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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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22
Abr18

Tensão crescente em Bangui coloca militares portugueses à prova

António Garrochinho

Soldados já estão a treinar defesa dos quartéis na capital da República Centro-Africana para prevenir ataques de grupos muçulmanos
Após um primeiro mês de atuação e confrontos armados contra gangues criminosos no bairro PK5, em Bangui, os paraquedistas portugueses ao serviço da ONU na República Centro-Africana (RCA) - assim como os militares que comandam a missão de treino da UE - estão mergulhados num ambiente de tensão crescente, admitiram ontem fontes militares ao DN.
Para esse agravamento contribuem as movimentações de grupos armados muçulmanos a norte da capital e noutras zonas do país, vistas como demonstração de força contra os militares e polícias da ONU e da RCA que procuram expulsar e desarmar os bandos criminosos daquele bairro muçulmano.
Com outras fontes a admitirem que os ex-Seleka estão a juntar forças para atacar a capital da RCA, os quartéis dos capacetes azuis e da UE presentes em Bangui começaram a treinar os seus dispositivos de defesa - como foi ontem o caso do Campo Moana, onde estão os militares portugueses que comandam a missão europeia de treino das Forças Armadas (FA) do país (EUTM-RCA).

Desde meados deste mês que dois dos mais importantes grupos de ex-Seleka (FPRC e MPC) estão a coordenar esforços em Kaga Bandoro e ameaçam atacar Bangui, depois de semanas a atribuírem motivações religiosas antimuçulmanas à Operação Sukula - e em particular aos capacetes azuis do Ruanda.
Esta operação, lançada em março pelo comandante operacional da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da RCA (MINUSCA), já tinha motivado o ataque da última noite de março contra uma patrulha portuguesa da ONU no PK5. Os autores foram grupos criminosos que o tenente-general Balla Keita quer expulsar do último reduto muçulmano em Bangui, considerado o pulmão económico da cidade.
A 8 de abril, várias unidades da ONU, das FA e das Forças de Segurança Interna tentaram prender o líder de um desses grupos. A operação, que provocou mais de 20 mortos e dezenas de feridos, encontrou tal resistência que obrigou a chamar os portugueses - a Força de Reação Rápida da MINUSCA. Mas com esses grupos criminosos a explorar politicamente a situação, os movimentos de ex-Seleka iniciaram protestos contra a Operação Sukula em vários pontos da RCA.


Ataques contra civis, raptos de governantes locais e membros de organizações não-governamentais ou mesmo bloqueios ao envio de ajuda humanitária foram alguns dos casos registados. A agravar o ambiente de tensão está a eventual perceção, por parte dos muçulmanos, de que os rivais cristãos - os Anti-Balaka - estejam a colaborar com as FA e de Segurança Interna da RCA no PK5, reconheceram as fontes.
Daí que, a par de novos confrontos entre grupos criminosos do PK5 e as forças da MINUSCA e da RCA, tenha aumentado o risco de violência entre comunidades cristãs e muçulmanas em Bangui (ver infografia). Exemplo disso foram os acontecimentos de 8 de abril: a operação no 3º Distrito da capital estendeu-se a áreas católicas no 5º Distrito.
Tropas da RCA treinadas pela UE
A referida presença das FA da RCA no terreno ou a sua participação em operações conjuntas com a MINUSCA foi reiniciada já com os militares portugueses à frente da EUTM-RCA. O comandante é o brigadeiro-general Hermínio Maio, que em janeiro assumiu a liderança da missão europeia encarregue de treinar, formar e capacitar as tropas locais desde 2014.
Já com dois batalhões (cerca de 1300 soldados), prevê-se que em julho se conclua o treino operacional dos 700 militares que vão formar o 3º batalhão, indicou uma das fontes. A EUTM-RCA reciclou ainda 350 oficiais e 500 sargentos e validou o treino operacional das unidades das FA locais constituídas no estrangeiro, precisou a mesma fonte.


"É preciso que se consiga formar umas FA nacionais na RCA, englobando elementos de todas as forças intervenientes no conflito, sendo necessário desmobilizar e desarmar grande parte dos seus combatentes", disse o coronel Nuno Pereira da Silva. Para isso, realçou este oficial do Exército na reserva, "Portugal tem uma experiência acumulada" nesse tipo de reformas nos processos de paz de Angola e Moçambique. Acresce que "não perdemos a escola da guerra de guerrilha e contraguerrilha desde os tempos" da guerra colonial, visível na atuação dos Comandos na RCA - longe de Bangui - ao longo de 2017.
Miguel Machado, tenente-coronel paraquedista na reforma, lembrou ao DN que o atual contingente de capacetes azuis portugueses também acabou por ser empregue em condições onde a experiência adquirida no Kosovo em ações de controlo de tumultos, onde "evitar baixas civis era primordial", tem sido "uma enorme mais-valia" no PK5.
A verdade é que, esta semana e com a tensão a crescer em Bangui, os capacetes azuis portugueses foram enviados numa patrulha de vigilância e reconhecimento para norte da cidade. Mas, na terça-feira, a operação transformou-se de súbito numa ação de socorro e proteção quando uma carrinha sobrelotada perdeu uma roda à frente da coluna da ONU, despistou-se, capotou e passou mesmo por cima de uma habitação, informou ontem o Estado-Maior General das FA.
O "aparatoso acidente" na povoação de Bogournou levou a patrulha a criar de imediato "um perímetro alargado" de segurança, perante o risco de ataque dos grupos armados a operar na região, enquanto outros militares socorriam a dezena e meia de feridos. "Apesar de não ser a nossa missão primária, tem bastante impacto tanto para a confiança da nossa força, que colocou em prática os conhecimentos médicos e de socorrismo avançado que fazem a diferença para salvar vidas, bem como para a criação de laços com os locais", contou o sargento-chefe André Pena.



www.dn.pt
22
Abr18

EXPLOSÕES PERTO DA BASE FRANCESA NO MALI

António Garrochinho



Mali. Explosões perto de base francesa da ONU
22 abr, 2018 - 16:52

Não há, para já, notícia de vítimas. [em atualização]
Várias explosões abalaram a cidade de Timbuktu, no Mali
Os rebentamentos ocorreram perto das instalações da base francesa no Mali

A informação está a ser avançada pela agência Reuters, que cita fonte da ONU e vários residentes.

Não há, para já, notícia de vítimas.

No passado dia 14 de abril uma explosão na mesma zona fez vários mortos e feridos.

22
Abr18

INTERVENÇÃO DE JERÓNIMO DE SOUSA, SECRETÁRIO-GERAL, ENCONTRO NACIONAL DO PCP SOBRE A SAÚDE EM PORTUGAL - Defender o direito à saúde, valorizar o SNS

António Garrochinho




Camaradas,
Amigos convidados,
Dois anos e meio após a entrada em funções do actual Governo do PS e apesar de algumas medidas positivas que foram implementadas, algumas delas por proposta do PCP - como o alargamento da isenção de taxas moderadoras e a redução do seu valor, a redução do número de portugueses sem médico de família, a implementação do horário de trabalho de 35 horas - a saúde em Portugal continua doente devido a um conjunto de problemas estruturais que se mantêm, dificultando o acesso aos cuidados de saúde por parte de muitos portugueses. Situação que tem sido aproveitada para alimentar a campanha contra o Serviço Nacional Saúde, sobretudo por parte daqueles que no último governo PSD/CDS desferiram o maior ataque contra o SNS desde que este existe, aproveitando-se de algum justo descontentamento verificado entre os utentes.
É uma lastimável hipocrisia ouvi-los hoje a criticarem o actual governo por não disponibilizar as verbas necessárias para que o SNS possa cumprir com a sua missão, ou, como aconteceu ultimamente com a situação na ala pediátrica do S. João no Porto. Andaram anos a atirar pedras ao SNS e agora escondem a mão! As preocupações de PSD e CDS não são as dificuldades de acesso dos portugueses aos cuidados de saúde, não é a falta de dinheiro no SNS.
As suas preocupações residem no facto de existir um SNS que, apesar de todos os problemas que atravessa, mostra que está em muito melhores condições do que o sector privado da saúde para, em segurança e com qualidade, resolver os episódios de saúde a que os portugueses estão sujeitos e é a solução mais sólida para garantir o direito à saúde. Mas eles têm uma outra preocupação. Consideram que os milhares de milhões de euros que são transferidos anualmente para os grupos privados são insuficientes. Querem mais, muito mais.
Desde o início da legislatura que o PCP tem vindo a chamar a atenção de que a vontade de mudança expressa pelo povo português nas eleições legislativas de 2015, coloca a exigência e a responsabilidade de assegurar a interrupção do rumo prosseguido pelo anterior governo, e não a manutenção de um caminho, aqui e acolá suportado por um discurso de grande valorização do SNS, que no essencial mantém os problemas estruturais que vêm de trás.
A obsessão pela redução do défice para valores muito mais baixos do que a própria União Europeia impõe ao nosso País e a opção errada de utilizar as centenas de milhões de euros poupados com essa redução, não no investimento público, nomeadamente na saúde, mas na ajuda aos bancos e naquele que é o grande sorvedouro dos dinheiros públicos, o serviço da dívida, coloca o governo do PS do lado daqueles que estão contra o SNS.
O governo do PS é responsável por manter, no caso da saúde, um conjunto de problemas estruturais, com as consequências que são conhecidas e que durante o dia foram dissecadas em várias intervenções.
Os adversários do SNS e apoiantes do primado do privado, desenvolvem a tese do financiamento insustentável que, construída a partir de uma mentira repetida até exaustão, procuram convencer os portugueses de que o País não cria a riqueza necessária para que o Estado garanta o acesso à saúde a todos os portugueses.
Mas como a mentira tem perna curta, cedo se percebeu que o verdadeiro objectivo é outro: desresponsabilizar o Estado na sua função social de garantir o acesso à saúde a todos e transferir para os privados a função de prestador de cuidados de saúde, financiando-lhes essa actividade.
Não só não é verdadeira a afirmação de que o País não cria a riqueza necessária para garantir o funcionamento do SNS, como Portugal é, hoje, dos países que tem menor investimento público per capita em 23 países avaliados – enquanto as famílias portuguesas são das que mais pagam directamente dos seus bolsos as despesas com a saúde. Em média por ano, uma família com dependentes paga 1 324 euros, de acordo com o último inquérito às despesas familiares elaborado pelo INE.
Daqui se pode concluir que a tese da insustentabilidade que os arautos do “Estado mínimo” tanto apregoam, não está no investimento público no SNS, mas na transferência de milhares de milhões de euros para os grupos privados a partir das PPP, convenções e subsistemas públicos de saúde, dinheiro que em grande parte devia ficar no SNS. Só em 2015 foram mais de 5 000 milhões de euros em PPP, medicamentos, convenções e subsistemas públicos de saúde.
Foram várias as intervenções que ao longo do dia nos deram a conhecer todas as fases de um processo, que ao mesmo tempo que abre as portas à transferência de milhares de milhões de euros do Estado para os grupos privados, consolida um caminho que vem sendo percorrido paulatinamente no sentido da criação de um sistema de saúde como aqui foi caracterizado “a duas velocidades”.
Um processo que teve um grande impulso após a revisão constitucional de 1989 e a aprovação da Lei de Bases da Saúde em 1990, com que a direita enterrou definitivamente a Lei do SNS de 1979 que nunca chegara a aplicar.
A partir daqui para os grandes adversários do SNS – as multinacionais farmacêuticas, as empresas de novas tecnologias da saúde, os grandes grupos da saúde, a direita médica -, que tem nos partidos da política de direita fiéis defensores dos seus interesses económicos e de classe, estavam criadas as condições para que a saúde deixasse de ser um direito e passasse a ser um grande negócio. Os muitos milhares de milhões de euros que ao longo dos anos foram transferidos para os grupos privados, confirmam a consolidação de um caminho de desresponsabilização do Estado.
Subfinanciamento crónico; alterações sucessivas nos modelos organizativos dos vários níveis de cuidados; privatização de serviços; encerramento de unidades de saúde de proximidade; transferências avultadas de dinheiro para os grupos privados; desvalorização social, profissional e salarial dos profissionais de saúde; aumento dos custos com a saúde para os utentes, são parte das orientações que têm sido seguidas pelos executores da política de direita no sector da saúde.
É neste quadro, caracterizado pelo confronto de interesses antagónicos em torno da saúde, que quero destacar e valorizar a realização do Encontro Nacional do PCP sobre a saúde em Portugal, sobretudo pelo espaço que abriu no Partido para a discussão colectiva em torno de uma matéria que é transversal à sociedade portuguesa e que neste momento é geradora de profundas preocupações.
A resolução que acabámos de aprovar, é o resultado de um trabalho que não começou nem acaba com a realização do Encontro Nacional, é o resultado de um trabalho metódico envolvendo muitos camaradas e amigos que ao longo dos anos tem vindo a ser desenvolvido pelo Partido e que se reflecte na quantidade e qualidade do trabalho realizado neste sector, pelo Grupo Parlamentar do PCP na Assembleia da República.
Uma palavra para os trabalhadores da saúde, todos os trabalhadores da saúde – médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e assistentes técnicos, outros técnicos de saúde.
No PCP temos a convicção de que sem os trabalhadores, os que estão e os muitos milhares que passaram pelo SNS desde a sua criação, que ergueram o Serviço Nacional de Saúde considerado entre os melhores do mundo, de que se não fosse a dedicação, empenhamento em encontrar as soluções mais adequadas ao bom funcionamento dos serviços, sujeitos nos últimos anos a um desgaste físico e psicológico muito significativo, hoje não teríamos o SNS que temos.
E por isso estamos solidários com todos eles, nas suas lutas reivindicativas, lutas que não são apenas para defender direitos e interesses particulares, nem sempre compreendidas pelos utentes, mas que vão mais longe na defesa do SNS e este é um objectivo de todos os portugueses.
Mas também uma palavra para os utentes e em particular os que integram os movimentos dos utentes que, abdicando muitas vezes do seu tempo de descanso e familiar, têm tido um papel importantíssimo na defesa do SNS não apenas reivindicando melhores condições de atendimento, mas dificultando ou mesmo impedindo que os vários governos avançassem mais na sua caminhada contra o SNS.
Da parte do PCP reafirmamos o compromisso de tudo fazermos para contribuir para o esclarecimento e a mobilização dos portugueses na defesa do direito à saúde, na valorização do SNS fazendo a denúncia e a crítica quando tem de ser feita de forma responsável. Uma postura que não permite qualquer associação aos que todos os dias lançam um coro de críticas apenas com o objectivo de contribuir para a destruição do SNS.
Todos sabemos das limitações da solução política encontrada para dar resposta aos problemas de fundo do País. Nunca o escondemos e sempre o afirmámos.
Todos temos consciência que com a abertura da nova fase da vida política nacional no seguimento das eleições de 2015, apenas se ultrapassou um primeiro obstáculo – o afastamento do governo do PSD/CDS – que juntamente com a alteração da correlação de forças na Assembleia da República permitiu dar início a um processo de recuperação de condições de vida dos portugueses, mas que outros obstáculos permanecem que impedem que se vá mais longe na resolução dos grandes problemas nacionais.
Desde logo esse grande obstáculo – o da manutenção da política de direita - que continua presente nas opções fundamentais da actual solução governativa e que a vida mostra estar a ser um forte bloqueio, uma forte resistência não apenas para enfrentar os problemas nacionais com novas soluções, necessárias alternativas e em ruptura com as que no passado conduziram o País à crise, mas também resistência à reposição de direitos e rendimentos e reposição de condições de vida extorquidos nestes últimos anos de ofensiva dos PEC e Pacto de Agressão.
E ao afirmarmos isto, não subestimamos, nem negligenciamos quer a importância e o significado do passo dado, com a decisiva iniciativa do PCP, que conduziu à derrota do governo do PSD/CDS e à travagem da ofensiva que estava em curso contra os interesses populares e se perspectivava ampliar e aprofundar, tal como não subestimamos, antes valorizamos os resultados da luta que temos vindo a travar pela defesa e reposição de direitos e rendimentos dos trabalhadores e do nosso povo.
Uma luta que, com o decisivo contributo do PCP, permitiu que se concretizasse um importante conjunto de medidas que melhoraram ou vão melhorar a vida de muitos milhares de portugueses.
Medidas nos domínios da reposição nos salários extorquidos, no melhoramento geral das reformas e pensões, de desagravamento fiscal sobre os rendimentos do trabalho no IRS e do IMI, na reposição dos feriados roubados, no alargamento e a majoração de abonos de família, na gratuitidade dos manuais escolares e outras que agora se alargam à medida que forem sendo concretizadas as medidas previstas no Orçamento do Estado deste ano de 2018, onde pesa e bem a decisiva contribuição do nosso Partido, como é o caso do novo aumento extraordinário das reformas e pensões a concretizar em Agosto próximo. Um novo aumento extraordinário que não existia se não fosse o PCP.
Mas igualmente uma nova redução da carga fiscal sobre os trabalhadores e reformados no IRS, o descongelamento da progressão nas carreiras da Administração Pública, a reposição do valor do trabalho extraordinário e do trabalho nocturno, a eliminação do corte de 10% no subsídio de desemprego, o alargamento do apoio aos desempregados de longa duração, a reposição do subsídio de Natal, entre outros.
Medidas que são avanços que vão para além do que o PS admitia nos seus programas eleitoral e do próprio governo.
Hoje fala-se de sucesso porque a economia do País está a crescer, bem como o emprego, e há quem se apresse não só a tirar desse facto dividendos indevidos, a partir deste avanço, muito limitado ainda, diga-se, deduzir argumentos para justificar e manter inamovível o quadro de constrangimentos e o essencial da política que está na origem dos graves problemas que o País enfrenta.
Mas se há algum sucesso, ele não é o resultado, como os apologistas da política dos cortes afirmam, da política de empobrecimento do governo anterior, nem tão pouco o resultado de mudanças significativas das políticas económicas e orçamentais do actual governo que continuam submetidas às imposições da União Europeia e do Euro.
Se há avanços também nestes domínios, eles devem-se, em grande medida, à política de reposição de rendimentos e direitos que dinamizaram a economia.
E esse é o caminho que é necessário prosseguir.
Um caminho que está agora a enfrentar novos obstáculos e novas resistências, porque o PS e o seu governo, não só não se descolam dos seus compromisso com os interesses do grande capital e da sua submissão às imposições do Euro e da União Europeia, como procuram em convergência com o PSD e CDS assegurar que tais interesses se mantenham intocáveis e inatacáveis.
É significativo o que tem acontecido nestes últimos tempos em matéria de legislação laboral, com o PS, PSD e CDS a formarem um bloco de oposição às propostas do PCP de alteração às normas gravosas da legislação laboral.
Tratava-se da revogação dos mecanismos de adaptabilidade do banco de horas individual, do banco de horas grupal, banco de horas na função pública, a proibição da caducidade dos contratos colectivos de trabalho e de reposição do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador.
A opção do PS de se unir na votação ao PSD e CDS e estes ao PS no chumbo das iniciativas do PCP, mostra que há muito a fazer para remover a velha política que indistintamente governos de uns e de outros levaram à prática no País com graves consequências sociais.
Não segue no bom caminho o PS e o seu governo quando procura a solução para os problemas dos trabalhadores, do povo e do País com o PSD e CDS.
Como não segue um bom caminho quando continua a promover e desenvolver o alargamento dessa convergência a outros importantes domínios da vida nacional.
Esta semana assistimos à assinatura de um acordo subscrito ao mais alto nível entre as direcções do PS e do PSD quanto à transferência de competências e desconcentração e sobre o próximo Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia - “Portugal 2030”.
Um acordo que se reveste de um inegável significado político. Significado não só expresso na relevância política das matérias tratadas, mas pela ostensiva visibilidade e notoriedade que decidiram atribuir-lhe.
Importa-lhes mais a fotografia do que informar os portugueses do que estiveram a tratar!
Não se trata de um acordo sobre matérias marginais, mas sim de opções em áreas cruciais quanto a opções que, ao longo de décadas, têm sido determinadas pela política de direita e feito convergir PS, PSD e CDS.
Em relação ao Quadro Financeiro, ele enquadra todos os elementos estratégicos e todas as orientações de aprofundamento da integração capitalista, responsável pelo desenvolvimento desigual, injusto e assimétrico da União Europeia e que tem acentuado a divergência de Portugal face aos restantes países.
No que respeita à parte do acordo sobre a transferência de competências para as autarquias locais, apresentada sob a falsa e equívoca designação de descentralização, traduz mais um passo no objectivo de desresponsabilizar o Estado por funções que lhe competem, transferindo encargos para as autarquias, sacudindo para cima do Poder Local a justa insatisfação da população pela ausência de respostas na saúde, na educação, na habitação, na cultura, no património, nos transportes e em alguns outros domínios.
A transferência de encargos para as autarquias e a desresponsabilização do Estado são parte de uma orientação estratégica que, ao serviço da chamada consolidação orçamental, reduz o investimento público, nega direitos, empurra para o aumento da carga fiscal também no plano local, constituindo-se como instrumento de uma crescente desigualdade na repartição de riqueza e rendimento.
Tudo feito com muito poucas garantias de financiamento.
O que até agora tem havido são meias palavras, muito jogo escondido, sonegação de informação. Percebe-se porquê: a divulgação rigorosa de informação quanto a meios e condições desvendaria que aquilo que se prepara é uma transferência de encargos, de subfinanciamento e sub-investimento.
A situação no sector da saúde fundamenta a perspectiva da nossa luta, e das nossas propostas.
Assiste-se a posicionamentos e desenvolvimentos em torno da Lei de Bases da Saúde.
Alguns, avaliando a actual relação de forças na Assembleia da República como sustentação de apoio automático a uma alteração progressista à Lei de Bases da Saúde, podem estar a fazer mal as contas!
Aliás, não é por acaso que ontem mesmo Rui Rio se tenha chegado à frente. E o PS? Muita coisa mudou desde 1979. E por parte dos Governos do PS mudou para pior.
Não ficaremos numa posição expectante! De forma autónoma, municiados pelas nossas propostas, travaremos todos os combates necessários para que o direito à saúde dos portugueses tenha a dignidade do direito à vida, reforçando o Serviço Nacional de Saúde, reforçando o seu financiamento não como condição única mas como alicerce para responder aos problemas dos seus profissionais, às carências de equipamentos e meios, aos problemas dos utentes, como serviço público, universal, geral e gratuito.
Temos consciência que estamos a tratar de uma matéria que move interesses poderosos, os grupos económicos, sabemos do papel e motivações dos sucessivos governos PS e PSD, com ou sem o CDS, que continuam a estar omnipresentes!
Gostariam que ficássemos pela análise, caracterização e crítica e considerar esta como uma batalha perdida tendo em conta a relação de forças!
Não, camaradas!
Estareis de acordo que não percamos nenhuma oportunidade, seja na discussão do Orçamento do Estado, seja na nossa acção política e institucional – ainda agora avançamos com mais duas iniciativas que colocam a revogação das taxas moderadoras e o alargamento do número de doentes a beneficiar gratuitamente de transporte não urgente – sejam quais forem as circunstâncias.
A Resolução Política do Encontro constitui uma ferramenta preciosa que devemos ter em mãos e uma demonstração que existe uma alternativa à actual política de saúde!
Há quem queira dar por terminado este combate que estamos a travar pela recuperação de rendimentos e direitos, em defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, pelo desenvolvimento do País nestes tempos da nova fase da vida política nacional.
Mas essa não é a nossa perspectiva!
O PCP vai continuar a bater-se pela reposição completa dos direitos que ainda não foram assegurados e a não desperdiçar nenhuma oportunidade de contribuir em todas as circunstâncias para a elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo.
Tal como continuará a lutar, com os trabalhadores, o povo e a sua luta pela ruptura com a política de direita, impedir que ela prossiga seja pela acção do PSD e do CDS, pela acção do PS, sozinho ou não, e construir uma Política alternativa, Patriótica e de Esquerda.
Luta que está aí assumida pelos trabalhadores dos variados sectores e empresas e que passa também pela preparação e realização do 1.º de Maio, convocado e organizado pela CGTP-IN, que é preciso que se concretize como uma grande jornada de luta de todos os trabalhadores e do povo.
A evolução da situação do País mostra que, para dar resposta aos problemas de nacionais fundo, e ir mais longe na defesa, reposição e conquista de direitos, é necessário o País livrar-se da política de direita e decididamente concretizar uma Política Patriótica e de Esquerda.
Uma Política Patriótica e de Esquerda que, assumindo o compromisso com os trabalhadores e o povo, com todos os democratas e patriotas, recupere para o País o que é do País - os seus recursos, os seus sectores estratégicos, o seu direito inalienável ao crescimento, ao desenvolvimento e à criação de emprego - que assegure os direitos à saúde, à educação, à cultura, à protecção social.
É este caminho, é esta alternativa de futuro que Portugal necessita, é por esta política afirmando os valores de Abril que o PCP luta e lutará!

www.pcp.pt


22
Abr18

PEV vê "com grande preocupação" a entendimento entre Governo e PS

António Garrochinho
 com grande preocupação que Os Verdes assistem ao entendimento entre Partido Socialista e Partido Social Democrata no quadro de investimentos 2020 -- 2030", lê-se num comunicado hoje divulgado com as conclusões de uma reunião do Conselho Nacional do partido, que decorreu em Lisboa.
O PEV considera que este entendimento "visa um novo quadro legislativo de descentralização da administração central, mas na prática será mais uma vez adiar a fundamental regionalização do país assim como adiar a reposição das freguesias extintas pelo governo anterior".
O Governo (PS) e o PSD assinaram na quarta-feira um acordo para a descentralização de competências para as autarquias e programação de fundos comunitários entre 2020 e 2030.
Para Os Verdes, este entendimento "vem fazer ressurgir o bloco central e uma linha política que levou o país à situação de rutura dos anos de austeridade, antecipando um retorno em força à subjugação aos interesses económicos e financeiros, em detrimento do bem coletivo, e continuar da delapidação do estado e dos serviços públicos e à desestabilização económica e social do país".
Em relação à economia portuguesa, Os Verdes sublinham que "a atual solução política permitiu inverter o processo de definhamento e destruição da economia, com os fortes sinais de retoma e indicadores económicos positivos que o país exibe". No entanto, defendem, "esta retoma contrasta com a preocupante resistência que o executivo do PS tem demonstrado em ir mais longe no investimento público em setores fundamentais e estruturantes do país e com as graves carências, que subsistem dos anteriores governos".
No âmbito internacional, o partido condena "veementemente os bombardeamentos e ataques militares que os Estados Unidos da América, com o apoio da França e do Reino Unido, têm infligido à Síria, nomeadamente nas últimas semanas, à revelia do direito internacional e sem qualquer aval das Nações Unidas, provocando milhares de mortos, feridos e desalojados, destruindo um país estratégico na região".
Já no que diz respeito à situação no Brasil, Os Verdes "estão solidários com a defesa da democracia [naquele país] e condenam o processo de Golpe de Estado que afastou Dilma Rouseff da presidência e que recusa o recurso da sentença e o 'habeas corpus' a Lula da Silva materializando a sua prisão e afastando-o assim da corrida eleitoral".
O partido reiterou ainda "a urgência do reconhecimento do Estado da Palestina, condenando o massacre a que o povo Palestino tem sido sujeito".
No comunicado hoje divulgado, o PEV anuncia que, "no âmbito das campanhas tem desenvolvido em torno da Central Nuclear de Almaraz", irá entregar na segunda-feira na embaixada de Espanha, em Lisboa, "cerca de cinco mil postais assinados e dirigidos ao Governo de Espanha apelando ao encerramento desta central".
Além disso, o Conselho Nacional do partido "decidiu lançar uma forte campanha nacional no dia 05 de junho, em torno do problema das alterações climáticas e suas consequências".


www.noticiasaominuto.com
22
Abr18

O MANÉL DOS CORNICOS

António Garrochinho


FOI UM RESPEITÁVEL MINISTRO QUE GOSTAVA DE INVESTIR COM OS CORNOS PERANTE OS QUE O CRITICAVAM.

SABE-SE AGORA QUE TINHA MASSA POR VÁRIOS OFFSHORES E QUE APESAR DE RECEBER ORDENADO COMO MINISTRO AINDA RECEBIA GORJETAS DE 15.000 EUROS MENSAIS DO DONO DISTO TUDO.

MANUEL PINHO ATRAVÉS DO DONO DISTO TUDO, O FAMIGERADO RICARDO SALGADO RECEBEU DESTE
COMO OFERTA DURANTE O TEMPO EM QUE FOI MINISTRO DO PS, A MÓDICA QUANTIA D 15.000 EUROS MENSAIS.

ORDENADO DE MINISTRO TINHA O SENHOR DOS "CORNICOS" E ENTÃO COMO OFERTA RECEBIA DO SALGADO MAIS ESTA GORJETA.

A TROCO DE QUÊ ?

QUANTOS MAIS CORROMPEU O RICARDO SALGADO ?

A QUANTOS MAIS PAGOU OU OFERECEU ESTAS MÓDICAS PRENDAS ?

DIGAM LÁ SE NÃO SOMOS CAMPEÕES !

DIGAM LÁ AQUELA VELHA PINTADA DA PGR QUE AFIRMOU NÃO EXISTIR CORRUPÇÃO EM PORTUGAL, 
DIGA LÁ A M.M.VIDAL E ANTECESSORES SE ENQUANTO DORMITAVAM NAS POLTRONAS DA "JUSTIÇA" NUNCA LHES CHEGOU NADA ÀS ORELHAS QUE OS PUDESSE ALERTAR PARA ESTES GESTOS BONDOSOS.

SERÁ QUE ESTÃO DE CONSCIÊNCIA LIMPA ?







António Garrochinho
22
Abr18

Presidentes de Câmara do Algarve escolhem Brandão Pires para 1º Secretário da AMAL

António Garrochinho



Joaquim Brandão Pires foi o nome escolhido pelos presidentes de Câmara do Algarve (mas não todos) para ocupar o importante cargo de 1º Secretário da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve. A decisão final cabe à Assembleia Intermunicipal do Algarve, que votará o nome de Brandão Pires no 30 de Abril.
«Achámos que Brandão Pires era a pessoa certa, tendo em conta os desafios que a AMAL tem, atualmente. Temos processos comunitários a andar e muitas outras coisas a decorrer. O 1º Secretário é o homem que faz mexer a máquina administrativa da AMAL. Não é um cargo qualquer», disse ao Sul Informação o presidente da AMAL Jorge Botelho.
Apesar deste nome ter sido aprovado por «maioria confortável», na reunião do Conselho Intermunicipal da AMAL que decorreu esta sexta-feira, em Faro – com 10 votos a favor e quatro em branco -, isso não significa que a nomeação tenha sido pacífica.
Na reunião estiveram quinze presidentes de Câmara algarvios – António Pina, de Olhão, foi o único a não estar representado – mas um deles, o edil de Faro, Rogério Bacalhau, recusou-se a votar esta proposta e saiu da sala durante o escrutínio.
«A agenda é distribuída a todos os executivos com oito dias de antecedência. E, com os pontos da agenda, deve vir a proposta para se votar, no dia da reunião. Mas não houve proposta rigorosamente nenhuma e, na altura da votação, foi dito o nome da pessoa. Isto não se faz assim!», defendeu Rogério Bacalhau, em declarações ao Sul Informação.
Tendo isso em conta, o autarca de Faro preferiu sair da sala e não votar. «É uma questão processual. Porque, se não, não precisava de haver agenda».
Jorge Botelho admite que os documentos de suporte não iam junto à ordem de trabalhos, «como nunca foram, neste assunto específico». O presidente da AMAL garante que o procedimento adotado «foi o mesmo que foi feito para os 1º Secretários antes deste. O nome não consta na agenda e há troca de impressões entre todos. Neste caso, o presidente da Câmara de Faro considerou que não tinha informação sobre o que ia ser apreciado na agenda», disse.
Polémicas à parte, o nome de Brandão Pires foi aprovado. «O processo de designação será feito no dia 30, na Assembleia Intermunicipal. O nome que escolhemos agora terá de ser aprovado por aquele órgão e toma posse lá», resumiu Jorge Botelho.
A Assembleia Intermunicipal da AMAL é composta por membros das diferentes Assembleias Municipais e conta «com representantes de todas as forças políticas». Os presidentes das AM «têm assento por inerência». Os demais elementos são escolhidos a nível concelhio, pelos seus pares.
Segundo Jorge Botelho, «Brandão Pires é uma pessoa conhecedora e que tem currículo. Foi técnico e dirigente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, foi diretor regional da Economia e diretor dos Portos. É consultor e conhece os problemas do Algarve».
«Tem um perfil mais discreto, mas é, obviamente, alguém conhecedor das matérias e desafios da região. Tem, inclusivamente, feito algum trabalho de consultoria para a AMAL», acrescentou o também presidente da Câmara de Tavira.
Com a nomeação de Brandão Pires, fica concluído um processo que teve o seu episódio inicial na primeira reunião do Conselho da AMAL.
Joaquim Brandão Pires foi vice-presidente da CCDR do Algarve entre 2005 e 2008, tendo também ocupado o cargo de diretor-delegado do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, entidade entretanto extinta, bem como o de diretor regional de Economia (1996 a 2004).
É licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia da Universidade Técnica de Lisboa, onde também obteve uma pós-graduação em Métodos Quantitativos Aplicados à Economia. Doutorou-se em Ciências Empresariais na Universidade de Huelva.



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22
Abr18

gosto

António Garrochinho
gosto do rock, gosto da valsa
só não gosto de gente falsa
que me tangueia de manhã à noite
gosto do rumba
do corridinho
e até de dançar juntinho
em bailes ou na "boite"
gosto do yé yé, do twists
do samba
e do "uísque"
e até do "cú duro"
só não gosto é de marmanjos
que com arzinho de anjos
em ruins, são do mais puro
gosto de slows, de tango também
só não gosto é do "amen"
dos submissos e dos traidores
gosto de fandango, e da xula
mas não gosto de gente "mula"
que em manhosice são doutores.



António Garrochinho
22
Abr18

22 de Abril de 1915: Primeira Guerra Mundial, as tropas alemãs usam gás letal, pela primeira vez

António Garrochinho


No dia  22 de Abril de 1915, as tropas germânicas horrorizaram os soldados aliados ao longo da frente ocidental ao lançar mais de 150 toneladas de gás clorídrico contra duas divisões francesas em Ypres, Bélgica. Foi o primeiro grande ataque a gás que devastou as linhas aliadas.


Gás tóxico já tinha sido ocasionalmente utilizado. Em 1912, os franceses usaram pequenas quantidades de gás lacrimogéneo em operações policiais. Com a deflagração da Primeira Guerra Mundial, os alemães começaram a desenvolver activamente armas químicas. Em Outubro de 1914, os germânicos colocaram algumas pequenas caixas de gás lacrimogéneo em alguns obuses disparados contra Neuve Chapelle, França, porém as tropas aliadas não foram expostas a ele. Em Janeiro de 1915, os alemães lançaram obuses carregados com brometo de xileno, um gás mais letal, sobre as tropas russas em Bolimov na frente oriental. Devido ao frio, a maior parte do gás congelou, mas, apesar disso, os russos relataram mais de mil baixas fatais como resultado dessa nova arma química. 


Em 22 de Abril, os alemães lançaram a sua primeira e única ofensiva do ano. Conhecida como a Segunda Batalha de Ypres, começou com o habitual bombardeio de artilharia contra as linhas inimigas. Quando os canhões pararam, os defensores aliados aguardavam pela primeira onda de ataque das tropas germânicas, mas ao invés foram levados ao pânico quando o gás clorídrico flutuou pela terra de ninguém e penetrou nas trincheiras. Os alemães direccionaram o gás venenoso a distantes seis quilómetros da frente de batalha com a ajuda do vento e dizimaram duas divisões de soldados franceses e argelinos. As linhas aliadas ficaram rompidas, mas os germânicos, talvez tão chocados quanto os aliados pelos efeitos devastadores do gás venenoso, não tomaram as posições dos inimigos. 


Imediatamente após o ataque alemão a Ypres, a França e o Reino Unido começaram a desenvolver as suas próprias armas químicas e máscaras de gás. Com os alemães a tomar a dianteira, um extenso número de projéteis preenchidos com substâncias letais poluíram as trincheiras da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O gás mostarda, introduzido pelos germânicos em 1917, cobria de bolhas a pele e afetava olhos e pulmões, matando milhares. 


Estrategos militares defendiam o uso de gás venenoso afirmando que reduzia a capacidade do inimigo de responder e em consequência salvava vidas nas ofensivas. Na verdade, defesas contra o gás venenoso caminhavam par e passo com o desenvolvimento das ofensivas e ambos os lados empregavam sofisticadas máscaras e roupas de proteção que negavam na essência a importância estratégica das armas químicas. 


Os Estados Unidos, que entraram na Primeira Guerra Mundial em 1917, também desenvolveram e utilizaram armamento químico. O futuro presidente Harry Truman (1945-1953) era capitão de uma unidade de artilharia de campo que disparou gás venenoso contra os alemães em 1918. No total, mais de cem mil toneladas de agentes químicos foram despejados na guerra, cerca de 500 mil soldados foram feridos e cerca de 30 mil mortos. 


Nos anos que se seguiram à Primeira Guerra Mundial, Reino Unido, França e Espanha usaram armas químicas em vários conflitos coloniais, apesar da crescente crítica internacional à guerra química. 

Fontes: DW
wikipedia (imagens)

File:Various gas masks WWI.jpg
Diferentes máscaras anti-gás utilizadas durante a Primeira Guerra Mundial


Ataque de gás venenoso utilizando cilindros de gás durante a Primeira Guerra Mundial
22
Abr18

22 de Abril de 1870: Nasce Vladimir Ilyitch Ulianov (Lenine)

António Garrochinho


Dirigente comunista russo, orador, teórico com vasta obra de análise e polémica política, conduziu o país à revolução bolchevique em 1917 e dirigiu, em condições de grande adversidade, a implantação e a consolidação da URSS.


Lenine é o pseudónimo usado na clandestinidade pelo político russo Vladimir Ilitch Ulianov, nascido a 22 de abril de1870 e falecido em 1924. Oriundo de uma família da pequena burguesia provinciana, cedo se interessou pela vida política e pelos debates ideológicos. 


Um seu irmão seria enforcado pela sua participação numa conspiração com o objetivo de matar o Czar, e o próprio Vladimir, ainda estudante, envolveu-se em atividades políticas proibidas, o que lhe valeu a expulsão da Universidade, onde estudava Direito.



Viajou por diversas regiões do império russo, contactando com a realidade social, e afastou-se progressivamente dos grupos populistas que preconizavam o terrorismo como meio de abater o czarismo, acabando por aderir às teses marxistas e por se integrar em agrupamentos políticos por elas influenciados. 


Em virtude das suas atividades políticas, viria a ser desterrado para a Sibéria, para um local nas margens do Rio Lena (de onde deriva o pseudónimo militante com que depois se iria celebrizar). 


A partir desta fase da sua vida, que coincide aproximadamente com o último lustro do século XIX, a sua vida pessoal e privada perde praticamente todo o significado, pois passa a dedicar-se em exclusivo à atividade política, na Rússia e depois no exílio em várias partes da Europa.



As suas ideias e propostas vão entrar em choque com as teses oficialmente defendidas pelos seus camaradas de luta - defende a teoria de que o campesinato é, tal como o proletariado urbano, uma classe revolucionária e considera possível uma revolução socialista sem passar por uma fase de revolução burguesa, ao mesmo tempo que propõe a criação de um partido de tipo novo, constituído por um grupo reduzido, coeso e centralizado de revolucionários profissionais, que formariam a vanguarda da revolução que daria origem à instauração de uma ditadura do proletariado. 


O choque entre conceções diferentes provoca uma cisão dentro do Partido Operário Social-Democrata da Rússia, que se divide em duas fações: os bolchevistas ou bolcheviques (=maioritários) e os mencheviques (=minoritários), dirigidos respetivamente pelo próprio Lenine e por Plekhanov.



Durante a Primeira Guerra Mundial, Lenine dirige o partido a partir do exílio, só regressando à Rússia quando o conflito se encontra no fim e depois da ocorrência da Revolução dirigida pelo reformista Kerensky em fevereiro de 1917. 


Conduz então uma luta sem tréguas contra o regime czarista e o governo reformista, propondo o termo das hostilidades e a assinatura imediata da paz sem condições, a distribuição das terras pelos camponeses pobres, a extinção da monarquia e a criação de um sistema de governo de conselhos ou sovietes de operários, camponeses, soldados e marinheiros. 


As suas intervenções públicas em comícios e debates, os seus escritos e a ação persistente do partido aumentam a sua base de apoio e colocam o governo de Kerensky numa posição insustentável de debilidade e de isolamento, o que torna possível a rápida tomada do poder (os "dez dias que abalaram o mundo", segundo uma expressão consagrada) por forças militares e milícias revolucionárias sob a direção do partido bolchevista (7 de novembro de 1917).



Conquistado o poder, o novo regime, ainda dirigido por Lenine, vê-se a braços com uma grave crise económica e social, sofre uma devastadora guerra civil e ataques constantes de forças leais ao regime monárquico, e é vítima do isolamento diplomático decretado pela maioria dos países do mundo, receosos do exemplo revolucionário russo. 


Consegue no entanto sobreviver, não sem grandes dificuldades e sofrimentos. 


A saúde de Lenine fragiliza-se em consequência dos ferimentos recebidos num atentado e do avanço da arteriosclerose, que o afasta do exercício das funções da governação e da direção partidária. Vem a falecer a 21 de janeiro de 1924. 


O seu cadáver embalsamado é colocado num mausoléu propositadamente construído, na Praça Vermelha do centro da capital, exposto à veneração pública. 


Há a destacar o facto de, tal como os seus predecessores Marx e Engels ou, mais tarde, Mao Tsé-Tung, ter produzido uma volumosa obra, na qual se debruça sobre as características da sociedade russa e sobre os métodos, táticas e estratégias da luta política, e sobre a situação política mundial; sempre marcada por um acentuado tom polémico, a sua produção literária (livros, artigos de jornal) acompanha dezenas de anos de intenso debate nos planos ideológico e político.

Lenine. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011



 Ficheiro:Lenin-circa-1887.jpg
Lenine em 1887
Ficheiro:Lenin-last-underground, 1917.jpg
Lenine em 1917
Ficheiro:Brodskiy's Lenin.jpg

Pintura de Lenine em frente do Instituto Smolny feita por Isaak Brodski
22
Abr18

ESPECIAL - A FALSA FACHADA DOS CAPACETES BRANCOS

António Garrochinho

Eles estão em Portugal. É boa altura para desmascarar esta organização terrorista de capa humanitária cuja missão é branquear, junto da opinião pública, as acções militares do Daesh e da Al-Qaeda.
Os capacetes brancos e a Frente Al-Nusra, Aleppo, Síria, 2016.
Os capacetes brancos e a Frente Al-Nusra, Aleppo, Síria, 2016. Créditos
Já chegaram a Portugal os Capacetes Brancos, com ecos fortes na comunicação social, como seria expectável. São suportados por uma poderosa máquina de propaganda financiada pelo sólido apoio dos wahabitas da Arábia Saudita, de que um dos mais activos é o bilionário Hani Farsi, financiador de um documentário sobre a ONG inventada e organizada em 2013 por James Le Mesurier, especialista em segurança e «ex»-agente secreto militar britânico com um largo historial em alguns dos mais controversos teatros de intervenção da NATO, Bósnia, Kosovo, Iraque, Líbano e Palestina.
Le Mesurier é um produto da elite britânica da Academia Militar Real em Sandhurst, e foi também integrado numa série de missões de alto nível das Nações Unidas, da União Europeia e do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido.

Sigam o dinheiro

Os primeiros grande financiadores foram os sauditas, logo secundados pelas fundações de Georges Soros e pelos governos dos EUA e da Grã-Bretanha e de outros países ocidentais, mais as dádivas feitas através de angariações que são migalhas mas compõem a fotografia. Em 2016, algumas fontes estimam que esse «grupo de voluntários» recebeu cerca de 300 milhões de dólares.
Nem todo o apoio é visível, como o da USAID, bem conhecida pelas suas ligações à CIA na reconversão ou tentativa de reconversão de regimes que se escapam à esfera hegemónica dos EUA na América do Sul, Ucrânia e Médio Oriente. No seu relatório de Julho de 2015 estão inscritos mais de 16 milhões de dólares remetidos aos Capacetes Brancos.
Conhecidos os mecenas dessa trupe, o jornal londrino The Telegragh procurou minimizar os balanços negativos dessas revelações destacando o «papel humanitário dos Capacetes Brancos na Síria», reconhecendo no entanto o que antes, com grande veemência, os governos ocidentais e a rede dos media que lhes é afecta negavam: o dos Capacetes Brancos estarem integrados no ISIS e na Al-Qaeda, facto ilustrado por uma foto de um mercenário do ISIS de guarda a um armazém dos Capacetes Brancos onde estava arvorada uma bandeira do Estado Islâmico. Na realidade são uma fachada para branquear os terroristas da Al-Qaeda e seus heterónimos. São eles que compõem a face humana do terrorismo.

Propaganda de guerra para corações ternos

Os Capacetes Brancos têm o apoio de um grupo de peritos em propaganda. Uma máquina bem montada que fabrica vídeos para comover os corações moles de muita gente de boa vontade, inocente e verdadeiramente preocupada com as vítimas de uma guerra brutal que nunca foi uma guerra civil – outra grande falsificação.
Fazem parte da girândola de ONG que trabalham activamente para cumprirem os objectivos das agendas secretas dos EUA e dos seus variados serviços de informação. A sua grande eficácia é misturarem-se com as ONG que fazem louvável trabalho humanitário. Conseguem mesmo angariar pessoas honestas em seu apoio e para as suas fileiras, como tem acontecido com outras ONG. Algumas apercebem-se dos seus verdadeiros objectivos quando, na ânsia de obterem rapidamente resultados, os mandantes emitem ordens que contrariam os fins dessas organizações. Isso tem acontecido em várias partes do mundo onde actuaram e actuam: Jugoslávia, Líbia, Tunísia, Sudão. Agora onde estão mais activos na Síria e Iraque.

A «defesa civil» do Estado Islâmico

Quando surgiram os Capacetes Brancos, quem os comandava estava tão confiante no avanço no terreno da Al-Qaeda e do Estado Islâmico que não se eximiam a publicarvídeos das confraternizações conjuntas celebrando vitórias. Ainda se encontram alguns desses vídeos no You Tube, embora a maioria tenha sido apagada e não se encontrem uns tantos em que apareciam nas sessões de decapitação misturados com os algozes, numa altura em que esse horror era muito popular. Na realidade os Capacetes Brancos funcionam como a Defesa Civil do Estado Islâmico e da Al-Qaeda, a prioridade da sua actividade humanitária foram sempre os terroristas. Eram e são os seus paramédicos.

VÍDEO
Passado o tempo das euforias, surgiram os vídeos a salvar civis dos escombros. A excitação dos dias sangrentos em que o Isis e a Al-Qaeda ocupavam uma grande parte do território sírio estava a acabar e era urgente mudar a imagem. Agora multiplicavam-se os vídeos com essa nova face, a partir de Aleppo e em Ghouta, para pressionar a opinião pública na iminência de os terroristas serem derrotados – como veio a suceder.

Luzes, acção, corta!

Muitos desses vídeos eram encenações, como foi demonstrado. Se dúvidas houvesse, foram os próprios «rebeldes» das Forças Revolucionárias Sírias (RFS na sigla em inglês) que retiraram da internet vídeos de salvamentos realizados pelos Capacetes Brancos, depois de muitos dos seus seguidores se insurgirem contra a clara falsificação das filmagens.
Ficaram célebres as imagens de uma menina que foi resgatada em três locais diferentes com quilómetros de distância, a de um homem a ser salvo das ruínas de um edifício bombardeado que se libertava das mãos dos seus dois salvadores sem problemas e cheio de vida, certamente por incúria no corte do filme ou por estarem tão confiantes no seu poder de convencer que pensavam que ninguém daria nota. Num outro ainda mais descarado tentavam reanimar um manequim, fazendo-o passar por uma vitima. A evidência não resistia ao olhar mais distraído e as RFS desculparam-se com uma retórica tão ridícula que só não rasga um riso pela gravidade da situação que vive no terreno.

A propaganda a que Portugal não escapa

Uma bem oleada máquina de propaganda, de que faz parte a sua vinda a Portugal, a promovê-los como a ONG apolítica que nunca foram. Conseguiram mesmo que fosse realizado um documentário, pago por dinheiro saudita, sobre a sua acção no terreno, onde é ocultada a sua verdadeira essência e colocado em relevo o seu trabalho humanitário. Documentário que foi candidato aos Óscares e obteve alguns galardões internacionais.
O cinema e o vídeo são uma poderosa engrenagem de propaganda e falsificação. Se alguém tem dúvidas vejam-se todos os filmes sobre a guerra do Vietnam. Os de Coppola, Apocalipse Now, Kubrik, Nascido para Matar, Oliver Stone, Platoon ou O Caçador de Michael Cimino – haverá mais uns seis –, que dão um retrato brutal da guerra, só pela excelência da sua qualidade não ficam soterrados na outra quase centena em que os heróis preferidos são Stallone e Chuck Norris, muito mais difundidos na televisão, em que até parece que os EUA ganharam a guerra do Vietnam, facto que os vietnamitas obviamente desconhecem.
A propaganda dos Capacetes Brancos é tão eficaz que alguns tentaram que fossem candidatos ao Prémio Nobel da Paz, o que aliviaria o esforço financeiro de quem os subsidia e os colocaria numa galeria ao lado de Obama, o Nobel da Paz que lançou 100 000 bombas e mísseis em sete países, colocou as forças militares norte-americanas em 138 países – estavam em 60 ao tempo de Georges W. Bush –, fez crescer dez vezes a utilização de drones, atingindo toda a espécie de alvos civis e militares, aumentou as despesas militares em 18,7 mil milhões de dólares. Não ficavam mal acompanhados e ilustrariam essa galeria em que a paz é um buraco negro.

Um parêntese para as «falsas notícias»

A guerra na Síria é, desde que foi desencadeada, uma enorme mistificação, como José Goulão, no AbrilAbril, cabalmente demonstrou. Os Capacetes Brancos, desde o seu aparecimento, são uma peça importante nessa engrenagem e trabalham afanosamente – para isso são pagos – para o branqueamento das forças terroristas. Mascarados com a capa humanitária, são a principal fonte de informação e difusão de «falsas notícias», fazendo um ataque cerrado aos avanços no terreno do regime de Assad. Os seus informes espalham-se como um vírus pelas redes sociais, independentemente de serem verdadeiros ou falsos. São destros e experientes em fabricarem sucessos para fazerem sangrar as almas piedosas de todo o mundo e fornecerem meios de prova que não precisam de outra contradita para os EUA e os seus aliados desencadearem acções contra o governo sírio e seus aliados. A última grande encenação foi em Ghouta, como já tinham feito em Aleppo. Tinha um objectivo irrefutável, tentar no mínimo atrasar os ataques do exército sírio para os terroristas se recomporem, se rearmarem e, se possível, não serem derrotados. São dos agentes mais activos para que o horror da guerra se prolongue. São parte inteira e activa desse horror sobre o qual a reportagem de Robert Fisk para o The Independent, em Douma, é esclarecedora.

Regressando a Portugal

Agora essa «organização humanitária» está por cá, em Fafe, a convite da Terra Justa e a ser alvo de várias acções de angariação de fundos. É mais uma das suas muitas acções de propaganda e relações públicas que organizam com reconhecida eficiência nos países ocidentais, aproveitando-se da conivência da comunicação social ao serviço das oligarquias. Por cá, têm tido uma cobertura mediática com grande impacto com a particularidade de nenhuma falhar em etiquetar os terroristas de rebeldes, um delicioso eufemismo.
Comparem-na com a que foi concedida a Maria de Guadalupe, a freira missionária argentina que esteve em Portugal a relatar a sua experiência na guerra da Síria. Enquanto os Capacetes Brancos, os paramédicos dos terroristas do Isis, da Al-Qaeda e seus heterónimos, são multiplamente incensados e propagandeados, Maria de Guadalupe quase não teve tempo de antena e, apesar da sua distanciação em relação ao conflito, até chegou a ser apelidada de freira diabólica. Mais um episódio da danação dos tempos que vivemos e da enorme manipulação que nos cerca.



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22
Abr18

E antes era… Se Deus quiser!…

António Garrochinho


Inicialmente, o tema que esta semana iria abordar era outro, mais concretamente, sobre a liberdadede circulação dentro dos Estados lusófonos da CPLP.

Mas, ao contrário do que se costuma dizer, o Homem pensa, e executa, desta vez, o cronista pensou – e penso, que pensava bem – mas algo mais alto, não me deixa executar. Pelo menos por agora.

Outros factores, agora mais importantes, tornaram-se mais relevantes.

Desde que o Homem começou a falar, que ao despedir-se, usava sempre uma expressão que desejava algo de bom para os dias vindouros para si e para o despedido.

A partir de uma certa altura, com o advento da religião, em particular, no caso dos que professam o monoteísmo, a frase de despedida passou a ser «Vá com Deus» ou agregar a «Se Deus quiser»; e, por vezes, as respostas eram «Oxalá» ou «Assim Deus o queira».

Com maior ou menor certezas léxicas, com maior ou menor corruptela, as frases seriam e eram assim. E assim tem sido até aos dias de hoje.

Tem sido, de facto – pelo menos na língua portuguesa eu é que nos entendemos – estas as expressões. Tem sido…

Só que, tal como nas indústrias, nas tecnologias, também as expressões linguísticas evoluem.

E hoje, já não devemos dizer «Se Deus quiser», mas outras e bem sombrias expressões: «Se Trump e Kim Jong-un quiserem» ou, mais recentemente, «Se Trump e Putin quiserem»!

No primeiro caso, era a eventual possibilidade de os dois líderes decidirem optar pela via da guerra, para ver quem tinha o botão maior – leia-se, por outras palavras, quem perdia o juízo primeiro.

No segundo caso, o mais recente, deve-se à senil ideia do senhor Trump que pensa poderbombardear a Síria para castigar Bashar Hafez al-Assad, devido a um eventual ataque, que as forças militares deste líder sírio, teriam efectuado com armas químicas sobre o seu Povo.

Compreende-se que, caso se confirmem as suposições – mas com leituras claras e independentes – que os prevaricadores sejam criminal e duramente castigados. No seria o primeiro caso. Mas os outros não foram sujeitos a ataques militares, mesmo que cirúrgicos para isso. Foram apanhados e julgados e Tribunais Superiores, alguns internacionais, criados para estes casos de extermínio ou massacres.

Só que no caso presente, o senhor Trump está a ir longe demais nas suas suposições e nas suas directrizes – leiam-se, tweets – quanto a um eventual ataque à Síria para castigar o “Animal” (sic) de al-Assad. Ainda assim, eu quero acreditar que estes tweets têm como instigadores alguns dos falcões que, pretensamente, o assessoram, como, por exemplo,um dos ideólogos da guerra do Iraque na era Bush, entrou para a equipa de Trump há dias, o senhor John Bolton, ou o «Senhor Guerra», e – creio que ainda é – investigador de um dos mais aureolados think-tanks conservadores dos EUA, o American Enterprise Institute.

É que o senhor Trump e o Pentágono têm de compreender que as réplicas russas de que, em caso de ataque – mesmo que pretensamente cirúrgicos – estes não terão quaisquer problemas em ripostar e abater os mísseis que sejam enviados pela marinha ou aviação norte-americana, são pertinentes e compreensíveis.

Não é porque desejem salvaguardar a integridade física de Bashar al-Assad – também, – ou as suas foças armadas, nomeadamente, a aviação síria. É que as foças russas que apoiam o regime de Bashar al-Assad estão no meio, no centro, deste vulcão. E um ataque ao vulcão seria um ataque às forças russas. E as vítimas que daí resultassem seriam não só sírias como russas. Logo…

E o interessante é a tentativa do senhor Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, incitar o senhor Trump a atacar a Síria, que, além de apoiada pelos russos, também é apoiada pelos iranianos – o que, para o inquilino da Casa Branca, é ouro sobre azul, dado a longuíssimo litígio que existe entre Teerão e Washington; uma dolorosa e histórica mágoa norte-americana poderia ser limpa…

Ora, quer russos, quer iranianos, têm apoiado as actuais políticas de Erdogan. Estranho? Não, penso que esta atitude do líder turco, prender-se-.á com os curdos. Porque no caso do ataque norte-americano, estes teriam de retirar algum do seu apoio aos curdos sírios o que tornariam, estes, mais frágeis, face às pretensões hegemónicas e expansionistas do líder turco contra os curdos.

Pois é por causa disto e porque nem o senhor Trump parece saber o que quer – dai acreditar que estará a ser pressionado pelos falcões que julgam ser a Síria, o mesmo que o Iraque – como mostra o seu tweet de hoje (ontem) de manhã «“Nunca disse quando é que um ataque à Síria iria acontecer. Pode ser muito em breve, ou então não tão cedo, de todo!”

Daí que, se estiverem a ler este texto, é porque Trump e Putin assim o quiseram; o que me leva a terminar com…

Até para a semana, se Trump e Putin quiserem!

*Investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL(CEI-IUL) e Pós-Doutorando da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto**

** Todos os textos por mim escritos só me responsabilizam a mim e não às entidades a que estou agregado

Eugénio Costa Almeidaopinião | em Vivências Press News | 13.04.2018



*Eugénio Costa Almeida – Pululu - Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais - nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.


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22
Abr18

Irão ameaça adotar "medidas drásticas" se EUA abandonarem acordo nuclear

António Garrochinho

Ministro do Exterior iraniano afirma que país voltará a enriquecer urânio se os Estados Unidos se retirarem de pacto nuclear internacional, classificado por Trump de "o pior acordo de todos os tempos".

O Irão está disposto a retomar o enriquecimento de urânio e adotar outras "medidas drásticas" se os Estados Unidos abandonarem o acordo nuclear fechado entre Teerão e potências internacionais em 2015, afirmou o ministro do Exterior iraniano, Javad Zarif, neste sábado (21/04).

Zarif disse a repórteres em Nova York que o Irão não pretende adquirir uma bomba nuclear, mas que a "provável" resposta de Teerão a uma retirada americana do acordo seria retomar a produção de urânio enriquecido, crucial para a produção de uma bomba.

O acordo nuclear iraniano, fechado em 2015 entre Teerão o os países do grupo P5+1 (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China, mais Alemanha), estabelece um controle sobre o programa nuclear do país em troca do alívio das sanções económicas internacionais.

O presidente americano, Donald Trump, classificou o documento firmado por seu antecessor, Barack Obama, de "o pior acordo de todos os tempos". O republicano estabeleceu 12 de maio como prazo final para os europeus "consertarem" o pacto. Caso contrário, além de abandonar o acordo, os EUA imporiam sanções a Teerão novamente.

Zarif, que viajou aos Estados unidos para uma reunião da ONU sobre o tema paz, afirmou que a exigência de mudanças no acordo nuclear mostra que não se deve negociar com o governo em Washington. De acordo com o ministro iraniano, os EUA negociam sob o lema: "O que é meu é meu, o que é seu é negociável."

É inútil que o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, tentem acalmar Trump, disse Zarif. O destino do acordo nuclear iraniano será um dos principais temas discutidos durante uma visita de Macron a Washington a partir desta segunda-feira. Merkel estará na capital americana na sexta-feira.

Alertando contra concessões a Trump, Zarif afirmou que os líderes europeus precisam pressionar o presidente americano a permanecer no acordo, se os EUA "pretendem manter qualquer credibilidade na comunidade internacional".

Líderes europeus esperam convencer Trump a salvar o acordo se eles, em troca, concordarem em pressionar o Irão a entrar num pacto sobre testes de mísseis e moderarem a influência regional de Teerão sobre o Iémene, a Síria e o Líbano.

Se os EUA abandonarem o acordo nuclear, é improvável que o Irão se mantenha nele com os demais signatários, disse Zarif. Os comentários do ministro iraniano marcam uma escalada na retórica de Teerão após o presidente do país, Hassan Rohani, alertar no início do mês que Washington iria "se arrepender" de sair do acordo nuclear.

LPF/afp/rtr | Deutsche Welle
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22
Abr18

ESTA MANHÃ - França: Monte Saint-Michel evacuado após ameaça de morte a forças de segurança

António Garrochinho




VÍDEO




Um homem está a ser procurado no perímetro do Mont-Saint-Michel, um dos mais visitados locais turísticos do norte de França. Cresce a teoria de que o suspeito já não se encontra na famosa ilha que apenas fica isolada na maré cheia.
Mont-Saint-Michel foi evacuado esta manhã por questões de segurança. A abadia no topo do monte foi encerrada e os serviços religiosos suspensos.
As últimas informações, citando o presidente da câmara da região da Mancha, apontam para a garantia de segurança no perímetro urbano do Mont-Saint-Michel e para a reabertura do local a partir das 14:00 (menos uma hora em Lisboa
De acordo com as informações disponíveis sobre a origem do caso, pouco depois das sete da manhã (menos uma hora em Lisboa), um homem terá ameaçado de morte a polícia e desapareceu.
Os testemunhos divergem.
Por um lado, é relatada a denúncia de um guia turística contra um homem que viajava numa das viaturas de transporte de turistas para o local e que teria proferido algumas ameaças contra as forças de segurança.
Outros relatos referem um homem que pretendia montar uma instalação artística na rua e que teria sido impedido, tendo ameaçado as forças de segurança.
O suspeito terá sido seguido pelas camaras de vigilância, mas desapareceu. Não foi vista qualquer arma na posse do homem.
As motivações das alegadas ameaças era desconhecidas, por isso as autoridades decidiram agir com precaução perante a normal presença de muitos turistas num dos ex-libris turísticos mais famosos da Normandia.
[Em Atualização]



pt.euronews.com

22
Abr18

NÃO HÁ CRISE!

António Garrochinho

Afonso Camões* | Jornal de Notícias | opinião

O mais pueril dos enganos é aquele em que insistimos contá-lo a nós mesmos, tão bem que chegamos a acreditar nele. Como esse de todos negarem o bloco central, quando ele está aí, na sua máxima força. O problema é que há eleições no ano que vem, cada um pedala a sua bicicleta, e a campanha já está na estrada.

É certo que entre outros cometimentos em comum, e cada um para dentro dos seus respetivos partidos ou para os seus mais próximos, António Costa e Rui Rio já por várias vezes tiveram que elevar a goela para enxotar os fantasmas dessa mítica arca de Noé que juntaria PS e PSD num acordo de Governo. Rio teve de esticar o dedo perante a desconfiança de alguns dos seus maiores detratores internos para lhes dizer que "perdem tempo com o sexo dos anjos". E ontem mesmo, Costa veio dizer que "a ideia de um bloco central que junte os dois maiores partidos empobrece a democracia".

A liberdade de escolha é a assunção da cidadania. Acontece que ambos sabem que as grandes reformas que o país necessita e que a maioria dos portugueses reclamam - da saúde à sustentabilidade da Segurança Social; do sistema político e eleitoral à descentralização e ao ordenamento do território - precisam de consensos alargados e a soma de votos entre os maiores.

O novo líder social-democrata estendeu a mão e foi o primeiro a dizer ao que vinha. E aquele aperto de mãos, que as imagens mostram ser sincero, entre António Costa e Rui Rio não vale apenas pelos acordos que ambos selaram esta semana. Eles simbolizam o reabrir de uma porta de diálogo entre o PSD e o PS. Por ora, para lá da boa aragem na economia e do sucesso que a fórmula política caseira tem revelado no plano europeu, os dois anos de António Costa como primeiro-ministro são, afinal, a demonstração de que é possível, mesmo com um Governo minoritário, polarizar vontades à sua Esquerda e, agora também, à sua Direita. É o PS a servir de charneira e a gozar do melhor de dois mundos.

De um lado e outro agitam-se hostes e insinuam-se ameaças veladas sobre a possibilidade de uma crise política que o presidente da República, em jeito de aviso, já classificou "de todo indesejável". Assim será, pois, até ao final da legislatura, sob pena de quem a provocar se submeter ao risco de pagar cara a fatura eleitoral. Não é preciso um acordo de Governo para que mais acordos se façam e, sistematicamente, se afaste a ideia de um bloco central. Ele afinal existe, e dispensa bem o fantasma da coligação entre os dois maiores partidos. Reúne à sua volta a maior maioria de sempre e tem um nome. É Marcelo.

*Diretor do JN



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22
Abr18

E PRONTO ! EM ANGOLA JÁ LÁ ESTÁ O FMI - FMI CONCORDA SER MULETA ATÉ ENTRAR NO GALINHEIRO

António Garrochinho

O ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, disse hoje que espera que as medidas aprovadas e o apoio técnico do Fundo Monetário Internacional (FMI) crie condições para captar recursos financeiros em condições mais favoráveis do que as oferecidas pelo Fundo.

Em entrevista à Lusa em Washington, à margem dos Encontros da Primavera, que decorrem até domingo, Archer Mangueira, quando questionado sobre a razão de não recorrer ao financiamento do FMI e optar pelos mercados financeiros, explicou que isso se deve à convicção de que os mercados internacionais de capitais podem oferecer condições mais vantajosas depois das reformas.

“O programa de coordenação de políticas [que Angola assinou com o FMI esta semana] tem duas opções, com ou sem financiamento”, disse Archer Mangueira, acrescentando: “Normalmente os países recorrem a programas com financiamento para financiar a balança de pagamentos, mas o nosso défice da balança de pagamentos tem vindo a reduzir-se nos últimos anos”, vincou o governante.

“Também acreditamos que o programa de estabilização macroeconómico em curso, e que no fundo vai ser a base de um programa de coordenação de políticas, ao ser concretizado, vai certamente criar um ambiente para a captação de recursos financeiros junto dos mercados internacionais de capitais em condições muito mais favoráveis”, acrescentou o ministro das Finanças.

Archer Mangueira vai de Washington directamente para Nova Iorque, onde na segunda-feira dará início a um “roadshow” (apresentação aos investidores) da emissão de dívida pública em moeda estrangeira (“eurobond”) no valor mínimo de 2 mil milhões de dólares, para a qual espera uma taxa de juro na ordem dos 7%, abaixo dos 9,5% de lançamento da última emissão, há três anos.

Antes, durante a conferência dos ministros das Finanças africanos, na qual participou juntamente com os seus homólogos da Nigéria, Somália e São Tomé e Príncipe, Archer Mangueira já tinha dito que, apesar dos “sucessos alcançados” desde a queda do preço das matérias-primas, em 2014, “Angola ainda tem muitos desafios para colocar a economia numa trajectória de crescimento sustentado”.

Para ajudar nesses desafios, o país vai continuar a trabalhar com o FMI, do qual é membro desde 1989, “com fases intensas e outras menos positivas”, vincou.

Recordando os programas de apoio já completados durante esta década, Archer Mangueira salientou que os técnicos do Fundo fizeram, no âmbito da análise ao país ao abrigo do artigo IV, “muitas recomendações úteis, sobre como implementar a consolidação fiscal, a mobilização de receitas internas e as reformas estruturais”.

Essas preocupações, garantiu, “estão bem reflectidas no Orçamento Geral do Estado e no Plano Nacional de Desenvolvimento, e algumas delas estão já em curso e irão melhorar a capacidade do país implementar o novo quadro operacional da política fiscal para criar emprego e estimular o investimento”.

O objectivo, concluiu, é “ampliar os esforços para a reforma e continuar o envolvimento com o FMI para sustentar os ganhos até agora, buscando assistência técnica para o desenvolvimento das capacidades para sustentar as reformas”.

Mais do mesmo

Adescida de preço das matérias-primas obrigou vários países africanos a recorrerem ao FMI, que até há pouco tempo tinha sido substituído pela banca comercial, cujos empréstimos são agora incomportáveis, explicava em Maio de 2016 o jornal britânico Financial Times.

“Um pouco por toda a África, os países que até há pouco tempo não precisavam do FMI como credor de último recurso estão a engolir o orgulho”, lia-se na edição de 16 de Maio de 2016 do Financial Times, num artigo com o título “Tempos difíceis empurram africanos de volta para o FMI”.

O artigo apresenta os exemplos de Angola, Moçambique, Zimbabué, Nigéria e Gana, entre outros, para defender que o recurso aos sistemas de financiamento do FMI eram menos difíceis que nos anos 80 e 90, quando vários países foram obrigados a recorrer ao FMI e tiveram como resposta um conjunto de medidas de austeridade que tornaram o Fundo altamente impopular no continente.

“Há menos estigma em pedir ajuda ao FMI, em parte porque o Fundo já não é tão rígido em enfiar medidas neoliberais pela garganta abaixo dos países, sendo agora mais cuidadoso na protecção da saúde, educação e programas de alívio da pobreza”, escreveu o jornalista David Pilling.

O artigo defendia que o recurso ao FMI por essa altura era mais fácil também porque as condições macroeconómicas do continente melhoraram significativamente face ao panorama dos anos 1980 e 1990, mas nalguns países, como Angola, o tempo perdido é notório.

“Angola, cujos governantes esbanjaram milhares de milhões de dólares durante os preços altos do petróleo, é o último a provar o remédio do FMI”, dizia o jornal.

A verdade é que, com maior ou menor sensibilidade social, o FMI continua a vestir a pela de cordeiro para, muitas vezes com requintes de malvadez, disfarçar a faminta hiena que existe na sua metodologia de trabalho.

O FMI, neste caso, sempre soube – até mesmo quando andou por cá a vendar gato por candimba – que o Povo angolano morre de fome e de doenças enquanto os oligarcas do MPLA multiplicavam milhões roubados a esse mesmo Povo.

E o que fez o FMI? Nada. É certo que não lhe cabia intervir. Pois é. Só lhe cabia (e cabe) deixar que o país vá ao charco para depois, qual salvador, dar uma salsicha por cada porco sacado.

O que fez o FMI quando se tornou público o descalabro em que a gestão da Sonangol mergulhou nos últimos anos? Nada. Quanto pior… melhor, terá pensado a directora-geral do FMI, Christine Lagarde.

Recorde-se, entre outros exemplos, que Tom Burgis, autor do livro “A Pilhagem de África”, considerava que a Sonangol opera à margem da lei (ou dentro da suprema lei do regime: quero, posso e mando) e que foi criada e responde directamente apenas às mais altas figuras políticas de Angola. Nada disto passou ao lado do FMI que, mais uma vez, mostrou que a sua vocação em deixar que os desastres aconteçam (nada de medidas profilácticas) para depois aparecer como divino salvador.

O autor do livro “A Pilhagem de África” defende que a Sonangol foi criada inicialmente (e assim se mantém ao longo de décadas) para conseguir financiar o MPLA, mas que com o passar dos anos acabou por ser a mais importante empresa nacional, controlada directamente pelos principais responsáveis políticos (do MPLA) e fugindo ao controlo das autoridades externas, já que as internas são do… MPLA.

“Para manter o MPLA a andar, tinham de criar uma empresa que corresse bem. A Sonangol é uma das melhores empresas africanas e mundiais, e foi Manuel Vicente, treinado em Londres, que foi geri-la. A partir de 2002 começa a ser óbvio que o MPLA ia ganhar a guerra, e portanto a empresa pode privatizar-se, já não precisa de financiar a guerra, e torna-se o motor deste Estado-sombra”, defende o autor, jornalista de investigação no britânico Financial Times.

No que a Angola respeita, o autor retrata as ligações entre os dirigentes angolanos e as grandes petrolíferas ocidentais, bem como o avanço da China e as enormes desigualdades num país onde “uma sandes normal custa 30 dólares, mas a maioria da população vive na pobreza”.

“A Pilhagem de África”, explica o autor, “começa com a ideia de que há uma maldição dos recursos, e mostra que os sítios mais ricos em recursos naturais caíram sempre em golpes de estado, guerras, violência interna, corrupção, opressão, e o padrão está mais exacerbado em África”.

O continente africano, acrescenta, é normalmente olhado como mais pobre, mas é o mais rico, tem um terço de todos os recursos naturais, “mas os padrões de vida são terrivelmente baixos”, tentando mostrar que “a maldição dos recursos” não é um acidente, nem um conceito abstracto, é um sistema concreto de pilhagem que liga políticos locais, autoridades de segurança, intermediários, empresas petrolíferas e os consumidores dos materiais recolhidos em África”.

O livro, escrito como se fosse uma longa reportagem, apresenta um conjunto de indicadores para sustentar que a riqueza africana não está a ir para os africanos, mas sim para uma pequena elite composta pelos privilegiados locais e pelos investidores e pelas grandes empresas internacionais, “que apresentam-se como tendo grandes regras contra a corrupção, grande controlo, mas depois chegam a África e dizem que há estes ‘africanos malucos e corruptos’ a tentarem tirar-lhes dinheiro do seu bolso”.

Um dos exemplos do livro, que já tinha sido retratado nas páginas do Financial Times, tem a ver com a norte-americana Cobalt, que explorou petróleo em Angola em associação com a Nazaki, uma empresa que era detida parcialmente por Manuel Vicente, Fragoso do Nascimento e o Chefe da Casa de Segurança do Presidente, general Hélder Vieira Dias Júnior ‘Kopelipa’, sendo que Manuel Vicente era na altura presidente da Sonangol, que atribuía as licenças de exploração e escolhia os parceiros locais das petrolíferas internacionais.

E com o país ainda muito perto do colapso, devido à conivência criminosa de muitas instituições internacionais, entre as quais o FMI, aparece a equipa de Christine Lagarde, desta vez com a farda de bombeiros, para apagar o fogo. É claro que todo o equipamento de piromania está pronto para atear novos fogos.


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22
Abr18

OS CASAMENTOS

António Garrochinho

ANTÓNIO COSTA DIZ QUE SÓ HÁ DOIS PARTIDOS PARA REFORMAS ESTRUTURAIS.

AOS QUE O APOIAM (GERINGONÇA) NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, AO AFIRMAR ISTO, É A MESMA COISA QUE DIZER QUE ESSES SÓ CONTAM TEMPORARIAMENTE JÁ QUE NÃO PODE CONTAR COM ELES PARA AS PRINCIPAIS POLÍTICAS DO PS SUBMISSAS A BRUXELAS E AO CAPITALISMO/IMPERIALISMO.

OS DINHEIROS, POIS É DISSO QUE SE TRATA, AS LEIS SUBMISSAS AO DIRECTÓRIO CAPITALISTA DA UNIÃO EUROPEIA CUJOS FUNDOS "OFERTAS" AO NOSSO DESGRAÇADINHO PAÍS, É A TEMÁTICA QUE LHE INTERESSA, A ELE, E AO TAL PARTIDO.
PUDERA! NÃO SÃO ELES QUE AS SUPORTAM E SIM O POVO !

NO PERCURSO DO DINHEIRO CAEM SEMPRE "ALGUMAS QUANTIAS" PARA O BOLSO DOS QUE ACATAM O MANDO A CANGA DO CAPITALISMO.

CAEM SEMPRE AS PROMOÇÕES PARA OS GRANDES TACHOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS, QUE O DIGA O BARROSO, O CONSTÂNCIO, O GUTERRES, O GAMA, O CENTENO E TODOS OS OUTROS ANTES, E OS QUE HÃO-DE VIR.

MAIS DIZ COSTA QUE O "BLOCO CENTRAL" É CONTRÁRIO AOS PRINCÍPIOS DA DEMOCRACIA E RUI RIO APRESSA-SE A DIZER QUE SIM, MAS QUE NÃO É BEM ASSIM.

IMPORTA ANESTESIAR O ELEITORADO E ELES SABEM-NO FAZER MELHOR DO QUE NINGUÉM.

POR FIM CABE AQUI FALAR DO RESTO, O RESTO DOS PARTIDOS.
O CDS TANTO LHE IMPORTA DESDE QUE O CONVIDEM DE VEZ EM QUANDO PARA O GOVERNO.
PORTAS ENSINOU ESSA PRATICA E JÁ HÁ QUEM NÃO QUEIRA OUTRA COISA.
MESMO SEM BASE ELEITORAL O QUE IMPORTA É TER MINISTROS, SECRETÁRIOS DE ESTADO E GENTE COLOCADA NA ESFERA DO PODER.

O BLOCO JÁ PROMETE QUE TAMBÉM LHE AGRADA ESTE MODELO.

O PCP, IDÓNEO, QUE SE CUIDE ! NO MEIO DESTA CÃOZOADA .

QUANDO O PCP PERDE PERDEM OS TRABALHADORES E VICE VERSO.

António Garrochinho
22
Abr18

PÃO PÃO, QUEIJO QUEIJO

António Garrochinho

SOBEM NUM ESTRADO MAIS ELEVADO PARA GANHAREM A SUBORDINAÇÃO, COLOCAM A VOZ, ENSAIAM UNS ESGARES FRANCISCANOS, ORA DE PREOCUPAÇÃO ORA DE BONDADE, DEIXAM ESCAPAR A FAMOSA LÁGRIMA DE CROCODILO E COMEÇAM A VOMITAR O DISCURSO QUE JÁ EXISTE DESDE OS PRIMÓRDIOS.

NÃO MUDARAM NADA !

O QUE MUDOU FOI A PLATEIA DE CEGOS E DE OBEDIENTES QUE ESTUPIDAMENTE CONTINUA A PRESTAR-LHES CULTO.
OS APLAUSOS JÁ SÃO MAIS, MUITO MAIS, DO QUE AS VAIAS COM QUE DEVERIAM SER BRINDADOS.

PASSADOS OS MINUTOS DE EUFORIA, O COLETIVO HISTERISMO, E CONSUMADO O EXORCISMO FEITO PELO "GRANDE ORADOR" O REBANHO SAI ORDEIRO, PRONTO PARA ENFRENTAR MAIS UNS DIAS, UNS MESES, UNS ANOS, A VIDA, DE ADORAÇÃO AO CHICOTE.

O GRANDE PROFESSOR, O PROFETA, O PASTOR , VAI EMBEBEDAR-SE COM UM "SCOTCH" E ALTA QUALIDADE E DORME TRANQUILO O SONO DO deus QUE NÃO EXISTE.

EXISTE ELE, E PELO VISTOS É EFICAZ.



António Garrochinho
22
Abr18

SEM PAPAS NA LÍNGUA

António Garrochinho




COISAS DA VIDA

Pagar sem usufruir é algo que o zé povinho, a maioria, neste país de tagarelas (salvo as excepções) faz todos os dias.
Pagar ! pagar tudo! e não receber nada em troca é uma constante !

Um vício, um jogo, que o fascismo moderno das políticas encostadas como diz a venenosa Cristas mas ao contrário, um jogo dos xuxas do socialismo na gaveta, e dos que foram para a política, porque dar cabo dos ossos a trabalhar é coisa de escravos, de ignorantes de parvos e de submissos, um jogo que já tresanda e faz vítimas todos os minutos sem que alguém lhe ponha cobro e tenha coragem de higienizar, de solucionar.

Formou-se uma cortina de nevoeiro e mudez em volta das viagens dos deputados que recebem a dobrar, que recebem 500 euros semanais para se deslocarem a ver os seus "queridos" quando na realidade levam a vida com o cu almofadado a viajar e a curtir a vida em ambiente de ar condicionado e mordomias inimagináveis e ainda por cima desbocadamente têm a pouca vergonha de se dizer representantes do povo com direito a toda uma roubalheira que sai do bolso dos que trabalham e se veem privados dos direitos elementares e nucleares da sua existência como seres humanos.

Roubam o "estado" que tanto criticam, roubam o viajante, o vizinho, o velho, o jovem, roubam tudo o que lhes aparece pela frente mesmo que seja "imoral e anti ético", e depois botam cá para fora os discursos da banha da cobra próprio dos mercados e feiras medievais.

Casta de gatunos, de merdosos, de direita e até alguns que se dizem de "esquerda" que arranjaram uma forma de xular o desgraçado do trabalhador mas não passam de vulgares marginais ausentes de honra e honestidade que ainda encontra eco num povo que acreditou neles no 25 de abril.

Discutir ordenados e benesses da classe política tornou-se tabu e fica mal nos que são sempre servis e não merecem a estima de ninguém, a não ser em dia de eleições.
Já se assemelham a cardeias e a bispos com a retórica estudada e ramificada, com a verborreia que utilizam para tapar os olhos e adormecer a plebe mantendo o rebanho sossegado mesmo cercado pela alcateia.

Os eternos parvalhões de sempre, os pedreiros, carpinteiros, mecânicos,os que PRODUZEM, os que todos os dias levantam este país das bancas rotas foram condenados a suportar esta xulama e silenciados nas suas legítimas aspirações.

Se calados tudo bem !

Se botam palavra lá vêm as acusações de traição, lá vêm as críticas de que são grevistas, comunistas, acusados de esquerdismo, lá vêm as desculpas esfarrapadas de que não há condições.

Não há condições para quê seus troca tintas, aldrabões ?

Não vos chega injectar na banca 17 mil milhões de euros e vir com cara de puta fingida dizer que não há dinheiro para a saúde, a cultura, para infraestruturas elementares que prometeram há décadas ?

Não vos chegam as mordomias e benesses de que usufruem ou seja a reforma assegurada, sem chatices, sem percalços, sem dificuldades e ainda vêm extorquir mais ao zé povinho ?

Neste malfadado país que parece não ter saído da monarquia onde a família política ( sangue azul) se sucede através dos tempos, neste país onde a maior parte dos políticos e governantes superam em regalias outros países muito mais ricos no que diz respeito ao que ganham governantes e administradores, banqueiros e outros doutores, neste país onde há dinheiro para tudo menos para os que AINDA sobrevivem desempregados, para os que depois de uma vida de trabalho são remetidos para o canto do esquecimento e da miséria, neste país onde o luxo anda de mão dada com a gatunice só me apetece dizer.
Vão roubar para o c&&&#%&&, vão gozar com a puta que vos pariu.

Quando o povo vos destapa a careca não se emendam e ainda o odeiam mais e o sacrificam.

Sabendo dos "brandos costumes" das marionetas obedientes que inexplicavelmente persistem neste país, vocês vivem no paraíso remetendo o povo ao inferno que é real mesmo sem deuses e sem diabos da ficção esotérica.


António Garrochinho
22
Abr18

O SNS e a direita

António Garrochinho

O SNS e a direita

(Carlos Esperança, 21/04/2018)
SNS1
Quem votou contra o SNS e odeia o direito à saúde, universal e gratuito, quem tinha na caridade o modelo de assistência aos pobrezinhos e na iniciativa privada o sonho para os ricos, é quem mais reclama da ineficiência e da falta de meios para a assistência pública eficiente, que sempre detestou.
Claro que nem todos são hipócritas e perversos, mas há os idiotas úteis e os esquecidos do costume. O PSD e o CDS, que votaram contra a maior conquista do 25 de Abril, e a que mais beneficiou o país, surgem agora como paladinos do que sempre combateram.
É natural que, perante a aceitação generalizada e os benefícios da sua existência, possa a direita ter-se convertido à defesa do SNS, mas exige-se a declaração pública de repúdio do voto contra, para ser considerada honesta a legítima exigência de mais recursos, dos recursos que negou sempre que foi governo.
Não basta colocar no horário nobre das televisões as deficiências, tratar o sarampo como aterradora epidemia, filmar serviços de Urgência em alturas de gripe ou eleger bactérias para os noticiários.
A defesa da dedicação exclusiva dos profissionais de saúde e o combate ao parasitismo, de que o SNS é alvo, por privados e instituições pias, são obrigações éticas e cívicas de quem defende, de facto, um serviço de saúde de qualidade e acessível a todos.
Há inimigos que o SNS dispensa, a demagogia à sua volta e os falsos amigos, ansiosos pela ruína que permita aos ricos um serviço de qualidade e aos pobres a caridade das Misericórdias.
A manha e dissimulação de uma direita que recorre à hipocrisia deve ser denunciada.

estatuadesal.com


22
Abr18

O fim da ETA: verdade ou encenação?

António Garrochinho


Fotografia típica das famosas conferências de imprensa clandestinas da ETA


A ETA emitiu um comunicado onde pede desculpa a algumas vítimas das suas ações que duraram cinco décadas e fizeram mais de 850 mortos. Dissolução do movimento terrorista está prevista para 5 de maio.

Começo a desconfiar da autenticidade desta notícia, que é a segunda vez que aparece na imprensa espanhola. Não sei se não será uma encenação do governo de Madrid, destinada a esbater, de uma forma subliminar, o forte impacto das tendências autonomistas, principalmente a da Catalunha, que cada vez se agiganta mais.

O teor do texto e o seu tom lamechas, a repisar constantemente o arrependimento, a dor causada às famílias das vítimas, as mortes causadas pelos muitos atentados, soa-me a falso, pois há ali a necessidade de dramatizar, até ao limite, o que, por natureza, foi dramático.
.
Por outro lado, os operacionais da ETA, que, por razões de segurança, deveriam ser, à época, em pequeno número, ou já morreram, ou, se não morreram, já têm uma proveta idade, que já não se compadece com este lirismo textual, que até sugere, de uma forma artificiosa e suspeita, que não vale a pena lutar pela independência do País Basco e que é preferível optar por uma solução democrática, pensamento este que não se coaduna muito com o perfil da forte personalidade de quem escolheu, em tempos, a via da luta armada clandestina, em condições muito difíceis, para alcançar o desiderato da independência do País Basco. Trata-se de pessoas que actuaram sob a pressão de convicções muito fortes e inabaláveis, e que, na minha perspectiva, não estou a ver que a elas possam renunciar, desta forma folclórica.

E também me parece folclórica esta forma estranha a desajustada de promover uma conferência de imprensa, em tudo idêntica às dos velhos tempos, e a realizar no próximo dia 5 de Maio, no País Basco francês, e destinada a anunciar solenemente o fim da ETA. É estranho, porque se se tratasse de verdadeiros militantes, bastava-lhes, para apaziguar a sua consciência e o seu sentimento de culpa, a emissão dos comunicados, que já foram divulgados, em que se anunciava o definitivo desmantelamento daquela organização, que pôs de cabeça à roda à polícia secreta do ditador Franco.

Os velhos militantes operacionais recusariam, certamente, tanta teatralização, para anunciar a sua morte política. E será uma teatralização, se, na realidade, como eu suspeito, tudo isto não for uma manobra bem engendrada do governo de Madrid, destinada, pelo efeito de simpatia, a desmoralizar e a denegrir o movimento independentista da Catalunha.

O que os velhos operacionais da ETA querem, neste momento, é que o tempo passe, sem que sejam descobertos e identificados pela polícia espanhola, o que poderia vir a acontecer no território do País Basco francês, pois eles não poderiam vir para a rua, mascarados, tal como iriam apresentar-se, certamente, na dita conferência de imprensa. Seria um grande risco.

Penso, pois, que isto é uma farsa. A ver vamos.

Alexandra de Castro

alpendredalua.blogspot.pt

22
Abr18

Processo Marquês: a Justiça

António Garrochinho





Não é de agora o facto de o Estado de Direito, a Democracia e a Constituição da República serem sistematicamente atropelados pela prática das autoridades e de muitos agentes do próprio sistema Judicial. O Processo Marquês apenas trouxe uma visibilidade nova ao assunto.
Este atropelo não pode ser encarado como algo de somenos porque ameaça os pilares da nossa civilização, faz tábua rasa de valores estruturantes da Cultura Política, Jurídica e Judicial, alguns deles com séculos de existência, commumente aceites e praticados. É a esta luz que vamos analisar o deplorável e inadmissível episódio da transmissão televisiva das imagens do inquérito judicial conhecido como Operação Marquês, culminar de um processo todo ele, já de si, acidentado.
De salientar que a manipulação dos excertos permite formular julgamentos, sublinhados, à guisa de resumo, pelas frases em rodapé. Assistimos à instrução tendenciosa, obscena e vil do processo. Sem direito a contraditório. A Justiça e os media bateram no fundo e o fundo desceu.

A Procuradora-Geral

Pelos vistos nada que se passa no DCIAP é da sua responsabilidade. Mandou instaurar mais um inquérito, desta feita à oportuna “fuga” de informação na forma das gravações das próprias sessões do inquérito judicial.
A propósito do assalto a Tancos apareceu imediatamente um coro de políticos e Jornalistas a pedir a cabeça do Ministro da Defesa. Então porque razão, neste caso, não surge coro semelhante a pedir a cabeça da procuradora? “O vazamento” dos vídeos, bem como a sua transmissão televisiva, não estão abrangidos no âmbito da independência dos Magistrados Judiciais. Configuram a prática de vários crimes de forma continuada. A exibição das imagens vídeo dos interrogatórios é pornográfica e passa para lá de todas as marcas do tolerável. Explora a demagogia, o voyeurismo no que tem de pior, é populista e tem vapores de vazio democrático.
Todos os envolvidos neste acontecimento deveriam ter sido imediatamente suspensos até plena averiguação dos factos. Na ausência deste procedimento a responsável é a Procuradora-Geral que deveria de imediato ter apresentado a sua demissão.
O que esteve a sra. Procuradora-Geral a fazer no cargo se durante todo o seu mandato onde nada conseguiu, ou quis, fazer para impedir a escalada das fugas de informação de tal modo que hoje o DCIAP se assemelha a um albergue espanhol onde se acoita todo o tipo de malfeitores com relações perigosas com alguns órgãos de comunicação social.
A sra. Procuradora-Geral permitiu, e fê-lo ela própria, que o Ministério Público invadisse a esfera de competências reservada ao poder Legislativo ao aceitar de forma reiterada o desrespeito pelos prazos. Aos Magistrados não cabe legislar. Cabe aplicar a Lei. E a Lei é clara quanto aos prazos, definindo ela própria as excepções admitidas. O tratamento diferenciado deste processo é gritantemente um abuso de Poder.
A Procuradora-Geral não tem condições para se manter no cargo nem mais um dia. Ficará para a história como o pior consulado de sempre à frente da Procuradoria Geral.

O Juiz de Instrução do Inquérito… e do Processo

Também designado por “Juiz dos Direitos e Garantias” uma vez que a sua função é garantir que os direitos constitucionais dos suspeitos, indiciados, arguidos ou mesmo acusados são respeitados pelos Procuradores. Nos excertos, sublinho excertos, das gravações ouve-se aqui e ali a sua voz dirigindo-se aos interrogados como se fosse uma extensão dos Procuradores, num tom inquisitorial e intimidatório, destinado a conduzir as respostas e a levar os depoentes a auto-incriminar-se.
Este Juiz, agora também Juiz de instrução do Processo, que aceitou quantias volumosas de dinheiro de um amigo, ele próprio agora acusado de corrupção noutro processo, curiosamente também para fazer obras numa casa, disse numa entrevista ao Expresso que “não tinha amigos que lhe emprestassem dinheiro”. Pelos vistos faltou à verdade ao produzir tal declaração. Não só tem como ainda o dinheiro que aceitou vê agora posta em causa a licitude da sua origem.
Na sua nova qualidade irá ter de apreciar as suas próprias decisões e actos, o que é no mínimo ridículo para não dizer inconstitucional. É bom de ver qual será a sua postura dominante: vai validar tudo o que se passou até ao momento.
O Juiz Carlos Alexandre, depois de tudo o que se conhece, não tem condições éticas nem morais nem judiciais para se manter neste processo. Devia ser o próprio a tomar a iniciativa de pedir escusa mas, não o fazendo, o Conselho Superior da Magistratura deveria encarregar-se de o fazer por ele.
O Sr. Juiz do DCIAP privou um cidadão da liberdade, e sem provas, para o MP investigar. Permitiu, e foi conivente, com o comportamento do Ministério Público na condução de um inquérito errático e que se foi avolumando em investigações sucessivas para acumular elementos probatórios que qualquer delas isoladamente considerada não tem. Permitiu a criação de uma monstruosidade jurídica absolutamente injulgável por qualquer colectivo. Contemporizou com cirúrgicas fugas ao segredo de justiça realizadas de acordo com calendários visivelmente políticos e eleitorais. Permitiu o assassinato de carácter de um, até ao trânsito em julgado da sentença, presumido inocente privando-o assim de uma Garantia Constitucional fundamental.
Por fim, deixou que o processo fosse tratado como “extraordinário” e “especialmente complexo”. Para a Lei não há processos extraordinários nem “especialmente complexos” que não estejam já contemplados. A formulação destas duas excepções, em si mesma, é ilegal, nega o Estado de Direito, porque pressupõe que cidadãos sejam tratados de modo diferenciado, para o bem e para o mal, quando é isso que a propalada cegueira da Justiça pretende evitar.
Colaborou, por isso, no acto legislativo, para que não tem mandato, da prorrogação sucessiva dos prazos. Ele, o principal encarregado da defesa dos direitos dos arguidos.

O Corporativismo das Magistraturas

Além da aberração que é a circunstância de os membros de órgãos de soberania terem Sindicatos, pelo método de redução ao ridículo por esta ordem de ideias poderia haver sindicatos dos Deputados, dos Ministros ou, piada suprema, dos Presidentes da República, quer os senhores Magistrados quer os senhores Magistrados Judiciais revelam, na sua prática quotidiana, reagir em bloco, de forma corporativa, protegendo-se mutuamente por mais discutíveis que sejam as decisões e as diligências e o modo como são conduzidos os inquéritos, os processos, a apreciação dos incidentes processuais e os próprios julgamentos.
Esta situação é inimiga do Estado de Direito, não respeita a Doutrina da Separação de Poderes, e, na prática, configura a invasão do domínio específico de outros poderes do Estado como o Legislativo. Os sucessivos Acórdãos de várias instâncias a validar e confirmar actos ilícitos ou ilegítimos advém deste corporativismo.
Esta atitude não só impossibilita a existência de um julgamento justo como é anti-democrática e inconstitucional.

O procurador das meias brancas

Pelos excertos que me foi dado escutar dos interrogatórios o Procurador do Rosário não tem condições para se manter nele. A sua prestação não dignifica o Estado nem a Justiça nem o dinheiro que recebe, pago com os impostos dos contribuintes. Fraco com os fortes, forte com os fracos, pelos vistos tem um entendimento sui generis do que é um inquérito. Parte das conclusões para chegar às premissas. Aceitou, sem preservar a dignidade do cargo, as manifestações de indignação, justas mas inadequadas, de um presumível inocente. Faz perguntas ao arguido principal sem ter primeiro auscultado o que teriam a dizer os envolvidos em decisões em que estes têm autonomia de decisão, como acontece no caso dos júris dos Concursos e com a Presidência da Parque Escolar.
Não fez o trabalho de casa, mau grado a eternização do inquérito. À luz dos desenvolvimentos subsequentes percebe-se que pediu a prisão preventiva dos arguidos sem provas e com o propósito de humilhar, intimidar e condicionar os arguidos. Os fundamentos que apresentou, à data, não constam do despacho de acusação. Este é mais um atropelo inadmissível ao Estado de Direito, à Democracia e à Constituição da República.
Chega ao descalabro de responder às suas próprias perguntas no caso dos depoentes que presumia mais débeis e fáceis de manipular. Conduziu os interrogatórios como se todas as testemunhas e arguidos fossem hostis e fazendo-as dizer, ou repetir, as suas próprias conclusões.
Por muito que me custe afirma-lo é evidente nos excertos que não tem estofo, nem matéria de facto, para estar à frente de um interlocutor com a inteligência do principal arguido. Protagoniza, no pior dos sentidos, um dos momentos mais tristes e deploráveis da nossa história judicial em Democracia.

O Processo

É impossível de Julgar a menos que seja desmembrado e Certidões vão sendo extraídas. Foi assim “montado” para ter alguma substância. Para o Julgar com alguma Justiça, tal como está, seriam precisas várias gerações.
Disto mesmo parecem estar convencidos os autores da acusação e por isso permitiram que, durante o seu quarto de vigia, existissem tantas fugas de informação, que culminaram nesta vergonhosa pseudo-reportagem da SIC e SIC n.
Perante tão enorme desvio da legalidade constitucional é difícil de entender o silêncio dos restantes poderes e dos líderes partidários. Destes dois aspectos falarei em artigo separado.


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António Garrochinho

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