Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

30
Mar18

VEJA O VÍDEO - A HISTÓRIA DA EXPULSÃO DE 130 DIPLOMATAS RUSSOS EM 20 PAÍSES

António Garrochinho
VÍDEO - ACTIVE AS LEGENDAS PARA PORTUGUÊS- VEJA COMO SE FAZ NO TEXTO EM ABAIXO


ATENÇÃO ! O VÍDEO TEM TRADUÇÃO EM PORTUGUÊS- ABAIXO NO CANTO INFERIOR DITEITO CLIQUE NO RECTÂNGULO BRANCO E ELE ACTIVARÁ AS LEGENDAS EM ESPANHOL. DEPOIS LOGO A SEGUIR NA RODINHA DENTADA CLIQUE E VEJA  AS VÁRIAS HIPÓTESES. CLIQUE ONDE DIZ TRADUZIR AUTOMÁTICAMENTE E SELECIONE PORTUGUÊS. CLIQUE E PRONTO ! O VÍDEO ESTARÁ NO NOSSO IDIOMA



30
Mar18

Os vocais isolados de Marvin Gaye em «I Heard it Through the Grapevine»

António Garrochinho


Para os milênicos, que provavelmente não o conhecem, Marvin Gaye foi um cantautor e produtor que ajudou a moldar o som da black music nos anos 60. Sua gravação de "I Heard it Through the Grapevine" é um aclamado clássico do soul, que foi listada na 81° posição do ranking (infame para alguns, é preciso ressaltar) da Rolling Stone das 500 Maiores Músicas de Todos os Tempos. Já no 40° aniversário da edição Hot 100 da Billboard, em junho de 2008, “Grapevine” foi classificada no 65° posto.

A canção, também gravada pelo Creedence e que conta a história da descrença de um cara quando sabe da infidelidade da namorada, também faz parte do Hall da Fama do Grammy por seu valor histórico, artístico e significativo.

Neste vídeo onde isolaram a trilha vocal da música, é possível apreciar a incrível voz de Marvin.

vídeo
www.mdig.com.br
30
Mar18

ANTIGAS GLÓRIAS DO FUTEBOL ALGARVIO - LUCIANO

António Garrochinho

LUCIANO

(Luciano Jorge Fernandes,6/8/1940,Olhão)
Defesa-central
56/57-Olhanense-----------jun.
57/58-Olhanense-----------jun.
58/59-Ol
hanense-----------II
59
/60-Olhanense-----------II
60/61
-Olhanense-----------II
61/62-Olhanense-----------I
62/63-Olhanense-----------I
63/64-Benfica-------------I
64/65-Benfica-------------I
65/66-Benfica-------------I
66/67-Benfica-------------I
































Luciano foi aloroso defesa algarvio,
tragicamente desaparecido a meio da 
temporada de 66/67 quando representava o 
Sport Lisboa e Benfica.
Da sua curta carreira destaca-se as
chamadas ás selecções júniores
 de Portugal,
enquanto ainda jogava no 
clube da sua
terra,o Olhanense.No Benfi
ca sagrou-se
Campeão Nacional por trés vezes(
63/64,64/65 e
66/67)e conquistou uma Taça de Portugal(63/64).




Luciano com a camisola da Selecção nacional






















Recorte retirado do livro "Benfica 100 Gloriosos anos"

Luciano,na primeira imagem é o 3º da esquerda em cima,
nos júniores do Olhanense.
Luciano,o 4º da esquerda em cima,na equipa principal 
do Olhanense
Luciano,o 3º em cima,da direita,no Olhanense



algarvalentejo.blogspot.pt
30
Mar18

Jantar comemorativo: «Em abril esperanças mil»

António Garrochinho

































«Um encontro de cidadãs e cidadãos que participam na construção da sociedade presente para conseguir uma sociedade futura mais democrática, mais justa, mais equitativa e mais sustentável. Que recusam baixar os braços quando “os tiranos fazem planos para mil anos», num ambiente internacional de aumento da desigualdade e de erosão da paz, da democracia e das relações laborais. E que sabem que em Portugal é preciso continuar a mobilização cidadã, o diálogo crítico e a convergência à esquerda, para que a atual solução política de governação seja ponto de partida para alternativas duradouras e sustentáveis ao austeritarismo neoliberal. Não queremos andar para trás. Precisamos proteger e desenvolver conquistas e direitos maiores do processo democrático iniciado com a Revolução de Abril, como é o Serviço Nacional de Saúde, tema deste nosso encontro. Queremos um SNS universal, público e de qualidade. Precisamos parar com a sua degradação e com o aumento da desigualdade de acesso aos cuidados de saúde que a sua privatização promove. E assumir que o SNS tem de ser pago com os nossos impostos. Para que haja mais vida além do défice. São pois bem-vindos os que vierem por bem. E tragam mais amigos também.»

A 15ª edição de um encontro que se mantém vivo e que é dedicado este ano ao Serviço Nacional de Saúde, contando com uma mensagem de António Arnaut e João Semedo, intervenções de João Almeida, Maria Augusta Sousae Sofia Crisóstomo e um momento musical a cargo de Manuel Freire e Vítor Sarmento. É no próximo dia 20 de abril, sexta-feira, a partir das 19h30, na Cantina Velha da Cidade Universitária, em Lisboa, podendo as inscrições ser feitas aqui ou aqui.


30
Mar18

Uma poesia de 2004 pelo meu amigo e camarada José Gonçalves Cravinho emigrante na Holanda e que celebra hoje 94 anos .

António Garrochinho


TEOLOGIA (Ano 2004)

Teologia,segundo está no Dicionário,
é àcerca de Deus,religiosa Doutrina,
mas penso que é uma ideia cretina,
p'ra reprimir e domar o Povo vário.

A teologia é uma empírica ciência,
baseada na superstição e crendice,
que,desde há milénios,com pulhice,
mantém os Povos na subserviência.

Na Holanda,foi exibida na Televisão,
como um êxito dos humanos valores,
da lendária Biblia,uma nova tradução,
bebida em fontes gregas,por «doutores».

E pretendem êstes biblicos «doutores»,
com esta Biblia agora modernizada,
debelar a falta de humanos valores,
nesta sociedade egoísta depravada.

Que a Plebe seja «levada» pela crendice,
não me causa espanto nem admiração,
mas se o letrado faz,do ignaro,exploração,
isso,para mim,é uma imperdoável pulhice.

Mas,da Biblia,a moderna tradução,
originou polémica entre os «doutores»
causando entre êles aparentes dissabores,
o que não passa de académica discussão.

Foi sempre assim desde a Antiguidade,
que,da Tribo,o mais forte e espertalhão,
é que é,da Tribo,o seu Rei ou Capitão,
assistido por Sacerdotes da Divindade.

A Plebe,na sua ignorância e superstição,
crê num Ser superior que tudo domina,
e acata,dos Sacerdotes,a biblica doutrina,
ainda que seja contrária à humana Razão.

Por exemplo,a judaico-cristã teologia,
diz que toda a autoridade vem de Deus,
e que toda a gente,em especial os plebeus,
devem acatar as Normas da Aristocracia.

A Aristocracia,é pois a chamada Nobreza,
que,dizem ser de sangue azul,possuidora,
a qual,presentemente como outrora,
é defendida p'la teologia com fina subtileza.

Assim vemos a Corôa dos Reis encimada,
com a Cruz,símbolo do sofrimento e da dôr,
que a Plebe deve suportar resignada,
confiando crente no Messias Salvador.

No Mundo,as várias e absurdas Teologias,
téem todas elas,como única finalidade,
levar os Povos a crer numa Divindade,
e a suportarem,dos Poderosos,as Tiranias.

É pois baseado na empírica Teologia,
que Israel com o seu biblico Sionismo,
exerce na Palestina,bárbaro Terrorismo,
ao abrigo da biblica e absurda Teoria.

Mas,ainda hoje,tal como na Antiguidade,
os Poderosos querem a Plebe em submissão,
ajoelhada,de cu p'ró ar e cabeça no chão,
para poder explorá-la sem contrariedade.


José Gonçalves Cravinho
30
Mar18

Guerra Fria uma opinião - Thierry Meyssan

António Garrochinho



Quatro dias para declarar uma Guerra Fria

A semana que acaba de decorrer foi extraordinariamente rica em acontecimentos. Mas nenhum média esteve à altura de dar conta deles já que todos mascararam deliberadamente alguns dos factos para proteger a narrativa que, a propósito, divulgava o seu governo. Londres tentou provocar um grande conflito, mas perdeu face à Rússia, ao Presidente Trump e à Síria.
O governo britânico e alguns dos seus aliados, entre os quais o Secretário de Estado, Rex Tillerson, tentaram lançar um esquema de Guerra Fria contra a Rússia.
O seu plano previa, por um lado, encenar um atentado contra um ex-agente duplo em Salisbury e, por outro, um ataque químico contra os «rebeldes moderados» na Ghuta. Os conspiradores pretendiam aproveitar-se do esforço da Síria a libertar os subúrbios da sua capital e da distração da Rússia por ocasião da sua eleição presidencial. Na sequência destas manipulações, o Reino Unido teria pressionado os EUA a bombardear Damasco, incluindo o palácio presidencial sírio, e pedido à Assembleia Geral da ONU para excluir a Rússia do Conselho de Segurança.
No entanto, os Serviços de Inteligência sírio e russo souberam do que se tramava. Eles ficaram convictos que os agentes dos EUA que preparavam, a partir da Ghuta, um ataque químico contra a própria Ghuta não dependiam do Pentágono, mas, antes de uma outra agência dos EUA.
Em Damasco, o Vice-ministro das Relações Exteriores, Fayçal Miqdad, convocou de urgência uma conferência de imprensa, a 10 de Março, para alertar os seus concidadãos. Por seu lado, Moscovo primeiro tentou alertar Washington pelos canais diplomáticos. Mas, sabendo que o Embaixador dos EUA, Jon Huntsman Jr, é administrador da Caterpillar, a qual forneceu tuneladoras (tatuzões-br) aos jiadistas para que eles construissem as suas fortificações, tentou contornar a via diplomática normal.
Eis, pois, como os acontecimentos se encandearam :

12 de Março de 2018

O Exército sírio capturou dois laboratórios de armas químicas, o primeiro a 12 de Março, em Aftris, e o segundo no dia seguinte, em Shifunya. Enquanto a diplomacia russa pressiona a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) a entrar na investigação criminal de Salisbury.
A Primeira-ministro britânica, Theresa May, acusa violentamente a Rússia, na Câmara dos Comuns, de ter comanditado o atentado de Salisbury. Segundo ela, o ex-agente duplo Serguei Skripal e a sua filha teriam sido envenenados com uma substância militar neurotóxica do tipo «desenvolvido pela Rússia» sob o nome de “novitchok”. Sabendo que o Kremlin considera os seus cidadãos que desertaram como alvos legítimos, seria, pois, altamente provável que tivesse comanditado o crime.
O “novitchok” é conhecido através do que revelaram a propósito duas personalidades soviéticas, Lev Fyodorov e Vil Mirzayanov. O cientista Fyodorov publicou um artigo no semanário russo Top Secret (Совершенно секретно), em Julho de 1992, alertando para a extrema periculosidade deste e chamando a atenção contra a utilização de antigas armas soviéticas, pelos Ocidentais, para destruir o meio ambiente na Rússia e torná-la inviável. Em Outubro de 1992, ele publicou um segundo artigo no Novidades de Moscovo (Московские новости), junto com um responsável da contra-espionagem, Mirzayanov, denunciando a corrupção de certos generais e o tráfico de “novitchok” ao qual se dedicariam. Eles ignoravam a quem o teriam podido vender. Mirzayanov foi primeiro preso por alta traição, depois libertado. Se Fyodorov morreu na Rússia, em Agosto passado, Mirzayanov vive no exílio nos Estados Unidos, onde ele colaborou com o Departamento da Defesa.
JPEG - 35.4 kb
O antigo oficial russo da contra-espionagem Vil Mirzayanov desertou para os Estados Unidos. Aos 83 anos, ele comenta o «caso Skripal» a partir de Boston.
O “novitchok” era fabricado num laboratório soviético em Nurus, no actual Uzbequistão. Aquando da dissolução da União Soviética, ele foi destruído por uma equipe norte-americana especializada. O Uzbequistão e os Estados Unidos, portanto, obrigatoriamente possuíram e estudaram amostras desta substância. Ambos são capazes de o produzir.
O Ministro britânico dos Negócios Estrangeiros ( Relações Exteriores-br), Boris Johnson, convoca o Embaixador russo em Londres, Alexander Yakovenko. Apresenta-lhe um ultimato de 36 horas para verificar se falta “novitchok”nos seus stocks (estoques-br). O Embaixador responde-lhe que não falta nada porque a Rússia destruiu a totalidade das armas químicas herdadas da União Soviética e a OPCW (OPAQ) pronunciou-se a propósito.
Após uma conversa telefónica com Boris Johnson, o Secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, condena, por sua vez, a Rússia pelo atentado de Salisbury.
Enquanto isso, um debate sobre a situação na Ghuta desenrola-se no Conselho de Segurança da ONU. A Representante permanente dos Estados Unidos, Nikki Haley, afirma aí: «Há quase um ano, após o ataque de gás sarin perpetrado em Khan Sheikun pelo regime sírio, os Estados Unidos tinham alertado o Conselho. Dissemos que, face à inação sistemática da comunidade internacional, os Estados, por vezes, são obrigados a agir por conta própria. O Conselho de Segurança não agiu, e os Estados Unidos atacaram a base aérea a partir da qual al-Assad lançara o seu ataque de armas químicas. Nós reiteramos o mesmo aviso hoje.
Os Serviços de Inteligência russos fazem circular documentos do Estado-maior norte-americano. Eles mostram que o Pentágono está prestes a bombardear o palácio presidencial e os ministérios sírios, dentro do modelo do que fez aquando da tomada de Bagdade (3 a 12 de Abril de 2003).
Comentando a declaração de Nikki Haley, o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, que sempre qualificou o caso de Khan Sheïkhun de «manipulação ocidental», revela que as falsas informações, que induziram na altura a Casa Branca em erro e a levaram a bombardear a base de Al-Shayrat, provinham de um laboratório britânico que nunca indicou como tinha recolhido as amostras.

13 de Março de 2018

O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros publica um comunicado condenando uma possível intervenção militar dos EUA e anunciando que se cidadãos russos fossem atingidos em Damasco Moscovo ripostaria de maneira proporcional ; uma vez sendo o Presidente russo constitucionalmente responsável pela segurança dos seus concidadãos.
Contornando a via diplomática, o Chefe do Estado-Maior russo, o General Valeri Guerassimov, contacta o seu homólogo americano, o General Joseph Dunford, para o informar sobre os seus receios quanto a um ataque químico de bandeira falsa na Ghuta. Dunford toma o assunto muito a sério e alerta o Secretário da Defesa dos EUA, o General Jim Mattis, que refere o caso ao Presidente Donald Trump. Tendo em vista a garantia dada pelos Russos, segundo os quais este golpe sujo estaria preparado à revelia do Pentágono, a Casa Branca pede ao Director da CIA, Mike Pompeo, para identificar os responsáveis deste complô.
Ignoramos o resultado dessa investigação interna, mas o Presidente Trump ganha a convicção quanto à implicação do seu Secretário de Estado, Rex Tillerson. Este é imediatamente convidado a interromper a sua viagem oficial em África e a voltar para Washington.
Theresa May escreve ao Secretário-geral da ONU para acusar a Rússia de ter comanditado o atentado de Salisbury e para convocar uma reunião de urgência do Conselho de Segurança. De imediato, ela expulsa 23 diplomatas russos.
JPEG - 23.2 kb
Publicado um mês e meio antes do atentado de Salisbury, o livro de Amy Knight apresenta o que se vai tornar a tese do MI5. A autora afirma, por si mesma, que não tem a menor prova do que escreve.
A pedido da Presidente da Comissão do Interior da Câmara dos Comuns, Yvette Cooper, a Secretária britânica do Interior, Amber Rudd, anuncia que o MI5 (Serviço Secreto Militar do Interior) vai reabrir 14 inquéritos sobre mortes que, segundo fontes dos EUA, teriam sido comanditadas pelo Kremlin.
Ao fazê-lo, o governo britânico adopta as teorias da professora Amy Knight. A 22 de Janeiro de 2018, esta sovietóloga dos EUA publicava um livro muito estranho: «Ordens para matar: o regime de Putin e o assassinato político». A autora, que é «a» especialista do antigo KGB, tenta aí demonstrar que Vladimir Putin é um assassino em série, responsável por dezenas de assassinatos políticos, indo desde os atentados de Moscovo, em 1999, até aos da Maratona de Boston, em 2013, passando pela execução de Alexander Litvinenko em Londres, em 2006, ou a de Boris Nemtsov em Moscovo, em 2015. No entanto, ela confessa, por si própria, que não há nenhuma prova quanto às suas acusações.
Os liberais europeus entram na dança. O antigo Primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt, que preside o seu grupo no Parlamento Europeu, exorta a UE a lançar sanções contra a Rússia. O seu homólogo à cabeça do correspondente Partido britânico, Sir Vince Cable, propõe um boicote europeu ao Campeonato do Mundo de futebol. Desde logo, o Palácio de Buckingham anuncia que a família real cancela a sua viagem à Rússia.
A autoridade reguladora britânica, a Ofcom, anuncia que poderia proibir o canal de Tv Russia Today a título de retaliação, muito embora esta não tenha, de forma alguma, violado as leis britânicas.
O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros convoca o Embaixador britânico em Moscovo para o informar que medidas de reciprocidade lhe serão indicadas em breve, em retorsão pela expulsão de diplomatas russos de Londres.
O Presidente Trump anuncia no Twitter que demitiu o seu Secretário de Estado, com o qual não tinha ainda entrado em contacto. Ele é substituído por Mike Pompeo, ex-Director da CIA, que confirmou na véspera a autenticidade das informação russas transmitidas pelo General Dunford. Chegado a Washington, Tillerson recebe a confirmação da sua demissão pelo Secretário-geral da Casa Branca, o General John Kelly.
JPEG - 26.8 kb
O antigo patrão da maior multinacional no mundo, ExxonMobil, julgava-se acima da barafunda. Para sua grande surpresa, Rex Tillerson foi brutalment despedido por Donald Trump. O primeiro pensava servir o mundo anglo-saxónico, enquanto o segundo o considerou como um traidor à sua pátria.
O ex-Secretário de Estado, Rex Tillerson, é originário da burguesia texana. A sua família e ele próprio fizeram parte dos Escoteiros norte-americanos, dos quais se tornou o Presidente nacional (2010-12).
Culturalmente próximo da Inglaterra, não hesitou, assim que se tornou tornou Presidente da mega multinacional Exxon-Mobil (2006-16), tanto a realizar uma campanha politicamente correcta para aceitar jovens gays entre os Escoteiros, como a recrutar mercenários na Guiana Britânica. Ele seria membro da Pilgrims Society, o mais prestigiado clube anglo-americano, presidido pela Rainha Isabel II, do qual inúmeros membros fizeram parte da Administração Obama.
Durante as suas funções na Secretaria de Estado, a sua esmerada educação forneceu uma caução a Donald Trump, considerado pela alta sociedade dos EUA como um histrião. Ele entrou em conflito com o seu Presidente sobre três assuntos importantes que nos permitem definir a ideologia dos conspiradores : 
- Como Londres e o Estado profundo dos EUA, ele julgava útil demonizar a Rússia para consolidar o Poder dos Anglo-Saxónicos no campo ocidental ; 
- Como Londres, ele julgava que para manter o colonialismo ocidental no Médio-Oriente, era preciso favorecer o Presidente iraniano Xeque Rohani contra o Guia da Revolução o aiatola Khamenei. Ele apoiava portanto o acordo dos 5+1. 
- Como o Estado profundo dos EUA, ele considerava que a báscula da Coreia do Norte em direcção aos Estados Unidos devia permanecer secreta e ser utilizada para justificar um avanço militar dirigido, na realidade, contra a China popular. Era, portanto, favorável a conversações oficiais com Pyongyang, mas oposto a um encontro entre os dois chefes de Estado.

14 de Março de 2018

No momento em que Washington está em estado de choque, Theresa May intervém novamente, na Câmara dos Comuns, para aí desenvolver a sua acusação, enquanto no mundo inteiro os diplomatas britânicos tomam a palavra em inúmeras organizações inter-governamentais para lhes transmitir a mensagem. Respondendo à Primeira-ministro, o deputado blairista, Chris Leslie, qualifica a Rússia de “Estado-canalha” e pede a sua suspensão do Conselho de Segurança da ONU. Theresa May compromete-se a examinar a questão, frisando, ao mesmo tempo, que isso só poderia ser decidido pela Assembleia Geral afim de contornar o veto russo.
O Conselho do Atlântico Norte (OTAN) reúne-se em Bruxelas a pedido do Reino Unido. Os 29 Estados-membro estabelecem uma ligação entre a utilização de armas químicas na Síria e o atentado de Salisbury. Eles consideram a Rússia como «provavelmente» responsável por estes dois acontecimentos.
JPEG - 78 kb
Jens Stoltenberg, Secretário-geral da OTAN, e a representante permanente do Reino Unido no Conselho do Atlântico Norte, Sarah MacIntosh. Esta é a antiga directora para as questões de Defesa e de Inteligência no Ministério britânico dos Negócios Estrangeiros, posto que deixou a Jonathan Allen, actual Encarregado de Negócios na ONU.
Em Nova Iorque, o Representante permanente da Rússia, Vasily Nebenzya, propõe aos membros do Conselho de Segurança a adopção de uma declaração atestando a sua vontade comum em lançar luz sobre o atentado de Salisbury e em confiar a investigação à OPAQ, dentro do respeito pelos procedimentos internacionais estabelecidos. Mas, o Reino Unido rejeita qualquer texto que não inclua a expressão segundo a qual a Rússia seria «provavelmente responsável» pelo atentado.
Durante o debate público que se segue, o Encarregado de Negócios do Reino Unido, Jonathan Allen, representa o seu país. É um agente do MI6, que criou o serviço de propaganda de guerra do Reino Unido e deu o seu apoio activo aos jiadistas na Síria. Ele declara : «A Rússia já interferiu nos assuntos de outros países, a Rússia já violou o Direito Internacional na Ucrânia, a Rússia despreza a vida de civis, como o demonstra o ataque a um avião comercial por cima da Ucrânia por mercenários russos, a Rússia protege o emprego por Assad de armas químicas (...) O Estado russo é responsável por esta tentativa de assassínio. O Representante permanente da França, François Delattre, que em virtude de um decreto derrogatório do Presidente Sarkozy foi formado no Departamento de Estado dos EUA, lembra que o seu país lançou uma iniciativa para pôr fim à impunidade daqueles que utilizam armas químicas. Ele sugere que esta iniciativa dirigida contra a Síria poderia ser virada contra a Rússia.
O Embaixador russo, Vasily Nebenzya, lembra que a sessão foi convocada a pedido de Londres, mas que só veio a ser pública a pedido de Moscovo. Ele observa que o Reino Unido viola o Direito Internacional ao evocar este caso no Conselho de Segurança enquanto mantêm a OPAQ à margem da sua investigação. Ele nota que se Londres pôde identificar o “novitchok” é porque possui a fórmula e, portanto, pôde fabricá-lo. Ele relembra a vontade expressa da Rússia em colaborar com a OPAQ, no quadro do respeito pelos procedimentos internacionalmente aceites.

15 de Março de 2018

O Reino Unido publica uma declaração conjunta co-assinada, no dia anterior, pela França, Alemanha, bem como por Rex Tillerson, que era ainda Secretário de Estado dos Estados Unidos. O texto retoma a suspeita britânica. Ele denuncia o emprego de «um agente neurotóxico de qualidade militar, de um tipo desenvolvido pela Rússia». Ele afirma que é «altamente provável que a Rússia seja responsável pelo atentado».
O Washington Post publica uma carta aberta de Boris Johnson, enquanto o Secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, lança novas sanções contra a Rússia. Estas não estão ligadas ao caso em curso, mas às alegações de ingerência na vida pública dos EUA. O decreto cita, no entanto, o atentado de Salisbury como uma prova das acções sujas da Rússia.
O Secretário da Defesa britânico, o jovem Gavin Williamson, declara que depois da expulsão dos seus diplomatas a Rússia devia «calar» (sic). É a primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial que um dirigente de um Estado membro permanente do Conselho de Segurança emprega um tal vocabulário em relação a um outro membro do Conselho. Serguei Lavrov comenta: «É um jovem encantador. Quer certamente marcar o seu lugar na história, fazendo para isso afirmações chocantes [...] Se calhar falta-lhe educação.
JPEG - 23.2 kb
A Inglaterra não hesitou, ao longo de toda a sua história, em mentir e em trair a sua palavra para defender os seus interesses. Daí o seu qualificativo francês de «pérfida Albião» (do nome latino da Inglaterra). 

Conclusão

Em quatro dias o Reino Unido e os seus aliados lançaram as premissas de uma nova divisão do mundo, de uma Guerra Fria.
No entanto, a Síria não é o Iraque e a ONU não é o G8 (do qual a Rússia foi excluída devido à adesão da Crimeia à sua Federação, e pelo seu apoio à Síria). Os Estados Unidos não vão destruir Damasco e a Rússia não será excluída do Conselho de Segurança. Depois de se ter retirado da União Europeia, depois de se ter recusado a assinar a Declaração chinesa sobre a Rota da Seda, o Reino Unido pensava aumentar a sua importância eliminando um concorrente. Com este golpe manhoso, imaginava adquirir uma nova dimensão e tornar-se na «Global Britain» anunciada pela Sra. May. Mas acabou destruindo, ele próprio, a sua credibilidade.

foicebook.blogspot.pt

30
Mar18

Exército israelita mata agricultor palestiniano (VÍDEO)

António Garrochinho

De acordo com um porta-voz do exército israelita, "durante a noite dois suspeitos aproximaram-se da cerca de segurança e começaram a agir de forma suspeita", o que motivou a resposta dos militares.

O incidente ocorreu nas vésperas de um dia de forte tensão. Para esta sexta-feira está marcado o início de seis semanas de manifestações.
Os palestinianos pretendem acampar ao longo da fronteira de Gaza, evocando a morte de seis árabes desarmados por forças israelitas em 1976 e em apoio às centenas de milhares de refugiados expulsos das suas terras, durante o conflito que levou à fundação do Estado de Israel em 1948.

VÍDEO


pt.euronews.com


30
Mar18

O caso Skripal e as dúvidas que ainda subsistem

António Garrochinho


Major general Carlos Branco
Na sequência das declarações de Theresa May, a primeira-ministra britânica, no parlamento, a 12 de março, e de Boris Johnson, o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, sobre o alegado envenenamento do agente duplo Sergei Skripal e de sua filha Yulia, as relações político-diplomáticas entre os países ocidentais - nomeadamente Estados Unidos e Reino Unido - e a Rússia deterioram-se a um ponto nunca visto desde o fim da guerra-fria, piores mesmo do que nos anos cinquenta do século passado. Theresa May acusou a Rússia de ser “muito provavelmente” responsável pelo duplo envenenamento. O assassinato “teria sido planeado diretamente pelo Kremlin”, ou a “Rússia teria permitido que o gás tivesse caído em mãos erradas”.
Desconheço quem possa estar por detrás deste incidente, mas estou particularmente interessado em saber o que realmente aconteceu. A serem verdadeiras as acusações feitas à Rússia justifica-se uma resposta firme. Contudo, a argumentação utilizada pelas autoridades britânicas apresenta algumas fragilidades não negligenciáveis. Mais de três semanas passadas sobre o incidente, justificava-se a apresentação de provas inequívocas e irrefutáveis sobre o envolvimento russo. Continua-se sem conhecer a identidade do perpetrador, assim como as circunstâncias e o local da ocorrência. O que se tem sabido é pela comunicação social e a informação é contraditória. Uns falam num pub, outros num restaurante, parece que os Skripal teriam sido encontrados moribundos num banco de jardim. Segundo alguns relatos o polícia que os encontrou teria tido contacto com o veneno em casa dos Skripals, segundo outros durante a prestação do auxílio. Seria conveniente conhecer a versão oficial.
Preocupa-me sobretudo a desastrosa gestão política do acontecimento. A falta de evidência tem sido acompanhada por um retórica inaceitável, pouco consentânea com aquilo que são as boas práticas da diplomacia internacional. O assunto deveria ter sido logo encaminhado no dia 4 de março para a OPWC, o fórum próprio onde o assunto deveria ser analisado. A Rússia argumenta com os termos do Artigo IX da CWC, que estipula a necessidade de se efetuar um primeiro esforço para clarificar e resolver, através de troca de informações e consultas entre as partes, qualquer assunto que possa colocar em dúvida o cumprimento das normas em vigor. Por seu lado, o governo britânico recusou-se a partilhar as alegadas evidências, assim como as amostras do produto alegadamente utilizado. A sua publicitação seria um xeque-mate. Contudo, não o fez, prolongando inutilmente (ou não) uma discussão.
O Reino Unido optou por politizar o assunto e levá-lo ao Conselho de Segurança da ONU, no dia 14. Nesse mesmo dia, já com todas as “certezas”, as autoridades britânicas convidaram a OPWC a levar a cabo uma investigação independente. Com a crise já instalada, a 19 de março – duas semanas após o envenenamento - chegaram ao Reino Unido os especialistas da OPCW. Felizmente que o tema não foi considerado ao abrigo do Artigo V pela NATO, apesar de ser considerado um ataque a um país da Aliança. Um caso baseado em hipóteses e não sustentado em evidências foi rapidamente equiparado a um ato de guerra. Teria sido mais curial esperar pela finalização das investigações. Acusar primeiro e investigar depois não parece ser a prática mais adequada.
Esta questão assume contornos burlescos quando o laboratório científico inglês que fez análises ao sangue dos Stripal concluiu pela exposição a um “nerve agent or related compound”… e as amostras indicaram a presença de um “novichok class nerve agent or closely related agent), não se comprometendo com uma prova irrefutável. Esperava-se que May tivesse promovido uma audição parlamentar ao diretor do laboratório para que este fornecesse todas as evidências e prestasse todos os esclarecimentos, nomeadamente sobre a origem russa da substância, uma prática comum nas democracia avançadas.
Ao contrário do que afirmou Theresa May são muitos os possíveis perpetradores, para além da Rússia, claro está. Naturalmente que a Rússia não poderá ser excluída da lista dos suspeitos, assim como muitos outros, nomeadamente os mais de 300 espiões que constavam na lista que Skripal entregou às autoridades britânicas. Mas a lista de putativos suspeitos não acaba aqui. São conhecidas as ligações profissionais de Skripal a Christopher Steele, e ao seu possível envolvimento no Russiagate. Skripal tinha-se tornado um elemento perigoso que podia causar danos na comunidade de inteligência americana, no Partido Democrata e por aí adiante. Existem vários precedentes similares. As autoridades policiais britânicas, tão zelosas noutras circunstâncias, revelaram-se particularmente descuidadas na proteção dos Skripal.
Não podemos deixar de nos interrogar sobre o que é que objetivamente teria a Rússia a ganhar - a alguns meses da realização do campeonato mundial de futebol no qual investiu avultadas somas de dinheiro para fosse um sucesso - em liquidar nesta altura um simples espião que deixara há muito de constituir um perigo, agravando assim as já tensas relações com o ocidente? A resposta não é evidente. Putin tem provado ser um ator racional. Tendo tido a oportunidade para eliminar Skripal enquanto este permaneceu nos calabouços russos, não o fez, porque o faria agora, depois de este viver oito anos em Inglaterra? É de facto difícil descortinar uma razão (lógica).
A argumentação de May apresenta igualmente fragilidades quando responsabiliza Putin por ter permitido a fuga do gás. Como se sabe, nos tempos da União Soviética, o novichok era produzido no Uzbequistão, fábrica essa que foi desmontada com a ajuda dos Estados Unidos em 1993. Sem salários, a venda de Nnovichok foi uma forma que na altura muitos funcionários encontraram para sobreviver. Dizer que se trata de um gás do “tipo desenvolvido pela Rússia”, não prova que a substância utilizada tenha sido processada na Rússia. Ser atropelado por um Mercedes não significa que a responsabilidade seja “muito provavelmente” do governo alemão.
É desconcertante vir agora o Reino Unido acusar a Rússia de não ter declarado todas as suas capacidades, não cumprindo as suas responsabilidades no âmbito CWC. A ser verdade – o que desconheço – sendo esta informação conhecida antes de 27 de setembro de 2017, a data em que a OPCW declarou a total destruição do arsenal russo, porque é que o Reino Unido não informou a OPCW com base no seu próprio intelligence, que tanto quanto sei tinha a obrigação de o fazer? Seria muito importante ouvir o que os responsáveis britânicos têm a dizer sobre isto.
Para além das questões de natureza técnica apontadas – que não se encontram esgotadas – há várias outros aspetos a relevar. Em primeiro lugar, o rasto de fiabilidade deixado pelos dois personagens responsáveis pela presente crise. Um, ainda ontem fazia campanha contra o Brexit e hoje lidera o processo de separação do Reino Unido da União Europeia, que por sinal lhe está a correr bastante mal; o outro, liderou a campanha contra o Brexit mas depois não quis assumir as devidas responsabilidades colocando a responsabilidade na condução do processo no primeiro. Convém lembrar que o partido liderado por May não tem, nem nunca teve pruridos em ser financiado pelos pouco recomendáveis oligarcas russos que se refugiaram em Londres, transformando a city num enorme tanque de lavagem de dinheiro russo. De acordo com o London Times e o Daily Telegraph, o partido da Sr.ª May terá recebido deles donativos no valor de £820,000.
Em segundo lugar, convém trazer à memória as conclusões do relatório Chilcot aprovadas pelo parlamento inglês, que chamava à atenção para as narrativas deliberadamente exageradas apoiadas em intelligence fabricado à “medida das necessidades” para convencer e receber o apoio das opiniões públicas. Claramente que esta possibilidade não pode nem deve ser descartada neste caso. Terão sido as mesmas fontes - igualmente credíveis - em que se baseiam agora May e Johnson que terão convencido Blair da irrefutável posse de armas de destruição massiva pelo Iraque. São conhecidas as consequências desastrosas dessas crenças sem a devida certificação.
Recordamos ainda o papel desempenhado pelas chamadas empresas de “Strategic Communications” como a Cambridge Analytica e a Strategic Communication Laboratories próximas do partido Conservador e do aparelho militar britânico, contratadas para influenciar a opinião pública levando-a apoiar o Brexit, algo de que apenas se conhece a ponta do iceberg. É pois na palavra destas pessoas que estamos a colocar o nosso futuro coletivo. Fará, provavelmente, algum sentido parar para pensar e refrear os ânimos.
Encontramo-nos numa estrada perigosa. Assistimos a algo que se assemelha ao início de uma guerra. As guerras, leia-se os confrontos militares generalizados, são sempre precedidos por uma escalada que passa pela subida de tom na retórica, a demonização do oponente, o reforço dos dispositivos militares e a conquista da opinião pública para apoiar ações mais assertivas contra o oponente. Depois é necessário criar um acontecimento, um pretexto que não tem necessariamente de ser causado pelo oponente e que é normalmente provocado por quem pensa que vai beneficiar com o resultado da guerra. Sabe-se hoje quem montou a armadilha que levou à guerra do Vietnam, à guerra espanhola-americana e muitas outras mais recentemente. Por isso, convinha que prevalecesse o bom senso.
Começa a ser claro que o campeonato mundial de futebol será um palco desta luta. Mas enquanto for só isso… a histeria russofóbica faz parte da operação de moldagem das opiniões públicas, preparando-as para o confronto. Com o clima criado poderá nem ser necessário conceber um pretexto. Bastará um imprevisto, um erro de cálculo para nos levar para uma situação sem retorno, fazendo com que a crise político-militar se transforme numa confrontação militar direta. Essa possibilidade afigura-se-nos muito elevada. A nova postura nuclear dos Estados Unidos e a crença de que se consegue manter uma guerra ao nível nuclear tático, sem evoluir para o patamar estratégico e para a destruição total são mais alguns ingredientes que nos devem fazer refletir. A presente crise – real ou fictícia – enquadra-se perfeitamente no modelo. O que está mesmo a fazer falta é testar os efeitos das novas armas hipersónicas.




expresso.sapo.pt
30
Mar18

Fisco nega devolução de IVA. PCP processa Centeno

António Garrochinho


O PCP interpôs três ações em tribunal contra o ministro das Finanças, depois de esgotar o período de contestação com a Autoridade Tributária que nega a devolução do IVA de vários tipos de despesas.
O PCP interpôs três ações em tribunal contra o ministro das Finanças, depois de esgotar o período de contestação com a Autoridade Tributária que nega a devolução do IVA de vários tipos de despesas.
O PCP interpôs três ações judiciais contra o ministro das Finanças, Mário Centeno, no Tribunal Tributário de Lisboa. Em causa está o facto de a Autoridade Tributária (AT) ter recusado devolver o IVA de algumas atividades partidárias, avança o Correio da Manhã, nesta quinta-feira.
O jornal dá conta que os processos deram entrada no tribunal em fevereiro e março deste ano, salientando que não são indicados os montantes do IVA reclamados pelo partido liderado por Jerónimo de Sousa ao Fisco.

A ação do PCP contra Mário Centeno resulta do facto de o período de contestação com a AT já ter terminado. O procedimento normal neste tipo de situações estabelece que a ação avança em tribunal contra o ministro das Finanças, que tutela a AT.
O valor do IVA reclamado não foi avançado pelo PCP, mas o Correio da Manhã diz ser provável tratar-se de um montante elevado. De acordo com o partido, o Fisco justifica a não devolução do IVA por considerar que existem “despesas que não visam expressamente difundir a mensagem política ou identidade própria.”
Entre os vários exemplos de despesas que a AT recusa a devolução do IVA incluem-se: “folhetos sobre o tema ‘Derrotar o Governo – Recuperar Salários e Direitos Roubados’; múpis, autocolantes e cartazes da JCP; produção de bandeiras do PCP; folheto e tarjeta sobre a sessão de evocação da Fuga da Cadeia do Forte de Peniche de 1960”, revela o jornal.

www.sapo.pt

30
Mar18

O agitar hipócrita de bandeiras

António Garrochinho



por Amato, em 29.03.18
Hoje o pessoal de cabine da Ryanair está em greve e prolongará a sua luta por três dias. Podia ser mais uma greve, legítima, como tantas outras, mas é mais do que isso. As greves são sempre legítimas, sublinhe-se. Saem do bolso de quem trabalha e de quem precisa do dinheiro para sobreviver. Não é mais dia menos dia. Não é como beber um copo de água, como tantos comentaristas serventuários do poder burguês gostam de apregoar aos microfones que sempre lhes colocam à frente de suas bocarras nestas alturas. E, por isto mesmo, por esta natureza da coisa que é factual, as greves são sempre legítimas. Esta greve, todavia, é dotada de um simbolismo que é dramático.

A nossa sociedade adora agitar bandeiras. Ergue-as, agita-as, pousa-as. Nada acontece. Nada se passa. Por exemplo, a nossa sociedade indigna-se perante a falta de tempo para a parentalidade, revolta-se perante a apatia das leis, exige mais tempo e mais direitos para pais e mães. As televisões fazem programas dedicados ao tema. Os jornais publicam secções separáveis. As fundações da “sociedade civil” fazem conferências, às vezes, sobre o assunto.

Em simultâneo, acontece esta greve da Ryanair.

Os trabalhadores revoltaram-se contra a empresa que se recusa a cumprir a lei no que aos direitos de mães e de pais diz respeito. A Ryanair não só não cumpre a lei como persegue os trabalhadores que tentam fazer uso dos seus direitos, mudando-lhes mesmo o posto de trabalho contra a sua vontade. Mais: perante isto, a transportadora ainda ameaça o país em reduzir o seu negócio nos aeroportos portugueses.

Ora, a mesma sociedade que se indigna com o tema da parentalidade e dos direitos de pais e mães, coloca-se do lado da Ryanair nesta questão. Veja-se o que passa nas notícias, a cobertura indigna que este tema tem tido, a falta de solidariedade para com os trabalhadores. Erguer e agitar a bandeira é fácil. O que é difícil é ser consequente. O que é difícil é ser coerente.

E, sendo coerente, sendo consequente, impõem-se as seguintes perguntas:

  1. Para que precisamos nós de um ministério do trabalho, solidariedade e segurança social?

  1. Para que serves tu, José António Vieira da Silva?

As respostas são evidentes mas estas perguntas devem ser repetidas várias vezes. No fundo, representam a verdadeira natureza do sistema: um estado que existe para suportar o poder económico e que cria ministérios da treta para entreter e distrair a população, como se de oráculos ou circos se tratassem.

Aproveito também para relembrar o caso Autoeuropa: sociedade unida em peso contra a luta dos trabalhadores por um horário digno que lhes permitisse passar tempo de qualidade com as suas famílias e, ao mesmo tempo, preocupada com as indecentes ameaças de deslocalização da empresa. Aí, Vieira da Silva mostrou-se preocupado. Aí, Vieira da Silva falou e apelou ao bom senso dos trabalhadores. Ninguém se indignou com a imposição dos horários aos trabalhadores por parte da Autoreuropa que se seguiu. Agora, toda a gente acha natural que a Autoeuropa esteja parada, pela segunda vez, por falta de peças. Agora, Vieira da Silva não fala. Agora, Vieira da Silva não pede bom senso.

Esta hipocrisia é chocante. Mas nós gostamos.


portodeamato.blogs.sapo.pt
30
Mar18

poema ateu

António Garrochinho


poema ateu

ocorreu-me há bocado
que nada melhor que ouvir
um bom fado
tendo como degusto
um bom vinho
chouriço assado
ali
ali num discreto cantinho
curtindo o amor
recebendo carinho
e para que a solidão não nos engula
ter à mão uma bela "mula"
isso sim
celebrar o sentir da paixão
e borrifar-se na abstenção
de não comer carne
que não no inferno é no grelhador
que arde
de recear aquela gente fula
que ainda pratica a bula
e não escuta o coração


António Garrochinho

30
Mar18

Alinháceos

António Garrochinho


(Por Júlio, in Blog Aspirina B, 28/03/2018)

rangael_galinha
Criei agora este neologismo para designar as aves da capoeira que desde ontem cacarejam freneticamente para que o governo português alinhe com os nossos aliados e expulse imediatamente diplomatas russos.
Paulo Rangel e Fernando Negrão são os primeiros a merecer o crisma de alinháceos. Para eles, alinhar com a histeria de Teresa May é um dever patriótico de todo o bom português. Pensar, reflectir, usar de prudência, ponderar os nossos interesses de país independente é antipatriótico e indigno. Alinhar é que é baril — nem que seja alinhar com o MI-6, o serviço de espionagem de sua majestade.
É caso para o PSD apresentar rapidamente uma proposta de lei para a alteração do hino nacional. Onde originalmente estava, pela pena de Henrique Lopes de Mendonça, contra os bretões, marchar, marchar, que depois a República oportunista amansou para contra os canhões, marchar, marchar, espera-se que o PSD de Rangel e Negrão proponha agora pelos bretões, alinhar, alinhar.
_______
P.S. 1: Não faço a mínima ideia se Putin mandou envenenar aquele agente duplo russo que foi parar ao hospital. Quanto ao governo de Teresa May, penso que das duas, uma: ou também não faz a mínima ideia quem foi, mas convém-lhe enormemente que tenha sido o Putin, ou sabe perfeitamente quem foi, mas nunca o confessará. Num caso como no outro, o lema de Rangel e Negrão de “alinhar com os nossos aliados” é imbecil. Que é que Portugal tem que ver com essas merdas de espiões ingleses e agentes duplos russos?
P.S. 2: Lembre-se que a mais recente invenção da direita inglesa contra o popular líder trabalhista Jeremy Corbyn foi acusá-lo de ter sido colaborador dos serviços secretos da Checoslováquia comunista. O jornal Independent publicou sobre isso há um mês uma reportagem hilariante, recordando a velha história de acusações falsas com que a imprensa de direita britânica (quase toda a imprensa britânica!) sempre tentou difamar os dirigentes trabalhistas insinuando a sua ligação ao Kremlin. Depois de Harold Wilson, também Michael Foot e Neil Kinnock foram alvo dessas acusações porcas, vindas de gente ligada aos serviços secretos britânicos e disseminadas pelos jornais do costume. Assim, não me custa nada imaginar que por detrás da actual histeria de Teresa May esteja simplesmente um plano cozinhado por ela e pelo MI-6 para atacar a popularidade de Corbyn. Desde as últimas eleições, os conservadores ingleses estão mesmo assustados com a perspectiva de uma próxima vitória trabalhista.
P.S. 3: E porque é que foram Rangel e Negrão a cacarejar pela cor laranja? Não há galo naquela capoeira?



estatuadesal.com
30
Mar18

Os dias de uma guerra apenas sem data

António Garrochinho


 
Derrotados na Síria e no Médio Oriente os donos do mundo avançam para o confronto entre NATO e Moscovo. A guerra ultrapassou a fase da dúvida «se» para se fixar na dúvida «quando». Para mal dos povos.
O capitão Matt Dvorsky conduz uma inspecção pré-voo de um míssil ar-ar Sidewinder, na base aérea de Nellis Nevada, EUA, antes de uma missão «Green-Flag-West», em 14 de Junho de 2011. As missões assim codificadas constituem um «treino realístico» para situações de apoio a operações de combate em qualquer ponto do globo.
O capitão Matt Dvorsky conduz uma inspecção pré-voo de um míssil ar-ar Sidewinder, na base aérea de Nellis Nevada, EUA, antes de uma missão «Green-Flag-West», em 14 de Junho de 2011. As missões assim codificadas constituem um «treino realístico» para situações de apoio a operações de combate em qualquer ponto do globo. Créditos
Em 18 de Janeiro de 2018, Sir Nicholas Carter disse o seguinte durante um discurso solene e mediatizado: a agressão russa «começará mais cedo do que o previsto e através de um acontecimento imprevisto»1.
Sir Nicholas Carter, além de cavaleiro de Sua Majestade é o chefe do Estado Maior das Forças Armadas do Reino Unido2 e agora também, por inerência, ponta de lança da doutrina imperial britânica reciclada através do soundbite estratégico lançado pela primeira-ministra Theresa May – «global Britannia».
Não é ainda tempo de perceber por inteiro se a história venenosa dos assassínios do duplo-espião Serguei Skripal e filha é o tal «acontecimento imprevisto» que marca o início da «agressão russa», ou seja, o toque a rebate para desencadear a tão preparada ofensiva – obviamente «defensiva» – da NATO contra Moscovo. Parece pouco ambiciosa, apesar da grande amplitude, a retaliação baseada na excitada e contabilística expulsão massiva de membros do corpo diplomático ao serviço do diabólico Putin. Tudo leva a crer, e disso existem provas factuais, que alguns acontecimentos projectados deveriam ter-se desenvolvido de modo mais belicoso durante estes dias de Março, mas alguma coisa correu mal aos que se habituaram a lançar conflitos no mês dedicado a Marte, o deus da guerra. Já lá iremos dentro de algumas linhas.
Para já, é importante termos a noção de que Sir Nicholas Carter foi bastante mais longe do que a denúncia da tão recorrente como latente «ameaça russa». Expôs mesmo um programa de acção e resposta baseado nas seguintes premissas: identificar as debilidades do inimigo de maneira «responder assimetricamente»; continuar a apoiar os países vizinhos da Rússia para que sejam capazes de «fazer frente» aos planos agressivos deste país; diminuir a dependência energética «do ocidente» em relação a Moscovo, isto é, prosseguir a obra de recriação dos mapas do Médio Oriente para que Israel e a Arábia Saudita sejam os gendarmes de uma rapina sem sobressaltos dos combustíveis fósseis da região; enviar ainda mais tropas para as fronteiras russas, porque «uma unidade de infantaria vale tanto como um esquadrão de combate de F-16, quando se trata de disponibilidade»; identificar «as nossas próprias debilidades perante os efeitos nefastos das más influências e da desinformação russas e tomar medidas para as atenuar». Ora Londres não perdeu tempo e, nesse mesmo dia, anunciou a criação de uma unidade militar «contra a propaganda russa»3.
É fácil perceber que o discurso de Sir Nicholas Carter, proferido numa época em que o sistema de poder enraizado na sociedade norte-americana continua a ter de mover piões para domesticar a deriva comportamental de Donald Trump, não resultou da iniciativa voluntarista de um franco-atirador.
Foi proferido quatro dias antes do espampanante lançamento, em Londres, do livro «Ordem para matar: o regime de Putin e o assassínio político» da professora Amy Knight, «especialista em KGB». A obra explica que o presidente russo e a sua gente são serial killers responsáveis por sucessivos massacres, desde o de Moscovo em 1999 até ao da maratona de Boston em 2013, sem esquecer as execuções de pelo menos 14 espiões, além das interferências nas eleições norte-americanas e europeias, fazendo eleger Trump e tornando o Brexit uma realidade. À singela e natural curiosidade de alguém que perguntou pelas provas de tais acusações, a professora explicou que não as tinha, afinal trata-se de uma obra de ficção – mas nem assim menos inquietante.

Uma inquietação a que ninguém pode ficar insensível

Por isso, em Fevereiro a Alemanha comunicou à NATO a disponibilidade para construir um novo centro de planificação e comando da aliança para transporte rápido de tropas e material.
Jens Stoltenberg, o secretário-geral da aliança, juntou-se à iniciativa explicando que a organização necessita, como de pão para a boca, «de uma estrutura de comando capaz de garantir que as tropas certas estejam no local certo, com o equipamento certo e no momento certo».
Mais disse Stoltenberg, transportando-nos já para os acontecimentos de Março: que «a NATO está em vias de responder ao comportamento irresponsável da Rússia»; que pretende «melhorar a rapidez e a capacidade letal das forças norte-americanas na Europa»; que a Rússia foi «o primeiro país a utilizar um agente neurotóxico em território da aliança, a minar as instituições democráticas ocidentais, a violar a integridade territorial» de nações europeias. Embora não tenha sido explícito, sabe-se que Jens Stoltenberg não fazia alusão ao papel atlantista na amputação do Kosovo à Sérvia.

O coro das denúncias e das iniciativas punitivas ampliou-se

Boris Johnson, ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, explicou que «Putin vai utilizar o Campeonato Mundial de Futebol como Hitler usou os Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim», pelo que o melhor é as nações ocidentais boicotarem a competição. É certo que o mundo livre vai acarinhando regimes pré e parafascistas na generalidade das nações europeias que rodeiam a Rússia, mas isso é legítimo porque se faz em defesa da democracia, da liberdade e dos direitos humanos; é verdade também que o mundial que se seguirá, o do Qatar 2022, está a ser preparado com base em trabalho escravo de milhares de imigrantes, mas a petroditadura de Doha é amiga, aliada, e não tem regateado esforços para destruir a Líbia e a Síria apoiando entidades humanitárias e genuinamente democráticas como o Daesh e a al-Qaida.
O secretário norte-americano do Tesouro, em sintonia com a avalanche de medidas ameaçadoras, anunciou novas sanções contra a Rússia, estas com base nas alegadas interferências nos assuntos públicos norte-americanos, a propósito das quais até documentos comprovando a sua inexistência «desapareceram» dos dossiers oficiais de investigação.
O novo conselheiro de segurança de Trump, John Bolton4 – que tem entre os (ver «Daesh, a história escondida»)principais amigos Benjamin Netanyahu e o senador McCain, «padrinho» do Daesh – qualificou como «acto de guerra» a (não provada) ingerência da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas. E fê-lo mesmo antes de tomar posse do novo cargo.
E o FBI declarou como «oficial» a criação pela Rússia de um exército de hackers habilitados para paralisar os sistemas informáticos das centrais eléctricas, nucleares, hídricas, aeroportos e portos dos Estados Unidos e da Europa Ocidental. Sem contar com a frota de submarinos pronta a piratear navios mercantes ocidentais.

Entretanto, na Síria…

Na Síria, onde as tropas governamentais, apoiadas pelas forças armadas russas, continuam a avançar na frente de guerra pela restauração da legitimidade na região de Ghuta Oriental, ainda em poder de terroristas apoiados por agentes de serviços especiais franceses, britânicos e norte-americanos, esteve prestes a concretizar-se, neste mês de Março, um plano integrado de acções capazes de atear o rastilho da grande confrontação entre a NATO e Moscovo – ao encontro dos cenários apocalípticos enunciados por Sir Nicholas Carter e Amy Knight, a «especialista em KGB».
O plano tinha, com absoluta certeza apurada através dos factos comprovados, a assinatura da primeira-ministra britânica; muito provavelmente contava também com o apoio do secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, por razões que adiante se perceberão; e não seria ignorado pelos restantes parceiros do chamado «Pequeno Grupo», entidade que se reuniu pela primeira vez em 11 de Janeiro para discutir as novas maneiras de prosseguir a operação para desmantelamento da Síria e de cuja sessão – apesar do seu suposto secretismo – saiu um «documento confidencial diplomático». Esses outros países são a França, a Arábia Saudita e a Jordânia.
Era um plano conspirativo em quatro pontos interligados, todos eles susceptíveis de elevar os níveis de confrontação global, e não apenas no Médio Oriente: assassínio de um agente duplo russo; um bombardeamento com armas químicas contra os «rebeldes» e a população de Ghuta Oriental, responsabilizando o governo sírio pela acção; um bombardeamento norte-americano de retaliação idêntico ao de há um ano contra a base de Chayaat, mas desta feita contra Damasco e tendo como alvos privilegiados o palácio presidencial e os ministérios – do tipo do que atingiu Bagdade em Abril de 2003; seguindo-se um pedido de exclusão da Rússia do Conselho de Segurança da ONU.
A operação, porém, foi detectada pelos serviços secretos sírios e russos em tempo útil – e logo começou a abortar; porém, os acontecimentos que se seguiram transformaram a semana de 12 a 19 de Março num período de riscos assustadores para a humanidade, que ficam como ameaças suspensas.
Logo no dia 12, Theresa May confrontou a Câmara dos Comuns com os assassínios do espião reformado Serguei Skripal e filha em Salisbury, território britânico. No crime terá sido utilizado um agente neurotóxico conhecido como Novitchok e com chancela russa, embora ainda do período soviético. A chefe do governo de Londres não deixou dúvidas sobre o alvo principal das suas graves acusações.
As forças militares sírias, por seu turno, puseram-se em campo com os dados obtidos pelos seus serviços secretos e em dois dias, 12 e 13, desmantelaram laboratórios de armas químicas em Aftris e Chifonya, na região de Ghuta, ambos criados e geridos pelos terroristas da Al-Qaida cobertos sob outras designações. Apesar de comprovada a intenção terrorista de utilizar, mais uma vez, armas químicas contra a população síria e depois responsabilizar as tropas regulares, a representante norte-americana na ONU, Nikki Halley, comportou-se perante o Conselho de Segurança como se o plano original estivesse em desenvolvimento. Ameaçou com um bombardeamento de retaliação contra o governo sírio pela utilização de armas químicas – enquanto a delegação russa distribuía por todos os membros os documentos do Estado-Maior norte-americano projectando o ataque contra Damasco – para o qual se concentraram navios de guerra no Mediterrâneo. Entretanto, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, advertiu Washington de que Moscovo reagiria «na mesma proporção» no caso de cidadãos do seu país serem atingidos por um ataque norte-americano.
O chefe do Estado Maior russo, Valeri Guerassimov, contactou o seu homólogo norte-americano, Joseph Dunford, revelando que sabia o que se passava com o eventual uso de armas químicas na Síria e este levou a advertência a sério; transmitiu a informação ao secretário da Defesa, James Mattis, que a fez seguir para o presidente; este ordenou ao chefe da CIA, Michael Pompeo, que investigasse a situação e, embora não se conheçam as conclusões do trabalho, sabe-se que Tillerson interrompeu a viagem que estava a fazer em África e regressou a Washington, onde foi informado, mas não por Trump, de que fora demitido e substituído pelo próprio Pompeo.
As investigações sobre o acesso ao Novitchok conduzidas por jornalistas e diplomatas rapidamente desmontaram, entretanto, as teses de May garantindo a procedência russa. De facto, o produto foi descoberto e originalmente produzido no laboratório soviético de Nurus, no Uzbequistão. Com a assinatura do tratado ilegalizando o uso de armas químicas e o desmoronamento da União Soviética, a Rússia em desagregação pediu apoio ao departamento norte-americano da Defesa para desmantelar o armamento químico e os laboratórios de preparação, incluindo o de Nurus. Pelo que o Novitchok, incluindo a fórmula e os métodos de produção, não têm segredos para os responsáveis militares norte-americanos. Acresce que os laboratórios que participaram no desmantelamento de armas químicas armazenam doses de todos os produtos conhecidos, entre eles o Novitchok, para poderem exercer funções de descontaminação e controlo de acções criminosas no caso de serem chamados a colaborar. Entre esses laboratórios está o britânico de Porton Down, por sinal a 15 quilómetros de Salisbury, onde Skripal e a filha foram assassinados. Note-se que, segundo os peritos, uma pequena dose de 10 miligramas do produto é letal.
Apesar desta panóplia de dados, o Conselho do Atlântico – esforçando-se por se manter num registo de realidade paralela que conserva abertas todas as portas de confrontação – não hesitou em acompanhar a tese britânica de ligação entre o assassínio do espião e o uso de armas químicas pela Síria, declarando a Rússia como «provavelmente responsável» pelos dois acontecimentos; e no Conselho de Segurança não foi aprovada uma proposta russa de resolução entregando uma investigação sobre estes assuntos à Organização Internacional para o Desmantelamento de Armas Químicas porque o Reino Unido insistiu em incluir no texto uma expressão considerando desde logo a Rússia como «provavelmente responsável».
Enquanto desfilam sob os nossos olhos os contingentes de diplomatas expulsos em massa como resposta a acontecimentos embrulhados em contradições, provocações e conspirações em cadeia, é legítimo reflectirmos sobre o facto, cada vez mais incontroverso, de os nossos quotidianos e, sobretudo, as nossas vidas, estarem nas mãos de dirigentes transnacionais cuja irresponsabilidade é directamente proporcional ao poder quase absoluto de que dispõem.
Vivemos numa situação muito semelhante à que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, em pleno confronto de interesses globais que, regra geral, são contrários aos da esmagadora maioria dos cidadãos do mundo. No entanto, o poder de extermínio das armas amontoadas e a redução do planeta à dimensão da globalidade potencia exponencialmente a gravidade do cenário.
Um cenário onde se tornou de uma evidência crua e cruel a incapacidade dos poderes ocidentais, também definidos como «mundo civilizado», em partilhar os bens de um planeta de que se consideram proprietários. Os paladinos da livre e leal concorrência são os primeiros a rejeitá-la quando pressentem o seu monopólio em risco. Por isso são cada vez mais incapazes de esconder o desconforto que sentem perante a efemeridade da unipolaridade que vigorou a partir da celebrada queda do muro de Berlim; ou de disfarçar as saudades da Rússia caótica e dócil dos tempos de Ieltsin e outros sucessores de Gorbatchov, os tempos da corrida aos despojos soviéticos, em coligação íntima com as mafias nascentes, e que, afinal, não eram tão anacrónicos e obsoletos como os pintavam.
Tais poderes são incapazes, por inerência, de aceitar a derrota da sua estratégia militar de disseminação do caos, principalmente no Médio Oriente, que encalhou num obstáculo chamado Síria. Não aceitam que o dogma da sua «invencibilidade» seja desafiado, nem que se torne necessário ir aos limites aterradores de um conflito sem vencedores, em que todos seremos vencidos.
Por isso, quem tentou montar a maquinação que nestas linhas ficou demonstrada não deixará de insistir até conseguir pô-la em marcha.
Aliás, o que a realidade destes idos de Março expõe é a intenção dos inquestionáveis donos do mundo, e respectivo braço armado, de não recuarem perante nada, de avançarem nem que seja através de uma guerra de extermínio que já ultrapassou a fase da dúvida «se» para se fixar na dúvida «quando».


TÓPICO

30
Mar18

À anti comunista Fatima Bonifácio

António Garrochinho



Fátima Bonifácio dita historiadora escreve hoje um artigo no Público sobre a Venezuela e a "pretexto " ataca o PCP . Considera a Venezuela socialista . Depois sem mais nenhum enquadramento conclui que a fome se agrava neste país sem uma única referência aos ataques , sansões e sabotagens económicas que lhe movem os EUA

Dedicamos-lhe o seguinte texto


o texto original está em francês, esta é uma tradução do "motor Google"

ESPECIALISTA DA ONU ALFRED DE ZAYAS, TEMPO PARA A VENEZUELA LEVA-NOS AO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

Mariela Acuna Orta / Marian Martinez Perdomo . Especialista independente da ONU para a promoção de uma ordem democrática e justa internacional, Alfred De Zayas,  diz ao jornal venezuelano Ultimas Noticias que "chegou a hora" de a Venezuela pedir ao tribunal Tribunal Penal Internacional para conduzir "uma investigação sobre os crimes de lèse-humanidade cometidos pelos Estados Unidos, impondo sanções contra ela".
Por que você qualifica as sanções dos EUA como crimes da lèse-humanité? 
Durante o ano 2000, a Subcomissão para a Promoção e Proteção dos Direitos Humanos publicou um estudo sobre sanções e definiu-as como sérias violações de direitos humanos. Em 2015, o Conselho de Direitos Humanos em Genebra estabeleceu a função de Relatora Especial para examinar medidas coercitivas unilaterais.

Em seus relatórios ao relator, Idriss Jazairy, destacou os efeitos adversos das sanções e negociado com os governos para assegurar que tais sanções são removidos porque eles são contrários à letra e ao espírito do Pacto Internacional Direitos Civis e Políticos e o Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. A Assembléia Geral da ONU condenou as sanções contra Cuba e o bloqueio em 25 resoluções que os Estados Unidos impiedosamente ignorado.
Como professor de Direito Internacional e ex-secretário do Comitê de Direitos Humanos, noto que as sanções que levam as vidas de crianças por desnutrição, falta de água potável, escassez de drogas que causam a morte por falta de insulina, medicamentos contra o câncer, contra a malária, a falta de equipamentos e equipamentos técnicos são um crime contra a humanidade, especialmente porque essas sanções são deliberadas, sádico e visam a doer.
As sanções contra a Venezuela agravaram a crise econômica causada pela queda do preço do petróleo, a ponto de causar uma grave escassez de medicamentos e alimentos, falta de abastecimento, atrasos na distribuição, etc. morreram crianças venezuelanas, adultos e idosos. Como as sanções não são acidentais, mas planejadas e deliberadas, existe responsabilidade criminal e o caso deve ser levado à Assembléia Geral para aprovar resoluções que declarem inequivocamente que essas sanções são ilegais e criminosas.
Como reagir a isso? 
Chegou a hora de pedir ao promotor do TPI que abra uma investigação sobre os crimes contra a humanidade dos EUA, impondo sanções contra o povo venezuelano, já que as consequências que decorrem diretamente delas são a escassez de alimentos e remédios e a morte por desnutrição e falta de suprimentos médicos de um grande número de pessoas inocentes. O número exato de pessoas que morrem, por exemplo, por falta de insulina, medicamentos contra a malária ou anticâncer, etc., precisa ser avaliado. O artigo 7 do Tratado de Roma dá uma definição precisa dos crimes contra a humanidade e estou convencido de que o tipo de sanções aplicadas contra Cuba e a Venezuela constituem crimes contra a humanidade. A Corte Internacional de Justiça também pode observar isso em uma opinião consultiva.
Você disse que a ONU deveria contribuir: como poderia fazer isso? 
O Secretário-Geral, Antonio Guterres, deve oferecer seus bons ofícios para mediar entre a oposição e o governo e reabrir as negociações na República Dominicana. Ele também deve enviar observadores para as próximas eleições.
Você planejou revisitar nosso país após sua visita em dezembro de 2017? 
Não no momento, mas meu colega Idriss Jazairy, o relator sobre medidas coercitivas unilaterais, pediu um convite para visitar a Venezuela. O Governo autorizou esta visita, que será realizada este ano.

foicebook.blogspot.pt

30
Mar18

Falcões e abutres

António Garrochinho


                Colin Powell                            Rui Tavares e o odor a carne podre



«Colin Powell admite que o Iraque poderia não ter armas proibidas.»

Após ter causado milhões de vítimas na destruição do Iraque, Colin Powell confessa ter mentido na ONU.

A farsa repete-se com Theresa May, e os abutres de serviço afiam o bico.

Rui Tavares fundador do ‘Livre’ e do ‘DiEM25’ dirigido por Yanis Varoufakis e fomentado por George Soros, não nos deixa quaisquer dúvidas quanto aos que se arrogando apartidários, estão ao serviço da NATO, braço armado do Império Ianque.

«Não há regra do direito internacional a que Putin jure fidelidade que não tenha sido por ele descaradamente violada.(...)
Putin é pela paz e contra intervenções militares que não sejam aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU? Sim, com exceção de todas as invasões que lhe forem úteis, às claras ou às escondidas, da Geórgia à Ucrânia. Putin alega ser contra a interferência na política interna de outros países? Deixem-nos rir. (...)
Quando alguém que se reivindica de ideias progressistas defende Putin é porque em geral o faz ao arrepio dessas mesmas ideias.»
Rui Tavares Livre/DiEM25

Rádios, jornais e televisões andam numa roda-viva: OS RUSSOS! VÊM AÍ OS RUSSOS.



aspalavrassaoarmas.blogspot.pt
30
Mar18

SEM REFLECTIR - A analista e “evangelista fanática” da direita, Teresa de Sousa, está visivelmente escandalizada.

António Garrochinho
SEM REFLECTIR
A analista e “evangelista fanática” da direita, Teresa de Sousa, está visivelmente escandalizada.
Acha que o alinhamento de Portugal na expulsão cega de diplomatas russos, era uma coisa praticamente obrigatória e que nem carecia de reflexão para nada. Era alinhar… e pronto!
Alinhar de forma tão consciente quanto a que o palhaçola e inútil Durão Barroso adoptou quando foi servir à mesa na Cimeira dos filhos da puta que tinham a certeza de ter visto as terríveis armas de destruição maciça nas mãos de Sadam Hussein… e que com esse pretexto trataram de o ASSASSINAR e saquear e destruir o seu país.
O facto de esses criminosos não terem ido parar com os costados a um Trinunal Internacional e estarem hoje a pagar pelos crimes de guerra que cometeram, encoraja a continuação deste tipo de atitude trauliteira.
Esta débil mental também tem certezas, aposto. Esteve lá, pessoalmente, no lugar em que se deu a tentativa de envenenamento que AINDA NINGUÉM sabe como foi feita e por quem.
Mas ela sabe! Ela sabe que os diplomatas russos devem ser expulsos. Isso sim, é uma questão de “princípio”.
… e a partir daqui, coíbo-me de tecer mais comentários, pois dificilmente seriam publicáveis... já "pequei" ali atrás uma vez... e a quadra é "santa".

CLIQUE NA IMAGEM PARA O(A) LEVAR À PUBLICAÇÃO


Há alguma justificação para a tomada de posição de Portugal numa questão que nem sequer exigia uma grande reflexão?
PUBLICO.PT

30
Mar18

DESCULPEM AVISAR

António Garrochinho


DESCULPEM AVISAR
Aos ingénuos e aos simplórios que embarcam na recuperação dos direitos e dos salários, anunciados pela composição parlamentar que sustenta o governo (nem me atrevo a caracterizar este governo, não quero ser excomungado), é lerem o trabalho do grande economista comunista, EUGÉNIO ROSA, de 25 de Março pp. Entre outros da sua autoria menos recente.
CONTRATOS A PRAZO: o seu número disparou, afectando o crescimento económico, agravando a instabilidade laboral e aumentando a exploração dos trabalhadores.
Actualmente, o aumento do emprego no nosso país está associado ao aumento de trabalhadores com contratos a prazo, o que agrava a instabilidade laboral, sendo também um instrumento que as entidades patronais utilizam para reduzir os salários e aumentar a exploração dos trabalhadores.
O aumento dos contratos a prazo em Portugal agrava a situação, pois os salários dos trabalhadores com estes contratos são ainda mais baixos dos que têm contratos por tempo indeterminado.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •