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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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07
Mar18

Depois do «pânico», ciganos pedem ajuda para recuperar o que o tornado destruiu

António Garrochinho



Foram «momentos de pânico», com crianças a chorar e «tudo a ir pelos ares». A comunidade cigana do Cerro do Bruxo não esquece o tornado que ontem, 4 de Março, arrasou o seu acampamento. Agora, as cerca de 130 pessoas estão no Pavilhão Municipal da Penha, até o tempo melhorar, mas exigem que a Câmara de Faro as ajude a recuperar o que o tornado destruiu. 
À porta do Pavilhão, há crianças, jovens, adultos e idosos. Uns vão conversando e outros apenas estão sentados a olhar para a estrada que passa ali perto. Todos passaram lá à noite e têm sido ajudados por técnicos de Ação Social da Câmara de Faro. A autarquia tem, também, providenciado refeições a todos os desalojados.
Henrique Garcias Martins está sozinho à entrada. Ao Sul Informação, recorda a tarde de ontem. «Foi tudo pelo ar. Foram placas, plástico. Nós não sabíamos o que fazer. Tudo aconteceu de repente».
A primeira reação de todos foi fugir para o Hospital de Faro para se abrigarem. «Entrou a água toda, partiu as portas. Agora temos de nos aguentar», refere.
Maria de Lurdes Martins também foi uma das afetadas. Tem a filha ao colo e fala com emoção na voz. «Os meus filhos são doentes e estão assustados. Não querem ir para as barracas porque temos tudo encharcado».
Com a sua filha pequena ao colo, garante que «não arranca» do Pavilhão «até o presidente decidir alguma coisa para todos nós». E que solução poderá ser essa? «Arranjar-nos uma casa ou madeira para fazermos uma barraca. Mas, se fizer estes ventos, voa tudo outra vez», diz.

Rogério Bacalhau, num briefing com os jornalistas, realizado na manhã desta segunda-feira, 5 de Março, falou sobre o futuro desta comunidade cigana.
«Mal o tempo esteja com maior estabilidade, vão voltar às suas casas. Em 2012, todo este acampamento ficou destruído. Logo que as condições o permitam vão ter de regressar. Nós estamos a estudar soluções para o futuro», disse.
Quanto a uma possível ajuda a estas pessoas, o edil explicou que, «se se justificar, podemos ajudar na reconstrução de algumas casas». Só que, alerta, «o município tem uma carência muito grande de habitação social. Temos uma lista de espera muito grande».
Na visita que o Sul Informação fez ao acampamento do Cerro do Bruxo, comprovou a destruição que o tornado deixou. Por todo o lado, vêem-se chapas que voaram, mas também portas arrancadas e sítios alagados. A situação mais preocupante é de duas barracas que foram destruídas.

Numa delas, moravam João Manuel e Dulce Madeiro que, esta manhã, ainda faziam contas aos estragos. «Tinha aqui os meus quatro filhos, graças a Deus que não lhes aconteceu nada de mal», diz Dulce, enquanto olha para o pouco que resta.
Passaram a noite na casa de um familiar e, tal como a comunidade cigana que está no Pavilhão, pedem a ajuda da Câmara neste momento de dor.
«Isto foi enorme. Destruiu tudo», conclui Dulce, emocionada.

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

www.sulinformacao.pt
07
Mar18

Algarvios preparam-se para a chegada da nova tempestade

António Garrochinho


Uma arriba colapsou terça-feira entre as praias do Vau e dos Careanos, em Portimão, no Algarve. Numa altura em que os trabalhos de limpeza e reconstrução intensificam-se, depois da passagem do tornado, a população é alertada por uma nova tempestade, com as previsões de vento e ondulação forte a partir de quinta-feira.
VÍDEO
sicnoticias.sapo.pt
07
Mar18

INCLUI VÍDEO - FACTOS QUE VOCÊ PODERÁ NÃO SABER SOBRE A OCUPAÇÃO NAZI EM PARIS

António Garrochinho



Histórias da segunda guerra não faltam. Existe uma infinidade de filmes, documentários e livros sobre o tema. Neste artigo, abordamos o período em que Paris esteve sob a a ocupação nazista e preparamos 12 acontecimentos que entraram para a história da humanidade. Em sua próxima visita à cidade, tente imaginar algumas das cenas aqui retratadas e entenda melhor tudo o que ocorreu na França neste período tão sombrio de nossa história. Boa leitura e clique nas fotos para ampliar.

1 – Erro na estratégia militar facilitou a invasão da França pelos alemães

A Segunda Guerra começou oficialmente em setembro de 1939, quando a Alemanha invadiu a Polônia. A expansão nazista foi bem rápida e em junho de 1940, já havia chegado à França. A Segunda Guerra foi um dos maiores vexames militares da história francesa. Em princípio, o governo francês, na tentativa de deter o avanço alemão, colocou seus soldados na fronteira com a Alemanha, na chamada “linha Maginot”. Contudo, essa estratégia revelou-se totalmente errada, já que os nazistas atacaram a França pela Bélgica, que havia sido conquistada recentemente, chegando quase sem nenhuma dificuldade a Paris em 14 de junho de 1940. No dia 22, a França assinou a rendição.

2 – Uma nova capital para a França

O acordo firmado pelos alemães e o então presidente francês François Lebrun dividiu a França em duas: a zona ocupada pelos nazistas e a zona não ocupada (zona livre), conforme mostra o mapa acima, governada pelos franceses e com a capital na cidade de Vichy, ao sul, acordo esse que serviria aos interesses dos alemães. Nos termos do acordo, o exército francês deveria ser dissolvido. Além disso, a França deveria arcar com o custo da invasão alemã.

3 – Rendição da França e a vingança de Hitler

Hitler exige que a total rendição francesa se inicie em Compiegne, ao norte da floresta de Paris, o mesmo local da rendição dos alemães na Primeira Guerra Mundial. Hitler inclusive manda trazer à Paris o mesmo vagão de trem (foto acima) onde os alemães assinaram sua rendição 22 anos antes. Hitler pretendia, desta forma, humilhar os franceses e vingar a derrota alemã.

4 – Trânsito de automóveis civis totalmente proibido

Carros particulares, Taxis e Ônibus foram proibidos de circular pela cidade, sendo permitido somente o trânsito de veículos militares ou com autorização especial dos nazistas.

5 – Férias em Paris era presente de Hitler a seus oficiais

O Ministro da Propaganda da Alemanha Nazista Joseph Goebbels (que segundo o testamento de Hitler, deveria ser o seu sucessor) queria passar a ideia de que a “Cidade-Luz” nunca perdera o seu brilho, por isso o turismo em Paris era estimulado para dar a impressão de que Paris sob o dominio alemão não perdera seu charme e encanto. Hitler costumava presentear seus oficiais com férias em Paris. Inclusive foi criado um programa chamado “Paris Para Todos, Uma vez”.

6 – Obras do Louvre longe dos nazistas

Em 1938, quando Hitler invadiu a Áustria e parte da Tchecoslováquia, autoridades francesas, prevendo o pior, iniciaram a operação de transferência das obras de arte do Museu do Louvre para castelos fora de Paris, longe do alvo dos alemães. Usando empresas de transporte, milhares de obras de arte, embaladas em caixas de madeira seguiram, sem nenhuma escolta ou segurança, para o Vale do Loire. Um total de 5.446 caixas foram transferidas em mais de 200 viagens.
No dia seguinte da declaração de guerra da França à Alemanha, 3 de setembro de 1939, o Louvre já estava vazio. Nas fotos acima vemos os corredores do Louvre totalmente vazios e a retirada da Vitória de Samotracia, uma das obras-primas do museu. Em 1945, depois da libertação de Paris, as obras foram restauradas e finalmente devolvidas ao museu.

7 – E a festa continuou…

Depois da tomada de Paris pelos alemães, todos os cinemas foram fechados. No dia 25 de junho, depois da assinatura do armistício, sessenta cinemas reabriram suas portas em Paris, dos quais quatro ficaram reservados às tropas alemãs (Soldaten Kino): Rex, Marignan, Empire e a sala do Palais de Chaillot. A partir de julho, foram reabrindo outros cinemas. Apesar do clima tenso, os cinemas, bares e cabarés viviam cheios durante a ocupação, porém os filmes americanos e ingleses foram banidos, assim como o jazz, pois, de acordo com um jornal que colaborava com a ocupação, tinham um sabor “negro-judeu”.
Durante a exibição dos filmes de propaganda do poder instalado ou do jornal cinematográfico alemão – que era exibido em versão francesa com o título de “Actualités Mondiales” – os espectadores vaiavam e a projeção continuava com a sala semi-iluminada (foto acima), a fim de que a polícia municipal pudesse identificar melhor os manifestantes. Nas salas de espera, os exibidores colocavam cartazes pedindo ao público que não vaiasse, porque o cinema poderia ser fechado caso isso ocorresse.

8 – Édith Piaf cantando para prisioneiros franceses

Durante os 52 meses em que Paris esteve ocupada, alguns cantores como Maurice Chevalier e Édith Piaf realizaram turnês musicais nos campos de prisioneiros de guerra franceses, com cachês pagos pelos nazistas, fornecendo propaganda do “bom tratamento” dado a eles pelos alemães.

9 – Picasso na Paris ocupada

Pablo Picasso optou por permanecer em Paris durante a ocupação, vendendo discretamente seus quadros, porém recusou-se (temendo represálias) a assinar uma petição pela liberdade de um amigo, o poeta Max Jacob, preso pela Gestapo (polícia secreta alemã) — documento que até mesmo colaboracionistas assinaram. Jacob morreu no terrível campo de concentração de Drancy.

10 – Coco Channel espiã de Hitler?

Documentos encontrados recentemente nos arquivos do Ministério de Defesa da França e das polícias secretas francesa e alemã mostram que uma das mais prestigiadas figuras da moda em todo o mundo, Coco Chanel foi a agente F–7124 da Abwehr, a agência de inteligência de Hitler, durante a ocupação nazista da França, de 1940 a 1944. “Wesminster” era o seu código. A revelação é do documentário A sombra da dúvida, apresentado pelo historiador Franck Ferrand e veiculado no canal France 3.

Chanel e o amante alemão Hans Gunther von Dincklage:
encontros na Paris ocupada pelas tropas nazistas.
Segundo Ferrand, Coco Chanel, “uma antisemita, homofóbica e alpinista social” ao voltar a Paris, em 1940, hospedou-se no Hotel Ritz, na Place Vendôme, quartel general das forças nazistas e tornou-se amante do barão Hans Gunther von Dincklage, um agregado militar da embaixada alemã que tinha um alto posto na Gestapo. Sua atuação não se limitou a apontar judeus no mundo da moda. Ela também cumpriu diversas missões de espionagem. Em 1943 seus chefes ordenaram que ela convencesse Winston Churchill, a quem conhecia pessoalmente por ser amigo de seu ex-amante, o Duque de Westminster, a assinar um cessar-fogo com a Alemanha. Churchill nunca a recebeu. Chanel foi viver na Suíça após a libertação de Paris.

11 – O General alemão que salvou Paris da destruição total

Quando os aliados invadiram a Normandia no chamado “Dia D” e as tropas aliadas chegavam perto de Paris, Hitler deu a ordem para deixar Paris arrasada por explosões de dinamite nas pontes e grandes edificios e bombas incendiárias nos bairros centrais. O General alemão Dietrich von Choltitz (foto acima), um amante das artes e consciente do que Paris representa para o mundo, interrompeu as comunicações com o alto comando alemão e negou-se a deixar tudo em ruínas. Desta forma as pontes históricas, o Louvre, e tantas outras edificações se salvaram intactas.

12 – Os Filhos da Ocupação

Após o fim da guerra, estatísticas apontavam pelo menos 200.000 “filhos da ocupação”, que eram crianças nascidas dos relacionamentos de mulheres francesas com oficiais alemães neste período. Estas mulheres foram reconhecidas como “nacionalmente indignas” e sofreram, além da degradante humilhação em público, penas de seis meses a um ano de prisão, seguida da perda total de direitos civis por mais um ano, quando ainda eram violentadas e insultadas nas ruas. Muitas tinham a cabeça raspada. Muitas vezes só raspar a cabeça não bastava, eram despidas, abusadas, desenhavam a suástica nos seus rostos, ou queimavam a marca com ferro em brasa na testa. Muitas, não suportaram a vergonha daquela situação e sucumbiram cometendo suicídio.
Na foto principal deste post, podemos ver Adolf Hitler em Paris, com a Torre Eiffel ao fundo, um dia depois da rendição formal da França, em 23 de junho de 1940. À sua esquerda está Albert Speer, Ministro Alemão de Armamentos e arquiteto-chefe de Hitler, e à direita, Arno Breker, professor de artes visuais em Berlim e escultor favorito de Hitler. Um cinegrafista desconhecido visto no primeiro plano, registra a cena que entraria para a história.

Extra

Separamos um vídeo com cenas raríssimas da ocupação nazista em Paris. Se você gostar, inscreva-se em nosso Canal no YouTube e seja notificado em primeira mão, sempre que um novo vídeo for publicado.

VÍDEO

parissempreparis.com.br
07
Mar18

A HISTÓRIA DA MOTOCICLETA

António Garrochinho
 Tudo começou em 1869,A motocicleta foi inventada simultaneamente por um americano e um francês, sem se conhecerem e pesquisando em seus países de origem. 
                
                 Sylvester Roper nos Estados Unidos e Louis Perreaux, do outro lado do atlântico, fabricaram um tipo de bicicleta equipada com motor a vapor em 1869. Nessa época os navios e locomotivas movidas a vapor já eram comuns, tanto na Europa como nos EUA, e na França e na Inglaterra os ônibus a vapor já estavam circulando normalmente. 
                
                 As experiências para se adaptar um motor a vapor em veículos leves foram se sucedendo, e mesmo com o advento do motor a gasolina, continuou até 1920, quando foram abandonadas definitivamente.



A PRIMEIRA MOTO DE COMBUSTÃO INTERNA

                   O inventor da motocicleta com motor de combustão interna foi o alemão Gottlieb Daimler, que, ajudado por Wilhelm Maybach, em 1885, instalou um motor a gasolina de um cilindro, leve e rápido, numa bicicleta de madeira adaptada, com o objetivo de testar a praticidade do novo propulsor. 

                    A glória de ser o primeiro piloto de uma moto acionada por um motor (combustão interna) foi de Paul Daimler, um garoto de 16 anos filho de Gottlieb. O curioso nessa história é que Daimler, um dos pais do automóvel, não teve a menor intenção de fabricar veículos motorizados sobre duas rodas. O fato é que, depois dessa máquina pioneira, nunca mais ele construiu outra, dedicando-se exclusivamente ao automóvel.
                          
 Onde colocar o motor?
                     O motor de combustão interna possibilitou a fabricação de motocicletas em escala industrial, mas o motor de Daimler e Maybach, que funcionava pelo ciclo Otto e tinha quatro tempos, dividia a preferência com os motores de dois tempos, que eram menores, mais leves e mais baratos. 

                   No entanto, o problema maior dos fabricantes de ciclomotores - veículos intermediários entre a bicicleta e a motocicleta - era onde instalar o propulsor: se atrás do selim ou na frente do guidão, dentro ou sob o quadro da bicicleta, no cubo da roda dianteira ou da traseira? Como de início não houve um consenso, todas essas alternativas foram adotadas e ainda existem exemplares de vários modelos. Só no início do século XX os fabricantes chegaram a um consenso sobre o melhor local para se instalar o motor, ou seja, a parte interna do triângulo formado pelo quadro, norma seguida até os dias atuais.

A PRIMEIRA FÁBRICA DE MOTOCICLETAS

                    A primeira fábrica de motocicletas surgiu em 1894, na Alemanha, e se chamava Hildebrandt & Wolfmüller. No ano seguinte construíram a fábrica Stern e em 1896 apareceram a Bougery, na França, e a Excelsior, na Inglaterra.
                    No início do século XX já existiam cerca de 43 fábricas espalhadas pela Europa. Muitas indústrias pequenas surgiram desde então e, já em 1910, existiam 394 empresas do ramo no mundo, 208 delas na Inglaterra. A maioria fechou por não resistir à concorrência.
Neckarsülm alemã de 1906, a motocicleta mais antiga na exposição do Museu Histórico Nacional
                    Nos Estados Unidos as primeiras fábricas - Columbia, Orient e Minneapolis - surgiram em 1900, chegando a 20 empresas em 1910.
Tamanha era a concorrência que fabricantes do mundo inteiro começaram a introduzir inovações e aperfeiçoamentos, cada um deles tentando ser mais original. Estavam disponíveis motores de um a cinco cilindros, de dois a quatro tempos.
                    As suspensões foram aperfeiçoadas para oferecer maior conforto e segurança. A fábrica alemã NSU já oferecia, em 1914, a suspensão traseira do tipo monochoque (usado até hoje). 
                    A Minneapollis inventou um sistema de suspensão dianteira que se generalizou na década de 50 e continua sendo usada, hoje mais aperfeiçoada. Mas a moto mais confortável existente em 1914 e durante toda a década era a Indian de 998cm3 que possuía braços oscilantes na suspensão traseira e partida elétrica, um requinte que só foi adotado pelas outras marcas recentemente. 
                    Em 1923 a motocicleta inglesa Douglas já utilizava os freios a disco em provas de velocidade. Porém, foi nos motores que se observou a maior evolução, a tecnologia alcançando níveis jamais imaginados. Apenas como comparação, seriam necessários mais de 260 motores iguais ao da primeira motocicleta para se obter uma potência equivalente a uma moto moderna de mil cilindradas. 
                    Após a Segunda Grande Guerra, observou-se a invasão progressiva das máquina japonesas no mercado mundial. Fabricando motos com alta tecnologia, design moderno, motor potente e leve, confortáveis e baratas, o Japão causou o fechamento de fábricas no mundo inteiro. Nos EUA só restou a tradicional Harley-Davidson. Mas hoje o mercado está equilibrado e com espaço para todo mundo.


motocicletasmilitares.blogspot.pt
07
Mar18

Animais na guerra - A Primeira Guerra Mundial em fotos - 100 anos atrás

António Garrochinho




Cupinchas!
Animais foram utilizados na primeira guerra mundial em uma escala nunca antes vista e nunca mais repetida. Milhões de cavalos foram colocados em serviço como montaria e como bestas de carga, mas eles não eram os únicos animais ativos na guerra. Mulas, cães, camelos e pombos, desempenharam funções vitais, assim como muitos outros. Todos em grande perigo a um custo elevado...


"Quando a guerra começou, os exércitos da Europa tiveram um entendimento da guerra, colocando o uso da cavalaria em alta consideração. Logo, porém, o terreno mortal que evoluiu em torno das trincheiras, fizeram quase inúteis os ataques de cavalaria na Frente Ocidental.
Mas a necessidade de reabastecimento constante, o deslocamento de novos armamentos pesados e transporte de tropas, exigia cavalos de potência em escala maciça - automóveis, tratores, e caminhões eram invenções relativamente novas e um tanto raros.

Um único soldado em seu cavalo, durante uma patrulha de cavalaria na Primeira Guerra Mundial. No início da guerra, todos os grandes exércitos possuíam uma cavalaria substancial e tiveram um bom desempenho no início. No entanto, o desenvolvimento do arame farpado, metralhadoras e a guerra de trincheiras, logo fez dos ataques a cavalo muito mais caros e ineficazes na Frente Ocidental. Porém, as unidades de cavalaria provaram ser úteis durante toda a guerra em outros teatros, incluindo a frente oriental e no Oriente Médio. 

Forças britânicas e francesas importavam cavalos de colônias e de aliados ao redor do mundo e um fluxo quase constante de centenas de milhares de animais em todo os oceanos, dirigiam-se para a guerra.
Uma estimativa coloca o número de cavalos mortos durante os quatro anos de conflito em cerca de 8 milhões. Outros animais provaram a sua utilidade como: cães que se tornaram mensageiros, sentinelas, atuando em resgates e como pequenos animais de carga.

Ataque com gás na Frente Ocidental, perto de St. Quentin em 1918 - um cão mensageiro alemão é solto por seu tratador. Cães foram usados ??durante a guerra como sentinelas, como rastreadores, em resgates, como mensageiros e muito mais.

Pombos atuaram como portadores de mensagens e até mesmo (experimentalmente) como plataformas de reconhecimento aéreo. Camelos e mulas foram convocados para uso em vários teatros de guerra e muitos soldados trouxeram mascotes para ajudar a elevar o moral.
Apenas umas duas décadas mais tarde, no início da II Guerra Mundial, a maioria das tarefas militares designadas aos animais foram feitas por máquinas e as guerras nunca mais dependeram tanto do poder animal.

Soldados alemães posam para a foto perto de um cavalo montado com uma estrutura construída com o propósito de acomodar uma metralhadora russa, capturada, Maxim M1910, completa com sua montagem de rodas e caixa de munições.
Bandagens obtidas do kit de um cão britânico, por volta de 1915.
Um pombo com uma pequena câmera acoplada. Pássaros treinados foram usados experimentalmente pelo cidadão alemão Julius Neubronner, antes e durante os anos de guerra, capturando imagens aéreas, através de um mecanismo temporizador que clicava no botão do obturador da câmera.
Descarga de uma mula em Alexandria, no Egito, em 1915. A escalada da guerra levou a Grã-Bretanha e França a importar cavalos e mulas do exterior às centenas de milhares. Navios de transporte vulneráveis foram alvos frequentes da marinha alemã, enviando milhares de animais para o fundo do mar.
Sargento Stubby foi o cão de guerra mais condecorado da Primeira Guerra Mundial e o único cão a ser promovido a sargento por meio de combate. O Boston bull terrier começou como o mascote da 102ª Infantaria, 26ª divisão Yankee e acabou se tornando um cão de combate completo. 
Trazido até as linhas de frente, ele foi ferido em um ataque com gás logo no início, o que lhe deu uma sensibilidade ao gás que mais tarde lhe permitiu avisar seus soldados de ataques de gás iminentes, correndo e latindo. Ele ajudou a encontrar soldados feridos e até mesmo capturou um espião alemão, que estava tentando mapear trincheiras aliadas. Stubby foi o primeiro cão a receber a patente das forças armadas dos Estados Unidos e foi condecorado por sua participação em dezessete missões, sendo ferido duas vezes.
Membros do regimento de cavalaria Royal Scots Greys descansam os cavalos ao lado de uma estrada, na França. 
Em Kemmel, Flandres Ocidental, Bélgica. O efeito do fogo da artilharia inimiga sobre ambulâncias alemãs, em maio de 1918.
Hospital do Crescente Vermelho em Hafir Aujah em 1916. 
Um cabo, provavelmente da equipe do segundo hospital geral australiano, segura um coala, um animal de estimação ou mascote no Cairo, em 1915. 
Exercícios de cavalaria turca na frente de Salônica, na Turquia, em março de 1917. 
Um cão mensageiro com um carretel de fios esticando uma nova linha elétrica em setembro de 1917.
Um elefante indiano, do Jardim Zoológico de Hamburgo, usado pelos alemães em Valenciennes, França, para ajudar a mover troncos de árvores em 1915. Enquanto a guerra se arrastava, animais de carga tornaram-se escassos na Alemanha e alguns animais de circos e zoológicos foram requisitados para uso do exército. 
Oficiais alemães em um automóvel na estrada com um comboio de carroções e soldados a pé ao longo do lado da estrada.
'Esses pombos-correio estão fazendo muito para salvar as vidas dos nossos rapazes na França. Eles agem como mensageiros eficientes e portadores de envios não só de divisão para divisão e das trincheiras para a retaguarda, mas também são usados por nossos aviadores para informar os resultados de sua observação.' (Na placa: "Pombos-correio militares - Estes são os pássaros que trabalham para salvar a vida dos nossos garotos na França." NDT. rusmea.com)
Pombos do exército belga. Estações de pombos foram criadas atrás das linhas de frente, os pombos eram enviados para o front, para depois retornarem com mensagens amarradas às suas pernas.
Dois soldados com motos, cada um com uma cesta de vime amarrada às costas. Um terceiro homem está colocando um pombo em um dos cestos. No fundo há dois pombais móveis e uma série de tendas.  O soldado no meio tem o distintivo Granada do Real Corpo de Engenhariasobre as divisas que mostram que ele é Sargento.
Uma mensagem é anexada a um pombo-correio por tropas britânicas na Frente Ocidental em 1917. Um dos pombos-correio da França, chamado Cher Ami, foi agraciado com a honraria francesa 'Croix de Guerre avec Palme' (Cruz de guerra com palma) pelo serviço heroico de entregar 12 mensagens importantes durante a Batalha de Verdun. 
Um cavalo de tiro (Cavalo de tração "Cavalo de tirão" no Rio Grande do Sul. NDT. rusmea.com) atrelado a um poste. O seu parceiro foi morto por estilhaços em 1916. 
O mascote felino do cruzador leve HMAS Encounter, olhando a partir do cano de uma arma de 6 polegadas. (Confira também: Gatos - os senhores dos navios. rusmea.com)
General Kamio Mitsuomi, Comandante em chefe do exército japonês na entrada formal em Qingdao, dezembro de 1914. A utilização de cavalos era vital para os exércitos em todo o mundo durante a Primeira Guerra Mundial.
Refugiados belgas deixando Bruxelas, com seus pertences em uma carroça puxada por um cão, 1914. 
Corpo da brigada de camelos australiana entram em ação em Sharia perto de Beersheba, em dezembro de 1917. O Coronel e muitos daqueles homens foram mortos, menos de uma hora depois.
Na Frente Ocidental, um artilheiro alemão morto e vários cavalos de tiro, por volta de 1918. Números exatos são difíceis de encontrar, mas há uma estimativa de que 8 milhões de cavalos morreram durante os quatro anos de guerra.





Um soldado e seu cavalo, ambos com máscaras de gás, por volta de 1918.
Cães da Cruz Vermelha alemã se dirigem ao front.
Uma cena na Valáquia, Romênia.


Chasseurs belgas passam pela cidade de Daynze, Bélgica, no caminho de Ghent para enfrentar a invasão alemã.
O avanço a oeste de St. Quentin, Aisne, na França. A artilharia puxada por cavalos avança através de posições britânicas capturadas em 26 de Março de 1918.
Frente Ocidental, cápsulas transportadas a cavalo, 1916.
Linha de camelos em uma estação d'água gigante em Asluj, na campanha Palestina.
Um tanque britânico Mark V passa por um cavalo morto na estrada em Peronne, França, em 1918.
Um tratador lê uma mensagem trazida por um cão mensageiro, que havia acabado de nadar em um canal na França, durante a Primeira Guerra Mundial.
Cavalos requisitados para o esforço de guerra em Paris, França, por volta de 1915. Agricultores e famílias na esfera civil, em oposição à militar, sofreram grandes dificuldades quando seus melhores cavalos foram levados para o uso na guerra. 
Na Bélgica, após a batalha de Haelen, um cavalo sobrevivente é utilizado na remoção de cavalos mortos, perecidos no conflito, em 1914. 
Um cão treinado para procurar soldados feridos sob fogo inimigo em 1915. 
Cavalaria argelina anexada ao exército francês, escoltando um grupo de prisioneiros alemães, rendidos em combates no oeste da Bélgica. 
Um cossaco russo, em posição de tiro, atrás de seu cavalo em 1915.
Artilharia sérvia em ação na frente de Salônica, em dezembro de 1917. 
Um cavalo amarrado e sendo baixado em posição para ser operado de uma ferida de bala pelo 1º Tenente Burgett. Le Valdahon, Doubs, França. 
6 º regimento leve de cavalaria australiana, marchando em Sheikh Jarrah, no caminho para o Monte Scopus, em Jerusalém, em 1918.
Cavalos da cavalaria francesa nadam através de um rio no norte da França.
Cavalos mortos e uma carroça quebrada em Menin Road, tropas à distância, setor de Ypres, na Bélgica, em 1917. Cavalos significavam poder e agilidade, transportando armas, equipamentos e pessoal e foram alvejados por tropas inimigas para enfraquecer o outro lado - ou eram capturados para serem colocados em uso por um exército diferente.
Animais de guerra transportando animais de guerra - em uma escola de comunicação de pombos-correio em Namur, na Bélgica, um cão de envio equipado com uma cesta de pombos para o transporte de pombos-correio para a linha de frente."

Nota do editor da fonte: "Estas fotos são de um século atrás e 
algumas podem ter legendas com informações incompletas ou incorretas. Quaisquer informações adicionais ou correções são bem vindas nos comentários e farei o meu melhor para incorporá-las"\

lh5.googleusercontent.com

07
Mar18

A que morreu às portas de Madrid

António Garrochinho


E o mundo é a nossa tarefa é uma escolha semanal de 
Manuel Augusto Araújo.
Massacre na Coreia, Picasso
Massacre na Coreia, PicassoCréditosPicasso

A que morreu às portas de Madrid

A que morreu às portas de madrid,
Com uma praga na boca
E a espingarda na mão,
Teve a sorte que quis,
Teve o fim que escolheu.
Nunca, passiva e aterrada, ela rezou.
E antes de flor, foi, como tantas, pomo.
Ninguém a virgindade lhe roubou
Depois dum saque — antes a deu
A quem lha desejou,
Na lama dum reduto,
Sem náusea, mas sem cio,
Sob a manta comum,
A pretexto do frio.
Não quis na retaguarda aligeirar,
Entre champagne, aos generais senis,
As horas de lazer.
Não quis, activa e boa, tricotar
Agasalhos pueris,
no sossego dum lar.
Não sonhou minorar,
Num heroísmo branco,
De bicho de hospital,
A aflição dos aflitos.

Uma noite, às portas de madrid,
Com uma praga na boca
E a espingarda na mão,
À hora tal, atacou e morreu.
Teve a sorte que quis.
Teve o fim que escolheu.
                      Reinaldo Ferreira


www.abrilabril.pt
07
Mar18

Notícia no Público sobre as alterações introduzidas nos Serviços Mínimos Bancários por iniciativa do PCP.

António Garrochinho


Notícia no Público sobre as alterações introduzidas nos Serviços Mínimos Bancários por iniciativa do PCP. As contas à ordem do regime de serviços mínimos bancários têm comissões de manutenção limitadas por lei a um máximo de 4,29 euros por ano, permitindo aos clientes bancários escapar ao esbulho praticado pelos bancos no que diz respeito à cobrança de comissões de manutenção das contas à ordem (que podem atingir várias dezenas de euros por ano). Com esta iniciativa do PCP as contas de serviços mínimos bancários tornam-se mais atrativas para os clientes bancários. Contudo, há ainda outras melhorias a fazer; o PCP continuará a lutar por as concretizar.


clique na imagem abaixo para o(a)levar à notícia
Cartão de multibanco associado a estas contas passa a ser idêntico aos outros e aumentam para 24 as transferências para outros bancos através da Internet.
PUBLICO.PT

07
Mar18

JUSTIÇA POPULAR - Povoado boliviano coloca o prefeito no tronco por causa da sua má administração

António Garrochinho
Na maioria dos países, a única maneira de punir os políticos por não fazer um trabalho adequado é não votar mais neles nas próximas eleições -os funcionários públicos, nem isso-, mas na Bolívia, eles têm uma coisa chamada "justiça social". O povoado de San Buenaventura, uma pequena cidade do norte da Bolívia, aproveitou recentemente o direito constitucional à justiça social, colocando seu prefeito, Javier Delgado, no "cepo" por uma hora, para informá-lo de que não estão satisfeitos com sua administração.

Povoado boliviano coloca o prefeito no tronco por causa da sua má administração
As fotos do prefeito sentado no chão com uma perna presa no dispositivo de tortura medieval, cercado pelos habitantes irados fez as rondas nas mídias sociais e sites de notícias do mundo hispânico desde o final de fevereiro.

Em 25 de fevereiro, o prefeito Javier Delgado deveria inaugurar uma ponte construída com fundos estaduais e municipais, mas quando chegou ao local, ficou chocado ao saber que a multidão que o esperava não estava lá para participar do evento, mas ensina-o uma lição. Sem sequer explicar porque ele estava sendo punido, os moradores imobilizaram Javier e o prenderam no tronco de madeira.

- "Eles nem me deram a oportunidade de saber por que me submeteram a esse castigo, mas não resisti sabendo que havia um risco das coisas ficarem piores"disse o prefeito- "Mais tarde, eles explicaram e depois se desculparam, visto que eles foram manipulados e mal informados por algumas pessoas."
Povoado boliviano coloca o prefeito no tronco por causa da sua má administração
Com "algumas pessoas", Javier Delgado quis dizer seus adversários políticos e empresários locais que estão tentando minar o trabalho que ele realizou em mais de dois anos de serviço para a comunidade. Ele afirma que essas pessoas estão no bolso de transportadoras e empresas madeireiras, cujos interesses foram afetados por algumas de suas políticas.

No entanto, Daniel Salvador, nativo de San Buenaventura, disse que o prefeito tinha que ser punido por não cumprir seus compromissos com a comunidade local, mentir para eles e não tornar prioridade, que ele prometeu em campanha, quando eles pedem uma audiência.

Para piorar as coisas, esta foi na verdade a terceira vez que o prefeito Javier Delgado teve um gosto de justiça social durante seu mandato de dois anos e meio. Na primeira vez, ele foi colocado em um cepo apenas alguns meses depois de assumir o cargo. Já a segunda vez, membros da comunidade assumiram a prefeitura e ficaram lá por dois meses inteiros. Temendo por sua vida, fugiu para uma cidade vizinha, até que uma comissão de autoridades indígenas colocou fim ao conflito.

- "Eu sou uma das poucas pessoas em todo o país que foram submetidas a essas punições tradicionais", denunciou Javier
Povoado boliviano coloca o prefeito no tronco por causa da sua má administração
Como muitas outras comunidades indígenas na Bolívia, as pessoas de San Buenaventura se governam de acordo com três princípios básicos "ama qhuilla, ama llulla, ama suwa" ("não seja preguiçoso, não seja mentiroso, não seja ladrão") e lançam mão da justiça social sempre que alguém infringe qualquer um deles.

A justiça social foi incluída na constituição do país em 2009, embora só seja aceitável no caso de crimes menores, como a invasão de propriedade privada ou roubo de gado. Os crimes graves ainda precisam ser encaminhados para os tribunais.
Se implantam este processo político-criminal no Brasil, nem com a madeira toda da Amazônia conseguiríamos abastecer a demanda de troncos e aqui em Portugal nem com a madeira dos pinhais da Azambuja, de Leiria (ESTE ÚLTIMO DESTRUÍDO PELO FOGO) mais os eucaliptos da Cristas



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07
Mar18

O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos

António Garrochinho



Em 18 de novembro de 1978, Hyacinth Thrash, uma idosa americana que se encontrava na Guiana, o remoto país ao leste da Venezuela, foi dormir na sua cabana. No dia seguinte, quando ela acordou e saiu pela porta, não podia acreditar no que via: mais de 900 cadáveres jaziam ao seu redor. O que ocorreu na noite anterior foi um dos acontecimentos mais horrorosos da história dos Estados Unidos -ainda que não tenha ocorrido em solo americano-.


O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
. Via: AP
De fato, representou o maior número de baixas civis do país em apenas um evento não natural até os ataques de 11 de setembro. Uma autêntica barbárie, um massacre auto-infligido pelo poder sedutor de apenas uma pessoa, um facínora religiosoque acabou com a vida de quase mil pessoas.
O Templo dos Povos
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
O templo dos povos. Via: AP
Dizia-se que Jim Jones era de origem humilde. O homem nasceu em 31 de maio de 1931 em uma zona rural de Indiana. No início da década de 1950, começou a trabalhar como pastor cristão por sua conta em pequenas igrejas ao redor de Indianápolis. Com o fim de arrecadar dinheiro para começar uma igreja própria, o homem, um tipo carismático e canastrão, experimentou várias táticas, inclusive a venda de macacos de porta em porta.

Jones abriu sua primeira igreja do Templo dos Povos em Indianápolis em meados da década de 1950. Sua congregação integrou-se racialmente, algo incomum naquele momento para uma igreja do meio oeste e este diferencial de abraçar as diferenças contou pontos para ele. Enquanto Jones chamava de "igreja", em realidade era mais a sua versão de uma comunidade com um punhado de referências cristãs com as quais enfeitava seus sermões. O Templo dos Povos converteu-se em um culto onde era exigido uma séria dedicação (e apoio financeiro) por parte de seus membros.

Em meados da década de 1960, Jones mudou sua pequena congregação ao norte da Califórnia, estabelecendo-se primeiro em Jen Redwood Valley no condado de Mendocino. À medida que o Templo dos Povos cresceu, Jones começou a pregar a respeito de um iminente apocalipse nuclear.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
Jim Jones. Via: AP
De fato, inclusive chegou a especificar uma data, 15 de julho de 1967, e sugeriu que após o apocalipse, um paraíso chegaria à Terra. Ocorreu o que todos sabemos: nada. A data limite do fim do mundo veio e foi-se sem holocausto nuclear. Nos anos seguintes, Jones abandonou todas as pretensões do cristianismo e se revelou como um homem que simplesmente tinha usado a religião como uma ferramenta para legitimar seus pontos de vista.

No início da década de 1970, o ambicioso pastor realocou a sede de sua organização em San Francisco enquanto abria um templo em Los Angeles. Em San Francisco, o homem virou uma figura poderosa, ganhou o favor dos funcionários públicos e dos meios de comunicação, doou dinheiro a numerosas causas beneficentes e entregou os votos para vários políticos no momento das eleições.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
O Templo dos Povos. Via: AP
O Templo dos Povos dirigia programas sociais e médicos para os necessitados, incluindo um restaurante gratuito, reabilitação para viciados e serviços de assistência legal. A mensagem de Jones de igualdade social e justiça racial atraiu um grupo diverso de seguidores, incluídos jovens idealistas que queriam fazer algo significativo com suas vidas.

Mas enquanto a congregação de Jones ia crescendo -as estimativas em 1977 estavam em 20.000-, começaram a surgir reportagens negativas sobre o homem que seus seguidores chamavam de "Pai". Os ex-membros descreveram que foram obrigados a abandonar seus pertences, seus lares e inclusive a custódia dos filhos. Contaram que apanharam muito e que Jones organizava falsas curas de câncer nos cultos.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
Jones durante um sermão. Via: AP
À medida que o escrutínio da mídia aumentou e seu perfil político tornou-se mais complicado, o homem ficou preocupado que seu estado religioso isento de impostos nos Estados Unidos fosse revogado. Também se tornou cada vez mais paranoico com respeito aos serviços de inteligência do país. De modo que em 1977, mudou o Templo de novo, mas desta vez para um assentamento que estava construindo desde 1974 na Guiana.

Chamava "Jonestown" e prometia construir uma sociedade utópica, ainda que a realidade não seria tão agradável como pregava.
Jonestown
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos


Entrada de Jonestown. Via: Wikimedia Commons
O lugar ocupava uma extensa área, mas tinha solo muito pobre e água doce limitada. Ademais, era superpovoado e os membros do Templo viram-se obrigados a trabalhar muitas horas ao dia em jornadas maratonianas, submetidos a duros castigos se questionassem a autoridade de Jones.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
Ilustração de Jonestown. Via: AP
Seus passaportes e medicamentos foram confiscados, muitos queixavam-se de que eram "comidos" por mosquitos e tinham doenças tropicais. Tinha guardas armados que patrulhavam o complexo no meio da selva para que ninguém fugisse e os membros eram alentados a que se informassem mutuamente sobre a obrigatoriedade de assistir a longas reuniões no meio da noite.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
Vista aérea de Jonestown. Via: AP
Todas as cartas e chamadas telefônicas também eram censuradas. Jones, que então apresentava um declive mental muito sério e se convertera em um viciado às drogas, tinha seu próprio trono no pavilhão principal do complexo e comparava-se com com o próprio Jesus Cristo.

O homem estava convencido de que o governo, os meios e outros queriam destruí-lo. Ah, e também requisitou que os membros do Templo do Povo participassem em simulacros de suicídio no meio da noite.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
Odell Rhodes, de 36 anos, professor de artesanato em Jonestown. Rhodes foi testemunha dos primeiros 20 minutos de suicídio em massa e depois conseguiu fugir da cena. Via: AP
No entanto, a tragédia que estava a ponto de ocorrer teve um pequeno de 6 anos como catalizador. Tim e Grace Stoen eram um casal seguidor de Jim Jones durante os primeiros anos do Templo na Califórnia. Em 1972, Grace deu a luz a um menino chamado John Victor Stoen, e Jones afirmou ser o pai. Para complicar as coisas sobre a paternidade, Tim assinou uma declaração juramentada que confirmava Jones como o pai de John.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
O espaço depois do massacre. Via: AP
Quando Grace desertou da igreja em 1976, a mulher deixou seu filho com Jones, temendo que sua vida e a de John estivessem em perigo. Juntos, ela e Tim, abandonaram a igreja e pediram ajuda da justiça dos Estados Unidos. A verdade é que Victor não só não regressou jamais, senão que foi um dos mais de 300 menores de idade que morreram em Jonestown.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos


Leo Ryan. Via: AP
O caso de Victor e outros parecidos chegou ao ouvido do congressista da Califórnia Leo Ryan. O homem já escutara um monte de histórias de seus eleitores sobre membros de famílias que estavam retidos contra sua vontade em Jonestown, de modo que decidiu ir ali para investigar. Ryan chegou a Guiana em novembro de 1978, com uma delegação que incluía jornalistas e fotógrafos, junto com parentes preocupados de alguns dos membros do Templo do Povo.

Durante sua visita a Jonestown, o congressista Ryan conheceu uma dúzia de membros do Templo que queriam ir embora. Enquanto processava a papelada para ajudar os membros a voltar aos Estados Unidos, Ryan foi atacado por um membro do Templo com uma faca, mas o suposto assassino foi retido antes de que pudesse feri-lo.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
Várias drogas espalhadas ao longo de uma mesa em Jonestown. Os investigadores descobriram a grande quantidade de drogas enquanto buscavam às vítimas do massacre. Via: AP
Finalmente, em 18 de novembro Ryan e um grupo de desertores de Jonestown saíram a uma pista de pouso próxima com a esperança de ir embora. No entanto, Jim Jones tinha enviado um grupo de membros armados do Templo  e estes abriram fogo, matando Ryan, um desertor do Templo e três jornalistas, e ferindo outros onze. Os que sobreviveram fugiram e se esconderam na selva.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
Folhetos de promoção de Jonestown. Via: AP
Quando os assassinos regressaram a Jonestown e informaram sobre suas ações, Jones rapidamente começou um encontro denominado a "Noite Branca", convidando todos os membros do Templo. Não era a primeira vez. Em várias ocasiões antes dos assassinatos, Jones organizou as reuniões da Noite Branca em que sugeria que as agências de inteligência americana atacariam logo a Jonestown; inclusive tinha montado falsos agressores ao redor do lugar para agregar um ar de pseudorrealismo aos procedimentos.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
Folhetos de promoção de Jonestown. Via: AP
Ante este hipotético cenário de invasão, Jones oferecia aos membros do Templo várias opções: ficar e lutar contra os invasores imaginários, dirigir-se à URSS, dirigir à selva da Guiana ou cometer um "suicídio revolucionário" (isto é, um suicídio em massa como ato político de protesto).

Nas ocasiões anteriores, quando os membros do Templo simulavam votar pelo suicídio, Jones testava sua escolha oferecendo pequenos copos que supostamente continham veneno e pedia que bebessem. Todos o faziam sempre. Após um tempo, Jones revelou que o líquido não continha veneno, mas que em algum dia o faria.

Na última Noite Branca, de 18 de novembro, Jones não estava testando seus seguidores do Templo, estava matando todos.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
Jim Jones à direita. Via: AP
Os membros mais jovens foram os primeiros a morrer, já que os pais e enfermeiras usaram seringas para pingar uma potente mistura de cianureto, sedativo e pó de suco de fruta nas gargantas das crianças. Segundo os relatórios, Jones obteve uma licença em algum momento anterior que permitia o armazenamento de cianureto.

Depois, os adultos formaram fila para tomar a beberagem envenenada enquanto os guardas armados rodeavam o pavilhão.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
O dia do suicídio coletivo. Via: AP
Ainda que pareça inacreditável, o ritual teve sobreviventes em Jonestown. Uma das histórias mais notáveis pertence a Hyacinth Thrash, uma idosa afro-americana que dormiu dentro de sua cabana durante toda a "noite branca". A mulher acordou de manhã seguinte e viu centenas de corpos espalhados pela comunidade.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
Imagem aérea do ocorrido com os corpos espalhados. Via: AP
Quando as autoridades guianenses chegaram a Jonestown no dia seguinte, encontraram centenas de cadáveres espalhados pelo chão. Muitas pessoas tinham perecido abraçados um ao outro. Jim Jones, de 47 anos, foi encontrado em uma cadeira, morto por uma ferida de bala na cabeça, provavelmente disparada por ele mesmo.
O massacre de Jonestown: a história da idosa que foi dormir e que acordou rodeada por 900 mortos
O dia após o massacre. Via: AP
A cifra de mortos em Jonestown em 18 de novembro de 1978 foi de 909 pessoas, um terço era de crianças. Algumas pessoas conseguiram escapar à selva nesse dia, enquanto ao menos várias dúzias a mais de membros do Templo do Povo, incluídos vários dos filhos de Jones (e a senhora Thrash), salvaram-se de uma das cenas mais terríveis e incompressíveis do século XX.


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07
Mar18

14 dos vestidos de noiva mais bizarros e engraçados que você já viu

António Garrochinho


Sem dúvida o dia do casamento é uma das datas mais importantes na vida de um casal. No entanto, o dia se torna ainda mais especial para as mulheres que procuram buscar a perfeição em todos os detalhes.
Nada pode dar errado e é justamente por isso que algumas mulheres passam meses ou até mesmo anos organizando seu casamento.
O casamento em si vai além da cerimônia religiosa e a festa, para muitas mulheres e porque não a maioria, o vestido é a coisa mais importante desse dia. Algumas mulheres preferem criar seus próprios vestidos, para que eles se tornem exclusivos e fujam do tradicional, no entanto, o resultado pode ser bizarro.
A seguir, reunimos alguns dos vestidos de noivas mais bizarros e engraçados que você já viu até hoje. Você encararia algum deles?
Confira:
1 – Quando a noiva confunde a cerimônia com a noite de nupcias.
2 – O exagero se torna desconfortável para aqueles ao redor.
3 – Um caso onde é impossível enquadrar todos os padrinhos na foto.
4 – Mais uma boiva que confundiu a cerimônia com a noite de nupcias.
5 – Para aquelas noivas que moram em um país muito tropical.
6 – Foi preciso todos os convidados para carregar a calda desse vestido.
7 – Casar de branco é muito tradiconal na opinião dessa mulher.
8 – Essa noiva queria de qualquer maneira mostrar seu barrigão!
9 – Já essa outra optou por mostrar seus maiores atributos.
10 – Um vestido de noiva totalmente comestível…
11 – Mais uma noiva que quis mostrar seus maiores atributos.
12 – Na troca das alianças deve ser bem complicado…
13 – Uma forma mais prática de fazer um enchimento improvisado.
14 – Sim é isso mesmo que você pensou!
De fato esses vestidos de noiva são bem incomuns. As mulheres dessas imagens certamente queriam deixar o dia do casamento marcado para sempre, no entanto, de uma forma bem bizarra.
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07
Mar18

12 provas de que a natureza não deve ser subestimada

António Garrochinho


Nos últimos anos, a natureza vem dando provas de que jamais deverá ser subestimada e que também pode ser cruel. Nem mesmo as previsões podem medir o tamanho da devastação que ela pode causar em uma cidade ou até mesmo em um país. A prova disso foi que no ano passado, o Caribe ficou totalmente destruído, não era possível reconhecer mais o lugar após um furacão passar por lá e levar praticamente tudo que tinha pela frente.
Listamos abaixo 12 imagens que provam exatamente como a natureza pode ser devastadora e que não deve jamais ser subestimada, confira:
1 – Mar de maçãs:
Na Irlanda em outubro de 2017 um furacão deixou esse lindo pomar de maçãs literalmente no chão. A imagem circulou pelo mundo e chocou milhares de pessoas.
2 – Montanha de gelo:
Esse escritório ficou totalmente coberto após uma nevasca, esse fato aconteceu na Rússia. Neste dia muita gente ficou presa em casa porque a porta estava lacrada com uma grossa camada de gelo.
3 – Ilhado na própria casa:
Após está casa ficar completamente ilhada, os moradores tiveram que ser resgatados de barcos.
4 – Porta de gelo:
Como é possível ver na imagem, caiu tanto gelo que a formou uma nova porta, mais uma prova que em alguns países tem dias que não é possível sair de casa.
5 – Três árvores no chão:
O ano de 2017 foi marcado por inúmeras tragédias no mundo, essa aconteceu na Alemanha, após um furacão, as árvores e casas ficaram no chão como é possível ver na imagem essas três árvores enfileiradas no chão.
6 – Linha de gelo:
Não se engane, essa faixa branca é neve, o mais surpreendente é que ela caiu exatamente neste local, e fez uma uma divisão espetacular.
7 – O poder da chuva forte:
A chuva caiu tão forte e intensa que amassou a grama, a imagem parece até uma pintura de tão surreal.
8 – Arco-íris:
Após alguns dias de chuva intensa na Austrália, surgiu esse arco-íris que mais parecia uma bolha de são rosa.
9 – Nuvens estranhas:
Na Rússia surgiu essas estranhas nuvens com esse formato que parece redemoinhos, a imagem impressionou os moradores local.
10 – Chão suspenso:
Esse fato aconteceu em 2016, o ano que aconteceu um dos maiores e piores desastres da história, o furacão deixou imagens como está, onde o chão ficou no ar.
11 – Chuva caindo:
Nesta imagem mostra o momento exato em que a chuva começa a cair do céu em uma determinada região.
12 – Tsunami
Essa imagem foi feita em 2012 após um abalo sísmico, o fato aconteceu no Japão, que sofreu com um terremoto de 9 graus na Escala Richter e acabou devastado Tohoku.
Constantemente é possível ver notícias como essas na televisão, e a cada ano que passa, com a poluição e outros fatores, a natureza está cada vez mais devastadoras e assustadora.

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07
Mar18

as estatísticas

António Garrochinho
As estatísticas - hoje notícia TSF

HÁ cada vez mais cocaína nas águas residuais da cidade de Lisboa.
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Digo eu :
Anda muita malta a mijar nas ruas ou por vandalismo, por falta de casas de banho ou então por serem ao contrário das grandes superfícies comerciais, ou seja INCONTINENTES.
Não dizem os atentos repórteres e jornalistas que na classe da governança, anda tudo à COCA do dinheiro do Zé Povinho para que eles com as "verdadeiras linhas" possam fazer os inflamáveis discursos e oratórias sem perderem o fôlego e possuídos duma virilidade oratória que nem o Viagra nas outras aplicações
António Garrochinho
07
Mar18

É POLÉMICO ? NÃO É POLÉMICO ? SEJA O QUE FOR, EXISTE !

António Garrochinho

PROMOÇÃO DOS JESUÍTAS OU DO BLOCO ?
COMO ATEU E SEM ENTRAR EM PELEJAS CONTRA AS CONFISSÕES RELIGIOSAS DE CADA CIDADÃO OU CIDADÔA  TENHO EM MINHA OPINIÃO QUE O VOTO OBRIGA A MUITA ATITUDE.
NÃO COLOCO EM CAUSA QUE HAJAM MULHERES QUE SÃO PRESTÁVEIS E FAZEM OBRA JUNTO DOS MAIS DESFAVORECIDOS E MARGINALIZADOS.
NÃO SOU DE TODO É APOLOGISTA DE SEITAS RELIGIOSAS QUE NADA MAIS FAZEM DO QUE MAMAR O QUE RESTA DOS JÁ ESMINFRADOS CIDADÃOS A QUEM O ESTADO DEVE E TEM A RESPONSABILIDADE PROTEGER .
A IGREJA E O VATICANO HÁ DIAS FORAM BEM "DESCARECADOS" NA MANEIRA COMO EXPLORAM ATÉ AS PRÓPRIAS FREIRAS QUE SE FARTAM DE DAR AO CABEDAL E NÃO TÊM DIREITOS ALGUNS.
A IGREJA E AS INSTITUIÇÕES A ELA SUBMISSAS, A MAIOR PARTE, TEM UMA RELAÇÃO DE ÓDIO E NÃO DE PROTEÇÃO E AMOR PARA COM AS MULHERES.
QUEM QUISER SER ADORADOR OU ADORADORA DO QUE QUER QUE SEJA QUE O FAÇA DE MANEIRA TRANSPARENTE E SEM ALIENAR, TENDO A CORAGEM DE DENUNCIAR OS CRIMES QUE A IGREJA CONTINUA A COMETER.
António Garrochinho

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07
Mar18

É melhor esperar?

António Garrochinho



Na Itália, o Movimento 5 Estrelas (M5E) assume a sua fidelidade ao euro e propõe-se liderar um governo que executará as reformas pretendidas por Bruxelas, em coligação com o PD, os sociais-liberais derrotados. É o que se pode deduzir do artigo publicado no Guardian por um académico, candidato do M5E nestas eleições.

Assim, parece que a Itália vai continuar dentro do colete de forças do euro, sob tutela alemã. Antevê-se uma nova etapa de agonia da sociedade italiana e, por isso mesmo, o aumento dos desiludidos que levarão a Liga ao poder. Não há uma esquerda soberanista, em sintonia com os anseios do povo humilde, em condições de oferecer uma saída do euro, e uma solução para o problema da imigração, pela esquerda.

Ao mesmo tempo, na Alemanha os sociais democratas repetem o erro de dar o braço a Merkel, o caminho mais favorável à ascensão do partido da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) que no ano passado entrou no parlamento pela primeira vez com 12,6% dos votos. Uma sondagem de Fevereiro dá-lhe 16%, acima do SPD, tornando a AfD o segundo partido. 

Desde há anos que estamos a assistir ao haraquiri da social democracia. Em Portugal, o xadrez partidário vai mesmo passar ao lado disto tudo? Não acham que era melhor começarmos a pensar na refundação da esquerda não-comunista? Eu sei, não há condições. É melhor esperar, talvez quando a nova etapa da crise bater à porta.

07
Mar18

NÉLLINHO O PADRINHO DO CÉLINHO

António Garrochinho
Nascido na capital do Sul de Portugal, Lisboa, e, ao contrário do Salazar que era um pobretanas, Marcello nasceu numa família de gente rica, sendo filho de um sargento premiado e membro honorário de umas quantas associações católicas, desejoso para lamber as botas ao primeiro ditador que aparecesse para encabeçar a Ditadura Militar instaurada em 1926 e que ia durar até 1933, ano em que Salazar decide dar uma arrumação na casa e implementar o Estado Novo. 

A infância do Nellinho foi marcada pela morte da mãe, quando tinha 10 anos: então, jurou que, como retaliação, se algum dia chegasse ao poder ia enviar os pais e filhos e irmãos de todas as mães deste país para uma guerra absurda pelas colónias em África. 

Tal como o seu ídolo, Salazar, esteve para ser padre, e depois médico, mas acabou por ir para Letras no Liceu Camões, em Lisboa, e, seguindo os passos do seu mestre, entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde mais tarde viria a treinar o seu afilhado Marcelo Rebelo de Sousa nas artes do Lado Fascista da Força e do Direito.


Nellinho a comprovar que não era fascista.

Depois de se doutorar em 1931, casa com uma rica qualquer, e em 1933 torna-se professor de Direito na Faculdade de Lisboa graças a uma cunha de Salazar, de quem já era amigalhaço desde 1929. 

Aliás, desde 1926 que Nello vinha a demonstrar as suas verdadeiras cores políticas, como dirigente de círculos políticos monárquicos católicos e participante na criação de revistas fascistas que se autointitulavam de "anti-modernas, anti-liberais e anti-democráticas". 

Quando rompeu a Ditadura Militar, obviamente, se tornou um fervoroso apoiante e, posteriormente, andou em torno das saias de Salazar à espera de um posto no governo, e viria a ter um papel importante na cagada na nova Constituição Portuguesa de 1933. 

Torna-se num dos principais fachos filhos da puta do Estado Novo, sendo o comissário pedófilo nacional da Mocidade Portuguesa entre 1940 e 1944, ministro das Colónias entre 1944 e 1947. 

Entre 1955 e 1958 foi o lacraio pessoal de Salazar, até o ditador-mor pressentir que o Nellinho lhe estava a tentar passar a perna como cabecilha do Estado Novo, e deu-lhe um pontapé na bunda e arremassou-o, em 1959, para a reitora da Universidade de Lisboa, cargo que viria a fracassar por causa da rebelião dos estudantes universitários comunas em 1962, fazendo com que se demitisse do cargo. 

A ditadura portuguesa já estava na merda e, em 1961, Salazar lançou Portugal para a cagada da Guerra Colonial em África, pelo que Nellinho dedicou-se a pousar de escritor de manuais de Direito, e dizem os historiadores fachos que empreendeu numa verdadeira reforma na administração pública e foi o pai do Direito moderno português, tornando Portugal mais burocrático do que já era: agora, em vez de preencher 3 papéis na repartição das finanças, os portugueses tinham de preencher 10! 

No fundo, o que o Nellinho fez foi dificultar a vida aos portugueses para que estes não soubessem que estavam a ser enrabados enganados pelo governo. 

Em 1968, Salazar caiu da cadeira e os cafetões do regime acharam que ele estava impossibilitado de governar, pelo que tinham de nomear um substituto para o presidente do concelho.


desciclopedia.org
07
Mar18

A atriz pornográfica "Stormy Daniels" decide processar Donald Trump

António Garrochinho


Stephanie Clifford foi paga pelo advogado do presidente norte-americano para não divulgar a suposta relação


A atriz pornográfica que terá mantido uma relação extra conjugal com Donald Trump decidiu processar o presidente norte-americano.

Stephanie Clifford, mais conhecida por Stormy Daniels, alega que o contrato de silêncio que assinou para evitar que a relação dos dois viesse a público é afinal um contrato inválido, já que Donald Trump nunca chegou a assiná-lo.

Em Fevereiro, o advogado do presidente norte-americano, Michael Cohen, confirmou que, em 2016, foram pagos 130 mil dólares à atriz para que esta não falasse sobre o caso com Trump.

"Numa transacção privada em 2016, usei os meus fundos pessoais para facilitar o pagamento de 130 mil dólares a Stephanie Clifford", disse Cohen em comunicado.

"Nem a Trump Organization nem a campanha de Trump fizeram parte da transação com a senhora Clifford, e nenhuma das duas me reembolsou pelo pagamento, directa ou indirectamente", acrescentou.

Nesse mesmo ano, Stormy Daniels negou qualquer relação com Donald Trump.

Uma reviravolta na história, já que em 2011, a atriz tinha dito, numa entrevista, que se tinha envolvido com Trump em 2006, enquanto ele já era casado com Melania e esta recuperava do nascimento do filho de ambos.

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pt.euronews.com
07
Mar18

Patrões exigem retirada de direitos a troco de aumentos - Sindicatos convocam quinzena de luta na Páscoa

António Garrochinho

Os trabalhadores do sector da hotelaria, alimentação e bebidas vão realizar uma quinzena de luta na Páscoa, que arranca a 19 de Março com uma greve nacional nas cantinas. Exigem aumentos salariais, melhores condições de trabalho e recusam ainda a chantagem patronal.

Imagem de Arquivo: protesto dos trabalhadores da hotelaria por aumentos salariais
Em comunicado, a Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT/CGTP-IN) anunciou a convocação de uma «quinzena de luta» na Páscoa.
Os protestos terão início a 19 de Março, com uma greve nacional nas cantinas, e terminam a 4 de Abril, com uma acção nacional junto à associação patronal e do Ministério da Economia. Haverá ainda «greves, concentrações de protesto e outras lutas» em vários pontos do País.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), todo o sector tem crescido sucessivamente desde 2013, com destaque para a hotelaria que teve 20,6 milhões de hóspedes e 57,5 milhões de dormidas em 2017, sendo que, nos outros sectores, as empresas concluíram o ano com «fabulosos lucros».
«Contudo, a contratação colectiva continua bloqueada e muitos milhares de trabalhadores não têm aumentos salariais há muitos anos, e o trabalho precário aumentou no sector», lê-se no documento. Perante a recusa dos patrões, os trabalhadores decidiram avançar «com lutas para obter aumentos salariais».

Patrões exigem perda de direitos a troco de aumentos

De acordo com a FESAHT, de forma transversal, são vários os casos em que os patrões e os seus representantes insistem na retirada de direitos a troco dos aumentos salariais a que os trabalhadores têm direito.
«O grupo Pestana recusa negociar salários desde 2009, tendo em 2016 dado um miserável aumento salarial no decorrer das negociações do acordo de empresa, mas insiste em retirar direitos fundamentais para assinar um novo acordo e dar aumentos salariais», afirma a estrutura sindical.
Sobre as associações patronais (hotelaria, restauração e turismo), «a APHORT recusa negociar aumentos salariais desde 2011 e insiste em retirar direitos para rever o contrato colectivo de trabalho. Já a AHP recusa negociar aumentos salariais desde 2009 e tem uma proposta para limpar praticamente todos os direitos e desregular completamente os horários de trabalho», acrescenta.
O mesmo sucede com a AHRESP que «tem recusado negociar o contrato colectivo de trabalho das cantinas desde 2003, não dava aumentos desde 2010, tendo dado em 2017 mas não chegou a 2%, muito longe da inflação de 9% registada desde 2010».
Noutros casos, referidos pela FESAHT, sucede-se o mesmo. Entre estes, a Liga de Clubes, a Estoril Sol, o sector do jogo e as associações patronais da panificação, moagens, abate de aves, carnes, agricultura.

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07
Mar18

A “Esquerda-Soros”

António Garrochinho



O Movimento 5 Estrelas (M5S) de Luigi di Maio, que tomou o lugar do humorista Beppe Grillo,  corresponde ao Syriza do grego Alexis Tsipras, ao francês do Front de Gauche de Mélenchon e ao espanhol Podemos de Pablo Iglesias,  financiados e pensados por Soros & Co. A Esquerda-Soros que já ninguém contesta.

Um dos ministros proposto pelo M5S para o Ministério do Desenvolvimento Económico é Lorenzo Fioramonti, (aqui e aqui) que está diretamente comprometido com a OpenDemocracy fundada por Antony Barnett e financiada por por George Soros, pelo ministério norueguês de relações exteriores a Fundação Rockefeller e a Fundação Ford.
Soros é um plutocrata atento, e como o Syriza já está fora de prazo, não perde tempo e fundou um partido europeu o DIEM25, onde, calculem lá, o Bloco de Esquerda e o Livre do Tavares têm assento. Voltaremos com pormenores interessantes.

Apadrinhados por Soros
07
Mar18

ENTREVISTA - Isabel Muñoz Cardoso: "Qual Jorge? Silva Melo. E eu de joelhos, agarrada ao telefone: ai desculpe"

António Garrochinho
Hoje à noite, ela vai estar sentada no palco do Teatro da Politécnica a responder a perguntas sucessivas sobre o crime que confessou ter cometido e para a qual não tem explicação. É a estreia de O Teatro da Amante Inglesa, peça de Marguerite Duras
O papel é difícil mas ela diz que é um trabalho e que cumpre à risca o que o encenador Jorge Silva Melo lhe diz que faça. Atriz desde que, aos 18 anos, se deslumbrou com o teatro, ela fala sem parar e com o corpo todo, com respostas por vezes desconcertantes e sempre sinceras. Diz que gosta muito de ser "velha", ou "muitíssimo crescida", mas a verdade é que nasceu em 1961 em Lisboa.
É assustador fazer um texto de Marguerite Duras?
É, será sempre.
Porquê?
Porque é difícil. Ela fala de sentimentos, de emoções, daquilo que normalmente não se diz mas sente-se, não se pensa mas faz-se. Ela vai fundo nos temas e as personagens que inventa são duras, intensas, pessoas difíceis se as conhecêssemos algum dia na realidade, pessoas que nos inspiram sentimentos, às quais não ficamos indiferentes.
Neste caso, desempenha o papel de uma mulher, Claire
Claire Amélie Bousquet Lannes, o nome completo.
Só tem mais dois atores em cena - o marido e alguém que faz perguntas mas que não sabemos bem quem é.
Não se chega a perceber. Achamos que não é polícia, porque não tem acesso às informações que foram dadas ao juiz e nos interrogatórios policiais. Pode ser escritor, um curioso ou um psicólogo, ou alguém comportamentalista que quer perceber o que se passa nas mentes dos assassinos.
A peça é baseada num crime real de uma mulher que matou o marido e o cortou em bocados.
Isso aconteceu na realidade em França, não me lembro bem dos pormenores. Para se desfazer do corpo, corta-o em bocados e vai atirando para cima dos comboios que passam no viaduto ao pé da casa dela. Vão parar bocados de corpo a todos os lados de França e a polícia percebe que o matou. Como nunca se descobriu onde está a cabeça, nem ela nunca soube dizer por que é que matou o marido e fez aquilo tudo - porque era uma pessoa sossegada, uma esposinha lá da aldeia - a história apaixonou a Marguerite Duras, aquela mente inquisitiva, curiosa. O Jorge disse-me...
... o Jorge Silva Melo, encenador...
... que ela andou 20 anos a trabalhar este texto. Escreveu um romance e uma peça que foi sempre feita pela grande Madeleine Renaud, que adorava o texto, também se apaixonou pela Claire. Andaram as duas muito tempo à volta disto. É um trabalho com uma grande responsabilidade.
Como constrói a personagem? É sempre um mistério?
A minha responsabilidade como atriz é fazer como me explica o Jorge Silva Melo. Não me dou muito direito de andar a pensar profundamente em como o irei fazer. Nunca lá chegaria. Temos de fazer com o corpo, com a voz, com o que temos cá dentro, com o que nos lembramos, com o que não nos lembramos, com o que nos impressiona. A construção é feita no ensaio, com os outros. Quando se está a passar é que se pode trabalhar. No meu caso, que não sou assim muito de pensar, é-me mais fácil fazer, ir fazendo. Não sei falar bem em termos de construção, mas sei dizer que existe sempre uma bolha onde ficamos quando estamos a viver um papel. Na minha Claire, a bolha é da pessoa que não se adapta às pessoas, ao mundo. Tem dentro dela uma imaginação enorme e uma grande necessidade de pensar, de ser inteligente, de produzir qualquer coisa com a mente, que ela faz mas não passa para fora. Na peça, ela não vai matar o marido mas a prima que foi viver lá em casa para ajudar nas tarefas. Mata a prima e parte-a aos pedaços. A que é que uma pessoa se pode encostar? O que são as pessoas? O que não são as pessoas? Que ódio temos, que ódio não temos, que amor nos faz ficar, o que temos de nós? A que cheiram as coisas? É com o corpo que eu tenho de trabalhar. É fácil para um ator pôr-se no lugar do outro, foi-nos dada essa capacidade, o nosso trabalho facilita que nós consigamos compreender um grande leque de outros. Com muito trabalho, lá nos conseguimos encaixar dentro daquele outro que esperamos que esteja certo. Neste caso não sei.
O teatro era a primeira coisa que tinha pensado fazer na vida?
Eu era para ser médica, queria ajudar os outros. Ia desde pequena acompanhar o meu pai para o hospital. Eu era enorme e gorda aos 14 anos. O meu pai trabalhava em S. José, emprestava-me uma bata que dizia "Munõz Cardoso", e eu andava nos corredores a dar água aos doentes. [o Hospital de] S. José era muito estranho, aqueles corredores, as pessoas ficavam lá muitas horas. Eu andava falando com os doentes, dando aguinha, tirava a papeleta do fundo da cama - "pai, veja lá se este pode beber água". As enfermeiras não têm tempo, têm tanta coisa a que acudir. O que eu queria fazer da vida era ajudar os outros, fazer as coisas melhores para os outros para toda a gente ficar feliz. Eu sou Balança, preciso que as pessoas à minha volta estejam felizes. Queria ser médica, depois queria ser enfermeira, porque afinal as enfermeiras estão muito mais perto dos doentes do que os médicos, que só lá passam um bocadinho. Depois queria ser obstetra, por causa dos bebés. Depois queria ser cirurgiã, porque isso é que é bonito.
Isso tudo passou-se até que idade?
Até aos 18 anos, quando uma amiga da minha mãe veio da Bretanha visitar-nos. A minha mãe estava com muito trabalho no hospital e não podia estar em casa, e eu fazia-lhe companhia. Ela agarrou em mim e levou-me ao teatro.
Que peça era, lembra-se?
Nunca mais me vou esquecer. Foram três noites seguidas, depois eu queria ir a todos os teatros do mundo. Fui à Barraca ver o Tiradentes [A Barraca conta Tiradentes, encenação de Augusto Boal, estreia de Mário Viegas, 1977, reposição em 1979]. No dia a seguir fui à Comuna ver as Guerras de Alecrim e Manjerona [António José da Silva, 1979] e depois, na mesma semana, fui à Barraca ver o D. João VI [Helder Costa, 1979]. Estavam a fazer muitas peças na mesma semana. A partir daí não quis fazer mais nada. Dizia assim: eu não sabia que se podia ser isto. Sempre adorei cinema, ia com a minha mãe, ela conhecia os atores todos. Eu achava que aquilo era um dom que alguém os escolhia lá de cima.
Que era inacessível?
Inacessível. Não era acordar e querer ser atriz. Perguntei à minha mãe: mas eu posso ser? Não sabia que se podia ser? Qualquer um pode ser?
Eram pessoas normais que ali estavam?
Eram pessoas. Posso ser? E a minha mãe: claro que podes ser, filha. Podes ser inclusive mulher a dias, mas era bom era que te esforçasses para ser a melhor mulher a dias do mundo. Foi o recado que ela me deu. Agora, com 56 anos, ela deve rir-se lá no céu: consegui ser atriz e a melhor mulher a dias do mundo, porque ninguém limpa como eu. Fiquei contente.
Como começou a ser atriz?
A minha mãe era uma pessoa muito rápida. Ah queres ser atriz? Então embora, pum: mochila, Centro Cultural de Évora, Escola de Formação de Atores.
O Cendrev?
O Cendrev, pumba, lá estou eu aterrada, aos 18 anos. O Mário Barradas era o diretor, o Luís Varela era diretor da escola, estudei com todo o elenco de Évora em 79/80/81. E foi o bem que me fizeram. Puseram-me ali, faz-te uma mulherzinha. E eu imensa, gorda, com um peito enorme, nunca me tinha despido à frente de ninguém, nem ia à ginástica em pequena porque odeio ginásticas e pavilhões, o cheiro... detesto, nunca pus o pé num ginásio nem nunca vou pôr. Despir-me à frente das pessoas? Era um pânico todos os dias, tínhamos de fazer exercícios, e a escola de Évora não é brinquedo, há muitas disciplinas de corpo, téoricas, práticas, era uma roda viva das oito da manhã às oito da noite. As minhas colegas entravam-me no camarim, despiam-me, iam comigo para o banho, obrigavam-me - e agora tens vergonha? Fizeram de mim uma mulherzinha, mesmo.
A sua mãe tinha razão?
Sempre teve.
Era a psicóloga Maria Clementina Diniz.
Psicóloga, comunista, mãe, avó. Uma força da natureza, um mulherão. E adorava Marguerite Duras, deve estar contente.
No Cendrev percebeu: não só eu posso fazer isto como faço isto bem?
Ah, não, nunca na vida.
Nem hoje pensa isso?
Nem pensar. Em limpezas sou imbatível, e para tratar de miúdos e de cães e de gatos. Para ajudar as pessoas também. Se trabalho bem? Não sei nem quero saber. Porque felizmente sou atriz dos Artistas Unidos e tenho o Jorge Silva Melo e é uma bitola boa, é altinho. E enquanto o Jorge quiser e gostar e tiver paciência para me explicar como é que se faz, para mim está certo.
Antes dos Artistas Unidos, em 1995, fez teatro?
Com os melhores, sempre. Sei que há colegas que às vezes, por falta de dinheiro, porque têm de trabalhar, fazem peças não tão engraçadas ou onde não se sintam tão orgulhosos. E eu tenho o orgulho de dizer: nunca entrei envergonhada em teatro nenhum. Foram quatro anos no Teatro de Portalegre, com o José Mascarenhas e o Manuel João Borges, meus queridos primeiros encenadores. De Portalegre vim para o Teatro da Rainha com o José Peixoto, o Fernando Mora Ramos, foi tão fixe, três anos na Rainha. Vim-me embora porque tinha sair das Caldas e fiz o Teatro do Tejo com o José Mora Ramos e a Isabel Leitão, e fui parar à Malaposta [Loures], onde fui substituir a Maria João Luís - que grande responsabilidade. Era uma feiticeira de Gil Vicente. Às tantas na minha vida eu era licenciada em Gil Vicente. Não havia uma alcoviteira, uma menina, uma velha que eu não tivesse feito. Ainda agora me lembro de textos inteiramente de cor.
O que é que o Gil Vicente tem que nos faz gostar dele?
Eu amo Gil Vicente. Não ia às aulas de Português e não tive que levar com ele. Toda a gente estudou Gil Vicente na escola e eu não me lembro. Veio o 25 de Abril e havia manifestações todos os dias. Sei que acabei o liceu no Passos Manuel mas lá de ir às aulas não me lembro muito.
O Gil Vicente foi mesmo por prazer?
É como o Almeida Garrett. Quando fizemos o Frei Luís de Sousa como exercício da escola, estava toda a gente "ai que seca" e eu a adorar aquela Madalena, nunca tinha lido aquilo.
E foi a Madalena?
Eu era a Madalena e era a Maria. Era um exercício de fim de curso e trocávamos os papéis para dar para todos. A escola tinha onze alunos.
E depois do Teatro do Tejo e da Malaposta?
Foi na Malaposta que o Jorge me viu. Onde ele diz que me viu mesmo e que gostou de me ir buscar foi no [Teatro do] Tejo. Eram as experiências que nós fazíamos. Nós inventávamos figurininhos todos feitos por mim. Amo costurinhas. Devia ter sido uma senhora casada e paga para estar em casa a costurar e a fazer coisinhas. Eu gosto é de tratar da casa. E dá muito trabalho.
Gosta de cozinhar também?
Estou um bocado chateada de cozinhar porque vivo sozinha há uns tempos e já não suporto a minha comida. Só gosto de cozinhar para as minhas filhas, para os meus netos, é mais simples. Ando a comer imensas cenas de pacote e congeladas, não sei cozinhar para mim. A minha mãe era uma grande cozinheira e a minha avó também. Na minha família, não é para me gabar, fazemos muito bem as coisas de que gostamos.
Estávamos no dia em que o Jorge Silva Melo apareceu e mudou a sua vida.
Caí de joelhos. Ele estava a escrever o António, um Rapaz de Lisboa num seminário onde toda a gente entrava, inclusive a minha colega Isabel Leitão. Foi ela que escreveu o papel que depois eu iria fazer, a Teresa. O Jorge escrevia, eu estava na Malaposta a fazer coisas com o [Teatro do] Tejo, e a Isabel também, estávamos a coser os figurinos. A Isabel ia para os ensaios do Jorge coser um pouco do vestido, eu ia no metro a coser. É assim que a gente trabalha, tem de ser, é o teatro em Portugal. Foi feita uma leitura desse texto para o público na Gulbenkian. Achei aquilo o máximo. Em Portugal, um homem que fala normal, que trata das ruas, dos jovens, da droga, de tudo o que é normal que a gente vive. Tão bom. Depois ele telefonou-me e eu pensei que era um antigo namorado meu. "Mas como é que tem o meu número?"
Era outro Jorge?
Era outro Jorge que eu tratava por você. Eu acho que você é bom para a intimidade, acho mais giro o você na intimidade.
Trata o Jorge por você?
Eu nunca tratei o Jorge por você, só mesmo nesse telefonema. Nem ele me deixaria alguma vez. Qual Jorge é que está falar? Silva Melo. E eu de joelhos, agarrada ao telefone, ai desculpe desculpe. O Silva Melo! Desde os meus 18 anos a Cornucópia era a catedral. O Luís Miguel e o Jorge Silva Melo! Um respeitinho! O Jorge Silva Melo estava a telefonar-me!
Isso foi em que ano?
Foi em 1995 ou 1996, no principinho, sou da primeira fornada
Dos Artistas Unidos?
Sim. Nunca mais o larguei. Enquanto o Jorge tiver as ideias e me chamar, enquanto ele mexer, eu estou cá.
E já fez imensas personagens.
Eu não tenho tempo de vida útil para lhe agradecer os papéis que me deu. Nem eu sabia que existiam. Deu-me os melhores papéis, é uma grande responsabilidade. Eu não sou nada de grande papeis, detesto, gosto de fazer figuração, gosto de estar no teatro a ajudar no camarim. O Jorge é que manda, não sei onde ele vai buscar paciência porque não sou fácil. Dispenso as pessoas da minha dificuldade, não quero trabalhar com mais ninguém, nunca pedi trabalho e é o que tenho mais.
Também fez cinema.
Pouco, um do Jorge [António, um Rapaz de Lisboa], outro da Solveig [Nordlund, A Filha]. Não gosto, é muito tempo à espera, ninguém percebe nada.
Não é como no teatro?
Em que me deixam ensaiar dois meses antes. No cinema nunca percebo o que estou ali a fazer, toda a gente à volta sabe muito mais e está tudo tranquilíssimo. Eu não consigo esperar, tenho de ter tudo muito rotineiro e marcadinho porque entro numa ansiedade muito grande se assim não for. Chegas ali, fazes um bocadinho, uma coisinha qualquer que alguém está a ver daquele lado, mas tu pensas que está a ver do outro. Nunca sei onde estão as câmaras nem para que servem. Daquele bocadinho que fizeste sai um bocadinho ainda mais pequenino. Há muitas que gostam, chamem-nas a elas porque eu não consigo. Eu gosto muito de ver cinema e admiro quem consegue construir assim as personagens. Não é para mim, não tenho paciência.
No palco tem aqueles medos todos?
E mais alguns, sim. Eu estou lá porque tenho de estar. Onde me sinto bem é no sofá, como toda a gente. No palco, não me sinto muito bem mas também não me sinto mal. Sei que não estou a invadir o espaço de outras pessoas ou que não estou a fazer coisas feias, desrespeitosas ou falsas. Sei que estou ali a fazer como deve ser e por isso não me sinto tão mal.
Disse que fica numa bolha. Quer dizer o quê?
A bolha é a personagem.
Está a ensaiar há dois meses, todos os dias, com o Jorge, com os outros atores, o João Meireles e o Pedro Carraca, velhos comparsas também?
Há 30 anos que representamos juntos, que estamos ali lado a lado. O Jorge Silva Melo tem a culpa, ele é que nos junta, ele é que nos põe a fervilhar. Ele tem o dom do casting. Não sei se o público que vai ao teatro percebe, mas metade do assunto está resolvido no casting. O Jorge conhece as pessoas tão bem e as personagens tão bem que - pof! - aquilo já está. Nós todos temos essa confiança. Se ele escolheu é porque está certo. E tem o dom do casting com as pessoas, não só gosta muito de atores como gosta muito de pessoas, tem muito cuidado com elas. Entre as pessoas que escolhe para os Artistas Unidos, não há gente falsa, intriguista, mesquinha. É gente de que eu gosto, que se pode estar numa companhia e não há cá teatrices e essas coisas que detesto, toda a aura e o espetáculo que se faz.
As vedetas?
Não suporto isso. Somos trabalhadores. Trabalhamos que nem uns cães, na contabilidade, nos cartazes. Fazemos tudo todos. Eu faço tão depressa assistência como um papel, também ajudo na contabilidade, nas contas.
E limpeza também, já que é uma especialista?
Limpeza não, temos a nossa Super Palmira que nunca me deixa limpar nada. O Jorge quando precisa de algumas coisas arrumadas, livros e não sei o quê, pede-me a mim. Adoro, porque gosto de tarefas assim de mão.
A bolha é a partir do momento que lhe entregam um papel? Fica nervosa?
Eu poupo-me, já sou velha. Já sei que vou ficar nervosa para o fim, não fico nervosa no princípio, era muito gasto de nervo. A bolha começa logo ali e só acaba quando o espetáculo sai de cena.
A bolha é 24 horas por dia ou só quando lá está?
A bolha é o tempo todo, infelizmente a bolha fica, fica. Eu agora até tenho dificuldade de ir aos meus netos passar o fim de semana, porque "sou" uma assassina e não tive filhos, e está a fazer-me impressão estar ao pé dos meninos.
Como se desfaz da bolha?
É como a concentração e a descontração. Consigo entrar na personagem assim, tau!, aliás qualquer um de nós consegue, é para isso que trabalhamos. Num segundo, já estou. Mas para sair, esqueçam. Fica. Visto-me, dispo-me, saio, falo, vou para casa, vou passear o cão. E continua, até sair de cena. Quando saio de cena é bom, não sou daquelas que choram e ficam com pena de aquilo ter acabado. Há espetáculos que a gente fazia toda a vida, por exemplo O Grande Dia da Batalha, em que nem sequer entrei, ah, aquilo era uma coisinha para se ir ver todos os dias, ai que lindo espetáculo esse que esteve agora no Nacional. Mas eu fazer o meu toda a vida, isso não. Já saiu, venha outro. Porque estou lá o tempo todo. A bolha defende-me do resto do mundo, deixa-me estar resguardadinha no ano de 1945 e no lugar de Viornes, é a minha bolhinha, o meu banco, o meu cimento. Depois, quando acaba, acaba. Nós sabemos quando vai ser o último espetáculo, quando não vai mais haver digressão.
O último espetáculo é diferente dos outros?
Não. Está a falar em termos de partidas que é costume fazer-se?
Não sabia que havia partidas.
É uma tradição muito velha no teatro, mas não é admitida nos Artistas Unidos. Aliás, nos Artistas Unidos, é com orgulho que digo, não é admitida nenhuma dessas parvoíces do teatro. O segundo espetáculo ser mau é completamente proibido, ninguém tem o direito de ir abaixo depois da estreia.
Que tipo de partidas se fazem?
Fazemos tudo uns aos outros desde que o público não veja. Por exemplo, tem que levar um livro: tem pelo menos um homem nu quando abre no último espetáculo, mas muito nu. Se tem umas luvinhas para enfiar pode ter preguinhos lá dentro, ou podem desaparecer coisas ou aparecer outras. Se tem uma malinha para levar, o melhor que se tem a fazer é enchê-la daquelas garras dos andaimes, daquelas coisas dos técnicos. A pessoa pega na malinha e está pesadíssima, mas o público não pode saber. São parvoíces que os atores fazem uns aos outros, maldades.
A estreia é um momento complicado?
Não, graças a deus, graças ao Jorge, não vamos agora aqui meter os deuses. Trabalha-se tanto e tão bem nos Artistas Unidos que estreamos muitos dias antes. Fazemos muitas vezes o espetáculo como ele há de ser.
E quando chegam ao dia da estreia?
Já está, não há tanto nervo, ninguém está inseguro. Ninguém estreia inseguro nos Artistas Unidos, porque o Jorge está ali a trabalhar até ao milímetro. Mesmo que falhem coisas, resolve-se lindamente porque está tudo até ao milímetro, não há pontas largadas. A estreia naquela casa é uma festa, uma brincadeira. Normalmente nos dias das estreias também inauguramos exposições...
... de artes plásticas...
... e há sempre uma vernissage, com comidinha. Ainda por cima são três dias de entrada livre, público até ao jardim. As estreias não me metem medo.
Tem noção do público, sente-o?
Claro, é só para ele que eu trabalho, não é para colegas nem para ensaios. Detesto os ensaios porque me dão imenso trabalho, nunca sei bem o que estou a fazer. Espetáculos é aquilo que está marcado, está ali para fazer todos os dias, tal e qual se combinou com o encenador e com os colegas. É para fazer aquilo para aquelas pessoas que vieram esta noite. Esta noite e esta noite e esta noite. É para eles que eu estou cá. Não sou nada de trabalhar para os amigos e de fazer espetaculinhos pequeninos. Já sou velha, posso falar assim.
Diz isso como se fosse velhíssima.
Sou muitíssimo crescida. A juventude só tem uma coisa boa, é que passa. Coitadinhos. Adoro ser velha.
O público é todos os dias diferente?
Sim, mas eu não vejo, não estou como o Carraca que sabe que a senhora tinha um lenço não sei quê. Eu não vejo nada, para mim aquilo é um buraco escuro.
O Pedro Carraca observa o público?
O Pedro não observa o público, está em cena como nós, só que tem um dom, uma capacidade de resolver confusões dentro e fora de cena, e nunca sai do papel e nunca se perde. Ter o Carraca em cena é género Miguel Borges, é maravilhoso. Ele consegue segurar aquilo tudo, voltar e estar ali. Consegue estar a representar e quando está a olhar consegue ver. Além de aquilo ser escuro e eu ver um pouco mal, eu estou a olhar mas não estou a ver a cara, é preferível que não veja. Mas sinto-os, oiço-os respirar, tossir, brincar com os telemóveis.
E continuam a tocar telemóveis?
Ah sim, se tocam telemóveis! E depois uma pessoa fica numa sala de 60 lugares, naquela do "se eu não mexer ninguém sabe que é meu", e aquilo a tocar. É mesmo estranho.
E quando as pessoas têm uma reação que não é a que se espera, por exemplo, não é uma coisa para rir e há pessoas a rir?
Acontece, acontece. No primeiro segundo fico ofendida, mas depois vejo que a pessoa percebeu assim, olha que giro, outra maneira de reagir. É uma coisa muito rápida. O público não é burro, e se uma pessoa achou graça àquilo e a outra vomitou, para mim está bom. Sou tão defensora das sensações, dos sentimentos, também os outros têm que o ser. É isso que é bom no público, é muito bom toda a gente ser diferente e por outros motivos. Sei lá, ele pode estar a rir-se não do que eu disse mas de ter caído um sapato lá atrás.
Ou pode rir porque a situação o leva um extremo e ele não sabe resolver?
Exatamente. Mas nada do que o público faça ou reaja me distrai ou me ofende ou me magoa.
Continua na sua bolha?
A bolha está lá mas é para eles. Fico ofendida quando as pessoas brincam com os telemóveis ou estão a fazer barulho ou coisas que não são normais num teatro. Fico mesmo escandalizada. Como é possível? Não ficam em casa porquê? Está lá o sofá.
Continua a ser um prazer, o teatro?
Eu sinto-me muito orgulhosa por gostar daquilo que faço mas digamos que eu não faço o que gosto, eu gosto do que faço. Seja contínua, que já fui...
Houve uma altura em que deixou o teatro?
Estava chateada, achava que o meu papel era ajudar mais profundamente do que estar a entreter intelectuais de esquerda em Lisboa. Foi o que eu senti, para dizer a verdade.
Isso foi antes de o Jorge Silva Melo a apanhar?
Não, foi no meio do Jorge Silva Melo, em 2005. Estávamos nós todos no [Teatro] Taborda e eu às tantas salta-me a tampa e disse não. Há aqui muita gente que quer representar e eu tanto represento como limpo como faço outra coisa qualquer. Já trabalhei em restaurantes, em clubes de vídeo, em todo o lado onde há um emprego eu vou, não me custa.
E foi para fora de Lisboa?
Fui para Portalegre, para o Alentejo.
Com as filhas?
Com a minha pequenina, a grande já lá estava a fazer o estágio. A minha grande nasceu lá, quando trabalhei no Teatro de Portalegre. Tive logo a minha primeira filha porque, claro, uma atriz não pode... é um ano de barrigão em que não se pode trabalhar. Elas têm uma diferença muito grande, tenho duas filhas únicas como dizia a minha mãe. Têm uma diferença de onze anos uma da outra. Ou se trabalha ou se tem filhos, a minha vida não dá. E eu quis ter logo uma, aos 21 anos nasceu a minha Ana Bárbara que é o meu orgulho, uma criatura de 34 anos que saiu à avó e à mãezinha, também só quer ajudar os outros. Trabalha na Câmara de Peniche como orientadora profissional. Enfim, põe as pessoas a trabalhar e a escolher coisas boas para fazer.
A Isabel não faz o que gosta mas gosta do que faz?
Exatamente, faça o que fizer. Estar a trabalhar como atriz, se puder trabalhar nos Artistas Unidos com o Jorge Silva Melo e as pessoas em que acredito, confio, admiro e sou fã, tudo bem. Fora disso não, não me interessa fazer teatro algum, nem cinema algum, aliás não me interessa fazer nada, como já lhe disse. Sou velha, quero mais é estar em casa a tomar conta dos netos. Mas os Artistas Unidos existem e a minha profissão é esta, e eu tenho todo o orgulho em a fazer, com todas as minhas forças e o melhor que sei. Mas se por acaso fosse contínua como já fui - é tão giro ser contínua numa escola primária - também era com todo o meu orgulho, todo o meu dia era dedicado. Só que como contínua a gente não leva tanto trabalho para casa.
Aí não precisa de ter a bolha?
Não há bolha.
Isto é mais intenso?
A bolha é mesmo para a gente poder sobreviver, acho eu.



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07
Mar18

PCP não quer contratos a prazo para postos de trabalho efetivos

António Garrochinho
Para Rita Rato, esta proposta do PCP quer “limitar a possibilidade de contratação a prazo, a termo”.
Proposta comunista propõe revogação das normas que permitem às empresas contratar jovens à procura do primeiro emprego e desempregados de longa duração
O PCP quer revogar as normas que permitem às empresas contratar jovens à procura do primeiro emprego e desempregados de longa duração com contratos a prazo, quando se tratem de postos de trabalho permanentes.
"Com este projeto", que agora deu entrada na Assembleia da República, "decidimos de forma mais cirúrgica apresentar alterações ao regime da contratação a termo", explicou ao DN a deputada comunista Rita Rato.
Há oito alíneas no Código do Trabalho que estabelecem a "admissibilidade de contrato de trabalho a termo resolutivo", onde se lê que este "só pode ser celebrado para satisfação de necessidade temporária da empresa e pelo período estritamente necessário à satisfação dessa necessidade", como "atividades sazonais" ou "acréscimo excecional de atividade da empresa".
A estas alíneas, o legislador somou outras situações para celebrar estes contratos a prazo, nomeadamente na "contratação de trabalhador à procura de primeiro emprego, em situação de desemprego de longa duração ou noutra prevista em legislação especial de política de emprego".
É isto que o PCP quer agora revogar. Em declarações ao DN, Rita Rato defendeu "que a lógica da celebração do contrato é quanto ao posto de trabalho e não quanto à condição do trabalhador". E explicitou: "Se for um posto de trabalho permanente, não importa que seja um desempregado de longa duração ou um jovem à procura de primeiro emprego, o que importa é que é para suprir uma necessidade permanente. E se é uma necessidade permanente, então é um contrato efetivo."
A deputada Rita Rato recordou que "a lei já prevê um período experimental de seis meses" para o trabalhador a iniciar funções numa empresa. "A entidade patronal tem sempre salvaguardada [a possibilidade] de avaliar o desempenho daqueles trabalhadores. No nosso entendimento, tratando-se de um posto de trabalho permanente, tem de ter um vínculo efetivo. O ónus deve ser colocado na necessidade permanente e não na condição etária ou de desempregado."
Com o projeto de lei que agora deu entrada no Parlamento, a bancada comunista defende que se trata de "um contributo muito importante no combate à precariedade e na garantia do emprego com direitos". Para Rita Rato, esta proposta do PCP quer "limitar a possibilidade de contratação a prazo, a termo".
O grupo parlamentar comunista nota, no preâmbulo do projeto de lei, que "a precariedade do emprego é a precariedade da família, é a precariedade da vida, mas é igualmente a precariedade da formação, das qualificações e da experiência profissional, é a precariedade do perfil produtivo e da produtividade do trabalho".
Contratos de curtíssima duração
O PCP tem outro projeto, já em comissão, "com uma série de propostas mais gerais para a revogação de condições na contratação a prazo", revertendo ainda "os contratos de curtíssima duração", "uma invenção" do anterior governo "de Passos Coelho e Paulo Portas", como a classificou Rita Rato. "São propostas mais latas", explicou, que pretendem continuar a "revogação das normas gravosas da legislação laboral".


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07
Mar18

Precários que forem excluídos ameaçam recorrer ao tribunal

António Garrochinho
O governo vai hoje ao Parlamento debater o programa de regularização dos vínculos precários por iniciativa do Bloco de Esquerda
Cerca de 32 mil trabalhadores precários entregaram requerimento para a sua situação ser analisada
Há requerimentos de trabalhadores precários da administração pública que estão a receber parecer negativo porque os serviços consideram que o seu vínculo é adequado e que a sua função não corresponde a uma necessidade permanente. A palavra final sobre o desfecho dos 31 957 requerimentos remetidos às Comissões de Avaliação Bipartida (CAB) é do governo, mas os dirigentes sindicais não têm dúvidas de que os trabalhadores que forem excluídos vão avançar para tribunal. No máximo, prevê José Abraão, da Fesap, não deverão ser mais de 25 mil os que acabarão por ter "luz verde" para entrarem nos concursos
"Há a tentação de alguns serviços de dizerem que o vínculo é adequado, mas estes casos vão acabar em tribunal", precisou José Abraão. Estes "chumbos" (que às vezes também são impostos pela maioria de votos que os representantes do governo e do serviço têm nas CAB face aos dos trabalhadores) não acontecem com frequência, mas são transversais a vários setores da administração pública e têm visado tipos de vínculos precários diferentes. Nas Comissões de Avaliação Bipartida têm assento, além das três estruturas sindicais, um representante dos serviços e dos ministérios das Finanças, do Trabalho e da tutela do serviço em causa.
Os sindicatos da função pública dão exemplos de situações destas na Saúde, Educação, Agricultura, Justiça, Trabalho, entre outros. "Estamos a falar de bolseiros, alguns com quase 20 anos de serviço, que começaram por ter um contrato, depois uma bolsa, mais tarde um contrato de prestação de serviços, a seguir nova bolsa e sobre os quais se diz agora que o vínculo é adequado", precisa Helena Rodrigues, do STE.
Ana Avoila, da Frente Comum, faz referência a decisões desta natureza visando recibos verdes, outsourcing, prestação de serviços ou contratos a termo e acrescenta que quando são notificadas de que o seu requerimento foi recusado têm dez dias para contestar e devem fazê-lo.
Ainda que o processo só fique concluído depois da decisão final do governo (que pode contrariar quer os pareceres positivos das CAB quer os negativos), José Abraão admite que alguns trabalhadores possam avançar para a via judicial antes ainda daquela etapa final. E Ana Avoila não têm dúvidas de que muitas destas ações sairão vencedoras. "Os que estão em regime de outsourcing , como os dos programas comunitários, se forem para tribunal, ganham", precisa.
O programa de regularização dos vínculos precários do Estado (PREVPAP) começou com um levantamento destas situações, tendo sido contabilizados 116 mil . Foi daqui que saíram os quase 32 mil requerimentos que chegaram às CAB mas, pelo que vai observando, José Abraão acredita que no final não deverão ser mais de 25 mil os que acabarão por ter "luz verde" para entrarem nos concursos - a etapa que antecede a entrada para o "quadro". Para os restantes, a via judicial poderá ser a última hipótese para contrariar a decisão.
Seja como for, a lei prevê que os trabalhadores podem opor-se às conclusões resultantes dos pareceres das CAB, depois da homologação ministerial, através da reclamação prevista no Código do Procedimento Administrativo.
O programa de regularização dos vínculos precários vai estar hoje em debate no Parlamento, por iniciativa do Bloco de Esquerda, tendo esta sido motivada pelo atraso que o PREVPAP tem registado face ao calendário previsto e pelo facto de os requerimentos não terem sido aceites por enquadrarem situações não contempladas na lei, como sucede com os estagiários.
Espera-se que neste debate o governo faça um ponto de situação do PREVPAP e avance números sobre a quantidade de requerimentos que já foi apreciada e que seguiu para homologação. O DN/Dinheiro Vivo questionou o Ministério das Finanças sobre estes dados, mas não obteve reposta.
O processo de abertura dos primeiros procedimentos concursais não tem data para arrancar, mas terá de ficar concluído até ao final deste ano.


www.dn.pt
07
Mar18

Declaração da Federação das Associações de Pescadores das Ilhas Canárias em apoio à negociação direta com a Frente Polisario para o uso do banco de pesca do Sahara

António Garrochinho


Fonte: Federação das Guildas de Pescadores das Ilhas Canárias; Ilhas Canárias, março de 2018.

Os pescadores canários tiveram uma relação histórica com o banco de pesca do Sahara que foi modificado pelo abandono do Sahara Ocidental em 1976 pelo Estado espanhol, que não cumpriu as suas obrigações para com o povo saharaui, permitindo que este exercesse o seu direito à autodeterminação.

Desde então, testemunhamos uma sucessão de acordos de pesca, entre a Espanha em primeiro lugar e a União Europeia mais tarde, com Marrocos que significou, para os pescadores das Canárias, uma expulsão progressiva dos pescadores e para o povo saharaui ver como as riquezas dos seus mares são saqueadas por práticas predadoras de pesca desenvolvidas por poderosas frotas estrangeiras, permitidas e encorajadas pela administração de ocupação marroquina.
Esta situação foi declarada contrária ao direito no acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia de 21 de Dezembro de 2016 – C-104/16 P-. Esta resolução judicial reconheceu que Marrocos e o Sahara Ocidental são territórios distintos e separados, em virtude da Carta das Nações Unidas e do princípio da autodeterminação dos povos, considerando que os acordos estabelecidos entre a União Europeia e Marrocos não são aplicáveis ??a Território do Sahara Ocidental ou suas águas, de modo que as empresas europeias não podem, em nenhuma circunstância, usar as autorizações marroquinas para operar no Sahara Ocidental. Este órgão judicial também afirma que o fator determinante não é avaliar se uma atividade econômica específica pode ser favorável ou não à população saharaui, mas garantir que o representante do povo saharaui, a Frente Polisario, tenha dado o seu consentimento para o seu desenvolvimento. Desta forma, a legislação europeia deixa claro que qualquer atividade econômica no território do Sahara Ocidental está sujeita ao acordo expresso da Frente Polisario, o único representante do povo saharaui, nos termos da resolução 34/37 da Assembleia Geral das Nações Unidas.
A União Europeia iniciou contactos com a Frente POLISARIO para cumprir esta decisão. A Frente POLISARIO esclareceu que a União Europeia  se deve comportar com o máximo respeito pela legalidade internacional e as suas próprias leis, consequentemente, se for tentada a incluir as águas do Sahara Ocidental de qualquer maneira num novo acordo sobre a pesca com Marrocos, a Polisario irá recorrer de novo aos os tribunais europeus, deixando na absoluta incerteza jurídica as empresas que pretendem agir baixo a cobertura desses acordos.
A Frente POLISARIO manifestou vontade de chegar a acordos com empresas interessadas em desenvolver atividades econômicas no território e nas águas do Sahara Ocidental, com a perspectiva de permitir uma atividade respeitosa com os seus recursos, sustentável no tempo e benéfica para as partes que assinam os acordos.
A partir desta Federação, apelamos tanto ao governo do Estado espanhol como à União Europeia para que, sem maiores distorções, se cumpra com o conteúdo da referida decisão do TJUE e se  reuna e negoceie com o representante do povo saharaui reconhecido pelas Nações Unidas, a Frente POLISARIO, um acordo de pesca que proporciona estabilidade e suporte jurídico adequado para a nossa presença nas águas do Sahara.
Neste acordo de pesca, deve ser dada especial atenção à presença do sector artesanal das Canárias, que com suas práticas de pesca sustentáveis ??garante a recuperação de um campo de pesca empobrecido e a sobrevivência de alguns recursos dos quais os povos canários e saharauis podem  beneficiar.
Por último, pedimos a implementação dos acordos de paz de 1991 e as inúmeras resoluções das Nações Unidas e da União Africana, para que o conflito no Sahara Ocidental possa ser definitivamente resolvido mediante a realização de um referendo no qual o povo saharaui possa decidir livremente o seu futuro, para que todos os povos desta área possam desenvolver-se em paz e com estabilidade.


porunsaharalibre.org
07
Mar18

NO BANCO DOS RÉUS E QUE ELES DEVERIAM ESTAR ! - Portugal pode injectar mais capital no Novo Banco além dos 3,9 mil milhões

António Garrochinho


Além do mecanismo de capitalização contingente e da subscrição de títulos de dívida, que pode custar até 3,9 mil milhões, o Estado português pode ser chamado a capitalizar o Novo Banco. O que implicará reduções adicionais de pessoal.
Portugal pode injectar mais capital no Novo Banco além dos 3,9 mil milhões

Portugal pode ter de injectar mais capital no Novo Banco além dos 3,9 mil milhões de euros que pode ter de colocar no mecanismo de capitalização contingente, segundo a decisão da Comissão Europeia. Há uma rede de segurança em que o Estado assume que pode ter custos adicionais.
São três as medidas de ajuda do Estado que são avaliadas na venda de 75% do Novo Banco à Lone Star na versão não confidencial da Comissão Europeia, datada de 11 de Outubro de 2017, mas só tornada pública no final de Fevereiro.
Em cima da mesa está o já conhecido mecanismo de capitalização contingente, onde há activos sobre os quais a Lone Star não quis assumir responsabilidade, e em que o Fundo de Resolução pode ter de colocar até 3,9 mil milhões de euros (e onde pode pedir ao Tesouro português para emprestar este dinheiro). 
Além disso, há a emissão de dívida, de até 400 milhões de euros, que o Novo Banco tem de realizar este ano. Se não houver subscritor(es) privado(s), o Fundo de Resolução tem de se chegar à frente, num montante que, contudo, vai subtrair ao mecanismo de capitalização. Ou seja, se o Fundo de Resolução subscrever 400 milhões de euros, este valor é subtraído aos 3,9 mil milhões, pelo que o mecanismo só pode exigir até 3,5 mil milhões.
Há uma terceira medida, de acordo com o documento. É uma rede de segurança, que pode assumir a forma de injecção de capital pública ou a subscrição de títulos de dívida aditional tier 1, como os emitidos pela Caixa Geral de Depósitos. Não há um valor indicativo. 
A injecção pode ocorrer caso o rácio total do Novo Banco fique aquém das exigências do Banco Central Europeu no âmbito do "supervisory review and evaluation process" (SREP). Contudo, há limites, embora não quantitativos.

A colocação só pode acontecer se as medidas de optimização de capital do Novo Banco, desencadeadas num período de nove meses após a descoberta das necessidades de capital, não forem suficentes. Além disso, apenas se a Lone Star não estiver disponível para colocar o capital necessário e também se não houver investidores privados interessados.
Mais redução de pessoal
"Se for usado dinheiro público nesta rede de segurança, Portugal comprometeu-se a reduzir o perímetro do banco em [900-1100] funcionários e [90-120] agências num novo plano de reestruturação", inscreve o documento que não divulga os números exactos, apontando apenas intervalos.
A injecção pode ser "na medida em que assegura a solvência do Novo Banco" no cenário adverso definido pela Comissão Europeia. 
Estas são limitações trazidas pela Comissão Europeia já que a venda da Lone Star envolveu o uso de dinheiros públicos.
O Novo Banco foi criado a 3 de Agosto de 2014 com uma capitalização de 4,9 mil milhões: 3,9 mil milhões de euros foi de injecção pública. Na venda à Lone Star, determinada em Outubro do ano passado, o Estado comprometeu-se com um mecanismo de capitalização contingente, que pode dar custos adicionais de 3,9 mil milhões de euros ao Estado. Esta rede de segurança agora tornada pública pela Comissão Europeia vai além destes dois montantes. 

(Notícia rectificada às 19:42: o intervalo de redução de pessoal oscila entre 900 e 1.100 profissionais)

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