Imaginem se não houvesse a crítica, a revolta, a contestação, a sátira, o humor, a cantiga, o teatro, o livro, os textos de escárrnio e mal dizer.
Os homens, as mulheres que produzem e transformam o mundo, os escritores, os poetas, os guerrilheiros, os anónimos de que não reza história mas não aceitaram a canga, não passariam de meros zombies, bêbados de covardia e ignorância a deambular pelo mundo.
Com a indiferença,com a política da rolha, do come e cala-te, com a mudez da contestação e revolta, os donos do trono governavam, governam e o povo não lhes dizia nada!
Mesmo dizendo, mesmo combatendo o povo não lhes merece respeito e atenção.
Eles governam e até dizem que aceitam a crítica mesmo quando ela põe a nu os seus defeitos e crimes.
Tentam assim os lobisomens do poder e seus lacaios, manter os seus privilégios e arvoram-se em democratas, tolerantes, gente de bem, enquanto f#d%3& a vida dos portugueses.
Este tema, de não criticar, de não "denunciar" (não gosto da palavra) ainda hoje, apesar de exaustivamente discutido já aborrece.
Se te dói, varre para debaixo da cama, se te pregam uma lambada na face direita da cara, dá-lhe a outra face que é para imitares jesus, não o treinador do benfica, do sporting etc etc. mas sim o esotérico que dava pão e peixe a toda a gente, ressuscitava os mortos e deixou-se assassinar pelo padrasto já que o marido da virgem era o carpinteiro.
Apareceu então um monstro (hoje ainda se discute se seria homem, mulher, minotauro, ou outro bicho qualquer e a violou.
Fe-la parir mesmo virgem, e consumou o acto, o coito sagrado, indolor, em sonho, sem prazer para ela, para que houvesse luz no mundo.
Nesse tempo nem havia electricidade na terra, no "paraíso. inferno, purgatório, e andava tudo as escuras, à luz da lamparina do azeite e do sebo dos animais sacrificados, menos o porco que gozava com o resto das espécimes já que poupava o toucinho.
Nem os cordeiros inocentes escapam e eram sacrificados para imunizar os católicos das barbáries e o sangue dos bichos era besuntado nas umbreiras das portas para proteção dos crentes e fiéis.
Hoje quem poupa o toucinho para lá dos doentes religiosos judeus e muçulmanos são os lustrosos burgueses que só não comem mais porque já não lhes cabe na pança.
De toda essa submissão e estupidez como diz Saramago citando o "livro dos maus costumes" o profeta miserável herdou as sandálias do pai. nada mais !
Reis, Salomão, Pilatos, Herodes, imperadores, generais, viveram a vida de barriga cheia enquanto a plebe ripava fome e era degolada, queimada, crucificada e nada fazia além de "acreditar e rezar".
Parece que muita coisa não mudou até os dias de hoje.
Esta aceitação, esta submissão, este beatismo de paz e tranquilidade tem permitido que os fascistas nos lixem a vida e nós não podemos responder que é para sermos bem educadinhos, políticamente corretos, ou seja andarmo-nos a enganar uns aos outros enquanto os que fazem as leis, os que as aplicam, vivem no luxo e no paraíso em cima do lombo dos escravos mudos e eunucos.
Aconselho aos que não sabem, que leiam atentamente a história do mundo a de ontem e a de hoje.
Ou te envolves e tens coragem para lutar, para travar a luta de explorados contra exploradores ou não passarás de caca e serás tratado como tal enquanto os lacaios a varrem, para que os donos disto tudo não sujem os sapatos caros e brilhantes.
AMEN !
António Garrochinho