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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

26
Abr18

PRESIDENTES

António Garrochinho



JÁ TIVEMOS VÁRIOS MAS VAMOS AOS ÚLTIMOS, O THOMAZ DO TENEBROSO REGIME, DEPOIS COM O 25 DE ABRIL VEIO O "BOCHECHAS" QUE EM TUDO DEIXOU A MARCA DA TRAIÇÃO, DEPOIS TIVEMOS EANES ATOLADO NO 25 DE NOVEMBRO, TIVEMOS O NHONC NHNONC SAMPAIO, DEPOIS O CAVACO QUE DIZEM TER SIDO DA PIDE, E AGORA MARCELO.

ONDE ESTAVA MARCELO NO 25 DE ABRIL ?

NO 25 DE ABRIL NÃO SEI MAS QUE ELE ADORAVA O PADRINHO CAETANO LÁ ISSO É VERDADE ! ATÉ LHE ESCREVIA CARTINHAS COMO "HUMILDE SERVO"

ESTES SÃO ALGUNS DOS PRESIDENTES COM QUE A "DEMOCRACIA" TEM BRINDADO OS PORTUGUESES.
AG


26
Abr18

CONDECORAÇÕES, MEDALHAS

António Garrochinho


ATRIBUEM-SE FRASES, REFLEXÕES, A QUEM NÃO AS PROFERIU, ESCREVEU, OU JAMAIS FOI O SEU AUTOR.

ATRIBUEM-SE GESTOS DE DÁDIVAS, OFERTAS, DONATIVOS A QUEM JAMAIS DOOU OU ANTES PELO CONTRÁRIO VIVE DA CONTRIBUIÇÃO DE MUITOS E ENRIQUECE SEM NUNCA TER PRESTADO A SOLIDARIEDADE.

ATRIBUEM-SE MÉRITOS, NOMES DE RUAS, JARDINS, INSTITUIÇÕES, ESCULTURAS E BRASÕES A QUEM NADA OU POUCO FEZ PARA OS MERECER..

ATRIBUEM-SE MEDALHAS, CONDECORAÇÕES A CORRUPTOS , A GATUNOS, A GENTE QUE ROUBOU, REMETEU PARA A FOME,A MISÉRIA E A GUERRA.

A ESSES A ÚNICA "DISTINÇÃO" QUE LHES CABERIA E FICAVA BEM NA LAPELA ERA A DA VIGARICE, DA AUSÊNCIA DE VERGONHA E DO CRIME.


António Garrochinho
26
Abr18

A BASTONARIA DO PSD

António Garrochinho



QUE A SAÚDE ANDA DE RASTOS EM PORTUGAL É UMA REALIDADE, E ANDA PORQUÊ ?

QUEM VOTOU O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE ?

FOI O CDS, FOI O PSD ?

QUEM TEM ARRUINADO TUDO AO QUE A SAÚDE DIZ RESPEITO E NÃO SÓ ?

QUE O CASO DOS HOSPITAL DE SÃO JOÃO E OUTROS DEVE SER DENUNCIADO E RESOLVIDO ESTAMOS TODOS DE ACORDO

ORA BEM !

OS QUE NÃO VOTARAM O "SNS" SÃO OS QUE AGORA EXIGEM MAIS SAÚDE AO MESMO TEMPO QUE O TENTAM DESTRUIR.

É SÓ FUMAÇA ELEITORAL E DESESTABILIZAÇÃO

PARA ISSO CÁ TEMOS A "CAVACO" MAIS PREOCUPADA EM SUBIR DENTRO DO PSD DO QUE COM OS DOENTES E ENFERMOS.

DIZ A EMPINOCADA QUE:A Bastonária dos Enfermeiros pede uma investigação aos contratos entre o Hospital de São João, no Porto e as empresas que fornecem os contentores onde estão instaladas a Pediatria e a Neurocirurgia.

O RAIO DA GAJA JÁ ESTÁ A PASSAR A CRISTAS PARA TRÁS DAS COSTAS OU SERÁ IMPRESSÃO MINHA ? A CRISTAS AGORA NÃO TEM FALADO DAS ESQUERDAS ALINHADAS, DAS ESQUERDAS ENCOSTADAS, AGORA ANDAM A BATER NA TECLA DO PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS MAS TAMBÉM NÃO É QUE NÃO TENHAM DINHEIRO PARA A "GASOSA" POIS OS PATRÕES QUE ELE(A)S REPRESENTAM NÃO SÃO PROPRIAMENTE AQUELE POVO QUE NADA TEM NAS ALGIBEIRAS.

A "CAVACO" POR ESTE ANDAR, BORRIFA-SE NA SERINGA SE NÃO SE BORRIFOU JÁ, E VAI PARA QUALQUER GABINETE OU SEDE LARANJA FAZER PENSOS AOS ENJOADOS E AZEDOS DA PAF SE ELA TAMBÉM NÃO PRECISAR QUE LHE CUREM ESSA AZIA CRÓNICA DE QUE PADECE(M).


António Garrochinho
26
Abr18

Estado dá férias a 15 mil portugueses

António Garrochinho



Portugueses com mais de 55 anos e baixos rendimentos podem candidatar-se a férias em época baixa no Interior do país, privilegiando-se hotéis nas zonas mais afetadas pelos fogos.



O Ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, a Secretaria de Estado do Turismo e a Fundação INATEL apresentam, esta quinta-feira, um programa para dar férias gratuitas ou a baixo custo a pessoas com deficiências ou que têm mais de 55 anos e carências económicas.

O novo programa da INATEL (antigo Instituto Nacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores), em conjunto com o Turismo de Portugal, ambos tutelados pelo Governo, retoma um projeto suspenso em 2011 durante a crise.

O presidente da Fundação, Francisco Madelino, adianta à TSF que no total serão 300 viagens de uma semana, entre setembro e maio, para 15 mil portugueses que preencham os requisitos previstos no programa.

SOM AUDIO



Os turistas ficarão não apenas a dormir nos hotéis da INATEL, mas também em outros hotéis privados que adiram à iniciativa. As inscrições começam agora e será dada prioridade às famílias mais carenciadas.

Quem tenha rendimentos per capita por mês abaixo dos 428,90 euros ficará isento de qualquer pagamento, com os restantes a pagarem 115, 184 ou 459 euros, conforme aquilo que ganhem.

Francisco Madelino adianta a quem se destina este programa.
As férias serão financiadas pelo Estado e por fundos europeus, aumentando a procura em época baixa no Interior e promovendo o lazer para todos, um dos objetivos históricos da INATEL.

SOM AUDIO



Francisco Madelino explica que querem levar movimento turístico ao Interior do país.
A meta do governo é privilegiar, nestas viagens, o Interior, potenciando as economias afastadas das grandes cidades e das massas do turismo, mas também os hotéis em zonas mais afetadas pelos incêndios.

O objetivo do programa INATEL 55+.PT é potenciar o envelhecimento ativo, mas também os contactos entre gerações, combatendo o isolamento e a exclusão.



www.tsf.pt
26
Abr18

Congresso do PS à vista - Ficamos avisados

António Garrochinho




É desta forma deslumbrada, entusiasmada  e esperançada que, hoje no Público, Francisco Assis celebra e homenageia os dois artigos recentes de Augusto Santos Silva no mesmo jornal.  Ficamos avisados e só podemos concluir que «les beaux esprits se rencontrent».


otempodascerejas2.blogspot.pt

26
Abr18

ESTÃO A RIR DE MIM, PORQUÊ ?

António Garrochinho


'Estão-se a rir de mim porquê?
Por eu não saber ler?
Pois: é que eu, aos sete anos, já andava a guardar gado; aos 17, fui preso pela PIDE. E quando fui preso não me perguntaram se eu era do CDS ou do PS ou do PPD.
Perguntaram, isso sim, se eu era do Partido [Comunista Português]. E foram os meus camaradas intelectuais deste partido que me ensinaram as poucas letras que eu conheço'."
António Abalada

26
Abr18

PP ESPANHOL - O LUGAR DE ENCONTRO DE GRANDES, MÉDIOS E PEQUENOS LADRÕES

António Garrochinho

Vídeo de roubo trama líder do governo regional de Madrid










Imagens do furto de dois cremes num supermercado precipita demissão de Cristina Cifuentes, que já estava sob fogo cerrado por causa de um mestrado com notas falsificadas

A presidente da Comunidade de Madrid, o que equivale a um governo regional, demitiu-se esta quarta-feira do cargo. Na origem da demissão de Cristina Cifuentes, do Partido Popular (PP) no poder, está um vídeo divulgado pelo jornal digital espanhol Ok Diario. As imagens mostram a líder madrilena a ser levada para a sala dos serviços de segurança de um supermercado na capital espanhola, em 2011, suspeita de ter roubado dois cremes anti-idade, quando era vice-presidente da Assembleia de Madrid.
O vídeo publicado pela OK Diario mostra a atual presidente da Comunidade de Madrid a esvaziar, perante um segurança, uma bolsa que continha alguns produtos, e a contar uma quantidade de dinheiro. A então deputada regional nega ao segurança ter roubado os cremes e acaba por pagá-los. A polícia, alertada pelo estabelecimento, acaba por a libertar sem a levar para a esquadra.


VÍDEO


TVI24


aditaeobalde.blogspot.pt

26
Abr18

Um cheque-saúde à paisana?

António Garrochinho

«A direcção de Rui Rio defende a necessidade de fazer alterações ao SNS de forma a ultrapassar "a erosão do sistema e o crónico subfinanciamento" de que o PSD "também partilha responsabilidades". Mas a solução que preconiza passa por "mais e melhor regulação do sector e mais e melhor fiscalização", para que sejam evitados abusos do sistema pelos prestadores privados de Saúde. 

"Há abusos de privados, é verdade que há, mas eles existem por causa das falhas do Estado". (...) Como exemplo do que poderá ser o modelo a propor pelo PSD, o responsável da direcção de Rio declarou ao Público: "O ideal é um sistema do tipo que hoje existe na ADSE, que serve os funcionários públicos e cuja filosofia é preciso alargar a todos os cidadãos que não trabalham para o Estado".» 

(Público, 21 de abril de 2018).

1. Sem condições políticas, apesar de tudo, para implementar o cheque-ensino, o anterior Governo de direita encontrou uma forma indireta de o fazer e que mantinha a filosofia e objetivos da medida, criando os «vales sociais de educação». Em vez de serem entregues pelo Estado às famílias, como pressupõe o cheque-ensino, estes vales eram atribuídos «pelas empresas a trabalhadores com filhos até aos 25 anos», para pagar «algumas despesas de educação» (como mensalidades ou manuais escolares). 

Os trabalhadores ficavam isentos do respetivo valor de IRS, saindo as empresas beneficiadas em sede de IRC e nos pagamentos à Segurança Social. Criada em 2015, a medida foi entretanto revogada pelo atual Governo, não se encontrando já em vigor.

2. Sendo a modalidade mais próxima do cheque-ensino, os «vales sociais de educação» não foram contudo o único expediente a que o anterior Governo deitou mão para financiar o ensino particular e cooperativo. Em 2013, o então ministro Nuno Crato decide entregar 12M€ adicionais aos colégios, que se somaram aos 253,7 milhões inscritos no OE, contrariando portanto o disposto no memorando de entendimento, que recomendava a «redução e racionalização das transferências para escolas particulares com acordos de associação». De caminho isentou as escolas do setor, como viria mais tarde a assinalar o Tribunal de Contas, do devido escrutínio da aplicação das verbas, com os resultados escabrosos que hoje se conhecem (viagens, férias, jantares e carros de luxo pagos com o dinheiro dos contribuintes).

3. Será portanto um mecanismo indireto semelhante que está novamente em causa, mas agora na área da saúde, que o PSD propõe com o alargamento da filosofia da ADSE 
«a todos os cidadãos que não trabalham para o Estado». 
De facto, como não é plausível que as empresas aceitem pagar, sem contrapartidas, um adicional aos seus trabalhadores para financiar o equivalente à ADSE - que surge assim como uma espécie de cheque-saúde à paisana - os recursos terão que provir de benefícios concedidos pelo Estado para o efeito, à custa do financiamento das políticas sociais públicas. Ou seja, por mais que o PSD mude, o objetivo ideológico e programático parece manter-se: do que se trata é mesmo de canalizar recursos públicos para alimentar e expandir, ainda mais, o setor privado da saúde.



ladroesdebicicletas.blogspot.pt
26
Abr18

Mariana Silva: “Isto vai, meus amigos, isto vai… haverá sempre alguém que acredita que não existem derrotas eternas”

António Garrochinho




Após 48 anos de ditadura respirou-se Liberdade em Portugal.
Há 44 anos saiam à rua os militares, os cravos e o Povo. Os cidadãos passaram a poder pertencer a um partido político, um sindicato ou a uma associação cultural em pleno.
Acabou a guerra colonial que ceifou mais de oito mil vidas na sua juventude e provocou milhares de feridos, que ainda hoje se sentam nas nossas mesas afectados por uma guerra à qual não pertenciam.
A PIDE foi extinta. Foram libertados os presos políticos e os portugueses exilados regressaram ao seu país.
Há 44 anos conquistámos a liberdade de expressão, o direito à manifestação, o direito à greve. Os trabalhadores e as classes desfavorecidas passaram a ter o direito à habitação, à saúde, à educação, a ter férias, ao décimo terceiro mês e a um salário mínimo.
Assim se garantiam mais oportunidades, qualidade de vida a uma esmagadora maioria da população.
“Isto vai meus amigos, isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente que outra gente”
Isto vai, mesmo com os passos atrás com um sem número de trabalhadores precários nos privados e no público, com uma juventude sem perspectiva de futuro de formar família ou de conseguir um tecto, mesmo com o mistério em que se transformou o dia de amanhã.
“Isto vai meus amigos, isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente”
Isto vai, mesmo quando em 2018 ainda temos crianças a estudar debaixo de telhados de amianto, e o Estado dá o mau exemplo de ter funcionários públicos debaixo deste inimigo da saúde pública.
Mesmo quando os rios e as ribeiras continuam a correr coloridos, quais invejosos da sorte e beleza do arco-íris. Mesmo que alguns insistem em privatizar a água, para que deixe de ser um direito de todos. Mesmo que se continue a não olhar para a educação como a solução para o futuro do país, mantendo-se em Portugal 500 mil pessoas que não sabem ler nem escrever, das quais 130 mil com idades entre os 15 e 65 anos.
Isto vai meus amigos, isto vai…
Mesmo que, a partir da mentira, se despejem bombas ontem na Jugoslávia, depois do Iraque, hoje na Síria, com o cortejo de destruição e morte e que o Governo Português não respeite a Constituição e apoie a Guerra em vez de defender a paz, como previsto no seu artigo 7º.
Mas
“Depois da tempestade há a bonança
que é verde como a cor que tem a esperança
quando a água de Abril sobre nós cai.”
O verde da esperança de vivermos num país ou numa cidade que respeita todos de igual forma, onde a democracia prevalece e que não afasta a população dos grandes momentos de decisão e de mudanças.
De assegurarmos o direito ao acesso à saúde, à educação, à justiça, à cultura, aos serviços públicos, à mobilidade, pois o mais importante é assegurar a felicidade do nosso povo.
O verde da esperança de vivermos numa sociedade em que a mulher tem lugar ao lado do homem em todos os patamares da sociedade. Salários iguais, direitos laborais iguais, participação igual, sem muros nem ameias para alguns! Sobretudo, esperança que os números de violência doméstica não sejam iguais aos de 2017 em que 18 mulheres foram assassinadas e 23 foram vítimas de tentativa de homicídio.
Isto vai, meus amigos, isto vai…
Mesmo com as certezas que todos os dias nos são reveladas pela dura, nua e crua realidade de um Mundo cada vez mais perigoso, com o sistema capitalista a evidenciar a sua natureza mais negra.
Um Mundo dos senhores da Guerra, do roubo de recursos naturais e da exploração,
onde 82% da riqueza criada em 2017 ficou nas mãos dos 1% mais ricos;
onde 42 pessoas acumularão a mesma riqueza que as cerca de 3,7 mil milhões de pessoas mais pobres;
onde mais de 3 milhões de crianças com menos de 5 anos morrem subnutridas todos os anos;
onde existem mais de 192 milhões de trabalhadores desempregados e 42% dos trabalhadores têm formas de emprego precárias;
onde mais de 114 milhões de trabalhadores vivem em pobreza extrema;
onde 152 milhões de crianças são sujeitas a formas de trabalho infantil;
onde mais de 40 milhões de pessoas são vítimas de escravidão.
Este é, infelizmente, o Mundo de hoje.
Mas hoje, felizmente, 44 anos depois da Liberdade, e de muitas outras conquistas alcançadas num empolgante processo revolucionário, aquelas que não foram ainda destruídas, são naturais para todos, como o ar que respiramos.
A Liberdade, a Paz, a saúde, a educação, a protecção social, o direito a ter direitos. Mas é bom pensar que para se alcançar a “Madrugada que se esperava”, o tal “dia inicial inteiro e limpo” de que falava Sofia, foi preciso que houvesse sempre alguém que não deixasse cair a bandeira e gritasse, como dizia Jorge Sena:
“não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade.”
Isto vai, meus amigos, isto vai… haverá sempre alguém que acredita que não existem derrotas eternas e que nem tudo esteve ou está perdido para sempre.
Hoje, mais do que nunca, é necessário continuar a dizer que também não há vitórias garantidas para sempre. E é por isso que continuamos na luta e afirmamos, 44 anos depois de Abril,
“O que é preciso é termos confiança
se fizermos de Maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai.”
Abril, sempre!!!
26
Abr18

O REBANHO

António Garrochinho

A PUTA DA MANIA QUE CERTA GENTE TEM DE DIZER QUE CONHECE O QUE DESCONHECE.

SÃO OS AGLUTINADORES DE GOSTOS NO FACEBOOK E SEGUNDO ELES MAIS VALE A MENTIRA JÁ QUE A REPETEM CONSCIENTEMENTE DO QUE A REALIDADE.

A MAIOR PARTE BASTA QUESTIONÁ-LOS E LOGO LHES CAIRÁ A MÁSCARA, VINDO AO DE CIMA QUE AFINAL SÃO MEROS IMITADORES DE OPINIÕES QUE OUVEM OU LEEM SEM NUNCA PROCURAREM OS PILARES FUNDAMENTAIS DAQUILO QUE APREGOAM.

CONTINUEM ASSIM ORGULHOSOS NO VOSSO CASTELO DE AREIA RECHEADO DE IDEIAS FALSAS E CONHECIMENTOS QUE ASILAM NO VOSSO CÉREBRO QUE NADA MAIS É UM DEPÓSITO DE LIXO DANDO COBERTURA AO JOGO DOS PODEROSOS,


António Garrochinho
26
Abr18

A maior mentira do mundo

António Garrochinho

Pablo González Casanova


O império norte-americano nunca havia mentido tanto como hoje, ao ignorar o poder que perdeu.
As ridículas e pedantes ameaças de seu grande chefe, como suposto defensor da democracia, são vistas como as de um demente que, ao amedrontar o mundo com seu imenso poderio, não convence mais ninguém, nem mesmo com a desfaçatez das suas mentiras. São preocupantes as suas declarações e decisões, devido à ferocidade insana que expressam, e que podem terminar em um holocausto que ele mesmo viveria, em seus últimos momentos, e compartilharia com todo o país que governa.
O problema é ainda mais grave, porque Mr. Trump, com sua alarmante cólera de Zeus tronante, é somente uma expressão da crise e da cegueira da qual padecem as classes dominantes do seu império, e de outros que, em uma ofensiva mundial, o apoiam, combinando seu silêncio cúmplice com seus meios de comunicação massiva, em um concerto de interesses e ganâncias em comum.


As potências dominantes e os diferentes apoios financeiros, militares, políticos e midiáticos dos quais se servem, em geral, deixam de lado seus distintos estilos de dominação e acumulação, e arremetem em função do poderio de seus donos e senhores, e dos interesses que uns e outros pretendem defender como valores respeitáveis, dos que cada vez mais se burlam, como a democracia, os direitos humanos e o estilo de vida civilizado, honorável e eficiente.
No caso dos Estados Unidos, os interesses e valores que realmente movem os senhores das grandes corporações os levam a apoiar, em suas zonas de influência e nas regiões que dominam – caso da América Latina e do Caribe –, governos golpistas ou encabeçados por multimilionários. Temos exemplos de ambos os casos com Michel Temer no Brasil e Mauricio Macri na Argentina. Ambos agem, em seus países, para destruir o poder dos movimentos de tendência socialista, nacionalista ou moderadamente patriótica, debilitando-os com variadas medidas de repressão, cooptação, pressão e, no caso dos governos vizinhos de caráter progressista, ajudando na desestabilização, seja contra a invicta Cuba, a cada vez mais contraditória Bolívia, a desmantelada Nicarágua ou o já traído Equador.


Mais que isso, muitos triunfos de revoluções passadas, e rebeliões ou movimentos progressistas, terminaram sofrendo com o fogo amigo como o tempo. As contradições afetaram sobretudo os processos mais recentes, onde as lutas e vitórias democráticas e sociais também trouxeram políticas que terminaram possibilitando a desestruturação, desintegração e desorganização. 

Nesse equívoco, que já havia levado ao fracasso as antigas revoluções, como a mexicana, agora afetou também o de alguns governos populares e seus sucessores, onde também temos casos recentes no Brasil e na Argentina. Muitos países da chamada “onda progressista latino-americana” aplicaram medidas de efeitos diretos e indiretos que, ao adotar a lógica do mercado e da globalização neoliberal privatizadora do Estado, terminaram promovendo, de um lado, a cultura do individualismo, do enriquecimento multimilionário e da macrocorrupção, e por outro, o desmantelamento do Estado-nação, ou de seus poderes, suas empresas e recursos estatais e nacionais, assim como a perda de sentido do interesse geral e do bem comum nos partidos políticos. 

Descartadas as ideologias e programas de governo, com alternativas que não mostram possibilidade alguma de serem viáveis, seja do ponto de vista social ou em projetos visando o futuro, a política agora se limita a oferecer o combate à corrupção, ou ao narcoterrorismo, sem explicar como o farão. Partidos e políticos profissionais dos governos de turno e das oposições sequer defendem um programa político que impeça o despojo dos recursos das nações, ou mesmo uma moderação levemente patriótica que se proponha defender ao menos a educação pública, ou que seja capaz, por sua política financeira e econômica de proporcionar emprego e segurança social aos formados. 


Mais que isso, nenhum partido político apresenta e defende um programa de controlo monetário e produtivo, ou de serviços. Tampouco propõem medidas necessárias para acabar com a sistemática acumulação das terras nas mãos de poucos, ou com os consequentes problemas do desemprego rural, as crescentes migrações de camponeses já sem fontes de vida e de trabalho, enquanto as grandes corporações agrícolas, mineiras e industriais impõem o terror e o narcotráfico no campo, deixando as comunidades sem segurança, sem território, sem terra, sem água, sem alimentação, sem saúde…
Assim, enquanto nenhum partido ou movimento institucional defende um programa coerente, que permita sair de tão grave situação, surge uma crescente rejeição aos imigrantes que tentam se refugiar nos países sede das corporações e do poder imperial. Desestruturadas, as nações em desenvolvimento já não têm nada a oferecer. 

Seu papel no simulacro de democracia neoliberal é garantir que os que obtém os cargos de eleição popular sejam os que vão fazer negócios com a venda dos bens que os Estados ainda conservam, sabendo que, se chegam a ser acusados de corrupção, nada acontecerá, ninguém os perseguirá, e se perseguem, tampouco poderão encontra-los. Tudo isso acontece porque, do começo ao fim, de cima para baixo, a corrução e o capitalismo tardio formam parte do atual sistema global e seu funcionamento, como política da acumulação através da transferência de renda aos mais ricos, e da exploração dos recursos humanos e naturais com as tecnologias mais avançadas e a mão-de-obra mais mal paga – quando não é simplesmente escravizada. Como os benefícios da ação formal e legal cabem na ordem dos delitos para seus beneficiados principais do centro e da periferia, os grandes bancos, que dominam o sistema, estabeleceram suas próprias redes de paraísos fiscais, que ademais servem para não pagar impostos ao fisco e esconder os bilhões desviados por velhos e novos multimilionários, que se enriquecem mais e mais, com todo tipo de alianças e apoios das corporações e bancos. Utilizam uma linguagem enganosa para justificar as crescentes taxas de juros e gerar dívidas impossíveis de pagar. Tudo isso cria um sistema de recolonização financeira, que conta com as empresas qualificadoras, como a Moody’s, e com uma rede de bancos vampiros, dependentes ocultos da grande banca.


Esses e muitos outros tipos de dominação e acumulação são os que caracterizam o sistema. Essa é maior mentira do mundo: dizer que defendem, com o aberrante pretexto de que correspondem às mais novas e eficazes políticas científicas, a luta pela democracia e pela liberdade, argumentos com os quais promovem uma guerra integral, formal ou informal, pacífica e violenta, a todos os movimentos e países que atentam contra seus valores e interesses. O problema, para este grande mentiroso – e por isso essa mentira se encontra assim tão escancarada –, é que decidiu fazer da vítima prioritária nesta região o atual governo da Venezuela.
O governo dos Estados Unidos – com o apoio das grandes potências do Ocidente – lançou a mais feroz ofensiva contra o pequeno e valoroso país da Venezuela, cujo patriótico, rebelde e democrático governo é acusado de oprimir o povo e deixa-lo à mercê da fome e da escassez, quando, na realidade, é um país que, com seu governo e a imensa maioria de seus cidadãos, está plenamente identificado com uma das mais importantes lutas libertadoras do nosso tempo.


Na ofensiva integral e crescente, o governo dos Estados Unidos e o complexo empresarial, militar, político e mediático do qual ele forma parte, mostram a mesma sanha que, desde 1959, vem mostrando contra a Revolução Cubana, que sofre com os ataques ao país que é seu principal provedor de combustível – e com esses recursos, caso continue os recebendo, a ilha pretende passar a impulsar novamente um maior desenvolvimento igualitário. Contra isso, os Estados Unidos fomentam e toleram um crescente mercado negro, e criam, eles mesmos, misteriosos e improvados ataques de som criminosos, como a curiosidade de que vitimaram apenas o pessoal da embaixada estadunidense, e ninguém mais nos arredores. Com esse tipo de farsa, pretendem renovar o medo contra a “ditadura comunista”, com a qual é impossível manter boas relações diplomáticas e comerciais.


Paradoxalmente, e como já ocorreu na longa história do processo revolucionário em Cuba, diante do insistente e crescente ataque contra a Venezuela, nem o poderoso império – que, com suas incontáveis mentira, diz fazer todo o possível para salvar o povo venezuelano de uma nova e feroz ditadura – nem o povo empobrecido e rebelde conseguem derrubar o “inepto governo”, e por isso o império se vê obrigado a promover outra farsa, sustentando que a situação política de Venezuela representa um “grande perigo para a segurança nacional dos Estados Unidos”.
Semelhante argumentação não é algo novo, pois antes se dizia que tudo era parte de uma estratégia de defesa conta o projeto comunista. Hoje, com a maior parte do mundo dominada pelo capitalismo, uma justificativa assim é francamente ridícula. O governo da Venezuela está muito longe de ser um perigo para a segurança dos Estados Unidos. Na verdade, é óbvio que o superpoder imperial esconde algo mais do que a suposta defesa do povo da Venezuela contra “um governo inepto, repressivo e corrompido”, para a qual tenta instaurar no país outro governo que sim respeite a democracia e a liberdade do povo venezuelano, tal como esses conceitos são entendidos pelo império, como nos casos do Brasil, onde recentemente colocaram no poder um presidente, através de um golpe brando, e da Argentina, onde apoiaram o multimilionário Macri, que adquiriu sua imensa fortuna de forma comprovadamente ilegal.


Também vale a pena observar o silêncio cúmplice e o apoio velado das grandes potências do mundo ocidental, de seus governos e seus meios de comunicação massiva, que validam uma versão uniforme da realidade, mais que em outros tempos, e participam de um ataque subsidiado por milhões de dólares entregues aos meios de comunicação aliados, os quais se agregam à luta contra o “bárbaro, cruel e inepto” governo da Venezuela”.
A denúncia da “barbárie” e das “barbaridades” do governo venezuelano contra o seu próprio povo mostram uma estranha coincidência com os argumentos do governo de turno dos Estados Unidos, forma parte de uma bem coordenada campanha apoiada tanto em imagens de foto e vídeo quanto em análises publicadas nas páginas editoriais dos grandes diários do mundo, assim como comentários e notícias nas redes sociais, ou nos foros econômicos e políticos que defendem os direitos humanos. Para o desagrado maiúsculo dos apátridas, essa campanha sofreu uma grande e inesperada derrota quando o governo venezuelano convocou o referendo para a instauração de uma nova assembleia constituinte que, verdadeiramente represente o povo, e que tem a força para conduzir e organizar eleições nas que a máfia opositora, supostamente democrática, se nega a participar, com ridículos pretextos de perdedora, sabendo que enfrentar as ruas agora revelaria uma oposição que sofre com uma grande impopularidade.
Aqui é o momento de esclarecer que outras medidas o império e as forças oligárquicas empresariais, locais e internacionais – de países como Colômbia, Brasil e outros vizinhos alinhados – montaram para desestabilizar e derrubar o governo “inimigo da civilização, da democracia, dos direitos humanos e da segurança dos Estados Unidos”. Também é necessário explicar que o imperialismo já havia empregado, em intervenções anteriores, uma estratégia que parece ser aperfeiçoada, com o tempo e o auxílio das tecnociências da comunicação, que é a construção mentirosa de narrativas que comprovem as acusações feitas e as novas mentiras que aparecem para apontar a ineficácia do governo e das instituições do Estado. 

Também se faz necessário mostrar que, em outros casos, em outros países, não se trata só de publicar essas mentiras, mas também de semear provas que levem a um processo judicial humanitário, por tribunais que as grandes potências integram e dominam, e que agora julgam os governos das nações recolonizadas.


A síntese desses fatos terá que incluir também outra circunstância significativa: tamanha mentira não deve ser atribuída somente ao governo de Trump e das oligarquias que o acompanham. Tudo o que vemos agora começou durante o governo neoliberal e globalizador de Barack Obama, o que nos obriga a repetir estes fatos para não seguir alimentando a crença de que se trata da política de um presidente mentalmente insano, e sim de uma metodologia instalada pelo império, falsamente atribuída a um indivíduo.

Tampouco podemos fazer uma perfeita síntese da maior mentira do mundo se não falamos de outra grande razão que se esconde sob a nobre luta, para nos perguntar: por que tão grandes batalhas, e tão poderosas forças, com tamanhas técnicas e políticas antigas e modernas, agora renovadas e enriquecidas com as novas ciências e tecnociências, não são capazes de derrubar o supostamente ditatorial e bárbaro governo de Venezuela, que destrói, desgoverna, empobrece e mata de fome as pessoas em seu próprio país? Por quê?
Numa análise mínima das tentativas de derrubar esse governo, podemos destacar algumas das muitas razões políticas pelas quais a resistência venezuelana tem triunfado, e seguirá triunfando.

A enorme capacidade de resistência começou quando o comandante Hugo Chávez mostrou, com palavras e com ações, que a revolução venezuelana tem um caráter anti-imperialista e anticapitalista, e que devia e podia organizar uma nova força apoiada pelo exército bolivariano venezuelano, junto com um crescente sistema de poder baseado na estruturação de comunas e de redes de comunas, seus conselhos e comissões promotoras e coordenadoras.
Na Venezuela, se construiu uma resistência invencível, que o presidente Chávez formulou e entregou ao seu sucessor, Nicolás Maduro que a mantém, a enriquece. É essa resistência a que apoia cada um dos seus atos de governo e que explica o conteúdo dos seus discursos e entrevistas. Em todas as suas declarações sempre aparece com força a coincidência de que suas palavras têm, tanto nos fatos como na estruturação, a sintonia com a realidade ética de que Chávez foi o precursor de um novo projeto de revolução, não só venezuelana como bolivariana, original não só pelo fato de que foi apoiada desde o princípio e até agora pelo sucesso das políticas sociais, especialmente após o fracassado golpe de Estado de 2002, protagonizado por militares traidores, que logo foram dominados e presos pelo seu próprio exército, com o apoio de uma imensa multidão que desceu dos morros de Caracas para libertá-lo e protegê-lo, convencidos de que era o mais valioso defensor do povo. 

Assim, Chávez passou a governar com mais firmeza e apoio, e conseguiu unir aqueles que, fossem civis ou militares, tinham a convicção ética e política de trabalhar pelos empobrecidos povos do mundo. Povos e exércitos que façam seus os interesses gerais podem construir, e construirão outro mundo, que sem dúvida é possível, em que a organização da vida e do trabalho sejam capazes de alcançar a prática concreta da liberdade, da justiça, e uma genuína democracia estruturada, dando poder aos cidadãos, diferente das que deixam os pobres de fora, às vezes até sem direitos formais de serem considerados como cidadãos, reduzidos à condição de servos ou assalariados.


Nas alternativas ao mundo atual, o Movimento 26 de julho, em Cuba, e o Exército Zapatista de Libertação Nacional, no México, abriram caminhos de vida, liberdade, justiça e democracia que são referências universais. Junto com eles está o exemplo da Venezuela, iniciado pelo comandante revolucionário Chávez, que não só expressou as formas éticas e ideológicas que Nicolás Maduro, seu indiscutível herdeiro, segue fielmente, como também as formações da luta moral na qual se fundamenta a prática, com a estruturação dos programas e das políticas, um planeamento que vai muito além das palavras, verdadeiro estatuto sobre o que deve ser uma sociedade livre, democrática e socialista. Uma cartilha que sai das palavras e define as ações.
Assim, quando queremos falar sobre porque a grande mentira não foi capaz de derrubar o governo revolucionário da Venezuela, temos que explorar tanto os ideais e valores dos insubmissos como os que se fazem realidade na variada organização da resistência militar, à qual se inclui a forte e estruturada resistência intelectual e moral.


Ao poder dessa união estão adicionadas outras forças não menos importantes, como o poder defensivo para esta guerra integral – chamada de quarta geração –, cujo campo de luta abarca todas as atividades materiais, intelectuais, financeiras, econômicas, políticas e bélicas, articuladas entre si. E tudo isso respeitando e fazendo respeitar as diferenças religiosas e filosóficas, que no caso da Venezuela se identificam na maneira de pensar e de agir de seus dirigentes, como o fez reiteradamente Chávez, com o catolicismo como guia religioso e o marxismo como guia científico e revolucionário, e com o liberalismo ilustrado e radical como apoio, como foi para Bolívar, o pai da Pátria. Valores do Iluminismo que estão presentes desde a revolução francesa e que foram reformulados na América Latina pelos que propuseram lutarem pela independência. Hoje, o desafio é estruturar a soberania do povo, única autoridade legítima das nações, e por isso, capaz de impor, com seu poder organizado, a máxima felicidade possível de todos os habitantes, e capaz de alcançar, de verdade, a união dos países numa grande nação que inclua a todos.


A maior mentira do mundo é a mesma que o imperialismo usou para derrubar Salvador Allende em seu momento, e não há dúvidas que a Venezuela está trabalhando para fortalecer sua capacidade concreta de enfrentar essas políticas que agora ameaçam o seus país, seja através dos embargos, das desvalorizações da moeda, do ocultamento de provisões ou dos traidores infiltrados nas Forças Armadas.


A maior mentira do mundo pode seguir armando novas formas de ataque, como a que busca com os serviçais presidentes de outros países, reunidos numa espécie de cúpula das colônias, e que apoiam a falsa realidade. Porque, por trás da maior mentira do mundo está uma guerra visando se apoderar da maior reserva de petróleo do mundo.


Não passarão!


Pablo González Casanova é um sociólogo e doutor em ciências políticas da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), condecorado pela Unesco em 2003 por sua defesa da identidade dos povos indígenas da América Latina.
Fonte: La Jornada, do México

26
Abr18

26 de Abril de 1478: A família Médicis é vítima de um atentado, a chamada Conspiração dos Pazzi

António Garrochinho


No dia 26 de Abril de 1478, um Domingo, um conflito eclode em Florença, durante a missa da catedral da cidade, o Duomo. O atentado acarretaria a morte de Juliano de Médici e abriria espaço para a ascensão do seu irmão à frente da rica república mercantil.

Esse foi o começo de uma saga familiar inigualável. A vítima de 25 anos governava, de facto, a República de Florença ao lado de seu irmão, Lourenço, de 29 anos. Tanto um quanto o outro portavam o título de principe dello stato (príncipe de Estado). A autoridade dos Médici sobre a cidade remontava a Cosimo de Médici, avô dos dois, e ao pai, Pedro de Cosme. Ambos exigiam que as suas magistraturas fossem conservadas, mas  organizavam-se para que fossem confiadas a pessoas leais.

Por meio de generosidades, os Médici tratavam de conservar o apoio do povo. Porém só dispunham de uma autoridade informal sobre as instituições da República e ela era contestada. Uma desavença entre o papa e os Médici abriria a oportunidade para os opositores se manifestarem.

O papa Sisto IV era um mecenas a quem Roma devia a ponte Sisto e a capela que leva o seu nome, a Sistina. Praticava também o nepotismo em grande escala em favor dos seus bastardos e de seus sobrinhos. Desejoso de oferecer a ‘Signoria’ de Imola ao seu sobrinho, Girolamo Riario, dirige um pedido de empréstimo aos Médici. Lourenço, que tinha igualmente intenções sobre Imola, recusa o auxílio.

Inconformado, Girolamo dirige-se aos seus rivais, os Pazzi, uma outra grande família de banqueiros florentinos. Os Pazzi estavam muito descontentes por terem sido privados pelos Médici de certos cargos “apetitosos”. O seu chefe, Francesco Pazzi, aproveita a ocasião para ajustar contas com os Médici. Organiza a conspiração do ‘Duomo’ com apoio de Girolamo Riario e do arcebispo de Pisa, Francesco Salviati, cuja nomeação Lourenço de Médici havia rejeitado.

Juliano morre no atentado, mas Lourenço fica apenas ferido. Escapou da morte refugiando-se na sacristia com alguns fiéis e conseguiu escapar. À época, os partidários dos Pazzi tentavam sublevar o povo de Florença aos gritos de ‘Popolo e libertà’ (Povo e Liberdade). Contudo, o povo permaneceu fiel aos Médici e Lourenço retoma o comando da situação em seu proveito.

Os conspiradores são massacrados sem indulgência. Jacopo e Francesco Pazzi, assim como o arcebispo Francesco Salviati, são enforcados e dependurados nas janelas do Palácio de la Signoria. Em virtude da morte do arcebispo de Pisa, o papa proclama o ‘interdito’ de Florença. Excomunga todos os seus habitantes. De resto, entra em guerra contra a República de Florença com o apoio de Nápoles e Veneza.

Lourenço de Médici, devido à sua habilidade política e estratégia militar, derrota a aliança. Ao cabo de uma guerra de dois anos entre as facções rivais e de uma repressão impiedosa, a sua autoridade surge mais incontestável que nunca.

Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)

 Arquivo: Giuliano de 'Medici por Sandro Botticelli.jpeg
Retrato de Juliano de Médici- Sandro Botticelli

Ficheiro:Lorenzo de' Medici-ritratto.jpg
Retrato de Lourenço de Médici - Girolamo Macchietti
26
Abr18

ÚLTIMA HORA - DOIS HOMENS RESGATADOS COM VIDA NUM NAUFRÁGIO EM CORTEGAÇA

António Garrochinho






Dois homens foram resgatados com vida, na sequência do naufrágio de uma embarcação, esta quinta-feira de manhã, em Cortegaça, concelho de Ovar.

As duas vítimas foram resgatadas pelos bombeiros, em hipotermia, e estão a ser assistidas pelos Bombeiros de Esmoriz.

O alerta foi dado pelas 11.47 horas.

De acordo com informação disponível na página da internet da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), às 12.45 horas, estavam no local 23 operacionais, apoiados por nove viaturas.

VÍDEO





www.jn.pt

26
Abr18

26 de Abril de 1937: Guerra Civil de Espanha. Bombardeamento de Guernica pela força aérea alemã, de Hitler, ao serviço das forças de Francisco Franco.

António Garrochinho


Guernica, 26 de abril de 1937. É segunda-feira, dia de mercado para os sete mil habitantes da pequena cidade basca. A vida corre com relativa normalidade até que, por volta das 16h30, os sinos da igreja começam a tocar a rebate. Não há tempo para grandes espantos

Cinco minutos depois está um avião a sobrevoar o povoado e a lançar seis bombas explosivas e uma saraivada de granadas. Logo a seguir aparece outro avião. E depois outro. Começava o massacre e um dos episódios mais trágicos da Guerra Civil de Espanha.

No final do ataque aéreo, as esquadras de bombardeiros Heinkel 111 e Junker 52, num total de quarenta aviões, tinham lançado trinta toneladas de bombas e metralhado sem piedade homens, mulheres, crianças e até gado. A cidade estava completamente destruída.


O mistério de Guernica


Há 80 anos começava a ser desenrolada uma história cujos contornos ainda hoje permanecem em parte obscuros. Só nos finais dos anos de 1970, isto é, mais de quarenta anos após os bombardeamentos, começou em Espanha a ser desmontada a versão oficial do franquismo, prontamente seguida pelo Portugal de Salazar, segundo a qual a vila basca não fora bombardeada mas sim incendiada e destruída pelos republicanos rojos em fuga.

Ao longo de décadas foi construída uma complexa teia desculpabilizadora, ao ponto de ainda nestes primeiros anos do século XXI permanecerem em aberto discussões infindáveis sobre se houve ou não bombardeamento, se o número de mortos ficou em pouco mais de cem ou ultrapassou os 1500, se há uma exclusiva responsabilidade dos alemães por uma ação que seria do desconhecimento de Franco, se a povoação era ou não um objetivo militar, se, por ser dia de mercado e estarem a chegar muitos refugiados da frente, estariam ali naquele dia não os habituais 5 a 7 mil habitantes mas perto de 10 mil pessoas, ou, até, porque é que os governos democráticos recuaram quando se tratou de proceder à condenação internacional do bombardeamento de uma cidade aberta.


O ataque da Legião Condor


Não existem hoje dúvidas de que aquelas três horas infernais foram provocadas, no essencial, pela alemã Legião Condor, colocada ao serviço de Franco por Adolfo Hitler, mas subsiste a dúvida sobre os motivos que levaram ao envolvimento germânico nesta operação.

O assunto foi tabu na Alemanha durante décadas e só em 1975 foi oficialmente reconhecido que Guernica tinha sido bombardeada pelos aviões da Legião Condor.

Mais de vinte anos depois, a 27 de março de 1997, o então Presidente da República Federal Alemã, Roman Herzog, foi recebido no Centro "Gernika Gogoratuz" e aí entregou uma declaração formal em que assume aquele passado e reconhece "expressamente a culpa dos aviões alemães".

Perante os sobreviventes da destruição de Guernica, Herzog disse partilhar "o luto pelos mortos e feridos", e ofereceu-lhes, a todos eles, que transportam ainda nas entranhas "as feridas do passado", a mão aberta, suplicando-lhes a reconciliação.


A tese do embuste


Durante anos e anos, a partir de meios franquistas, foi alimentada a tese de que Guernica era um embuste fabricado pelos "vermelhos" e de que a destruição fora provocada por incêndios desencadeados por separatistas.

Historiadores como Herbert Ruitledge Southworth, autor de "La Destruccion de Guernica: periodismo, diplomacia, propaganda e historia", sustentam que "a história da destruição da cidade basca de Guernica é antes de mais um assunto de despachos de imprensa", ao ponto de poder dizer-se que "sem a presença de correspondentes estrangeiros (...) em Bilbau na noite de 26 para 27 de abril de 1937, o acontecimento de Guernica não teria aparecido tal como o conhecemos hoje".

Provavelmente, nem sequer seria conhecido. Na verdade, o conhecimento internacional do bombardeamento de Guernica deve muito a uma sucessão de acasos, o mais importante dos quais terá sido a circunstância de naquela noite estarem em Bilbau quatro jornalistas profissionais, todos eles estrangeiros: George Lowther Steer, do "The Times", Noel Monks, do "The Daily Express", Christopher Holme, da agência Reuters, todos de Londres, e Mathieu Corman, correspondente do "Ce Soir", de Paris.


A importância dos jornais


As primeiras informações sobre os horrores do bombardeamento surgem em Inglaterra na tarde do dia 27, mas é na manhã seguinte que se dá a explosão de indignação quando os respeitados e conservadores "The Times" e "The New York Times" publicam o emocionante relato de George Steer, o mais reproduzido e comentado em quase todo o mundo mas sem qualquer eco em Portugal.

Steer escreve: "Às duas horas da manhã de hoje, quando visitei a cidade, o seu conjunto apresentava uma visão aterradora, ardendo de ponta a ponta. O reflexo das chamas podia ser visto nas nuvens de fumaça acima das montanhas a dez quilómetros de distância. Durante toda a noite caíam casas e as ruas tornavam-se longas pilhas de destroços vermelhos impenetráveis. Muitos dos sobreviventes civis iniciaram a longa caminhada de Guernica a Bilbau em antigas e sólidas carroças bascas puxadas por bois. As carroças, repletas de todo o tipo de utensílios domésticos, obstruiram as estradas durante toda a noite. Outros sobreviventes foram evacuados em camiões do Governo, mas muitos foram forçados a permanecer nas redondezas da cidade incendiada deitados em colchões ou procurando parentes e crianças perdidas, enquanto unidades dos bombeiros e da polícia basca motorizada, sob orientação pessoal do ministro do Interior, senhor Monzon e sua esposa, continuavam o trabalho de resgate até o amanhecer"


Símbolo da Paz


O despacho é longo, mas George Steer, um repórter experimente que seguira já a guerra da Etiópia, tem a percepção imediata da dimensão da catástrofe e escreve: "Pela sua execução e grau de destruição perpetrado, assim como pela eleição do objetivo, o bombardeamento de Guernica não tem exemplo na história militar".

Guernica ficou para sempre como um símbolo da barbárie humana. Imortalizada pelo quadro de Picasso, que como nenhum outro soube simbolizar os horrores da guerra, a cidade é hoje um centro mundial de paz e acolhe todos os anos, a pretexto do aniversário do bombardeamento e destruição de Guernica, colóquios e congressos.


Fonte: Expresso


Guernica - Pablo Picasso
Ficheiro:Bundesarchiv Bild 183-H25224, Guernica, Ruinen.jpg
Ruínas de Guernica
26
Abr18

26 de Abril de 1933: É criada a Gestapo, polícia política, na Alemanha de Hitler, sob a direcção de Hermann Goering

António Garrochinho


A Gestapo  - contração de Geheime Staatspolizei (Polícia Secreta do Estado) -  foi criada no dia 26 de Abril de 1933 por Hermann Göring, então ministro do Interior da Prússia, tendo como origem a Polícia Secreta Prussiana.


A polícia secreta oficial da Alemanha nazi, totalmente subordinada às SS (Schutzstaffel ou, em português "Tropa de Protecção"), foi dirigida a partir de 1936 por Reinhard Heydrich, até à sua morte no atentado de Praga em 1942.


Formada por oficiais de polícia de carreira e profissionais de Direito, a sua organização e funções foram rapidamente fixadas por Göring  depois da ascensão de Hitler ao poder em Janeiro de 1933. Rudolf Diels foi o primeiro chefe da organização.


A função da Gestapo era investigar e combater “todas as tendências perigosas para o Estado”. Tinha plena autoridade para investigar casos de traição, espionagem e sabotagem, além dos ataques ao Partido Nazi e ao Estado.


A lei chegou a ser modificada a fim de que as acções da Gestapo não pudessem ser submetidas à revisão judicial.


O poder da Gestapo que mais permitia abusos era a Schutzhaft ou 'custódia preventiva', um eufemismo para designar prisões sem procedimentos legais, tipicamente em campos de concentração. A pessoa encarcerada tinha de firmar o Schutzhaftbefehl, documento em que declarava a sua vontade de ser encarcerada. Habitualmente isto conseguia-se submetendo-a a tortura.

O primeiro director, Diels, converteu a Gestapo numa agência policial com jurisdição nacional.

O papel da Gestapo como polícia política não era muito evidente até que Göring foi nomeado sucessor de Diels como seu comandante na Prússia. Göring recomendou estender o poder da Gestapo para além daquele país, até abarcar toda a Alemanha, com excepção da Bavária, onde o Reichsführer-SS Heinrich Himmler exercia a chefia da polícia da província e valeu-se das unidades locais da SS como força policial política.


Em Abril de 1934, Göring e Himmler concordaram em pôr de lado as suas diferenças devido em grande medida ao ódio que ambos sentiam pelas SA (Sturmabteilung) de Ernst Röhm, um dos braços armados do Nacional Socialismo durante a Segunda Guerra Mundial. Göring transferiu às SS toda a autoridade da Gestapo , que foi incorporada na Sicherheitspolizei (Polícia de Segurança) organização semelhante ao Sicherheitsdienst (Serviço de Informação).



À medida que o Exército Vermelho e os Aliados penetravam em todas as frentes pelo interior da Alemanha, já no final da Segunda Guerra Mundial, a instituição ia desaparecendo.



A partir dos primeiros dias de Abril de 1945, funcionários da Gestapo começaram a queimar arquivos e documentos nas instalações e pátios centrais do edifício, sendo visíveis as colunas de fumo nas cercanias da Wilhelmstrasse, principal avenida dos ministérios.


Na alvorada de 29 de Abril de 1945, a 301ª Divisão de Fuzileiros, comandada pelo coronel soviético Antonov, lançou um assalto com dois regimentos e conseguiu colocar uma bandeira vermelha na sede da Gestapo, porém teve de recuar nessa mesma tarde em virtude de um forte e nutrido contra-ataque da Waffen SS. Não puderam libertar os últimos sete presos políticos que tinham sobrevivido a um massacre no dia 23 de Abril.


No dia 1 de Maio, durante a noite, homens das SS retiraram os sete prisioneiros da cela principal e colocaram-nos noutra cela no sótão, dando morte a um dos detidos, um suboficial da Wehrmacht. Na madrugada de 2 de Maio, o edifício foi tomado pelo Exército Vermelho, que libertou os presos e lhes deu alimentos. Entretanto, um soldado russo, ao manusear a arma, disparou acidentalmente um tiro que matou o ‘ex-gauleiter’ Joseph Wagner, que havia caído em desgraça pelo regime nazi devido às suas crenças religiosas.


A organização foi dissolvida por decreto do general Dwight Eisenhower, comandante das Forças Expedicionárias Aliadas, no dia 7 de Maio de 1945. No Julgamento de Nuremberga, a Gestapo foi considerada uma organização criminosa ficando proibida em toda a Alemanha.

A sede central da Gestapo em Berlim estava localizada na Prinz Albrechtrasse, número 8, um edifício que havia sido um teatro e que actualmente acolhe uma exibição permanente da “Topografia do Terror”. Desde 1934, era conhecida pelos berlinenses como a “casa dos horrores” pelas notícias que corriam sobre as torturas aos presos que eram algemados por curtas correntes às paredes horizontalmente.


Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)

Ficheiro:Bundesarchiv Bild 183-R97512, Berlin, Geheimes Staatspolizeihauptamt.jpg
Sede da Gestapo em Berlim
Ficheiro:Gestapomen following the white buses.jpg
Agentes da Gestapo à paisana em 1945
26
Abr18

26 de Abril 1916: Morre o poeta Mário de Sá Carneiro

António Garrochinho

Poeta e ficcionista, Mário de Sá-Carneiro constitui, tal como Fernando Pessoa e Almada-Negreiros, um dos principais representantes do Modernismo português. Nasceu em Lisboa, a 19 de maio de 1890, e morreu precocemente a 26 de abril de 1916, também em Lisboa. Iniciou os seus estudos em Direito na cidade de Coimbra,tendo partido depois para Paris, em 1912, para cursar também Direito, estudos que abandonaria pouco depois por se ter deixado seduzir por uma vida desregrada e de boémia. De temperamento instável e inadaptado, dedicou-se,na capital francesa, à produção de grande parte da sua obra poética. A figura de Mário de Sá-Carneiro assume uma importância basilar para a compreensão do modo como o Modernismo português se foi formando com caracteres próprios na receção das correntes de vanguarda europeias, processo de que a correspondência que estabeleceu com Fernando Pessoa dá um testemunho documental precioso e que culminaria com a publicação de Orpheu, em 1915. Os poemas que edita no primeiro número de Orpheu, destinados a Indícios de Oiro, são, a este título, significativos da sua adesão às estéticas paúlica e sensacionista, que na correspondência entre os dois grandes poetas fora gerada, glosando, então, em moldes muito devedores do simbolismo-de clandentismo, a abjeção de um eu em conflito com um outro, reverso da sua frustração e insatisfação ("Eu não sou eu nem o outro,/ Sou qualquer coisa de intermédio: / Pilar da ponte de tédio / Que vai de mim para o Outro,..."), ao mesmo tempo que a publicação de "Manucure", no segundo número de Orpheu, revela uma incursão por uma forma poética mais próxima da escrita da vanguarda futurista, no que contém de autonomização do significante. Já antes de Orpheu, a colaboração de Mário de Sá-Carneiro na revista Renascença (1914) - onde Fernando Pessoa publica Impressõesde Crepúsculo -, com a edição de Além (apresentado como uma tradução portuguesa de certo Petrus Ivanovitch Zagoriansky), instituíra a sua experiência poética na charneira entre a herança simbolista e as tentativas paúlicas e interseccionistas. Mário de Sá-Carneiro constitui ainda um paradigma da prosa modernista portuguesa pela publicação das narrativas Céu em Fogo e A Confissão de Lúcio, construídas frequentemente a partir do estranhamento de um narrador insolitamente introduzido em situações onde o erotismo, o onirismo e o fantásticos e associam aos temas obsessivos do desdobramento e autodestruição do eu. O seu suicídio, com 26 anos (em 1916, Paris), parecendo vir selar aquele sentimento de inadaptação à vida, de permanente incompletude, de narcísico auto-aviltamento e, sobretudo, de consciência dolorosa da irremediável cisão do eu, consubstanciada na dramática tensão entre um eu, vil e prosaico, e um outro, seu duplo ideal, que alimentaram tematicamente a obra,nimbou-o para a posteridade de uma aura de poeta maldito, que deixaria um forte ascendente sobre a poesia contemporânea de gerações posteriores à sua. Com efeito, a mensagem poética do autor de Indícios de Oiro ecoa postumamente na literatura presencista da geração de 50 e até surrealista, passando por nomes absolutamente diversos como Sebastião da Gama, Mário de Cesariny ou Alexandre O'Neill.

Mário de Sá-Carneiro. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012.
wikipedia (imagens)



Quase

Um pouco mais de sol ? eu era brasa,
Um pouco mais de azul ? eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe d´asa?
Se ao menos eu permanecesse aquém..
Assombro ou paz? Em vão? Tudo esvaído
Num baixo mar enganador d´espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho ? ó dor! ? quase vivido?
Quase o amor, quase o triunfo e a chama.
Quase o princípio e o fim ? quase a expansão?
Mas na minh´alma tudo se derrama?
Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo? e tudo errou?
- Ai a dor de ser-quase, dor sem fim? -
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou?
Momentos d´alma que desbaratei?
Templos aonde nunca pus um altar?
Rios que perdi sem os levar ao mar?
Ânsias que foram mas que não fixei?
Se me vagueio, encontro só indícios?
Ogivas para o sol ? vejo-as cerradas;
E mãos d´herói, sem fé, acobardadas.
Puseram grades sobre os precipícios?
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí?
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi?
Um pouco mais de sol ? e fora brasa.
Um pouco mais de azul ? e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe d´asa?
Se ao menos eu permanecesse aquém?



Paris, Maio de 1913


26
Abr18

DISCRETO

António Garrochinho



Braço pendido
de cravo esquecido
discreto
porque insurrecto
ao fascismo (o cravo)
lá andava o Célinho
colocando na cara o sorrisosinho
dos manhosos comprometidos
com os tempos idos
escravos


António Garrochinho
26
Abr18

Frase...

António Garrochinho

... ouvida no centro Comercial Allegro a uma das quatro jovens que, por acaso, era a única de pele negra, e que se dirigia às outras três de pele branca que estavam a levantar dinheiro no Multibanco: 
"Vocês não sabem o que é trabalhar 40 horas e receber 500 euros"
E como as outras amigas dissessem qualquer coisa -  possivelmente estavam a queixar-se também dos seus salários mínimos e sorriam atrapalhadas sem saber o que responder - ela insistia quase irritada:

"Vocês não sabem, não"

Não sei porquê lembrei-me também daquela polémica pública surgida no ano passado em torno da questão de os Censos Populacionais poderem/deverem ou não introduzir questões sobre categorias étnicas, como forma de perceber melhor a realidade da discriminação. Algo que apenas poderá/será de certa forma apreendido em 2021

E disse para mim uns quantos palavrões sobre este mecanismo social que, tão facilmente, coloca uns trabalhadores uns contra outros, sem que vejam o tal mecanismo que é, essencialmente, uno. Seres humanos, com uma vida curta de 24 horas por dia, a trabalhar sem receber o devido. E a perder dinheiro face ao que foi. Um mecanismo que tem câmaras de ressonância pelas mais diversas vias e nos mais longínquos continentes, que repetem a ideia falsa - para imigrantes - de que "uma pessoa consegue viver bem ganhando um salário mínimo no país (580 euros)"
E de que é assim, sempre foi assim, às vezes, expressando esta ideia da forma mais desabrida, como só um presidente de uma confederação patronal parece dever expressar num contexto neo-realista: "Se calhar têm de ir para zonas onde o turismo ainda não acontece. Têm de ir para Rio de Mouro? Se calhar, têm. Ou para o Barreiro, Almada ou Montijo? Se calhar, têm. Quem é rico pode ir para o Bairro Alto ou para o Chiado, quem não é não pode. Não há um mundo perfeito."

Ora bem.


 ladroesdebicicletas.blogspot.pt
26
Abr18

GAROTO DE 8 ANOS TREINA TODOS OS DIAS MAIS DE 4 HORAS PARA SER O NOVO BRUCE LEE

António Garrochinho
Ryusei "Ryuji" Imai, um garoto de 8 anos de idade de Nara, Japão, dedicou sua vida a imitar a lenda das artes marciais Bruce Lee. Apesar de sua pouca idade, ele treina por quatro horas e meia todos os dias, e já desenvolveu um físico semelhante ao de seu ídolo. O mundo conheceu Ryuji, há três anos, em um vídeo que mostra ele imitando perfeitamente a rotina de nunchaku de Bruce Lee do filme, Jogo da Morte, de 1972.


Garoto de 8 anos treina mais de 4 horas por dia para ser o novo Bruce Lee
O pequeno acabou parecendo nas capas de alguns dos maiores meios de comunicação do mundo, conquistou centenas de milhares de seguidores on-line e até fez uma aparição no Superkids, um programa de talentos para crianças. Mas ele não deixou a fama subir à cabeça, em vez disso concentrou-se em tonificar seu físico e imitar ainda mais as famosas cenas de artes marciais de Bruce Lee.

VÍDEOS

Coisas boas todos os dias. Siga o MDig
Link do YouTube
Hoje, Ryusei Imai, ou "Pequeno Bruce Lee", como ele é conhecido, é provavelmente o garoto de 8 anos mais malhado do mundo. E considerando o quanto ele treina todos os dias, não é uma surpresa.
Garoto de 8 anos treina mais de 4 horas por dia para ser o novo Bruce Lee
O pai de Ryusei diz que ele acorda às 6 da manhã e treina por uma hora e meia, antes de ir para a escola. Quando ele retorna, ele corre por mais uma hora, e depois passa outras 2 horas trabalhando em seus chutes e rotinas com o nunchaku. São 4,5 horas de treinamento todos os dias.
Garoto de 8 anos treina mais de 4 horas por dia para ser o novo Bruce Lee
De acordo com o pai de Ryuji, ele assiste os filmes de Bruce Lee desde que tinha apenas um ano, e começou a imitar cenas de seus filmes aos quatro. Em um ano, ele já havia dominado a cena do nunchaku do referido filme e estava aparecendo em programas de TV internacionais.
Garoto de 8 anos treina mais de 4 horas por dia para ser o novo Bruce Lee
Ryusei Imai tem atualmente mais de 290.000 seguidores no Facebook e cerca de 33.000 no Instagram. Ele também tem seu próprio canal no YouTube, onde seu pai publica regularmente vídeos dele trabalhando e imitando seu ídolo.

VÍDEOS

Coisas boas todos os dias. Siga o MDig
Link do YouTube
Embora o progresso de Ryusei, tanto em termos de seu físico quanto de técnica, seja definitivamente impressionante, algumas pessoas consideram que é demais para sua idade: para que passar tanto tempo treinando, quando ele tem tempo de ser um garoto normal e brincar com outras crianças da sua idade?
Garoto de 8 anos treina mais de 4 horas por dia para ser o novo Bruce Lee
pai do garoto afirma que é isso que Ryusei quer, que ele é quem quer treinar duro para ser como o seu ídolo, mas algumas pessoas comentam em suas postagens na mídia social que seu pai pode estar roubando sua infância por algo que ele não conseguiu fazer quando ele era mais jovem.

www.mdig.com.br

26
Abr18

Reflexões

António Garrochinho


(António Pestana, 24/04/2018)
Escrevo propositadamente hoje, 24 de Abril do ano da graça de 2018.
Não a 25, como de costume, mas hoje 24.
E, aviso já, que posso estar azedo. que me apetece escrever algumas palavras cruas e duras (fica a bolinha vermelha no canto superior direito para os mais sensíveis).
Dizia Churchill que a Democracia era o pior sistema , tirando todos os outros.
É felizmente incontestável que vivemos hoje muito melhor do que há 44 anos atrás e nunca me cansarei de enaltecer esse facto.
Temos liberdade, temos paz, temos pão, temos saúde, temos habitação, (como na canção de Sérgio Godinho).
Mas debrucemo-nos sobre todos e cada um destes temas…
Temos liberdade.
Liberdade ou libertinagem? É que temos liberdade para dizer que este País é uma merda, mas não exercemos essa liberdade para contestar isso, e cada um de nós ter a consciência cívica de apresentar alternativas. Temos até a liberdade de dar uma tareia a um professor porque deu má nota ao precioso infante; temos liberdade de aceitar alegremente tudo o que nos deitam na gamela, sem discutir o que lá está. Temos liberdade mas não temos espírito crítico, o que convêm, e de que maneira, a todos os que ainda estão a 24 de Abril.
Até temos a liberdade de aceitar alegremente sermos o país com maiores desigualdades salariais da Europa.
Até temos a liberdade de aceitar (temo) de ser um dos países onde a quantidade de filhos da puta por metro quadrado atinge valores dignos de registo.
Até temos a liberdade de virar costas à maior mistura de poderes ( judicial e mídia ) de que há memória.
Até temos a liberdade de corar de vergonha quando vemos em Inglaterra uma Ministra obrigada a demitir-se por mentir sobre uma multa de trânsito.
Temos liberdade para ter emprego… enfim uma forma parecida; de ter um pseudo salário muito acima das possibilidades dos empreendedores de sucesso que por aí circulam, que vomitam que mais vale emprego a prazo de que desemprego. que dizem à descarada há melhor do que tu. Que arranjam outro num abrir e fechar de olhos. E temos e exercemos a liberdade de aceitar livremente esse facto.
Temos, como disse, a liberdade de aceitar e “conviver” com uma quantidade assaz inquietante de filhos da puta, sem uma cultura crítica de dizer NÂO.
Temos Paz.
Certo. E bem vinda. Já não temos medo de ter de ir para África defender um Império uno, do Minho a Timor, e eventualmente deixar lá os ossos.
Temo ser este aspecto que ainda vá safando Abril, apesar de devaneios como a Cimeira das Lages.
Temos Pão.
Enfim… um certo exagero, quando são considerados pobres, não os indigentes ou sem abrigo, mas os que trabalhando por contas desses tais referidos filhos da puta continuam a estar abaixo do limiar da pobreza, segundo padrões internacionalmente definidos.
Ai, desculpem; esqueci-me. É que tirando a produtividade conseguida pelas marcas de luxo, em que esses tais filhos da puta se pavoneiam, possuem ou vivem, a produtividade apresentada por esses tratantes é muito menor do que a da restante Europa.
Ahh !… a famosa produtividade à custa dos outros.
Temos saúde.
É um dos campos onde, de facto, estamos a anos luz daquilo que se passava a 24 de Abril de há uns anitos atrás.
Já não temos (por enquanto) os índices de mortalidade infantil que havia. Ainda temos um Serviço Nacional de Saúde, capaz de ombrear e ultrapassar muitos outros, apesar das tentativas de o “modernizar, rentabilizar e garantir a sua sustentabilidade”. Apesar da proliferação e incentivo aos hospitais privados, onde essa tal onda de filhos de puta se pode tratar tendo dinheiro, mas convenientemente inacessíveis a quem estando doente tem de escolher entre comer e ser tratado. Entre pagar a renda da casa ou aliviar e tratar as maleitas.
Acresce o facto de poder essa gente ter piolhos, ou outros vermes rastejantes ou não, e dar má reputação à nobre e digna instituição. (as noticias vinda a público de salmonela e outros bicharocos malvados em unidades privadas não passam, quanto a mim, de calúnias destinada a perturbar a ordem vigente).
Temos habitação.
Temos, penso eu, a liberdade de atentar às notícias e esperar alegremente o provável regresso às barracas e bairros da lata, sinal de uma sociedade competitiva e alavancada no turismo, e alegremente nos congratularmos com a compra de apartamentos de luxo nos Estados Unidos por governantes em funções – os tais que devíamos sufragar e exigir-lhes responsabilidades e respeito. Ou viagens pagas por duas vezes aos representantes de todos nós e que, pelos vistos, não passam de vulgares pilha galinhas (dentro da mais estrita legalidade, entenda-se).
De facto, falta cumprir Abril.


estatuadesal.com
26
Abr18

Ex-director da Brisa suspeito de corrupção em caso de expropriações fraudulentas

António Garrochinho

Um ex-director da Brisa, empresa concessionária de várias auto-estradas portuguesas, é suspeito de corrupção num inquérito em que se investiga um esquema fraudulento na expropriação de terrenos coincidentes ou junto dos traçados das auto-estradas A32 (liga Oliveira de Azeméis a Gaia) e A41 (circunda a região do Grande Porto), ambas no Norte do país.
Em causa estão cerca de 150 terrenos que terão sido adquiridos a preços inflacionados e que terão causado um prejuízo de 12 milhões de euros, calcula a Polícia Judiciária (PJ), num comunicado divulgado esta quinta-feira. Em alguns casos os terrenos foram vendidos por valores seis vezes superiores aos preços de mercado.
O antigo responsável da Brisa terá recebido dezenas de milhares de euros e contrapartidas em géneros, como a realização de obras, para revelar informação privilegiada sobre o traçado daquelas duas auto-estradas e sobre os valores que a empresa estava a oferecer pela expropriação dos terrenos.
No comunicado, a PJ não refere o nome da Brisa, adiantando apenas que estava envolvido no caso, “um alto funcionário de uma empresa pública responsável pela condução dos processos expropriativos de todas as parcelas para a AEDL (Auto Estradas do Douro Litoral)”, uma sociedade detida a 100% pela antiga empresa pública, privatizada por fases entre 1997 e 2001.
“Na posse dessa informação estas empresas adquiriam os terrenos aos legítimos proprietários por um valor acima do oferecido pela entidade expropriante que, logo em seguida, revendiam àquela empresa estatal por valores muito superiores aos da aquisição e aos valores oferecidos anteriormente pela mesma empresa aos proprietários”, explica a Directoria do Norte da PJ, na nota. 
As “luvas” terão sido pagas pelos responsáveis de duas empresas da área imobiliária, que também são arguidos neste caso. Esta quarta-feira a Directoria do Norte da PJ fez uma operação, intitulada Ventos do Norte, que envolveu a realização de várias buscas a casa e à sede destas empresas.

Sujeitos a cauções?

Os oito arguidos deste caso foram notificados para se apresentarem esta quinta-feira no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, para aplicação das medidas de coacção. Não é conhecido ainda o desfecho desta diligência, em que o Ministério Público terá pedido que parte dos suspeitos ficassem sujeitos a cauções.
Contactado pelo PÚBLICO, o director de comunicação da Brisa, Franco Caruso, afirmou que a empresa não comenta processos judiciais em curso, confirmando, apenas, que o funcionário em causa já não trabalha na firma.
Este inquérito, dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto, é de 2013 e nasceu na sequência de uma denúncia anónima, reforçada por uma queixa da própria Brisa. A demora na investigação deve-se essencialmente à necessidade de fazer várias perícias, parte das quais envolveram a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto que determinou o valor real de cada terreno. Neste momento, o inquérito encontra-se na recta final de investigação, devendo o relatório final ser enviado dentro de semanas ao Ministério Público.



www.publico.pt
26
Abr18

A revolução dos cravos vermelhos - Manuel Guerreiro

António Garrochinho

O 25 de Abril de 1974 será para sempre uma data maior na História de Portugal e a epopeia das conquistas de Abril ficará para sempre gravada na memória colectiva!
Até então, vivia-se num País cinzento, triste, remendado, onde tudo era censurado e proibido: as professoras primárias e enfermeiras não podiam casar; o biquíni era perseguido nas praias; as senhoras na missa não podiam levar os braços descobertos; para usar um isqueiro era preciso uma licença; os jornais, livros, filmes, peças de teatro, canções e músicas tinham de passar pela censura, eram cortados e proibidos.
Aliás, o regime fascista tinha uma particular atenção e zelo em evitar que a informação e a Cultura circulassem, porque sabia serem armas fundamentais, através das quais os portugueses adquiririam conhecimento e consciência que a prazo os levariam a rejeitarem e revoltarem-se contra um regime que assentava na ignorância e obscurantismo.
Não havia liberdade de expressão, de imprensa, de reunião, de manifestação, à greve, sindical, de partidos políticos e era muito reduzido e controlado o direito de associação. Não existia o direito à Saúde, à protecção social, ao Ensino ou à Habitação e, por isso, um elevado número de portugueses habitava num «casebre» sem água canalizada, eletricidade ou esgotos.
A polícia  política (PIDE) vigiava, controlava e registava a vida dos cidadãos. Intercetava correio, telefones, vigiava contactos, viagens, participação em actividades de lazer, culturais, desportivas e especialmente sociais e políticas. Perseguia, prendia, torturava, encarcerava e assassinava cidadãos. Desde a chegada dos fascistas ao poder, em 28 de Maio de 1926, os que se opuserem e lutaram pela liberdade e a democracia, em particular os comunistas, sofreram a maior repressão e pagaram a sua determinação com assassinatos e milhares de anos de prisão no Forte de Peniche, em Caxias, no Aljube, no Campo de Concentração do Tarrafal (Cabo Verde) e na Fortaleza de Angra do Heroísmo.
O aparelho de Estado foi adaptado como instrumento repressivo do regime fascista: GNR, PSP, tribunais, inspecções e, em circunstâncias especiais, as próprias Forças Armadas foram utilizadas para reprimir o povo e proteger em permanência os interesses dos ricos e dos caciques locais do regime.
A economia era dominada por sete grandes grupos monopolista 1 e outras tantas famílias: Grupo CUF, Espírito Santo, Champalimaud, Português do Atlântico, Borges & Irmão, Nacional Ultramarino e Fonsecas & Burnay.
Os indicadores económicos e de nível de vida colocavam Portugal na cauda da Europa, como um país subdesenvolvido, que gastava cerca de 40% do orçamento no esforço de sustentação de Forças Armadas, que guarneciam as frentes da guerra colonial.
A situação económica e financeira entra em crise nos últimos anos do regime fascista, devido ao seu atraso estrutural, ao forte impacto da chamada crise do petróleo de 1973, a que junta uma fortíssima luta reivindicativa, em especial dos trabalhadores industriais e de alguns sectores de serviços (banca, seguros e comércio), mais o esforço imposto pelas necessidades crescentes de financiamento da guerra colonial.
Essa crise e todas as pressões internas e externas fazem surgir as primeiras grandes cisões na base de apoio do poder fascista, provocadas por sectores desiludidos com o «marcelismo», que não fez a prometida «abertura», que consideravam necessária para garantir o futuro dos interesses do Capital. O próprio Exército, cansado e desgastado por 13 anos de guerra devido ao arrastar das guerras coloniais, sem fim à vista ou solução militar possível, até então sempre o último suporte do regime, também se começa a dividir e a contestar as opções da política colonial e corporativa do regime.
Para manter a guerra colonial, ao longo de mais de 13 anos, o regime tinha criado umas Forças Armadas desproporcionadas, com mais de 240 mil efectivos só da metrópole, a que juntavam mais umas dezenas de milhar de naturais das colónias, grande parte revezando-se nas frentes de guerra de Angola, Guiné e Moçambique.
A emigração clandestina foi o escape, nos anos sessenta, para mais de um milhão de portugueses procurarem o emprego e condições de vida que não tinham em Portugal. O «salto» e a deserção são o caminho trilhado por muitos milhares de jovens para fugirem ao serviço militar obrigatório e à mobilização para a guerra.
Os estudantes revoltavam-se e lutavam nas universidades, algumas delas ocupadas pelos chamados gorilas, a mando do Ministério da Educação.
Mais de 200 mil trabalhadores, enfrentando a repressão e as prisões, lutam nas empresas pelo aumento dos salários, redução de horários, férias, descanso semanal, liberdade e democracia através de abaixo-assinados, concentrações, idas às administrações e greves, apesar de proibidas e reprimidas, de que se salientam: Petroquímica, Soc. Industrial de Vila Franca, Gremental, Casa Hipólito, Metro, Cometna, Sorefame, Mague, Timex, UCAL, Philips e Siemens.
É nesta conjuntura efervescente que os militares do Movimento das Forças Armadas (MFA), que se vinham organizando e conspirando desde 1973, concretizam em 25 de Abril de 1974, um golpe militar que derruba o regime, que cai sem oferecer resistência significativa e quase sem tiros e vítimas, excepto as que a PIDE havia de fazer entre os populares concentrados frente à sua sede, na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa.

O Povo manifesta-se nas ruas!

Na madrugada e manhã do 25 de Abril, os militares revoltosos aconselhavam o povo, através da rádio, a ficar em casa. O povo, felizmente, não obedeceu e logo nesse dia os populares saltaram para a rua a apoiar os militares na concretização do golpe e na prisão dos mandantes e torcionários fascistas, e depois na abertura das prisões e libertação dos presos políticos.
Na tarde do 25 de Abril, em Lisboa, os cravos vermelhos são oferecidos aos soldados e colocados nos canos das espingardas, nascendo assim um símbolo da Revolução que vai correr o mundo e se irá perpectuar para sempre.
Nos dias seguintes são encerradas as instituições fascistas: Mocidade Portuguesa, Movimento Nacional Feminino, Legião Portuguesa, União Nacional (o partido único autorizado), a PIDE; são controladas a GNR e a PSP (desprestigiadas e muito comprometidas com o regime derrubado), e posto fim à censura e aos tribunais plenários (que julgavam e condenavam os presos políticos), ao mesmo tempo que os fascistas eram expulsos dos vários órgãos e das autarquias locais. Na prática, são exercidas as liberdades fundamentais, de imprensa, de reunião, de manifestação (logo no próprio dia 25 de Abril), à greve, à liberdade política e dos partidos, à liberdade sindical e dos direitos sindicais
Regressam os dirigentes políticos exilados e inicia-se uma frenética actividade social e política, com a nomeação de comissões ad hoc de trabalhadores, moradores, de gestão dos sindicatos, exercendo e consolidando a liberdade e a democracia, e as reivindicações e transformações profundas, que vão nos meses seguintes melhorar muito a qualidade de vida e transformar profundamente Portugal.
Os trabalhadores tomam os sindicatos nacionais (que de nacionais só tinham o nome simbólico do fascismo, visto que eram obrigados por lei a terem âmbito distrital e profissional), até aí controlados pelo regime, que imediatamente se juntam aos que, desde 1969, os trabalhadores tinham conseguido retirar ao controlo fascista e que constituíram a Intersindical, em 1 de Outubro de 1970.
A Intersindical mobiliza os trabalhadores para apoiar a Liberdade e a Democracia e, naqueles escassos dias, organiza as comemorações do 1.º de Maio – Dia Internacional dos Trabalhadores que, pela primeira vez, seria comemorado em liberdade e como feriado nacional.

1.º de Maio – Dia Internacional dos Trabalhadores – Feriado Nacional

As manifestações do 1.º de Maio assumem a dimensão extraordinária, em centenas de cidades, vilas e aldeias por onde desfilam milhões de trabalhadores, exercendo as liberdades restauradas pelo MFA e reivindicando melhores salários, direitos, redução de horários e condições de trabalho, bem como o fim das guerras coloniais e a independência das colónias.
Os discursos do 1.º de Maio, dos dirigentes sindicais e dos dirigentes políticos – Álvaro Cunhal e Mário Soares, convidados para usar da palavra no Estádio do Inatel, nesse dia baptizado de 1.º Maio–, perante cerca de 500 mil trabalhadores, lançam as linhas programáticas de defesa da liberdade e das reivindicações que vão ser os parâmetros orientadores da acção futura.
Nos meses seguintes há uma mobilização e uma participação extraordinária dos trabalhadores e cidadãos, em todas as iniciativas e lutas, transformando o golpe militar, rápida e gradualmente, em revolução democrática e nacional, malgrado as tentativas da direita em fazer retroceder o processo democrático, com realce para o «golpe  de Palma Carlos», em 13 de Junho de 1974, o 28 de Setembro, o 11 de Março de 1975 e o 25 de Novembro. Este constitui o momento de viragem da relação de forças, iniciando o processo de retrocesso político, económico, social e cultural, com os capitalistas e latifundiários, pelas mãos de PS, PSD e CDS-PP a recuperarem as suas posições e privilégios, com os trabalhadores e o povo a perderem direitos e qualidade de vida.
Naqueles meses de 1974 e 75, os trabalhadores e o Povo, em aliança com o MFA, transformaram profundamente Portugal, concretizando muito daquilo que ficou conhecido como as conquistas da revolução de Abril:
Salário Mínimo Nacional (SMN) estabelecido em 3300$00, aumentando o salário de mais de 600 mil trabalhadores, medida que foi acompanhada pelo aumento geral dos salários reclamada e conquistada pela luta nas empresas e sectores, traduzindo-se numa significativa melhoria dos rendimentos;
Negociação dos contratos colectivos de trabalho (CCT), que asseguraram os direitos fundamentais à generalidade dos trabalhadores portugueses, antes das leis da República, nomeadamente a proibição dos despedimentos sem justa causa, condições de admissão, carreiras profissionais automáticas, férias, feriados, faltas, protecção na maternidade, dos jovens e trabalhadores estudantes, segurança, higiene e saúde, salários, subsídios de férias e décimo terceiro mês;
Controlo  operário da produção e das empresas para assegurar a produção, o seu funcionamento e salvar os postos de trabalho, contra a sabotagem dos capitalistas;
Nacionalizações dos bancos, seguradoras, grupos económicos e empresas estratégicas, e a constituição de um sector público da economia, tirando meios e poder aos conspiradores e à reacção, e criando uma base sólida de desenvolvimento e resolução de muitos dos atrasos que afectavam Portugal. Só com empresas públicas foi possível levar a eletricidade a quase metade do País, onde faltava, fazer chegar transportes às aldeias e vilas remotas, abrir estradas, colocar telefones, rádio e televisão, recolher as produções de cereais e a produção agro-pecuária, garantir o abastecimento de combustíveis e produtos essenciais, fazer chegar o progresso a todos os cantos de Portugal;
Reforma Agrária, sob a consigna «a terra a quem trabalha», avança para fazer cumprir o direito ao trabalho e garantir a produção agrícola e agro-pecuária, essencial ao abastecimento público. Primeiro em Beja, e depois por todo o Alentejo e Ribatejo, os trabalhadores agrícolas ocuparam centenas de grandes herdades, muitas há muito abandonadas e mal-amanhadas, constroem unidades colectivas de produção (UCP) e cooperativas que empregam em permanência milhares de trabalhadores, diversificam e aumentam a produção, criam creches, infantários, centros de dia, cooperativas de consumo e dinamizam a actividade económica das regiões, travando a desertificação e o empobrecimento;
Serviço Nacional de Saúde (SNS). Em finais de 1974, as organizações sindicais que participavam nos órgãos de gestão das administrações regionais de saúde, em cooperação com os serviços do Ministério da Saúde, empreenderam a integração e construção do SNS, para dar resposta às necessidades urgentes de cuidados de saúde dos trabalhadores e das populações. O Serviço  Médico à Periferia, instituído em 1975, deu um contributo decisivo ao levar jovens médicos às vilas e aldeias onde muitos portugueses nunca os tinham visto.
A Segurança Social, também gerida com a participação de representantes sindicais, foi integrada e estruturada, foi promovida a inscrição de mais de um milhão de trabalhadores que estavam desprotegidos, e foram aumentados e generalizados os direitos e protecção aos contribuintes e suas famílias. As reformas são aumentadas e generalizado o abono de família;
O Ensino público universal e gratuito foi generalizado e o seu acesso democratizado, construídas escolas e universidades, que passaram a ser, pela primeira vez, acessíveis aos filhos dos trabalhadores;
Habitação passou a ser uma exigência, porque faltavam casas com condições de salubridade, água, saneamento e eletricidade, a preços comportáveis;
Transportes públicos. Foi criada uma rede de transportes públicos que cobria Portugal: CP, Rodoviária Nacional, TAP, Transtejo, Carris, Metro e outros asseguravam com eficácia o serviço público;
Acabou a guerra colonial e Portugal reconheceu a independência dos novos países de Língua Portuguesa;
Foram estabelecidas relações com todos os países do mundo e Portugal saiu do isolamento internacional a que estava até então condenado, passando a respeitar os compromissos e os acordos internacionais;
A economia e as finanças ultrapassaram a crise motivada pelo choque petrolífero e o esgotamento da guerra colonial, aguentando a sabotagem dos capitalistas, o impacto da integração de mais 500 mil portugueses retornados das ex-colónias e a desmobilização de dezenas de milhar de militares, porque cresceu o rendimento dos trabalhadores que dinamizou o mercado interno e o emprego.
Os 40 anos de política de direita que se seguiram, brutalmente empenhada em destruir tudo o que «cheire» a Abril, fizeram muitos males, destruíram conquistas históricas como a Reforma Agrária, privatizaram bancos, seguradoras, empresas estratégicas e todo o sector público da economia, para encher os bolsos dos capitalistas nacionais e estrangeiros. Promoveram a corrupção, a precariedade e o desemprego, limitaram as liberdades e os direitos dos trabalhadores e cidadãos, reduziram salários, desnataram o SNS, a Segurança Social pública e universal, o Ensino e a Escola Pública, e degradaram a democracia.
O 25 de Abril de 1974 será para sempre uma data maior na História de Portugal e a epopeia das conquistas de Abril ficará para sempre gravada na memória colectiva!
Algumas das suas transformações e conquistas são tão profundas e universais que, 44 anos depois, continuam a resistir a sucessivas ofensivas, porque os trabalhadores e o povo as defendem e por elas lutam todos os dias.
  • 1.Álvaro Cunhal, A revolução portuguesa, o passado e o futuro (1994), Edições Avante!

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26
Abr18

MANIFESTAÇÃO POPULAR 25 ABRIL 2018 - LISBOA (VÍDEOS)

António Garrochinho



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