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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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31
Mar18

DEFESA, ATAQUE… E FALTA DE VERGONHA

António Garrochinho


DEFESA, ATAQUE… E FALTA DE VERGONHA
Já há quem tenha reparado na ironia de haver quem queira à força expulsar os diplomatas russos de Portugal, quando há bem pouco tempo, foi a Rússia um dos poucos países a mostrar solidariedade para connosco, enviando para cá aviões de combate aos incêndios, em resposta a um pedido de ajuda internacional.
O problema é que, como se sabe, com essa “raça” dos russos nunca se pode ficar descansado… o que me lembra uma piada fantástica já com muitos anos, saída no “O Diário”, num cartoon do João Martins.
Comentou o João o facto de o nosso governo de então garantir a pés juntos que os caças dos EUA que vinham aí para a Força Aérea eram de DEFESA… com uma pergunta “aflita”:
- Ó diabo! Querem ver que os tractores que a União Soviética ofereceu para a Reforma Agrária… são de ATAQUE?!

31
Mar18

UMA REDAÇÃO SINGULAR

António Garrochinho


Uma redação singular


Esta história passada numa escola primária da então Vila de Olhão da Restauração é antiga, do tempo em que os marítimos pescavam no oceano o carapau, a sardinha e a cavala em barcos com motor a vapor, o largar e alar das redes era processo manual; e na agricultura a ferramenta para as sementeiras era o arado puxado por duas mulas.
Um dia a professora dirigiu-se ao quadro de ardósia, pegou no lápis de giz e escreveu: redação de um dos temas à escolha - o pescador ou o agricultor.
Era um grupo de alunos que estavam na quarta classe. Os primeiros minutos passaram-se olhando o quadro, coçando na cabeça, numa procura de juntar ideias para iniciar a composição.
O Fernando era filho de um homem do mar que fazia parte da campanha (tripulação) de um galeão e este tinha um irmão que vivia numa casa com terreno agrícola em Moncarapacho. O pai já o tinha levado a bordo quando o barco estava encostado ao cais. Foi uma visita guiada onde se apercebeu como pescavam, como navegavam. O tio quando a família se juntava em sua casa, deu oportunidade ao Fernando de vê-lo lavrar, semear, cuidar dos animais e a época da matança do porco crescido e gordo. Dividiu-se entre o pescador seu pai e o lavrador seu tio. Bastante indeciso, resolveu escrever uma redação falando dos dois e suas atividades. Sabia que não era aquilo que a professora pediu. Tinha tanta admiração por eles que mereciam ser mencionados.
E, depois de minutos de reflexão, começou: "Um galeão sai do cais. Puxam a ancora, desatam a amarra. O Mestre dá ordens ao homem do leme que faz rumo certo em direção ao oceano para a faina.
O agricultor aparelha as mulas no arado, estende a arreata em corda para dirigir os animais, endireita e segura com as duas mãos o equipamento como se fosse um leme. Dá sinal às mulas que instintivamente avançam puxando a peça de forma bicuda em ferro que penetra na terra, a sua configuração permite abrir sulcos até ao final da área definida para semear. Chegado ao limite, vira as mulas e continua até o terreno estar todo passado. Atrás, a mulher com um saco cheio de grãos de milho a tiracolo coordena o caminhar alinhado aos regos da lavra, com o braço direito que depois da mão recolher as sementes, lança-as vigorosamente à terra lavrada.
O galeão em pleno mar inicia a sua atividade piscatória. Há sinais de cardume. O Mestre manda lançar as redes de forma a cercar os milhares de peixes. Homem ao leme atento à navegação sincronizada com os outros que vão deitando a rede ao mar com disciplina para resultar.
O agricultor e a mulher terminam a sementeira, estão satisfeitos. Ela recolhe a casa para tratar do jantar, ele desaparelha as mulas, leva-as de volta à cabana para um merecido descanso, beberem água, comerem palha e um meio litro de favas secas, cada uma.
No galeão, de madrugada alta, chegou o momento de começar a alar a rede. Há sempre expectativa sobre a quantidade de peixe capturado. À ordem do Mestre, começa a pesada tarefa de recolher a rede que vão depositando à superfície do barco, deixando o porão para o peixe.
De manhã, o agricultor olhou para o terreno semeado. O tempo irá determinar se a colheita é boa. A água da chuva é preciosa, apesar de ter deitado a semente em terra húmida, o que permite que a germinação se faça. Tem fé que vai ser recompensado.
No mar o irmão sorri, ao ver as sardinhas saltando já fora de água. Foi um lance bom que vai entrando no porão.
O meu pai João Maurício e o meu tio Manuel Joaquim trabalham muito para ganhar dinheiro para viver. Gosto muito deles. Um no mar, outro em terra, fazem-me pensar se um dia fico em terra ou vou para o mar trabalhar. Eu, gosto muito de fazer festas às mulas, pôr-lhes palha na manjedoura, criar galinhas, tirar os ovos da capoeira, ver a minha tia Isabel amassar e cozer o pão no forno. Agora vou estudar para fazer o exame e depois logo falo com o meu pai.
Publicado na edição n.º1178 de 15 de Março de 2018, do Jornal "O Olhanense".
30
Mar18

VEJA O VÍDEO - A HISTÓRIA DA EXPULSÃO DE 130 DIPLOMATAS RUSSOS EM 20 PAÍSES

António Garrochinho
VÍDEO - ACTIVE AS LEGENDAS PARA PORTUGUÊS- VEJA COMO SE FAZ NO TEXTO EM ABAIXO


ATENÇÃO ! O VÍDEO TEM TRADUÇÃO EM PORTUGUÊS- ABAIXO NO CANTO INFERIOR DITEITO CLIQUE NO RECTÂNGULO BRANCO E ELE ACTIVARÁ AS LEGENDAS EM ESPANHOL. DEPOIS LOGO A SEGUIR NA RODINHA DENTADA CLIQUE E VEJA  AS VÁRIAS HIPÓTESES. CLIQUE ONDE DIZ TRADUZIR AUTOMÁTICAMENTE E SELECIONE PORTUGUÊS. CLIQUE E PRONTO ! O VÍDEO ESTARÁ NO NOSSO IDIOMA



30
Mar18

Os vocais isolados de Marvin Gaye em «I Heard it Through the Grapevine»

António Garrochinho


Para os milênicos, que provavelmente não o conhecem, Marvin Gaye foi um cantautor e produtor que ajudou a moldar o som da black music nos anos 60. Sua gravação de "I Heard it Through the Grapevine" é um aclamado clássico do soul, que foi listada na 81° posição do ranking (infame para alguns, é preciso ressaltar) da Rolling Stone das 500 Maiores Músicas de Todos os Tempos. Já no 40° aniversário da edição Hot 100 da Billboard, em junho de 2008, “Grapevine” foi classificada no 65° posto.

A canção, também gravada pelo Creedence e que conta a história da descrença de um cara quando sabe da infidelidade da namorada, também faz parte do Hall da Fama do Grammy por seu valor histórico, artístico e significativo.

Neste vídeo onde isolaram a trilha vocal da música, é possível apreciar a incrível voz de Marvin.

vídeo
www.mdig.com.br
30
Mar18

ANTIGAS GLÓRIAS DO FUTEBOL ALGARVIO - LUCIANO

António Garrochinho

LUCIANO

(Luciano Jorge Fernandes,6/8/1940,Olhão)
Defesa-central
56/57-Olhanense-----------jun.
57/58-Olhanense-----------jun.
58/59-Ol
hanense-----------II
59
/60-Olhanense-----------II
60/61
-Olhanense-----------II
61/62-Olhanense-----------I
62/63-Olhanense-----------I
63/64-Benfica-------------I
64/65-Benfica-------------I
65/66-Benfica-------------I
66/67-Benfica-------------I
































Luciano foi aloroso defesa algarvio,
tragicamente desaparecido a meio da 
temporada de 66/67 quando representava o 
Sport Lisboa e Benfica.
Da sua curta carreira destaca-se as
chamadas ás selecções júniores
 de Portugal,
enquanto ainda jogava no 
clube da sua
terra,o Olhanense.No Benfi
ca sagrou-se
Campeão Nacional por trés vezes(
63/64,64/65 e
66/67)e conquistou uma Taça de Portugal(63/64).




Luciano com a camisola da Selecção nacional






















Recorte retirado do livro "Benfica 100 Gloriosos anos"

Luciano,na primeira imagem é o 3º da esquerda em cima,
nos júniores do Olhanense.
Luciano,o 4º da esquerda em cima,na equipa principal 
do Olhanense
Luciano,o 3º em cima,da direita,no Olhanense



algarvalentejo.blogspot.pt
30
Mar18

Jantar comemorativo: «Em abril esperanças mil»

António Garrochinho

































«Um encontro de cidadãs e cidadãos que participam na construção da sociedade presente para conseguir uma sociedade futura mais democrática, mais justa, mais equitativa e mais sustentável. Que recusam baixar os braços quando “os tiranos fazem planos para mil anos», num ambiente internacional de aumento da desigualdade e de erosão da paz, da democracia e das relações laborais. E que sabem que em Portugal é preciso continuar a mobilização cidadã, o diálogo crítico e a convergência à esquerda, para que a atual solução política de governação seja ponto de partida para alternativas duradouras e sustentáveis ao austeritarismo neoliberal. Não queremos andar para trás. Precisamos proteger e desenvolver conquistas e direitos maiores do processo democrático iniciado com a Revolução de Abril, como é o Serviço Nacional de Saúde, tema deste nosso encontro. Queremos um SNS universal, público e de qualidade. Precisamos parar com a sua degradação e com o aumento da desigualdade de acesso aos cuidados de saúde que a sua privatização promove. E assumir que o SNS tem de ser pago com os nossos impostos. Para que haja mais vida além do défice. São pois bem-vindos os que vierem por bem. E tragam mais amigos também.»

A 15ª edição de um encontro que se mantém vivo e que é dedicado este ano ao Serviço Nacional de Saúde, contando com uma mensagem de António Arnaut e João Semedo, intervenções de João Almeida, Maria Augusta Sousae Sofia Crisóstomo e um momento musical a cargo de Manuel Freire e Vítor Sarmento. É no próximo dia 20 de abril, sexta-feira, a partir das 19h30, na Cantina Velha da Cidade Universitária, em Lisboa, podendo as inscrições ser feitas aqui ou aqui.


30
Mar18

Uma poesia de 2004 pelo meu amigo e camarada José Gonçalves Cravinho emigrante na Holanda e que celebra hoje 94 anos .

António Garrochinho


TEOLOGIA (Ano 2004)

Teologia,segundo está no Dicionário,
é àcerca de Deus,religiosa Doutrina,
mas penso que é uma ideia cretina,
p'ra reprimir e domar o Povo vário.

A teologia é uma empírica ciência,
baseada na superstição e crendice,
que,desde há milénios,com pulhice,
mantém os Povos na subserviência.

Na Holanda,foi exibida na Televisão,
como um êxito dos humanos valores,
da lendária Biblia,uma nova tradução,
bebida em fontes gregas,por «doutores».

E pretendem êstes biblicos «doutores»,
com esta Biblia agora modernizada,
debelar a falta de humanos valores,
nesta sociedade egoísta depravada.

Que a Plebe seja «levada» pela crendice,
não me causa espanto nem admiração,
mas se o letrado faz,do ignaro,exploração,
isso,para mim,é uma imperdoável pulhice.

Mas,da Biblia,a moderna tradução,
originou polémica entre os «doutores»
causando entre êles aparentes dissabores,
o que não passa de académica discussão.

Foi sempre assim desde a Antiguidade,
que,da Tribo,o mais forte e espertalhão,
é que é,da Tribo,o seu Rei ou Capitão,
assistido por Sacerdotes da Divindade.

A Plebe,na sua ignorância e superstição,
crê num Ser superior que tudo domina,
e acata,dos Sacerdotes,a biblica doutrina,
ainda que seja contrária à humana Razão.

Por exemplo,a judaico-cristã teologia,
diz que toda a autoridade vem de Deus,
e que toda a gente,em especial os plebeus,
devem acatar as Normas da Aristocracia.

A Aristocracia,é pois a chamada Nobreza,
que,dizem ser de sangue azul,possuidora,
a qual,presentemente como outrora,
é defendida p'la teologia com fina subtileza.

Assim vemos a Corôa dos Reis encimada,
com a Cruz,símbolo do sofrimento e da dôr,
que a Plebe deve suportar resignada,
confiando crente no Messias Salvador.

No Mundo,as várias e absurdas Teologias,
téem todas elas,como única finalidade,
levar os Povos a crer numa Divindade,
e a suportarem,dos Poderosos,as Tiranias.

É pois baseado na empírica Teologia,
que Israel com o seu biblico Sionismo,
exerce na Palestina,bárbaro Terrorismo,
ao abrigo da biblica e absurda Teoria.

Mas,ainda hoje,tal como na Antiguidade,
os Poderosos querem a Plebe em submissão,
ajoelhada,de cu p'ró ar e cabeça no chão,
para poder explorá-la sem contrariedade.


José Gonçalves Cravinho
30
Mar18

Guerra Fria uma opinião - Thierry Meyssan

António Garrochinho



Quatro dias para declarar uma Guerra Fria

A semana que acaba de decorrer foi extraordinariamente rica em acontecimentos. Mas nenhum média esteve à altura de dar conta deles já que todos mascararam deliberadamente alguns dos factos para proteger a narrativa que, a propósito, divulgava o seu governo. Londres tentou provocar um grande conflito, mas perdeu face à Rússia, ao Presidente Trump e à Síria.
O governo britânico e alguns dos seus aliados, entre os quais o Secretário de Estado, Rex Tillerson, tentaram lançar um esquema de Guerra Fria contra a Rússia.
O seu plano previa, por um lado, encenar um atentado contra um ex-agente duplo em Salisbury e, por outro, um ataque químico contra os «rebeldes moderados» na Ghuta. Os conspiradores pretendiam aproveitar-se do esforço da Síria a libertar os subúrbios da sua capital e da distração da Rússia por ocasião da sua eleição presidencial. Na sequência destas manipulações, o Reino Unido teria pressionado os EUA a bombardear Damasco, incluindo o palácio presidencial sírio, e pedido à Assembleia Geral da ONU para excluir a Rússia do Conselho de Segurança.
No entanto, os Serviços de Inteligência sírio e russo souberam do que se tramava. Eles ficaram convictos que os agentes dos EUA que preparavam, a partir da Ghuta, um ataque químico contra a própria Ghuta não dependiam do Pentágono, mas, antes de uma outra agência dos EUA.
Em Damasco, o Vice-ministro das Relações Exteriores, Fayçal Miqdad, convocou de urgência uma conferência de imprensa, a 10 de Março, para alertar os seus concidadãos. Por seu lado, Moscovo primeiro tentou alertar Washington pelos canais diplomáticos. Mas, sabendo que o Embaixador dos EUA, Jon Huntsman Jr, é administrador da Caterpillar, a qual forneceu tuneladoras (tatuzões-br) aos jiadistas para que eles construissem as suas fortificações, tentou contornar a via diplomática normal.
Eis, pois, como os acontecimentos se encandearam :

12 de Março de 2018

O Exército sírio capturou dois laboratórios de armas químicas, o primeiro a 12 de Março, em Aftris, e o segundo no dia seguinte, em Shifunya. Enquanto a diplomacia russa pressiona a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) a entrar na investigação criminal de Salisbury.
A Primeira-ministro britânica, Theresa May, acusa violentamente a Rússia, na Câmara dos Comuns, de ter comanditado o atentado de Salisbury. Segundo ela, o ex-agente duplo Serguei Skripal e a sua filha teriam sido envenenados com uma substância militar neurotóxica do tipo «desenvolvido pela Rússia» sob o nome de “novitchok”. Sabendo que o Kremlin considera os seus cidadãos que desertaram como alvos legítimos, seria, pois, altamente provável que tivesse comanditado o crime.
O “novitchok” é conhecido através do que revelaram a propósito duas personalidades soviéticas, Lev Fyodorov e Vil Mirzayanov. O cientista Fyodorov publicou um artigo no semanário russo Top Secret (Совершенно секретно), em Julho de 1992, alertando para a extrema periculosidade deste e chamando a atenção contra a utilização de antigas armas soviéticas, pelos Ocidentais, para destruir o meio ambiente na Rússia e torná-la inviável. Em Outubro de 1992, ele publicou um segundo artigo no Novidades de Moscovo (Московские новости), junto com um responsável da contra-espionagem, Mirzayanov, denunciando a corrupção de certos generais e o tráfico de “novitchok” ao qual se dedicariam. Eles ignoravam a quem o teriam podido vender. Mirzayanov foi primeiro preso por alta traição, depois libertado. Se Fyodorov morreu na Rússia, em Agosto passado, Mirzayanov vive no exílio nos Estados Unidos, onde ele colaborou com o Departamento da Defesa.
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O antigo oficial russo da contra-espionagem Vil Mirzayanov desertou para os Estados Unidos. Aos 83 anos, ele comenta o «caso Skripal» a partir de Boston.
O “novitchok” era fabricado num laboratório soviético em Nurus, no actual Uzbequistão. Aquando da dissolução da União Soviética, ele foi destruído por uma equipe norte-americana especializada. O Uzbequistão e os Estados Unidos, portanto, obrigatoriamente possuíram e estudaram amostras desta substância. Ambos são capazes de o produzir.
O Ministro britânico dos Negócios Estrangeiros ( Relações Exteriores-br), Boris Johnson, convoca o Embaixador russo em Londres, Alexander Yakovenko. Apresenta-lhe um ultimato de 36 horas para verificar se falta “novitchok”nos seus stocks (estoques-br). O Embaixador responde-lhe que não falta nada porque a Rússia destruiu a totalidade das armas químicas herdadas da União Soviética e a OPCW (OPAQ) pronunciou-se a propósito.
Após uma conversa telefónica com Boris Johnson, o Secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, condena, por sua vez, a Rússia pelo atentado de Salisbury.
Enquanto isso, um debate sobre a situação na Ghuta desenrola-se no Conselho de Segurança da ONU. A Representante permanente dos Estados Unidos, Nikki Haley, afirma aí: «Há quase um ano, após o ataque de gás sarin perpetrado em Khan Sheikun pelo regime sírio, os Estados Unidos tinham alertado o Conselho. Dissemos que, face à inação sistemática da comunidade internacional, os Estados, por vezes, são obrigados a agir por conta própria. O Conselho de Segurança não agiu, e os Estados Unidos atacaram a base aérea a partir da qual al-Assad lançara o seu ataque de armas químicas. Nós reiteramos o mesmo aviso hoje.
Os Serviços de Inteligência russos fazem circular documentos do Estado-maior norte-americano. Eles mostram que o Pentágono está prestes a bombardear o palácio presidencial e os ministérios sírios, dentro do modelo do que fez aquando da tomada de Bagdade (3 a 12 de Abril de 2003).
Comentando a declaração de Nikki Haley, o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, que sempre qualificou o caso de Khan Sheïkhun de «manipulação ocidental», revela que as falsas informações, que induziram na altura a Casa Branca em erro e a levaram a bombardear a base de Al-Shayrat, provinham de um laboratório britânico que nunca indicou como tinha recolhido as amostras.

13 de Março de 2018

O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros publica um comunicado condenando uma possível intervenção militar dos EUA e anunciando que se cidadãos russos fossem atingidos em Damasco Moscovo ripostaria de maneira proporcional ; uma vez sendo o Presidente russo constitucionalmente responsável pela segurança dos seus concidadãos.
Contornando a via diplomática, o Chefe do Estado-Maior russo, o General Valeri Guerassimov, contacta o seu homólogo americano, o General Joseph Dunford, para o informar sobre os seus receios quanto a um ataque químico de bandeira falsa na Ghuta. Dunford toma o assunto muito a sério e alerta o Secretário da Defesa dos EUA, o General Jim Mattis, que refere o caso ao Presidente Donald Trump. Tendo em vista a garantia dada pelos Russos, segundo os quais este golpe sujo estaria preparado à revelia do Pentágono, a Casa Branca pede ao Director da CIA, Mike Pompeo, para identificar os responsáveis deste complô.
Ignoramos o resultado dessa investigação interna, mas o Presidente Trump ganha a convicção quanto à implicação do seu Secretário de Estado, Rex Tillerson. Este é imediatamente convidado a interromper a sua viagem oficial em África e a voltar para Washington.
Theresa May escreve ao Secretário-geral da ONU para acusar a Rússia de ter comanditado o atentado de Salisbury e para convocar uma reunião de urgência do Conselho de Segurança. De imediato, ela expulsa 23 diplomatas russos.
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Publicado um mês e meio antes do atentado de Salisbury, o livro de Amy Knight apresenta o que se vai tornar a tese do MI5. A autora afirma, por si mesma, que não tem a menor prova do que escreve.
A pedido da Presidente da Comissão do Interior da Câmara dos Comuns, Yvette Cooper, a Secretária britânica do Interior, Amber Rudd, anuncia que o MI5 (Serviço Secreto Militar do Interior) vai reabrir 14 inquéritos sobre mortes que, segundo fontes dos EUA, teriam sido comanditadas pelo Kremlin.
Ao fazê-lo, o governo britânico adopta as teorias da professora Amy Knight. A 22 de Janeiro de 2018, esta sovietóloga dos EUA publicava um livro muito estranho: «Ordens para matar: o regime de Putin e o assassinato político». A autora, que é «a» especialista do antigo KGB, tenta aí demonstrar que Vladimir Putin é um assassino em série, responsável por dezenas de assassinatos políticos, indo desde os atentados de Moscovo, em 1999, até aos da Maratona de Boston, em 2013, passando pela execução de Alexander Litvinenko em Londres, em 2006, ou a de Boris Nemtsov em Moscovo, em 2015. No entanto, ela confessa, por si própria, que não há nenhuma prova quanto às suas acusações.
Os liberais europeus entram na dança. O antigo Primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt, que preside o seu grupo no Parlamento Europeu, exorta a UE a lançar sanções contra a Rússia. O seu homólogo à cabeça do correspondente Partido britânico, Sir Vince Cable, propõe um boicote europeu ao Campeonato do Mundo de futebol. Desde logo, o Palácio de Buckingham anuncia que a família real cancela a sua viagem à Rússia.
A autoridade reguladora britânica, a Ofcom, anuncia que poderia proibir o canal de Tv Russia Today a título de retaliação, muito embora esta não tenha, de forma alguma, violado as leis britânicas.
O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros convoca o Embaixador britânico em Moscovo para o informar que medidas de reciprocidade lhe serão indicadas em breve, em retorsão pela expulsão de diplomatas russos de Londres.
O Presidente Trump anuncia no Twitter que demitiu o seu Secretário de Estado, com o qual não tinha ainda entrado em contacto. Ele é substituído por Mike Pompeo, ex-Director da CIA, que confirmou na véspera a autenticidade das informação russas transmitidas pelo General Dunford. Chegado a Washington, Tillerson recebe a confirmação da sua demissão pelo Secretário-geral da Casa Branca, o General John Kelly.
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O antigo patrão da maior multinacional no mundo, ExxonMobil, julgava-se acima da barafunda. Para sua grande surpresa, Rex Tillerson foi brutalment despedido por Donald Trump. O primeiro pensava servir o mundo anglo-saxónico, enquanto o segundo o considerou como um traidor à sua pátria.
O ex-Secretário de Estado, Rex Tillerson, é originário da burguesia texana. A sua família e ele próprio fizeram parte dos Escoteiros norte-americanos, dos quais se tornou o Presidente nacional (2010-12).
Culturalmente próximo da Inglaterra, não hesitou, assim que se tornou tornou Presidente da mega multinacional Exxon-Mobil (2006-16), tanto a realizar uma campanha politicamente correcta para aceitar jovens gays entre os Escoteiros, como a recrutar mercenários na Guiana Britânica. Ele seria membro da Pilgrims Society, o mais prestigiado clube anglo-americano, presidido pela Rainha Isabel II, do qual inúmeros membros fizeram parte da Administração Obama.
Durante as suas funções na Secretaria de Estado, a sua esmerada educação forneceu uma caução a Donald Trump, considerado pela alta sociedade dos EUA como um histrião. Ele entrou em conflito com o seu Presidente sobre três assuntos importantes que nos permitem definir a ideologia dos conspiradores : 
- Como Londres e o Estado profundo dos EUA, ele julgava útil demonizar a Rússia para consolidar o Poder dos Anglo-Saxónicos no campo ocidental ; 
- Como Londres, ele julgava que para manter o colonialismo ocidental no Médio-Oriente, era preciso favorecer o Presidente iraniano Xeque Rohani contra o Guia da Revolução o aiatola Khamenei. Ele apoiava portanto o acordo dos 5+1. 
- Como o Estado profundo dos EUA, ele considerava que a báscula da Coreia do Norte em direcção aos Estados Unidos devia permanecer secreta e ser utilizada para justificar um avanço militar dirigido, na realidade, contra a China popular. Era, portanto, favorável a conversações oficiais com Pyongyang, mas oposto a um encontro entre os dois chefes de Estado.

14 de Março de 2018

No momento em que Washington está em estado de choque, Theresa May intervém novamente, na Câmara dos Comuns, para aí desenvolver a sua acusação, enquanto no mundo inteiro os diplomatas britânicos tomam a palavra em inúmeras organizações inter-governamentais para lhes transmitir a mensagem. Respondendo à Primeira-ministro, o deputado blairista, Chris Leslie, qualifica a Rússia de “Estado-canalha” e pede a sua suspensão do Conselho de Segurança da ONU. Theresa May compromete-se a examinar a questão, frisando, ao mesmo tempo, que isso só poderia ser decidido pela Assembleia Geral afim de contornar o veto russo.
O Conselho do Atlântico Norte (OTAN) reúne-se em Bruxelas a pedido do Reino Unido. Os 29 Estados-membro estabelecem uma ligação entre a utilização de armas químicas na Síria e o atentado de Salisbury. Eles consideram a Rússia como «provavelmente» responsável por estes dois acontecimentos.
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Jens Stoltenberg, Secretário-geral da OTAN, e a representante permanente do Reino Unido no Conselho do Atlântico Norte, Sarah MacIntosh. Esta é a antiga directora para as questões de Defesa e de Inteligência no Ministério britânico dos Negócios Estrangeiros, posto que deixou a Jonathan Allen, actual Encarregado de Negócios na ONU.
Em Nova Iorque, o Representante permanente da Rússia, Vasily Nebenzya, propõe aos membros do Conselho de Segurança a adopção de uma declaração atestando a sua vontade comum em lançar luz sobre o atentado de Salisbury e em confiar a investigação à OPAQ, dentro do respeito pelos procedimentos internacionais estabelecidos. Mas, o Reino Unido rejeita qualquer texto que não inclua a expressão segundo a qual a Rússia seria «provavelmente responsável» pelo atentado.
Durante o debate público que se segue, o Encarregado de Negócios do Reino Unido, Jonathan Allen, representa o seu país. É um agente do MI6, que criou o serviço de propaganda de guerra do Reino Unido e deu o seu apoio activo aos jiadistas na Síria. Ele declara : «A Rússia já interferiu nos assuntos de outros países, a Rússia já violou o Direito Internacional na Ucrânia, a Rússia despreza a vida de civis, como o demonstra o ataque a um avião comercial por cima da Ucrânia por mercenários russos, a Rússia protege o emprego por Assad de armas químicas (...) O Estado russo é responsável por esta tentativa de assassínio. O Representante permanente da França, François Delattre, que em virtude de um decreto derrogatório do Presidente Sarkozy foi formado no Departamento de Estado dos EUA, lembra que o seu país lançou uma iniciativa para pôr fim à impunidade daqueles que utilizam armas químicas. Ele sugere que esta iniciativa dirigida contra a Síria poderia ser virada contra a Rússia.
O Embaixador russo, Vasily Nebenzya, lembra que a sessão foi convocada a pedido de Londres, mas que só veio a ser pública a pedido de Moscovo. Ele observa que o Reino Unido viola o Direito Internacional ao evocar este caso no Conselho de Segurança enquanto mantêm a OPAQ à margem da sua investigação. Ele nota que se Londres pôde identificar o “novitchok” é porque possui a fórmula e, portanto, pôde fabricá-lo. Ele relembra a vontade expressa da Rússia em colaborar com a OPAQ, no quadro do respeito pelos procedimentos internacionalmente aceites.

15 de Março de 2018

O Reino Unido publica uma declaração conjunta co-assinada, no dia anterior, pela França, Alemanha, bem como por Rex Tillerson, que era ainda Secretário de Estado dos Estados Unidos. O texto retoma a suspeita britânica. Ele denuncia o emprego de «um agente neurotóxico de qualidade militar, de um tipo desenvolvido pela Rússia». Ele afirma que é «altamente provável que a Rússia seja responsável pelo atentado».
O Washington Post publica uma carta aberta de Boris Johnson, enquanto o Secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, lança novas sanções contra a Rússia. Estas não estão ligadas ao caso em curso, mas às alegações de ingerência na vida pública dos EUA. O decreto cita, no entanto, o atentado de Salisbury como uma prova das acções sujas da Rússia.
O Secretário da Defesa britânico, o jovem Gavin Williamson, declara que depois da expulsão dos seus diplomatas a Rússia devia «calar» (sic). É a primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial que um dirigente de um Estado membro permanente do Conselho de Segurança emprega um tal vocabulário em relação a um outro membro do Conselho. Serguei Lavrov comenta: «É um jovem encantador. Quer certamente marcar o seu lugar na história, fazendo para isso afirmações chocantes [...] Se calhar falta-lhe educação.
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A Inglaterra não hesitou, ao longo de toda a sua história, em mentir e em trair a sua palavra para defender os seus interesses. Daí o seu qualificativo francês de «pérfida Albião» (do nome latino da Inglaterra). 

Conclusão

Em quatro dias o Reino Unido e os seus aliados lançaram as premissas de uma nova divisão do mundo, de uma Guerra Fria.
No entanto, a Síria não é o Iraque e a ONU não é o G8 (do qual a Rússia foi excluída devido à adesão da Crimeia à sua Federação, e pelo seu apoio à Síria). Os Estados Unidos não vão destruir Damasco e a Rússia não será excluída do Conselho de Segurança. Depois de se ter retirado da União Europeia, depois de se ter recusado a assinar a Declaração chinesa sobre a Rota da Seda, o Reino Unido pensava aumentar a sua importância eliminando um concorrente. Com este golpe manhoso, imaginava adquirir uma nova dimensão e tornar-se na «Global Britain» anunciada pela Sra. May. Mas acabou destruindo, ele próprio, a sua credibilidade.

foicebook.blogspot.pt

30
Mar18

Exército israelita mata agricultor palestiniano (VÍDEO)

António Garrochinho

De acordo com um porta-voz do exército israelita, "durante a noite dois suspeitos aproximaram-se da cerca de segurança e começaram a agir de forma suspeita", o que motivou a resposta dos militares.

O incidente ocorreu nas vésperas de um dia de forte tensão. Para esta sexta-feira está marcado o início de seis semanas de manifestações.
Os palestinianos pretendem acampar ao longo da fronteira de Gaza, evocando a morte de seis árabes desarmados por forças israelitas em 1976 e em apoio às centenas de milhares de refugiados expulsos das suas terras, durante o conflito que levou à fundação do Estado de Israel em 1948.

VÍDEO


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