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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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10
Abr18

Estamos À beira do abismo

António Garrochinho


Não se trata do policial de Raymond Chandler. É mesmo o abismo da guerra iminente. No Médio Oriente, para começar; na Europa e no Mundo, talvez. Os imperialistas preparam um novo Sarajevo. E os povos?


Série «Os desastres da guerra», n.º 30: «Estragos da guerra». A estampa tem sido vista como um precedente do Guernica de Picasso, pelo seu caos compositivo; pela mutilação dos corpos; pela fragmentação de objectos e utensílios em qualquer ponto da gravura; pela mão cortada de um dos cadáveres; pelos corpos desmembrados e a figura da criança morta, com a cabeça invertida, que recorda a que aparece, sustida pela sua mãe, à esquerda, na obra capital de Pablo Picasso.
Série «Os desastres da guerra», n.º 30: «Estragos da guerra». A estampa tem sido vista como um precedente do Guernica de Picasso, pelo seu caos compositivo; pela mutilação dos corpos; pela fragmentação de objectos e utensílios em qualquer ponto da gravura; pela mão cortada de um dos cadáveres; pelos corpos desmembrados e a figura da criança morta, com a cabeça invertida, que recorda a que aparece, sustida pela sua mãe, à esquerda, na obra capital de Pablo Picasso.CréditosFrancisco de Goya y Lucientes (1746-1828)/Museu do Prado / cc commons

Quem leu o artigo recentemente publicado neste espaço sob o título «Os dias de uma guerra apenas sem data» perceberá de modo elementar que o momento de um conflito de enormes dimensões está mais próximo.

O golpe planeado foi denunciado

O golpe aparentemente delineado em Londres pelos serviços secretos da senhora May, com conhecimento directo do ex-secretário de estado norte-americano Rex Tillerson e do presidente francês Emmanuel Macron, está em andamento, apesar de ter sido denunciado e desmascarado em tempo útil. A conspiração assenta num patamar superior de tensão internacional criado pela conjugação dos efeitos da rábula em torno da tentativa de assassínio do ex-espião duplo Skripal e filha e de um suposto ataque com armas químicas na Síria, a atribuir imediatamente às forças governamentais.
O plano conspirativo foi conhecido e desmascarado internacionalmente por serviços secretos sírios e russos, o que permitiu a tropas sírias desmantelarem dois laboratórios de armas químicas geridos por terroristas afectos à Al-Qaida. Estes factos ocorreram há quase um mês.
Além disso, os episódios da novela em torno da tentativa de assassínio de Skripal e filha estão longe de concluídos – afinal as duas vítimas estão vivas e estabilizadas quando, de acordo com as doses de veneno citadas por fontes governamentais britânicas – mas não segundo a Scotland Yard – deveriam ter morrido imediatamente, sem mesmo poderem deslocar-se a pé até ao local onde foram descobertas e socorridas.
Acresce que duas semanas depois de o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, também conhecido pelo «Trump britânico», ter garantido que o veneno usado era de fabrico russo, cientistas britânicos sentiram-se obrigados a desmenti-lo, em nome da seriedade do seu trabalho. Um responsável do laboratório de Porton Down, a 15 quilómetros do local onde Skripal foi descoberto, declarou à televisão Sky News, em seu nome e dos colegas, que não tinham possibilidade de provar que o produto tóxico usado contra o espião reformado fosse de origem russa.

A preparação para a guerra segue o seu curso

Os últimos dados informativos sérios revelam que a denúncia do complot não desmotivou os autores – que confiam numa comunicação favorável – e, uma vez que a derrota em Ghuta os impediu de desenvolver o plano neste território, transferiram o episódio com armas químicas para Duma, zona síria ainda em mãos dos «rebeldes moderados», isto é, a Al-Qaida.
«[Ao atacar a cidade] Trump toma em mãos a obra inacabada pela Al-Qaida, que durante meia dúzia de anos bombardeou Damasco a partir de Ghuta sem atingir o objectivo de derrubar o governo legítimo da Síria»
Existem versões contraditórias sobre ter existido, ou não, um ataque com armas químicas em Duma. Independentemente disso, o Conselho de Segurança da ONU já está a debater o assunto como se fosse realidade absoluta e, além disso, um crime indubitavelmente da responsabilidade das forças governamentais sírias, as únicas, segundo a embaixadora norte-americana no Palácio de Vidro1, que teriam condições para usar tais produtos. Que verdadeiramente se ignora quais sejam, ou mesmo se foram usados2.
Tal como estava previsto no golpe original, cabe agora ao presidente norte-americano, Donald Trump, decidir o tipo de retaliação militar contra a Síria, e contra os seus aliados russos. E o assunto, ao que parece, está a desenvolver-se rapidamente. Deste feita, ao contrário de há pouco mais de um ano, quando a «retaliação» a um ataque com armas químicas, afinal da responsabilidade dos «rebeldes», foi o ataque à base aérea governamental de Cheyraat, desta feita o alvo previsto é a própria cidade de Damasco.
Isto é, Trump toma em mãos a obra inacabada pela Al-Qaida, que durante meia dúzia de anos bombardeou Damasco a partir de Ghuta sem atingir o objectivo de derrubar o governo legítimo da Síria. CITAÇÃO

Um frente-a-frente perigoso, irresponsável e potencialmente mortífero

Estes episódios decorrem enquanto a força aérea de Israel bombardeia território sírio de tempos a tempos, situação que está certamente na origem da actual chamada de um enviado israelita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros em Moscovo. O plano golpista original prevê um bombardeamento de Damasco com as mesmas características do que atingiu Bagdade em 2003, ou seja, em vagas sucessivas durante dias consecutivos.


Série «Os desastres da guerra», n.º 1: «Tristes presentimientos de lo que ha de acontecer». CréditosFrancisco de Goya y Lucientes (1746-1828)/Museu do Prado / cc commons
Desta feita, porém, e ainda em Março, Moscovo advertiu que não assistirá impávido aos acontecimentos. O aviso emitido então pelo chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, já foi repetido agora por vozes autorizadas do Kremlin.
Entretanto, Trump contactou Macron – o mesmo que se confessou tão irritado com a transferência da embaixada norte-americana em Israel para Jerusalém – mas ambos estão de acordo com a versão oficial do «ataque sírio com armas químicas» e, portanto, sobre a retaliação3. A posição do Reino Unido sobre estas matérias é mais do que conhecida.
O mundo «civilizado» continua a esticar a corda. Passou da fase da expulsão de diplomatas à iminência da guerra em armas para assassinar um presidente e mudar o regime de um país, tal como no Iraque e na Líbia. Mais uma agressão contra o direito internacional que, porém, coloca agora frente-a-frente as duas principais potências militares mundiais, no limite os dois blocos da bipolaridade planetária mais letal e irresponsável de sempre.
  • 1.Nome pelo qual é conhecido, em Nova Iorque, o edifício da Organização das Nações Unidas (ONU).
  • 2.Três moções serão apresentadas na sessão da próxima quinta-feira: uma pelos EUA e duas pela Rússia. A moção americana e uma das moções russas opõem-se e serão, tudo indica, reciprocamente vetadas. Porém, a Rússia vai apresentar uma segunda moção que pode ser subscrita por qualquer país «desejoso de estabelecer a verdade»: «Russia also asked the council to vote on a second new draft resolution on Tuesday that would specifically support sending investigators from the global chemical weapons watchdog to the site of an alleged deadly attack last Saturday. “US, UK and France can prove they want to establish truth by supporting this move,” Russia’s Deputy U.N. Ambassador Dmitry Polyanskiy posted on Twitter on Tuesday. The Organisation for the Prohibition of Chemical Weapons said on Tuesday that inspectors would travel to the Syrian rebel-held town of Douma to investigate reports of the attack that killed as many as 60 people». Ver «U.N. to vote three times on Syria as U.S., Russia duel», Reuters, 10 de Abril de 2018.
  • 3.A possibilidade de serem disparados mísseis de cruzeiro a partir de vasos de guerra franceses acaba de causar um momento de tensão entre militares russos e franceses. Ver «Amid Syria tensions, Russian jet flies low over French warship», Euronews, 10 de Abril de 2018.

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10
Abr18

«Direito à mobilidade não pode ser violado»

António Garrochinho




O PCP denuncia o comportamento «inadequado» das companhias aéreas, que motivou o desespero dos passageiros
O PCP denuncia o comportamento «inadequado» das companhias aéreas, que motivou o desespero dos passageirosCréditos/ Rui Aguiar

Em causa estão situações «inadmissíveis» verificadas no último fim-de-semana por parte das duas companhias que operam regularmente para a Região Autónoma da Madeira.
Centenas de passageiros, designadamente famílias com menores, jovens estudantes e professores, entre outros, ficaram retidos no aeroporto de Lisboa. «Face à solicitação de informações, quer sobre os motivos, quer sobre as soluções a propor, as respostas dos representantes das empresas eram vagas, pouco esclarecedoras, contraditórias e irregulares, na medida em que mudavam no decorrer do tempo e com os diferentes clientes», diz o PCP, lamentando «todo este aparato» gerador de «preocupação e até desespero» dos passageiros.
Uma das soluções propostas era a de remarcação do voo, «processo que implicaria sujeitar-se às próximas vagas, na quinta-feira seguinte ao fim do dia e, à medida que o tempo passava, a possibilidade de regresso ia passando para os dias seguintes, tomando o fim-de-semana seguinte, inclusivamente, o que implicaria para centenas de pessoas a falta aos respectivos serviços ou escolas, durante quatro, cinco ou seis dias, com todas as repercussões pessoais, laborais e socio-económicas destas "soluções"».
A deputada comunista Sílvia Vasconcelos defende que o direito à mobilidade dos madeirenses e porto-santenses «não pode ser violado», salientando que é «urgente encontrar soluções articuladas e conjuntas para que estas situações não se repitam, entre companhias aéreas, Governo Regional e Governo da República».
No caso da TAP, acrescenta, será necessário empreender todas as diligências possíveis e necessárias para que, no caso da TAP, a «prestação de serviço verdadeiramente público seja assegurada». 
No caso das companhias privadas, o PCP exige que a legislação em vigor «não seja deturpada nem ignorada em detrimento dos direitos dos passageiros».

A região devia estar salvaguardada

No domingo, 8 de Abril, o Governo Regional da Madeira, manifestou directamente o seu desagrado às companhias aéreas TAP e Easyjet pelo «cancelamento sucessivo» de voos, sublinhando que o povo da Madeira «tem sido muito prejudicado».
Além da «insatisfação», o vice-presidente, Pedro Calado, admitiu que a região deveria estar salvaguardada quanto ao cancelamento de voos por motivos operacionais, sobretudo no caso da TAP, que «ainda tem a maioria de capitais públicos».
 www.abrilabril.pt
10
Abr18

Nós Pagamos eles Engordam

António Garrochinho


 Bendita a Banca Privada  !
De acordo com os dados divulgados esta terça-feira pela Autoridade Bancária Europeia (EBA), 4.597 banqueiros embolsaram mais de um milhão de euros em 2016
 A banca de investimento é responsável por mais de metade destes milionários. 

Londres concentra mais de 75% do total de banqueiros milionários, uma vez que a capital britânica é, por larga margem, o maior centro financeiro do Velho Continente. 
A EBA revela que a maioria dos banqueiros milionários arrecadou entre um e dois milhões de euros, mais de 500 ganharam mais de dois milhões e cerca de uma dúzia recebeu pelo menos 13 milhões de euros. 

Um executivo na área de gestão de activos liderou a tabela, embolsando um total de mais de 33 milhões de euros, incluindo um bónus de 30 milhões. 

Em Portugal, segundo a EBA, foram oito os banqueiros a ganharem acima de um milhão de euros em 2016 .
E são estes que dizem que o salário mínimo em Portugal é excessivo !



foicebook.blogspot.pt
10
Abr18

«Façam um Mundo melhor. Ouviram? Não me obriguem a voltar cá» - Mário Sacramento, antes de morrer nas vésperas do III Congresso Democrático de Aveiro

António Garrochinho



45 anos III Congresso Oposicao Democratica s4










O salão nobre da antiga Capitania de Aveiro, hoje Assembleia Municipal, estava repleto de pessoas para escutarem antigos dirigentes do III Congresso da Oposição Democrática, de 1973, e a responsável da URAP, organização que promoveu a sessão comemorativa.

Evocar aquele momento singular do tempo da ditadura que se destacou pela unidade das forças democráticas, preservar a memória e perspectivar o futuro foram objectivos comuns aos oradores da sessão que decorreu dia 7 de Abril, na cidade de Aveiro.

Para a coordenadora da URAP, Marília Villaverde Cabral, no III Congresso "de que poderemos tirar muitos ensinamentos, destaca-se vivamente a sua grande dimensão unitária. Em unidade se lutou contra o fascismo, em unidade se lutou contra a guerra colonial, em unidade se lutou pela liberdade".

No mesmo sentido, Vítor Dias, da Comissão Nacional do Congresso, referiu que "a 45 anos de distância, merece em especial ser recordada, valorizada e homenageada a exemplar e fraterna unidade dos principais sectores e correntes políticas democráticas, com destaque para comunistas, socialistas, católicos progressistas, democratas independentes e algumas personalidades ainda ligadas ao republicanismo histórico afirmada no III Congresso e depois coerentemente prolongada na combativa intervenção na farsa eleitoral de Outubro de 1973".

45 anos III Congresso Oposicao Democratica s3Vítor Dias lembrou a figura de Mário Sacramento, "grande obreiro" dos dois congressos anteriores, "grande personalidade da cultura e intelectualidade portuguesas, um humanista exemplar", para acrescentar que "o III Congresso foi tributário dos I e II Congressos Republicanos de 1957 e 1968, realizados com as características possíveis em concretas e anteriores conjunturas políticas".

O orador lembrou o momento político que se vivia em Portugal à luz da falsa liberalização lançada por Marcelo Caetano, que apesar de mudar o nome aos principais órgão repressivos, mantinha a sua natureza fascista, "a que se somava o cada vez mais evidente atoleiro da guerra colonial em três frentes africanas", e as eleições legislativas marcadas para Outubro desse mesmo ano.

"É justo referir que o III Congresso se debruçou sobre um amplíssimo leque de problemas e sectores da vida nacional na base de centenas de teses ou comunicações, muitas delas colectivas (incluindo uma dos presos políticos em Caxias) e muitas delas - crucial novidade – elaboradas e apresentadas por grupos de trabalhadores, e contou com uma larga, generosa e entusiástica participação da juventude, uma e outra coisa inseparáveis do ascenso das lutas democráticas, populares, de trabalhadores e estudantes que se vinham registando desde 1969 (...) que, como está hoje testemunhado e comprovado pelos próprios, viria a exercer uma importante influência na formação da consciência democrática dos ´capitães de Abril´", disse Vítor Dias.

45 anos III Congresso Oposicao Democratica s2Depois de afirmar que esta cerimónia não se deve a um qualquer saudosismo, Vítor Dias garantiu "que a maioria dos que aqui viemos e aqui estivemos de 4 a 8 de Abril de há 45 anos pretende honrar a memória de um marco maior da resistência antifascista e de um momento muito importante nas suas vidas mas são cidadãos e cidadãs que tiveram a felicidade de fazer, viver e construir a revolução de Abril".

"Com os seus conflitos e asperezas é certo, mas também e sobretudo com os seus tempos exaltantes e incomparáveis de generosidade individual e colectiva, de ânsia de justiça e progresso social, de fim da guerra e de conquista da paz e da liberdade de outros povos, de elevados padrões éticos de desinteresse pessoal, fraternidade, honestidade e alto sentido de defesa e prioridade ao interesse público e às aspirações populares", sublinhou.

45 anos III Congresso Oposicao Democratica s5Jorge Sarabando, que pertenceu à Comissão Executiva do II Congresso, dirigiu a sessão, que foi organizada pelo núcleo da URAP de Aveiro e contou com a participação do presidente da Assembleia Municipal de Aveiro, Luís Souto Miranda, e o presidente da Junta de Freguesia de Vera Cruz e Glória, Fernando Tavares Marques.

Sarabando evocou Mário de Sacramento e realçou, na sua intervenção, a importância do congresso na luta contra o fascismo e as suas repercussões. Intervieram também os aveirenses, membros da Comissão Executiva do III Congresso, António Neto Brandão, António Regala e Flávio Sardo.

Neto Brandão considerou que o êxito do III Congresso se deveu "ao espirito unitário e às mais de 200 teses diversificadas apresentadas" e que os presentes queriam a construção de uma sociedade livre e democrática ao invés de benefícios ou carreirismo político. Lembrou os democratas Mário de Sacramento e Álvaro Seixas Neves e a machadada que o governo fascista levou que abriu o caminho para o 25 de Abril. Foi "um marco histórico" na história contemporânea portuguesa, garantiu.

António Regala, por seu lado, lembrou que o congresso de 1973 só foi autorizado por ser ano de eleições "forjadas", e como a oposição aproveitou a ocasião para denunciar o aumento do custo de vida, o custo e a injustiça das guerras coloniais e a política de monopólios. Recordou a proibição da romagem ao túmulo de Mário Sacramento, que a organização resolveu manter, e a carga policial bárbara que se lhe seguiu. "Caiu a máscara", disse.

"Vivia-se um tempo em que a imaginação e a inteligência se começavam a sobrepor ao "cinzentismo" do Estado e à brutalidade", lembrou Regala, apontado vários exemplos. Um deles foi como o grupo de teatro CETA representou textos de Bertolt Brecht, enviando o pedido de autorização ao Governo Civil com o nome do autor Eugen Friedrich. A peça foi autorizada. Na sua profunda ignorância, não sabiam que o nome completo do autor alemão era Eugen Bertolt Friedrich Brecht!

Flávio Sardo fez uma resenha dos congressos republicanos de 1957 e 1969 e lamentou a desunião da oposição nessa ocasião para sublinhar que o de 1973 foi "um exemplo de unidade democrática". O III Congresso aconteceu em moldes diferentes dos anteriores e viu a questão colonial ser discutida, afirmou. Falou ainda da selvática repressão a congressistas, jornalistas e transeuntes. Lembrou que no pilar do Programa do MFA consta três questões tratadas no congresso, como a formação de um estado democrático, a restauração da democracia e o fim da guerra colonial.
Sardo terminou citando o médico e democrata Mário Sacramento: "um democrata não morre, quando sucumbe transmite o facho e perdura nele".

Coube a Marília Villaverde Cabral terminar a sessão evocativa do III Congresso da Oposição Democrática. Falou do congresso de 1973, descreveu o trabalho que a URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses realiza e demorou-se na análise da situação política nacional e internacional na actualidade.

"Hoje, embora numa realidade diferente, precisamos muito da unidade de todos os democratas para que não esmoreça a consciência antifascista perante os enormes perigos com que o mundo está confrontado", disse, acrescentando que "vivemos uma situação internacional marcada por uma grande instabilidade e incerteza, com a acumulação de tensões e perigos de guerra em várias regiões do Mundo".

Após dar vários exemplos de países europeus onde a extrema-direita ganha posições, falou do perigo dos partidos nacionalistas e do populismo para referir que "com diferenças e até contradições entre si, estas forças aproveitam-se do desgaste de partidos que têm estado no poder, nomeadamente sociais-democratas, que não resolveram os graves problemas dos seus países, antes os agravaram com o crescimento do desemprego e da pobreza, criando na maioria dos jovens a ideia de um futuro sem perspectivas e sem esperança".

A coordenadora da URAP lembrou ainda a luta pela democracia de alguns países da América Latina e o golpe de Estado que está a acontecer perante os nossos olhos no Brasil com a prisão do ex-presidente Lula da Silva.
"Portugal, nos seus quase 900 anos de história, precisa da unidade dos democratas e patriotas para defender a sua soberania e afirmar na Europa e no Mundo uma política de paz e cooperação, na qual se destaca o respeito pela Carta das Nações Unidas", asseverou.

"Tal como os membros dirigentes do III Congresso da Oposição Democrática, que aqui homenageamos, e que com coragem e determinação enfrentaram o fascismo, também nós hoje, em unidade, defenderemos a Liberdade e a Democracia conquistada e aprofundada pela Revolução de Abril", disse a concluir.

*
Museu da Cidade, em Aveiro, acolhe exposição sobre III Congresso da Oposição Democrática

45 anos III Congresso Oposicao Democratica expo s1No âmbito das comemorações dos "45 aniversário do III Congresso da Oposição Democrática" foi inaugurada dia 7 de Abril, e estará patente até 4 de Maio, no Museu da Cidade, em Aveiro, uma exposição fotográfica sobre o congresso.

Na inauguração estiveram presentes, entre outros, o presidente da Câmara Municipal de Aveiro, José Ribau Esteves, e os participantes da sessão evocativa do III Congresso – cidadãos aveirenses e democratas da zona de Lisboa e margem sul do Tejo que se deslocaram a Aveiro para o efeito.

Após a visita à exposição, a URAP, organizadora das cerimónias das comemorações do III Congresso, entregou uma placa evocativa aos membros da Comissão Executiva presentes e a familiares dos já desaparecidos.

Foram agraciados os seguintes dirigentes:

Álvaro Seiça Neves (Advogado)
António Neto Brandão (Advogado)
António Pinho Regala (Estudante)
Carlos Candal (Advogado)
Flávio Sardo (Advogado)
João Sarabando (Publicista)
Joaquim da Silveira (Advogado)
Manuel Andrade (Advogado)
Mário Bastos Rodrigues (Estudante)



10
Abr18

Uma galeria de horrores muito útil aos donos disto tudo

António Garrochinho



As coisas são como são: em tempos que já lá vão os senhores do capital investiam em igrejas para que os sujeitados à sua exploração pensassem em pecados transcendentais e se distraíssem da injustiça da sua condição. Por isso se veio a qualificar a religião como o ópio do povo.
O século XX assustou - e de que maneira! - as sucessivas gerações de proprietários, que constataram os perigos de o poder virar para as mãos dos que dele pretenderiam sempre apartar. Criaram a ilusão consumista, que deu às clientelas dos hipermercados e dos centros comerciais  a falsa perceção de acederem a tudo quanto desejassem conquanto se vissem de bolsos suficientemente recheados. Por isso funcionaram colateralmente outras quimeras como as dos jackpots nos Jogos da Santa Casa ou os créditos «fáceis», depressa transformados em pesadelos sem fim à vista.
Não chegaram esses soporíferos para dissociar completamente os povos do desejo de se libertarem das grilhetas de um sistema, que os foi acossando com as ameaças do desemprego, da precariedade, da deslocalização ou da robotização, e os quis convencer individualmente da progressiva confirmação da regra «cada um por si e o sistema (capitalista) contra quase todos». Sem disporem de quaisquer paliativos para uma degola a que se verão submetidos.
Em muitos países do Ocidente - sobretudo a partir do último quartel do século passado - surgiu uma ferramenta poderosa a rivalizar com as anteriores: o futebol. O tempo dedicado pelas televisões a um fenómeno de massas, que é sobretudo um caso de outras «massas» (financeiras, entenda-se!) é uma obscenidade para quem se sente distanciado do tema e não vê qualquer interesse que uns quantos comentadeiros passem horas a analisar um lance, que deveria ter sido assim e foi assado, ou as tricas palacianas, que parecem apenas dizer respeito aos principais clubes, ignorando todos os demais. Não é a política de desporto, que discutem, mas uma forma de politiquice destinada a distrair os espectadores dos seus problemas reais, ocupando-lhes a mente com quanto os possa manter num estado de passiva estupidificação.
Em declaração de interesses tenho a confessar, que nunca fui sportinguista, nunca tendo sentido qualquer estado de alma em particular pelo clube de Alvalade. Mas quando, muito pela rama, vou-me apercebendo que existe uma disputa tendo de um lado Bruno de Carvalho e do outro Jaime Marta Soares, fico esclarecido. Este tipo de  narcótico mediático não tem deuses assexuados como a religião católica, ou ídolos coloridos ao jeito dos hinduístas, mas conta com icónicos protagonistas, que só podem pertencer a uma sinistra galeria de horrores.
10
Abr18

De Skripal a ataque químico: Qual será a próxima acusação?

António Garrochinho


por Paul Craig Roberts
Quadro de Jean-Baptitste Oudry, 1686-1755, óleo sobre tela.
























Einstein disse que a definição de insanidade é continuar a fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes. Não será isto o que o governo russo está a fazer quando continua a responder a falsas acusações e espera que os factos importem para alguma coisa?

Tão logo a orquestração britânica do "envenenamento de Skripal" foi exposta como parte do plano em curso para demonizar a Rússia, é encenado o evento falsa bandeira seguinte. Mais uma vez a Síria é acusada de um ataque químico contra civis. Como o exército sírio está a combater com êxito contra os mercenários de Washington eufemisticamente chamados "rebeldes" (até pelos media russos), a acusação de um ataque químico contra civis não faz sentido. É bem sabido que os "Capacetes brancos" são uma organização propagandística de Washington cuja missão é promover falsas notícias acerca de eventos encenados.

No entanto, mais uma vez os russos morderam o isco. O general Yury Yevtushenko disse que assim que Douma for libertada a Rússia enviará especialistas para colectar dados a fim de mostrar que a acusação é falsa.

Como se Washington se importasse com isso. Washington já declarou que a Rússia é responsável, não importa quem o tenha feito.

Enquanto a Rússia se mantiver a responder a acusações falsas, a estratégia de Washington de manter a Rússia na defensiva a responder a acusações continuará a funcionar. 


  • Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • 10
    Abr18

    Aterro sanitário do Sotavento lança há duas semanas águas sujas na bacia do Guadiana

    António Garrochinho


    O aterro sanitário do sotavento algarvio, na serra do Caldeirão, está a lançar os lixiviados (líquido com grande carga poluente proveniente da biodegradação dos resíduos depositados) directamente na ribeira do Vascão. A água escura corre pela montanha abaixo, há pelo menos duas semanas, em direcção ao rio Guadiana. “Estamos perante um crime ambiental”, denuncia o presidente da junta de freguesia de Salir, Deodato João: “Basta olhar para a cor da água para se perceber o que se está aqui passar — contaminação das linhas de água”, observa. As queixas não são inéditas — no Verão passado foi o incêndio que intoxicou, com gases e maus cheiros, o ar.
    Na origem desta última situação poderão estar as chuvas. A pluviosidade, considerada anormal para a época, aparentemente alterou o modo de funcionamento desta infra-estrutura. Um das duas lagoas de estabilização da Estação de Tratamento das Águas Residuais (ETAR) passou a deitar os efluentes na linha de água sem passar pelos filtros. O facto de estar a chover poderia ter diluído a matéria poluente mas não foi o suficiente para camuflar o eventual crime ambiental. A administração da Algar, a empresa responsável pelo aterro, em resposta às questões do PÚBLICO, disse que “incidente no aterro da Algar resultou do excesso anormal de pluviosidade e ventos fortes que se fizeram sentir nos últimos dias”. A empresa diz ter tido conhecimento do que se estava a passar a 7 de Abril, tendo “informado de imediato” as entidades responsáveis pela fiscalização: ARH/Algarve e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).
    O Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR foi chamado a intervir, acompanhado da ARH, no sábado à tarde, tendo recolhido amostras dos lixiviados. Segundo os autos, a descarga deu-se a partir da ruptura das telas da célula, onde ocorreu um incêndio no Verão passado. Durante a noite foi construído um dique para os lixiviados e as águas pluviais, que extravasaram a zona impermeabilizada. “No dia seguinte [domingo] a cor da água era muito mais clara, completamente diferente do que se tem passado nos últimos dias”, comentou Adérito Cavaco, residente na Cortelha — a localidade que mais tem sido atingida pelos impactos negativos desta infra-estrutura.
    No dia 28 de Março, Irina Martins, outra residente, comunicou à ARH o que observara três dias antes no início da ribeira do Vascão: “A linha de água encontra-se contaminada por resíduos que tornam a água negra, contendo inclusive vestígios de espuma branca”. Na quarta-feira da semana passada, a ARH/Algarve recolheu amostras para análise mas ainda não são conhecidos os resultados.
    No sítio da Fornalha, a cerca de três quilómetros de distância do aterro, ainda era visível no fim-de-semana o lençol de água escura, com cerca de dois metros de largura, deslizando rumo ao rio Guadiana. Para se ter a uma ideia do grau de poluição, comentou Adérito Cavaco, “basta ver o que acontece no Verão: desaparece a água e as pedras da ribeira ficam cobertas de detritos negros”.
    A ETAR que serve o aterro encontra-se avariada há cerca de seis meses. Em alternativa, a empresa concessionária do aterro passou a fazer o transporte dos lixiviados em camiões-cisterna para as ETAR na zona litoral, através de um acordo com a empresa Águas do Algarve. Mas mesmo quando a estação de tratamento dos efluentes se encontrava operacional, de quando em vez surgiam reclamações pelo mau funcionamento do aterro. “Fecham os olhos ao que se passa na serra”, lamenta o presidente da junta de Freguesia, acrescentando: “Trata-se de uma situação crónica”.
    Desde o Verão passado, após um incêndio ocorrido numa das células do aterro — que lançou para a atmosfera maus cheiros e gases tóxicos, durante mais de duas semanas — as críticas subiram de tom. A Assembleia Municipal de Loulé fez várias tentativas, sem êxito, para saber o que se passa nesta infra-estrutura que recebe, na serra, metade do lixo que se produz no Algarve. A outra parte é tratada no aterro do Barlavento (Portimão). O deputado municipal Fernando Marques, socialista, solicitou à Algar que lhe fossem fornecidos os elementos que lhe permitissem “avaliar da capacidade de controlar e evitar a libertação de metano para a atmosfera”, bem como o modo e forma de tratamento dos esgotos. Decorrido quase um ano, diz o presidente da Assembleia Municipal, Adriano Pimpão, “não houve resposta”. A denúncia do “incumprimento das responsabilidades ambientais” por parte da empresa surgiu de todas as bancadas. Em virtude do último incidente foi marcado para hoje uma reunião extraordinária, na câmara de Loulé.
    Sobre a avaria na ETAR, a Algar diz que a estação encontra-se “em manutenção”, prevendo que esteja operacional no final desta semana.
    O aterro sanitário do Sotavento já esgotou a sua capacidade. Para responder às necessidades crescentes de tratar o lixo, a empresa concessionária, de maioria de capitais privados, pretende duplicar a capacidade de armazenagem com a construção de mais duas células. Com a célula que deverá estar concluída no final do ano, o aterro ficará em condições de receber 130 mil toneladas de resíduos por ano. A emissão da licença de exploração, a emitir pela CCDR/Algarve, está dependente do parecer do município. “Exigimos que seja uma entidade independente a monitorizar e a fiscalizar o funcionamento do aterro”, foi já adiantando o autarca de Loulé, reiterando as críticas feitas no âmbito da Comunidade Intermunicipal do Algarve — Amal.
    A empresa, por seu lado, diz que accionou o Plano Interno de Contingências, de acordo com as Normas de Qualidade e Ambiente, e “mobilizou de imediato todos os seus recursos” para resolver o problema com que foi confrontada.


    www.publico.pt


    10
    Abr18

    A EUROPA SE TORNARÁ NEGRA - A PROFECIA DE KHADDAFI - Europa não seria ameaçada hoje se tivesse ouvido Assad e Kadhafi

    António Garrochinho



    VÍDEO



    Este documentário mostra a História da Líbia e de como este país africano caiu numa guerra civil interminável após a intervenção ilegal da OTAN para eliminar o líder Muammar Kaddafi.




    Recordando que a política externa da Líbia se pautava por razoável independência face ao poder imperial (à semelhança da Síria); e lembrando ainda a atitude crítica da Líbia em relação à Israel. Conjugando estes fatores se compreende a intervenção bélica contra a Líbia, é uma guerra de grandes potências importadoras e exploradoras de petróleo, com passado e atual pendor colonialista, contra um país não alinhado e dotado de grandes reservas energéticas. 


    Não foi uma guerra pela defesa dos civis líbios, mas sim a favor de grandes interesses dos EUA, do Reino Unido, da França e da Holanda. Uma guerra pela apropriação do petróleo e dos importantes fundos soberanos líbios aplicados em países ocidentais. 

    Uma guerra arrasta sempre morte e sofrimento para as populações. Se a preocupação fosse salvaguardar as populações, teriam sido consideradas as reiteradas iniciativas de diálogo e negociação, intermediadas pela União Sul Africana, Rússia e de países da América Latina, aliás propostas ou aceites por Kadafi em nome do regime líbio. 

    A intervenção da Otan vem mais uma vez provar que esta organização não é mais do que o braço armado dos EUA e dos seus parceiros, na rapina da riqueza e controle dos povos. 

    Esta intervenção armada na Líbia foi ilegal e ilegítima. Assim como a atuação do chamado “Grupo de Contato da Líbia”, constituída pelos agressores, e que além de usurpar poderes que vai além do mandato que se poderá inferir da Resolução 1973: a mesma não prevê a queda do regime, nem prevê o bombardeamento de infraestruturas civis, nem a tomada de posição e apoio a uma das partes em conflito. 

    Os rebeldes não são nem mais nem menos líbios do que os apoiantes do governo de Kadafi, tornando assim o apoio militar, político e financeiro dado aos rebeldes uma intromissão ignóbil e criminosa em questões que só ao povo líbio cabe resolver, nomeadamente designar os seus legítimos representantes. 


    A agressão dos EUA/Otan/UE à Líbia, além de ser o principal obstáculo à paz neste país, é um ataque ao Direito Internacional. É mais uma grosseira agressão aos povos que seguem uma via de autodeterminação e buscam melhores condições de vida.
     profeinde.blogspot.pt



    Europa não seria ameaçada hoje se tivesse ouvido Assad e Kadhafi


    Os dois líderes avisavam que o terrorismo ascenderia na Europa se o Ocidente tentasse desestabilizar os dois países, mas ninguém escutou.


    Aparentemente, Muammar Kadhafi, Bashar Assad e outros que partilharam as suas preocupações não podiam predizer ataques específicos, mas compreenderam tendências regionais e as suas implicações.
    Alguns meses antes da sua morte, o coronel Kadhafi, líder líbio, avisou que a Líbia unida e estável foi a única coisa que preveniu centenas de milhares de migrantes e terroristas de invadir a Europa.
    "A Líbia desempenha um papel na segurança no mar Mediterrâneo", disse Kadhafi ao canal televisivo France 24.

    Apesar disso, a França e mais alguns membros da OTAN continuaram a sua intervenção militar. O país tem permanecido mergulhado na violência desde aquele tempo. Entre os acontecimentos mais recentes na Líbia vale citar a consolidação dos terroristas do Daesh no país.
    Em 2013, quando os líderes ocidentais ponderavam sobre a ideia de enviar armas aos rebeldes sírios, o presidente sírio, Bashar Assad, disse que este roteiro é muito perigoso. Na sua opinião, o aceso às armas adicionais não somente fortalecerá terroristas na Síria, mas também levará às "exportações diretas do terrorismo para a Europa".
    "Se os europeus forneceram armas, o quintal da Europa será cheio de terroristas e a Europa pagará o custo por isso", afirmou.

    No início de 2015, Ahmed Kadhafi al-Dam, primo de Kadhafi e o ex-oficial da inteligência do país, predicou que em um ou dois anos um atentado comparável com ataques de 11 de setembro nos EUA terá lugar na Europa.
    Duas explosões atingiram nesta terça-feira (22) às 08h00 (horário local) o aeroporto internacional de Bruxelas.
    As autoridades consideram que um dos engenhos explosivos foi acionado por um homem-bomba. A terceira explosão ocorreu em um trem de metrô na estação de Maelbeek.
    Em resultado, morreram mais de 30 pessoas, mais de 170 ficaram feridas. O primeiro-ministro belga qualificou as explosões como atentados terroristas. A autoria dos atentados foi reivindicada pelo grupo terrorista Daesh (Estado Islâmico).
    Mais cedo, em novembro de 2015, os atentados terroristas tiveram lugar em Paris e resultaram na morte de 130 pessoas e em mais de 360 feridas. A responsabilidade pelo ataque também foi assumida pelo Daesh.

    br.sputniknews.com


    10
    Abr18

    Parideira

    António Garrochinho



    Parteiras tradicionais do Amapá. 
    Chegaram correndo de carroça na casa de Dona Francisca, a melhor parteira da região. Uma moça sem nome nem sobrenome tinha chegado na cidade e já estava em trabalho de parto, mas a criança custava a nascer, já tinham ido outras duas parteiras tentar resolver o caso, mas era de difícil solução.
     
    Dona Francisca arregaçou as mangas, pegou a sua bolsa cheia de chás e ervas quase mágicas e foi a cavalo até a cidade, porque até mesmo mulheres sem nome e sobrenome precisam de ajuda na hora do parto, e também ninguém aguenta os gritos da mãe no nascimento. Aliás não há maior alívio do que o choro do bebê. Dona Francisca já tinha visto de tudo, mas sempre sabia que tinha mais algo para ver.
    O homem que levava Dona Francisca suava, todo mundo tinha medo da hora de nascer. Chegavam na boca da noite, a cidade repontava lá em baixo, uma meia dúzia de casas com umas dez famílias, um mercado e, claro, uma igreja. Dona Francisca, com os cabelos brancos amarrados fortemente na cabeça desceu e adentrou numa casa que ficava nos fundos da igreja e que quando fosse muito necessário ajudava quem estava com necessidades. Porque na Vila ficava feio gente indulgente.
    Entrou na casa, já era velha conhecida, encontrou a mulher chorando aos berros e quase sem força. Aproximou-se e colocou a mão na sua testa, estava com febre, mandou ferver mais água, amassou algumas plantas mágicas e começou a rezar enquanto se colocava perto do canal do parto. Mandou a mulher fazer força e segurar-se firme na mão de uma freira que estava ao seu lado, disse para colocar o queixo no peito e não gritar tanto porque dai perdia as forças.
    Decidiu colocar a mão lá dentro para ver como estava a cabeça do bebê, colocou sentiu o canal aberto, mas de cabeça não sentia nada, sentia uma coisa pontuda. Será que isso é obra de coisa ruim? Pensou. Mas não ia levantar a questão tão perto da igreja, porque se não iam deixar a mulher de qualquer jeito em qualquer lugar, ninguém queria filhos desse jeito.
    Dali a pouco queria tentar ajudar a puxar a criança, mas quando colocava a mão lá dentro sentiu algo redondo, começou a arregalar os olhos. Dona Francisca estava achando aquilo tudo muito estranho. E assim passou a noite, Dona Francisca tentando puxar, empurrando a barriga, tentando fazer nascer aquela cria estranha.
    Quando repontou o dia a mulher sem nome nem sobrenome desmaiou. E Dona Francisca já não sabia o que fazer. Ela perdeu as forças, Dona Francisca sabia que já estava partindo. A mulher relaxou e num último momento ela tentou puxar o rebento. Enquanto isso todos saíram da sala e a freira foi chamar o padre para terminar logo com tudo aquilo. De repente que susto tomou. Foi quando já não tinha mais esperança.
    Começaram a nascer letras e mais letras, palavras, frases e textos e tudo que se imaginava. Dona Francisca nem sabia ler. Começaram a se derramar no chão como criação poemas e textos, saiam com sangue, liquido amniótico e placenta. Nasciam e gritavam o que queriam dizer, e caiam pulsando com palavras. Dona Francisca ficou apavorada e se encostou na porta para não deixar ninguém entrar, era assustador e belo o nascimento.
    Quando terminou de nascer e ficaram todas no chão a mulher acordou, suada e cansada. E pediu para Dona Francisca recolher todas aquelas palavras e fez com a mão que não tivesse medo, estava tudo certo, mas pediu que mantivesse segredo. Dona Francisca colocou na bolsa da mulher as letras, palavras, poemas e textos. Enquanto a mulher se virava para descansar.
    De repente chegou o padre, pronto para benzer e a mulher enterrar ela e o bebê que não quis nascer. Dona Francisca avisou que a moça estava bem e que não era bebê, era uma outra doença que não sabia reconhecer. Mas que a mulher parecia estar bem e precisava descansar, olhava de canto para a sacola que não parava de se mexer. Estava lá o bendito bebê.

    É a sina dos poetas, parirem e quase morrerem para deixar escrita a dor de nascer.
      
    Parteiras tradicionais do Amapá. 




    balsa10.blogspot.pt
    10
    Abr18

    PORTUGAL, ONDE TODOS OS DIAS SÃO IGUAIS AO PIOR E AFUNDADOS NO DESESPERO

    António Garrochinho


     

    Hoje é sábado, amanhã é domingo. Um lugar em que todos os dias são iguais, afundados no desespero. Na venda do Monturjão entram logo cedo os que precisam de comprar fiado. Ficam a dever ao Isaías… “por enquanto e e como der”. A fome não é solução para quem deve e tem de comer todos os dias “nem que seja uma côdea”, diz Isaías, o dono da venda, com a sua habitual bonomia e amizade por muitos dos velhos que o viram nascer e crescer. E lá vai fiando ao “ti” Manel, à “ti” Engrácia, à velhota Pestes e ao Enforcado. Estes dois últimos os muito mais velhos lá na localidade. Arrastam-se. “A velhota Pestes…” (assim alcunhada por ser má-língua e causar às vezes desaforos, anda curvada de modo impressionante, quase de gatas) … já nem tem família. É a última da família, está quase com 100 anos”. Esclarece Isaías. “Qual 100 anos, se tiver 90 já é demais!” Contrapõe o Enforcado. “Ela anda quasi a ter com a cabeça no chão por cauda do trabalho no campo, pela monda e por essas e outras. Muito trabalhinho, para agora nada ter a não ser fome e miséria.” Remata. E vai. Todos vão. Isaías fica a vê-los enquanto pendura uns tachos de alumínio no expositor que construiu – tachos unidos por uma corda de sisal e pendurados num prego alojado na parede.
     
    “O Enforcado, porque tem aquela alcunha?” pergunto-lhe. “Ah, não sabe? Tá bem de ver. Porque se enforcou além numa oliveira, não longe daqui, nas Cumeirinhas.” Responde Isaías, e completa. “Foi no tempo desse Cavaco Silva em primeiro-ministro, que nos fez a vida negra. O homem entrou em desespero e tentou suicidar-se. Salvou-o um filho que já morreu. Sim senhor.”
     
    Finalmente os tachos ficam no prego (expositor) nos modos que Isaías queria. Fê-lo com esforço. Também já não está nada novo. Uns 70 anos com mais de 10 de imigração em França. O que lhe deu algum dinheiro para “montar a venda – a loja mais moderna em Monturjão”, como diz, vaidoso. Continua na fala: “Esse Cavaco Silva também foi um bom malandro em primeiro-ministro. Agora ainda é mais sabido. Os da raça dele enriqueceram todos. Fartou-se de roubar, o magano. E fez-nos sofrer até mais não. Houve fome nesses tempos que até estalava. Muitos se suicidaram por aqui nas redondezas. O Das Silvas, o Trambolho, o Cinco Alqueires. O Janota, que veio de Lisboa para se pendurar numa oliveira que o viu nascer. E houve mais. Um malandro, esse Cavaco. Dará contas a Deus?... E agora é presidente da República. Imaginem só o desaforo. Por isso temos fome, por isso há tanta miséria. Dali dele e dos da sua laia nunca vem coisa boa. Prantam-se ali no poderio e zás! Escangalham tudo, roubam, desbaratam e levam os desesperados a pendurarem-se nas cordas. É assim. Manda quem pode.” Acaba a fala de Isaías, olhando com tristeza o vazio da paisagem disposta em frente, com uma estrada em terra e terreno a perder de vista com oliveiras, sob um céu cinzento chumbo. Muitas oliveiras para os Enforcados.
     
    Monturjão, uma paisagem qualquer de Portugal, no sul. Portugueses, na miséria. À babuja de côdeas, quando há. E tantos cavacos a estragarem o miolo do pão, a substancia. Há fome? Há miséria? Há suicídios? Pudera. Porque há cavacos.


    paginalusofona.blogspot.pt
    10
    Abr18

    Veja como alguns criadores tratam cães reprodutores cujos filhotes são vendidos em pet shops

    António Garrochinho


    Quando vemos o animal no pet shop dá logo vontade de te-lo. Mas o que muitas pessoas nem imaginam é o que tem por trás de uma “fábrica de filhotes”....

    Casal de pit bulls cruzando. A fêmea é presa em um suporte improvisado e forçada a aceitar a cópula.
    Quando vemos o animal no pet shop dá logo vontade de te-lo. Mas o que muitas pessoas nem imaginam é o que tem por trás de uma “fábrica de filhotes”. A maioria dos amantes de defensores de cães já sabem das condições horríveis que as criações não-regulamentadas mantém seus reprodutores e filhotes. Mas, geralmente, as pessoas não fazem ideia dos absurdos.
    Geralmente, não existe nenhum descanso para as fêmeas, elas cruzam e engravidam durante praticamente todos os cios. Tanto fêmeas quanto machos reprodutores são confinados em canis sem qualquer socialização com humanos e muitas vezes sem cuidados com a saúde, limitando-se ao direito de ter ração, água e suplementos vitamínicos para que não atrapalhe o ciclo reprodutivo. Além disso, se quer controlam os desvios comportamentais. Por exemplo: os Rottweilers não são cães agressivos. Mas, por um desvio genético, pode nascer um cão agressivo. Um criador inexperiente pode cruzar este cão que está fora do padrão comportamental da raça e gerar filhotes super agressivos, dando origem a uma cadeia de Rottweilers agressivos: o que está longe de ser o padrão da raça.

    Um dos modelos de suporte para acasalamento, onde a fêmea fica presa. Ao que parece isso é bastante comum entre os criadores e existem lojas especializadas na construção deste suporte 
    A maioria dos pet shops que comercializam cães, os obtém através destas “fabricas de filhotes”, que resultam em animais sem qualquer cuidado de criação. Os problemas mais comuns são as reações neurológicas por serem animais que nunca conviveram com humanos e muito menos tiveram contato com a mãe. O recomendado é que um filhote fique com a mãe até 70 dias após o nascimento, mas tais criadores nunca permitem este contato por tanto tempo. Ainda falando de saúde, os cães vindos dos criadores de fundo de quintal, costumam desenvolver displasia de quadril, aquela doença em que o cão não consegue mover corretamente o quadril e pode desenvolver, com o tempo, paralisia nas patas traseiras. Essa doença é genética e se um cão sofre do problema ele nunca deve ser cruzado pois os filhotes podem nascer com a doença. Mas não é isso que acontece!
    A forma como estes animais vem ao mundo é assustadora. Para reprodução, a fêmea é presa em um suporte com correias apertando seu corpo para que ela aceite (querendo ou não) que o macho a fecunde. Um funcionário fica ali, pressionando para que a cópula aconteça e quando a fêmea fica arredia (as fêmeas às vezes não querem copular com um macho específico por algum motivo) ela é forçada a isso com repressão física. Com o término do processo, o casal é separado e a fêmea passa todaa gestação (se acontecer) confinada em um canil sem qualquer socialização. E depois do parto, no próximo cio, ela passará por tudo de novo!
    Um homem segurando um casal de bulldog para o acasalamento. 
    Uma coisa que muita gente nem imagina, é que quando os pet shops oferecem uma garantia de que você pode devolver o cão se o mesmo apresentar problemas, em caso de devolução o animal é, geralmente, assassinado (isso mesmo, morto), já que geralmente são devolvidos por problemas graves comportamentais ou de saúde. A melhor forma de ter tutelar cãozinho é fazendo uma adoção ou resgatando animais em situação de abandono que aguardam ansiosamente por novas vidas e novos lares.

    www.anda.jor.br
    10
    Abr18

    COM ESTE "FERMENTO DA PAZ PODRE" NEM O PÃO CRESCE, ABOLECE E A FOME CONTINUA A SER UMA AMEAÇA

    António Garrochinho



    Os fascistas, neo liberais, sociais democratas da treta, independentes e outras camuflagens de roupagem política duvidosa, tentam banalizar a palavra "fascista" porque e apesar de colocarem um sorriso(amarelo) quando conectados com políticas de exploração e confrontados com a onda gigante de corrupção e gatunice que soprou e ainda sopra (todos os dias) dos lados do ps/psd/cds, por parte de administradores, funcionários de instituições, quadros políticos em autarquias ligados aos partidos que nos têm (des)governado, a palavra fascista ainda lhes incute um determinado temor embora a vergonha seja nenhuma e tenham quase tudo incluindo a justiça para lhes proteger as costas.

    O políticamente correcto, a tolerância, a diplomacia da graxa agrada-lhes, para que a careca não seja posta a descoberto e assim continuarem a roubar e a endrominar sem muito ruído.

    Foi a isto que chegamos, o não chamar as coisas pelos seus nomes, os actos, as posições, as trapalhices.

    O fascista não rouba, nunca rouba, e até lá existe a presunção da inocência. é isto que dizem altos quadros da PGR,os advogados dos grandes gabinetes com escritório na AR.

    Trabalhadores não há, mas sim colaboradores. Até os patrões colaboram para nos atacar as algibeiras sem dó nem piedade.

    Os governos, esses, continuam com esmolas, a dar com uma mão roubando com a outra, enquanto o zé povinho acalenta esperanças de décadas e foi reduzido a mero instrumento de voto e à obediência sem a menor chance de vislumbrar o horizonte prometido há 44 anos.

    Ouvir todos os dias que é preciso ter calma. saber esperar, e que um dia vamos vencer já não cola, não poderia colar para quem apanhou em cima o fascismo de Salazar/Caetano e já lomba com mais estas dezenas de anos de promessas, mentiras e traições em cima dos costados.


    António Garrochinho

    10
    Abr18

    SEM PAPAS NA LÍNGUA

    António Garrochinho


    ESCÂNDALOS NO FUTEBOL PROFISSIONAL, O FANATISMO, O HOOLOGANISMO, A RAIVA E O ÓDIO, A VIOLÊNCIA ENTRE SIMPATIZANTES, ADEPTOS, DIRIGENTES.

    Deixei, ou melhor, quase que não faço publicações de ordem desportiva aqui na minha página. O motivo foi já há uns três anos em que um amigo da zona norte que até me veio um dia visitar aqui na aldeia se incompatibilizou comigo por uma publicação que abrangia o presidente do seu clube e até nem tinha nada a ver com questões desportivas. Depois outro dos meus amigos (algarvio) um dia também me premiou com uma resposta numa das minhas publicações em que me insultou ligando a minha opção clubista ao regime do Salazar.

    No primeiro caso o meu amigo até tem o mesmo posicionamento ideológico que o meu, no segundo caso desconheço e nem me interessa o posicionamento de quem vive atolado em ódios clubistas e se serve deles como arma de arremesso para combater as suas frustrações e ignorância.
    Sou benfiquista, e sei lidar com a preferência clubista de quem quer que seja desde que seja de maneira saudável o que comporta o humor e a sátira que não fira os adeptos, o que não traga à tona a vida das pessoas para as diminuir.
    Não estou arrependido de deixar de publicar comentários desportivos (só os faço quando me apetece e em alturas em que me sinto feliz por os fazer) pois o que vejo por aí não é sadio, desportivista, inteligente, e só serve para denegrir o futebol (o verdadeiro futebol livre de corrupção, jogos sujos, injustiças e falta de respeito para quem ama esta modalidade como eu.
    Para mim, o que é corrupto é corrupto e não me cabe a mim acabar com a "malazeira" a que o futebol e os organismos que o gerem inclusive a arbitragem chegaram

    Fico assim, sem ser por covardia, mais livre e mais preparado para conhecer o fenómeno desportivo sem me atolar nas guerras que por aqui observo.

    A CRÍTICA, A ANÁLISE, O CLUBISMO SADIO, PODEM CONVIVER SEM A NECESSIDADE DE ÓDIO E IGNORÂNCIA EM TODAS AS MODALIDADES DESPORTIVAS.

    QUEM PRATICA O ÓDIO NO DESPORTO ESTÁ TAMBÉM EMBRENHADO DE ÓDIO EM OUTRAS TEMÁTICAS DA VIDA.


    António Garrochinho
    10
    Abr18

    PÃO PÃO QUEIJO QUEIJO

    António Garrochinho



    ÁS VEZES OS NOSSOS "AMIGOS" PARA USURPAREM, CONCENTRAREM NELES, TODA A ATENÇÃO MENTEM-NOS !

    FAZEM-NO PIAMENTE, AUTO CONVENCIDOS QUE É ASSIM QUE SE EDUCA QUEM TEM POSIÇÕES DIVERGENTES EMBORA FRONTAIS E SAUDÁVEIS.

    COLOCAM NA CARA AQUELE AR DE ANJINHOS PARA DISFARÇAREM INVEJAS ESTÚPIDAS (TODA A INVEJA É DOENTIA) QUE NEM SEQUER TÊM RAZÃO DE EXISTIR, E UTILIZAREM TENDÊNCIAS MANIPULADORAS, E ARROGÂNCIA NO PENSAR.

    AGEM SABEDORES DO QUE FAZEM, E PREFEREM SER HIPÓCRITAS DO QUE RECONHECER QUE NEM SEMPRE TÊM RAZÃO.

    CLARO QUE QUANDO OS ÂNIMOS AQUECEM, NOVAMENTE SE TORNAM PIROSOS ACTORES E AUTOMATICAMENTE SE ENROSCAM TORNANDO-SE VÍTIMAS DOS ESTRAGOS QUE CAUSAM PENSANDO QUE VENCEM, E ESTUPIDAMENTE NÃO RECONHECENDO QUE PERDEM.

    VENCER A QUALQUER PREÇO SABENDO QUE NÃO É ASSIM QUE SE CONSTRÓI UMA AMIZADE E SE FORTALECEM LAÇOS DE RESPEITO, SÃO ESTES, NADA MAIS DO QUE OPORTUNISTAS QUE COMEÇAM NAS COISAS PEQUENAS PARA VINGAREM NA VIDA.

    A META É ALCANÇAREM O QUE ELES CONSIDERAM AS COISAS GRANDES, OU SEJA, TEREM ELES O QUE OUTROS NÃO TÊM, MESMO E QUASE SEMPRE POSSUÍREM, TRALHA MATERIALISTA PARA FAZER FOGO DE VISTA PAVONEANDO-SE COMO INTELIGENTES E VENCEDORES.

    O QUE ELES CONSIDERAM PEQUENO, A HUMILDADE, A SOLIDARIEDADE, A SIMPLICIDADE E A PAZ DE VIVER BEM ENTRE A SUA GENTE É TROCADO PELO CONSUMISMO DE MONTRA.


    António Garrochinho
    10
    Abr18

    COMO SE ACORDAVA ANTES DE EXISTIR DESPERTADORES !?

    António Garrochinho



    Acordar pela manhã costuma ser uma experiência traumática, mas ao menos sabemos que podemos confiar em uma longa série de dispositivos para nos ajudar nessa difícil tarefa: celulares, tablets, relógios... até o televisor pode fazer essa função, mas fomo faziam quando nem sequer existia os relógios despertadores? Lembrando que o primeiro relógio despertador da história foi inventado em 1787 e demorou muito em popularizar porque era um artefato caro e reservado a gente endinheirada.

    Como as pessoas faziam para acordar antes da existência dos despertadores?
    Antes de sua chegada, os métodos para sair da cama eram tão variados como estranhos. Há que começar asseverando uma coisa: acordar a uma hora concreta todas as manhãs é um costume próprio do mundo atual que começou a ser necessário com a revolução industrial. Antes disso não tinha muitas reuniões de trabalho para ir, ou trens e ônibus para pega. A maior parte das pessoas vivia no campo e sua jornada começava quando a luz do Sol lhes acordasse.

    Quando a luz elétrica não existia, e as velas ou o óleo eram um bem precioso e pouco recomendável para permanecerem acesos sem vigilância, deixar as janelas abertas era o melhor despertador. Contrariamente à crença popular, o canto do galo nunca serviu de muito porque os galos não cantam necessariamente quando amanhece, senão quando tem vontade. Os jumentos zim podem ser um bom indicador da hora, o problema é que eles tem costume de zurrar no ocaso. Estes eram alguns dos métodos mais efetivos para levantar a uma hora concreta:
    Beber bastante água
    Em seu livro Warpath, o historiador Stanley Vestal já constata que os Sioux simplesmente bebiam muita água antes de se deitar quando tinham de madrugar. A bexiga cheia é um excelente despertador e ademais é um que não tem botão de soneca.
    Os relógios do campanário

    VÍDEO

    As torres com relógios em suas fachadas remontam a antiga Grécia e sua função era importantíssima tendo em conta que até bem entrado no século XVIII quase ninguém tinha relógios em suas casas. Os relógios de água remontam ao Antigo Egito, mas o surgimento de relógios capazes de dar a hora mediante sinos não se generalizou até o século XII.

    O mecanismo destes relógios era simples. Geralmente constava de uma engrenagem que deixava cair um martelo sobre um sino cada hora que passava em ciclos de 12. Com o tempo, os relógios ficaram mais complicados para dar diferentes sinaladas e foram a principal maneira de acordar de muita gente desde a Idade Média.
    Despertadores humanos

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    Com a chegada da revolução industrial e os horários de turno nas fábricas, acordar começou a ser uma obrigação, e no Reino Unido foi transformado em um trabalho. Homens e mulheres conhecidos como Knocker-Uppers percorriam as ruas das principais cidades da Inglaterra e Irlanda armados com paus longos. Seu trabalho consistia literalmente em dar golpes em todas as janelas para acordar seus ocupantes. Em alguns casos também empregavam zarabatanas para disparar pedrinhas nos vidros.

    O oficio de Knocker-Upper se prolongou desde ao redor de 1800 até bem entrada a década dos 50. Atualmente seria impensável, mas serve para mostrar como é recente a necessidade de acordar a uma determinada hora. Também nos deixa a questão de até que ponto o brutal ritmo de vida de nossos dias é natural ou saudável.

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    Fonte: Interesting.

    10
    Abr18

    O carro mais longo do mundo tem uma jacuzzi e um heliporto

    António Garrochinho



    As limusines não necessariamente são sutis, mas sempre vai ter alguém por ali que olha um carro ridículo e pensa, "Como posso fazer que isto seja ainda mais absurdo?" Esse homem era Jay Ohrberg. Ainda que talvez você não reconheça seu nome, é possível que sim seus carros. É o homem responsávelpelo General Lee, o Ford Grande Torino de Starsky and Hutch e o batmóvel de vários filmes dos anos 70 e também de "Batman: O Retorno", de Tim Burton.


    O carro mais longo do mundo tem uma jacuzzi e um heliporto
    Ohrberg também é colecionador de carros. Adquiriu todo tipo de veículos, desde Herbie e DeLorean até carros réplicas de Mad Max e o Kitt da série "Knight Rider". Se tiver curiosidade, há um vídeo inteiro dedicado às coisas mais loucas que ele conseguiu:

    VÍDEO


    É um homem que ama os carros e tem uma debilidade pelo excêntrico e memorável. De modo que não é surpreendente que se perguntasse se uma limusine poderia ser mais longa. Chamou-a de Sonho Americano.

    O desenho para o Sonho Americano baseou-se nas limusines Cadilac Eldorado dos anos 70. Ohrberg começou a desenhá-la nos anos 80 e converteu seus sonhos em realidade em 1992. A limusine mede pouco mais de 30 metros e tem o recorde mundial Guinness do veículo mais longo.

    Para conseguir que esta limusine saísse à rua e funcionasse, precisou de 26 rodas, dois motores e dois motoristas -não era possível que uma pessoa desse ré em um carro de 30 metros por sua própria conta-. Se você está se perguntando como andava esta coisa, não se preocupe. Era desenhada como um ônibus articulado urbano, o que significava que era fácil dirigir.

    Para que ter uma limusine gigante se não era extravagante? Ohrberg considerou isto em seu desenho. O Sonho Americano tem basicamente tudo o que precisaria uma estrela de Hollywood. Tem uma piscina com trampolim? Sim. Um jacuzzi? Sim. Uma cama de casal de água? Pois claro. Um mini campo de golfe? Lógico. Várias repartições? Não há dúvida. Um heliporto? Por suposto. Portanto, faz sentido que precisasse tantas rodas e motores simplesmente para se mover.

    VÍDEOS


    Provavelmente você esteja pensando que esta coisa não pode ser conduzida. Realmente não há muitas histórias de pessoas tentando dirigir o Sonho Americano. Mas uma busca de imagens no Google mostra fotos do carro sendo transportado em seções. Só posso imaginar a frustração que deve ser tentar coordenar dois motoristas em qualquer superfície. Também temos que pensar em como os outros motoristas se sentiriam ao pensar que devem compartilhar o asfalto com este monstro.
    O carro mais longo do mundo tem uma jacuzzi e um heliporto
    Faz sentido que a limusine de Ohrberg ficasse em um estacionamento. Em 2014, faltavam-lhe rodas, janelas e partes de seu interior. Foi esquecida ao tempo e estava oxidando. Este vídeo mostra o grau dos danos:


    Mas não se preocupe! O Sonho Americano ainda não está morto! De acordo com Autotrader, o Autoseum de Mineola, Nova Iorque, disse que se encarregaria de resgatar a limusine. Não houve mais notícias desde então, mas muitos torcem para que seja consertada e a devolvam a sua antiga glória. Quantas outras oportunidades terá para se banhar em uma limusine?


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    10
    Abr18

    Até os barbeiros já foram tira-dentes...

    António Garrochinho













    Arquitectos e engenheiros... 
    Por este andar, "se a moda dos engenheiros a assinar projectos de arquitectura pega, um dia deste o nosso médico de família vai ser um veterinário."

    Nota de rodapé.
    Origem do nome Tiradentes.
    No século XVII, não havia no Brasil uma lei que regulamentasse a prática da Odontologia. Por isso, eram os barbeiros que costumavam fazer esse trabalho. “Os médicos não queriam colocar as mãos na boca das pessoas. Aí acabou sobrando para os barbeiros se aventurarem nesse ramo, uma vez que eles já eram conhecidos por cuidar da cabeça cortando a barba e cabelo”.

    O boticão, imagem do lado dirieto, era o instrumento usado na época para fazer extrações dentárias.


    outramargem-visor.blogspot.pt
    10
    Abr18

    10 de Abril de 1912: O paquete Titanic inicia a viagem inaugural, no porto de Southampton, no Reino Unido

    António Garrochinho


    O Titanic demorou 4 anos a ser construído e teve a viagem inaugural marcada para o meio dia em ponto do dia 10 de abril de 1912, rumo aos Estados Unidos da América.
    À hora marcada o Titanic foi arrastado ao longo do pontão do porto de Southampton, em Inglaterra, e levado para o mar.
    A bordo estavam 2208 pessoas, entre passageiros e tripulação mas apesar da opulência do transatlântico, a maior parte dos passageiros, 70%, estavam instalados em terceira classe.


    Assim que a viagem começou, houve um contratempo. A força das águas arrastou um dos navios ancorados, arrastando-o em direção ao Titanic. A colisão só não aconteceu devido à intervenção de um rebocador.


    O navio, com capacidade para três mil pessoas, tinha três classes: a primeira classe,destinada a ricos milionários; a segunda, destinada a classe média e a terceira, destinada a pessoas com poucos recursos, especialmente imigrantes.
    Na segunda classe, o convés de passeio, a sala de fumadores e a biblioteca eram as principais áreas comuns. Os hóspedes eram, em sua maioria, académicos e pequenos comerciantes.


    Muitas das figuras da elite da sociedade anglo-americana foram atraídas pelas luxuosas novidades e algumas chegaram a pagar 870 libras (mais de 75 mil euros, a preços atuais).


    Cada detalhe do Titanic era exuberante, desde a decoração das suítes da primeira classe até à varanda de treliça do restaurante principal, passando pela oferta de serviços como banhos turcos, ginásios, três bibliotecas, salão de jogos, um campo de squash e até mesmo duas orquestras que se revezavam para entreter os passageiros.


    Houve uma grande preocupação com o bem-estar dos passageiros: dos cerca de 890 membros da tripulação, mais de 500 eram empregados de mesa, cozinheiros e artistas em geral. Para além do conforto, o maior destaque do Titanic prendia-se com a majestosa Grande Escadaria, localizada entre a primeira e a segunda chaminé, com entrada pelo convés superior. Era feita de madeira, media 18 metros de altura e cinco de largura e representava todo o esplendor que o Titanic deveria reluzir.

    Fontes: TSF on line
    wikipedia (imagens)
    Ficheiro:RMS Titanic 3.jpg
    Titanic deixa Southampton, 10 de Abril de 1912


    File:Titanic gymnasium.jpg
    Ginásio do Titanic

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