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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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05
Mai18

O trabalho não pago na economia portuguesa, particularmente nos sectores dominados pelos grandes grupos económicos, atinge níveis escandalosos", afirmou o líder comunista

António Garrochinho

"O trabalho não pago na economia portuguesa, particularmente nos sectores dominados pelos grandes grupos económicos, atinge níveis escandalosos", afirmou o líder comunista, num comício para assinalar os 200 anos do nascimento de Karl Marx.
"Sim, o mundo mudou muito, mas não mudou a natureza exploradora do capitalismo, que se tornou cada vez mais rentista, parasitário e decadente", exclamou, ao assinalar o caráter atual das ideias de Karl Marx.
Discursando perante algumas centenas de militantes reunidos no pavilhão de exposições de Penafiel, no distrito do Porto, o dirigente exemplificou que "no sector dos produtos petrolíferos, dominado pela GALP, em cada "oito horas de trabalho diário, 6,4 horas são trabalho não pago".
"Na eletricidade, dominada pela EDP e REN, nas mesmas oito horas de trabalho por dia, ao trabalhador, para pagar o seu salário, basta-lhe trabalhar 44 minutos, sendo o resto do tempo trabalho não pago, a mais-valia da EDP e REN", acrescentou.
Jerónimo de Sousa indicou que ao longo das últimas décadas", em Portugal, duplicou o flagelo da precariedade" e sublinhou haver mais de 1,2 milhões de portugueses nesta situação.
Para o líder do PCP, "honrar o legado de Marx é não dar tréguas à luta contra a exploração capitalista, as injustiças e as desigualdades sociais, tendo sempre presente o objetivo da concretização da sociedade socialista e comunista".
"Sim, somos um partido de projeto marxista-leninista, um partido que esteve e continua hoje presente nos grandes combates contra a exploração, as injustiças e as desigualdades no nosso país", reforçou.
O secretário-geral comunista deixou, por outro lado, críticas ao PS, considerando que o partido do Governo "não vai no bom caminho quando procura a solução para os problemas dos trabalhadores, do povo e do país com o PSD e CDS, em vez de romper com as políticas do passado de exploração e empobrecimento dos trabalhadores e do povo".
Jerónimo lembrou a grande mobilização nas recentes manifestações no 1.º de Maio e avisou que o PCP vai apoiar a manifestação marcada para 09 de junho, em Lisboa, organizada pela central sindical CGTP.
A exigência de aumento do salário mínimo nacional para 650 euros em janeiro de 2019, prometeu, será apoiada pelo partido.
Aludindo implicitamente aos alegados casos de corrupção que têm estado na ordem do dia, o comunista censurou o que considerou serem "as relações de promiscuidade, inseparáveis da submissão do poder político ao poder económico, envolvendo muitos daqueles que impuseram a entrega de praticamente todos os sectores e empresas estratégicas do país e a recuperação do poder monopolista, para de seguida participarem no saque".
O dirigente condenou "a política de ruína e exploração que tem levado à degradação do próprio poder político e seus agentes, capturado que foi pelos grandes interesses económicos e enredado na malha da circulação de quadros e altos dirigentes entre os grandes grupos económicos e o aparelho de Estado".


www.noticiasaominuto.com
05
Mai18

LEMBRO-ME DESTA CENA TRISTE - Ana Sara Cruz

António Garrochinho


Ana Sara Cruz in facebook

Lembro-me muito bem desta "cena" triste. Passou-se em Julho de 2009, no plenário da Assembleia da República. Decorria o debate do Estado da Nação e debatia-se a situação do encerramento das Minas de Aljustrel e do consequente despedimento de centenas de trabalhadores. Manuel Pinho, Ministro da Economia do governo de Sócrates, acabara de fazer um discurso falso e cheio de demagogia, tentando fazer acreditar que se tinha deslocado a Aljustrel "para resolver a situação dos trabalhadores da mina". A seguir foi J. Sócrates quem usou da palavra para reforçar, e apoiar, as aldrabices do seu ministro, tentando mostrar ao Parlamento que o seu governo estava muito preocupado com a situação dos mineiros. Foi então que Bernardino Soares, então líder da Bancada comunista disse, em aparte: " O Sr.Ministro foi a Aljustrel mas foi para entregar um cheque da EDP ao clube da terra (Sport Clube Mineiro Aljustrelense), como, aliás, o PCP já denunciou em devido tempo". Em resposta a esta verdade, denunciada por B. Soares, o ex-ministro M. Pinho, como grande ordinário que é, pôs os dedos indicadores na testa e "ofereceu" um par de cornos à bancada do PCP. 
Já nesta altura M.Pinho andava a ser subornado pela EDP e a roubar os portugueses para beneficiar aquela empresa. No entanto, depois deste episódio, tristemente reles, a comunicação social não fez grande alarido e até houve quem dissesse que "o gesto do ministro foi a resposta pronta à provocação dos comunistas". Durante anos e anos M.Pinho recebeu dinheiro para favorecer a EDP roubando o erário público, no entanto, a c. social nunca deu por nada e tudo o que os comunistas diziam era para difamar o homem.
M. Pinho recebeu benefícios ilícitos obtidos através da revisão dos contratos CMEC; foi docente na Universidade de Columbia, N. Iorque, em que deu aulas de Energias Renováveis, docência essa que foi paga pela EDP e custou UM MILHÃO DE EUROS, tal como também deu aulas em duas universidades chinesas (é só coincidências); entre outros benefícios estão também milhares e milhares de euros que M.Pinho recebeu da eléctrica em troca de favores concedidos, em paralelo com um enorme prejuízo para as finanças portuguesas mas que proporcionam uma vida de milionário ao ex-ministro que vive uma vida luxuosa em Nova Iorque. No entanto, há alguns anos atrás, nada era verdade, tudo eram calúnias. Agora, quase de repente, a c. social passou a saber tudo, a conhecer os "pôdres" todos e a seguir o rasto dos subornos que foram concedidos a M. Pinho; é engraçado vê-los, e ouvi-los, falar no assunto, todos os dias, com muita convicção e certeza, como se tivessem sido eles a "descobrir a pólvora".

05
Mai18

Salir: Festa da Espiga junta tradição e música com Toy e Cuca Roseta

António Garrochinho


A tradicional Festa da Espiga volta a animar Salir, no concelho de Loulé, de 10 a 12 de Maio e conta este ano com atuações de Toy, Cuca Roseta e Bezegol. 

A Quinta-Feira da Espiga – data em que se celebra também o Dia do Município de Loulé – é o momento alto das festividades, com o tradicional desfile etnográfico, mas durante três dias são muitas as propostas, seja em termos musicais, de folclore, gastronomia ou artesanato, para quem visitar Salir à procura do Algarve genuíno.
No Dia da Espiga, 10 de Maio, momento em que a população vai para os campos apanhar a tradicional espiga, a partir das 9h00, Salir é palco de um passeio BTT e de um passeio pedestre “Trilhos da Espiga”.
Ambas as iniciativas vão permitir aos participantes um contacto com o património ambiental e as belezas naturais da Serra do Caldeirão.
A abertura das Tasquinhas com manjares e petiscos serranos acontece às 13h00, seguindo-se a abertura das exposições de produtos regionais e a atuação do grupo Artesãos da Música.
Às 16h00, acontece o momento mais esperado: o desfile etnográfico em representação das principais atividades agrícolas e artesanais desta freguesia, algumas delas em vias de extinção, desde as sementeiras, mondas, ceifas, debulhas, fabricação de pão, apanha do medronho e destilação, apicultura e extração de cortiça, o varejo do figo, amêndoa e alfarroba, artesanato de linho, lã, palma, esparto, cestaria de verga.


Toy



Durante o desfile, os poetas populares irão declamar poemas ou quadras feitos de improviso ou preparados, em registo de mensagem em tom de brincadeira aos responsáveis municipais, para pedir ou agradecer as obras feitas na terra.
Neste momento participam também o Rancho Folclórico “As Mondadeiras das Barrosas” e o Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão (Cortelha).
Às 21h00 há baile com Rui Soares&Lau e, às 23h00, sobe ao palco Toy, um dos mais importantes nomes da música popular em Portugal.
No dia 11 de Maio, sexta-feira, a Festa da Espiga é dedicada aos seniores com uma tarde plena de animação.
A versão noturna do tradicional desfile etnográfico acontece nesta sexta-feira, a partir das 20h30, seguindo-se uma Grande Noite de Fado, com Filipa Nobre, o projeto “Amália Sempre” que reúne várias vozes do Fado na região, e Cuca Roseta, um dos maiores nomes da nova vanguarda de fadistas. A noite encerra com a animação do baile tradicional com Gonçalo Tardão.
O último dia de festividades, sábado, 12 de Maio, será mais direcionado para os mais novos, com um dia preenchido por atividades para as crianças e jovens: III Torneio de Futebol “Os Espiguinhas” e a Tarde das Espiguinhas.
Como tem sido tónica nos últimos anos, a Festa da Espiga encerra com as sonoridades da música moderna portuguesa.
Para este ano as propostas são Bezegol&Rude Bowy Banda, artista «que, com um timbre rouco inconfundível, é hoje um dos grandes poetas urbanos do panorama musical nacional», Throes+The Shine, que levam ao palco a energia eletrizante da fusão singular do kuduro com o rock e Riot (DJ7) que, sem limite de géneros ou estilos, apresenta nas suas atuações todas as mais recentes sonoridades da Música de Dança atual», diz a Câmara de Loulé.
Todas as iniciativas da Festa da Espiga têm entrada livre.
Segundo o calendário litúrgico, na Quinta-Feira da Ascensão comemora-se a ascensão de Jesus Cristo ao Céu, encerrando um ciclo de quarenta dias após a Páscoa. Mas neste dia celebra-se igualmente o Dia da Espiga ou Quinta-Feira da Espiga.
Sobretudo no Sul do País é tradição as pessoas irem para os campos apanhar a espiga de trigo e outras flores silvestres, fazendo ramos simbólicos da fecundidade da terra e da alegria de viver.



Algumas espigas, geralmente de trigo, simbolizam a abundância, as papoilas, rosas, margaridas e malmequeres a beleza e o ramo de oliveira a paz.
Este ramo, em número de combinações variáveis conforme as localidades, pendura-se dentro de casa e aí se conserva durante um ano, até ser substituído pela “espiga” do ano seguinte.
Salir, uma das mais típicas freguesias rurais do concelho de Loulé, faz da Festa da Espiga um dos principais cartazes turísticos e etnográficos da região algarvia.
A Festa Espiga em Salir teve início no dia 23 de maio de 1968, organizada pela Junta de Freguesia, mais propriamente pelo presidente de então José Viegas Gregório, figura carismática e um grande impulsionador da sua terra natal. O sucesso da primeira edição, à qual presidiram o então Governador Civil de Faro Romão Duarte e Eduardo Pinto, presidente da Câmara Municipal de Loulé, da altura, ultrapassou todas as expectativas da organização.
Desde então, Salir tem feito do Dia da Espiga um grande acontecimento regional, recebendo milhares de forasteiros que aqui se deslocam para apreciar o artesanato, a gastronomia, o folclore, a etnografia, a poesia e tudo o que há de mais genuíno no interior rural do Algarve. A importância que este evento alcançou como cartaz turístico do interior algarvio foi tal que a Câmara Municipal de Loulé mudou para este dia o seu feriado municipal.
Em Salir o Dia da Espiga, que de certa forma marca o início da época das colheitas, assume uma importância especial, uma vez que se aproveita esta data para levar até ao grande público as manifestações tradicionais mais características desta freguesia rural. Os intervenientes neste espetáculo ímpar no país preparam com certa antecedência os seus carros e durante o desfile vão oferecendo alguns dos produtos que transportam.
Uma das particularidades da Festa da Espiga é que a população tem ainda a possibilidade de deixar uma mensagem, em forma de poema ou quadra preparada ou apenas de improviso, às entidades governativas presentes, para pedir ou agradecer as obras feitas na terra.
Aliás, os executivos da Câmara Municipal de Loulé aproveitam este dia para inaugurar uma estrada, uma escola, uma obra de saneamento básico ou um equipamento de carácter social, contribuindo assim para abrilhantar ainda mais as festividades.
Mas quando essas obras não se concretizam, as críticas em tom de brincadeira são lançadas aos responsáveis governativos do município e da região.

www.sulinformacao.pt

05
Mai18

Esta estreita casa japonesa parece minúscula, mas quando você olhar ela por dentro, vai ficar surpreso

António Garrochinho

Sabe aquele ditado popular, “nunca julgue um livro pela capa e sim pelo conteúdo?”, pois é, esse se aplica muito bem para essa casa japonesa. Quem ver ela por fora, pode se enganar, achando que ela é uma simples casa e pequena. Ela foi projetada por Mizuishi Architects Atelier, e tem 55 metros quadrados, ela foi feita desta forma triangular, ao lado de um rio e uma estrada.
Olhando as fotos por fora, ela parece ser bem pequena, mas dentro é surpreendentemente grande e espaçosa, mais até do que você imagina. A casa japonesa triangular tem 2 andares, os quartos ficam no primeiro andar. A cozinha e sala ficam no segundo andar, e ainda conta com uma sala de jogos para a família.
Todas as paredes são pintadas de branco, por um motivo, torná-la mais aconchegante, leve e fazendo com que ela pareça ainda maior. As fotos desta casa tem viralizado na internet, e o motivo é exatamente a ilusão que ela cria na nossa cabeça quando olhamos as fotos dela por fora.
Confira algumas fotos dela por dentro e se surpreenda!
Vale lembrar que a casa é de verdade e nenhuma das fotos foi mexida com Photoshop, e que no Japão esse tipo de casa é mais comum do que se imagina.



zipnoticias.net
05
Mai18

O FENÓMENO DAS ONDAS QUADRADAS

António Garrochinho

Você poderia dizer que hoje existem vários efeitos para retocar uma imagem ou alterar a realidade. Mas acredite ou não, existem fenômenos igualmente peculiares na natureza que parecem ser o trabalho da tecnologia em vez da Mãe Natureza.
A ilha de Ré, na França, é um desses destinos que se caracteriza por ser romântico, ao mesmo tempo estranho. Esta ilha, que tem apenas 30 km de comprimento e 5 km de largura, está localizada na costa oeste da França, perto de La Rochelle, no Oceano Atlântico, e é um destino turístico popular com lugares pitorescos para visitar.
Como a mais famosa costa sul da França, a ilha de Ré tem praias fabulosas e um clima excelente para atrair turistas de toda a Europa e do resto do mundo. Mas ao contrário da costa sul, há algo realmente único sobre as ondas que podem ser vistas em muitas de suas praias.
À primeira vista, as ondas parecem ter uma forma quadrada, repetindo-se repetidamente para formar um padrão de tabuleiro de xadrez na superfície do oceano. A visão é tão incomum que, a cada ano, moradores e turistas, muitas vezes migram para um antigo farol na costa para obter uma visão melhor de uma altura maior.
Para o que parece ser um comportamento extraterrestre ou uma força externa igualmente estranha, na realidade a ciência tem uma explicação lógica.
A Ilha de Ré está no cruzamento de dois mares, muitas vezes chamado de Mar da Cruz. Abaixo da superfície do oceano onde estão localizados, dois padrões climáticos diferentes podem produzir diferentes sistemas de ondas que viajam em ângulos opostos.
Quando esses padrões climáticos duram períodos de tempo mais longos, eles produzem essas formas quadradas extraordinariamente grandes que parecem estranhas para nós.
Embora seja bonito aos olhos, você tem que ter cuidado. Nadar dentro desta área é muito perigoso, devido à força das correntes de água.
Os banhistas costumam não conhecer esse fenômeno e acabam se arriscando nadando contra essas ondas. No entanto, essa prática pode ser muito perigosa, pois quando se tenta nadar contra a corrente, as ondas se tornam ainda mais bruscas fazendo com que a corrente te puxe ao contrário.


zipnoticias.net
05
Mai18

O AVIÃO DESENHADO PELOS NAZIS PARA GANHAR A GUERRA

António Garrochinho
Às vezes me arrependo por ter feito Exatas e não História. A primeira é (e deve muito) ser balizada em evidências empíricas verificáveis. Na segunda há um lacuna, a do tempo, que nos permite peregrinar e comprazer fatos que não pode mais ser verificados, tornando tudo mais apaixonante a atraente. Vejam o caso desta história que nos permite ver um filme de guerra sendo transmitido ao vivo por nosso cérebro: a história do primeiro avião a jato no formato de asa voadora.

Dizem que a ideia surgiu no final da SGM, quando os nazistas estavam em uma situação desesperadora que pedia medidas revolucionárias.
Tsc, tsc, tsc... não é uma nave de Star Wars, é o avião desenhado pelos nazistas para ganhar a guerra 01
Nesse propósito de soluções extremas para medidas extremas surgiu o projeto Horten Ho 229, uma arma letal que cruzaria o céu sem ser detectado, o primeiro avião a jato em forma de asa do mundo.
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Obra dos irmãos Major da Luftwaffe Walter Horten e seu Reimar, em 1944, ambos estavam já a dois anos desenvolvendo a ideia de uma novo caça de asas para Alemanha.
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Hermann Göring, chefe da Força Aérea Alemã, deu sua permissão oficial aos irmãos para construir e testar vários protótipos.
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O desenho do "asa voadora" eliminaria qualquer resistência desnecessária, e as superfícies, ao menos em teoria, proporcionaria o mínimo arrasto.
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Um avião que permitiria uma configuração com um desempenho similar a um planador com asas que são mais curtas -e por tanto resistentes-, e sem a necessidade de sofrer a resistência imposta pela fuselagem.
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O primeiro dos protótipos foi um planador pilotado com o qual obtiveram mais informações sobre o desenho e a construção das versões propulsionadas que viriam a seguir.

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O segundo provou ter excelentes características aerodinâmicas durante um primeiro vôo de teste, mas no segundo o motor de estibordo falhou e, depois de duas horas de vôo, na tentativa do pouso, a aeronave tocou o solo, deslizou e tombou, matando ao piloto.
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Os protótipos de número quatro, cinco e seis estavam sendo desenvolvidos quando terminou a guerra.
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Seja como for, o Horten Ho 229 foi um dos aviões de combate mais incomuns testados durante a Segunda Guerra Mundial.
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Finalmente não foi a "arma milagrosa" que buscavam os irmãos Horten, mas marcou a introdução a um conceito notável: a distribuição de elevação em forma de sino, um desenho que ainda está sendo estudado e testado exaustivamente por pesquisadores aeronáuticos.
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De fato, e, como parece muito estranho, o avião ficou confinado durante muito tempo na mitologia. Após a guerra, Reimar afirmou que tinham tratado o exterior do avião com carvão para torná-lo invisível ao radar. Não parece que tenha sido assim: a equipe de pesquisa do Smithsonian não encontrou nenhuma evidência disso.
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Pouco depois da guerra, os militares americanos recuperaram a seção central de Horten Ho 229 V3 (dois motores a jato, cabine, trem de aterrissagem e outras partes) dentro de um edifício de manutenção de estradas na Alemanha. Seus painéis de asa foram encontrados em uma localização diferente.
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Essas duas últimas imagens são ilustrações de como veríamos este avião nos céus. Atualmente, o Smithsonian National Air and Space Museum expõe a única fuselagem sobrevivente do Ho 229, o V3. Uma preciosidade.
Tsc, tsc, tsc... não é uma nave de Star Wars, é o avião desenhado pelos nazistas para ganhar a guerra 14
Fonte: Air Space.

www.mdig.com.br
05
Mai18

A Bandeira - João Pedro Mésseder

António Garrochinho


A Bandeira  
Às crianças e jovens palestinos detidos nas prisões de Israel
 e à memória dos que morreram na Grande Marcha do Retorno

Desses cinco que ficaram
foram depenar um pato:
deu o tranglomango neles,
não ficaram senão quatro.
Popular

– Vinham as cinco meninas
caminhando pela estrada,
chegou tiro do outro lado,
das cinco ficaram quatro.
– E das quatro que ficaram?
– Começaram a correr,
veio um tiro do outro lado,
das quatro ficaram três.
– E dessas três que ficaram?
– Oh como corriam todas!
Veio um tiro do outro lado,
das três ficaram só duas.
– E das duas que ficaram?
– Uma caiu.  – Tropeçou?
– Não, que um tiro do outro lado
num segundo a derrubou.
– E a menina que ficou?
– Viu ao longe atiradores,
era tropa bem armada:
atrás de um pneu se escondeu.
Encontrou uma bandeira
da Palestina no chão.
Não perdeu tempo a menina,
tomou-a logo nas mãos.
Levou-a consigo, era perto,
hasteou-a na colina:
negra e branca, verde e rubra,
a bandeira palestina.

Abril, 2018

05
Mai18

Os enigmas da Coreia - José Goulão

António Garrochinho

A concretização das intenções manifestadas na Declaração de Panmunjom, implica a independência da Península da Coreia, a desnuclearização do território e a retirada das forças militares estrangeiras.
Coreano-americanos manifestaram-se em diversas cidades americanas contra as ameaças dos EUA e pela paz na Coreia, por ocasião do 72.º aniversário da libertação do jugo colonial japonês, em 14 de Agosto de 2017.
Coreano-americanos manifestaram-se em diversas cidades americanas contra as ameaças dos EUA e pela paz na Coreia, por ocasião do 72.º aniversário da libertação do jugo colonial japonês, em 14 de Agosto de 2017. 

O comunicado conjunto assinado em 27 de Abril último pelos presidentes da Coreia do Sul e da Coreia do Norte ainda está fresco mas, como é inevitável para que se cumpram as normas mistificadoras inerentes às mensagens com imprimatur, iniciaram-se as operações interpretativas do texto de modo a que, no limite, ele diga o que não diz e vice-versa.
A deterioração do conteúdo do documento, porém, não é da responsabilidade exclusiva dos agentes de propaganda; estes reflectem, em grande parte, a teia de manobras diplomáticas «correctivas» imediatamente suscitadas pelo texto, onde se misturam imposições, falsificações, oportunismo e má-fé, instrumentos fundamentais para quem gere as coisas do mundo de hoje.

Os coreanos anseiam pela Paz – a Norte ou a Sul do Paralelo 38

A declaração dos dois presidentes e a correspondente aproximação bilateral – a mais significativa em 65 anos de estado de guerra – assenta em bases genuínas, porque traduz os anseios pacifistas e unificadores da esmagadora maioria dos 80 milhões de coreanos. A Coreia é uma nação única no território da península e a divisão em dois Estados, ao contrário do que tanto se diz e escreve, revelando deplorável ignorância, não é um simples produto da guerra fria mas também o resultado de um conflito sangrento – aliás a primeira situação em que as Nações Unidas cobriram com a sua bandeira uma operação militar norte-americana, então para aplicação da «doutrina Truman» – em «defesa dos povos livres do mundo». Truman foi, aliás, um presidente tão recomendável como o que está na Casa Branca, como se percebe relendo algumas das suas frases lapidares: «Deus está do lado da América no que diz respeito às armas nucleares»; por isso, «agradecemos a Deus o facto de as armas nucleares serem nossas e não dos nossos inimigos»; com elas, «Deus pode guiar-nos nos seus caminhos e objectivos».
É fundamental recordar que a agressão internacional contra a Coreia provocou a morte de 30 por cento da população do norte da península, um massacre para o qual a chamada comunidade internacional jamais encarou a possibilidade de estabelecer reparações ou punir «os crimes de guerra». Lembrar essa realidade é uma circunstância que ajuda a perceber melhor, e agora mais do que nunca, as reacções obscurantistas e intriguistas ao objectivo de «desarmamento faseado» da península, «ao ritmo do alívio das tensões militares e dos progressos substanciais das medidas de confiança», definido pelos dois presidentes na cimeira de 27 de Abril. E também permite entender o indisfarçado mal-estar em Washington perante formulações como a construção de «um futuro de prosperidade mútua e unificação, conduzido pelos coreanos».
«a agressão internacional contra a Coreia provocou a morte de 30 por cento da população do norte da península»
As reacções gerais à cimeira entre Kim Jong-un e Moon Jae-in que actualmente se vão sedimentando, depois de ultrapassado o período em que se desgastou um pouco mais o estafado adjectivo «histórico», confirmam que os presidentes das Coreias do Norte e do Sul foram mais longe do que se esperava. Quando as atenções estavam concentradas, principalmente, numa cimeira entre o dirigente da Coreia do Norte e o presidente dos Estados Unidos, prevista para Junho mas ainda de realização duvidosa, eis que a iniciativa intercoreana subverteu a agenda diplomática e mediática, e logo por razões que não deixam dúvidas quanto à intencionalidade dos responsáveis.
A origem de toda a movimentação que veio atenuar um risco de confrontação prolongado durante meses foi o anúncio, pela Coreia do Norte, de que está disposta a suspender os ensaios com armas nucleares como ponto de partida para o restabelecimento de negociações sobre a paz na Península.
A importância da proposta tornou-se ainda mais relevante depois da reunião de Março entre Kim Jong-un e o presidente da China, Xi Jinping, cuja realização só foi tornada pública depois de ter sido concluída com êxito para ambas as partes, e na qual Pequim terá manifestado consonância com o pensamento estratégico do dirigente norte-coreano.
Se o movimento de aproximação de Kim Jong-un  colocou na ordem do dia a possibilidade de um encontro com Trump – depois de ambos se terem confrontado num prolongado, assustador e irresponsável duelo de ameaças – o regime de Seul respondeu de maneira ainda mais decidida e criou espaço para uma cimeira coreana. É inegável que houve desenvolvimentos paralelos e a velocidades diferentes.
Apesar de o acontecimento mais mediatizado ter sido o da visita a Pyongyang do então chefe da CIA e hoje secretário de Estado norte-americano, Michael Pompeo, tudo indica que o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in não cedeu toda a representatividade ao enviado de Washington e reservou para si alguma margem de manobra e canais de acesso directo a Kim Jong-un.

Os inimigos da paz na Coreia devem procurar-se fora da península

Os dois dirigentes coreanos criaram, deste modo, um espaço de diálogo nacional. E quando duas partes se entendem, não necessitam de mediadores; três passam a ser de mais, sobretudo quando o participante excedentário tutela um dos lados. O novo cenário, surgindo contra a ordem dominante na região, está a criar choques e fricções dentro da Administração Trump – em remodelação permanente – mas é visto com bons olhos por fiéis aliados de Washington, um dado que pode funcionar como reforço dos sintomas de isolamento norte-americano em relação a alguns focos internacionais. A interpretação da situação na Península da Coreia depois da iniciativa de Kim Jong-un foi mais um ponto entre os vários desacordos que se manifestaram durante as recentes visitas de Macron e Merckel a Washington.
Moon Jae-in não ignora que, devido à tutela militar de Washington sobre Seul, ele próprio pisa um terreno mais minado ainda que o do seu interlocutor do norte. Pelo modo como se envolveu nas negociações nacionais – «ansioso», segundo algumas análises – e, sobretudo, pelo conteúdo da declaração conjunta, deu passos que extravasam o espaço de autonomia que a tutela externa estipulou para um presidente do regime sul-coreano.
Ao longo de décadas, as sucessivas administrações norte-americanas têm encarado os fortuitos períodos de contactos entre o Norte e o Sul da Coreia como movimentos perfeitamente controlados pela envolvente externa, orientados segundo os objectivos estratégicos de Washington não apenas para a península, mas também para toda a Ásia e tendo em conta a relação de forças global. A estrutura de poder que gere efectivamente os Estados Unidos da América, chame-se «Estado profundo» ou «complexo militar e industrial», tem mantido, em relação à Coreia, uma política com duas variáveis estreitas: ou impedir a unificação; ou ditar os termos da unificação, designadamente de maneira a estender a presença militar para norte, em direcção às fronteiras com a China e com o território da Federação Russa.
A recente Declaração de Panmunjom define objectivos dos dois regimes coreanos que são incompatíveis com o status quo. «Paz, prosperidade e unificação» conduzidas «pelos coreanos»; o início de «uma nova era de paz»; a transformação do armistício vigente desde 1953 num «tratado de paz» e num «sólido e permanente regime de paz na Península da Coreia» são metas apenas alcançáveis num cenário sem qualquer tipo de ocupação militar estrangeira.
«[A Coreia do Sul tem] um regime onde os serviços secretos se designam KCIA e as forças armadas estão subordinadas ao comando operacional norte-americano»
É certo que, dias depois da cimeira, o regime sul-coreano emitiu um comunicado afirmando que a retirada das tropas norte-americanas – as únicas estrangeiras presentes na península – não está a ser encarada no âmbito deste processo.
Trata-se de um recuo aparente, uma espécie de abrigo contra os estilhaços da convulsão que a nova situação coreana está a provocar nos círculos de poder norte-americano. Porque, em termos práticos objectivos, não existe réstia de compatibilidade entre um tratado de paz e a manutenção de um contingente militar de ocupação, entre um «desarmamento faseado ao ritmo do alívio das tensões militares» e a continuação de um regime onde os serviços secretos se designam KCIA e as forças armadas estão subordinadas ao comando operacional norte-americano.
Em suma, a concretização das intenções manifestadas pelos presidentes da Coreia do Sul e da Coreia do Norte na Declaração de Panmunjom, designadamente a unificação, implica a independência da Península da Coreia, a desnuclearização de todo o território e a retirada das forças militares estrangeiras do país.

As «interpretações» ocidentais da Declaração de Panmunjom e a realidade

Na sua letra, a Declaração de Panmunjom manifesta uma intenção de ruptura assumida pelos dois presidentes. Contra a qual se erguem agora as teorias e análises impondo uma «releitura» do texto, algumas delas com tanta credibilidade, por exemplo, como as «provas» do recente ataque químico governamental sírio em Duma. É o caso da interpretação que explica como Kim Jong-un foi obrigado a suspender o programa nuclear porque a montanha que abriga o complexo militar e científico está a desabar; ou então a sua contrária, segundo a qual o presidente norte-coreano promete abdicar dos projectos militares nucleares enquanto continua a desenvolvê-los, e por isso não permitirá quaisquer inspecções internacionais. Um argumento falacioso para esconder a essência do que vai estar verdadeiramente em causa na cimeira entre o presidente norte-coreano e Donald Trump, caso se realize: o encerramento do programa nuclear de Pyongyang sob monitorização internacional em troca da retirada militar norte-americana do Sul da península. Este é o desafio lançado por Kim Jong-un, e cujas implicações Moon Jae-in, certamente, não ignora.
Uma proposta cuja recusa poderá deixar o presidente norte-americano isolado, até do próprio presidente da Coreia do Sul. O qual deve, desde já, precaver-se de quaisquer imprevistos, sendo o menos gravoso para a sua integridade física o pacífico, mas eficaz, golpe palaciano ao estilo paraguaio ou brasileiro.
Mas o que terá levado Donald Trump a aceitar o repto lançado pelo seu inimigo de estimação ao longo do primeiro ano de mandato?
Muito provavelmente porque tal lhe convém, uma vez que outro velho, mas renovado inimigo, entra em cena depois dos comprometedores fracassos dos justiceiros atlantistas na Síria: o Irão.

EUA: repousar na Coreia para atacar no Médio Oriente

Não apenas porque o Irão teve a ousadia de participar na resistência síria à agressão, ao lado da Rússia; também porque Teerão faz frente à reconfiguração do mapa do Médio Oriente, contribuindo para desmontar importantes mecanismos operacionais que a coligação entre Israel e a Arábia Saudita tenta impôr em toda a região, do Iémen ao próprio Irão, passando por Damasco e Beirute.
A agressão contra o Irão, uma obsessão com que Israel há muito tenta contaminar os aliados, e que partilha com o fundamentalismo saudita, estava prevista logo que a Síria se vergasse. Como isto não aconteceu, acumulam-se os indícios de que os dois países sejam agrupados num alvo comum, que provavelmente traduzirá numa catastrófica fuga para a frente. Daí as ameaças cada vez mais consistentes de Trump segundo as quais os Estados Unidos sairão do acordo com o Irão, reforçadas agora que Israel “descobriu”, certamente nos mágicos laboratórios do Mossad, as provas de que além dos tão falados projectos nucleares suspensos, Teerão ainda tem outros – mas esses ultra-secretos.
Na eventualidade de se registar uma maior concentração de esforços de guerra no Médio Oriente, até ao intrépido e omnipresente exército norte-americano convém que a frente da Coreia fique congelada por uns tempos, nem que seja alimentando conversações que darão em nada.
O pior, para as sempre periclitantes estratégias do Pentágono, é se os coreanos conseguirem trilhar em conjunto o caminho que tiveram a ousadia de abrir.

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05
Mai18

Está de regresso o Festival Internacional de Música Barroca de Faro

António Garrochinho





A catedral será o palco do primeiro concerto do festival (Foto D.R.)
A catedral será o palco do primeiro concerto do festival (Foto D.R.)

A edição de 2018 do Festival Internacional de Música Barroca de Faro (FIMBF) traz à capital algarvia alguns dos melhores músicos nacionais e internacionais, especializados em música antiga, com uma extensa carreira. Alemanha, Hungria, Suíça, Noruega, Islândia e Japão são os países representados neste evento que já conta com a quarta edição.
Este ano, o festival é dedicado aos compositores da Europa Central e do Norte e visa celebrar o 350º aniversário de um dos mais importantes compositores e pedagogos barrocos, François Couperin.
O evento, pioneiro em Portugal na divulgação de repertórios renascentistas e barrocos dentro dos lugares históricos da cidade de Faro, nasceu no ano de 2015 sob a direcção de Francisco Rosado. Após a sua saída em 2016, a flautista Filipa Oliveira, assumiu a direcção do festival, dando continuidade ao seu trabalho como programadora cultural e professora de flauta de bisel.

Músicos de todo o mundo marcam presença neste festival (Foto D.R.)
Músicos de todo o mundo marcam presença neste festival (Foto D.R.)


Nesta edição, o FIMBF inicia dia 4 de Maio, sexta-feira, às 19 horas, com um concerto na Sé Catedral, dedicado à música religiosa de François Couperin. Duas solistas vindas de Basileia, um dos principais centros de difusão da música antiga a nível mundial, Junko Takayama e Cristina Rosário, irão juntar-se ao aclamado organista português João Paulo Janeiro para tocar um programa dedicado a Couperin: Le Maître du Choeur à la Chapelle Royale, além do famoso e expressivo Troisième leçon de Ténèbres e a Messe dês Paroisses.
Já no sábado, dia 19 de Maio, pelas 18h, o mais antigo Consort de Flautas de bisel de Portugal, fundado por Rosado e composto por alunos do Conservatório Regional do Algarve, fará o programa Solo vs. Consort na Igreja Matriz de Estoi e contará com a já tradicional participação do Ensemble de Flautas de Loulé, entre outros músicos convidados.
O concerto seguinte será no dia 26 de Maio, às 19 horas, e será inteiramente dedicado a Johann Sebastian Bach, com um dos mais esperados programas de concerto do ano em Portugal. A Igreja do Carmo de Faro abre as suas portas ao agrupamento Harmonie Universelle, dirigido por Florian Deuter e Monica Waisman interpretará Die Kunst der Fugue BWV 1080.
O festival encerra com um concerto do Currentes Ensemble, no dia 2 de Junho, na Igreja de Santa Bárbara de Nexe, às 19h. O conjunto é constituído por músicos provenientes da Escandinávia, com elevada relevância dada a sua especialização em improvisação histórica. Jostein Gundersen – Flauta de bisel e direcção – e os seus músicos irão transportar-nos até ao mundo da improvisação barroca.
A excelência do programa do festival deste ano constitui uma importante oferta cultural não só na cidade de Faro, mas também na região do Algarve.
(Maria Simiris / Henrique Dias Freire)

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05
Mai18

O populismo do saco azul

António Garrochinho



(João Quadros, in Jornal de Negócios, 04/05/2018)
Como será que Manuel Pinho conseguiu sobreviver 19 meses só com o ordenado de ministro?! Coitado. (…) Com tanta massa distribuída por portas traseiras, estou convencido de que o verdadeiro Banco Bom era o saco azul do BES.

Alegadamente (a palavra mais usada em Portugal), Manuel Pinho, que iniciou funções de ministro da Economia em Março de 2005, a partir de Outubro do ano seguinte passou a acumular com as retribuições deste cargo público uma quantia mensal de 14.963,94 euros, paga pelo Grupo Espírito Santo (GES). Fantástico! A minha primeira questão é: como será que ele conseguiu sobreviver 19 meses só com o ordenado de ministro?! Coitado. Deve ter sido terrível ter de cortar nos lagostins ao pequeno-almoço. Com tanta massa distribuída por portas traseiras, estou convencido de que o verdadeiro Banco Bom era o saco azul do BES.
Houve um silêncio estranho, durante uns dias, após o conhecimento desta “alegadona” trafulhice. A classe política hesitou. Segundo se sabe, anda por aí um populismo perigoso e chocante e os partidos hesitaram. Por vezes, ficamos com a sensação de que foram os “populistas” que andaram a receber dinheiro do saco azul do BES.
Só quando o elefante no meio da sala começou a tocar o sino, e a pedir moedas com a tromba, é que os partidos reagiram. Reagiram? É capaz de ser exagero. Decidiram fazer uma comissão de inquérito. Eu, quando oiço falar em comissões de inquérito, saco logo da pistola.
Já todos assistimos a mais de trinta temporadas da série “Comissões de Inquérito na Assembleia da República”. Há demasiada tensão e, normalmente, as pessoas que vão ser inquiridas sofrem de súbitas perdas de memória. Outra característica é nunca terem conhecido determinada pessoa ou nunca terem ouvido falar naquele nome. Estamos sempre a dizer que o país é tão pequenino e, de uma forma ou de outra, todos se conhecem e esta gente, apesar de trabalhar na mesma área, e por vezes na mesma casa, nunca se conhece.
As comissões de inquérito são uma tortura, mas para nós, contribuintes. Percebemos como fomos enganados e que quem nos enganou se está nas tintas para isso. E que aquilo não vai dar em nada. Cá está! Não quero alarmar os senhores deputados, mas acho que não há nada que alimente mais o tal terrível populismo do que ver na TV as comissões de inquérito. Eu sei que vou ter um ataque de populismo quando vir o Pinho na comissão de inquérito. Ele já avisou que vai à comissão, mas não fala. Já estou a imaginar os gestos que vou fazer em casa, com os dedos, e os palavrões que vou dizer enquanto ele estiver com cara de pau em silêncio.
Alegadamente, ao quadrado, tivemos um ministro da Economia a soldo de grandes empresas. O que lhe pagávamos era a gorjeta. Em breve, teremos esse ministro a ser questionado numa comissão de inquérito por alguns deputados que trabalham para nós e para as Arrow Global deste mundo. Não sei se não deveríamos repensar isto tudo. Acho que vou tomar um duche frio porque me estou a sentir demasiado populista.

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05
Mai18

Desonra, Vergonha e Traição

António Garrochinho


(Valdemar Cruz, in Expresso Diário, 04/05/2018)



(O PS entrou na via do harakiri, suicídio por esventramento à japonesa. Costa, por tacticismo e/ou pusilanimidade, entregou Sócrates ao festim báquico que a Direita acolitada na comunicação social e nas magistraturas vai degustando. Parece que só ele é que ainda não percebeu que não é cabeça de Pinho, nem de Sócrates, que eles querem: é pura e simplesmente a dele. E com tanta cedência e falta de coragem para denunciar a manobra, acredito que vão tê-la mesmo. Confesso que esperava mais do homem.
Comentário da Estátua de Sal, 04/05/2018)


Gloriosos dias estes vividos com Shakespeare a inspirar o vocabulário político português. José Sócrates bate com a porta, escreve um artigo de opinião no JN, e entrega o cartão de militante do PS, António Costa fala no Canadá de “desonra para a democracia”, Carlos César ou João Galamba lançam palavras tão agudas como punhais e quem fala é MacbethCoriolano, ou Hamlet.
Ou, se não eles, o espetro do seu imaginário traduzido em vocábulos ou sentimentos tão pesados como traição, desonra, vergonha ou até vingança. Ontem, na SIC Notícias, Adolfo Mesquita Nunes, do CDS, perguntava o que se terá passado para de repente o PS ter mudado o discurso em relação a Sócrates. A resposta está aí e ainda não seria conhecida de Manuel Alegre quando dizia, citado pelo Público, que o PS “abriu a caixa de Pandora” ao trazer agora, de “uma forma avulsa”, o nome de José Sócrates para o debate político.
Os próximos tempos não serão exatamente os dos Glory Days cantados por Bruce Springsteen, com o PS a ter de agarrar pelos cornos uma discussão que tentou olhar apenas de esguelha. Serão mais de ajuste de contas e não deixarão de evocar “A Tempestade”, a última peça do bardo inglês, com as suas maquinações, conspirações, juras de amor e atos de oportunismo. Sócrates não suportou a viragem de agulha e esta “espécie de condenação sem julgamento”. Por isso, escreve, “é chegado o momento de pôr fim a este embaraço mútuo”. Logo se verá de quem é maior o embaraço.
E Manuel Pinho? Vai agora passar por entre os pingos da chuva, face ao estrondo do bater de porta de Sócrates? Não se ouve Manuel Pinho, mas escutam-se os clamores pelo seu silêncio face às acusações de se manter como assalariado do BES enquanto Ministro de Sócrates. E, então, tudo se cruza. Lê-se a carta de despedida do antigo Primeiro-ministro, acompanha-se a sua defesa da honra de Pinho e, salvaguardadas as distâncias, o discurso de Marco António na defesa de César.
Neste emaranhado de máscaras não podia faltar Macbeth com o seu imponderável cruzamento entre aparência e substância. Sendo que a aparência é resumir a indignação ao choque face às alegadas avenças e promessas de reformas milionárias de Ricardo Salgado a Pinho a partir dos 55 anos. Apesar de ser Ministro? Ou para ser Ministro, já que por ser Ministro – na verdadeira aceção da palavra – não seria?
A substância será perceber e tentar descodificar o contexto político em que sucedem estes casos. Então, Pinho poderá ser apenas uma peça de algo muito mais vasto, num ambiente de promiscuidade entre poder político e poder económico, com a utilização do Estado em benefício de interesses privados. E aí pode ser crucial o âmbito da Comissão de Inquérito já proposta pelo Bloco de Esquerda, para se perceber, ao longo dos anos, a dimensão do despautério e conhecer as múltiplas responsabilidades em toda a sua dimensão.
Se Macbeth, condicionado pela fraqueza da sua condição humana, navegava num destino cujo desfecho só poderia ser materializado em tragédia, os Pinhos desta vida não passam, afinal de personagens tolhidas pela fraqueza de quem naufraga num arrivismo de perniciosas ambições.
E aí está Shakespeare de novo, agora com o seu Soneto 129, na tradução da poeta Ana Luísa Amaral para a “Relógio d’Água”:
“Desperdiçar o espírito ao esbanjar a vergonha
É luxúria em ação; até lá, a luxúria
É perjura, culpada, assassina, cruel,
Excessiva, selvagem, desleal, traiçoeira…”

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05
Mai18

Povo saharauí - Carta de apoio e solidariedade: Greve de fome de Claude Mangin Asfari

António Garrochinho


Zwe Mandela e Claude Mangin
Apresentamos-lhe as saudações deste Ano da Celebração do Centenário de Nelson Mandela e afirmamos o nosso apoio continuado ao seu corajoso legado de solidariedade com os povos em dificuldade no mundo, onde quer que estejam e seja qual for a injustiça que estejam a enfrentar; nós nos posicionamos unidos na luta pela justiça, liberdade, dignidade humana e paz.
Apoiamos a luta justa do povo saharauí há décadas e continuaremos a fazê-lo e, por isso, instamos o Governo francês e as autoridades marroquinas a garantir que os direitos humanos básicos de Claude Mangin Asfari e do seu marido Naama Asfari sejam defendidos e respeitados.
A continuação da supressão dos direitos do povo saharauí em violação do direito internacional, e a negação do seu direito à autodeterminação é um crime moral que é tão desprezível quanto insustentável. Notamos com preocupação a violação dos direitos humanos básicos de Claude Mangin Asfari e a negação dos seus direitos a uma vida privada e familiar de acordo com o Direito Internacional Humanitário.
O repetido impedimento de acesso ao território marroquino desde dezembro de 2016, sem receber qualquer razão particular, impede-a de visitar o seu marido em reclusão. Isto não é apenas inaceitável, é também injusto e uma grave violação dos seus direitos.
Enviamos as nossas saudações à viúva e nossa heroína, Anissa Boumedienne, viúva do falecido presidente argelino Houari Bournedienne e de todo o coletivo de líderes da Argélia sob o comando do presidente Abdulaziz Boutefleka, por seu contínuo e heróico apoio à luta pela autodeterminação dos direitos humanos. ao povo do Sahara Ocidental, da mesma forma que nos apoiaram, em todos os momentos, contra o estado brutal do apartheid.
Pedimos ao Presidente da República Francesa e ao seu governo que envidem todos os esforços para garantir que as autoridades marroquinas respeitem o direito internacional humanitário e permitam que Claude Mangin Asfari visite o seu marido Naama Asfari.
Apoiamos plenamente e endossamos as ações corajosas de Claude e sua greve de fome por tempo indeterminado para obter a restauração de seu direito de visitar seu marido Naama, atualmente mantido na prisão de Kenitra, em Marrocos. Este ato de auto-sacrifício da Sra. Claude, na medida em que é um ato de coragem e bravura, é também um ato de desespero para garantir que sua causa não sofra anonimato e silêncio diante de extrema supressão e provocação.
Peço a todos os ativistas pacíficos em todo o mundo para mostrar seu apoio à greve de fome de Claude, bem como exigir a libertação imediata de Naama Asfari e todos os presos políticos do Sahara Ocidental que definham nas Prisões marroquinas.
Repito mais uma vez o apelo que publiquei na minha carta aberta ao rei do Marrocos, SAR, o rei Mohamed VI, no início deste ano e exorto o Reino de Marrocos a cumprir imediatamente o referendo da ONU sobre autodeterminação (Resolução 15/14) e reiterar o parecer final do CAT, emitido em 12 de dezembro de 2016, reconhecendo “a violação pelo Estado marroquino de vários artigos da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes no caso de Nagma Asfari e também que Marrocos “se abstenha de qualquer acto de pressão, intimidação ou represálias que possa prejudicar a integridade física e moral do queixoso e da sua família”.
Dizemos à senhora Claude Mangle Asfari que nos identificamos com sua causa e sentimos a sua dor. Nós estamos ao seu lado enquanto persegue a sua greve de fome. Sabemos o que é sentir negados os nossos direitos básicos, sermos privados de visitar a família como o meu avô teve de suportar durante o seu encarceramento de 27 anos.
Há poucos dias, a África do Sul celebrava o Dia da Liberdade no dia 27 de abril. Fomos recordados de que houve um tempo em nosso passado recente, quando ativistas como Claude também entraram em greve de fome para exigir a libertação de nosso herói e ícone global, Nelson Rolihlahla Mandela, para exigir nossos direitos humanos fundamentais e para exigir o fim do conflito. brutalidade e opressão do estado do apartheid.
Hoje, é você quem está a fazer esse bravo apelo e assumindo essa atitude corajosa diante da brutalidade marroquina. Nunca estará sozinha.
Saudamos e apoiamos a sua greve de fome e a sua justa luta. Continuaremos a apoiá-la até que todos os presos políticos sejam libertados e todo o povo do Sahara Ocidental possa exercer o seu direito à autodeterminação.
Aluta continua – a luta continua! O legado continua e o sonho nunca morrerá!
Atenciosamente,
Hon. Chefe Zwe ivelile Mandela,
MP Parlamento da África do Sul
Cape Town Província do Cabo Ocidental África do Sul
05
Mai18

Ai flores, ai flores do rosa Pinho, ai Costa, e u é?

António Garrochinho


“Todos os Estados existentes são corruptos” – Ralph Waldo Emerson
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O PS é um partido de poder. De mão dada com o PSD, assim tem sido em Portugal desde o 25 de Abril. Mas o que significa ser um partido de poder? Significa que toma decisões relativas ao funcionamento do Estado, quer ao nível administrativo, legislativo, político, e económico, mas que tais decisões nunca são neutras. Existem pessoas que delas irão beneficiar, existirão outras que delas sofrerão o impacto, outras que, no final, não serão em nada afectadas. E se o poder for um poder legítimo, isto é, um poder conseguido através das regras institucionalizadas e aceites pela comunidade para o alcançar – no caso o sistema eleitoral vigente -, tais decisões passam a ser também elas legítimas, independentemente da bondade dos seus efeitos no bem-estar colectivo dos cidadãos.
O problema dos partidos de poder é que, no fim da linha, os partidos não existem enquanto ser pensante. O que existe, em cada momento, é um conjunto de dirigentes partidários a quem são acometidas determinadas funções e âmbito de decisão no aparelho do Estado, sendo eles que, em nome da legitimidade que ao partido foi conferida, vão subscrever e implementar um conjunto de opções, certas ou erradas, pouco importa, mas nunca neutras do ponto de vista de quem vai ganhar ou perder com elas.
Nesse contexto, existe sempre o risco de o poder, entregue eleitoralmente ao partido, resvalar para um exercício de poder pessoal do decisor político, por maior escrutínio interno que exista sobre os actos deste último. Este é um problema de todas as organizações sociais constituídas por seres humanos e é nesse problema que se insere sempre a temática da corrupção, já que, lembrando John Dalberg-Acton“O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus”.
Vem esta introdução a propósito do actual quadro político-mediático, onde os casos de Manuel Pinho e de José Sócrates tem tido clamorosa repercussão, e das piedosas tentativas dos partidos de poder branquearem a realidade do que acima expressei: não há inocentes, todos tem pedras no sapato, pois se as não tivessem não seriam partidos de poder. Aliás, a sucessão de casosque foram ocorrendo desde o 25 de Abril, é transversal a todos os partidos do chamado arco da governação, (PS, PSD, CDS), ou seja, todos aqueles partidos que exerceram o poder em Portugal desde essa altura.
A forma de mistificar o problema, e iludir o cidadão comum, é tentar fazer passar a ideia de que, a haver corrupção, ela não é uma inerência genética às instituições humanas, logo também às partidárias, e à forma de organização sócio-económica onde estas se inserem (leia-se capitalismo), mas sim a uma degenerescência individual do político cujo caso se analisa e discute: Sócrates é mau, o PS é puro; Miguel Macedo é venal, o PSD é níveo; Paulo Portas é oblíquo, o CDS é imaculado. Nada mais falso, mas é esta mensagem que os partidos de poder em todas as épocas tem propalado sempre que um qualquer caso aporta à comunicação social e/ou à Justiça. Até aqui, portanto, nada de novo.
Onde está, então, a novidade que se tem vindo a consubstanciar, de alguns anos a esta parte, e que os casos mais recentes evidenciam? Está no facto de os partidos terem passado a usar os casos como arma de combate na luta política, quando em épocas anteriores se abstinham de o fazer por todos eles terem telhados de vidro, podendo as munições disparadas fazer ricochete, rebentando nos seus próprios pés. A utilização dos casos passou a ser tanto mais utilizada quanto maior é o domínio que um dos lados da contenda tem sobre a comunicação social e sobre o aparelho de Justiça, pois é aí, nesse terreno, que a luta política suja passou a realizar-se. Ora, quer a comunicação social, quer a Justiça, enquanto instituições humanas que são, não deixam de ser também elas corruptíveis e venais, de acordo com as ideias que expressámos acima.
É, pois, esse o cenário de fundo do que se está a passar actualmente em Portugal. Uma Justiça povoada por personagens cinzentos ao serviço dos partidos de direita do espectro político, uma comunicação social falida povoada por jornalistas manipuladores que tenta sobreviver à custa das oportunas encenações pícaras que tenta passar como verdades, ao serviço de quem lhe possa fazer chegar uma misericordiosa bóia de salvação.
E seria sobre esse cenário que o partido que está debaixo de fogo, o PS, se deveria pronunciar e denunciar, mormente pela boca do seu secretário-geral e Primeiro-Ministro. É legítimo transmitir interrogatórios judiciais nas televisões? Costa nada tem a dizer? É legítimo as peças processuais circularem na comunicação social, e que o segredo de justiça nada valha, nunca ninguém sendo responsabilizado e punido? Costa nada tem a dizer? Como pode António Costa afirmar que “confia na nossa Justiça” e na sua independência, quando o seu governo, e ele próprio, estão a ser assados em lume brando, até que surja a altura oportuna de lhes ser dada a estocada final? Como não ver o absurdo de Pinho ser constituído arguido sem nunca ter sido ouvido nem chamado a depôr?! Como se poderá provar a alegada corrupção de Sócrates e de Pinho se vão ser julgados por uma Justiça que age desta forma? Se o árbitro está “comprado” como pode o resultado do derby ser limpo?
Tem-se ouvido falar muito, nos últimos dias, na promiscuidade entre o poder político e o poder económico. Mas, e a promiscuidade entre a Justiça e a comunicação social, não são merecedoras de parangonas? Costa poderia e deveria ter respondido à primeira com a segunda. Em vez disso, decidiu dar carta branca aos seus ventríloquos – César, Galamba e companhia -, para que imolassem Sócrates no festim báquico com a Direita se está a empaturrar, o que revela a inesperada existência de um PS enfraquecido e de um general em perda, tendo em conta os bons resultados da vertente económica e das sondagens em alta.
O que nos leva a perguntar, o que receia António Costa? Que bomba  espera ele que a Direita tenha ainda debaixo do tapete para fazer rebentar na altura mais conveniente? É que os partidos, como qualquer organização humana, quando o espírito de grupo se quebra, vão desaguar, mais tarde ou mais cedo, na senda da inoperância e da desagregação.
Sacrificar à turba a cabeça de alguém que alcandorou o PS à única maioria absoluta da sua história, com base num julgamento apenas mediático em que a Justiça até ao momento, objectivamente, nada provou, é considerar Sócrates e o seu governo uma excrescência que é necessário extirpar do passado-recente socialista, desviando a vitalidade da organização para um debate que se supunha encerrado e que até aqui tinha sido conduzido com mestria.
José Sócrates, em quem nunca votei – declaração de interesses para que não me interpretem mal -, não merecia essa imolação, sobretudo tendo em conta a bandalheira com que a Justiça o tem tratado durante os últimos anos, e isto independentemente da sua culpabilidade ou inocência.  É por isso mais que compreensível a sua reacção, desvinculando-se do PS.
Até ao momento, Sócrates não tinha tido a solidariedade do aparelho socialista – que por receio de contaminação foi deixando os agentes da Justiça em roda livre na prossecução da sua agenda atrabiliária -, mas também nenhuma condenação populista dos seus actos tinha sido avançada pelos dirigentes socialistas de topo.  Terá sido só o caso de Pinho que alterou tudo, ou foi apenas uma oportunidade de ouro que o PS aproveitou para separar as águas?
Diz o provérbio que a melhor defesa é o ataque, mas o PS, apostou numa defesa, aparentemente desnecessária e precipitada. Curiosamente, eventos deste tipo sucedem sempre nas vésperas dos congressos do PS, tal como sucedeu em Novembro de 2014, aquando da detenção de Sócrates no Aeroporto de Lisboa. São coincidências, dirão os menos dados a teorias da conspiração. Não são coincidências, digo eu.
Como já escrevi, parece que só António Costa é que ainda não percebeu que não é cabeça de Pinho, nem a de Sócrates, que a direita quer: é pura e simplesmente a dele e o poder que o PS detém com o apoio do BE e do PCP. E por isso, transformar um congresso de aclamação e vitórias num congresso de penitência e culpas, solapa – e de que forma -, a dinâmica socialista.
Meu caro António Costa, o congresso pode não estar estragado mas já não será nunca aquilo que poderia ser, uma celebração dos sucessos da Geringonça e uma alavanca para as eleições de 2019. A Direita conseguiu o que queria. Desta vez, não vai haver SMS aos militantes que te salve, e ajude a encenar que nada se passou.


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