feita?  
Não foi. Temos de investir muito mais em capital físico e capital humano. Ora, isso não será possível com as condicionantes financeiras de pertencermos à zona euro. Temos uma dívida pública de mais de 120% do PIB e, de acordo com o Tratado Orçamental, temos de reduzir para 60% no prazo de 20 anos. É impossível. Obrigaria a excedentes das finanças públicas que não são possíveis. Só tentar esse impossível — e o Tratado Orçamental obriga-nos a isso — será suficiente para não se investir o que é necessário. Portanto, ou se altera o Tratado e, provavelmente, teremos outra discussão terrível na zona euro, ou então, não faremos esse investimento.
Em 2016, já com este Governo, o investimento público caiu para mínimos históricos.  
Sim. É certo que também se juntou a questão do calendário dos fundos estruturais. Mas, é nítido. Normalmente, e isso é tradição há muitos anos, quando é preciso cortar nas finanças públicas, corta-se no investimento, porque é aquilo que dá origem a menos protestos. Temos de investir muito. Fala-se nas infraestruturas e equipamentos, mas acho que é no capital humano que temos de investir mais. E isso é caro. Estamos muito atrasados nesta matéria.
Podemos não cumprir o Tratado? 
O Tratado implica objetivos de défice e de dívida. No défice estamos lá perto, não é difícil cumprir 0,5% do PIB em termos estruturais. Mas, na dívida, se não cumprirmos a trajetória de redução para 60% do PIB no prazo de 20 anos, ficamos sujeitos a ter de aplicar as políticas que a Comissão Europeia achar por bem impor. E isso é inaceitável.
A dívida é a maior ameaça sobre a economia portuguesa?  
Penso que sim. O défice é mais gerível. O nosso défice podia até ter sido corrigido de forma mais gradual. O problema do programa da troika é que quis fazer tudo ao mesmo tempo, criando um desequilíbrio tremendo e um impacto social inaceitável. Penso que os programas da troika vão ficar nos anais como um disparate de política económica. Há outro aspeto que é hoje quase ultrajante: estamos dependentes das agências de rating. Isso é inaceitável e foi fruto da moeda única.
Como assim? 
Para um país da moeda única se financiar está todos os dias a olhar para o que as agências de rating dizem. Não é o caso do momento atual, porque as taxas de juro estão muito baixas. Mas, a prazo é inaceitável, significa um completo condicionamento. Isto acontece porque a única fonte que um país do euro tem hoje para se financiar é o acesso aos mercados financeiros, como uma entidade ou empresa qualquer. Nem sempre foi assim. Quando os países dispõem de emissão monetária própria, podem dosear com a utilização de financiamento monetário em situações de dificuldade. O Reino Unido fartou-se de usar e os Estados Unidos também têm usado.
Portugal tem beneficiado de juros muito baixos, também fruto da política do Banco Central Europeu. O que acontece se subirem?  
Um país que tem cento e vinte e muitos por cento de dívida pública e mais de 100% de dívida externa líquida não pode estar descansado. Qualquer problema nos mercados financeiros que implique um aumento da taxa de juro é sempre penalizador. E é evidente que o período relativamente prolongado de taxa de juro quase zero leva a uma sobrevalorização dos ativos financeiros que vai ter de ser ajustada mais cedo ou mais tarde. Isso significará uma crise e estamos singularmente mal preparados, pior preparados do que estávamos em 2007.
Aí, coloca-se de novo um cenário de crise do euro?  
Sim. Se as instituições da moeda única se mantiverem como estão, é evidente que se coloca. Até porque os países endividados estão muito mais endividados do que em 2007, logo, muito mais vulneráveis. Acho extraordinário que haja quem ache os problemas estão resolvidos. Não estão.

A voz no deserto contra o euro 
Foi uma das primeiras vozes em Portugal a manifestar oposição à adesão nacional ao projeto da moeda única europeia. Desde os finais dos anos 90 do século passado que João Ferreira do Amaral nunca mais parou de alertar para os problemas que a pertença à zona euro implicam para a economia portuguesa. Natural de Lisboa, onde nasceu em 1948, licenciou-se e doutorou-se em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa, onde é professor catedrático desde 1995. Entre outras publicações, é autor dos livros “Contra o Centralismo Europeu — Um Manifesto Autonomista” (2002), “Porque Devemos Sair do Euro” (2013), “Em defesa da independência nacional” (2014) e “A Solução Novo Escudo” (2014, em coautoria com Francisco Louçã). Também se tem dedicado à investigação histórica. É coautor do livro “Povos Antigos em Portugal” (2ª edição, 2000) e autor da obra “Celtas e Indianos em Portugal — Áreas Etno-Culturais em Portugal no I Milénio a.C.” (2017).
OUTROS ASSUNTOS 
EXPORTAÇÕES 
“As exportações beneficiaram muito com a descida do euro. Mas é inegável que houve um esforço interno importante a nível empresarial. A capacidade para aproveitar as oportunidades foi boa”
INVESTIMENTO PÚBLICO 
“A variável investimento é difícil de perceber nos Orçamentos do Estado. Antes, a informação era melhor, mais detalhada. Agora, é muito reduzida. Sabemos pouco sobre o que está a acontecer com o investimento público e era útil saber mais”
GERINGONÇA 
“Foi uma inovação, que está a funcionar. Penso que pouca gente acreditaria que desse resultado, mas a verdade é que deu. E tem contribuído para a alteração da política. Isso deve-se, de facto, ao António Costa”
ESTADOS DO LESTE EUROPEU 
“Temos autoridades com ações duvidosas do ponto de vista das próprias leis comunitárias e com um conceito de democracia muito sui generis. É o mínimo que se pode dizer”
BREXIT 
“Foi uma surpresa. Acaba por fazer tomar a consciência que o projeto europeu está a patinar”

“O euro é uma tentativa de forçar a criação de um Estado europeu”
“A Europa da União Europeia é ultracentralista e de criação tendencial de um superestado europeu”, considera João Ferreira do Amaral. O professor do ISEG diz que “gostava” da Europa das comunidades, mas “não gosta” da União Europeia.
Há consciência na zona euro de que há problemas por resolver?  
Penso que há consciência de que isto não funciona. Daí a pressão para tentar encontrar dentro da zona euro mecanismos que melhorem as perspetivas de crescimento para as economias menos competitivas.
Que mecanismos são esses?  
Há tentativas de criar o tal ministro das Finanças europeu, que não percebo bem o que é. E, também, de completar a união bancária, o que teria alguns efeitos positivos, mas penso que não sucederá facilmente, porque a Alemanha se opõe a alguns aspetos. Depois, fala-se na criação de um Fundo Monetário Europeu, que penso que será para apoiar os países endividados em termos de dívida pública. Mas são ideias ainda muito vagas.
Essas mudanças vão avançar?  
Sou muito cético. Penso que o mal da moeda única é o projeto em si. É uma quadratura do círculo tentar ter uma política monetária única e, praticamente, uma política macroeconómica única, para economias muito diferentes. Não funciona. E há grande possibilidade de não haver mudanças efetivas, porque os interesses são muito divergentes. Nomeadamente entre a Alemanha e os seus aliados próximos — que têm determinado o funcionamento da zona euro — e os países em dificuldades e mais endividados. Temos cinco países do sul da Europa — França, Itália, Espanha, Portugal e Grécia — que têm cerca de 50% do PIB da zona euro, com uma má performance em termos de crescimento e em que três deles têm dívidas públicas acima dos 100% do PIB (Portugal, Itália e Grécia) e os outros dois estão praticamente nos 100% (Espanha e França). Acho que os interesses da Alemanha irão prevalecer. Portanto, o futuro da zona euro é ainda mais incerto hoje do que no passado.
Em 2014 publicou o livro “Em Defesa da Independência Nacional”, onde diz que a União Europeia está condenada a desaparecer se não for reformada. Continua a achar o mesmo?  
Sem dúvida. E na altura ainda não sabia do ‘Brexit’.
Há um divórcio entre as pessoas e o projeto europeu? 
Exatamente. A emergência dos populismos tem a ver com o projeto europeu ter descambado com a União Europeia. Eu distingo o processo de integração europeia entre a Europa das comunidades, até 1992, e depois de 1992, com o Tratado de Maastricht e a fundação da União Europeia. São dois projetos diferentes. Eu gostava da Europa das Comunidades, não gosto da Europa da União Europeia. E há muita gente que pensa assim.
Porquê? 
A Europa da União Europeia é ultracentralista e de criação tendencial de um superestado europeu. E grande parte do eleitorado europeu não aceita isto. Portanto, o projeto está condenado ao fracasso. Quando se entra numa fuga para a frente federalista, sucede este tipo de coisas.
É o que tem acontecido, essa fuga para a frente? 
Sim, com base na moeda única. Penso que o euro é um projeto muito perigoso, porque é uma tentativa de forçar a criação de um Estado europeu usando a economia e a moeda. Deu mau resultado, como não podia deixar de ser. Não havia nenhuma razão económica a justificar a criação da moeda única. A Europa não era uma zona monetária ótima, longe disso, e hoje ainda é menos do que na altura.
Como viu a eleição de Mário Centeno para a presidência do Eurogrupo? 
É bom para o país e principalmente para ele. Mas tenho muitas dúvidas de que leve a resultados na zona euro. Poderá haver alguma cosmética, mas o essencial da zona euro vai manter-se como está.

O lado B do aumento do emprego 
O crescimento do emprego surpreendeu João Ferreira do Amaral. A vertente negativa foi a fraca evolução da produtividade
“Surpreendido.” É desta forma que João Ferreira do Amaral, economista e professor do ISEG, confessa ter ficado com o crescimento do emprego em Portugal no último ano. Uma surpresa “agradável, porque é mais gente que se empregou, mais rendimentos que as pessoas recebem”. Mas que também teve uma vertente negativa. “O outro lado da questão é que significou um aumento muito pequeno da produtividade, se é que não diminuiu mesmo. E isso não é saudável”, alerta.
Explicação? João Ferreira do Amaral diz que “ainda ninguém sabe muito bem” e considera que o tema “merece um estudo”. Mas, deixa pistas: pode ser o resultado do “aumento do emprego em sectores onde a produtividade — que é um conceito mais aplicável à produção física — não seja tão evidente, como é o caso dos serviços”.
O economista destaca a redução do desemprego de longa duração, “normalmente o mais difícil de reduzir”. Queda que pode estar relacionada com “o tipo de emprego criado, em sectores como a construção civil e os serviços, retomando o padrão de antes da crise”. Destacando que “ainda bem que há este emprego e as pessoas voltam a trabalhar”, alerta que “é preciso criar condições para que o emprego se vá alterando no futuro. E isso só se faz com investimento”.
Já no que toca ao desemprego jovem, embora tenha descido, ainda está nos 23,5%. “É um problema duplamente complicado. Primeiro, como em todos os outros países, porque é uma geração que passa anos na indecisão do que fazer pois não tem emprego. Segundo, em Portugal isto é agravado pela nossa situação periférica”, frisa João Ferreira do Amaral. E deixa um aviso: “Um dos meus receios em relação ao futuro é que a nossa periferia se agrave em termos económicos.” Isto porque “os jovens quando não encontram emprego emigram, nomeadamente os de maiores qualificações. É isso que leva a que uma região se degrade e se agrave o seu carácter periférico”. Um risco que “foi muito claro durante a fase da troika, mas que continuará se o desemprego jovem se mantiver elevado”.
O desafio demográfico é incontornável. Para João Ferreira do Amaral, “Portugal tem de fazer um estudo sério, assumido por toda a gente a nível político, encarando as projeções sobre a evolução da população. E começar a ter uma política de imigração. Vamos ter de recorrer à imigração, necessariamente”. E remata: “O importante é que isso se faça de forma a que os imigrantes sejam bem integrados na sociedade portuguesa. Tem de se evitar a criação de guetos e temos as experiências negativas de outros países para saber o que devemos evitar.”


estatuadesal.com
04
Mar18

Pego do Inferno, um dos ex-libris naturais do Algarve, volta a ganhar vida [vídeo]

António Garrochinho



Foram precisos cinco anos para que o local, considerado um dos ex-libris naturais do Algarve, aguardasse a “mão amiga” de quem lhe desse um futuro adequado aos pergaminhos que granjeou junto dos amantes da natureza
A chuva que se fez sentir nos últimos dias deu vida nova ao Pego do Inferno, bem visível no espectacular vídeo publicado ontem à tarde, dia 2 de Março, por Marco Custódio na sua página de FB.

VÍDEO


Recorde-se que foi em 2012 que o fogo deu ao Pego do Inferno o triste destino de ficar com as estruturas de acesso ao local completamente destruídas. A culpa recaiu sobre o incêndio que deixou atrás de si um rasto de destruição impressionante.
Foram precisos cinco anos para que o local, considerado um dos ex-libris naturais do Algarve localizado no interior do concelho de Tavira, aguardasse a “mão amiga” de quem lhe desse um futuro adequado aos pergaminhos que granjeou junto dos amantes da natureza e do enquadramentos rural em época de banhos que escolhiam o local para apreciar o frescor da cascata e das águas da Ribeira da Asseca.
Resta esperar que os utentes, turistas e residentes, saibam usufruir do local com respeito, pois trata-se de um local ambientalmente sensível.

www.postal.pt

04
Mar18

LONTRAS NO RIO GILÃO

António Garrochinho

Lontra acaba de ser fotografada no Rio Gilão, uma situação rara [foto]

Lontra avistada hoje no Rio Gilão. A foto de Daniel Ferreirinha foi tirada pouco depois das 21h30.
Lontra avistada hoje no Rio Gilão. A foto de Daniel Ferreirinha foi tirada pouco depois das 21h30.
Uma lontra acaba de ser avistada no Rio Gilão e a foto foi captada há momentos junto ao cais de madeira próximo da estação rodoviária e publicada na página de FB de Daniel Ferreirinha, o jovem gerente da empresa Ourivesaria Ferreirinha de Tavira.
Foto de lontra tirada no verão de 2017 por Daniel Ferreirinha
Foto de uma lontra tirada no verão de 2017 por Daniel Ferreirinha
As lontras encontram o seu habitat na Ria Formosa mas são raras de serem vistas no Rio Gilão, pois a pureza da água é-lhes fundamental. No caso de Daniel Ferreirinha, já no passado verão, tinha tirado outra foto a uma lontra que se encontrava em cima de um barco a remos e que publicou na sua página de FB.
É sobretudo nos anos de cheias, logo a seguir às mesmas, que as lontras costumam serem vistas e fotografadas perto da ponte Romana no centro da cidade de Tavira, na Assêca e na foz da Ria Formosa perto das 4 Águas, depois disso, andam desaparecidas, por vezes durante vários anos.
LONTRAS: os lagostins é uma das suas presas preferidas
LONTRAS: os lagostins é uma das suas presas preferidas

COMO IDENTIFICAR PEGADAS DE LONTRAS

Procure: pegadas com cinco dedos marcados (em solos mais duros pode ver apenas quatro; em solos mais macios até pode ver a membrana interdigital); uma grande almofada palmar, com 6 a 8 centímetros de comprimento e 5,5 a 6 centímetros de largura; dejectos com muitos restos de lagostins (uma das suas presas preferidas).
Dicas: Procure por dejectos em cima de pedras que sobressaem de rios e ribeiras.
Segundo se sabe, a lontra é um animal mamífero da sub-família Lutrinae, pertencente à ordem carnívora e à família dos mustelídeos.
Vive na Europa, Ásia,África, porção sul da América do Norte e ao longo de toda a América do Sul, incluindo o Brasil e a Argentina. Seu habitat é no rio onde buscaalimentos como peixes, crustáceos, répteis e menos frequentemente aves e pequenos mamíferos.
Geralmente a lontra tem hábitos nocturnos, dormindo de dia na margem do rio e acordando de noite para buscar alimento.
Os grupos sociais são formados pelas fêmeas e seus filhotes, os machos não vivem em grupos e só se juntam a uma fêmea na época de acasalamento. O período de gestação da lontra é de cerca de 2 meses, produzindo de um a cinco filhotes.
A lontra adulta mede de 55 a 120 centímetros de comprimento (incluindo a cauda) e pesa até 35 quilos.
Embora sua carne não seja comercializada em larga escala a lontra faz parte da lista de animais ameaçados de extinção principalmente pelo alto valor da sua pele e pela depredação dos ecossistemas aos quais a lontra está adaptada.
Esse animal possui uma pelagem com duas camadas, uma externa e impermeável e outra interna usada para o isolamento térmico. O corpo por sua vez é hidrodinâmico, preparado para nadar em alta velocidade.
A lontra é capaz de assobiar, chiar e guinchar. Pode ficar submersa durante 6 minutos e ao nadar pode alcançar a velocidade de 12 km/h.

www.postal.pt
04
Mar18

CRESC Algarve 2020 tem 4,5 milhões de euros para investimentos em equipamentos sociais

António Garrochinho

CRESC Algarve 2020 tem 4,5 milhões de euros para investimentos em equipamentos sociais

O Programa Operacional CRESC ALGARVE 2020 lançou um novo aviso de concurso para investimentos em equipamentos sociais, prevendo um total de 4,5 milhões de euros comparticipados pela União Europeia.
De acordo com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, o objetivo específico definido insere-se na prioridade de investimento 9.7, subordinada ao tema «Qualificar e adaptar os equipamentos sociais e de saúde existentes e concluir numa lógica de racionalidade as redes de infraestruturas e equipamentos».
A comparticipação dos fundos da União Europeia (FEDER) prevista para a totalidade das operações a selecionar é de 4,5 milhões de euros – 2,3 milhões de euros destinados à requalificação, remodelação ou reconversão e 2,2 milhões de euros a novos equipamentos -, o que permitirá um investimento global de 7,5 milhões de euros.
Este concurso pioneiro na região do Algarve destina-se a intervenções de “qualificação e diversificação da oferta de serviços e equipamentos sociais de qualidade, maximizando a capacidade instalada”, em particular das estruturas residenciais ou de apoio para idosos e crianças e jovens, com prioridade para as respostas na área da saúde mental, reforçando as respostas às pessoas com deficiência e incapacidade, no quadro do objetivo temático «9 – Promover a inclusão social e combater a pobreza e a discriminação na região do Algarve», salienta a CCDR.
Os beneficiários previstos neste aviso de concurso são a administração pública local, ou outras entidades públicas e privadas sem fins lucrativos, responsáveis pela prestação de serviços sociais, entidades públicas que prestam serviços de saúde ou outras entidades públicas mediante protocolo com os serviços e organismos do ministério da saúde.
O aviso do concurso está disponível no sítio https://algarve2020.pt/info/sites/algarve2020.eu/files/avisos/aviso_eq.sociais.pdf. Toda a informação sobre o Programa Operacional Regional do Algarve está disponível em www.algarve2020.pt.



regiao-sul.pt
04
Mar18

LOGO A ALDRABONA COMPULSIVA, A CRISTAS A AGUADEIRA DO CDS QUE É A QUE MAIS DEPENDE DO FINANCIAMENTO DO ESTADO AOS PARTIDOS -A RTP (RADIO TELEVISÃO DA PALHAÇADA) QUE FAZ DE NÓS TODOS QUE A PAGAMOS OS PALHAÇOS QUE ALIMENTAM ORDENADOS FARAÓNICOS, MENT

António Garrochinho



Assunção Cristas falou da lei do financiamento dos partidos que está em Belém para promulgação. Na Trofa, a líder dos populares manifestou-se satisfeita com a única alteração aprovada, precisamente do CDS-PP.
Assunção Cristas falou da lei do financiamento dos partidos que está em Belém para promulgação. Na Trofa, a líder dos populares manifestou-se satisfeita com a única alteração aprovada, precisamente do CDS-PP.

VÍDEO




www.rtp.pt
04
Mar18

RESISTIR E DENUNCIAR

António Garrochinho



RESISTIR E DENUNCIAR
O canal televisivo neo-fascista SIC, passou à hora de jantar, uma pseudo-reportagem sobre a mortificada(?) zona norte da capital síria, Damasco, e os pseudo-morticínios das forças do exército regular da Síria.
Exibindo um texto de locução que nada tinha que ver com as imagens mostradas aos telespectadores, forma usada até à exaustão, contanto com o aspecto psicológico da força da narrativa sobre as imagens, nada, absolutamente nada garantia a veracidade de estarmos perante ataques actuais e nem, sequer, uma demonstração da “barbaridade” das matanças do exército sírio.
As imagens desfocadas, tanto podiam ser da Síria como da Mongólia Exterior ou da Papua-Nova Guiné. As pessoas em pânico, tanto podiam estar no Médio Oriente como na Ásia, ou em qualquer um dos 177 países que estão ocupados pelo exército do regime estadunidense.
São inesquecíveis as imagens que correram mundo, como se fossem passadas numa praça do Cairo, com a “oposição de veludo” egípcia, quando afinal tudo foi filmado num estúdio da al Jazira, na capital do Qatar.
Em uníssono, todas as televisões do mundo “livre” desencadearam a operação Ghouta, cientes que milhões de idiotas aquiescerão sobre a “visível” verdade. Daí ao grito gutural de “morte à ditadura de Assad” vai um pequeno voo de libélula. Já demonizado como o dirigente da Coreia Popular (com Kadhafi foi assim, com Saddam assim foi), caracterizado Putin com um nazi repelente, está de novo montada a cena belicista da manipulação racista que abençoe o abate de Assad.
Em tempos de ofensiva fascista, eis mais uma encenação mortal sobre “armas de destruição maciça” que não existem NUNCA, mas que vão servindo os interesses mais imundos de uma quadrilha paranóica e inimiga da Humanidade. Estranhamente, este arrazoado estupidificante colhe até em sectores que, imagine-se, se reclamam da esquerda.

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