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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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17
Abr18

CONSPIRAÇÕES E REVOLTAS NA AMÉRICA PORTUGUESA

António Garrochinho


No final do século XVIII, o Brasil passou por graves problemas econômicos. A cobrança de impostos pelos portugueses era absurda e o povo estava muito insatisfeito. No contexto mundial, as Treze Colônias Inglesas passaram pelo processo de Independência e na França, as idéias revolucionárias estavam a todo vapor. Não tardou para esse ideal de LIBERDADE chegar no Brasil. Muitos filhos de aristocratas estudavam na Europa e entraram em contato direto com todas essas idéias iluministas. Ao voltarem para o Brasil, se defrontaram com o clima de insatisfação dos colonos. Foi assim que deram início as primeiras revoltas anticoloniais, ou seja, nasce e se fortalece o desejo de liberdade!
As primeiras manifestações contra a Metrópole portuguesa foram: INCONFIDÊNCIA MINEIRA e CONJURAÇÃO BAIANA (REVOLTA DOS ALFAIATES).
INCONFIDÊNCIA MINEIRA
O século XVIII ficou conhecido como o "Século do Ouro", pois o Brasil era o maior produtor mundial de ouro e diamante. Isso, claro, cresceu os olhos dos colonizadores portugueses, que aumentava cada vez mais a cobrança de impostos. O principal era o quinto, ou seja, os garimpeiros teriam que dar 20% do ouro descoberto para Portugal.
Como não podemos cultivar ouro, as minas acabaram se esgotando... Mas... Portugal não estava nem aí, queria receber suas 100 arrobas de ouro anuais... Isso mesmo! Uma tonelada e meia de ouro... 1.500 quilos!!!"Não temos mais ouro!" dizia os colonos. Portugal resolveu "negociar" essa dívida, permintindo que no ano seguinte a colônia pagasse a diferença. Essa "diferença" foi se acumulando ano após ano e ganhou o nome de derrama. Os colonos tremiam ao pensar na possibilidade do governo português, de uma hora para outra querer o pagamento dessa dívida.
Em 1788, Luís Antônio Furtado de Mendonça, visconde de Barbacena, assumiu o governo de Minas Gerais e recebeu a ordem: "Receba dos colonos a derrama".
Membros da elite mineira se reuniram e chegaram a conclusão de que teriam que assassinar o governador de Minas e assumir o poder. Em outras palavras: assassinando o governante e assumindo o poder, tornariam Minas Gerais uma república independente! Todos se reuniram e parecia que as idéias se concretizariam. Marcaram a data da rebelião para fevereiro, mês que pensaram que seria a cobrança da derrama. Porém, a data foi adiada para dia 14 de março de 1789.Eis que surge um "dedo duro". JOAQUIM SILVÉRIO DOS REIS denunciou os revoltosos, na esperança de ter suas dívidas perdoadas.Denunciada a conspiração, os possíveis envolvidos foram presos para serem interrogados. Um dos principais conspiradores foi JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER, mais conhecido como TIRADENTES. Um modesto alferes que exercia também a função de dentista. O "principal" envolvido não fazia parte da elite colonial mineradora. Tiradentes resolveu assumir sozinho a iniciativa da rebelião, apresentando-se como ÚNICO líder do movimento, sendo assim um mero "bode espiatório" da aristocracia, pois retirou toda a responsabilidade dos poderosos das conspirações."Morte aos inimigos do rei!" Em 21 de abril de 1792 Tiradentes é executado no Rio de Janeiro. O carrasco colocou a corda no pescoço de Tiradentes. Após morrer enforcado, foi esquartejado e cada pedaço de seu corpo foi coberto de sal grosso para que não apodrecesse. Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, tendo sido rapidamente roubada e nunca mais localizada; os demais restos mortais foram distribuídos ao longo do caminho, nos lugares onde fizera seus discursos revolucionários. Arrasaram a casa em que morava, jogando-se sal ao terreno para que nada lá germinasse.
CONJURAÇÃO BAIANA
Passados quase dez anos da Inconfidência Mineira, surge na Bahia um novo movimento anticolonial. Entretanto, teve uma diferença crucial: foi promovida por pobres, brancos, mestiços e negros (soldados, artesãos, comerciantes e um grande número de alfaiates). Quando perceberam o alcance popular dessa manifestação, se engajaram na luta ricos e letrados.
Enquanto os colonos mineiros se rebelavam devido a cobrança exorbitante de impostos, os revoltosos baianos deram a conjuração um aspecto social mais marcante. Falavam da abolição da escravatura e queriam juntos combater a miséria, a injustiça e a desigualdade social. Perceberam a diferença?
Inspirados pelos ideiais iluministas e pela Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), distribuiam panfletos nas portas das igrejas, colavam cartazes nos muros e em lugares públicos. Um deles dizia:
"Está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade. O tempo em que todos seremos irmãos. O tempo em que todos seremos iguais."
Qual foi o resultado?
Adivinhem?
Forte repressão do governo português!!!Os líderes foram condenados, alguns à prisão, outros à morte, principalmente aqueles cuja a origem social era mais humilde. Mais de trinta participantes foram punidos.
No dia 8 de novembro de 1799, procedeu-se à execução dos condenados à pena capital, enforcados e esquartejados, na seguinte ordem: >>soldado Lucas Dantas do Amorim Torres; >>aprendiz de alfaiate Manuel Faustino dos Santos; >>soldado Luís Gonzaga das Virgens >>mestre alfaiate João de Deus Nascimento.
Luís Pires também foi condenado, entretanto fugiu e jamais foi localizado. Vários outros envolvidos foram condenados a morarem na África, em áreas longe do domínio português, o que equivalia a morte também. Mas antes de serem mandados para terras distantes, levaram 500 chicotadas em praça pública e assistiram a execução dos seus companheiros.


trilhahistorica.blogspot.pt
17
Abr18

Função pública perdeu 11,8% e quer aumentos acima da inflação

António Garrochinho

António Costa veio ontem deitar água na fervura na polémica dos aumentos salariais da função pública no próximo ano, avisando que é “extemporâneo” falar do tema “em abril de 2018”. Os sindicatos viram nestas declarações abertura para que 2019 interrompa um ciclo de nove anos de congelamento salarial, traduzido numa perda de poder de compra de quase 12%. E vão aproveitar o 1.º de Maio para pressionar e dizer que um aumento de 1,4%, em linha com a inflação, como defendeu Rui Rio, não chega.
As exigências da função pública ganharam este fim de semana um aliado político, com o líder do PSD a defender que se há dinheiro para injetar na banca também terá de haver para aumentar os funcionários públicos, pelo menos em linha com a inflação. Bloco de Esquerda e PCP têm também deixado claro que 2019 terá de marcar diferença neste capítulo e que o esforço terá de ir além do descongelamento das progressões – que ficará concluído no final do próximo ano.
Só mais à frente, quando o próximo Orçamento do Estado entrar em negociações, se saberá se e qual a fatia de recursos financeiros que o governo estará disposto a canalizar para os salários da função pública. Jerónimo de Sousa considerou “perfeitamente lógica e aceitável” a afirmação de António Costa de que esta discussão estava a ser feita “fora do tempo”, mas deixou claro ser necessário fazer essa ponderação.
Entre as estruturas sindicais da função pública não se admite outro desfecho para o processo negocial que não seja o de aumentar os salários. É que, se a inflação retirou 11,8% ao poder de compra dos trabalhadores do Estado, autarquias e regiões, em termos reais a perda é maior – a perda efetiva é 12%, tendo em conta os aumentos da ADSE e do IRS observados de 2009 a 2014, refere o economista Eugénio Rosa.
“Se não houver resposta, haverá luta”. É esta a mensagem que a Federação dos Sindicatos da Administração Pública (Fesap) irá passar no 1.º de Maio. Mas a expectativa do secretário-geral José Abraão é de que seja cumprido o caderno negocial acordado com o governo e que, nesse contexto, haja espaço para aumentos salariais. A proposta da Fesap será conhecida dentro de poucos meses. “Este governo tem de pôr cobro à degradação dos salários”, afirmou ao Dinheiro Vivo, adiantando que será proposto “um valor sério e responsável, que não se fique apenas pela inflação esperada”.
No Programa de Estabilidade estima-se para 2019 uma inflação de 1,4%. Se fosse esta a ordem de referência usada, o aumento de salários custaria cerca de 300 milhões de euros – menos do que a despesa com o descongelamento das carreiras.
“Não podemos concordar com um aumento de salários apenas em linha com inflação. Se assim fosse continuaríamos a perder poder de compra”, sublinha Helena Rodrigues, presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, lembrando que nos últimos 20 anos apenas em 2009 o aumento dos salários (de 2,9%) foi real. A Frente Comum também vai apostar no 1.º de Maio para fazer pressão nos aumentos salariais ainda em 2018. E não descarta a realização de uma grande manifestação de luta por alturas da discussão do próximo Orçamento.
“O descongelamento de carreiras chega apenas a metade dos trabalhadores da Administração Pública”, lembra José Abraão, ao mesmo tempo que avisa para o perigo de a questão dos aumentos salariais na Função Pública se tornar num arma de arremesso político e de “caça ao voto” – tendo em conta a proximidade das eleições legislativas. Ana Avoila acrescenta que a reversão dos cortes salariais (que “mais não foi do que repor o que nos foi tirado”) também visou apenas os que tinham salários acima dos 1500 euros.

www.dinheirovivo.pt

17
Abr18

Em pleno segregacionismo, uma garota negra tornou-se a «Menina dos Olhos» de homens brancos americanos?

António Garrochinho



Esta é uma daquelas histórias pouco contadas em que as confluências entre fama, etnia e dinheiro complicavam as coisas (ainda complicam) quando boa parte da cultura pessoal parece estar implícita na cor de sua pele. Sarah Rector, nascida em Oklahoma em 1902, era filha de afro-americanos descendentes longínquos da tribo Creek. Os Rector foram beneficiados pela Proclamação da Emancipação (1863) e pela Lei de Direitos Civis (1866) pela qual receberam a cidadania e lotes na região delimitada para os creeks.


Por que, em pleno segregacionismo, um garota negra se tornou a «Menina dos Olhos» de homens brancos americanos?
O povo creek, nativo americano do grupo muscógui, que primitivamente habitava os territórios onde hoje estão os estados da Geórgia e do Alabama, eram consideradas uma das 5 tribos civilizadas e foi assim que Sarah, seu pai, sua mãe e seus cinco irmãos receberam amplos hectares de terrenos em Taft, Oklahoma, no meio do processo de consagrar-se como Estado.
Por que, em pleno segregacionismo, um garota negra se tornou a «Menina dos Olhos» de homens brancos americanos?
Evidentemente que as terras oferecidas pelos organismos oficiais não eram de grande valia e inférteis para a lavoura. As melhores parcelas foram reservadas para os homens brancos e ameríndios de "sangue autêntico" que também se instalaram na região.
Por que, em pleno segregacionismo, um garota negra se tornou a «Menina dos Olhos» de homens brancos americanos?
A família Rector.
Dizem que os Rector logo se adaptaram a nova vida e viviam com relativa comodidade econômica, mas o pai de Sarah estava farto de pagar os impostos anuais por direito de propriedade das terras da pequena, algo em torno de uns 30 dólares ao ano. Aquele "brejo" com poços de águas escuras e fétidas era improdutivo, de modo que tentou se desfazer do terreno mais de uma vez, sem sorte.
Por que, em pleno segregacionismo, um garota negra se tornou a «Menina dos Olhos» de homens brancos americanos?
Foi quando alguém sugeriu que aquilo poderia não ser apenas barro e a família decidiu chamar a Standard Oil Company para que fizesse testes de viabilidade no solo. Encontraram a mina do tesouro, um tesouro negro que em fevereiro de 1911 produzia 2.500 barris de petróleo ao dia. Isso rendia em torno de 300 dólares ao dia, o equivalente hoje a 8.000 dólares. Logo Sarah ganhou, claro, o apelido da "menina negra mais rica do mundo". E nada foi mais como antes.
A tentativa de separação legal e a fama
Para começar, quiseram separá-la legalmente de seus pais. Naquela época, os índios nativos, os adultos negros e as crianças de qualquer etnia deviam ter um tutor ou guardião branco respeitado para os trâmites econômicos e administrativos.

Sarah, como menina de sangue misto, não era listada entrava em nenhuma dessas categorias, mas houve muita pressão pára que a custodia passasse para as mãos de um homem branco da região, amigo da família e muito respeitado pela comunidade.

Também os jornais começaram a criar notícias falsas sobre o caso, e publicaram infâmias sobre a família, dizendo que era uma imigrante branca injustamente sequestrada pelos Rector que fora forçada a viver na pobreza, entre farrapos, com problemas de salubridade e sem receber educação.
Por que, em pleno segregacionismo, um garota negra se tornou a «Menina dos Olhos» de homens brancos americanos?
Com o tempo, e devido a seu nível de renda, a Legislação do Estado declarou-a uma pessoa branca, coisa que lhe servia entre outras coisas a considerá-la com boa saúde (achavam que os negros tinham uma pior saúde congênita) para viajar nos vagões de primeira classe.

Mas não foram somente os políticos e mídia que focaram preocupadíssimos pelas condições de vida e pela autêntica procedência de Sarah Rector, senão que muitos homens descobriram que esta menina de 12 anos era o maior amor de suas vidas, com real interesse conjugal. Sério!

Dezenas de homens enviavam cartas, flores e outros presentes a sua casa, e ela chegou mesmo a receber propostas de casamento de diversas procedências, inclusive cartas de respeitados homens alemães que haviam escutado notícias sobre a "beleza" da garota.

A história pouco sabe dos sentimentos desta menina por aquele então, mas sim é sabido que a pressão externa acabou sendo mitigada, em parte graças à intervenção de Washington para que a família pudesse viver sua vida a sua maneira. Os Rector foram morar no Kansas e viveram uma vida confortável em uma casa com quartos para cada membro da família e inclusive compraram um automóvel.
Por que, em pleno segregacionismo, um garota negra se tornou a «Menina dos Olhos» de homens brancos americanos?
A casa dos Rector.
Posteriormente a menina terminou seus estudos no segundo grau, e quando completou 18 anos já tinha amealhado uma fortuna de mais de um milhão de dólares, que investiu na bolsa, em novas terras, uma pensão, uma panificadora e um restaurante, por onde passaram vários artistas como Count Basie e Duke Ellington.

Ela logo se casou com um homem local, chamado Kenneth Campbell, de cuja cerimônia participaram apenas o padre, seus pais, a mãe e a avó paterna do noivo. O casal teve três filhos antes de se divorciar em 1930.

O craque de 1929 e a Grande Depressão da década de 30 causaram o cataclismo em suas finanças, assim como ocorreu a tantos outros americanos, mas ela conseguiu manter uma economia folgada que lhe permitia ter uma vida social ativa que, segundo contam, incluía noites de festa e muitas multas por excesso de velocidade.
Por que, em pleno segregacionismo, um garota negra se tornou a «Menina dos Olhos» de homens brancos americanos?
Sarah Rector faleceu em 22 de julho de 1967, aos 65 anos. Seus restos mortais foram enterrados no cemitério da cidade de Taft, sua cidade natal. Já aos olhos de todos, uma mulher negra com plenos direitos (mais ou menos).



www.mdig.com.br
17
Abr18

Pacto social entre direções sindicais e governo obriga a mais uma suspensão de um pré-aviso de greve, desta vez no Metro de Lisboa!

António Garrochinho




















Quando tudo indica que  novos acordos com o PSD estão na calha e que tal implica uma maior viragem à direita por parte do  governo capitalista PS  e se deva mobilizar os trabalhadores contra tais acordos e tal ofensiva, mais um pré-aviso de greve foi suspenso! Assim sendo bem podem os trabalhadores esperar  eternamente pelas suas reivindicações...


"A greve no Metro de Lisboa, agendada para quinta-feira, foi suspensa na sequência de uma reunião com a tutela, disse hoje a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS)."

"Os pressupostos deste pré-aviso de greve, entretanto suspensa, têm a ver com a contratação de mais trabalhadores e com aumentos salariais que, segundo a FECTRANS, não acontecem desde 2009."

Não há aumentos salariais há praticamente dez anos, bem como outros direitos laborais foram roubados, pela via da Lei Laboral imposta pelo governo PSD/CDS/Tróika e que o actual governo não quer revogar, mas ainda assim os "dirigentes" sindicais acharam por bem suspender  o pré-aviso de greve, só porque a administração aceitou recebe-los para dialogar e negociar sem que nada fosse garantido.

Tal pratica sindical nefasta aos interesses dos trabalhadores de conciliação e conluio com o governo e as administrações das empresas não é novo, tem acontecido sistematicamente ao longo de décadas  com as lutas dos professores, dos enfermeiros, dos funcionalismo público administrativo, bem como praticamente em todas as outras empresas privadas, onde o exemplo da derrota imposta aos trabalhadores na Auto-Europa em Janeiro último e os despedimentos de mais de um milhar de operários na ex-Triumfh, Rincon, e em outras empresas, são um exemplo bem significativo.

Esperemos que os trabalhadores do Metro de Lisboa, bem como todos os outros aprendam e elevem a sua consciência de classe com tais práticas sindicais anti-operárias e dotem os seus sindicatos com novas direções sindicais honestas e combativas afim de melhor poderem resistir e defender seus interesses e direitos imediatos e futuros.
17
Abr18

ÉTICA OU CADASTRO?

António Garrochinho


O deputado do BE Paulino Ascenção, eleito pela Madeira, renunciou hoje ao mandato de deputado na sequência da notícia sobre duplicação de abonos nas deslocações dos parlamentares eleitos pelas regiões autónomas, pedindo desculpa pela prática incorreta.



(Oh rapazinho, toma nota: a ÉTICA fica a montante do golpe baixo. E a jusante do golpe baixo ficam o CADASTRO e a VERGONHA. Percebeste?)
aditaeobalde.blogspot.pt



Deputado do BE Paulino Ascenção renuncia ao mandato depois de caso de viagens



O deputado do BE Paulino Ascenção, eleito pela Madeira, renunciou hoje ao mandato de deputado na sequência da notícia sobre duplicação de abonos nas deslocações dos parlamentares eleitos pelas regiões autónomas, pedindo desculpa pela prática incorreta.
"Por considerar que o exercício do mandato parlamentar tem de ser pautado pelo mais absoluto rigor e por inabaláveis princípios éticos, decidi, em coerência, renunciar ao mandato de deputado na Assembleia da República. Decidi igualmente proceder à devolução da totalidade do valor do subsídio de mobilidade. Não sendo possível a sua devolução ao Estado português, este será entregue a instituições sociais da região da Madeira, círculo eleitoral pelo qual fui eleito", pode ler-se no comunicado ao qual a agência Lusa teve acesso, assinado pelo bloquista.
Em causa, a notícia avançada pelo Expresso este sábado de que existe uma duplicação de abonos para deslocações dos deputados eleitos pelas Regiões Autónomas.
"Sendo um dos deputados visados, considero, após reflexão, que esta foi uma prática incorreta. Quero, por isso, apresentar o meu pedido de desculpa", sublinha.
Paulino Ascenção é um dos sete deputados eleitos pelos círculos eleitorais da Madeira e dos Açores que, de acordo com a investigação do Expresso, são reembolsados por viagens que não pagam.
Pelo PS, estão envolvidos o líder da bancada socialista, Carlos César e os deputados Lara Martinho, João Azevedo Castro, Luís Vilhena e Carlos Pereira, enquanto pelo PSD o parlamentar Paulo Neves.
Segundo a manchete do semanário de sábado, os deputados à Assembleia da República que são das regiões autónomas dos Açores e Madeira têm direito a um subsídio de deslocação.
Para além deste subsídio, de acordo com a notícia, quando viajam, pelo menos estes sete deputados referidos pedem de volta ao Estado dinheiro que não gastaram, recorrendo ao subsídio de insularidade para residentes nas ilhas, o que dizem ser legal.

www.dn.pt
17
Abr18

Lembram-se do Filipa de Lencastre?

António Garrochinho


Apesar do título deste post, não faria sentido apresentar o Agrupamento de Escolas Filipa de Lencastre como «o caso» em questão. Isto é, a escola em que os alunos não residentes na sua área de influência recorrem a moradas falsas para aí se poderem inscrever, acabando por «expulsar» os alunos residentes para outras escolas. Na verdade, esta é não só uma prática generalizada em todo o país (sobretudo nas maiores cidades), como a sua persistência muito deve ao laxismo de sucessivos governos, que nunca se incomodaram com a diferença entre a «law in books» e a «law in action».

Não sendo novo, o problema ter-se-á contudo agravado de forma substancial nos últimos anos, sobretudo em resultado da dinâmica de crescente competição entre escolas, a que não é alheia a cultura dos «rankings». De facto, é justamente aqui que encontramos um dos principais incentivos para o acentuar de processos de segregação sócio-educativa, em termos de perfil dos alunos, e de divergência cumulativa entre estabelecimentos de ensino. Deve sublinhar-se, aliás, que ao interesse dos pais para que os filhos frequentem os estabelecimentos de ensino melhor posicionados nos «rankings» (levando-os a indicar a morada de familiares ou amigos para efeitos de matrícula), se junta da parte das escolas a vontade de poder selecionar os melhores alunos num universo mais alargado, assegurando desse modo que mantém ou melhoram a sua posição nas listas ordenadas de escolas. A expensas, evidentemente, do incumprimento da letra da lei (que sendo há muito incumprida foi, ainda por cima, flexibilizada por Nuno Crato) e dos princípios do direito ao acesso, da equidade no acesso e do fomento da igualdade de oportunidades.

São por isso excelentes as notícias que chegam do Ministério da Educação, com a publicação do despacho de matrículas para o próximo ano letivo. Mantendo o princípio da área de influência das escolas - e fazendo-o efetivamente cumprir - passa a exigir-se a demonstração de residência e de agregado familiar do aluno, assegurando-se ainda que, no que diz respeito à área de residência (ou local de trabalho do encarregado de educação), os alunos mais desfavorecidos têm prioridade. Forjar moradas passa portanto a ser mais difícil a partir de agora, graças a uma medida essencial para responder àquele que é, porventura, o desafio menos superado do nosso sistema educativo: impedir que a escola reproduza, e acentue, as desigualdades sociais de partida dos alunos.


17
Abr18

Abetarda Comum, maior ave da europa

António Garrochinho


As planícies da Península Ibérica são testemunhas de um curioso desfile de um animal.


Observe agora o estranho comportamento da Abetarda Comum, a ave mais pesada da Europa.

Sem mais delongas, vamos ao vídeo:


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tudorocha.blogspot.pt
17
Abr18

17 de Abril de 1961: Forças opositoras ao regime cubano de Fidel Castro tentam a invasão de Cuba pela Baía dos Porcos, a partir do sul dos EUA.

António Garrochinho


No dia 17 de Abril de 1961, a agência de notícias UPI divulgou ter recebido uma nota do embaixador argentino em Cuba, Julio Amoedo, sobre uma força invasora que havia desembarcado no sul da ilha de Fidel Castro.

De acordo com um relatório divulgado em Washington, em 22 de Fevereiro de 1998, pelo Arquivo Nacional de Segurança dos EUA, a operação militar havia começado a ser planeada pela Agência Central de Inteligência (CIA) em Agosto de 1959, por ordem do presidente Dwight Eisenhower. A ideia inicial era preparar exilados cubanos para se infiltrarem em Cuba e organizarem uma dissidência anticastrista. Para tanto, a CIA lançou, em Março de 1960, O seu Programa de Acção Encoberta Contra o Regime de Castro, com um orçamento previsto de 4,4 milhões de dólares.

O documento de 150 páginas – escrito em finais de 1960 pelo almirante Lyman Kirkpatrick – revela que, em Setembro de 1960, passou a dominar a ideia de um ataque armado. A CIA estava convencida de que poderia derrubar Fidel Castro, da mesma forma como havia deposto o governo reformista de Jacobo Arbenz, na Guatemala, em 1954. A agência de espionagem garantia que o povo cubano, farto de entrar em filas, esperava um sinal de rebelião. O objectivo estratégico dos EUA, no entanto, era conter um alastramento do comunismo na América Latina.

Para executar a invasão, exilados cubanos e herdeiros das empresas norte-americanas nacionalizadas pelo governo de Fidel Castro formaram o Exército Cubano de Libertação, com armamento norte-americanos e bases de treino no Panamá e na Guatemala. Para simular uma rebelião interna do exército cubano, os aviões dos EUA envolvidos na invasão foram camuflados com a estrela da força aérea de Cuba.

Atrás da chuva de panfletos e dos bombardeios, cerca de 1.400 homens invadiram os pântanos da Praia Girón, conhecida como Baía dos Porcos, no dia 17 de Abril de 1961. Três dias depois, eles estavam derrotados. Segundo o governo cubano, 176 pessoas morreram nos combates, mais de 300 ficaram feridas e 50 incapacitadas para toda a vida.

Em 1998, o governo norte-americano admitiu que a operação Baía dos Porcos estivesse condenada ao fracasso desde o começo. A tentativa de derrubar Fidel Castro teria sido "ridícula, trágica ou ambas as coisas". A principal causa do fracasso teria sido a sua má execução e não o facto de o presidente John Kennedy não ter autorizado o apoio da Força Aérea dos EUA aos invasores, como afirmaram durante anos os exilados cubanos e os adversários políticos de Kennedy.


 Fontes: DW
 Wikipedia (imagens)

Ficheiro:Cuba Bahia de Cochinos-pt.svgMapa da localização da Baía dos Porcos
File:CheyFidel.jpg
Fidel Castro e Ernesto Che Guevara, fotografados por Alberto Korda em 1961
17
Abr18

17 de Abril de 2014: Morre o escritor colombiano Gabriel García Márquez

António Garrochinho


Escritor colombiano nascido a 6 de março de 1927 em Aracataca, um pequeno entreposto do comércio de bananas. Desde logo deixado ao cuidado dos seus avós, um coronel na reserva, ex-combatente na guerra civil, e uma apaixonada pelas tradições orais indígenas, estudou na austeridade de um colégio de jesuítas.

Terminando os seus estudos secundários, ingressou no curso de Direito da Universidade de Bogotá, mas não o chegou a concluir. Fascinado pela escrita, transferiu-se para a Universidade de Cartagena, onde recebeu preparação académica em Jornalismo. Publicou o seu primeiro conto, "La Hojarasca", em 1947. No ano seguinte,deu início a uma carreira como jornalista, colaborando com inúmeras publicações sul-americanas.

No ano de 1954 foi especialmente enviado para Roma, como correspondente do jornal El Espectador mas, pouco tempo depois, o regime ditatorial colombiano encerrou a redação, o que contribuiu para que Márquez continuasse na Europa, sentindo-se mais seguro longe do seu país.

Em 1955 publicou o seu primeiro livro, uma coletânea de contos que já haviam aparecido em publicações periódicas, e que levou o título do mais famoso, La Hojarasca. Passando despercebida pelo olhar da crítica, a obra inclui contos que lidam compassivamente com a realidade rural da Colômbia.

Em 1967 publicou a sua obra mais conhecida, o romance Cien Años De Soledad (Cem Anos de Solidão), romance que se tornou num marco considerável no estilo denominado como realismo mágico. Em El Otoño Del Patriarca(1977), Márquez conta a história de um patriarca, cuja notícia da morte origina uma autêntica luta de poder.

Uma outra obra tida entre as melhores do escritor é Crónica De Una Muerte Anunciada (1981, Crónica de uma Morte Anunciada), romance que descreve o assassinato de um homem em consequência da violação de um código de honra. Depois de El Amor En Los Tiempos De Cólera (1985, Amor em Tempos de Cólera), o autor publicou El General En Su Laberinto (1989), obra que conta a história da derradeira viagem de Simão Bolívar para jusante do Rio Magdalena. Em 2003, as Publicações D. Quixote editam, deste autor, Viver para Contá-la, um volume de memórias de Gabriel García Márquez onde o autor descreve parte da sua vida. Em 2005 foi publicada outra obra de sucesso Memoria de Mis Putas Tristes (Memória das Minhas Putas Tristes).

Gabriel García Márquez foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1982. Faleceu no dia 17 de Abril de 2014

Gabriel García Márquez. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014.
Cem Anos de Solidão. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. 
wikipedia (imagens)
File:Gabriel Garcia Marquez.jpg
Gabriel García Márquez, 2002

Cem Anos de Solidão
Considerado o melhor romance do escritor Gabriel García 
Márquez, publicado pela primeira vez em 1967. Foi obra que lançou internacionalmente o autor, tendo sido editada pelos quatro cantos do mundo.

Conta de uma forma exuberante a história da família de BuendíaIguarán (que vivia na cidade de Macondo) durante várias gerações - as suas alegrias, vicissitudes, amores, entre outras explosões de sentimentos. Relata um universo rico em 
sensações que, entre outros aspetos, contribuiu para que a obra fosse enquadrada no realismo mágico.


File:Cien años de soledad (book cover, 1967).jpg
Cem anos de Solidão, 1.ªedição
Árvore genealógica da família Buendía




17
Abr18

Voltemos então às coisas ditas sérias!

António Garrochinho


(Jorge Rocha, in Ventos Semeados, 16/04/2018)
marcelo_espanha
Agora que já se fechou mais um parêntesis holandês na minha quotidianidade, eis-me disponível para acompanhar com mais atenção as frivolidades de que vão sendo feitas as cenas políticas nacionais e internacionais. Começando pela capa do «Público» de hoje, a escolher ´como notícia principal a produção horária de 29 «T-Roc» na fábrica da Autoeuropa, dando gás às exportações e enervando um pouco mais as impotentes direitas, que veem o governo surfar agilmente as ondas, sem que nada o venha propriamente perturbar. Não tivessem sido os incêndios do verão passado – e o aproveitamento oportunista de Marcelo para com eles entalar António Costa – e a popularidade deste último pediria claras meças ao demagogo das selfies e dos abraços. Razão acrescida para tomar medidas cautelares muito eficientes contra os incendiários, que uma reportagem mostrada na TVI nos últimos dias, comprova serem como as bruxas espanholas: «que los hay, hay…»
Passemos oportunamente para Espanha e para a mais recente «pérola» presidencial, pois correspondendo ao convite do símbolo maior da opressão por que passam hoje em dia os catalães, Marcelo pôs o patriotismo de férias e disse-se muito apegado aos «nuestros hermanos» desde que tinha seis anos. Vale então a pena lembrar Almada Negreiros (saudação especial daqui ao Gustavo Morais da Marinha Grande!) que dizia se o Dantas era português, antes quereria ser espanhol. Podemos atualizar a máxima e invertê-la adequadamente: se o Marcelo gosta tanto de se sentir espanhol, mais uma razão bem forte para nos sentirmos arreigadamente portugueses!
Continuando nas notícias da primeira página do matutino da Sonae, dá para sentir algum prazer com os aborrecimentos do pato bravo dos ferries do Douro, que quereria construir um hotel em leito de cheia. Se Passos Coelho e Aguiar Branco lhe proporcionaram a escandalosa negociata, que dele fez o intermediário do «Atlântida» entre os ainda públicos Estaleiros de Viana e o seu comprador final, talvez os seus esquemas encontrem bem menos acolhimento neste governo do seu descontentamento.
Concluindo, enfim, com o propósito de Centeno em ser o campeão europeu da redução da dívida – e o que isso poderá implicar para que a qualidade de vida dos portugueses não melhore tão substantivamente quanto as condições atuais justificariam – sobretudo na saúde – mantenho a dúvida quanto ao verdadeiro objetivo do ministro das Finanças: provar que a dívida é resolúvel sem qualquer revisão nas suas periodicidades ou juros? Ou tudo fazer para objetivos pessoais, que já se conjeturam, mesmo justificando-se a máxima prudência para com as tergiversações do semanário de Balsemão?




estatuadesal.com
17
Abr18

Ser solidário

António Garrochinho




Largo Camões – Lisboa
(Metro Chiado)


Condenando o ataque dos EUA, do Reino Unido e da França contra a República Árabe Síria, na madrugada de 14 de Abril, e que contou com o expresso apoio da NATO, da União Europeia e de Israel, um conjunto de organizações promove um acto acto público pela paz e pelo fim da agressão à Síria, no próximo dia 19 de Abril, Quinta-feira, no Largo Camões, em Lisboa.

Esta agressão a um Estado soberano, em completo desrespeito pelos princípios da Carta das Nações Unidas e pelo direito internacional, e sob o pretexto de uma alegada utilização de armas químicas, até ao momento não comprovada, foi desencadeada quando a Síria e o seu povo têm obtido diversas vitórias face aos grupos terroristas – apoiados pelos EUA e diversos países seus aliados – e quando foram alcançados, pelo diálogo e esforços de vários países, importantes avanços no caminho da paz.

Significativamente, este ataque ocorreu horas antes de uma equipa de peritos internacionais terem, a convite do Governo sírio, iniciado o seu trabalho de investigação relativamente à alegada utilização de armas químicas, em Douma, a 7 de Abril.

O Governo português ao afirmar “compreender as razões” e a “oportunidade desta intervenção militar” associa-se a um acto de agressão, a uma clara violação do direito internacional.

No cumprimento dos seus princípios constitucionais e do direito internacional, Portugal deve condenar e exigir o fim da ingerência e agressão contra a Síria e contribuir para o encontrar de uma solução negociada e para a paz.

Quem efectivamente se preocupa com os direitos e bem-estar do povo sírio só pode exigir o fim de uma guerra de agressão que está na causa de milhares de mortos, de imenso sofrimento, de uma profunda destruição, de milhões de deslocados e refugiados, da dramática degradação das condições de vida dos trabalhadores e do povo sírio.

É premente a exigência do fim da guerra de agressão que desde há sete anos é imposta à Síria.

É premente a expressão da solidariedade para com resistência da Síria e do seu povo face à agressão externa.

A paz só será alcançada com o pleno respeito da soberania, independência e integridade territorial da Síria, dos direitos do povo sírio, incluindo o direito à paz.

gpsemedia.blogspot.pt

17
Abr18

A fraqueza da força, por António Abreu

António Garrochinho


A agressão à Síria, perpetrada pelos EUA, Reino Unido e França assentou em despudoradas falsidades. Tratam-se de pretextos para vergar o direito internacional à força das armas Retrato em oito notas.

 
Emmanuel Macron e Donald Trump, em Paris, há dias, para acertar agulhas sobre a resposta a dar ao «ataque com armas químicas do regime»
 
 
 
A uma semana do lançamento dos 107 mísseis da «tríplice aliança» contra a Síria, e ouvidos os diferentes pronunciamentos posteriores de dirigentes dos agressores e agredidos, e espectadores de bancada, concertando tudo com o caso Skripal – o acto falhado preparatório destes bombardeamentos – importa rebobinar tudo, para sublinhar alguns factos.
primeira questão que se nos ocorre é que os EUA, o Reino Unido e os grupos terroristas que têm apoiado, na guerra que decorre há mais de sete anos contra a Síria, perderam essa guerra. Restam algumas bolsas de resistência ao avanço do exército sírio e um problema de ocupação militar de alguns pontos por recursos bélicos da França, dos EUA e da Turquia (esta a pretexto do combate às FDS, aliás YPG, aliás PKK, apoiadas pela França). Tudo indica, face aos magros resultados obtidos com este bombardeamento, que o que estas potências procuraram foi mostrar algum «músculo» numa batalha perdida, dar algum alento aos comentadores que há anos tornaram a Síria a linha vermelha da sua inteligência.
segunda é que as acusações invocadas para esta acção não foram provadas, tudo indicando que estamos perante duas encenações semelhantes às de Colin Powell, em 2003, quando este utilizou acusações falsas, invocando a posse de armas de destruição maciça pelo Iraque, para justificar a invasão deste país.
O enforcamento de Saddam Hussein foi transmitido urbi et orbi, como os serviços secretos norte-americanos tinham feito antes com o assassinato de Nicolae Ceausescu e fizeram depois com Muammar Khadafi – os quais, com as responsabilidades que lhes pudessem ter sido atribuídas, deveriam ter tido direito a julgamentos justos. O Iraque, depois o Afeganistão, as «primaveras árabes» no norte de África tornaram-se, pela mão dos EUA e da NATO, num processo de guerra permanente que não parou e que se iria estender à Síria e Irão, para depois seguir para a Rússia e antigas repúblicas asiáticas federadas na então URSS.
O desenho deste projecto está feito em documentos oficiais dos EUA, e perante ele, cada vez menos invocam uma suposta «teoria da conspiração».
terceira tem a ver com as acusações, em si mesmas. No primeiro caso à Rússia e no segundo à Síria e à Rússia.
No caso Skripal, quer o laboratório militar de Porton Down quer a Organização para a Proibição de Armas Químicas (em inglês OPCW) não identificaram o agente químico responsável pelo envenenamento. O laboratório suíço Spiez, de referência mundial, consultado pela OPCW, identificou-o como sendo o BZ, produzido nos EUA e no Reino Unido e utilizado por países da NATO, e nunca produzido na Rússia ou, antes, na URSS.
No caso do bombardeamento em Duma, a acusação foi feita pelos «capacetes brancos» – que organizaram cenas do que teria ocorrido e as passaram nos media de todo o mundo. Segundo eles teria sido cloro o gás utilizado. Os dirigentes dos EUA, Reino Unido e França assinaram por baixo. Na véspera dos ataques, quando Trump parecia hesitante e a valorizar preferencialmente os esforços diplomáticos, e Macron aparecia decidido a atacar, o representante permanente da Síria nas Nações Unidas Bashar al-Jaafari disse que o governo sírio ia facilitar o acesso da equipa da OPCW a qualquer ponto a que quisessem ir em Duma - bairro de Goutha Oriental onde a França invocou ter sido usado o gás Cloro. O diplomata disse que a OPCW informou o governo sírio que enviaria uma equipa à Síria, cujos membros chegariam na quinta e na sexta-feira (dias 12 e 13 de Abril). Os militares russos especialistas no reconhecimento destes gases (são vários os que poderão ser usados ilegalmente) tinham dois dias antes declarado não ter encontrado pessoas que tivessem estado envolvidas no incidente nem terem reconhecido a presença destes gases.
À inspecção a ser feita pela OPCW preferiram os seus representantes no Conselho de Segurança optar por uma “inspecção independente”, que revelava desconfiança em relação à OPCW, e que foi vetada pela Rússia. O bombardeamento a instalações onde supostamente seriam fabricadas armas químicas, provavelmente, impediu que pudessem ser agora inspeccionadas.
Mais «provas irrefutáveis» a serem refutadas no futuro, como as do Iraque?
quarta questão tem a ver com uma atitude assumida nas investigações criminais resumida na resposta à pergunta «a quem aproveita o crime?». Seria incompreensível que a Síria, que estava a vencer esta guerra, fosse recorrer a tal crime, ao mesmo tempo que tem estado a recuperar habitantes de Ghouta e a deixar sair para outros pontos do país os terroristas de quatro diferentes grupos que mantinham esses habitantes reféns? Inverosímil, diria Poirot.
quinta questão é a consequência que o agravamento dos conflitos vão ter para relações internacionais já tensas, onde sanções anteriores e as expulsões de diplomatas vieram ao arrepio de uma influência pacificadora e de procura de desanuviamento e cooperação económica de vantagens mútuas para que a Rússia estava a contribuir no Médio Oriente. Para além do papel até mais vasto que, nestas direcções, a China está a ter e contra a qual os EUA procuram atiçar uma guerra comercial.
sexta, a necessidade que EUA, Inglaterra e França têm de fazer prova de vida, desproporcionada, numa época histórica em que a sua influência, à escala universal, se reduziu em diferentes vertentes, e em que a solidez do apoio interno dos seus cidadãos tem decaído face às políticas antissociais que têm realizado. Gastaram muitos milhões de dólares com os bombardeamentos, terão ferido umas dezenas de pessoas, mas ficaram mais isolados.
sétima, a projecção mundial que Macron foi construindo de si mesmo e que agora, assumindo-se como comandante-em-chefe das forças atacantes, chegou às épicas declarações de ter sido pessoalmente responsável pela alteração na recente posição de Trump de sair da Síria, o que a Casa Branca desmentiu hoje.
E uma oitava, entre outras possíveis, foram as lamentáveis afirmações de Macelo Rebelo de Sousa e Santos Silva, desprestigiantes para o nosso país, de assumirem as «dores» dos «aliados e amigos» e as suas provas «irrefutáveis» – que daqui a uns anos se revelarão inexistentes como as do Iraque em 2003, através dos media que agora os apoiaram – fruto das pulsões obsessivo-compulsivas das hipocondrias imperialistas.
 
Originalmente publicado hoje em abrilabril


antreus-dois.blogspot.pt
17
Abr18

CNA: «Soberania alimentar com agricultura familiar»

António Garrochinho


Mais de mil pessoas participaram este domingo, em Coimbra, no 8.º Congresso da Confederação Nacional da Agricultura, no qual estiveram em discussão os temas «mais candentes da actualidade agro-rural».
Paralelamente às comemorações do seu 40.º aniversário, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), uma das mais relevantes estruturas representativas de agricultores no País, realizou ontem o seu 8.º congresso no Convento de S. Francisco, em Coimbra.
Cerca de 1200 pessoas de diversas associações, convidados e especialistas do sector de todo o País participaram no evento, além de outros representantes da Europa, África e Brasil. O ministro da Agricultura também esteve presente.
«Soberania alimentar, com a agricultura familiar» foi o lema escolhido, dando já uma ideia de um dos pontos centrais discutidos no congresso. Entre outros temas, destacam-se: «Floresta. Recuperação e Prevenção»; «Sustentabilidade dos Modelos Alimentares, Comerciais e Produtivos» e o «Estatuto da Agricultura Familiar Portuguesa». O último é uma das principais bandeiras de luta da CNA, de forma a valorizar a práctica e a sua importância estratégica na sociedade.
No congresso, a CNA exigiu mais apoios para a agricultura familiar e a abertura de um novo prazo de candidaturas aos fundos de apoio para pequenos e médios agricultores, que sofreram prejuízos nos incêndios de 2017 e não conseguiram aceder aos apoios até 5000 euros, tanto pelos curtos prazos como pelas dificuldades burocráticas. Outra exigência foi a regulamentação da venda e transformação da madeira, num processo em que os agricultores saem prejudicados.
CréditosLuís Noutel / AbrilAbril
Num documento, a CNA afirma que o «congresso realiza-se em condiçõesparticularmente difíceis e adversas para a produçãopara a agricultura familiar, paraas populações. A vaga de fogos rurais do último ano atingiu proporções nunca vistas, causou a perda de vidas humanasdestruiu explorações agrícolas e a economiaregional, (...) que durará anos a recuperarurgindo, mas também tardando já, a tomada de medidas políticas e económicas para que o mundo rural não fique aindamais deserto».
Além disso, a estrutura associativa reitera que «as políticas de sucessivos governos e da UE, particularmente a Política Agrícula Comum, privilegiando o agronegócio em prejuízo da soberania alimentar, (...) da agricultura familiar, do desenvolvimento rural, assente na produção nacional, têm mantido Portugal numa situação de dependência alimentar».
«Eliminaram mais de metade das explorações agrícolas, particularmente as pequenas e médias, enquanto financiam a instalação de grandes empresas agrícolas, nacionais e estrangeiras, na lógica concentracionista do produzir para exportar. (...) um futuro negro para a agricultura familiar e a alimentação, que exige do Governo um claro e firme posicionamento político em defesa do interesse nacional», afirma a CNA.


www.abrilabril.pt
17
Abr18

KARL… “O RUSSO” - TÃO BOM

António Garrochinho



KARL… “O RUSSO” - TÃO BOM

Karl Marx nasceu em Tréveris, em 1818, uma pequena cidade da Prússia situada num território que hoje faz parte da Alemanha.
Morreu em 1883, portanto, TRINTA E QUATRO anos antes da Revolução Russa que deu origem à criação da União Soviética, um acontecimento que o seu “Manifesto Comunista”, escrito em parceria com Friedrich Engels e publicado no ano de 1848 (praticamente SETENTA anos antes de 1917) ajudou a inspirar.
KARL MARX NUNCA ESTEVE NA RÚSSIA‼️
Isso não impediu Karen Pierce, esta labrega inglesa carregada de cursos que ocupa o lugar de embaixadora do Reino Unido nas Nações Unidas, de vomitar, ao confrontar a Rússia com o seu conhecido apoio à Síria, com uma frase que irá ficar nos anais daquela casa:
«No que concerne a Karl Marx, eu penso que ele deve dar voltas no túmulo quando vê naquilo que se tornou O SEU PAÍS… nesta defesa da utilização de armas químicas».
E depois admiram-se de que haja muita gente a dizer que já houve um tempo em que os grandes cargos políticos internacionais eram ocupados por gente com outra estatura intelectual… ou, pelo menos, alfabetizadas… e isto independentemente de serem de direita ou do centro, ou de esquerda… ou de cima, ou de baixo.
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Apesar de estar em francês… a coisa pode confirmar-se nesta notícia que se segue:

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