Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

25
Mai18

ESTA TARDE TINHA PUBLICADO O VÍDEO NO MEU PERFIL E AGORA JÁ NÃO ESTÁ DISPONÍVEL - AGORA A NOTÍCIA ! VÍDEO COM INÚMERAS FIGURAS PUBLICAS DE APOIO À EUTANÁSIA FOI CENSURADO PELO FACEBOOK

António Garrochinho

Joana Seixas é uma das figuras públicas que entra no vídeo bloqueado pelo Facebook


Rede social suspendeu a página para avaliação. Coordenador acredita que se tratou de um "bloqueio organizado"
A página de Facebook do Movimento Cívico pela Despenalização da Morte Assistida foi encerrada. Bruno Maia, da direção do Movimento Cívico Para a Despenalização da Morte Assistida, explica ao DN que a página "está suspensa para avaliação". O que indicia que várias pessoas a denunciaram ao Facebook.

"Acreditamos que se tratou de um bloqueio organizado porque o Facebook só suspende páginas quando há um número elevado de queixas", refere o médico e ativista. Na página estava um vídeo, onde figuras públicas apelam à despenalização da morte assistida. "Já tinha meio milhão de visualizações no Facebook que agora foram perdidas", aponta.

VÍDEO ESTÁ INDISPONÍVEL (já recuperei o vídeo através de um amigo)






Para contornar de imediato a questão, o movimento partilhou o vídeo no YouTube. E está junto do Facebook a tentar que a página seja recuperada. "Queremos a mesma página, se não for possível desbloqueá-la ainda hoje [esta sexta-feira] iremos apresentar queixa formal junto do Facebook a pedir esclarecimentos."



www.dn.pt
25
Mai18

AS CASAS QUE RESISTEM ÀS CATÁSTROFES

António Garrochinho









Sem eletricidade, ligação à rede de abastecimento de águas, mas com o conforto de uma construção convencional e a grande vantagem de não acumularem contas no fim do mês. Projetadas pela Earthship, começaram por ser pensadas para zonas desertas, mas as vantagens económicas e ambientais fizeram com que rapidamente se adaptasse o conceito a meios urbanos, e há cada vez mais exemplos nas cidades. Os benefícios estendem-se ainda ao custo - em média, menos 30% do que as convencionais e à rapidez na construção: entre cinco a oito meses para modelos tipo T2 ou T3.
Não têm eletricidade. Não têm ligação à rede de abastecimento de águas. E também não são servidas pela rede de saneamento público. São casas autónomas, construídas com material reciclado, que funcionam sozinhas. E não só no meio do deserto, mas também e cada vez mais nas cidades, com algumas adaptações, sobretudo pelo cuidado com as águas residuais. Há até algumas utilizadas para alojamento local. Nas Earthship, faz-se produção biológica de alimentos e não existem despesas ao final do mês. Além disso, estas casas são à prova de sismo e de tsunami. Por isso, salvam vidas.
O conceito Earthship, que começou a ser pensado na década de 70 do século passado pelo arquiteto norte--americano Michael Reynolds, baseia-se essencialmente em dois objetivos: garantir a autonomia e a sustentabilidade das casas e assegurar a segurança dos seus habitantes. Por cá, a Earthship Biotecture Portugal é a associação que dá formação sobre o conceito, que cada vez é mais procurado. E, ao contrário do que acontece no estrangeiro, em Portugal são os mais jovens que querem experimentar uma estadia desligada das redes.
Tudo começou em 2013, quando Mário Roriz foi convidado pelo arquiteto Reynolds para participar numa formação no Novo México, nos Estados Unidos.
Durante quatro meses, o engenheiro civil, habituado a trabalhar "nas construções convencionais", teve a oportunidade "de ver de perto como funciona" uma casa que é feita com pneus, garrafas de vidro e copos de plástico e que "funciona na perfeição" estando completamente desligada da rede pública. De tal forma que, garante, "se pousarmos uma habitação Earthship no meio do deserto, ela funciona sozinha". Mas não se pense que existem apenas em meios rurais. Porque, cada vez mais, estas construções estão presentes nas cidades.
Mário Roriz começa por explicar que "a base do conceito Earthship é que a casa seja sustentável apenas com energia solar e eólica, mas, dependendo das necessidades dos utilizadores, pode fazer-se, também, uma ligação à rede elétrica". Tudo depende "do número de equipamentos que irão ser utilizados", esclarece. Contudo, se a luz solar e a energia eólica forem suficientes para alimentar a casa, esta "funciona com aquecimento e arrefecimento passivo", o que significa que, sem recorrer a qualquer aparelho de climatização, é assegurado o conforto térmico. Nas cidades, há uma característica deste tipo de construções que tem muitas vezes de ser adaptada.

O engenheiro, que lembra que "mesmo nas casas convencionais, os painéis solares para aquecimento de águas já são obrigatórios", assegura que "o ponto mais sensível" nas construções em meios urbanos diz respeito ao "tratamento das águas residuais". A explicação é simples: "Os nossos resíduos não podem incomodar as pessoas que vivem à nossa volta". Por isso, o facto de os resíduos serem depositados numa fossa exterior pode, num meio mais urbano, "ser um problema". Mas tem solução. Porque, mediante a legislação de cada local, são feitas algumas adaptações.
Numa Earthship, a água do banho é encaminhada para "um sistema de células de tratamento", que fica na "zona verde da casa", onde além de ser feita a produção biológica de alimentos é filtrada a água. "Passa pelo circuito, de célula em célula, e vai para o reservatório da sanita. Depois, a água é encaminhada para uma fossa no exterior", explica, reiterando que "esse é o ponto em que, em Portugal, a legislação é mais apertada". Principalmente se houver, a poucos metros da casa, ligação à rede de saneamento pública. Nesse caso, dependendo do diálogo estabelecido com a Autarquia, pode mesmo ter de ser feita uma ligação à rede pública.
Em Portugal e no Mundo, a Earthship está envolvida em projetos muito diferentes. Desde projetos de alojamento local, a alojamentos de natureza e catástrofe, em que os edifícios são à prova de sismo e de tsunami. "São casas enterradas dos dois lados, para não haver qualquer barreira física", conta Mário Roriz, adiantando que "em caso de tsunami, por exemplo, a água não derruba a casa". E os pneus "fazem com que a estrutura se torne menos rígida". Por isso, "as paredes da casa até podem abanar, mas não há derrocada", completa. Esta é, aliás, uma afirmação que o engenheiro já pôde comprovar.
"Em 2014, uma casa que construímos nas Filipinas foi posta à prova", revela, completando que "houve um tsunami, que fez o edifício abanar". Contudo, não houve derrocada. Nem perda de vidas. "Como a casa é articulada e feita para mexer, não há problemas", observa.
A capacidade de salvar vidas é, provavelmente, uma das maiores vantagens destas construções, mas não é a única. As casas Earthship custam, em média, menos 30% do que as convencionais. E a construção dos edifícios também é mais rápida. "Entre cinco e oito meses" é quanto demora a construção de um T2/T3", que é a construção-base", conclui o engenheiro.
Um projeto de alojamento local feito com o conceito Earthship juntou, na Ilha de Kanawa, na Indonésia, 52 pessoas, que uniram esforços para construir 46 habitações. A convite do Governo da Indonésia, a Earthship deslocou-se, em 2016, àquela ilha, para desenvolver um projeto que juntou, desde o início, formadores e nativos. O primeiro passo foi recolher a enorme quantidade de lixo que se encontrava espalhada pela ilha que, em dois dias, ficou limpa. Depois da recolha dos resíduos, foram selecionados os materiais para a construção das casas. Atualmente, apenas duas estão concluídas. O projeto ainda decorre.
Fica em Taos, cidade do Novo México, nos Estados Unidos, e é um resort que oferece uma experiência de alojamento, no mínimo, diferente. O "Phoenix Earthship" é um espaço requintado que conta com uma estufa de selva, que cria na casa um microclima. Equipado com todas as comodidades, o resort tem, no interior, espaços acolhedores e tranquilos, onde ficam alojadas, durante todo o ano, pessoas de todo o Mundo. Tal como nas casas, no "Phoenix Earthship" há uma zona dedicada à produção de alimentos biológicos. E tudo é movido a energia solar. Contudo, desde televisão ao wi-fi, não faltam as comodidades.
O primeiro projeto Earthship a ser construído em Inglaterra foi um centro comunitário, na cidade de Brighton, na costa sul do país. O objetivo era construir um espaço sustentável que inspirasse a comunidade local a mudar os seus comportamentos, que não eram os mais ecológicos. Durante o projeto, os locais ajudaram na construção do "Earthship Brighton" e receberam formação sobre hábitos de vida sustentáveis. O edifício, destinado a atividades educacionais, é muitas vezes utilizado pela Brighton Permaculture Trust, uma associação que promove um estilo de vida mais sustentável.
Em novembro de 2013, o tufão Haiyan, nas Filipinas, causou uma enorme devastação. No ano seguinte, a Earthship foi para a ilha de Tacloban para levar a cabo o projeto "Windship", em que as casas, enterradas dos dois lados, são à prova de sismo e de tsunami. Neste tipo de construções, não há barreiras. Por isso, no caso de um tsunami, a água contorna o edifício. O que significa que dificilmente ocorre uma derrocada e, por consequência, a perda de vidas é igualmente minimizada. Estas são as vantagens dos edifícios articulados, construídos com materiais de borracha, como é o caso dos pneus.

www.jn.pt
25
Mai18

PARA OS DROMEDÁRIOS OS ESPINHOS NÃO SÃO PROBLEMA (VÍDEO)

António Garrochinho


O humano por trás do canal do Youtube Camels and Friends, que tem o costume de resgatar lobos, martas, cães baladi do Egito, maras e carneiros da Patagônia, compartilhou um vídeo incrível, se não um pouco desconfortável, de seus dromedários Baby e Nessie, enquanto comiam um cacto de opúncia (figo-do-diabo) com espinhos enormes em seu exterior. Os camelos gostaram muito da doce suculenta e se você está se perguntando "como?", é que eles podem comer qualquer coisa que encontrem no deserto, pois tem um grosso revestimento interior de sua boca, que impede a penetração dos espinhos.

VÍDEO

www.mdig.com.br
25
Mai18

Confissões de um carrasco

António Garrochinho


Por quase meio século, ex-capitão nazista Erich Priebke tinha vivido tranquilo, com seu verdadeiro nome, em Bariloche, renomeado centro turístico de montanha no sul da Argentina

Opera Mundi republica neste domingo (04/02) um texto do segundo número da revista Atenção!, que circulou nos meses de dezembro de 1995 e janeiro de 1996. Neste texto, o então editor-chefe do veículo, Giancarlo Summa, entrevista Erich Priebke, ex-oficial nazista (então com 82 anos) acusado de participar do massacre de 335 pessoas em Roma, em 1944. O ex-oficial vivia na Argentina e estava, então, prestes a ser extraditado para a Itália. Priebke morreu em 2013, aos 100 anos, cumprindo prisão domiciliar em Roma.
A revista Atenção! teve 13 números e seu diretor de redação era o fundador de Opera Mundi, Breno Altman. Entre os colaboradores e colunistas da revista, estavam Gilberto Maringoni, Eduardo Galeano, Simone Biehler Mateos, Manuel Vázquez Montalbán, Plínio de Arruda Sampaio, Rosane Pavam, Aimar Labaki e outros.

Roma, 23 de março de 1944. Na cidade ocupada pelas tropas alemãs, um comando de partisans prepara um atentado. Em via Rasella, uma pequena rua do centro, explode um cesto de lixo recheado com 12 quilos de dinamite, matando 33 soldados do batalhão Bozen. De Berlim, Hitler ordena uma represália feroz: por cada soldado morto, dez italianos têm que ser fuzilados. O comandante da SS – as tropas de elite nazistas -, coronel Herbert Kappler, é encarregado de preparar o massacre. Seu braço direito é o capitão Erich Priebke, oficial conhecido pela sua eficiência e seus sucessos galantes com as jovens atrizes romanas. Os nomes dos condenados são escolhidos entre os prisioneiros das SS e da casa de detenção pública de Regina Coeli. São, no total, 335 pessoas, cinco a mais do que Hitler tinha pedido. Destas, 75 são judeus, quatro adolescentes, muitos anciãos. A chacina começa às 15h30 do 24 de março. As vítimas são conduzidas às Fossas Ardeatinas, um complexo de minas abandonadas , e mortas com uma bala na nuca. Priebke confere os nomes das vítimas na lista preparada pelo comando. O capitão Kurt Shitz comanda as execuções: “Preparar, apontar, fogo!” A certa altura, o próprio Priebke mata um prisioneiro com um tiro à queima-roupa. Depois, vai embebedar-se junto com os outros oficiais.

Buenos Aires, 3 de novembro de 1995. Depois de uma batalha legal de 18 meses, a Corte Suprema argentina aceita o pedido de extradição de Priebke, formulado pelo governo italiano. Por quase meio século, o ex-capitão nazista tinha vivido tranquilo, com seu verdadeiro nome, em Bariloche, renomeado centro turístico de montanha no sul do país. Onde, em sua confortável casa, concedeu esta entrevista exclusiva a Atenção! na véspera da extradição.

Atenção!:  O senhor sabe que a Itália quer processá-lo pelo massacre das Fossas Ardeatinas?
Erich Priebke: Sim, conheço a acusação.

Atenção!: O que foi que o senhor fez exatamente naquele 24 de março de 1944?
Erich Priebke: Temos que começar pelo dia anterior naturalmente, pelo atentado da Rua Rasella. Eu era o oficial de ligação no escritório de Kappler, quando ainda estávamos na embaixada alemã em Roma. Depois do setembro de 1943, quando a Itália assinou o armistício com os aliados e se formou o Comando de Roma, Kappler confiou-me o cargo de oficial de ligação. Isso significa que eu não pertencia a nenhuma divisão, estava diretamente sob suas ordens. Tinha meu próprio escritório, não precisava de tradutor porque falava bem o italiano, e permanecia com meu cargo anterior: ligação com instituições e autoridades italianas, particularmente com o Ministério do Interior. Quando o comando começou a efetuar as primeiras prisões – tínhamos uma pequena cadeia, na Rua Tasso – o Vaticano se interessou pelos presos, e enviou um intermediário. Era o superior da ordem dos Salvatorianos em Roma, dom Pancrácio Pfeiffer. Ele vinha duas ou três vezes por semana. Por vezes falava com Kappler, mas na maioria das vezes falava comigo. Era meu trabalho. Eu não tinha nada a ver com as prisões e os interrogatórios, não conheciam nenhum prisioneiro.

Atenção!: Qual foi, então, o seu papel no massacre?
Erich Priebke: Na noite do dia 23, Kappler recebeu a ordem de represália do quartel-general de Hitler, através do marechal Kesserling, o comandante das tropas alemãs na Itália, e do comandante de Roma, Meltz. O chefe da divisão 4, o capitão Kurt Shitz, e seus homens deveriam preparar a lista, porque eles tinham efetuado as prisões e conheciam a história de cada um dos presos. O coronel Kappler os encarregou da completa organização da represália. Nenhum de nós queria fazer aquilo. Éramos funcionários da polícia, sequer andávamos armados. Mas as ordens eram as seguintes: “A polícia tem os reféns, a polícia tem que fazer a represália.” Nós não soubemos nada, até que nos chamaram para ir às Fossas Ardeatinas. Eu estava no primeiro grupo e me encarregaram de controlar a lista.
Erich Priebke em sua casa em Bariloche, na foto publicada pela revista <i>Atenção!</i> em 1995 (Imagem: Giancarlo Summa)Atenção!: Foi o senhor que verificou, um por um, os nomes...
Erich Priebke: Não, não. Eles desciam dos caminhões e, enquanto passavam, um oficial ou um suboficial me dava os nomes das vítimas. Quando a execução ainda nem estava na metade, fui com um grupo nosso que deveria voltar a Roma para substituir os camaradas que haviam ficado no escritório. Todos os membros do grupo tinham de participar da execução.

Atenção!: Não foi por sua responsabilidade que foram fuzilados cinco pessoas a mais?
Erich Priebke: Absolutamente não. É uma acusação falsa. A razão deve ser que tudo foi feito na última hora. Como dizia, eu tinha voltado para Roma muito antes. Cheguei em meu escritório por volta das 17h30, pois às 18h dom Pfeiffer ia chegar mais uma vez.

Atenção!: O senhor matou?
Erich Priebke: Um só.

Atenção!: E quem foi que matou, o senhor se lembra?
Erich Priebke: Não, não.

Atenção!: Usou sua automática?
Erich Priebke: Sim, minha pistola, mas não lembro quem era. Estávamos tão nervosos, tão ensurdecidos... Não me lembro de nada. Para mim essa execução foi uma tragédia pessoal. Tinha vivido na Itália em 1933 e 1934, quando aprendi a falar italiano, e desde então a Itália, junto com o seu povo, era o meu país favorito. Em Roma tivemos muitos amigos, muitos bons amigos. Vivemos lá durante anos, eu e a minha família.

Atenção!: Que lembranças têm do massacre?
Erich Priebke: Nenhuma, porque era horrível. Fiquei feliz quando pude ir embora.

Atenção!: Os gritos, os disparos...
Erich Priebke: Isso acontecia dentro das minas, eu estava fora. Entrei uma só vez, mas era tão impressionante, tão horrível... Apesar de aqueles homens que estavam para morrer serem da Resistência, sabíamos que nunca haviam sido condenados à morte.

Atenção!: O que vocês fizeram na noite do massacre?
Erich Priebke: Penso nisso há muito tempo, mas não me lembro. Sei que todos estavam tão impressionados... Alguns beberam, ficaram bêbados. Eu, eu... Não me lembro. A coisa impressionante é que ninguém entre nós falava sobre esse assunto.
Atenção!: Como foram escolhidas as vítimas?
Erich Priebke: Pelo que eu ouvi, todos os que estavam na prisão era da Resistência, eram partisans. Infelizmente, digo hoje, eram partisans da linha de Badoglio [o general monarquista que assinou o armistício da Itália com os Aliados], porque os comunistas estavam mais bem organizados, e não era assim tão fácil se infiltrar nas organizações comunistas quanto na organização badogliana. Assim os italianos perderam muitos bons oficiais; homens excelentes perderam suas vidas na represália.

Atenção!: O senhor diz que as vítimas era partisans. Mas foram mortos civis também: havia velhos, mulheres e crianças.
Erich Priebke: Mulheres não, nenhuma.

Atenção!: Crianças, adolescentes...
Erich Priebke: Crianças não. Uma menina de 5 anos morreu no atentado. Se alguma criança foi morta nas Fossas Ardeatinas não foi por nós, porque não havia crianças em nossas prisões. As vítimas vinham da prisão da Rua Tasso, de uma prisão do exército alemão e um grupo – de oitenta, noventa pessoas – que Caputo [chefe da polícia italiana em Roma] tinha que mandar alguma criança, isso eu não sei.

Atenção!: Lembra-se da prisão de Rua Tasso?
Erich Priebke: Sim.

Atenção!: Um oficial italiano declarou que o senhor batia nos prisioneiros com um soco inglês.
Erich Priebke: Este homem está enganado. Nunca tomei parte de um interrogatório, nunca. Não era o meu trabalho.

Atenção!: O senhor afirmou: “Eu não tenho nada a ver com isso, só cumpri ordens.” É isso mesmo?
Erich Priebke: Tínhamos que cumprir ordens, todos tinham que fazê-lo. Kappler não podia negar a represália, e nós não podíamos nos recusar a participar. Estávamos em guerra, e essa era a regra dos militares. Quando chegamos às Fossas Ardeatinas, Kappler nos reuniu e disse: “Se alguém tiver a ideia de não querer atirar, vai acabar no grupo das vítimas e vai ser fuzilado.”

Atenção!: Senhor Priebke: dia primeiro de junho de 1944 em La Storta, nas proximidades de Roma. Lembra-se desta data?
Erich Priebke: O que foi que aconteceu?

Atenção!: As SS estavam transferindo alguns prisioneiros para Bolonha e, segundo alguns testemunhos, o senhor estava lá. Um caminhão quebrou, e quatorze italianos, entre os quais estava Bruno Buozzi, o fundador do sindicato italiano CGIL, foram fuzilados.
Erich Priebke: Nosso grupo deixou Roma em 2 de junho. Eu fiquei com o major Hass, não me lembro da data exata, no campo de concentração de Mathausen, nas proximidades de Linz, onde o filho de Badoglio estava preso, num pavilhão especial, onde também estava o filho de Stálin. O filho de Bodoglio havia sido preso em Roma, e fora transferido para lá; Hass e eu deveríamos interrogá-lo. Voltamos de Mathausen na noite entre o dia 1º e o dia 2 de junho.

Atenção!: Depois o senhor esteve em Brescia. Quando? Em agosto de 1944?
Erich Priebke: Sim, suponho que sim.

Atenção!: O senhor não tem nada a ver com o fuzilamento de cinquenta prisioneiros em Brescia,  naquele mês?
Erich Priebke: Nunca, não, nunca.


Atenção!: O senhor foi feito prisioneiros dos aliados em maio de 1945. Como foi?
Erich Priebke: Bem, quando a guerra estava para terminar, eu tinha que me retirar de Brescia e ir para Bolzano. Quando chegamos, me apresentei ao general Hartz, que era nosso chefe, e ele me disse: “Muito bem, camarada Priebke, a guerra acabou e cada um deve se virar para conseguir voltar para casa.” Comuniquei isso aos meus homens, e cada um foi para um lado. Com meu carro, dirigi-me para Vipiteno, onde minha família vivia. No dia seguinte chegou um tenente americano, e me disse para acompanhá-lo ate Bolzano, porque o general Wolff estava lá, querendo reunir seus homens. No dia 13 de maio, era um domingo, chegaram os americanos, que nos levaram como prisioneiros para Bolonha, e em seguida para Rimini. O de Bolonha era um campo provisório, enquanto que o de Rimini era um campo enorme com mais de 200 mil prisioneiros alemães.

Atenção!: O senhor fugiu de Rimini no dia 31 de dezembro de 1946.
Erich Priebke: Fiquei vinte meses nos campos de prisioneiros, em Rimini, Ancona, Afragola, e novamente em Rimini. Vinte meses pareceram-me muitos. Certa vez perguntaram-me sobre o assunto de Roma, mas sem acusações, só queriam saber algumas coisas. Com outros camaradas que pensavam como eu – vinte meses já eram suficientes – fugimos. Dois dias depois da fuga cheguei em Vipiteno, fiquei ali com minha família até emigrarmos para a Argentina.

Atenção!: Como chegou na Argentina?
Erich Priebke: Teríamos gostado de voltar para Berlim, mas a cidade estava tão arrasada que desistimos. Devíamos decidir para onde ir, até que, por meio da Igreja Católica, chegou a oferta de irmos para a Argentina. Um franciscano que eu conhecera no campo de prisioneiros ofereceu-me a entrada na Argentina. Aceitamos, vendemos as últimas coisas que tínhamos para pagar a viagem e viemos para cá.

Atenção!: Com que passaporte?
Erich Priebke: Um passaporte com meu nome verdadeiro da Cruz Vermelha Internacional, naturalmente: não havia mais passaportes alemães.

Atenção!: O senhor disse ter sido ajudado pelo bispo austríaco Alois Hudal.
Erich Priebke: Sim, na hora de fazer os passaportes. Mas antes disso foi o franciscano, que nos contatou e que conseguiu a livre entrada na Argentina. Só então os passaportes foram confeccionados.

Atenção!: O passaporte lhe foi entregue pelo bispo?
Erich Priebke: Não vi o bispo, havia um funcionário.

Atenção!: O senhor acha que o Vaticano sabia dessas ajudas?
Erich Priebke: Não tenho ideia. Não tive contato nenhum, a não ser com essa pessoa que havia me indicado em Roma.




Atenção!: O papa Pio XII não sabia de nada?
Erich Priebke: Não tenho ideia. Hoje se pode dizer uma porção de coisas, naturalmente. Tenho um dossiê de dom Graham, o historiador do Vaticano, sobre dom Pfeiffer, onde também aparece meu nome, em que se diz que ele veio até meu escritório. Esse documento fala dessas coisas, diz que o papa não via com bons olhos... Mas eu não tenho ideia.

Atenção!: Quando o senhor trabalhava na Rua Tasso, quais eram as relações com o Vaticano?
Erich Priebke: As comunicações se davam através do dom Pfeiffer. Somente uma vez nos surpreendemos. Um informante que tínhamos no Vaticano – um funcionário civil, não dom Pfeiffer – nos comunicou que um dirigente comunista estava escondido com certa família de Roma. Quando nossos homens chegaram para prendê-lo, descobriu-se que ele era Mario Badoglio. Isso significa que o Vaticano nos entregou o filho de Badoglio. As relações entre o Vaticano e Badoglio não eram das melhores, aquilo foi uma pequena vingança.

Atenção!: O Vaticano se mexeu para salvar os judeus romanos?
Erich Priebke: Não sei. Dom Pfeiffer vinha sempre, apresentou uns quarente casos de prisioneiros, e acho que uns 25, ou 28 foram favoráveis, e essas pessoas foram soltas. Em nossa prisão, se havia um judeu não era por causa de sua raça, mas por causa de sua atividade de combatente da Resistência. Nunca fizemos ações contra os judeus, nós do comando de Roma. A certa altura, chegou um comando em Roma para uma blitz contra os judeus, mas nós não tínhamos nada a ver com isso. Minha impressão é de que o grupo de judeus mortos nas Fossas Ardeatinas veio da prisão italiana.

Atenção!: Voltando à Argentina. O governo do general Péron ajudou, deu-lhes cobertura?
Erich Priebke: Não, abriu suas portas e só isso. Não havia nem a rota dos ratos [assim foi batizada a rede de monastérios e navios utilizada pelo Vaticano e pelos aliados para ajudar a fuga dos nazistas para a América Latina], nem Odessa [A organização secreta de ajuda entre nazistas], nem nada. Quando cheguei aqui com minha mulher e meus dois filhos, a única coisa que eu tinha nos bolsos eram minhas mãos.

Atenção!: O que o senhor fez aqui?
Erich Priebke: Primeiro trabalhei como garçom, depois como maître de hotel, e em 1959 tive a possibilidade de comprar uma pequena salsicharia. Tenho uma boa relação com as pessoas, além do que conhecia queijos e frios. Em pouco tempo tornou-se uma das melhores lojas do gênero em Bariloche. Então conseguíamos juntar um bom dinheiro. Com esse dinheiro compramos esta casa, sempre trabalhando das oito da manhã, às dez da noite.

Atenção!: O senhor também foi presidente da Associação Alemã de Bariloche.
Erich Priebke: Desde 1959 faço parte do comitê de direção da Associação Cultural Alemanha-Argentina. Quando tinha a salsicharia, não tinha muito tempo para dedicar a isso, mas quando meu filho voltou da Alemanha com sua mulher, ele passou a me ajudar na loja, então pude participar um pouco mais. Como aposentado, pude dedicar muito tempo para a escola alemã. Durante muitos anos fui vice-diretor, e de 1986 em diante presidente da Associação.

Atenção!: Com seu verdadeiro nome? Então todos sabiam quem era.
Erich Priebke: Naturalmente.

Atenção!: Nunca encontrou seus ex-camaradas aqui em Bariloche? Aqui havia muitos deles, procurados no mundo todo.
Erich Priebke: Não havia ninguém das SS. E Além do mais há muitas mentiras...
Wikimedia Commons

Antiga prisão da rua Tasso, em Roma, onde hoje funciona o Museu da Reistência


Atenção!: Menguele, o “anjo da morte” de Auschwitz, viveu aqui pelo menos por um ano.
Erich Priebke: Pode ser, mas certamente não aqui em minha casa. Quando a guerra acabou, para mim também acabou o nazismo. Entende? Quando éramos jovens e idealistas eles nos enganaram completamente. Cada um de nós perdeu muito com o fim da guerra, e eu não queria mais nem saber de política. Quando hoje escrevem que eu sou um nazista, um ex-nazista... É uma coisa tão boa.

Atenção!: O senhor foi filiado ao partido nazista, não foi?
Erich Priebke: Filiei-me em 1933. Quando ia para a Itália, veio uma pessoa de Gênova pedindo que eu me filiasse ao partido. Naturalmente, naquela época eu acreditava no nazismo, tinha 20 anos.

Atenção!: O senhor era um dirigente do partido?
Erich Priebke: Dirigente? Não, nunca. Nunca participei das atividades do partido e das SS, em nível político.

Atenção!: O que pensava de Hitler e da ideologia nazista?
Erich Priebke: Como milhares e milhares de pessoas, pensava que Hitler acabaria sendo um salvador, que recuperaria as terras alemãs perdidas depois da Primeira Guerra Mundial, que daria trabalho para todos. Como na Itália, quando chegou Mussolini; todos o aclamavam. E até 1939, na Alemanha, tudo funcionava perfeitamente.

Atenção!: O senhor não tem remorsos.
Erich Priebke: Veja, durante toda a minha vida, em minha alma ficou o fato de ter matado uma pessoa que eu não conhecia, que não tinha me feito nada de mal, e que... Foi uma tragédia pessoal, não somente para mim, mas para alguns de meus camaradas, que viveram na Itália por muitos anos. Matar uma pessoa é como matar um irmão, se você tem muitos amigos lá.

Atenção!: O senhor não acredita ter cometido crimes contra a humanidade?
Erich Priebke: Não, não. Os autores do atentado são os responsáveis pela morte de 335 homens. Se o atentado não tivesse acontecido, não teria havido represália. Isso é claro. A represália, dessa forma, foi reconhecida como legal pelos tribunais. Houve um processo contra Kesserling, um processo contra Kappler, e depois outros de que não me lembro, que sempre disseram que, segundo as leis internacionais de guerra, essa represália era legal.

Atenção!: O senhor sabe que nesse período há na Alemanha, na Europa, muitos movimentos que se remetem ao nazismo.  Qual a sua opinião sobre esses neonazistas?
Erich Priebke: É uma loucura, Mas não os considero neonazistas, diria antes que são jovens que não sabem o que fazer. Na juventude sempre houve rebeldes.

Atenção!: Hoje, no que o senhor acredita?
Erich Priebke: Creio em Deus, nada mais. Gostaria que todos no mundo vivessem tranquilos como nós aqui em Bariloche. É um grupo de onze comunidades europeias, que outrora não eram tão amigas. Hoje convivem juntos os italianos e os croatas, os eslovenos, os bascos com os espanhóis... É assim que deve ser: deve existir tolerância.

Atenção!: O senhor não tem que pedir perdão para ninguém?
Erich Priebke: É uma pergunta difícil. Se soubesse quem era o morto, pediria desculpas a sua família, mas eu não sei quem ele era. Carreguei isso dentro de mim a vida toda, sempre foi doloroso. Mas aconteceram tantas coisas. Perdemos a guerra, o mundo ruiu em cima da gente... O que me parece absurdo, é que, depois de cinquenta anos, o Tribunal Militar de Roma venha com essa acusação. Tiveram todo o tempo para me acusar antes, e nunca o fizeram. Em 1950 apareceu na revista Tempo, de Milão, um longo artigo sobre a fuga de Ciano [o genro de Mussolini] de Roma para Mônaco e sobre a minha participação em sua fuga. No artigo havia uma foto minha de uniforme, dizendo que hoje o ex-capitão Priebke trabalha como garçom numa cervejaria de Buenos Aires. Milhares de pessoas leram aquele artigo, e algum magistrado militar também, suponho.

Atenção!: Por que não quer ser processado na Itália?
Erich Priebke: Porque a acusação italiana é tão absurda e chega cinquenta anos depois. Na acusação, por exemplo, escreveram que eu era inencontrável desde 1946. Mas em 1946 ainda estava num campo de prisioneiros. Depois, até outubro de 1948, vivi em Vipiteno, com minha família e com meu verdadeiro nome. Desde novembro de 1948, eu vivo na Argentina como Erico Priebke. Viajei oito vezes para os Estados Unidos, sempre com o passaporte alemão, e nunca ninguém me importunou. Estive várias vezes na Alemanha, duas vezes na Itália. Em um dos pedidos dos italianos está escrito que eles procuram o major Hass, o capitão Shutz e Priebke. Pois bem. O Capitão Shutz viveu a vida toda na Alemanha, onde trabalhou como policial. O major Hass viveu por muitos anos em Roma – não sei se ainda está vivo – e da última vez que estive em Roma, em 1979 ou 1980, jantamos juntos, com nossas esposas. Desconfio dos italianos.

Atenção!: Seu advogado declarou que o senhor, pelo contrário, aceitaria ser extraditado para a Alemanha. Por quê?
Erich Priebke: Por saber que na Alemanha vou receber um tratamento normal. E, além do mais, para mim hoje é muito mais fácil falar em alemão do que em italiano.

Atenção!: O senhor hoje está com 82 anos. Como imagina seus próximos anos?
Erich Priebke: Como vou saber? Espero ser declarado inocente, viver os últimos anos em paz, com minha mulher.
operamundi.uol.com.br

25
Mai18

Trump não pode bloquear pessoas no Twitter, diz juíza nos EUA

António Garrochinho


Segundo decisão, funcionários do governo não podem bloquear pessoas como reação às suas opiniões políticas; caso foi julgado após queixa apresentada por sete pessoas que foram bloqueadas por Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não tem o direito de bloquear os seguidores que o criticam no Twitter, decidiu nesta quarta-feira (23/05) uma juíza federal em Nova York.   

A possibilidade de reagir aos frequentes tuítes presidenciais, comentando sobre eles, é parte do exercício de liberdade de expressão protegido pela primeira emenda da Constituição, avaliou a juíza Naomi Reice Buchwald.

Em outras palavras, Trump cometeu uma falha ao bloquear usuários em sua conta pessoal no Twitter, @realDonaldTrump, que tem 52 milhões de seguidores.
"Pediu-se à Justiça que avaliasse à luz da Primeira Emenda se um funcionário do governo poderia bloquear uma pessoa em sua conta do Twitter como reação às opiniões políticas dessa pessoa. Perguntou-se também se essa análise seria diferente quando esse funcionário fosse o presidente dos Estados Unidos. A resposta às duas perguntas é não", sentenciou a juíza Buchwald.


Segundo decisão, funcionários do governo não podem bloquear pessoas como reação às suas opiniões políticas


 
O caso surgiu de uma queixa apresentada por sete pessoas - entre elas um comediante de Nova York, um professor de sociologia de Maryland, um oficial de polícia do Texas e uma cantora de Seattle - que haviam sido bloqueadas por Trump.
Censura
O bloqueio impediu-as de ver os tuítes publicados quase diariamente pelo presidente e de respondê-los diretamente.
Os comentários das pessoas bloqueadas são menos visíveis porque não aparecem no feed de reações aos tuítes do presidente, que transformou sua conta no Twitter em sua ferramenta de comunicação preferida.
Não está claro quantas pessoas Trump bloqueou na rede social, mas algumas estimativas indicam centenas.
A juíza Buchwald não emitiu ordem judicial exigindo especificamente que Trump desbloqueie essas pessoas, ao avaliar que cabe ao presidente se ater à sua declaração.

Publicado originalmente em RFI Brasil
operamundi.uol.com.br
25
Mai18

RÚSSIA PÕE EM CAUSA AS DECLARAÇÕES DE YULIA SKRIPAL

António Garrochinho




A Presidência russa afirmou hoje ter dúvidas da veracidade do testemunho de Yulia Skripal, envenenada, juntamente com o pai, com um agente neurotóxico, a 04 de março, em Inglaterra.
No testemunho, em vídeo, Yulia Skripal, de 33 anos, afirma que a recuperação tem sido “lenta e dolorosa” e que não precisa da ajuda oferecida pela embaixada da Rússia em Londres, embora pretenda regressar ao país quando estiver restabelecida.
Para as autoridades russas, a filha do ex-espião Sergey Skripal não é a autora do discurso, tendo memorizado palavras que foram escritas originalmente em inglês e depois mal traduzidas para russo.
O Kremlin admite que Yulia está sob pressão, já que os oficiais britânicos não permitem qualquer contacto com as autoridades russas. Por outro lado, nem a aparência física escapa à avaliação russa, uma vez que a imprensa defende que Yulia Skripal parece "demasiado bonita" para quem acabou de recuperar de uma tentativa de envenenamento.
"Não temos motivos para confiar e para acreditar nesta declaração de Yulia Skripal. Ainda não sabemos em que estado é que ela se encontra e não sabemos se ela fez estas declarações por sua livre vontade ou sob pressão. No geral, considerando que estamos a falar de uma provocação internacional relativamente sem precedentes contra a Rússia, nós mantemos a nossa desconfiança e temos todos as razões para a manter", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Yulia teve alta do hospital a 09 de abril e o pai a 18 de maio, desconhecendo-se o paradeiro de ambos.
Este ataque a Yulia e Sergey Skripal acabou por gerar uma grave crise diplomática entre a Rússia e o Reino Unido, mas estendeu-se à comunidade internacional. Vários países aliados dos britânicos decidiram expulsar diplomatas russos, num caso que continua a perturbar as relações entre Londres e Moscovo.

VÍDEO



pt.euronews.com
25
Mai18

Pentágono diz estar pronto para atacar Coreia do Norte esta noite

António Garrochinho

O Pentágono garantiu hoje estar preparado para atacar a Coreia do Norte "já esta noite", pouco depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter afirmado o mesmo, após cancelar a sua cimeira com o seu homólogo norte-coreano, Kim Jong-un.

"Continuaremos com a nossa campanha de máxima pressão -- isso não mudou. Sobre se estamos preparados para lutar já esta noite, sim -- sempre foi assim", declarou a porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, Dana White, numa conferência de imprensa no Pentágono.

Inquirida sobre o papel da pasta da Defesa nas negociações com Pyongyang, a porta-voz respondeu que o objetivo do Pentágono sempre foi "apoiar os esforços diplomáticos" de Washington, mas reconheceu a importância das Forças Armadas na estratégia da Casa Branca quanto à Coreia do Norte.

"Trata-se de uma política do Governo: são as sanções, é o aspeto económico, o diplomático, o militar. A campanha de máxima pressão envolve todo o Governo", explicou.

Em relação ao aspeto militar, o tenente-general Kenneth McKenzie, diretor do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, indicou que a intenção do Pentágono é manter tanto o seu destacamento de tropas na zona como as manobras que estão agendadas com os seus aliados japoneses e sul-coreanos.

Em qualquer caso, McKenzie sublinhou que, apesar do otimismo que tinha despertado a histórica cimeira que Trump e Kim Jong-un iam realizar a 12 de junho em Singapura, ou a anunciada destruição de instalações nucleares por parte de Pyongyang, a posição do Departamento de Defesa nunca mudou.

Embora a porta-voz do Pentágono tenha admitido que, até agora, o secretário da Defesa norte-americano, James Mattis, se mostrara "prudentemente otimista" quanto ao desenlace das negociações entre os dois países, McKenzie garantiu que em nenhum momento o Pentágono mudou de posição.

"Nem quando a cimeira começou a tomar forma, nem agora", declarou.

Apesar disso, tal como fez o próprio Trump, também a porta-voz do Pentágono quis deixar as portas abertas à possibilidade de o encontro entre os dois líderes se realizar futuramente.

"Isto não é o fim, é o princípio", frisou.

Trump assegurou hoje que o Pentágono "está preparado" para o caso de ser necessário tomar medidas militares contra a Coreia do Norte, se o regime norte-coreano responder ao cancelamento da cimeira bilateral com gestos "ingénuos ou imprudentes".

Na Casa Branca, pouco depois de anunciar o cancelamento da sua cimeira com Kim Jong-un, o chefe de Estado advertiu de que as Forças Armadas norte-americanas "são de longe as mais poderosas do mundo" e garantiu estar em contacto com a Coreia do Sul e o Japão para a eventualidade de ser necessária uma atuação conjunta.

"Penso que este é um grande revés para a Coreia do Norte e um grande revés para o mundo", disse Trump sobre a sua decisão de cancelar a cimeira que tinha agendada com Kim em Singapura.

Lusa | em Notícias ao Minuto
paginaglobal.blogspot.pt
25
Mai18

25 de Maio de 1963: A Organização da Unidade Africana é formada em Adis Abeba, Etiópia.

António Garrochinho


Organização de Unidade Africana (OUA), instituição diplomática internacional, foi fundada a 25 de Maio de 1963,em Addis Abeba, na Etiópia, por trinta chefes de Estado e de Governo africanos, e substituída pela União Africana(criada a 11 de  Julho de 2000).

A Organização de Unidade Africana tinha como  objectivos principais a defesa da independência dos países africanos colonizados, a luta contra toda e qualquer manifestação de colonialismo ou neocolonialismo, a promoção da paz e da solidariedade entre os países africanos e a defesa dos interesses políticos, económicos e sociais dos países-membros e da África em geral.

A OUA tinha as suas raízes no pan-africanismo, que surgiu, ainda em finais do século XIX, como manifestação de solidariedade entre intelectuais de origem africana, espalhados pelo mundo, contra a hegemonia cultural branca.Mas foi essencialmente a partir da Segunda Guerra Mundial que o pan-africanismo ganhou força, apresentando-se como uma ideologia de defesa dos valores culturais de África e de contestação à ocupação e repartição geopolítica do continente  efectuadas pelas potências europeias.


Neste contexto, a Carta da OUA proclamava a vontade de salvaguardar a soberania e o respeito pela integridade territorial dos vários países, bem como a intangibilidade das fronteiras, de uma maneira geral, resultantes da ocupação colonial. Para além disso, pretendia eliminar todas as formas de colonialismo em África e fazer respeitara Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos do Homem.


A OUA tinha como órgão supremo a Conferência dos Chefes de Estado e de Governo, que reunia, pelo menos,uma vez por ano. Os outros órgãos que a integravam eram: o Conselho de Ministros, composto por ministros dos Negócios Estrangeiros ou outros, designados pelos Governos respectivos, devendo reunir-se, ordinariamente,duas vezes por ano; o Secretariado Geral; a Comissão de Mediação, Conciliação e Arbitragem, que tinha por missão intervir por meios pacíficos nos diferendos que surgiam entre os estados-membros (por exemplo, entre a Argélia e Marrocos, em 1964-1965, e entre a Somália, a Etiópia e o Quénia, em 1965-1967); e as comissões especializadas para as áreas económico-social, da defesa, da educação e cultura, da saúde, higiene e nutrição, e da ciência, tecnologia e investigação. Em 1966, foi criado o Comité de Libertação ou de Descolonização.


Por último, a OUA foi substituída pela União Africana que visa acelerar a integração sócio-económica do continente africano e promover a solidariedade entre os estados-membros, tentando assim responder aos novos desafios e desenvolvimentos políticos, económicos e sociais que se colocam a África e ao Mundo.


Organização de Unidade Africana (OUA). In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. 
wikipedia (Imagem)
Ficheiro:Selassie.jpg

Haile Selassie I, Imperador da Etiópia - um dos fundadores da OUA
Organisation of African unity.svg
25
Mai18

Para lá do inofensivo

António Garrochinho


Anteontem, o primeiro-ministro foi acossado no Parlamento (minuto 22) com perguntas sobre a actividade do seu ministro adjunto Pedro Siza Vieira.

As questões ficaram-se pela ética. Ou seja, sobre a sua exclusividade obrigatória enquanto membro do governo, quando também era gerente de uma sociedade, criada dois dias antes de entrar para o Governo; ou sobre o facto de o ministro ter reunido com a sociedade China Three Gorges que tem como advogados a sociedade de advogados Linklakers de onde veio o ministro adjunto.

Tudo pareceu uma tempestade num copo de água por parte do PSD. Mas talvez fosse necessário ir mais fundo sobre a sua actividade junto do primeiro-ministro.

Pedro Siza Vieira não é um advogado qualquer. Veja-se com atenção o seu curriculum oficial e aquele que aparece na Wikipedia, ao que parece baseado num artigo do Expresso.

Já na passada sexta-feira, o advogado esteve no centro de um artigo do Público onde se suscitava uma questão grave: a de o Governo ter decidido alterar uma lei para facilitar uma operação da qual beneficiariam os sócios chineses da EDP, a China Three Gorges. Ou seja, ao contrário do que seria suposto, secundarizava-se o princípio geral que uma lei deve ter, para atender a um caso concreto. E estranhamente o PSD não levantou essa questão... 

Depois, o gabinete de Siza Vieira assumiu a sua paternidade na criação das SIMFE, sociedades de investimento mobiliário para fomento da economia: "O Sr. Ministro-Adjunto era vogal da EMCM, estrutura essa que propôs, nomeadamente, a constituição das SIMFE e dos certificados de curto prazo". Ora, as SIMFE - a julgar pelo preâmbulo da lei - são uma forma de financiar as pequenas e médias empresas que não conseguem financiamento no desconfiado mercado bancário. Ou seja, um mercado de segunda que o sistema financeiro desdenhou e com menores exigências.

E foi também por isso que a Associação de Fundos de Investimento, Pensões e Património (APFIPP) decidiu atribuir,  há dias, precisamente a Pedro Siza Vieira, o prémio de figura do ano. Porquê?    
“Pelo trabalho ímpar que desenvolveu na Estrutura de Missão para a Capitalização das Empresas e na implementação do Programa Capitalizar, procurando criar o enquadramento jurídico necessário para que a indústria de Gestão de Activos e de Fundos de Pensões desempenhe um papel mais significativo no financiamento da chamada economia real por parte dos investidores institucionais”. Ou ainda: "É para nós evidente a importância que teve o trabalho desenvolvido pela Estrutura de Missão para a Capitalização das Empresas, ao tentar abrir caminho para o renascimento de um mercado de Capitais em Portugal", justificou Veiga Sarmento, presidente da APFIPP.  

Mas como funcionará esse mercado de segunda? E porquê tanto apoio dos fundos de investimento? E por que será que o PSD nada diz sobre isso também?


A SIMFE tem uns accionistas (ou subscritores de acções da SIMFE) que investem na SIMFE. E a SIMFE investe em acções de empresas e subscreve obrigações dessas pequenas empresas. A SIMFE é uma sociedade anónima, de responsabilidade limitada e que tem de ter um capital mínimo de apenas 125 mil euros. Portanto, precisa de mais capitais para cumprir a sua função. O diploma não é explícito, mas a SIMFE ou vende acções suas ou deve unir os títulos das empresas, em fundos de investimento e vende as suas unidades de participação a outros investidores - não se sabe como, por quem, em que balcões. E as receitas da SIMFE devem resultar de toda esta actividade de intermediação.

É esse o entendimento da CMVM, como disse ao LADRÕES: "Importa sublinhar que a SIMFE corresponde a um organismo de investimento coletivo, pelo que os acionistas da SIMFE (ou seja, os investidores) não detêm diretamente as ações ou obrigações das empresas elegíveis, mas apenas as ações da própria SIMFE, cuja administração investirá então nesses ativos elegíveis." 

A ideia das SIMFEs até parece aliciante: Há empresas que precisam de capital e arranja-se "capitalistas" para as apoiar.

Mas passado um ano, segundo a CMVM disse ao LADRÕES, "até ao momento, apenas uma entidade solicitou esse registo, tendo o mesmo sido efetuado pela CMVM no início de 2018". Foi esta. E foi assessorada pela sociedade de advogados Sérvulo Correia & Associadostendo já um corpo de pessoal já conhecido. Entre os quais, o economista Ricardo Arroja. 

A Sérvulo Correia & Associados é uma sociedade de advogados que tem tido um papel relevante naquilo que se chama o outsourcing legislativo por parte do Estado. Ou seja, o Estado encomenda à sociedade de advogados aquilo que supostamente deveria ser a sua função fazer, de forma a melhor defender os seus interesses. O argumento que a Sérvulo Correia & Associados usa para justificar esse outsourcing é perverso: diz-se que é um risco o Estado recorrer à sua "prata da casa" quando se trata de assuntos complexos para os quais não têm know-how. Na verdade, trata-se do risco inverso: não tendo conhecimento e colocando-se nas mãos "externas" é a melhor forma de acentuar a dependência, ao mesmo tempo que se concede de bandeja a possibilidade de criação de "alçapões" legais invisíveis, que apenas o seu criador conhece e pode vender a clientes seus, como soluções suas. E essa dependência pode assumir diversas formas. Veja-se aqui o que aconteceu com a aquisição de equipamento militar. 

Ora, com as SIMFE resta saber o que se passou. Qual a vantagem efectiva das SIMFE? Qual a vantagem para a Sérvulo Correia & Associados se apressar a assessorar a única SIMFE, quando mais ninguém o fez? Quererá isso dizer que foi a Sérvulo Correia que elaborou o diploma que as criou? E se assim foi, porque se recorreu à Sérvulo? E quando custou? E quem o encomendou? Como disse a CMVM ao LADRÕES, o regulador pouco interveio: "O regime jurídico das SIMFE resultou de um projeto de iniciativa governamental. A CMVM comentou o projeto de regime jurídico das SIMFE numa fase já adiantada do processo. Na sequência dos comentários da CMVM ao projeto de regime jurídico das SIMFE foram feitos alguns aperfeiçoamentos no referido projeto". 

Mas, mais que tudo, por que razão foi feita desta forma? O diploma gera variadas dúvidas: 

1) Quem garante a qualidade dos títulos revendidos das empresas?
Supostamente cabe à SIMFE avaliar as "empresas elegíveis", mas é a própria SIMFE que tem interesse em vender as unidades de participação dos fundos compostos por esses títulos das empresas. A CMVM descarta qualquer responsabilidade: "O início da atividade das SIMFE não está sujeito a autorização da CMVM, mas a mero registo prévio. (...) A competência da CMVM é, portanto, de verificação da elegibilidade dos ativos, de cumprimento da política de investimento definida e da atuação no interesse dos investidores, competindo à SIMFE a busca de qualidade e de valor, através de uma ponderada seleção de ativos e da gestão profissional dos mesmos". Ou seja, quem garante realmente que não se esteja a vender gato por lebre? Não poderá tudo redundar num subprime? 
  
2) Quem avalia as SIMFE? 
 A CMVM apenas pode recusar o registo da SIMFE se não tiver "todos os documentos e elementos necessários" e não estejam cumpridos os requisitos relativos à idoneidade dos membros dos órgãos da administração e fiscalização da SIMFE. Mas a lei apenas fixa que "os membros do órgão de administração e de fiscalização da SIMFE devem reunir condições que garantam a sua gestão sã e prudente, devendo cumprir requisitos de idoneidade, qualificação e experiência profissional e disponibilidade comprovadas". Ou seja, devem, mas não são obrigados a isso. E os fundamentos para o cancelamento da SIMFE são extremamente difíceis de concretizar.  

3) Quem garante os fundos investidos nas SIMFE  ou nos produtos das SIMFE?
A CMVM não é muito clara: "A escolha das empresas elegíveis objeto de investimento concreto por cada SIMFE em cada momento é da exclusiva competência da administração da SIMFE, sendo que tal escolha deverá ser efetuada em termos profissionais e no exclusivo interesse dos acionistas". O diploma estabelece que as SIMFE têm de durar pelo menos 10 anos, mas ao mesmo tempo afirma-se que a autorização da SIMFE se extingue com o fim da SIMFE...

E o que acontece se tudo correr mal? Os investidores perdem dinheiro nas unidades de participação, mas o que acontece à SIMFE?       

A dúvida que se deve colocar é por que se meteu o governo apressadamente nesta legislação, pelos vistos com a colaboração de Pedro Siza Vieira. 

Tal como está acontecer com as sociedades REIT (Real Estate Investment Trusts). Ainda estão em apreciação pelo Governo, mas, a julgar pela imprensa, espera-se que tenha um regime semelhante às SIMFE, mas desta vez para o investimento imobiliário. E com boa imprensa artigos que saem antes mesmo da sua aprovação legal, mostrando como têm sido um sucesso em Espanha (ou mais aqui) e até incluindo a CMVM na campanha (e mais aqui), tudo parecendo estar-se a pressionar o Governo.

Só que, aqui, as REIT já parecem estar mais próximas da actividade da empresa criada por Siza Vieira, antes de entrar no governo. O futuro dirá sobre o que vai acontecer. 


ladroesdebicicletas.blogspot.pt
25
Mai18

PEQUENOS HOMENS GRANDES

António Garrochinho
Hominídeos da Indonésia sugerem que os humanos não estão isentos de seleção natural.

Crânio de H. Floresensis

VAMOS DESCOBRIR...


"No início pensamos que fosse uma criança, talvez com 3 anos." Um exame revelou, porém, que os pequenos ossos, recém-desenterrados de uma caverna na ilha indonésia de Flores, pertenciam a um adulto plenamente amadurecido – mas com cerca de 1 metro de altura.

Será que havíamos achado um ser humano moderno cujo crescimento fora tolhido por alguma doença ou por desnutrição? Não. A ossada tinha aparência primitiva, e os outros restos mortais presentes em Liang Bua – “Caverna Fresca”, na língua local, o manggarai – indicavam que o esqueleto não era de nenhum espécime isolado. Na verdade, era típico de toda uma população de criaturas diminutas que no passado ocupou essa ilha remota. O que havíamos achado era um tipo até então desconhecido de ser humano.

De volta ao laboratório, onde analisamos os ossos e outros artefatos, a dimensão de nossa descoberta tornou-se mais clara. Esse pequeno parente dos seres humanos, a quem apelidamos de Hobbit, viveu há 18 mil anos, numa época em que o Homo sapiens – ou seja, pessoas como nós – já se dispersava por todo o planeta. Ele, no entanto, se parecia mais com uma versão reduzida de antepassados humanos 100 vezes mais antigos, encontrados na outra extremidade da Ásia.

Nós havíamos tropeçado em um mundo perdido: pigmeus sobreviventes de uma época anterior, vivendo à margem das principais correntes da pré-história humanaQuem seriam eles?

Com 300 quilômetros de comprimento e situada entre a Ásia e a Oceania, a ilha de Flores nunca esteve ligada por pontes de terra a qualquer dessas massas continentais. Mesmo nos períodos em que o nível do mar estava baixo, a navegação da Ásia até Flores, com escalas, exigia travessias oceânicas de até 24 quilômetros. Antes que os seres humanos começassem a levar animais, como porcos e cães, para a ilha, há 4 mil anos, os únicos mamíferos que lá chegaram foram os estegodontes (um antepassado dos elefantes) e roedores – os primeiros, nadando, e estes, de carona em troncos à deriva. Nenhum povo chegou a Flores até os homens modernos, dotados de inteligência suficiente para construir barcos. Pelo menos, era isso o que sustentavam os cientistas.

Nas décadas de 1950 e 1960, entretanto, o padre Theodor Verhoeven, arqueólogo amador, já encontrara sinais de presença humana anterior em Flores. Na bacia de Soa, ele achou instrumentos de pedra, junto a fósseis de estegodonte, cuja idade estima-se de 750 mil anos. Uma vez que o Homo erectus, um hominídeo arcaico, encontra-se na ilha vizinha de Java há pelo menos 1,5 milhão de anos, Verhoeven concluiu que espécimes de H. erectus haviam conseguido atravessar o mar e chegar a Flores.

Tais alegações extraordinárias não impressionaram os arqueólogos profissionais. Na década de 1990, porém, outros pesquisadores recuaram a idade dos artefatos da bacia de Soa para 840 mil anos. Verhoeven estava certo: os hominídeoshaviam chegado a Flores bem antes de a ilha ser alcançada por humanos modernos. Todavia, nenhuma ossada deles jamais fora encontrada.

Foi isso o que nos levou à ilha, até Liang Bua, no planalto ocidental de Flores. "Em setembro de 2003, nossa equipe de pesquisadores indonésios e australianos, auxiliados por 35 trabalhadores manggarais, já escavara 6 metros no piso da caverna. As camadas recentes eram ricas em instrumentos líticos e ossos de animais, mas ainda assim parecia difícil atingir nosso objetivo."

www.bioorbis.org
25
Mai18

FOTÓGRAFOS REGISTAM O MOMENTO EM VÍDEO EM QUE UMA ÁGUIA, UMA RAPOSA, UM COELHO VOAM JUNTOS POR ALGUM TEMPO

António Garrochinho


Parece uma notícia falsa, mas o momento não teve nada de falso nem de amistoso. Ocorreu no Parque Natural San Juan Island, ao norte de Seattle. O fotógrafo de natureza Kevin Ebi contemplava como uma jovem raposa capturava um coelho quando escutou o agudo grito de um águia atrás dela. A ave de rapina passou voando acima de Ebi enquanto este seguia gravando e se lançou sobre predador e presa. Este tipo de comportamento é conhecido como cleptoparasitismo e significa, literalmente, roubar a presa de outro predador.

Registram o extraordinário momento em que uma águia, uma raposa e um coelho voam juntos alguns segundos
A questão é que a raposa não se deu por vencida e fincou os dentes com mais força no coelho. A águia simplesmente levou ambos voando e nos presenteou esta espetacular sequência gravada por outro fotografo de natureza parceiro de Ebi, Zachary Hartje:

O vôo alongou-se durante oito angustiosos segundos até que a águia mudou o coelho de garra e se desfez de seu competidor com um brusco movimento. Para sorte da raposa, nesse momento a ave tinha descido até uns 3 metros de altura. Depois de se recuperar da queda, o pequeno predador se uniu ao resto da matilha sem lesões visíveis. O grande perdedor desta história foi, por suposto, o coelho.

VÍDEO


www.mdig.com.br
 
25
Mai18

As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo

António Garrochinho
A técnica de esculpir figuras levemente elevadas em uma superfície plana, conhecida como baixo-relevo, é tão antiga quanto a própria arte, mas ela perdeu um pouco de espetaculosidade quando mais recentemente os gesseiros começaram a usar moldes para emular a técnica. Eu tenho um amigo que trabalha com ela com o processo da velha escola, do tipo encontrada nas paredes de todos os tipos de edifícios e templos do antigo Egito, Roma e Grécia, onde o artista trabalha um bloco em conjunto com a massa úmida.

01
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 01
O curioso é que as ferramentas podem ser as mais diversas dependendo do quão intricado é o padrão artístico: facas de cozinha, estiletes, cinzéis, etc. Por suporto, para trabalhar com gesso o material já provado por séculos para esta aplicação. No entanto, há artistas que provam também com barro, bronze, granito, mármore, etc.

O artista russo Goga Tandashvili esculpe trabalhos de baixo-relevo em grande escala em espaços interiores, acrescentando detalhes como florais, folhas tropicais e pavões empoleirados a superfícies planas. Os murais tridimensionais se projetam da parede com uma precisão real, com cada flor e broto de plumagem tendo a mesma forma e tamanho do objeto que imita. Goga usa uma combinação de técnicas de construção manual e escultura para criar as figuras baseadas na natureza, que atuam como extensões fluidas da própria parede. Muito bacana.

Veja algumas de suas obras e tente imaginar o quão bacana não ficaria isso na parede da sala de sua casa.
02
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 02
03
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 03
04
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 04
05
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 05
06
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 06

As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 07
08
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 08
09
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 09
10
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 10
11
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 11

As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 12
13
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 13
14
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 14
15
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 15
16
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 16

As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 17
18
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 18
19
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 19
20
As exuberantes esculturas interiores de baixo-relevo de pavões e flores de um escultor russo 20
Fonte: Colossal

www.mdig.com.br
25
Mai18

Clima e a violência deslocam milhões dentro das fronteiras todos os anos

António Garrochinho



Conflitos deixaram quase 12 milhões de pessoas sem lar em 2017

Detalhe gráfico

Em 2015, a crise de refugiados no Mediterrâneo oriental ganhou as manchetes quando uma foto de um menino sírio morto de três anos de idade, de frente para uma praia no extremo sul da Europa, trouxe para casa as trágicas conseqüências dos conflitos que grassam na África e no Oriente. Leste. A fuga desesperada de Alan Kurdi terminou cinco minutos depois de deixar Bodrum, na Turquia, quando o barco inflável sobrecarregado que o carregava virou. As viagens daqueles que fogem de suas casas para fazer novas vidas em outros lugares capturam manchetes e animam a política. Mas outros milhões são forçados a sair de suas casas apenas para permanecer dentro das fronteiras de seus países. O número dessas pessoas internamente deslocadas é chocante e aumentou nos últimos anos.

Em 2017, mais de 30 milhões de pessoas foram deslocadas após desastres naturais ou surtos de violência, de acordo com o Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno e o Conselho Norueguês de Refugiados, uma ONG. Isso equivale a 80.000 pessoas a cada dia abandonando suas casas. Como nos anos anteriores, os desastres naturais foram a maior causa de transtornos. Na última década, um quarto de bilhão de pessoas foram deslocadas, principalmente por causa de tempestades, inundações ou fome. Pelo contrário, 70 milhões foram desenraizados como resultado de conflitos violentos. 



Desastres naturais podem deslocar muito mais pessoas do que conflitos, mas as evacuações relacionadas ao clima tendem a ser por curtos períodos. Os conflitos muitas vezes mantêm as pessoas longe de suas casas por muito mais tempo; Pode levar anos até que seja possível tentar um retorno. No final de 2017, 40 milhões de pessoas deslocadas pela violência ainda estavam distantes de suas casas. Os conflitos causaram quase o dobro de pessoas, 12 milhões em comparação com 7 milhões, a abandonar suas casas em 2017 do que no ano anterior. No ano passado, os conflitos na África e no Oriente Médio foram responsáveis ??por mais de quatro quintos de todos os deslocamentos relacionados à violência no mundo. Dez países respondem por três quartos dos que foram desenraizados por conflitos civis. A Síria está no topo da lista, com quase 7 milhões de deslocados internos de uma população de 18 milhões. A segunda é a República Democrática do Congo, com 4,5 milhões. Mas os dados não capturam a imagem completa. Os números do Iêmen caíram significativamente em 2017, apenas devido à incapacidade de contá-los em uma zona de guerra. No entanto, o Iêmen é descrito como a maior crise humanitária do mundo pelo ACNUR, com 21 milhões de pessoas, quase 80% da população afetada. As agências de ajuda que tentam ajudar as pessoas a voltar para casa enfrentam várias dificuldades. Identificar quem ajudar é o primeiro deles

www.economist.com
25
Mai18

Estado arrecadou nove milhões por dia com Imposto Sobre Produtos Petrolíferos

António Garrochinho


Mais de metade do preço de venda dos combustíveis em Portugal resulta de taxas e impostos, sendo o Imposto de Selo Sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) o que representa a maior fatia do valor pago pelos consumidores. Os cofres do Estado arrecadaram uma média de nove milhões de euros por dia nos primeiros três meses de 2018 com o ISP.

Dados da Comissão Europeia revelam que, na semana de 14 de maio, o litro do gasóleo em Portugal era o 10.º mais caro entre os 28 países da União Europeia. Já o preço da gasolina 95 era o quinto mais alto, mais 26 cêntimos que em Espanha. Só a Holanda, Itália, Grécia e Dinamarca tinham a gasolina mais cara na semana em análise.
VÍDEO


Segundo Bruxelas, nessa semana, o litro do gasóleo em Portugal custava 1,35 euros por litro, quando o valor antes dos impostos e das taxas era de 0,62 euros.
Em relação à gasolina 95 (a mais vendida em Portugal) o custo médio por litro era de 1,56 euros, quando antes do IVA, do ISP, da contribuição sobre o setor rodoviário e do adicional por taxa de carbono era de 0,61 euros por litro. 
A Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis avança que o ISP representa 47 cêntimos (38,6 por cento) no preço de referência do gasóleo e 66 cêntimos (45,9 por cento) no da gasolina. 
Em 2016, o Governo aumentou o ISP em seis cêntimos por litro para corrigir a perda de receita fiscal resultante da diminuição da cotação internacional do petróleo, e comprometeu-se a fazer uma revisão trimestral do valor do imposto em função da variação do preço base dos produtos petrolíferos, o que levou a pequenas reduções do ISP ao longo desse ano.

No entanto, em 2017, o Governo deixou de rever o valor do imposto, apesar das variações do preço do petróleo.
Segundo os dados mais recentes da execução orçamental publicado pela Direção-Geral do Orçamento, o Estado arrecadou 803,2 milhões de euros com o ISP no primeiro trimestre deste ano, mais 2,4 por cento do que os 784,1 milhões de euros no mesmo período de 2017.
No conjunto do ano passado, o ISP rendeu 3.364,4 milhões de euros aos cofres do Estado, mais 3,2 por cento do que em 2016.
“Preço deve-se fundamentalmente à carga fiscal”
A Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC) afirma que o elevado preços dos combustíveis em Portugal se deve fundamentalmente à elevada carga fiscal e recorda que em cada euro que os portugueses gastam a abastecer, cerca de 60 cêntimos são resultado de impostos. Francisco Albuquerque frisa que já é tempo do Governo rever a política em termos de Imposto de Selo Sobre os Produtos Petrolíferos.
“O elevado preço dos combustíveis em Portugal deve-se fundamentalmente à elevada carga fiscal”, afirmou Francisco Albuquerque, presidente da ANAREC, em entrevista à RTP3.
“Já é tempo do Governo rever a política em termos de ISP. Atendendo a estas últimas subidas consideramos mesmo que devia de imediato ser retirado o adicional ao imposto que foi importante acrescentar no início de 2016”, sublinhou.Francisco Albuquerque recorda que o Governo tinha prometido baixar o ISP sempre que o preço do petróleo subisse, mas que “ainda estamos à espera dessa promessa já há bastante tempo”.
Em relação ao facto de Portugal estar com os preços dos combustíveis mais altos desde 2014, e do primeiro-ministro afirmar que não está relacionado com o ISP, até porque, disse, esse imposto tem vindo a baixar, Francisco Albuquerque sublinha que a ANAREC “não partilha dessa opinião".
“Até porque evidentemente estas últimas subidas no preço dos combustíveis tem a ver essencialmente com a dinâmica dos mercados internacionais. Não há dúvida nenhuma que tem havido uma tendência de subida. Agora a questão fulcral é de facto que o preço dos combustíveis está elevado, muito essencialmente devido à carga fiscal que impende sobre os mesmos”.
Francisco Albuquerque reconhece que “de facto temos assistido nos últimos tempos a uma tendência de subida do preço do valor do petróleo, que se reflete nos preços dos combustíveis nos postos de abastecimento”.
No entanto, o presidente da ANAREC frisa que os “revendedores de combustíveis não ganham absolutamente nada com estas subidas de preços”.
“Bem pelo contrário. Na medida em que estas subidas podem ter como reflexo alguma contração de vendas o que penaliza os postos de abastecimento dos combustíveis”. 
VÍDEO



Para o presidente da ANAREC “não é admissível, hoje em dia, que num euro de abastecimento, cerca de 60 cêntimos seja resultado de carga fiscal. Isso é uma situação, quanto a nós, que tem que ser revista”.

C/Lusa






www.rtp.pt


25
Mai18

Francisco Assis – viagem sem regresso

António Garrochinho


(Carlos Esperança, 24/05/2018)
assis2
O eurodeputado Francisco Assis tem um passado político demasiado relevante para que as suas legítimas opções possam ser ignoradas, dentro e fora do PS.
Quem, como eu, se reclama social-democrata, não pode rever-se da deriva neoliberal que se acentua no velho militante do PS e, muito menos, na reincidência com que se identifica com as aspirações da direita portuguesa.
A entrevista ao Público desta terça-feira foi um serviço aos partidos que o usaram, quando da formação do atual Governo, e o dispensaram logo que deixou de ser útil. E não se arrepende do mal que fez ao partido e ao País, com o discurso catastrofista e anticomunista primário, ignorando a legitimidade do voto, igual para todos os partidos.
Contra o seu desejo, o BE, o PCP e o PEV pouparam o PS à chantagem da direita, de que estava refém, onde o PSD ameaçava ser a eterna charneira.
Se há uma dívida de gratidão, é do PS aos partidos à sua esquerda e não o contrário, mas Assis insiste em excluir da vida democrática os partidos que lhe apraz sem se dar conta do seu défice democrático, do benefício da atual solução governativa e dos malefícios do Governo anterior.
Inesperada é a insistência na disponibilidade para continuar eurodeputado de um PS contra o qual foi o mais ruidoso adversário, não ter uma palavra de condenação sobre o Governo dos partidos que prefere, e persistir no que é mais caro à direita para envenenar o funcionamento das instituições democráticas.
A insistência absurda na recondução da PGR, que a própria reiteradamente considerou função de um único mandato, desejo também antes manifestado pelo atual PR, é uma provocação de quem deseja ser satélite da concorrência. Na véspera do Congresso do PS é porta-voz do PSD.
Francisco Assis perdeu a visão política e o pudor, aliado aos trânsfugas que viajaram da extrema-esquerda para os braços da direita caceteira e miguelista, na política, no jornalismo e na opinião remunerada. Ao dizer que este governo tem um prazo de validade, não se limitou a dizer o óbvio, aliás com limites legais, revelou apenas que excedeu o seu.
É natural que mantenha ainda alguma influência dentro do PS, mas suicidou-se perante o País, ética e politicamente. É deprimente o fim, mas a direita costuma pagar favores com avenças.

estatuadesal.com
25
Mai18

Mentalidade fascista , digo mentalidade à " Estado Novo"

António Garrochinho


Referindo-se ao Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC ) João Miguel Tavares diz hoje no Público : "não é preciso riscá-lo do mapa das associações nacionais" Dito de outra forma , não é preciso ilegalizá-lo - se tivesse força para isso era o que faria.
E  acrescenta , mas convém reconhecê-lo por aquilo que é : Conselho de pura propaganda Comunista . Isto é basta reduzir uma organização unitária onde estão católicos , socialistas , gente sem partido , comunistas , a uma organização comunista e jogar com o preconceito anti comunista ...
Com a lógica de João Miguel Tavares não é preciso riscá-lo do mapa dos comentadores de serviço , mas reconhecê-lo por aquilo que efectivamente é  : um reaccionário de mentalidade fascista
Se entendem que é ofensivo digo então: um reaccionário de mentalidade à  "Estado Novo "


foicebook.blogspot.pt
25
Mai18

Raivinha seca

António Garrochinho



Ler o que esta coisa escreve, é o meu divertimento favorito, dá calafrios, contunde com os nervos mas passado o choque entramos em delírio e as gargalhadas soltam-se em catadupas.
LEIAM TEXTO ABAIXO
Está em guerra com a paz, ao coiso as coisas correram-lhe mal na Venezuela, Síria e na República Democrática da Coreia, e ele gosta é de sangue, excita-se com o sofrimento alheio, nota-se no olhar uma loucura latente. Pobre diabo!
aspalavrassaoarmas.blogspot.pt


OPINIÃO

CPPC: Conselho de Pura Propaganda Comunista

É para estas coisas que servem os CPPC desta vida: camuflar sob a capa da “paz” e da “cooperação” a promoção de regimes abjectos.

Há dias, um leitor escreveu-me a dar conta de que o CPPC continua por aí vivo e saltitante, a organizar bonitos concertos pela “paz” – e, nem por acaso, esbarrei com um cartaz a anunciar cantoria no Fórum Lisboa. Concluí que esta coincidência astral merecia um regresso ao tema. O problema do conceito de paz do CPPC, presidido pela infatigável Ilda Figueiredo, é ser muito selectivo. Por exemplo, Israel faz a guerra, enquanto os palestinianos lutam pela paz. Os rebeldes sírios são da guerra, enquanto o regime de Bashar al-Assad, segundo o CPPC, é da paz. O mesmo em relação àquele senhor da Coreia do Norte que constrói armamento nuclear para alcançar a paz. E, claro, o CPPC desdobra-se igualmente em solidariedade “para com o povo venezuelano e as forças patrióticas e democráticas bolivarianas”, que apenas pretendem “continuar a percorrer o caminho da paz, da democracia, da tolerância”. Há lá melhor forma de descrever o regime de Maduro.Se bem se recordam, o CPPC foi notícia em Julho do ano passado, quando resolveu promover em Lisboa uma acção de propaganda em louvor da “revolução bolivariana”, no dia da Venezuela. Como se não fosse já suficientemente repugnante ver uma associação portuguesa defender o regime de Nicólas Maduro, o país ainda teve de levar com o envolvimento da Banda do Exército no evento, a entoar os hinos de Portugal e da Venezuela no meio de loas ao senhor dos fatos de treino berrantes. Claro está que a indignação foi episódica e ninguém chegou realmente a explicar como foi o Exército português parar a um evento de promoção de um ditador. É para estas coisas que servem os CPPC desta vida: camuflar sob a capa da “paz” e da “cooperação” a promoção de regimes abjectos.
A liberdade de associação está constitucionalmente garantida – e bem. Mas, por favor: não nos enfiem duas facas nos olhos dizendo que é uma operação às cataratas. O CPPC é um mero braço do PCP e não deve ser confundido com qualquer outra coisa. Após uma breve pesquisa na Net descobri que a câmara de Almada classificou o CPPC em 2015 como uma instituição de “organização e intervenção plural” e lhe atribuiu 2000 euros. E a câmara de Vila Nova de Gaia atribuiu-lhe mais 2000 euros em 2017, exactamente com o mesmo argumento da pluralidade e do “grande prestígio internacional”. Ora, isto não é sério. Aliás, é até uma valente palhaçada, e uma forma encapotada de financiar o PCP e as suas ideias. Assim não vale. O PCP que desvie dinheiro de uma rulote de bifanas da Festa do Avante! e financie ele mesmo o CPPC. Não é preciso riscá-lo do mapa das associações nacionais. Mas convém reconhecê-lo por aquilo que é: Conselho de Pura Propaganda Comunista
www.publico.pt

.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •