Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

06
Mar18

vídeos - 1962 - Conquista das 8 Horas Trabalho nos Campos do Sul - Lutas Operárias na CUF Barreiro

António Garrochinho






Lutas Operárias na CUF Barreiro

Lutas Operárias na CUF Barreiro
Vanessa de Almeida – Sector do Património e Museus – CMB
É impossível conhecer a história da CUF no Barreiro sem se considerar a existência de movimentos grevistas, pequenas e grandes lutas, confronto directo ou resistências quotidianas que opuseram, em momentos distintos, de forma mais ou menos assumida, os operários ao Patrão.
A primeira notícia que nos chega de lutas operárias data de Outubro de 1908, um mês decorrido do início da laboração das fábricas do Barreiro. Pouco se sabe sobre este conflito, apenas que terá sido protagonizado por pessoal francês e que culminou no despedimento dos “revoltosos”.
Os anos da I República, época de crescimento e expansão da CUF Barreiro são, em simultâneo, anos de agitação operária. Dois meses após a instauração do novo regime político, deflagra uma greve nas fábricas da Companhia. Greve de curta duração, com início a 9 de Dezembro e término a 11 do mesmo mês, a greve da CUF insere-se numa conjuntura mais vasta, dominada por um renascimento do movimento sindical, bem como pela intensificação dos conflitos de trabalho. Greve de solidariedade para com operários anteriormente despedidos, a greve de 1910 prende-se também com o não reconhecimento da Associação de Classe dos Operários da União Fabril, primeira tentativa de associação por parte dos operários da Companhia, fundada a 23 de Outubro desse mesmo ano.
Ilustração Portuguesa - 1911
Ilustração Portuguesa – 1911 Alcantara – Lisboa
1910 Alcantara - Lisboa
1911 Alcantara – Lisboa
Perante a dimensão dos acontecimentos, Alfredo da Silva adopta uma atitude inédita, decidindo ausentar-se do País, pois, como o próprio justifica, «(…) nem o seu temperamento, nem a situação que até aqui tem mantido na Companhia, se acomodam com a forma que nesta época que vamos atravessando, é necessário adoptar em acontecimentos desta ordem: conversas com comissões de trabalho e outras fantasias de ocasião.» (Livro 10 de Actas do Conselho de Administração da CUF – Acta nº 637 da Sessão dos Conselhos de Administração e Fiscal em 6 de Dezembro de 1910).
A 9 de Dezembro, dois dias após ter sido regulamentado o direito à greve, é declarada greve geral nas fábricas do Barreiro, conflito que será dado como sanado a 11, após a intervenção do ministro Brito Camacho.
Em 1919, após o término da I Guerra Mundial, decorre nova greve na CUF. Sob o espectro da questão das subsistências, da pneumónica e face a uma inflação galopante, a situação das classes trabalhadoras agrava-se. Em simultâneo, chegam a Portugal os primeiros ecos da Revolução de Outubro, verificando-se também um reforço da organização operária.
Biblioteca de Propaganda Social Nº6 - 1919
Biblioteca de Propaganda Social Nº6 – 1919
A 6 de Abril, no Barreiro, é fundada a Associação de Classe do Pessoal da CUF, que adere desde o início à União Operária Nacional, contando com cerca de 800 filiados. Alfredo da Silva, um dos principais representantes da Associação Industrial Portuguesa, face à tentativa de organização operária, procede ao despedimento sistemático de centenas de trabalhadores, situação que virá a culminar na declaração de greve geral a 25 de Maio, a qual será secundada pelos operários das fábricas de Lisboa.
Pelas suas dimensões, a greve da CUF de 1919 será descrita à época como «(…) uma luta de vida ou morte (…) entre o potentado do capital e o proletariado organizado (…)» (A Batalha, 11 de Junho de 1919).
A ocupação da vila operária por forças policiais e da GNR, não impede que a 10 de Junho as demais classes trabalhadoras do Barreiro proclamem a greve geral, em manifestação de solidariedade para com os operários da Companhia.
A greve na CUF irá a prolongar-se durante 44 dias, até 7 de Julho, dia em que o regresso às fábricas decorre sem que muitos dos operários grevistas voltem a ser readmitidos.
Anos mais tarde, em Julho de 1943, um ano após o falecimento de Alfredo da Silva, deflagra aquela que será a maior greve da CUF Barreiro, greve que, pelas suas dimensões e consequências, marcará de forma indelével a vila operária.
Tendo como pano de fundo um conflito à escala mundial, os efeitos colaterais cedo se fazem sentir no Portugal de Salazar. Será a questão das subsistências, aliada à falta de matérias-primas e ao congelamento de salários que irá contribuir, de forma inequívoca, para o clima de agitação social que varre o país sobretudo a partir de 1941, e ao qual o Barreiro não passa incólume.
Já em Novembro de 1942 tinha ocorrido uma greve na CUF, motivada por razões de solidariedade para com seis dezenas de operários despedidos da secção da Caldeiraria. Trata-se de uma greve de curta-duração, de carácter parcial, circunscrita às Secções da Caldeiraria, Fundição e Mecânica.
Em 1943 o clima de agitação social agrava-se, sobretudo ao nível das dificuldades no abastecimento. Face ao descontentamento crescente do operariado, o Partido Comunista Português lança a 21 de Julho o manifesto sob a consigna «À greve! Pelo aumento de salários». A CUF do Barreiro responde ao apelo a 27 de Julho, 2º dia de greve, quando já estavam paralisados cerca de 3.500 operários, tanto das fábricas de Lisboa, como de Almada.
1943 Travessa do Baluarte - Lisboa
1943 Travessa do Baluarte – Lisboa
A adesão dos cerca de 5000 operários da CUF Barreiro, mediante uma “greve de braços caídos” dota o movimento grevista de uma dimensão nunca vista. No dia seguinte, 28, confrontados com os portões da fábrica encerrados, os operários dividem-se em duas marchas da fome, conseguindo a adesão temporária dos ferroviários e a adesão total da indústria corticeira. É também a 28 de Julho que a repressão, na tentativa de jugular o movimento operário, atinge proporções gigantescas. O Barreiro é ocupado pela PSP, Sapadores dos Caminhos-de-Ferro, Cavalaria 7. É destacada a GNR de Évora, bem como diversos contingentes militares de Beja, Vendas Novas e Estremoz. Começam a ser efectuadas centenas de prisões.
A 29 de Julho, à semelhança do que se verifica em Lisboa e demais Margem Sul, as fábricas do Barreiro são sujeitas a Comando Militar. É considerado demitido todo o pessoal grevista, prevendo-se a sua incorporação num Batalhão de Trabalhadores, subordinado à mais severa disciplina militar.
A 30 de Julho, são afixados avisos nos portões da CUF, anunciando o despedimento colectivo dos operários e a abertura para novas inscrições.
Expoente máximo das lutas operárias no Barreiro, a greve de 1943 é também um momento de charneira na história dos movimentos reivindicativos da CUF. Fulcral na construção da identidade do operariado da empresa, a repressão sucedânea irá condicionar a natureza das futuras reivindicações. Considerada como “empresa-chave”, devido à sua importância industrial, bem como pelo número de operários que empregava, a CUF não mais liderará qualquer movimento grevista na vila operária.
Nos anos subsequentes, serão outras as formas de luta adoptadas pelos operários da Companhia. Assim, à prática de exposições reivindicativas e abaixo-assinados, alia-se a redução de trabalho (a denominada “cera”), paralisações mais ou menos longas e concentrações junto dos responsáveis. Apesar do apelo à greve, considerado como “último recurso” na luta por melhores condições de vida e de trabalho, a dimensão do movimento grevista de 43 não voltará a repetir-se.
Nos anos 50, a Zona Têxtil apresenta-se como uma das áreas mais reivindicativas. Essencialmente constituída por mão-de-obra operária feminina, as consignas prendem-se sobretudo contra o aumento do número de teares por operária. Recorrendo à “cera” e a “greve de braços caídos”, as mulheres manifestam-se contra a “campanha de produtividade” aliando a essa luta, outras de carácter económico, por aumento de salários, contra o sistema de “prémios” e posteriormente do “mérito”.
As lutas operárias terão continuidade na década seguinte. Em 1962 é entregue à Gerência uma exposição com mais de 4000 assinaturas onde se exige o pagamento do 7º dia; o aumento geral dos salários não inferior a 10$00 diários e, finalmente, “a trabalho igual, salário igual”. Em Junho de 1963 tem início a publicação do “Boletim dos Trabalhadores da CUF”, órgão de carácter clandestino afecto ao PCP, que descreve o quotidiano nas fábricas e dá notícia das várias reivindicações. A Comissão Interna da Empresa, apesar de «criada para quebrar a combatividade dos trabalhadores da CUF», é também utilizada como plataforma para apresentar as suas reivindicações, enquanto meio legal de luta, em simultâneo com outros “meios ilegais” de acção.
Finalmente, em Outubro de 1969 é aprovada a Carta Reivindicativa dos Trabalhadores da CUF do Barreiro, que congrega diversas exigências de carácter económico (salário mínimo de 2500$00; pagamento dos 30 dias; revisão anual dos salários; semana de trabalho de 40 horas, entre outras), mas também reivindicações de carácter político-social, como sejam a liberdade sindical, o direito à greve e o fim da repressão.
Nos últimos anos do Estado Novo, as reivindicações continuam a fazer-se ouvir na CUF do Barreiro. Demandas relacionadas com a poluição e segurança no trabalho, mas também e sempre, de natureza económica.
Os operários da CUF teriam de esperar pelo 25 de Abril de 1974 para que a reivindicação apresentada em Dezembro de 1973 – salário mínimo de 5500$00 – fosse finalmente cumprida. Iniciava-se, então, uma nova fase na história da CUF do Barreiro.

patrimoniobarreiro.wordpress.com


06
Mar18

O que ainda ninguém disse sobre a Itália - Três milhões de votos atirados ao lixo

António Garrochinho



Se não me engano ou precipito nas contas, nas últimas eleições italianas a existência de 260 círculos uninominais combinada com a exigência para obter representação de um mínimo  3% para os partidos e de 10% para as coligações levou a que cerca de 3 milhões de votos não servissem para eleger ninguém (abrangendo cerca de 18 partidos ou forças concorrentes, entre os quais + Europa com 836.837 votos, Noi con Itália com 428.928 votos e Potere al Popolo com 370.320 votos . Do ponto de vista dos objectivos da nova lei eleitoral, bem se pode dizer que foram inteiramente alcançados.
Bela democracia !


otempodascerejas2.blogspot.pt
06
Mar18

Passos Coelho – o académico precário_

António Garrochinho


(Carlos Esperança, 06/03/2018)
passos_ss
«Passos vai dar aulas de Administração Pública e Economia (…) no ISCSP, onde deverá ser professor convidado catedrático.»
Quando Passos Coelho, ainda com o pin da bandeira de Portugal ao peito, anunciou que ia dedicar-se à vida académica, pensou-se que ia fazer uma pós-graduação ou tentar um mestrado, numa escola prestigiada, para valorizar a tardia licenciatura.
A surpresa surgiu quando afirmou que ia dar aulas em três universidades, surpresa que se transformou em estupefação quando a comunicação social informou que ia dar aulas em mestrados e doutoramentos; e a estupefação virou pasmo quando uma Universidade pública o contratou como “professor convidado catedrático”, até agora sem desmentido a repor o bom nome da instituição pública.
O seu currículo podia igualmente dar-lhe acesso a general de 4 estrelas nas FA, por ter nomeado o ministro da Defesa; a juiz, do Tribunal de Contas, pela forma como geriu as contas do Estado; do Constitucional, pela experiência de chumbos dos OE; do STJ, pela ignorância de que era preciso pagar à Segurança Social e usar na Tecnoforma os fundos europeus que a UE reclama de volta; a diretor do SIS, pelas relações com Relvas, Marco António e Marques Mendes, excelentes informadores; etc.; etc…
Não censuro Passos Coelho por aceitar o lugar para o qual não tem condições mínimas, tal como sucedeu com o de PM, mas exijo, como cidadão, que a direção do ISCSP diga qual o critério que presidiu ao aviltamento do Ensino Superior Público. A instituição está em causa e, com ela, todos os que tiveram longo e exigente percurso para chegarem a professores catedráticos. O facto de o diretor, Manuel Meirinho, ter sido convidado em 2010, como deputado independente do PSD, por Passos Coelho, pode não ser alheio ao convite e à distinção académica como retribuição.
Por mais ex-dirigentes do PS que se apressem a defender o novo catedrático, com igual entusiasmo ao que usaram no combate ao atual governo, não há um módico de decoro ou de suporte legal na leviandade da contratação e na apreciação do mérito de quem já sabia ter a cátedra à espera. Só surpreende que estivesse vaga e sem concorrentes.
Se é nepotismo, não é um problema académico, é um caso de polícia, mas o ministro da tutela e o reitor da Universidade de Lisboa não podem alhear-se, por maior autonomia de que o ISCSP goze.
Finalmente, Marcelo Rebelo de Sousa, que tem opinião sobre tudo, que opinião terá do novo académico, ora seu colega?


estatuadesal.com
06
Mar18

Doentes sem dinheiro para comprar medicamentos são menos, mas ainda ultrapassam 10%

António Garrochinho

Os portugueses sem dinheiro para comprar medicamentos prescritos pelo médico são menos nos últimos anos, em que houve um aumento extraordinário de pensões, mas ainda superam os 10%.


A percentagem de portugueses que não compraram medicamentos por causa dos custos, em 2017, foi de 10,8%, menos um ponto percentual que em 2016. Em 2014 e 2015, este número era, respectivamente, de 15,7% e de 14,2%, de acordo com um estudo da Universidade Nova de Lisboa (UNL).
A redução coincide com o descongelamento e o aumento extraordinário das pensões, que aumentaram o rendimento real dos reformados ao fim de meia década de perdas, a par de outras medidas de reposição e recuperação de rendimentos.
O estudo revela ainda que, apesar de o indicador da qualidade ténica do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ter aumentado nos últimos três anos, a percepção da qualidade pelos utentes desceu. O actual Governo do PS, nos últimos dois anos, não tem dotado o SNS dos meios financeiros necessários para suprir as carências que resultaram dos intensos cortes impostos pelo anterior governo do PSD e do CDS-PP.

Cortes no transporte de doentes não urgentes afastam utentes dos hospitais

O estudo da UNL mostra ainda que a principal causa das faltas a consultas hospitalares são os custos dos transportes. Em 2017, ficaram por realizar 539 824 consultas hospitalares por esta razão, enquanto 260 905 não aconteceram porque os doentes também não tinham dinheiro para pagar a taxa moderadora.
Os critérios para a comparticipação do transporte de doentes não urgentes foram alterados em 2010, pelo governo do PS, e aprofundados pelo governo do PSD e do CDS-PP, cumprindo o que os três partidos acordaram com a troika estrangeira. Em vez de a comparticipação ser prestada unicamente por justificação clínica, foi sujeita à comprovação de insuficiência económica.

Taxas moderadores afastam utentes dos centros de saúde

Nas unidades de cuidados de saúde primários, a ordem das causas é inversa. A maioria das consultas, 439 977, não se realizaram porque os utentes não conseguiram pagar a taxa moderadora. Já os custos com os transportes fizeram com que 253 318 utentes não chegassem sequer ao centro de saúde onde tinham consulta.


www.abrilabril.pt
06
Mar18

Dominação e propaganda

António Garrochinho


Nós vivemos num mundo em que os que ganham 100.000 e por mês convencem aqueles que ganham 1800 que tudo vai mal por causa dos que vivem com 535 . E isto funciona ...
_________________________________________________
Um  cabotino -  mor da nossa praça. de nome Sousa Tavares escrevia esta semana no Expresso que não havia mais investimento público porque o governo gastava o dinheiro com as clientelas da função pública ...
No anterior governo o investimento público teve a maior queda de sempre . Será que então também se sumiu nas clientelas da função pública ?
Clientelas ?
Pensava eu que uma boa parte dos recursos públicos foram e estão a ser gastos com os bancos entre os quais o do  compadre de Sousa Tavares -  Ricardo E. Santo - ; com a ficção do " Fundo de Resolução " , com os juros da dívida Pública em boa parte devida à salvação dos banqueiros e grandes accionistas e com os indecorosos favores e benefícios fiscais ao grande capital ... Estas sim as clientelas do regime ...


foicebook.blogspot.pt
06
Mar18

ELEIÇÕES BURGUESAS E GOLPADAS

António Garrochinho
COMO JÁ DISSE HOJE AQUI NO "LIVRO DAS CARAS" PARA QUÊ ELEIÇÕES !

CAMINHA-SE A PASSOS LARGOS PARA A IMPOSIÇÃO DOS TRASTES QUE O CAPITALISMO QUER VER À FRENTE DA GOVERNAÇÃO.

NÃO SE RESPEITAM RESULTADOS, NÃO SE RESPEITAM REFERENDOS, NEM INDEPENDÊNCIAS, NEM BREXITS.

QUANDO DÁ ERRADO PARA O LADO DO CAPITALISMO ANULA-SE, REPETE-SE, ALDRABA-SE, ATÉ QUE O BOLO ESTEJA NAS MÃOS DOS MESMOS DE SEMPRE..

ACONTECE POR MUITO LADO E JÁ DE HÁ UNS ANOS QUE AS ELEIÇÕES
EM MUITOS PAÍSES SÃO ENCOMENDADAS.

REÚNEM-SE AS TROPAS, OS BANQUEIROS. OS JORNALISTAS, E MANDA-SE A PLEBE VOTAR QUE É PARA DISFARÇAR O GOZO. LEGITIMAR O JOGO.

SE ISSO NÃO BASTAR UNTAM-SE AS MÃOS, ENTREGAM-SE ARMAS AOS DAESH(S) LOCAIS, AOS BÓFIAS, AOS MERCENÁRIOS DA NATO ETC ETC,
DEPOIS CEDE-SE A ALGUMAS REIVINDICAÇÕES DOS QUE USAM FARDA E ELES AFIAM OS CACETETES PARA CIMA DOS VOTANTES SE ELES PROTESTAREM.

ESTÁ O DEVER CÍVICO CUMPRIDO NO PLENO ! OS QUE DISCORDAM SÃO AGITADORES COMUNISTAS, OS QUE DETURPAM A VERDADE, OS QUE SÓ SÃO ÚTEIS QUANDO O CAOS CAPITALISTA ESTÁ NO AUGE E É PRECISO MASSA HUMANA PARA O TRAVAR.

António Garrochinho
06
Mar18

ATRASO HISTÓRICO

António Garrochinho

ATRASO HISTÓRICO
Já mais pra lá que pra cá, desde a queda da cadeira em 1968, Salazar morreu a 27 de julho de 1970. O funeral foi nos Jerónimos, a 30, tendo o corpo seguido de comboio para Santa Comba Dão, onde ficou sepultado.
Lembrou - e bem! - um amigo (Paulo Vaz), aqui noutra sala da casa, que esta foi a viagem de comboio que registou o maior atraso, em toda a História dos caminhos de ferro em Portugal:
Mais precisamente, 44 anos! 
Acrescento eu, para ser mais exacto ainda, que o “bendito” combóio deveria ter chegado a Santa Comba Dão em 1926, antes da tomada de posse do escroque como ministro das Finanças.

06
Mar18

A artista chinesa Luo Li Rong produz esculturas realistas que transmitem a beleza e a graça da figura humana.

António Garrochinho

Esculturas femininas de tamanho natural inspiradas pela beleza graciosa da arte renascentista

Esculturas realistas de Luo Li Rong
Foto: Imgur
A artista chinesa Luo Li Rong produz esculturas realistas que transmitem a beleza e a graça da figura humana. Trabalhando principalmente em bronze, suas criações de tamanho natural apresentam mulheres em movimento. Eles representam poses elegantes que alongam seus corpos com uma aparente aparência exibida pelo vento; seus cabelos e roupas parecem estar sendo movidos por uma suave brisa. Isso cria uma dicotomia convincente; enquanto há uma dedicação impressionante ao realismo - Rong tem o cuidado de detalhar cada delicado pedaço da pele - também há um elemento fantástico para seu trabalho, pois seus personagens residem em nuvens e mantêm gotas de chuva nas mãos.
Rong perseguiu a escultura desde tenra idade. Estudou arte na Academia de Belas Artes em Pequim, depois sob a tutela do escultor Wang Du , e mais tarde ela "se imergiu" nas técnicas de escultura figurativa utilizadas por artistas europeus nos períodos renascentista e barroco. O seu senso de feminilidade desempenha um papel determinante nas obras contemporâneas de Rong, e as orientações estilísticas ajudam a continuar a tradição de esculturas realistas na arte.

Inspirado pelas técnicas de escultura renascentista e barroca, o artista Luo Li Rong cria esculturas figurativas graciosas.

Esculturas realistas de Luo Li Rong
Foto: Imgur
Esculturas realistas de Luo Li Rong
Foto: Imgur
Escultura figurativa de Luo Li RongEscultura figurativa de Luo Li RongEscultura figurativa de Luo Li RongEsculturas realistasEsculturas realistasEsculturas figurativas de Luo Li RongEsculturas figurativas de Luo Li RongEsculturas figurativas de Luo Li RongEsculturas figurativas de Luo Li RongEsculturas realistas de Luo Li RongEscultura figurativa de Luo Li RongEscultura figurativa de Luo Li RongEscultura figurativa de Luo Li RongLuo Li Rong: Site | Facebook
h / t: [ Reddit ]

Todas as imagens através do Centro de Arte HORES, salvo indicação em contrário. 



mymodernmet.com

06
Mar18

Algo de podre

António Garrochinho


Fonte: AMECO
Poderíamos estar aqui até ao fim da noite.

Todos a falar de populismos, como é grave a situação italiana, como é mau para as democracias um país tão importante como a Itália ter votado desta forma tão desconforme àquilo que seria bem educado votar, ao nível europeu. A dizer mal dos italianos, que são loucos, que não podem ser bons da cabeça por ter eleito um partido que nem tem ideias fixas sobre nada. Ou que nem se percebe por que razão Berlusconi consegue ainda assim ter aquelas votações. A Europa sempre tão próxima do iluminismo e cair no barbarismo do voto na extrema direita ou da direita sem extremos.

Fonte: AMECO
E depois olhemos para os números.

Como é possível que a Itália mantenha há quatro anos cerca de três milhões de desempregados oficiais  (11,3% de taxa de desemprego oficial em 2017, o mesmo valor sensivelmente desde 2012) sem que esse valor pareça alterar-se substancialmente desde a crise internacional?

Como é possível que ao longo dos anos mais recentes, a Itália tenha perdido o élan face à Alemanha e o seu PIB esteja a estagnar há 20 anos? Repita-se: há 20 anos! Em 1991, o PIB italiano representava 64% do PIB alemão. Chegou a ser 66,7% em 2005. E desde aí é só cair. Já vai em 53,1% ao fim de 13 anos em queda. O PIB italiano estagna, mas o alemão progride sem interrupção.




E, sim, o seu PIB per capita está há mais de dez anos sem crescer que se veja. 

Como é possível que nada seja feito na Europa em prol das pessoas? E depois se brame contra os italianos que não querem mais imigrantes?  E que votam à direita para que se feche as fronteiras?

E depois voltamos a ler o artigo mais recentemente de Teresa de Sousa, que saiu ontem na edição do Público, a elogiar o fecho das negociações na Alemanha entre a CDU e o SPD: "Boa sorte à grande coligação. Mesmo numa situação de fraqueza que nunca se verificou antes, precisa de provar que o centro consegue aguentar"...

E pensamos: há algo de podre no meio disto tudo.

Não são os italianos que estão doidos. Algo de errado está a funcionar no centro da Europa e está a enquinar as sociedades, a levá-las a uma descentragem à direita que, por sua vez, reforça todos os elementos que conduziram a esse resultado. Fecho das sociedades, acentuação das políticas de segurança e de política externa agressiva,  políticas de austeridade, maior aperto laboral, maior controlo sindical e redução de rendimentos, maior desigualdade social e económica. Votação eurocéptica, sem consequências. À direita... E tudo se mantém.

Até quando? 


06
Mar18

O jantar dos aspirantes da corveta alemã «Charlotte» no Hotel Netto (reedição)

António Garrochinho

Legenda-No regresso da Pena(clicar na gravura para ampliar)

A visita dos aspirantes da corveta alemã «Charlotte» a Sintra em 1905
"– Cintra atrae todos os estranjeiros que nos visitam e é certo que, pelos seus naturaes encantos pela belleza dos seus arvoredos, pelo pittoresco dos seus panoramas, pela surpresa das suas vistas, tem fama universal. Os aspirantes da corveta allemã «Charlotte» em numero de sessenta, vestindo as suas fardas brancas foram visitar a soberba e gracil villa em terça-feira 22 de Agosto, tendo janttado no Hotel Netto e indo em digressão até á Pena.

Era d´um bello efeito a caravana dos touristes que destacavam com os seus uniformes por entre a verdura, montados em burros e seguindo alguns em carruagens, conservando-se sempre no maior enthusiasmo, trocando impressões com uma jovialidade meridional, dados os seus espíritos positivos de allemães, por essa grandeza de panoramas, pela suavidade da aragem, pelo communicativo bem estar que vem d’ essas arvores e d´esses penhascos colliocados ali pela natureza, d´uma surprehendente maneira que encanta a visita e delicia o espírito.
O jantar correu animadissimo, retirando os aspirantes da «Charlotte» pela noite e saindo a corveta no dia seguinte, tendo havido dois dias antes da partida um jantar, a bordo do qual assistiu grande numero de pessoas da colonia allemã."

Illustração Portugueza de 28 de Agosto de 1905

Legenda- S.A.R. o principe de Hessen, official alemão, à volta da Pena com os aspirantes
-Fotos da"Illustração Portugueza" de 4 de Setembro de 1905 (clicar na foto para ampliar)

Notas sobre antigos hotéis de Sintra:
Dois antigos hotéis de Sintra são referenciados nestes artigos da "Illustração Portugueza":


Grand Hotel Costa, ao fundo na 1ª gravura e que pertenceu a José Pedro Costa , já não existe há muito tempo,foi na época um hotel de referência na Vila de Sintra . O edifício onde existiu este antigo hotel, é ocupado desde 1982 pelos serviços de Turismo de Sintra.

Hotel Netto, local preferido por Ferreira de Castro, para os seus tempos de escrita. Edifício infelizmente votado ao abandono ao longo dos anos, encontra-se agora, após ser vendido em hasta pública, pelo mais recente proprietário (CMS), com projecto de reconstrução(?). Imóvel bastante degradado no local turístico mais visitado de uma Sintra, elevada a Paisagem Cultural da Humanidade pelo comité da UNESCO em 1995.

Postal antigoPublicidade da época (sem data)

 O edifício onde existiu este antigo hotel, é ocupado desde 1982 pelos serviços de Turismo de Sintra.A publicidade da época denota a qualidade dos serviços do extinto hotel.

Ao fundo o Grand Hotel Costa (Postal ilustrado de 1928)

Preçário dos hotéis de Sintra de 1907
                                                                    
In "Guia do viajante da Empresa Nacional de Navegação" de 1907
Posts relacionados:
http://riodasmacas.blogspot.pt/2013/11/sobre-o-hotel-netto-da-vila-velha-dxe.html
http://riodasmacas.blogspot.pt/2015/10/cms-coloca-o-hotel-netto-em-hasta.html

http://riodasmacas.blogspot.pt/2018/03/folhetim-hotel-netto-novo-episodio-ver_2.html

riodasmacas.blogspot.pt
06
Mar18

06 de Março de 1475: Nasce Miguel Ângelo Buonarroti

António Garrochinho


Escultor, pintor, arquitecto e poeta, Michelangelo Buonarroti, conhecido também por Miguel Ângelo, nasceu a 6 de Março de 1475 e iniciou-se na pintura aos 13 anos, como aprendiz de Ghirlandaio, fazendo-se notar pela firmeza e força do seu traço. Trabalhou depois numa oficina de escultura patrocinada por Lourenço de Medicis, vindo a frequentar a sua casa e o círculo intelectual de que se fazia rodear. A sua estadia em Roma, de 1496 a 1501, é essencialmente marcada pela primeira obra-prima, Pietà (1500?), um dos trabalhos mais acabados do artista.


Em 1501 regressa a Florença onde, na primavera desse ano, é já acolhido como artista consagrado. Nessa data inicia um dos seus mais famosos trabalhos a estátua de David, que termina em 1504. Outras obras terminadas durante a sua estadia em Florença são a Virgem de Bruges (1506) e A Sagrada Família. O papa Júlio II reclama os serviços do escultor para Roma em 1505, mas é o pintor que durante três anos de trabalho intenso vai decorar os tectos da Capela Sistina. O pintor, mas igualmente o arquitecto, que adopta uma nova estrutura para a organização de toda a obra. A força das figuras vem de uma eficaz utilização das sombras e da cor que emprestam a todo o conjunto uma solene simplicidade eminentemente clássica. Esta obra exprime exemplarmente as tendências neoplatónicas de que se tinha impregnado na corte dos Medicis. O tecto é terminado em 1512 e a reputação de Michelangelo estava confirmada. Era considerado o maior artista desde a época clássica.Voltou depois ao projecto, iniciado anteriormente, do túmulo de Júlio II, que nunca chegou a ser realizado tal como tinha sido concebido. Para esse projecto executou Moisés e os Escravos. O papa Leão X encomendou-lhe o modelo de uma nova fachada para a Igreja de S. Lourenço de Florença, que não foi possível levar até ao fim. De 1536 a 1541, de novo em Roma, executou o fresco O Juízo Final, um trabalho que se distingue dos frescos anteriores pelo tom geral de pessimismo e de angústia que vai caracterizar igualmente os trabalhos da Capela Paulina.


Muito provavelmente trabalhava na estátua Pietà Rondanini antes de falecer, com oitenta e oito anos, a 18 de Fevereiro de 1564. Esta obra, complexa na expressão dos sentimentos, atinge quase a abstração, do ponto de vista formal. O estilo de Michelangelo influenciou grandemente as gerações posteriores de artistas italianos. A sua celebridade está patente no facto de, ainda em vida, ter sido objeto de duas biografias.

Michelangelo Buonarroti. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (imagens)

Arquivo: Michelangelo-Buonarroti1.jpg
Retrato de Miguel Ângelo por Jacopino del Conte

 
Tecto da Capela Sistina
File:Michelangelo, giudizio universale, dettagli 33.jpg
O Juízo Final (detalhe)

A criação de Adão - Miguel Ângelo


vídeo


06
Mar18

06 de Março de 1899: A Aspirina é patenteada

António Garrochinho


O laboratório alemão Dreser concluiu em 6 de Março de 1899 um processo de fabrico da aspirina e depositou a patente em Berlim. Este avanço médico é obra do químico Felix Hoffmann, que conseguiu sintetizar o derivado acetila do ácido salicílico em 1893. Dotado de grandes propriedades analgésicas, o produto tem também a faculdade de baixar a febre. A empresa Bayer  apressou-se a comercializar o medicamento, dando nascimento a um novo mercado: a indústria farmacêutica.

O Departamento Imperial de Patentes em Berlim registou o nome Aspirina, para o ácido acetilsalicílico, a favor da companhia farmacêutica alemã Friedrich Bayer & Co.


O medicamento mais comum dos armários domésticos de medicamentos, das carteiras e bolsos das pessoas, das gavetas dos escritórios, o ácido acetilsalicílico foi originalmente retirado de uma descoberta química na casca de árvores como o salgueiro e o choupo e também nas folhas e flores femininas do salgueiro.



Na sua composição primitiva, o ingrediente activo, salicina, foi usado durante séculos na medicina caseira, começando na Antiga Grécia quando Hipócrates o utilizou para aliviar a dor e a febre. Conhecido dos médicos desde meados do século XIX, foi usado parcamente em virtude do seu gosto pouco agradável e a tendência de criar problemas estomacais.


Em 1897, um empregado da Bayer, Felix Hoffman, descobriu um uma forma mais fácil e mais agradável de tomar a aspirina. Algumas evidências mostram que o trabalho de Hoffman foi, na verdade, realizado pelo químico Arthur Eichengrun, cujas contribuições foram encobertas durante a era nazi.


Após obter os direitos de patente, a Bayer começou a distribuir a aspirina em forma de pó aos médicos a fim de que prescrevessem a administração de apenas uma grama por vez. A marca registada ‘Aspirina’ derivou de ‘a’ de acetila; ‘spir’ da planta ‘spirea’, uma fonte do salicina; e o sufixo ‘ina’ comumente usado para medicamentos. A aspirina  tornou-se disponível no formato tablete e sem necessidade de prescrição médica em 1915. Dois anos depois, quando a patente da Bayer expirou durante a Primeira Guerra Mundial, a companhia perdeu os direitos da marca registada da aspirina em vários países.


Após a entrada dos Estados Unidos na Guerra contra a Alemanha em Abril de 1917, o Registo de Propriedade Estrangeira, uma agência governamental que administra propriedades estrangeiras nos Estados Unidos, bloqueou os activos da empresa Bayer-U.S.. Dois anos mais tarde, a Bayer – nome e marca registada para os Estados Unidos e Canadá – foi arrematada em leilão, sendo adquirida pela Sterling Products Company, depois Sterling Winthrop, por 5,3 milhões de dólares.


A Bayer na Alemanha tornou-se parte da IG Farben, o grande conglomerado industrial químico que fazia parte do coração financeiro do regime nazi. Após a Segunda Guerra Mundial, os Aliados separaram as duas companhias e a Bayer emergiu novamente como uma empresa independente. A venda do produto aspirina aos Laboratórios Miles em 1978, acrescentou ao acetilsalicílico uma linha de produtos que incluiu o Alka-Seltzer e uma série de comprimidos vitamínicos.


Em 1994, a Bayer comprou à Sterling Winthrop a linha de medicamentos sem necessidade de receita médica retomando os direitos sobre a marca registada, o nome e o logo permitindo-lhe negociar o seu mais famoso produto em todos os quadrantes do planeta.


Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)


File:Aspirine-1923.jpg
Publicidade à aspirina, 1923


Frasco antigo de aspirina

06
Mar18

Recordar Gabriel García Márquez

António Garrochinho


Gabriel Garcia Márquez nasceu há noventa e um anos, a  6 de Março de 1927, em Aracataca, Colômbia.
Descobri a sua escrita era ainda jovem. A sedução que me provocou aquele mundo fantástico  dos seus textos foi  uma das maiores experiências que tive como leitora. Abriu-se um novo mundo que me fascinou  pela beleza e originalidade de uma prosa tão   poética  que chegava a obscurecer    alguma da poesia em verso.
Gabriel Garcia Márquez capturou-me . A ele presto homenagem , transcrevendo um magnífico discurso que fez em 2007, quando lhe foi prestada um grande tributo.
Gabriel García Márquez e Pablo Neruda na Normandia
Uma alma aberta para ser preenchida com mensagens em castelhano
Cartagena das Índias, Colômbia, 26 de Março de 2007
Por Gabriel García Márquez 
" Nem no mais delirante dos meus sonhos nos dias que escrevia Cem Anos de Solidão cheguei a imaginar que poderia  ver uma edição de um milhão de exemplares.  Pensar que um milhão de pessoas pudessem ler alguma coisa escrita na solidão de um quarto , com vinte e oito letras  do alfabeto e os dedos como único arsenal, parecia com toda a evidência uma loucura. Hoje, as Academias da Língua fazem-no como um gesto para com um romance que passou diante dos olhos de cinquenta  vezes um milhão de leitores, e para com um artesão ínsone como eu, que não se refaz da surpresa por tudo o que aconteceu.
Mas não se trata nem pode tratar-se de um reconhecimento a um escritor. Este milagre é a demonstração irrefutável de que há  uma quantidade  enorme de pessoas dispostas  a ler histórias  em língua castelhana, e portanto  um milhão de exemplares de Cem Anos de Solidão não são um milhão de homenagens ao escritor que hoje recebe ruborizado o primeiro livro desta tiragem descomunal. É a demonstração de que há milhões de leitores de textos em língua castelhana à espera deste alimento.
Na minha rotina de escritor nada mudou desde então. Nunca vi  nada diferente que os meus dois dedos indicadores a baterem um a um a bom ritmos as vinte e oito letras do alfabeto inalterado  que tive diante dos meus olhos durante  estes setenta e tal anos. Hoje coube-me levantar a cabeça para assistir a esta homenagem que agradeço e não posso fazer outra coisa  senão deter-me  a pensar o que foi que aconteceu. O que vejo é que o leitor inexistente da minha página em branco é hoje uma descomunal multidão faminta de leitura de textos em língua castelhana.
(...) O desafio é para todos os escritores, todos os poetas  , narradores e educadores  de nossa língua, para alimentar essa sede e multiplicar esta multidão, verdadeira razão  de ser do nosso ofício, e, claro, de nós mesmos. 
Nos meus trinta e oito anos e já com quatro livros publicados desde os vinte anos, sentei-me diante da máquina e escrevi : " Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento ,  o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde  remota  em que o pai o levara a conhecer o gelo." Não fazia a menor ideia  do significado nem da origem  dessa frase nem de onde me havia de conduzir. O que hoje  sei é que não deixei de escrever  nem um único dia durante dezoito meses , até terminar o livro.
(...) O  que poderia ser motivo para outro livro melhor era como Mercedes e eu sobrevivemos com os nossos dois filhos durante esse tempo em que não ganhei nenhum centavo de lado nenhum. Nem sequer sei como fez Mercedes para que não faltasse nem um dia comida na casa. Tínhamos resistido à tentação dos empréstimos com juros até fazermos  das tripas coração e empreendermos as nossas primeiras incursões ao Monte de Piedad.
Depois dos efémeros alívios com certas coisas miúdas, foi preciso apelar às joias  que Mercedes tinha recebido  dos seus familiares ao longo dos anos. O perito examinou-as com um rigor  de cirurgião, pesou e reviu com o seu olho mágico os diamantes dos brincos , as esmeraldas de um colar, os rubis dos anéis, e no final devolveu-no-los com uma longa verónica de novilheiro:" Tudo isto é puro vidro."
Nos momentos de maiores dificuldades  Mercedes fez as suas contas astrais  e disse ao seu paciente  senhorio, sem o mínimo tremor de voz:
- Podemos pagar-lhe tudo junto dentro de seis meses.
- Desculpe, minha senhora - respondeu-lhe o proprietário -, já percebeu que nessa altura será uma quantia enorme?
- Percebi - disse Mercedes, impassível - , mas nessa altura teremos tudo resolvido. Fique sossegado.
 Ao bom doutor, que era um alto funcionário do Estado,  e um dos homens mais elegantes e pacientes que tínhamos conhecido, tão-pouco tremeu a sua voz para responder:
- Muito bem, minha senhora, a sua palavra basta-me - e fez as suas contas mortais. - Espero-a no dia sete de Setembro.
1ª edição do romance
"Cem anos de Solião"
 Por fim, em princípios de Agosto de 1966, Mercedes e eu fomos à estação de correios da Cidade do México a fim de enviar para Buenos Aires a versão terminada de Cem Anos de Solidão , um pacote de 590 páginas escritas à máquina a dois espaços e em papel ordinário, e dirigidas  a Francisco Porrúa, director literário da Editorial Sudamericana.
O funcionário dos correios pôs o pacote na balança, fez os seus cálculos mentais e disse:
- São oitenta e dois pesos.
Mercedes contou as notas e as moedas soltas que lhe restavam na carteira e confrontou-se com a realidade. 
- Só temos cinquenta e três.
Abrimos o embrulho, dividimo-lo em duas partes iguais e mandámos uma para Buenos Aires sem sequer perguntar como íamos conseguir o dinheiro para mandar o resto. Só depois nos apercebemos de que não tínhamos mandado a primeira metade, mas sim a última.  Mas antes de conseguirmos o dinheiro para a mandar, Paco Porrúa, o nosso homem na Editorial Sudamericana, ansioso por ler a primeira parte, adiantou-nos o dinheiro para podermos mandá-la.
Foi assim que voltámos a nascer na nossa vida de hoje."
Gabriel García Márquez, in Eu não venho fazer um discurso", Publicações 
Dom Quixote, 2015, pp. 139-144

livrespensantes.blogspot.pt
06
Mar18

HISTÓRIA - O PARTIDO COMUNISTA PORTUGUES E O PAPEL DAS MULHERES NA LUTA GLANDESTINA

António Garrochinho


COMEMORA-SE HOJE O 97º ANIVERSÁRIO DO PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS
LEMBRO AQUI UMA PUBLICAÇÃO POR ALTURA DO 80º ANIVERSÁRIO E ACRESCENTO UMA PUBLICAÇÃO DE MARIA LAMAS
O PCP e o papel das mulheres
na luta clandestina 




Ao comemorarmos os 80 anos do nosso glorioso Partido não estamos apenas a assinalar a data da sua fundação em 6 de Março de 1921. Estamos, fundamentalmente, a relembrar o seu grande e valioso património de luta consequente e abnegada ao longo dos seus 80 anos. Sempre na vanguarda da defesa dos trabalhadores, do povo, das liberdades democráticas, da paz e da justiça social.
Destes 80 anos, 48 foram de luta na clandestinidade contra o regime fascista, que se implantou com o golpe de 28 de Maio de 1926. A partir daqui, qualquer partido, movimento ou associação de carácter progressista ou reivindicativo, foi proibido, considerado ilegal e sujeito à repressão. O PCP foi o único partido político que não abdicou do seu direito a existir e a lutar pela defesa do povo e de um Portugal democrático, livre e independente. Foi, então, forçado a reorganizar-se na clandestinidade para prosseguir a sua luta e poder, assim, orientar, esclarecer e organizar os portugueses na luta em defesa dos seus interesses.

Foi muito dura esta batalha. Implicou grande determinação e muitos sacrifícios. O PCP ficou debilitado, as organizações foram reduzidas, a sua sede foi encerrada. Mas, e como a História o provou, vencendo ao longo dos anos todo o tipo de dificuldades, alargou-se, reforçou a sua organização, ganhou a confiança dos trabalhadores dos vários sectores sociais, do campo e da cidade. Isto foi possível, por um lado, porque os seus objectivos e projectos iam ao encontro dos anseios e aspirações dos trabalhadores, mulheres, homens e jovens e do povo português em geral e, por outro, porque contou com largo apoio e solidariedade, não só de comunistas mas de numerosos antifascistas e democratas. Muitos deles abriam as portas das suas casas a funcionários do Partido que, perseguidos pela PIDE, eram forçados a fugir para não serem presos, alojando-os por largo tempo como se fossem seus familiares ou “hóspedes” e transportando os funcionários clandestinos nos seus carros por longos percursos. Estes antifascistas e suas casas, conhecidos como pontos de apoio, apesar de legais, corriam o mesmo risco de verem as suas casas assaltadas pela PIDE e de serem presos e condenados, como aconteceu com alguns.
Outras formas de solidariedade consistia nas ofertas de roupas, calçado, medicamentos, assistência médica e as valiosas contribuições financeiras.
Igualmente importante foi a solidariedade aos presos políticos e suas famílias, prestada por milhares de antifascistas que enfrentaram a repressão e as represálias da PIDE e do fascismo. De referir ainda a solidariedade internacional, quer na ajuda aos presos políticos e suas famílias, quer na denúncia e condenação do fascismo em Portugal. É evidente que sem esta solidariedade, que se inseria na luta contra a ditadura fascista, não teria sido possível vencer a dureza da luta clandestina e a repressão.
Qualquer participação na luta contra o regime fascista revelou dedicação, coragem e combatividade, que foram decisivas para o derrube do fascismo e, consequentemente, para a Revolução dos Cravos em Abril de 74.
Para lutar na clandestinidade, o PCP teve de criar condições especiais de trabalho e de defesa. A começar por ganhar militantes de confiança e dispostos a lutar na clandestinidade, em situação muito difícil e perigosa. E a história provou que o Partido forjou na luta quadros e militantes capacitados, firmes e de grande dedicação.
Para as casas clandestinas, não só para habitação mas também como postos de trabalho com condições de segurança e de defesa, era fundamental a participação militante de mulheres. As mulheres, que tiveram um destacado papel em todas as frentes de luta, tiveram também um papel relevante no aparelho clandestino do PCP. Sem a sua participação, corajosa e dedicada, não haveria condições de um bom funcionamento e de defesa nas casas clandestinas. Para oferecer segurança, a casa precisava de ter a aparência normal de uma família, pelo que a presença de uma mulher era indispensável para não levantar suspeitas. Sendo a sua tarefa principal a defesa da casa, o que exigia um cuidadoso relacionamento e comportamento face aos vizinhos, não podia cair em contradição nas justificações avançadas para a vida que tinham, para o suposto emprego do camarada que andava no trabalho de organização e político. Tudo impunha muita atenção, disciplina e rigoroso cumprimento de regras conspirativas. O “simples” acto de ir colocar o sinal para dar entrada ao camarada quando este ficava fora para reuniões, ou a ida às compras, que tinham de ser feitas em locais mais recatados, obrigavam a uma vigilância permanente. Qualquer falha poderia pôr em risco a segurança da casa e dos camaradas.
Mas, para além destas responsabilidades, geralmente todas as camaradas das casas do Partido tinham parte activa noutras tarefas. As que estavam em tipografias participavam nos trabalhos de composição e impressão da imprensa clandestina: Avante!, O Militante e outros jornais e documentos. As que estavam noutras casas do Partido, organizavam os arquivos, escreviam à máquina (metida em caixa almofadada para abafar o som) longos relatórios, informações, etc.. As que tinham maiores habilitações redigiam artigos, utilizavam os copiógrafos, donde retiravam, a stencil, especialmente nos primeiros anos: “O Camponês”, “O Corticeiro”, “O Têxtil”, “A Terra”, “As 3 páginas”, “A Voz das Camaradas”, entre outros.
Há que considerar que grande parte das militantes das casas clandestinas eram modestas trabalhadoras, com pouca preparação política e ideológica e algumas tiveram mesmo de aprender a ler e a escrever. No entanto tinham bastante experiência da vida e da luta como operárias, camponesas, trabalhadoras. Tinham, por isso mesmo, uma forte consciência de classe, espírito solidário e de elevado sacrifício, uma grande confiança no Partido e nos seus ideais.
As mulheres comunistas, algumas muito jovens, que mergulharam na clandestinidade com 15, 16, 17 anos, assumiram grandes responsabilidades e provaram as suas capacidades na luta muito difícil, no isolamento clandestino e separadas de toda a família. Outras houve que estiveram separadas dos maridos longos anos pelo facto de estes terem sido presos e condenados.
Também muitas delas enfrentaram a PIDE, os interrogatórios, os anos de prisão, com firmeza e dignidade, honrando o seu Partido e os seus ideais. Tudo enfrentaram com coragem e dedicação revolucionária, demonstrando a sua determinação de lutar por um futuro melhor, lado a lado com os seus camaradas.
Mas sabiam que não estavam sozinhas. Sentiam-se integradas no amplo conjunto de portugueses, mulheres, homens e jovens, que lutavam em todo o país.Tinham consciência de que os seus problemas específicos de mulher, mãe e trabalhadora só seriam resolvidos numa sociedade liberta da exploração, da desigualdade e das injustiças. E sabiam que o PCP era o único partido consequente na luta pelos seus direitos.
As mulheres comunistas encontraram no seu Partido uma escola de formação política e ideológica. E a dureza e a prática da luta uniu e apetrechou os comunistas de princípios e valores importantes para a vida. Princípios como a amizade fraterna, a solidariedade, o respeito, a fidelidade ao Partido e à causa da luta que se travou ao longo dos anos difíceis. Valores que, no essencial, se mantiveram entre camaradas, como uma ampla família unida pelo Partido, e que se vêm transmitindo e alargado a novas gerações.
Creio não ser errado afirmar que as mulheres nas casas do Partido foram as que mais aprenderam politicamente e se prepararam para tarefas de maior responsabilidade.
Isto mesmo é afirmado pelo camarada Álvaro Cunhal no encerramento da Conferência do PCP - Pela Emancipação da Mulher no Portugal de Abril - 1986: “No meio século de terror fascista, nas duras condições de clandestinidade em que o Partido actuou, as mulheres comunistas, educadas pelo Partido, mostraram o seu alto valor revolucionário, no trabalho de organização, na acção política, nas tarefas técnicas mais duras e perigosas, como tipografias, aparelhos e casas clandestinas. Centenas de mulheres comunistas foram perseguidas, presas e torturadas. Muitas destacadas camaradas foram presas, julgadas e condenadas a largos anos de prisão. Libertadas, muitas voltaram logo à luta clandestina”.
Também as nossas crianças, quando habitavam nas casas clandestinas, privadas da escola e do convívio com as outras crianças, revelavam comportamentos notáveis de elevada consciência e noção de responsabilidade. Na história do Partido há muitos exemplos disso mesmo. Apenas cito dois: o da camarada Ivone Dias Lourenço que, com 5 anos, se sentou sobre um Avante que estava em cima do divã para o esconder de uma vizinha que entrou inesperadamente. Os pais não tinham reparado e insistiam para a filha se levantar e beijar a vizinha, mas a menina de 5 anos não se moveu... Outro exemplo é o da filha do camarada Agostinho Saboga que aos 8/9 anos ajudava os pais numa tipografia clandestina. Muitas das nossas crianças tinham verdadeira noção dos perigos e guardavam segredos conspirativos para defender a casa e os pais.
Hoje é motivo de grande satisfação encontrar jovens militantes comunistas, dedicados e activos, que nasceram ou viveram nas casas clandestinas. Alguns deles assistiram mesmos aos assaltos da sua casa pela PIDE e foram presos com os pais.
O PCP, como grande força política revolucionária e organizada, ao longo dos seus 80 anos de luta acumulou experiências, conhecimentos que não se podem subestimar. Serviram para a Revolução dos Cravos de Abril, são valores que continuam a ser guias da nossa luta no presente e no futuro.
Após o derrube do regime fascista, o PCP e os comunistas passaram a lutar, em liberdade, pela concretização e defesa das conquistas de Abril e pela construção de uma sociedade democrática, livre e independente, rumo ao socialismo. Deixaram de ser perseguidos pela PIDE e pelo regime fascista mas continuaram a enfrentar a ofensiva, a violência e as calúnias das forças reacionárias da direita, que atacaram e incendiaram os Centros de Trabalho do Partido.
A direita reacionária e os seus aliados tudo tentaram para impedir o processo democrático e a luta do PCP e do povo para instaurar uma sociedade sem exploradores nem explorados. E aqui, mais uma vez, a luta do PCP, dos traba lhadores e das forças democráticas foi determinante para travar a reacção.
No ano de 2001, em que o nosso Partido completa 80 anos de vida e de luta ao serviço do povo e de Portugal, é com muito orgulho que continuamos a afirmar que temos um Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, com a sua identidade própria, com direcção e orientação únicas, partido com centralismo democrático, com princípios básicos do marxismo-leninismo. Princípios confirmados e aprovados no seu XVI Congresso em Dezembro último.
Os comunistas unidos, firmes e combativos, mulheres, homens e jovens, continuarão a defender, em torno destes princípios, um PCP interveniente e in fluente na política portuguesa, ao serviço dos interesses dos trabalhadores, de Portugal, da democracia. Um PCP para “construir o futuro”.
«O Militante» - N.º 254 - Setembro/Outubro 2001

MARIA LAMAS
Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas
(1893-1983)









Escritora e interveniente política portuguesa. Mulher de personalidade admirável, oriunda de uma família burguesa de Torres Novas, ali estudou até aos dez anos. Aprendeu línguas o que lhe viria a ser útil mais tarde, quando teve de ganhar a vida com traduções. Traduziu mais tarde "Memórias de Adriano", de Marguerite Yourcenar, que conheceria em Paris. Casou nova e aos 25 anos já tinha duas filhas. Viveu em Luanda e quando o casamento naufragou divorciou-se e quis ser ela a assegurar a educação das filhas. Começa a escrever para os jornais Correio da Manhã e Época, mais tarde para O Século, A Capital e o Diário de Lisboa. Casou, em 1921, com Alfredo da Cunha Lamas, e foi mãe mais uma vez. Em 1928 passou a dirigir o suplemento Modas & Bordados do jornal O Século, dando-lhe uma feição diferente. Um jornal que dava prejuízo passou a dar lucro, tal a importância da sua colaboração. Era preciso chegar às mulheres trabalhadoras pouco esclarecidas quanto aos seus direitos. A sua colaboração no "Correio da Joaninha" passou a ser um diálogo educativo com as leitoras. Ligou-se ao MUD (Movimento de Unidade Democrática) e depois ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, onde desenvolveu intensa actividade política e cultural. Presa, pela primeira vez, por motivos políticos, em 1949 sofreu imenso na prisão, porque a PIDE a colocou numa prisão incomunicável durante quatro meses. Esteve muito doente. Depois de várias prisões viu-se forçada ao exílio. A sua actividade como escritora é intensa e diversificada. Escreveu contos infantis, estudos na área da mitologia, porém o seu livro mais importante, fruto de dois anos de viagens por todo o país é «As Mulheres do Meu País», uma obra de referência, onde colaboraram com ilustrações os mais famosos intelectuais do tempo, editado em 1950. Seguem-se «A Mulher no Mundo», 1952 e «O Mundo dos Deuses e dos Heróis», 1961.Esteve exilada por diversas vezes, entre 1953 e 1962. Passados sete anos regressou do exílio. Tinha 76 anos e ainda a mesma esperança de melhores dias para Portugal. Viveu o 25 de Abril de 1974 com enorme alegria. Foram-lhe atribuídas duas das mais honrosas condecorações portuguesas, a de Oficial da Ordem de Santiago da Espada e a da Ordem da Liberdade. Faleceu com 90 anos, em Dezembro de 1983. A cidade de Torres Novas relembra-a numa pequena intervenção escultórica. A jornalista Maria Antónia Fiadeiro dedicou-lhe um estudo monográfico.mais pormenorizado ...
Já considerada como a mais vibrante personalidade portuguesa deste século, Maria Lamas foi escritora e jornalista, mas acima de tudo soube viver com total liberdade e autenticidade Nasceu numa casa de província de uma família abastada em Torres Novas, no dia 6 de Outubro de 1893, recebendo na pia baptismal o nome de Maria da Conceição. Criança reservada, preferia escutar e olhar o mundo dos adultos a participar em brincadeiras.

Foi educada no Convento de Santa Teresa de Jesus, onde aprendeu línguas, pintura e bordados, embora nunca tenha chegado a completar os exames, tirando apenas o curso de liceu depois de casada.

Saiu do colégio pouco tempo antes de ser proclamada a República, em 1910, acontecimento que a marcou profundamente, sendo filha de um republicano. Mas o ano de 1910 estaria recheado de surpresas. É a altura em que conheceu o que viria a ser o seu primeiro marido num casamento de amor, um garboso oficial de cavalaria, Ribeiro da Fonseca com que casa um ano depois, ao completar dezassete anos.

Acompanhando o marido, parte para África e lá teve a primeira filha, aos dezoito anos. É a sua vivência em África que mais recorda no seu livro ‘Confissões de Sílvia’. Mas esta época leva-a a desejar mais da vida e em 1920 divorciou-se, regressando a casa dos pais com duas filhas a seu cargo.
Tomou então a decisão de ir viver para Lisboa, e para ganhar a vida decidiu dedicar-se ao jornalismo. Começou a trabalhar numa agência de notícias, depois na revista ‘Civilização’ e finalmente no ‘Século’ onde entrou, aos 36 anos, pela mão de Ferreira de Castro, sendo-lhe confiada a direcção do ‘Modas&Bordados’ que ela tenta transformar em algo mais do que uma revista para donas de casa.

A coluna que manteve durante anos no ‘Modas&Bordados’, intitulada ‘O Correio da Tia Filomena’ ficou famosa e recebia centenas de cartas, falando da condição das mulheres em Portugal, as suas revoltas e os seus sonhos.

Lidando com a elite cultural e social de Lisboa, Maria Lamas era considerada como uma das mulheres mais belas e fascinantes da capital. Excedia-se em projectos tendo sempre como metas que o impossível estava ao alcance das mãos.

O jornal ‘O Século’ era um dos expoentes máximos da cultura portuguesa na época, organizando conferências, concertos e exposições, actividades em que participou activamente. Um dos seus projectos mais famosos foi a exposição acerca da mulher portuguesa, onde apresentou teares do Minho, mesas de trabalho de mulheres como a Marquesa de Alorna e Carolina Michaelis, e onde recriou um conjunto de actividades femininas.

Outra das suas exposições que ficou célebre foi a realizada com tapetes de Arraiolos fabricados pelas presas da cadeia das Mónicas e que permitiu a estas algumas horas de liberdade, tendo sido transportadas da prisão para os salões do ‘Século’ em táxis para apreciarem os seus trabalhos.

Durante a sua vida como jornalista, acabou por casar com um homem da mesma profissão, Artur Lamas, de quem viria a ter a terceira filha, o que não evitou o divórcio, embora tenha sempre mantido o nome deste nos seus trabalhos.

Com o pseudónimo de Rosa Silvestre escreveu diversas obras infantis, como ‘Caminho Luminoso’ e ‘Para Além do Amor’, entre outros.

Mas a sua vontade de mudar as coisas não se limitou à escrita e em 1945, Maria Lamas é eleita presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, uma associação que tinha sido fundada durante a I República mas que o regime salazarista fizera por apagar. E é nessa posição que é obrigada a escolher entre abandonar o ‘Modas’, a que dedicara vinte anos da sua vida ou o Conselho, decidindo-se pela primeira opção, embora o Conselho tenha sido encerrado algum tempo depois pela P.I.D.E.





Percorre então o país para conhecer melhor a condição das mulheres e dessas viagens nasce o livro ‘As Mulheres do meu país’, que ficará como um marco histórico. Após estas obras publicaria ainda ‘A Mulheres no Mundo’ e ‘O Mundo dos Deuses e dos Heróis’.

Após o fim da II Guerra, Maria Lamas dedica-se a apoiar a candidatura do General Norton de Matos, e acaba por ser presa sob a acusação de propagar notícias falsas e pedir a libertação dos presos políticos. Esta seria a primeira de outras detenções, sendo a que mais a abalou o encarceramento solitário durante seis meses, nos anos cinquenta, que afectou profundamente a sua saúde.

Portugal sufoca-a e decide visitar outros países, na sua qualidade de membro do Conselho Mundial da Paz e em 1961 fixa-se em exílio durante oito anos na cidade de Paris. É da janela do seu quarto no Hotel Sain-Michel que durante o Maio de 1968 passou baldes de água para os jovens na rua se protegerem dos gases lacrimogéneos.

Apenas regressa a Portugal em 1970 e apoiou com todas as restantes forças dos seus oitenta anos, a revolução de Abril, que instaurou a democracia.

Volta a ser a directora honorária do ‘Modas&Bordados’ e foi uma das primeiras pessoas a receber a Ordem da Liberdade das mãos do Presidente da República.

Os seus últimos dias passou-os em Évora com uma das filhas e é lá que acaba por falecer aos noventa anos de idade, tendo perdido totalmente a audição, o que nunca foi impedimento para continuar a receber amigos e familiares, dialogando através de um pequeno bloco de notas.

Quem a conheceu de perto descreve-a como uma pessoa com a qual quem lidava sentia sempre que podia tonar-se melhor seguindo-lhe os exemplos, influindo assim, de forma subtil, na formação de muitas mulheres e também de homens, num país em que as fronteiras de posição social marcavam mais do que as personalidades.
Mulher portuguesa

Maria Lamas no Dia da Fotografia

Lamas372net
 Maria Lamas, Jovens trabalhadoras das minas de S. Pedro da Cova (de "As Mulheres do Meu País", pág. 372, 1948-50) © Herdeiros de Maria Lamas, Lisboa / Editorial Caminho


A inicitiva com que o "I" assinalou o Dia Mundial da Fotografia foi uma excelente oportunidade para fazer publicar uma foto de Maria Lamas, fotógrafa desconhecida ainda, 60 anos depois de ter publicado "As Mulheres do Meu País" (1948-50). Menos desconhecida desde 2008, e agora apresentada por Jorge Calado na exposição "Au Féminin", no Centro Cultural da Fundação Gulbenkian em Paris (até 29 de Setembro, sem itinerância). E é mesmo Maria Lamas a autora mais representada, com oito imagens e um livro, nesse inédito panorama da fotografia feita por mulheres sobre mulheres, em todo o mundo e desde o início da fotografia até hoje. Jorge Calado apresenta-a no catálogo com uma frase decisiva - "Em Portugal, o equivalente fotográfico da FSA (Farm Security Administration) é obra de uma única mulher: Maria Lamas".


Uma das mais insólitas curiosidades da fotografia portuguesa é o facto da obra fotográfica de Maria Lamas - mesmo que reduzida a um único grande livro editado em 15 fascículos ao longo de menos de dois anos, e nunca exposta no seu tempo - ter permanecido ignorada tantas décadas. É certo que não se tratava de um álbum de ilustrações mas de um longa reportagem, ou inquérito jornalístico muito ilustrado; que as condições editoriais da reprodução fotográfica não eram as melhores da época; que além das muito numerosas imagens da autoria de Maria Lamas ela própria escolheu e fez publicar outras tantas (?) de fotógrafos que eram famosos ou desconhecidos por meados do século XX (esse é outro dos motivos de interesse do livro); que o activismo e o protagonismo político da autora (o exílio e os condicionalismos partidários) se sobrepuseram à apreciação da sua obra de escritora e de ocasional fotógrafa.
Ignorada na história de António Sena (1998), que permanece a única obra de referência, a produção fotográfica de Maria Lamas não costuma ser representada ou mesmo referida nas mostras monográficas que lhe foram dedicadas (Biblioteca Nacional 1993, em especial). Só com a muito cuidada reedição em fac-símile realizada pela ed. Caminho em 2002 (com reprodução das imagens a partir das provas originais, sempre que possível - graças à coordenação gráfica de José António Flores) é que o trabalho fotográfico de Maria Lamas começa a ganhar a atenção que merece. No ano seguinte, Maria Antónia Fiadeiro, numa biografia publicada pela Quetzal, aponta Maria Lamas como uma repórter fotográfica pioneira.
MLamas161net
Maria Lamas, Jovem mãe da Castanheira, Serra da Estrela ("As Mulheres do Meu País", pág. 161, 1948-50. "Au Féminin", nº 8 - prova vintage, 8 x 5 cm) © Herdeiros de Maria Lamas, Lisboa / Editorial Caminho
Quando Maria Lamas concebe e produz o livro "As Mulheres do Meu País", criando uma estrutura editorial artesanal e familiar para o efeito, tinha já 53-54 anos. A relação com a fotografia seria apenas a de uma jornalista do quadro de O Século (entrou em 1929) com uma longa experiência de direcção de suplementos e revistas, e em especial do semanário feminino "Modas e Bordados", entre 1930 e 1947. Nem fotógrafa profissional, nem "amadora" (no sentido habitual de aficionado ou praticante da arte fotográfica), Maria Lamas apenas por necessidade recorreu por algum tempo a um "caixote Kodak" para fazer as imagens que deveriam acompanhar o seu inquérito sobre a vida e o trabalho das mulheres portuguesas.
Queria-as "verdadeiras, expressivas, com valor documental e inéditas", conforme diz numa entrevista a O Primeiro de Janeiro (28 de Abril de 1948). "Resolvi arranjar uma máquina e ser eu, também, fotógrafa" - "Ler - Informação Bibliográfica", Publicações Europa-América (Maio-Junho 1948). Um genro que trabalhava para a Kodak ensinou-lhe os rudimentos da fotografia e tratou do material trazido das deslocações pelo país. O espólio conservado pela família compreende os negativos e as provas positivas de que se escolheram as imagens reproduzidas no livro, em contactos e provas de pequeno formato que nunca houve a intenção de expor. Por vezes, revela Jorge Calado, as provas foram reenquadradas para eliminar figuras masculinas ou sujeitas a colagens para os grupos serem apenas femininos.
São circunstâncias que fornecem alguns ensinamentos sobre a realidade ambígua da fotografia e sobre os seus circuitos de reconhecimento e consagração. Por um lado, uma grande aventura fotográfica, que é também um grande obra (única no contexto português do seu tempo), pode surgir no exterior das práticas institucionalmente estabelecidas, à margem da profissão e das suas aptidões funcionais (o fojornalismo, o retrato, a ilustração documental, reconhecidas ou não como produção artística) e também à margem da intencionalidade artística oposta aos usos funcionais, ou autónoma, que tinha à data os seus códigos associativos e rituais expositivos, identificados como amadores (mas não exclusivos destes, e os dois circuitos não são nunca estanques). Prática isolada e exercício breve no tempo (3 anos), sem aprendizagem, de intenção documental e alheia, pelo que se pode saber, à ambição da arte e dos seus circuitos, certamente sem modelos históricos ou conceptuais, a obra fotográfica de Maria Lamas é fundada num projecto próprio de inquérito e de comunicação, e também numa vontade de activismo cívico.

Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas (1893-1983)

Completou os seus estudos no Colégio Religioso Jesus, Maria, José, em Torres Novas. 
Casou pela primeira vez em 1910 com Teófilo José Pignolet Ribeiro da Fonseca, tendo deste casamento, que durou até 1919, duas filhas, Maria Emília (1911) e Maria Manuela (1913). Viveu em Luanda entre 1911 e 1913, acompanhando o seu marido em missão militar, tendo aí nascido a sua segunda filha. 

Em 1921 casou em segundas núpcias com o jornalista Alfredo da Cunha Lamas de quem teve uma filha, Maria Cândida. Divorcia-se outra vez em 1936.

Simpatizante do PCP, esteve ligada à Oposição Democrática durante o Estado Novo. Entre 1962 e 1969 viveu em Paris como exilada política, habitando o Grand Hotel Saint-Michel, no Quartier Latin, onde conheceu Marguerite Yourcenar, e onde desenvolveu intensa actividade política e de apoio a portugueses refugiados em oposição ao regime fascista.
LIVROS
São especialmente dignos de nota as suas obras no âmbito da literatura infantil e no da etnologia, As Mulheres do meu País.



*****
Maria Lamas nasceu a 6 de Outubro de 1893 em Torres Novas.
Em 2011 o Município de Torres Novas promoveu a primeira edição do Prémio bienal Maria Lamas. Este prémio foi instituído para evocar a figura de Maria Lamas e perpetuar  o seu testemunho de lutadora pelos direitos das mulheres portuguesas. O prémio tem um valor pecuniário de 3000 euros e visa distinguir abordagens a temas relacionados com a mulher, o género e a igualdade, na perspectiva das ciências sociais e humanas, podendo submeter-se a concurso dissertações de mestrado e doutoramento, bem como trabalhos decorrentes de pós-doutoramento ou outros, desenvolvidos no âmbito de centros de investigação científica credenciados. As candidaturas são individuais, podendo concorrer autores portugueses e estrangeiros. 
A revista Islenha publicou em 2011 um número dando destaque à ligação de Maria Lamas ao arquipélago da Madeira.
Foram-lhe atribuídas duas das mais honrosas condecorações portuguesas, a de Oficial da Ordem de Santiago da Espada e a da Ordem da Liberdade.
 
Castro Soromenho, José Cardoso Pires e Maria Lamas, em Paris.
 Alves Redol, Maria Lamas, Jorge Amado e Ferreira de Castronum jantar no aeroporto de Lisboa em 1953.

A 29 de Junho de 2013 foi inaugurada em Almada a Biblioteca Municipal Maria Lamas. Uma obra da autoria do arquitecto João Santa-Rita. 
Em 2015 foi organizada pelo Municipio de Torrres Vedras a exposição "De corpo e alma, Maria Lamas", com obras de reconhecidos pintores portugueses tendo como inspiração Maria Lamas.
 
Exposição sobre Maria Lamas, Torres Vedras 2015.

Num testemunho, a escritora Maria Teresa Horta recorda-a como uma mulher igual às outras da sua época e do seu meio socio-económico: “Elegantíssima, bem vestida, muito bonita, com um toque de classe, com o seu colar de pérolas” […] “Ao começar a falar é que ficava diferente”.

Maria Lamas morreu aos 90 anos, em Lisboa a 6 de dezembro de 1983. 
Por Edital de 28/02/1984 o seu nome foi dado uma entre o Bairro das Pedralvas e a Urbanização da Quinta de Nossa Senhora do Cabo.



debategraph.org

06
Mar18

Marcelo não conheceu o fascismo?

António Garrochinho


Marcelo Rebelo de Sousa teve a sensatez e a sensibilidade de emitir uma nota "a lamentar" (lê-se no título) a morte do coronel João Varela Gomes: "O Presidente da República apresenta à Família do Senhor Coronel João Varela Gomes condolências invocando a sua militância cívica, em particular, a sua consistente luta contra a ditadura constitucionalizada antes do 25 de Abril de 1974", diz o texto enviado às redações no passado dia 28 de fevereiro.
Informo o leitor ou a leitora, caso não saiba, que Varela Gomes passou pelas prisões da PIDE (a polícia política de Salazar), participou na campanha eleitoral do general Humberto Delgado (que desafiou o regime), esteve na conspiração da Sé em 1959 e no assalto ao quartel de Beja em 1962 (que o qualificaram como um dos heróis da resistência).
Depois do 25 de Abril, Varela Gomes liderou a 5.ª Divisão do Estado-Maior das Forças Armadas, que percorreu o país a promover sessões de esclarecimento e de propaganda sobre a Revolução dos Cravos e o Movimento das Forças Armadas. No 25 de novembro de 1975 ficou do lado dos derrotados e teve de fugir do país. Voltou em 1979.
Em primeiro lugar tenho de dizer que se o Presidente da República fosse outra pessoa provavelmente a nota que citei nunca teria sido emitida. Cavaco Silva nunca o faria. Jorge Sampaio e Mário Soares talvez o fizessem, mas não tenho a certeza...
Em segundo lugar quero sublinhar a definição utilizada por Marcelo Rebelo de Sousa, construída para designar a forma como a República se organizou durante o longo consolado de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano: "Ditadura constitucionalizada"... Nem apenas "ditadura", nem o autodesignado "Estado Novo", nem o mais popular "fascismo".
Esta versão agora adotada por Marcelo Rebelo de Sousa é a demonstração de como Portugal ainda tem muitos problemas para falar do seu passado, encerrado há 43 anos: o esforço para encontrar uma formulação bateriologicamente pura da infeção ideológica para dizer aos portugueses o que era o regime que Varela Gomes combateu é, por si só, um exercício de ideologia, pois parte da presunção de que falar sobre fascismo em Portugal é uma incorreção, uma inconveniência ou uma infelicidade.
É verdade que há historiadores e académicos a defender essa tese, mas, para mim, isso não faz sentido: houve partido único, houve câmara cooperativa, houve Mocidade Portuguesa, houve Legião, houve censura prévia, houve polícia política, houve prisões e campos de concentração para os opositores e houve um sem-número de outras instituições e leis no Portugal desse tempo - ou em alguns períodos dentro desse tempo - semelhantes a outros regimes fascistas.
Como não sou historiador nem académico, esta minha posição pode ser facilmente contestada por quem, nesta área, tem mais credibilidade do que eu. Porém, ao longo dos meus 54 anos de vida, já assisti a várias revisões profundas da história, sempre com suposto certificado científico, até de coisas bem antigas, milenares, sobre as quais pensava haver imenso saber consolidado.
Por isso, aquilo que hoje se escreve como sendo verdade científica acerca de história contemporânea será, de certeza, uma falsidade científica amanhã e, se calhar, voltará ao estatuto de verdade científica depois de amanhã.
O problema não é, insisto, de rigor histórico ou científico. O problema é outro. O problema é que quando ouvimos a palavra "fascismo" pensamos em opressão, em repressão, em escuridão. Quando ouvimos "ditadura constitucionalizada" pensamos em legislação, ordem e autoridade. Há aqui um planeta de distância, estamos a falar de dois países diferentes.
Imaginemos que o coronel Varela Gomes estava vivo e que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa se cruzava com ele e lhe dizia: "Quero agradecer-lhe, em nome do povo português, a sua consistente luta contra a ditadura constitucionalizada." Varela Gomes, que se definia como antifascista, como se sentiria? Provavelmente ofendido, se calhar até humilhado, certamente indignado.
E se em vez de Varela Gomes essa mesma frase, essa expressão "ditadura constitucionalizada" tivesse sido dirigida a Álvaro Cunhal? Ou a Mário Soares? Ou a qualquer um dos milhares de pessoas que passaram pela prisões da PIDE, muitas delas ainda vivas e com ativa participação na vida pública? Como podem essas pessoas, de diversos quadrantes ideológicos, que tantos anos da sua vida deram em torno do conceito mobilizador do derrube do fascismo em Portugal, aceitar agora esta esterilização da sua luta?
Como podem os filhos, os netos ou bisnetos dos resistentes a Salazar e Caetano aceitar uma versão oficial de que os seus pais, avós ou bisavós não lutaram contra o fascismo, lutaram antes contra uma "ditadura constitucionalizada"? Julgarão que os seus familiares os enganaram? Ou que o Estado está a trair a memória dos seus familiares?
Dizer, para definir o fascismo português, que se tratou, apenas, de uma "ditadura constitucionalizada" é conseguir inatacável rigor histórico, talvez mesmo para daqui a mil anos, mas é também escamotear a história real, vivida, pessoal de cada lutador político desse tempo, onde se documenta uma parte essencial do que se passou em Portugal durante 48 anos.
Penso que Marcelo tenta, como Presidente, pacificar o país, até com a sua memória. Daí ter decidido lamentar a morte do antifascista Varela Gomes, o que outros, repito, não fariam... Porém, ao tentar as meias-tintas, falhou e, até, afrontou o texto do preâmbulo da Constituição que jurou defender. É pena.


www.dn.pt

06
Mar18

Líder indígena é candidata à vice-presidência brasileira

António Garrochinho
Sonia, de 43 anos, é uma líder indígena, membro do setor ecossocialista do PSOL desde 2011, altura em que abandonou o PT
Candidatura de Sonia Bone Guajajara vai ser anunciada pelo PSOL, como número dois de Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Sem Teto, que concorre ao Planalto
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) vai ter uma lista de "esquerda puro-sangue", como diz um dos seus dirigentes, a concorrer às eleições presidenciais de outubro no Brasil: além de Guilherme Boulos, o candidato a presidente da República que lidera o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, a concorrente ao cargo de vice-presidente será Sonia Bone Guajajara.
Sonia, de 43 anos, é uma líder indígena, membro do setor ecossocialista do PSOL desde 2011, quando abandonou o Partido dos Trabalhadores desiludida com a aliança de Lula da Silva e Dilma Rousseff com Roseana Sarney, filha de José Sarney e militante do Movimento da Democracia Brasileira, no governo do Maranhão. Natural daquele estado do Nordeste do Brasil, cresceu na Terra Indígena Araribóia, entre a tribo Guajajara-Tentehar, formou-se em Letras e pós-graduou-se em Educação na universidade estadual local, mesmo filha de pais analfabetos. É casada e mãe de Luiz Mahkai, Yaponã e Y"wara.
Coordenou organizações dos povos indígenas no Maranhão, primeiro, e em todo o Brasil, depois, o que a tornou notada pelas classes política e artística. Em 2010, entregou a Katia Abreu, presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária que mais tarde integraria o segundo governo de Dilma, o prémio negativo "Motosserra de Ouro", por dizimar áreas florestais em favor da exploração agrícola e tentar enfraquecer o Código Florestal.
Em 2015, fez Marina Silva, cujas causas herdou em parte, usar uma camisa com escritos contrários a uma proposta de emenda que diminuía os territórios indígenas. No Carnaval de 2017 desfilou no sambódromo com pinturas indígenas ao lado da atriz Letícia Sabatella e no festival Rock in Rio do mesmo foi chamada ao palco pela cantora norte-americana Alicia Keys, a meio da interpretação de Kill Your Mama, tema que denuncia a devastação do planeta.
Outros artistas, como o casal Caetano Veloso e Paula Lavigne, apoiam a lista escolhida pelo PSOL. Ao falar numa entrevista sobre uma banda de que gostou, os Baiana System, o músico disse que "soavam como se Boulos tivesse sido eleito presidente e Sonia Guajajara vice - e seu mandato estivesse dando certo". Lavigne, que tem reunido em sua casa políticos de esquerda para discutir alternativas nas eleições, disse ao jornal Folha de S. Paulo que está "superdentro dessa lista que concentra o maior número de causas que a gente defende".
A candidatura de Guajajara surgiu por sua própria iniciativa, ao escrever uma carta aberta onde se apresentava como candidata à presidência. "Aos poucos fomos nos dando conta de que havia uma oportunidade histórica de ver a nossa agenda inserida no debate (...) ocupamos as redes sociais mas nem por isso deixamos de sofrer racismo, ver as nossas lideranças serem assassinadas, a juventude sem perspetivas, os territórios invadidos ou entregues aos grandes agricultores e pecuaristas", escreveu.
Boulos, que não pertence ao PSOL mas será apoiado pelo partido, gostou da ideia e convidou-a a participar da sua lista, cuja confirmação está marcada para dia 10. "Tudo caminha para Sonia ser a vice", confirmou Marcelo Freixo, que perdeu as eleições pelo partido para a prefeitura do Rio de Janeiro para o bispo evangélico Marcelo Crivella.
O presidente do PSOL no Ceará, Ailton Lopes, é um dos mais entusiastas defensores da dupla Boulos-Guajajara: "A Sonia fará um outro debate, diferente do modelo do consumo e produção, com a economia ao serviço do povo e não o contrário", afirmou, ouvido pelo jornal O Povo. "Os povos indígenas foram dizimados no Brasil e na América Latina, restou um número muito pequeno que ainda resiste, às vezes em troca da própria vida", finalizou.
Em intervenções na imprensa, Sonia considerou Temer "golpista", afirmou que com o tempo "Marina Silva se distanciou" do papel de ambientalista e defendeu a participação de Lula nas eleições de outubro "em nome da democracia".
Na política brasileira, a nível nacional, só há registo de um deputado indígena. Mário Juruna, que nasceu e cresceu numa tribo xavante do Mato Grosso até aos 17 anos sem contacto com a população branca, foi eleito em 1982, pelo Partido Democrático Trabalhista. Terminou o seu mandato em 1986 e não voltou ao Congresso Nacional.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, vivem hoje no Brasil perto de 900 mil indígenas, cerca de 60% deles em áreas rurais, de 240 povos, em cerca de 0,47% do território do país.
Em São Paulo


www.dn.pt
06
Mar18

Bela foto a do "DN"

António Garrochinho



Francisco Rodrigues dos Santos o polémico presidente dos fascistas da Juventude Popular (CDS), o tal que chamou monhé a António Costa e outras afirmações de carácter fascista e racista aparece hoje numa entrevista no DN que não li mas a foto despertou-me os sentidos e leva-me a dizer: Até na fotografia eles são sujos

06
Mar18

SNS gera cinco mil milhões de euros para a economia

António Garrochinho
Estudo da Nova mostra que SNS recuperou quase metade do seu orçamento com faltas evitadas e aumento da produtividade
Os cuidados prestados pelo Serviço Nacional de Saúde geraram 5 mil milhões de euros para a economia no ano passado, o que equivale a dizer que o SNS recuperou quase metade do seu orçamento só com faltas ao trabalho evitadas e aumento da produtividade. Os dados constam do estudo Índice de saúde sustentável 2017, realizado pela Nova-IMS, da Universidade Nova, que será apresentado hoje na 7ª conferência Abbvie/TSF/DN, no Centro Cultural de Belém.
Os portugueses faltaram em média quase seis dias ao emprego no ano passado, 2,6% do tempo total trabalhado, absentismo que se traduziu em 2,1 mil milhões de euros de prejuízo. Mas os cuidados prestados pelo SNS evitaram que o número de dias faltados fosse maior, defende o estudo: o número médio de absentismo subiria para 7,8 dias, totalizando um prejuízo de 2,8 mil milhões de euros. Os investigadores analisaram ainda, pela primeira vez, o impacto de situações de doença que poderão ter influenciado o desempenho num dia normal de trabalho. E aqui, as perdas de produtividade equivalem a 9,3 dias de trabalho, que levam a um prejuízo de 3,3 mil milhões de euros. Mas tal como no ponto anterior, a conclusão é que o SNS permitiu evitar outros 7,3 dias de trabalho perdidos em produtividade, traduzidos numa poupança de 2,6 mil milhões de euros.
Tendo em conta os dados do estudo, que se baseou numa amostra de 500 entrevistas telefónicas, só na redução do absentismo e na melhoria da produtividade, o SNS levou a uma poupança de 3,3 mil milhões de euros, a que Pedro Simões Coelho, diretor da Nova Information Management School e principal coordenador do Projeto Indicador de Saúde Sustentável, junta outra variável importante. "Com este resultado fica comprovado que o SNS tem um impacto extremamente positivo quer no absentismo laboral, como na produtividade, permitindo poupanças significativas. Mas podemos ir mais longe na leitura destes dados e mostrar que o investimento no SNS não traz apenas poupanças, mas também um importante retorno económico. Se considerarmos a poupança de 3,3 mil milhões de euros de impacto por via dos salários e a relação entre a produtividade/remuneração do trabalho (valores referência do INE), obtemos um retorno para a economia que ronda os 5 mil milhões de euros".
Metade dos utentes de boa saúde
Num retrato geral, a população mostra-se muito satisfeita com o seu sistema de saúde, embora a avaliação tenha descido ligeiramente de 2016 para 2017 em todas as áreas analisadas pela equipa da IMS. Em relação à qualidade dos serviços de saúde, por exemplo, houve uma redução de 1,6 pontos percentuais, embora seja de destacar que ainda assim dois terços dos utentes mostram-se satisfeitos. Aliás, em seis indicadores avaliados, apenas um fica abaixo dos 60% de satisfação: o dos tempos de espera entre a marcação e a realização dos atos médicos (53,1%).
No que parece ser uma aparente contradição, apesar da qualidade percecionada descer, a qualidade técnica (avaliada por um grupo de peritos ) teve uma subida considerável de mais de cinco pontos, de 68,5, em 2016, para 73,8 no ano passado. Resultado que se explica com o facto de os utentes avaliarem o sistema em função de critérios como o tempo que esperam para serem atendidos nos serviços, enquanto os especialistas analisam indicadores objetivos como mortalidade por AVC, reinternamento em 30 dias ou sépsis pós-operatória.
O cruzamento destes dados com a atividade, a despesa e o deficit do SNS (sendo de salientar que, em termos percentuais, o financiamento aumentou mais do que a despesa em 2017) permitiu calcular o índice de sustentabilidade da saúde, que progrediu dos 102.2 para os 103.0 pontos. Segundo Pedro Simões Coelho, "a qualidade efetiva dos serviços de saúde melhorou consideravelmente, a atividade do SNS está estável e o deficit diminuiu de 300 para 230 milhões [o orçamento para o SNS foi de 9,54 mil milhões de euros, enquanto a despesa se situou nos 9,77 mil milhões]. Estão assim reunidas as condições para a evolução favorável do índice de sustentabilidade, que revela que o SNS está num caminho positivo"
Também o índice global do estado de saúde dos portugueses evoluiu dos 73,1 pontos registados em 2016 para os 75,6 pontos - numa escala de 0 a 100 em que 100 corresponde ao estado de saúde ideal. Se a este índice fosse retirado o contributo do SNS, o valor ficaria pelos 60 pontos. Metade dos 500 inquiridos declara ter um estado de saúde bom, mais 9% do que no ano anterior, mas ainda assim quase um terço dos portugueses diz ter uma saúde razoável ou má. Conclusões que o ministro da Saúde terá oportunidade de comentar hoje no CCB, na abertura da conferência Abbvie/TSF/DN.


www.dn.pt
06
Mar18

«Os militares querem ver os seus direitos respeitados» - O reconhecimento recente de direitos sindicais a uma associação militar irlandesa e a definição do actual panorama europeu no associativismo e sindicalismo militar foram elementos em destaque

António Garrochinho


Emmanuel Jacob (ao centro) esteve em Portugal para participar num debate sobre associativismo e sindicalismo militar na Europa, cujo panorama traçou numa conversa com o 'AbrilAbril'CréditosDiana Garcia / AbrilAbril
Emmanuel Jacob, presidente da Organização Europeia de Associações Militares (EUROMIL), esteve esta segunda-feira em Portugal para participar num debate promovido pelas três associações profissionais de militares portuguesas.
Instado pelo AbrilAbril a fazer um ponto da situação do associativismo e do sindicalismo na Europa e, em particular, no Sul da continente, o presidente da EUROMIL afirmou que o direito de associação está contemplado em vários tratados internacionais. «Neles, afirma-se que os militares podem organizar-se naquilo a que chamam associações militares ou sindicatos», disse.
É neste contexto que devemos entender o facto de actualmente, na Europa, «haver diversos países onde em simultâneo existem associações de militares e sindicatos militares». Em sentido oposto, «há países onde o direito de associação é, ainda hoje, negado aos militares», afirmou Jacob, antes de apontar Itália como um exemplo: «Em Itália, os militares não podem integrar-se em associações profissionais ou sindicatos.»
«Sindicatos de militares existem sobretudo em países da Europa Central e do Norte»
Sindicatos de militares existem sobretudo em países da Europa Central e do Norte, como Alemanha, Holanda e Bélgica, Finlândia, Suécia e Dinamarca. «Nestes países, o sindicalismo existe e desenvolveu-se no seio das Forças Armadas há já muitos anos», salientou Emmanuel Jacob, co-fundador e ex-secretário-geral do sindicato militar belga ACMP-CGPM [Central Geral do Pessoal Militar].
«No que respeita ao Sul da Europa, assistimos a uma mudança. Antes, o direito de associação era pura e simplesmente negado em todos os países desta região. Mas, a pouco e pouco, começou a haver uma mudança», explicou, frisando que «a primeira mudança se deu em Portugal, em 2001». Seguiu-se Espanha, em 2011. O direito de associação dos militares é também consagrado no Chipre e na Grécia. «Em Malta, os militares têm direitos sindicais reconhecidos desde há dois anos», acrescentou.

Associações e sindicatos: existem diferenças

Ao AbrilAbril, Emmanuel Jacob fez questão de frisar que tanto associações como sindicatos podem defender os direitos de quem representam. «A diferença – disse – reside no modo como podem trabalhar, das limitações a que estão sujeitos». Por exemplo, em Portugal e em Espanha as associações não podem estar directamente envolvidas na negociação colectiva.
«não se pode pegar no sistema que funciona na Suécia ou na Dinamarca ou na Irlanda e tentar implementá-los em Portugal ou Espanha»
«Mesmo que estejam sentados à mesma mesa, associações de militares e governos não participam "oficialmente" numa negociação sobre carreiras, pensões ou salários, com vista a alcançar um acordo vinculativo, ou seja, o governo não tem de respeitar uma série de direitos que foram debatidos e discutidos conjuntamente, num diálogo – como fazem com os sindicatos», destacou.
Jacob reafirmou que «esta é a grande diferença», porque «os representantes sindicais dos militares ficam automaticamente envolvidos numa negociação que tem por objectivo chegar a um acordo sobre diversas matérias».
«Mas isto varia de país para país»
«Não há um modo único de funcionar, e, por isso, nós costumamos sempre dizer que não se deve copiar os sistemas de uns países para os outros», disse. A ideia é que «não se pode pegar no sistema que funciona na Suécia ou na Dinamarca ou na Irlanda e tentar implementá-los em Portugal ou Espanha, porque simplesmente não irão funcionar».

O caso de uma associação alemã

Na Alemanha, onde está consagrado o direito dos militares se filiarem numa organização sindical, a maior organização representativa de militares é uma associação (DBwV) e não um sindicato.
Jacob sublinhou que se trata de um caso único, porque existe, desde há muito, uma cooperação, um trabalho conjunto, lado a lado, entre esta associação e o governo alemão. «É algo que dificilmente se poderia implementar num outro país europeu ou mesmo hoje, de raiz, na Alemanha», afirmou.
«as associações de militares realizam, por norma, um trabalho mais básico em comparação com os sindicatos»
É um caso único também porque – insistiu – «as associações de militares realizam, por norma, um trabalho mais básico em comparação com os sindicatos. Existem, podem falar em nome dos seus associados, mas não possuem os instrumentos para participar numa negociação colectiva como parceiros à mesa e alcançar um acordo em que ambas as partes se comprometem».
Para o ex-militar belga, a questão fundamental é que «uma autoridade – seja uma entidade governamental ou uma autoridade militar, conforme a organização de cada país – esteja à mesa das negociações com um representante dos militares ao mesmo nível, respeitando-se e encarando-se mutuamente como parceiros de igual dimensão nas negociações, e não com uma atitude do género "eu sou a autoridade e mando" e "tu és apenas um sargento, obedeces e deves temer"».

PDFORRA: o caso irlandês

O facto de haver diferenças entre os países, entre o modo de trabalhar «não nos deve impedir de procurarmos aprender uns com os outros, com os militares de outros países e a forma de se organizarem e trabalharem». Na Irlanda está a ocorrer uma mudança de associativismo profissional para sindicalismo. O caso foi discutido em Estrasburgo recentemente, com o Comité Europeu de Direitos Sociais a reconhecer direitos sindicais aos militares irlandeses.
As três associações de militares portuguesas promoveram a realização de um debate sobre associativismo e sindicalismo militar na Europa, ontem, em Lisboa
Sobre os contornos do caso e o seu alcance, o presidente da EUROMIL não se quis precipitar e sublinhou a necessidade de deixar as coisas claras. Explicou que, durante 20 anos, os militares irlandeses estiveram organizados em associações profissionais e que «tudo funcionava muito bem, com excepção do facto de não poderem participar em negociações salariais»: «Sempre que se discutiam os salários, a associação de militares irlandesa PDFORRA ficava de fora das negociações e tinha de esperar», disse.
A certa altura, a PDFORRA solicitou ao governo irlandês a integração no mundo sindical, para poder defender, de forma completa, os direitos dos seus associados, mas a resposta do governo irlandês foi negativa, argumentando que a legislação do país não contemplava o que era pedido.
Então, a EUROMIL apresentou uma queixa contra a Irlanda, tendo por base o que está consagrado na Carta Social Europeia. «Ao analisar a questão, o Comité Europeu de Direitos Sociais disse de forma muito clara que a associação de militares irlandesa era alvo de discriminação e que podia integrar-se no mundo sindical», afirmou Jacob, acrescentando que, se o caso diz apenas respeito à Irlanda, abre no entanto um precedente que pode ser usado por outras associações de militares em países que subscreveram a Carta Social Europeia.

Sul da Europa e Portugal

Para o presidente da EUROMIL, a situação em Portugal é, hoje, muito melhor do que há uns anos, «quando havia muita pressão sobre os militares». No entanto, disse, «as associações profissionais não estão envolvidas num "diálogo social". São chamadas e ouvidas quando o governo ou as chefias militares assim entendem; têm de estar quietas e caladas também quando o governo ou as chefias militares assim o desejam».
«Em meu entender, o que falta, em Portugal, é uma estrutura de diálogo, que pode funcionar com as associações, desde que estas sejam encaradas como parceiros de negociação em termos de igualdade», frisou, acrescentando que, se isso não ocorrer, «o caminho passará pelo reconhecimento de direitos sindicais aos militares portugueses – caso as associações assim o desejem, em conjunto com o governo».
«[Em Portugal], é necessário discutir este tema. É uma necessidade concreta, que tem que ver com a defesa dos direitos dos militares»
«É necessário discutir este tema. É uma necessidade concreta, que tem que ver com a defesa dos direitos dos militares», salientou. «Mas tudo depende das associações. Se estas estão satisfeitas, tudo bem; se estas acham que alguma coisa deve mudar, então devem abordar o governo português, sem urgências e pressões, e, caso não haja acordo, em última instância, podemos entrar sempre com uma acção, como no caso da Irlanda», explicou.
Referindo-se novamente ao caso de Itália, disse que está prevista para Abril uma sessão no Tribunal Constitucional italiano sobre direitos sindicais – quando, neste momento, nem o direito de associação é reconhecido aos militares daquele país.
Em jeito de conclusão, afirmou: «Os militares têm uma função muito específica e todos eles sabem e aceitam isso. Mas, em contrapartida, queremos ver os nossos direitos respeitados, queremos que os governos e quem lidera respeite aquilo que nós fazemos.»

www.abrilabril.pt

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •