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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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03
Jun18

É deputado no parlamento da Alemanha e minimiza o holocausto chamando-lhe “cocó de pássaro”

António Garrochinho

HEIL! ALEXANDER HITLER GAULAND - ATUAL DEPUTADO NAZI DO PARLAMENTO ALEMÃO


É deputado no parlamento da Alemanha e minimiza o holocausto chamando-lhe “cocó de pássaro”, coisa pouca que assassinou pelo menos cerca 3 milhões de pessoas em campos de extermínio, sendo a maioria judeus.

O que se pergunta é como é possível que um monstro daquele calibre seja eleito para o parlamento alemão, assim como outros de igual ideologia, que com garbo se manifestam cúmplices de assassinos em alta escala da humanidade passados 70 anos, sem uma palavra de arrependimento, de reprovação pelos crimes cometidos contra a humanidade. Quer se queira quer não aquele Alexandre e os Alexandres seus parceiros constituem um perigo latente para a humanidade. Cabe à própria Alemanha, ao povo alemão, maioritariamente democrático e humanista, resolver o destino desses tais revelados apoiantes de crimes contra a humanidade, ilegalizando as suas atividades, legislando nesse sentido. Porque são esses energúmenos que se aproveitam da democracia para arregimentar apoios por via do populismo. Intrujando povos. 

Cada vez mais a ideologia nazi cresce na Europa e no mundo. Temos agora o caso de Itália, em que indivíduos comprovadamente da direita radical, populistas, tomaram posse e são governo. Não sendo caso único na Europa. Isso é indicio do que o futuro nos reserva porque quando nos apercebermos já estão com poderes e força suficiente para não conseguirmos, por via da democracia, derrubá-los, como aconteceu com Hitler, Mussolini, Franco e Salazar, que aproveitando-se do descontentamento dos povos instalaram ditaduras assassinas e transformaram a Europa num campo de batalha, aniquilando a democracia, as liberdades e os direitos inalienáveis dos cidadãos. Prendendo-os e assassinando-os se discordassem do rumo ditatorial e desumano das suas políticas. (PG)

Leia a seguir, da Deutsche Welle:

Líder populista de direita minimiza impacto do nazismo na história alemã

Para Alexander Gauland, da AfD, ditadura de Adolf Hitler foi “um cocô de pássaro” em mais de mil anos de história do país. Declaração causou indignação no meio político alemão.

O deputado e líder do AfD, Alexander Gauland em evento da juventude do partido. Declarações foram alvo de críticas de políticos de outras siglas.

O líder do partido populista de direita AfD, Alexander Gauland, minimizou neste sábado (02/06) o passado nazista da Alemanha apontando que Adolf Hitler e os nazistas não foram mais do que um "cocô de pássaro" na história alemã. 

"Hitler e os nacional-socialistas não foram mais do que um cocô de pássaro em mil anos de uma história alemã de sucesso", afirmou o político, que também lidera a bancada do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) no Bundestag (Parlamento alemão).

 "Reconhecemos a nossa responsabilidade por esses 12 anos”, disse ele, em referência à duração da ditadura nazista. "Mas nós temos uma história gloriosa, e ela, meus amigos, é bem mais longa que esses malditos 12 anos”, acrescentou.

As declarações foram feitas durante um encontro da juventude do partido em Seebach, no leste da Alemanha.

A fala de Gauland causou repercussão imediata no meio político alemão, tradicionalmente sensível em relação ao passado nazista do país. 

Annegret Kramp-Karrenbauer, a secretária-geral da União Democrata Cristã (CDU), o partido da chanceler Angela Merkel, condenou as declarações em entrevista ao jornal Die Welt. "Cinquenta milhões de mortos na Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, a Guerra Total. Chamar isso "cocô de pássaro” é uma bofetada na cara das vítimas e uma relativização do que foi feito em nome da Alemanha”, disse. "É simplesmente chocante que isso possa ser dito por um líder um partido supostamente cívico.”

Já o deputado do Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) Marco Bushmann disse à cadeia de jornais do grupo Funke que "qualquer político que deliberadamente tenta minimizar a ditadura nazista e o Holocausto dá uma indicação de quão sinistra é sua visão para a Alemanha”.

Polêmicas

Esta não foi a primeira vez que Gauland, um antigo político de 77 anos da CDU que passou para a AfD, faz comentários controversos que causaram indignação no meio político. Em setembro, durante a campanha eleitoral, ele disse que os alemães deveriam ter orgulho dos soldados que lutaram nas duas guerras mundiais.

"Se os franceses, e com razão, têm orgulho de seus imperadores, e os britânicos, do (almirante) Nelson e Churchill, então nós temos o direito de ter orgulho do desempenho de nossos soldados nas duas guerras mundiais", disse.

Em 2016, ele também provocou indignação ao atacar o zagueiro da seleção alemã Jérôme Boateng, que é de origem africana. Ele declarou que "as pessoas o acham um bom jogador de futebol, mas não querem um Boateng como vizinho".

Outros políticos do partido também ganham destaque regularmente por causa de declarações na mesma linha. Em janeiro de 2017, Björn Höcke, deputado da AfD no parlamento estadual da Turíngia, chamou o memorial do Holocausto em Berlim de "monumento da vergonha.

Em março, o então presidente da AFD no estado da Saxônia-Anhalt, André Poggenburg, se referiu a imigrantes turcos como "pastores de camelos" e "vendedores de cominho". Ele renunciou ao cargo pouco depois.

Criado em 2013 inicialmente como um partido eurocético, a AfD se metamorfoseou em uma sigla de direita populista após a crise dos refugiados de 2015, passando a adotar uma retórica antimigratória. No ano passado, o partido conseguiu entrar pela primeira vez no Bundestag ao levar 12,6% dos votos nas eleições federais. Hoje é a principal força de oposição ao governo Merkel e conta com 94 deputados.

JPS/ots | Deutsche Welle | Imagem DW com fotomontagem PG
PÁGINA GLOBALpaginaglobal.blogspot.com
03
Jun18

Merkel afasta perdão de dívida a Itália. E defende Fundo Monetário Europeu

António Garrochinho

Chanceler alemã diz que a solidariedade na Zona Euro passa por ajudar os outros países a ajudarem-se a si mesmo, afastando qualquer perdão de dívida. Apoia a criação do Fundo Monetário Europeu.

chanceler alemã afastou qualquer perdão de dívida a Itália, argumentando que o princípio da solidariedade entre os Estados membros da Zona Euro não deve passar pela transformação do bloco da moeda única numa união de partilha da dívida. Angela Merkel defendeu ainda a criação do Fundo Monetário Europeu, como propôs o Presidente francês.

“A solidariedade entre os parceiros do euro nunca deve levar a uma união da dívida, deve ser antes sobre ajudarmos os outros a ajudarem-se a si mesmo”, referiu Merkel numa entrevista ao Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung, citada pela agência Reuters, depois de questionada sobre os planos do Movimento 5 Estrela e da Liga Norte de pedir ao Banco Central Europeu (BCE) um perdão de dívida no valor de 250 mil milhões de euros.

“Irei abordar o novo Governo italiano de forma aberta e irei trabalhar com eles em vez de fazer especulações sobre as suas intenções”, disse ainda a governante alemã.

Na mesma entrevista, Merkel disse apoiar a ideia de transformar o fundo de resgate europeu no novo Fundo Monetário Europeu, com poderes para dar aos países membros em situação problemática linhas de crédito. O Presidente francês, Emmanuel Macron, já tinha defendido esta ideia, com o Fundo Monetário Europeu a funcionar como uma espécie de almofada para futuras crises na Zona Euro.

“Se toda a Zona Euro está em perigo, o Fundo Monetário Europeu deve ser capaz de assegurar crédito de longo prazo para ajudar os países. Esses empréstimos poderiam ser até 30 anos, com a condição de o país implementar haver reformas estruturais”, sublinhou.

“Além disso, posso imaginar a possibilidade de uma linha de crédito que seja de curto prazo, cinco anos por exemplo. Dessa forma seríamos capazes de colocar debaixo da nossa asa países que atravessem dificuldades devido a circunstâncias extraordinárias”, acrescentou.

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03
Jun18

Conheça as 7 comunidades mais isoladas do planeta

António Garrochinho


Nosso mundo é imenso e nele existem alguns lugares que estão realmente escondidos e isolados do mundo e às vezes podemos passar toda nossa vida sem sequer saber que eles existiam.


Para começar, assista ao vídeo abaixo, do canal IndexSe7e:


E para ficar ainda mais completo, veja agora mais algumas imagens de cada uma dessas comunidades.

7) Tristão da Cunha
A ilha é considerada um território ultramarino britânico.



6) La Rinconada, Peru



5) Palmerston, Ilhas Cook



 4) Oymyakon, Rússia



 3) Ilhas Pitcairn
A ilha é considerada um território ultramarino britânico.



 2) Ilhas Kerguelen
Pertencem à França.



 1) Ittoqqortoormiit, Groelândia






Mais isolado do que isto, só vivendo em uma casinha isolada no meio do nada!


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03
Jun18

VÁ AOS AÇORES

António Garrochinho

VÍDEO



Descubra os segredos do arquipélago dos Açores

Conheça um local onde água, fogo, beleza e saúde se reúnem na mais perfeita harmonia.


Descubra os segredos do arquipélago dos Açores, uma terra que brotou no meio do oceano para surpreender o mundo com sua beleza.

Primeiramente, vamos nos localizar:


Os Açores são um arquipélago transcontinental e um território autônomo de Portugal situado no Atlântico nordeste, dotado de uma autonomia política e administrativa, consubstanciada no Estatuto Político-Administrativo da região autônoma dos Açores. 

Os Açores integram a União Europeia com o estatuto de região ultraperiférica do território da União, conforme estabelecido nos artigos 349.º e 355.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.

Fonte Pesquisada:
https://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7ores

















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03
Jun18

R.D. Congo, um pesadelo no paraíso

António Garrochinho

Descubra a verdade sobre a exploração da República Democrática do Congo por grupos rebeldes, governos corruptos e interferência externa de países como os Estados Unidos e  seus aliados, Uganda e Ruanda.


Esse caos absoluto tem desempenhado no desencadeamento da maior crise humanitária do mundo, em pleno alvorecer do século XXI.

A República Democrática do Congo é o terceiro maior país em extensão territorial do continente africano , limitando-se com o Sudão (a nordeste), República Centro-Africana (ao norte), Congo (a noroeste e a oeste), com o enclave angolano de Cabinda (a oeste), Angola (a sudoeste), Zâmbia (ao sul), Tanzânia (a sudeste), Burundi, Ruanda e Uganda (a leste), além de ser banhado pelo oceano Atlântico (a oeste).


Sua população apresenta grande diversidade étnica, existindo mais de 200 etnias distintas. A economia nacional sofre as consequências dos conflitos armados no país: redução de investimentos estrangeiros, destruição de infraestrutura, inflação, entre outros aspectos. As principais riquezas nacionais são as reservas minerais, como diamantes, ouro, ferro e urânio.


Esse país tornou-se, nos últimos anos, foco de conflitos na região dos Grandes Lagos africanos, que foram agravados pelo envolvimento militar de países vizinhos. Mais de 6 milhões de pessoas já morreram em consequência desses conflitos.






Fotos acima [ano de 2016]: ajuda humanitária para uma região infestada por conflitos intermináveis, onde as famílias que fogem da violência muitas vezes têm de caminhar durante várias horas para encontrar abrigo em outro povoado.

Os habitantes do país sofrem com vários problemas socioeconômicos: a taxa de mortalidade infantil é uma das mais altas do planeta: 115 óbitos a cada mil nascidos vivos; o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de apenas 0,239, sendo a segunda pior média mundial; o analfabetismo atinge mais 32% dos habitantes; cerca 76% da população é subnutrida; a maioria dos habitantes vivem com menos de 1 dólar por dia, ou seja, abaixo da linha de pobreza.






Com estimativas populacionais entre 82 e 86 milhões de habitantes para 2017, a República Democrática do Congo é o quarto país mais populoso do continente africano, atrás apenas da Nigéria, Etiópia e Egito, e o décimo sexto no mundo.

É também a mais populosa nação francófona do globo [que possui o francês como a língua oficial], à frente da própria França. A população congolesa é composta, em sua maioria absoluta, por cerca de duzentos grupos étnicos, em especial da família Bantu [81% da população], sendo a etnia congolesa a mais comum [aproximadamente 1/3 dos democráticos-congoleses, em 2011]. Minorias étnicas importantes incluem ainda a Mangbetu-Azande, Mongo e Luba.


Fontes Pesquisadas:

https://brasilescola.uol.com.br/geografia/republica-congo.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_Democr%C3%A1tica_do_Congo
https://www.vice.com/pt_br/article/jpe9vk/fotos-milicia-republica-democratica-do-congo
https://www.icrc.org/pt/document/republica-democratica-do-congo-alimentos-para-sobreviver

Se você leu essa matéria até aqui e achou que a situação desse país é crítica, pode ter certeza de uma coisa: você ficará ainda mais chocado com o documentário abaixo. Saiba agora a verdade da tragédia de um país que nós, em grande maioria, sequer sabemos que existe:


VÍDEO



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03
Jun18

‘É proibido proibir’: Como o maio de 1968 mudou para sempre os limites do ‘possível’

António Garrochinho


A história costuma ser organizada nos livros e, consequentemente, em nossa memória e imaginário coletivo como uma série de eventos isolados e consecutivos, limpos, legíveis e claros – mas naturalmente que os fatos, enquanto acontecem, não se dão assim. A experiência real dos eventos históricos é muito mais confusa, amorfa, amontoada, emocional e complexa do que a organizada falação de um parágrafo.
Lembrar os eventos de maio de 1968 hoje é admitir e até admirar, pela própria natureza do que aconteceu em Paris há exatos 50 anos, esse aspecto caótico, anárquico, sobreposto e confuso da verdadeira face de qualquer época. A confusão de acontecimentos, direções, conquistas e derrotas, discursos e caminhos – todos, no entanto, direcionados a mudar a sociedade – é a herança mais importante das manifestações de maio de 1968 em Paris.
As revoltas estudantis e operárias que tomaram conta da capital francesa ao longo de algumas semanas no emblemático quinto mês do igualmente icônico ano de 1968 se deram como uma ferida que se abre de forma inclemente na face de sua época, para que todos a vejam antes das interpretações reducionistas, das simplificações parciais, das manipulações tendenciosas – ou, como bem disse o filósofo francês Edgar Morin, maio de 1968 mostrou que “o subterrâneo da sociedade é um campo minado”. Nem a esquerda nem a direita deram conta do significado e dos efeitos das revoltas, que completam cinco décadas como um símbolo da esperança de que um movimento popular possa de fato transformar a realidade – mesmo que de forma difusa e complexa.
Definir, portanto, o que foi maio de 1968, para além dos fatos, não é tarefa simples – da mesma forma que sofremos hoje ao tentarmos compreender e contornar os eventos das jornadas de junho de 2013 no Brasil. Assim como as manifestações que iniciaram naquele junho de cinco anos atrás começaram como um movimento contrário ao aumento de preço no transporte público e se tornaram uma onda de movimentos muito maiores, mais amplos, complexos e paradoxais, os eventos de Maio de 1968 em Paris partiram de demandas estudantis, exigindo reformas no sistema educacional francês. Embalados pelo espírito político da época e pelos protestos e enfrentamentos que tomavam conta de grande parte dos países do ocidente de então, maio de 68 se tornou algo mais simbólico, amplo e atemporal do que somente um debate sobre educação.
As demandas iniciais, partindo de estudantes amotinados no fim de abril na Universidade de Nanterre, no subúrbio de Paris, (e liderados por um jovem e ruivo estudante de sociologia chamado Daniel Cohn-Bendit, então com 23 anos) eram pontuais: por uma reforma administrativa na universidade, contra o conservadorismo vigente nas relações entre estudantes e com a administração, incluindo o direito de estudantes de sexos diferentes dormirem juntos.
Cohn-Bendit sentia, no entanto, que aquela revolta específica poderia se ampliar, e incendiar o país – e ele tinha razão. O que aconteceu no mês por vir iria paralisar a França e quase derrubar o governo, reunindo estudantes, intelectuais, artistas, feministas, operários e muito mais em uma mesma tomada.
A expansão do movimento se deu de forma veloz e urgente, feito faísca em pólvora, até alcançar uma greve geral de trabalhadores que balançaria o país e o governo de Gaulle, envolvendo cerca de 9 milhões de pessoas em paralisação. Enquanto as demandas estudantis eram um tanto filosóficas e simbólicas, as pautas operárias eram concretas e tangíveis, como a redução das jornadas de trabalho e aumento salarial. O que unia todos os grupos era mesmo a oportunidade de se tornarem agentes de suas próprias histórias.
As revoltas levaram Charles de Gaulle a convocar novas eleições para o mês de junho, e o presidente viria a vencer esse pleito, mas sua imagem jamais se recuperaria dos eventos – de Gaulle passou a ser visto como um político velho, centralizador, excessivamente autoritário e conservador, e o general, uma das figuras mais importantes de toda história moderna da França, renunciaria à presidência no ano seguinte, em abril de 1969.
Ainda assim, é hoje mais eficaz compreender a herança de maio de 1968 como uma revolução social e comportamental, mais do que uma revolução politica. Daniel Cohn-Bendit se tornaria figura símbolo dos fatos, através principalmente da icônica foto em que aparece sorrindo para um policial – que seria, para ele, a definição imagética de que a luta ali não era só política, mas também de vida, pela diversão, pela libertação, por aquilo que os fazia sorrir, do sexo às artes.
Acima, a icônica foto de Cohn-Bendit; abaixo, o mesmo momento sob outro ângulo
 
Após esse primeiro momento, a universidade de Nanterre acabou fechada nos dias seguintes, e diversos estudantes foram expulsos – o que levou a novas manifestações na capital, em especial na universidade de Sorbonne, que após uma grande manifestação no início de maio, acabou invadida pela polícia e também fechada. Passados alguns dias de um frágil acordo, que levou as universidades a serem reabertas, novas manifestações aconteceram, agora já com forte enfrentamento entre a polícia e os estudantes. A partir de então, o campo minado do subterrâneo da sociedade, citado por Morin, enfim explodiu.
Cenas de enfrentamento no Quartier Latin, nos arredores da Sorbonne, entre estudantes e policiais
A noite do dia 10 para o dia 11 de maio ficou conhecida como “Noite das barricadas”, quando carros foram virados e queimados, e os paralelepípedos foram transformados em armas contra a polícia. Centenas de estudantes foram presos e hospitalizados, assim como foram uma boa dezena de policiais. No dia 13 de maio, mais de um milhão de pessoas marcharam pelas ruas de Paris.
As greves, que haviam começado dias antes, não retrocederam; os estudantes ocuparam Sorbonne e a declararam uma universidade autônoma e popular – o que inspirou os operários a fazerem o mesmo, e o ocuparem suas fábricas. Até o dia 16 do mês, cerca de 50 fábricas estariam paralisadas e ocupadas, com 200 mil operários em greve no dia 17.
No dia seguinte, os números chegariam a mais de 2 milhões de trabalhadores – na semana seguinte, os números explodiriam: quase 10 milhões de trabalhadores em greve, ou dois terços da força de trabalho francesa, se juntariam aos estudantes em paralização. Um detalhe importante é que tais greves aconteceram contrariando as recomendações dos sindicatos – eram uma demanda dos próprios operários, que ao fim conquistariam aumentos salariais de até 35%.
Enquanto a classe operária francesa se juntava à luta, as multidões tomavam as ruas diariamente e cada vez mais, apoiados pelo Partido Comunista francês, com seus imaginários incendiados pela “Ofensiva de Tet” e o início da lenta derrota americana no Vietnã, enfrentando a polícia com pedras, coquetéis molotov, barricadas, mas também com slogans, cantos e pichações.
Do célebre “É proibido proibir” imortalizado em canção por Caetano Veloso por aqui, os sonhos, concretos ou simbólicos, tornaram-se pichações pelos muros da capital francesa, que perfeitamente significavam a amplitude das demandas que tomaram as ruas de Paris: “Abaixo a sociedade de consumo”, “A ação não deve ser uma reação, mas uma criação”, “A barricada fecha a rua, mas abre a via”, “Corram camaradas, o velho mundo está atrás de você”, “Debaixo do calçamento, a praia”, “A imaginação toma o poder”, “Sejam realistas, exijam o impossível”, “A poesia está na rua”, “Abraça o teu amor sem largar tua arma” e muito mais.
O presidente de Gaulle chegou a deixar o país e esteve perto de uma renuncia, assim como a possibilidade de uma revolução real e uma tomada de poder pelos comunistas parecia cada vez mais tangível. O general, no entanto, retornou a Paris e decidiu por convocar novas eleições, com as quais os comunistas concordaram – e assim a possibilidade de uma revolução política concreta foi deixada de lado.
A vitória do partido do presidente nas eleições foi massiva, mas não se tratou de uma vitória pessoal para de Gaulle, que viria a renunciar no ano seguinte. Os eventos de maio de 1968, no entanto, foram um ponto histórico incontornável na história da França e do ocidente até hoje – para lados diversos. Alguns os veem como a possibilidade de libertação e transformação conquistada pelo povo, nas ruas – outros, como a ameaça real da anarquia derrubando as conquistas democráticas e as bases republicanas.
A verdade é que ninguém até hoje deu conta de realmente explicar os eventos em sua totalidade – e talvez essa seja parte fundamental de seu sentido: não é possível defini-lo em um só gesto, adjetivo ou mesmo orientação política e comportamental.
Se as conquistas políticas foram tímidas diante da dimensão do movimento, as conquistas simbólicas e comportamentais foram e permanecem imensas: ali pode se dizer que também se plantaram sementes da força do feminismo, da ecologia, dos direitos homossexuais, de tudo que sublinhava o entendimento de que a revolução e as melhorias não deveriam se dar somente no escopo da política institucional, mas também na libertação da vida das pessoas – também no aspecto simbólico e comportamental.
A relação entre pessoas, com o estado, a política, o trabalho, a arte, a escola, tudo foi posto em abalo e revisão – e é por isso que a força daquele mês nas ruas de Paris permanece. Tratam-se, afinal, de demandas um tanto incontornáveis, que ainda carecem de olhares, mudanças, abalos. O próprio sonho de que a vida pode e deve ser diferente, e que essa mudança há de ser conquistada pelas mãos das pessoas, é o combustível que ainda se acende quando pensamos em maio de 1968 – um momento em que os discursos deixaram o aspecto frio e técnico da racionalidade e se transformaram em gestos, em luta, em ação. De certa forma tais revoltas empurraram a França na direção do futuro, e modernizaram as relações sociais, culturais e comportamentais que passaram a pautar o país.
Em meio à confusão de sentidos, desejos e acontecimentos que marcaram aquele momento, o filósofo francês Jean-Paul Sartre entrevistou Daniel Cohn-Bendit no próprio mês de maio – e dessa entrevista talvez seja possível retirar a definição mais efetiva e bela do que foi maio de 1968. “Existe algo que surgiu de vocês que assombra, que transforma, que renega tudo o que fez de nossa sociedade o que ela é”, diz Sartre. “Trata-se do que eu chamaria de expansão do campo do possível. Não renunciem a isso”. O entendimento de que o que era considerado possível, após a tomada das ruas, havia se expandido, e de que os sonhos, anseios, desejos e lutas poderiam almejar mais e melhores transformações foi, segundo Sartre, a grande conquista do movimento – e é, ainda hoje, seu maior legado.
VÍDEOS

Fotos: Jacques Haillot/Bruno Barney (Magnum Photos)/Gilles Caron/Reprodução/fonte:via
vivimetaliun.wordpress.com

03
Jun18

Sindicatos denunciam ilegalidade na véspera da greve dos ferroviários

António Garrochinho


Os efeitos da greve dos ferroviários desta segunda-feira já se começaram a fazer sentir e a CP começou a fazer substituições ilegais de trabalhadores, de acordo com a Fectrans.
Comboios parados na estação de Santa Apolónia
Comboios parados na estação de Santa Apolónia
A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN) afirma, numa informação à imprensa, que «na CP, são já visíveis alguns efeitos da greve no sector ferroviário, em defesa da segurança ferroviária e contra a redução da "tripulação" dos comboios, nos termos da nova regulamentação aprovada pelo Governo».
A estrutura acrescenta que os efeitos fazem-se sentir particularmente nos comboios de longo curso, «situação que se agravará mais para o final a tarde e que antecipa o que será o dia de amanhã – de supressão da quase totalidade da circulação ferroviária em Portugal – quer nos comboios de passageiros quer nos de mercadorias».
«Já se registou uma situação de um comboio (com origem no Porto e destino para Faro) que está a circular sem o acompanhamento do trabalhador de revisão, que foi substituído por um de outra categoria profissional, numa clara ilegalidade cometida por quem deu a ordem», acrescenta a Fectrans.
Os trabalhadores ferroviários da CP, Medway e Takargo cumprem amanhã o primeiro de três dias de greve, incluindo todo o tipo de trabalho nesses dias ou que transite de véspera.
Em causa estão as alterações ao Regulamento Geral de Segurança (RGS) que incluem várias alterações de conceitos, tal como o «agente único», que a pretexto da redução de custos de operação reduz o número de trabalhadores por comboios, possibilitando apenas um.
«A circulação de comboios só com um agente, põe em causa a segurança ferroviária - trabalhadores, utentes e mercadorias - e por isso é preciso que não subsistam dúvidas no Regulamento Geral de Segurança», lê-se no comunicado conjunto, assinado por uma larga frente sindical.
Os trabalhadores afirmam estar contra «todas as alterações que poêm em causa a segurança fevorriária», tanto dos utentes como deles próprios, frisando ainda que tais medidas de «desregulamentação do sector ferroviário tem por objectivo único reduzir custos operacionais para beneficiar os grupos económicos privados que já se perfilam para explorar comboios em Portugal».
Em Novembro, os sindicatos dos ferroviários suspenderam uma greve após terem acordado com o Governo que a redação do RGS iria ser negociada, de forma a garantir a segurança nos comboios. Porém, tal não aconteceu, tendo o Governo dado recentemente aval ao documento.


 www.abrilabril.pt

03
Jun18

A história do Jipe e da criação do “Jeep”

António Garrochinho


Veículo mais famoso do mundo, o modelo americano criado para a 2ª Guerra completa 75 de estrada



Dos carros, o mais valente. Das lendas, a mais viva. Das histórias, a mais completa. Do carisma, o maior. No dia 21 de setembro próximo, o Jipe (que não nasceu ´Jeep´...), veículo que divide o posto de automóvel mais famoso do planeta com o VW Fusca, completará 78 anos. E o mundo comemora! 

SAGA DE 60 DIAS

A data carimba o feito inimaginável engendrado pela American Bantam, de concluir – em apenas 60 dias (a partir da encomenda do Exército norte-americano) – um protótipo chamado ´Bantam Piloto´. Antes de a ideia ser esculpida no aço e finalizada com o veículo em perfeito funcionamento, a minúscula montadora que tinha apenas 15 pessoas na sua folha de pagamento, topou a parada e, do marco zero, em incríveis 11 dias, arranjou um sócio, criou e desenvolveu um projeto de um utilitário leve com tração 4X4 e o apresentou à instituição militar no prazo estabelecido. 

PENEIRA

Os militares americanos tinham pressa. A 2ª Guerra tomava vulto e a Alemanha já tinha no campo de batalha o Kübelwagen (derivado do Fusca) como ‘veículo leve de reconhecimento’. A Bantam precisava de alguém com capacidade para tocar o projeto relâmpago com o menor número de erros. Com habilidade diplomática, a fábrica conseguiu resgatar Karl K. Probst, competente engenheiro e designer que, num toque mágico, finalizou o desenho do carro a cinco dias da expiração do prazo. Das 135 indústrias que receberam o convite em 11 de julho/1940 para produzir 70 unidades experimentais, apenas a American Bantam e a Willys-Overland apresentaram o projeto 11 dias depois. A Ford também estava presente no momento da abertura dos envelopes, mas, curiosamente, não havia levado sugestão alguma. Como a Willys já sinalizara que não teria como apresentar o modelo pronto em mais 49 dias a partir dali, restou para a Bantam a glória de ser a criadora oficial do carro que um dia seria globalmente conhecido como ‘Jeep’. 



MÃO NA MASSA!

Praticamente sem descanso, o engenheiro Karl Probst junto com a sua equipe esculpiram a máquina atendendo às especificações do Exército americano, dentre elas, ter 585 kg de massa (detalhe praticamente impossível), portar guarnição de para-lamas que, de fato, protegessem os soldados da lama levantada pelos pneus, oferecer espaço para armamentos e combustível extra, provisões de acampamento e, claro, ter a robustez de um rinoceronte! Probst conseguiu, enfim, no dia 21 de setembro de 1940 concluir o carro. Após alguns testes ao redor da fábrica da Bantam, o primeiro jipe da história saiu rumo ao campo de provas Holabird no dia 23/9/1940. O modelo percorreu 368 quilômetros e manteve uma velocidade média de 40 km/h para amaciar o motor. Rompeu o portão do quartel exatamente às 16h30min, ou seja, a 30 minutos para o término do prazo! Foi aprovado com louvor. Com uma verba de pouco mais de 170 mil dólares, a Bantam teria que fabricar 62 carros com tração 4X2 e 8 unidades com tração – e direção – nas 4 rodas! A ousada empresa então começou a colocar no forno o Bantam Mark II, uma evolução do modelo Piloto. 

MULTIPLICAÇÃO

Como o projeto fora comprado pelo Exército dos Estados Unidos, as plantas originais da Bantam foram repassadas à Willys e Ford, daí surgiram as encomendas das primeiras 4.500 unidades (1.500 veículos de cada fabricante). Com habilidade, os militares forçaram uma junção do melhor que cada uma dessas marcas tinha, mas, com o passar do tempo, a Willys ganhou mais espaço na indústria por fabricar o mais potente dos Jipes. O Willys MA (´Model A´) tinha motor 2.2 (2.200 cm³) de 4 cilindros com 65 hp de potência, mais forte, portanto, que o Bantam 40 BRC (Bantam Reconnaissance Car / 1.8 e 45 hp) e o Ford GP (de General Purpose, do inglês, ‘Propósito Geral’ ), com motor 1.9 e 46 cv. Em setembro de 1941 a Willys ganhou um contrato maior, sendo a Ford contratada como segunda opção. A Bantam, criadora do modelo, ficou encarregada apenas de fabricar um trailer (reboque) de carga durante a 2ª Guerra. 









gazetaweb.globo.com
03
Jun18

A verdadeira história da princesa Qajair, “símbolo de perfeição e beleza”. Centenas a amaram; Vídeo

António Garrochinho

A história da princesa iraniana Qajair, que por incrível que possa parecer teve 145 pretendentes da alta nobreza, dos quais 13 se suicidaram após sua rejeição. Provavelmente o que assustou as pessoas, que se interessaram pela sua história, se dá ao fato de ela ter sido considerada o símbolo de beleza e perfeição.
Porém, sua história vai muito além disso.
O nome dela é Zahra Khanom é Tadj-Saltaneh, a princesa pertencia à dinastia Qajair (ou Kayar, segundo várias traduções), uma família real iraniana, com origem turca que ficaram no de 1785 até 1925, quando então foram derrubados pela dinastia Pahlavi.
Entre os anos de 1848 e 1896, Nasser al-Dim foi o rei do Irã a princesa Zahra Khanom é Tadj-Saltaneh era uma de suas filhas, uma mulher extremamente revolucionária para aquela época.
Ela foi casada e desse casamento teve quatro filhos como era o esperado para as mulheres de seu tempo, após alguns anos, ela se divorciou, algo inimaginável para aquele tempo e em uma sociedade como o Irã. Pouco tempo depois, acabou se tornando musa do poeta Aref Qazvini.
Zahra Khanom-Saltaneh Tadj lutou de forma incansável, pelos direitos das mulheres, e a criação da sociedade de liberdade das mulheres. Ela ainda era escritora, pintora e foi uma das primeiras mulheres a enfrentar os costumes e vestir roupas ocidentais no Irã.
Considerada por muito, uma mulher à frente de seu tempo, vários pesquisadores do mundo, buscam entender o modo com que ela pensa e assim compreender sua figura e o impacto que ela gerou e ainda gera na história.


VÍDEO








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03
Jun18

A TERRÍVEL UNIDADE 731 - ATENÇÃO CONTÉM IMAGENS CHOCANTES

António Garrochinho
Os terrores causados pelos campos de concentração nazistas são lembrados mundialmente, mas o Japão também contribuiu com diversas atrocidades e foram responsáveis por uma das mais terríveis e desumanas atitudes de toda a história:

O trabalho

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“Eu o cortei a partir do peito até o estômago, e ele gritou terrivelmente. Seu rosto estava todo torcido em agonia. Ele fez esse som inimaginável, estava gritando de maneira horrível. Mas, finalmente, ele parou. Isso foi apenas um dia de trabalho para os cirurgiões, mas realmente deixou uma impressão em mim, porque foi a minha primeira vez. ”
A Unidade 731 foi criada pelo governo japonês para estudar pragas, venenos, doenças e o funcionamento do corpo humano. Mas ao contrário de outros laboratórios científicos, eles tinham a liberdade para conduzir qualquer teste diretamente em humanos. Durante seus anos de atuação na Segunda Guerra Mundial, a Unidade 731 matou mais de 10 mil pessoas em seus testes, sendo o maior estudo em humanos já registado a história.
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A Unidade 731 infectava pessoas com doenças terríveis e depois as dissecava vivas para entender o que estava acontecendo dentro do corpo da vítima. Essa dissecação ocorria em locais precários, onde os corpos eram abertos com a vítima viva e sem anestesia. Os japoneses acreditavam que a anestesia poderia afetar os resultados dos exames. A maioria das pessoas morria enquanto seus órgãos eram arrancados de seus corpos.
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Outra iniciativa terrível da Unidade 731 foi o engravidamento forçado. Eles primeiro infectavam os homens com sífilis ou outras doenças sexualmente transmissíveis, depois os obrigavam a estuprar as prisioneiras do local. Com as mulheres grávidas, eles abriam o corpo delas durante a gravidez para entender melhor como a transmissão ocorria para o feto. As crianças sempre eram mortas nesses processos, assim como as mães.
Um dos estudos mais bizarros conduzidos pela Unidade 731 envolvia o congelamento de membros humanos. Eles usavam nitrogénio líquido para transformar o braço ou perna de alguém em um bloco de gelo, depois quebravam o membro com um porrete. Isso servia para estudar como as contusões funcionam com alguma parte do corpo congelada.

O acobertamento

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Ao final da Segunda Guerra Mundial, os EUA entraram no Japão como vitoriosos e descobriram tudo que aconteceu na Unidade 731. Mas junto com o governo japonês, os americanos resolveram não divulgar nada sobre esse experimento bizarro. Em troca do silêncio, os americanos tiveram acesso aos dados descobertos durante os testes.
A Unidade 731 era extremamente eficiente em seu trabalho, tanto que nenhuma das pessoas aprisionadas por eles sobreviveram, nem mesmo mulheres, crianças ou bebés. As histórias dessa Unidade de extermínio só vieram a público quando alguns dos participantes resolveram contar sua história, como o relato no segundo parágrafo desse texto.

minilua.com
03
Jun18

A ingovernabilidade burguesa do Brasil

António Garrochinho


por José Martins [*]
Uma verdadeira crise geral (catastrófica) sempre se apresenta sob duas manifestações principais. O derretimento da moeda nacional e o desabastecimento generalizado das mercadorias. Uma face econômica e outra social.

A economia brasileira ainda não vive nem uma nem outra porque não depende só de si e de seus desastrados capitalistas para realizá-las totalmente. Depende necessariamente da senha que virá da totalidade do sistema capitalista mundial.

De todo modo, enquanto ela não chega, os capitalistas brasileiros fazem de tudo para apressá-la. Ou pelo menos ensinar ao distinto público como se materializará esse abstrato conceito de crise catastrófica.

Lição mais recente: o locaute ( lockout, em inglês) nesta última semana das grandes empresas de transporte rodoviário – seguido fielmente pelos pequenos proprietários ("autônomos") de caminhões – passou para a atônita população do país uma pequeníssima amostra de como seria um desabastecimento generalizado de mercadorias.

A reclamação dos caminhoneiros tem fundamento. A equação dos custos e preços dos fretes não fecha. Cada vez menos encomendas de cargas, devido à paralização econômica nacional, preço dos insumos subindo, o resultado é a situação pré-falimentar do setor de transportes de cargas rodoviárias.

E a situação atual do setor só pode piorar. Quaisquer que sejam os acordos atuais que os caminhoneiros fechem com o governo. Não se trata de um problema técnico isolado do setor de cargas rodoviárias. A mesma ameaça de próxima falência já acontece para a grande maioria dos setores e empresas capitalistas do país. Esse é o fundamento da grave situação política atual.

O locaute ainda permanecia com força nesta segunda-feira (28). Entra no seu oitavo dia de paralização. Mesmo com os "acordos" de Temer, os bloqueios ainda continuam fortes. Talvez sejam interrompidos. Mas os estragos na ordem institucional já foram suficientemente grandes para abalar e apavorar ainda mais o espirito da parasitária burguesia brasileira.

Como a desprezível figura de Blairo Maggi, ministro da Agricultura do governo federal, proeminente líder da burguesia agrária nacional e parasitária do agronegócio. Ontem ele declarou taxativamente que o país está na iminência de grave conflito social. Ou, nas suas próprias palavras: "A economia brasileira está sendo asfixiada. Todos estamos na iminência de um grave conflito social. E a saída está na política, mas é necessário algum tempo. Muitos me perguntam o que vai acontecer, qual o final disso tudo. Eu não sei!!!" (Valor Econômico, 27/05/2018)

O "rei da soja" tem razão. A situação foge do controle do frágil governo Temer. O problema deles são as novas forças sociais que podem emergir na esteira do locaute dos caminhoneiros. Nesta manhã de domingo, por exemplo, chegou a notícia que a Federação Única dos Petroleiros (FUP) representante dos trabalhadores da Petrobrás, decidiu iniciar manifestações a partir de hoje e, à zero hora da próxima quarta-feira (30), iniciar uma greve de 72 horas.

A lista de reivindicações da FUP inclui cinco pontos, um deles é a demissão do presidente da companhia, Pedro Parente. Os trabalhadores pedem também a redução dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha; a manutenção de empregos e retomada da produção interna de combustíveis; o fim da importação de derivados de petróleo; e a desmobilização do programa de venda de ativos e de privatização promovido pela atual gestão da estatal. O comunicado, que foi enviado neste sábado (26) à direção da Petrobras, contesta também a presença de unidades das Forças Armadas em instalações da Petrobrás.

As motivações de uma greve operária são sempre muito mais consistentes que as motivações puramente corporativas de um locaute de pequenos e grandes proprietários privados.

Neste meio tempo, os trabalhadores da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) já cruzaram os braços no turno de 8 horas às 16 horas deste sábado, em solidariedade ao movimento de greve dos caminhoneiros, informou o Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS).

Se a greve for para valer, como as que a antiga e combativa FUP patrocinava antes da entrada dos neopopulistas burgueses (Lula e Dilma) no governo, a repressão será braba.

Uma boa greve operária sempre é reprimida brutalmente pelas forças policiais. Locaute não. Locaute é uma coisa, greve é outra. Locaute é de proprietário (grande ou pequeno, tanto faz), greve é de trabalhador assalariado produtivo. Basta ver a reação do governo atual para uma coisa, que durou até agora, ou para a outra, que deve iniciar na quarta-feira.

As manifestações da luta de classes assumem formas inesperadas. Ainda bem que seja assim. Se as coisas fossem mecanicamente previsíveis o Estado sempre encontraria formas de combater eficientemente e abortar as guerras e revoluções.

Aquilo que começou como um locaute da fração mais reacionária dos capitalistas nacionais e, de resto, em todo o mundo (grandes e pequenos proprietários de caminhões de carga) espalha-se espontaneamente para greves das frações mais combativas da classe operária.

O mais importante é o seguinte: independentemente da ampliação ou não do locaute dos capitalistas e das greves operárias, nas próximas semanas, os últimos acontecimentos indicam a irreversibilidade de nova e mais aguda etapa do processo de ingovernabilidade burguesa no Brasil.

Essa irreversível mudança de patamar da ingovernabilidade burguesa é o grande saldo dos últimos acontecimentos. Portanto, é neste processo de ingovernabilidade que deve ser centrada a análise.

Crítica da Economia tem acompanhado de maneira especial, nos últimos quatro ou cinco anos, os detalhes mais íntimos e precisos desta atual ingovernabilidade. Trata-se, portanto, de continuar esse trabalho, não perder o foco do que realmente interessa na situação atual da luta de classes no Brasil

Existem alguns fatos relevantes que aparecem com forças geradoras desta nova etapa de ingovernabilidade. Um deles, certamente o mais importante, é a capitulação do mercado à realidade de que a política econômica e de reformas neoliberais do governo Temer fracassou pesadamente.

E as empresas em geral, como observado acima, entram em regime pré-falimentar. O ufanismo dos capitalistas e da mídia do mercado metamorfoseou-se nas últimas semanas em indisfarçável pessimismo. A economia, que, nos últimos trimestres, se encontrava rigorosamente estagnada, no primeiro trimestre deste ano entrou no perigoso território abaixo de zero, de queda.

Essa queda deve aprofundar nos próximos trimestres. Segundo o último Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), um indicador antecedente que serve para o mercado como prévia do PIB, registrou retração de 0,13% entre janeiro e março em relação ao quarto trimestre de 2017. É o primeiro resultado negativo desde o último trimestre de 2016.

Os demais indicadores da economia são generalizadamente desfavoráveis ao capital instalado no país: forte desvalorização do real frente ao dólar; além da indústria, queda na atividade dos principais setores da economia como serviços, agricultura, minérios, etc; estagnação com tendência de alta do desemprego da força de trabalho (quase 30 milhões de brasileiros desempregados e subocupados); queda do consumo das famílias; deflação persistente dos preços e dos lucros operacionais das empresas, etc.

Esse agravamento da situação econômica era inesperado pelos economistas do mercado. Impacta de frente com os planos de reformas neoliberais e de privatizações do governo – principalmente da Petrobrás de Pedro Parente – digníssimo despachante dos fundos abutres e outras imundícies do sistema financeiro internacional.

E o mais importante: impacta catastroficamente nos já delicados esquemas de sustentação política do governo Temer e, principalmente, na eleição e posse de um novo presidente e novo Congresso – capazes de realizar a economia e as reformas que nem Rousseff nem Temer foram capazes.

Outro fato relevante com força geradora da nova etapa: a idealização de todos esses esquemas políticos encontra-se irremediavelmente comprometida sob o peso do reconhecido esfacelamento do tecido econômico de valorização das empresas – a própria realização da eleição ficou agora mais ameaçada do que nunca.

Detalhando um pouco mais os prolegômenos do processo real: na medida em que as variadas frações burguesas urbanas e rurais entram em pânico frente ao futuro econômico das suas empresas e das suas propriedades em geral – todos procuram ao mesmo tempo nos recursos fiscais e tributários do governo a solução para seus problemas. Para escapar da falência as variadas frações burguesas e imperialistas se dividem e se fragmentam em forças defendendo inarredáveis interesses particulares.

Por exemplo, a insolúvel discórdia entre uma parte dessas forças burguesas fragmentadas sobre o preço dos combustíveis, isenção de impostos e desonerações para empresas do setor, etc, é consequência direta do atual processo de derrocada estrutural das condições de valorização do capital no país.

A franco-maçonaria burguesa esfacela-se em conflitos intestinos e vê apodrecer sua capacidade de administrar os interesses das classes dominantes em sua totalidade. A fragmentação administrativa se alastra em todos os níveis do Estado. A população em geral não tem mais a mínima confiança nas instituições e seus representante superestruturais.

Neste quadro de crescente impasse institucional, a burguesia – e suas muito importantes ramificações orgânicas com Washington e demais potências ou instituições imperialistas – coloca na praça a possibilidade de nova e perigosa redefinição das peças no bagunçado tabuleiro institucional.

Há o reconhecimento crescente por essas classes proprietárias (nacionais e externas) que elas não são capazes desta vez de encontrar um candidato, como encontraram perfeitamente em Fernando Henrique e Lula da Silva em eleições passadas, para vencer a eleição, organizar o governo junto com o novo Congresso e, finalmente, realizar muitas reformas neoliberais e privatizações imperialistas.

Perdeu-se a ilusão da possibilidade de se criar um candidato/personagem que preencha nos cânones democráticos formais esses requisitos de um novo governo. Como observado acima, essa impossibilidade política decorre do fato que essa missão de resolver a crise reservada ao futuro presidente é impossível de ser realizada.

Ora, se na realidade não rola, apela-se para os espíritos. Para, por exemplo, o grande mito de um salvador da pátria. Assim, a burguesia e pequeno-burguesia brasileira são tomadas por um súbito sentimento de sebastianismo. Um retorno mítico a Dom Sebastião para organizar a ordem e o progresso da pátria amada esfacelada. Não mais de Portugal, mas do Brasil.

Existe, todavia, um problema. O Dom Sebastião da protoburguesia brasileira não passa de um mambembe e trôpego general de poluídas cinco estrelas, que já está circulando pela praça. Mas que quase não consegue mais se sustentar sobre as pernas e nem mesmo montar em seu cavalo manco.

Mas mesmo com essa caricatural figura, alimenta-se o clamor popular pela intervenção militar no processo constitucional nacional. Esse apelo a uma ditadura militar nos moldes das antigas dos anos 1960/70 é largamente difundido, por exemplo, entre os caminhoneiros que participam do locaute.

Mas o que faria esse D. Sebastião das casernas para destravar a economia? Absolutamente nada. Pelo menos nada que resultasse em algum tipo de mudança na complexa ordem atual. Os milicos dos "anos de chumbo" estão totalmente desatualizados para os problemas dos anos 2010/20.

Decretar novas reformas para empobrecer ainda mais a população trabalhadora? Mais ajuste fiscal para destruir de vez as finanças públicas? Isso não só agravaria ainda mais a situação econômica como a própria necessidade de repressão armada sobre a imensa população proletária dos morros, das comunidades, favelas, mangues e palafitas.

Além do mais, esse Dom Sebastião das sinistras casernas já está presente e agindo na realidade política brasileira atual. Está em todas as partes do território nacional, ora como Polícia Militar, ora como Força Nacional, ora como interventores, como no Rio de Janeiro, etc.

A grande mídia nacional, os produtores da cultura/entretenimento global de massa, artistas, atores, intelectuais da Universidade, o aparelho judiciário, a polícia federal, o próprio sistema eleitoral, as "leis antiterroristas", recentemente implantadas, o sistema presidiário, etc., compõem um aparelho repressivo muito mais poderoso, totalitário, do que a antiga ditadura militar dos anos 1960/70. A repressão necessária aos trabalhadores já está presente, é suficiente para as necessidades da democracia no Brasil.

E qual o resultado? Não estão dando conta nem da "pacificação" da cidade do Rio de Janeiro. E nunca vão dar. Nem a Rocinha foi ainda "pacificada" pela intervenção do covarde exército de Temer/Jungmann. É esse mesmo exército, que não tem um tostão em caixa, que vai dar conta de colocar um milico em cada esquina de cada cidade dos 8.516.000 km² do território nacional? Missão impossível.

Por último, mas não menos importante, muito pelo contrário. Na atual conformação econômica e geopolítica global destes anos 2010/2020, os estrategistas do império, centralizados principalmente em Washington, são um pouco mais responsáveis que as burguesias cucarachas que eles criaram e controlam na América Latina.

Dificilmente Washington dará a senha de autorização (como sempre fizeram no passado e no presente) a esses seus desesperados capachos brasileiros para essa aventureira tolice de romper em definitivo com a ordem constitucional e institucional do país. Nem mesmo "provisoriamente", com a promessa que a eleição foi apenas adiada "por algum tempo".

Esses estrategistas do império em Washington e alhures dificilmente bancarão essa idiotice de um mambembe sebastianismo tropical. Não porque eles sejam grandes beneméritos da paz. Muito pelo contrário, mas porque eles sabem de antemão que o cenário mais provável de um anacrônico e ineficiente regime militar na maior economia da América Latina apenas anteciparia a catástrofe social.

Sabem de antemão que a eclosão da guerra civil e a possibilidade de revolução no Brasil seria apressada com a ilusão burgo-imperialista brasileira, no desespero do atual vazio da ordem econômica e social em acelerado grau de putrefação, de tentar repetir agora o que eles fizeram com certa eficiência em 1964 e anos seguintes do século passado.

O que fazer então? Mesmo esses competentes estrategistas do Departamento de Estado e outras instituições da inteligência em Washington não sabem a receita a ser aplicada para seus vassalos burgueses brasileiros.

Tudo está em aberto. A única certeza é que um enorme vazio histórico é o cenário mais provável para o regime democrático e capitalista brasileiro.

E na esteira deste providencial vazio de fragmentações das classes dominantes e de apodrecimento de seu aparato militar e repressivo imperialista, a possibilidade da emergência material da velha toupeira, cheia de vontade para trabalhar e tentar, uma vez mais, revolucionar o mundo e enterrar para sempre essas velhas ordens e progressos de sufocantes pátrias e nações da civilização.


www.resistir.info 
03
Jun18

TREVOR COLE FOTOGRAFA OS PAPUA DA NOVA GUINÉ

António Garrochinho


Trevor Cole é um jornalista e romancista premiado começou no rádio, escrevendo anúncios para empresas locais em Simcoe, Cornwall e Ottawa, Ont. 
Ele fez a mudança para o jornalismo de revistas em meados dos anos 80 e acabou no The Globe and Mail, onde permaneceu por quase quinze anos. 
Como jornalista, ele ganhou nove prémios National Magazine e ainda escreve para revistas como Report on Business Magazine, Canadian Geographic, Macleans e Toronto Life.
Estas poderosas imagens capturam as tribos de Papua Nova Guiné que acreditam que estão possuídas com o espírito do crocodilo. O fotógrafo da Irlanda do Norte Trevor Cole tirou as imagens impressionantes durante uma reunião de tribos conhecidas como Sing-Sing. Aqui, os clãs se reúnem para mostrar suas próprias culturas, danças e músicas.

Os clãs se unem para mostrar suas próprias culturas, danças e músicas. (Foto de Trevor Cole / Media Drum World)

Imagens impressionantes capturam as tribos da Papua Nova Guiné durante uma reunião de clãs. (Foto de Trevor Cole / Media Drum World)

Uma das tribos retratadas é o Kangunaman, que tatuam as costas para se assemelhar a escamas de répteis. (Foto de 
kengarex.com

Os homens da temível tribo Kunai carregam lanças, arcos e machados. 
03
Jun18

Liberlândia, o "país mais livre do mundo" que já atraiu 800 portugueses

António Garrochinho


Vít Jedlicka, presidente da Liberlândia, participou nas conferências Horasis, em Cascais
Nasceu há três anos após pesquisa na wikipédia e hoje tem meio milhão de pessoas à espera de cidadania
Em terra de ninguém quem lhe deita a mão é rei. Foi o que fez Vít Jedlicka a um enclave de sete quilómetros quadrados entre a Croácia e a Sérvia. Hoje é presidente da República Livre da Liberlândia, uma nação autoproclamada que tem como missão ser o país mais livre do mundo.
Três anos depois da fundação, no dia 13 de abril "para coincidir com o aniversário de Thomas Jefferson", o país já tem 118 mil cidadãos elegíveis e mais meio milhão de candidatos em lista de espera. "Para ser cidadão é preciso ganhar méritos, através de propostas que beneficiem o país. Quem acumula cinco mil méritos torna-se cidadão", explica Vít Jedlicka em entrevista ao DN/Dinheiro Vivo, no âmbito da visita que fez a Portugal no início de maio.
O líder de um dos países mais pequenos do mundo, a par com o Mónaco e o Vaticano, foi um dos convidados das conferências Horasis, que juntaram em Cascais mais de 600 participantes, entre políticos, empresários e académicos. Durante os quatro dias do evento, Vít aproveitou para recrutar mais algumas dezenas de partidários da liberdade.
Liberlândia já conta com um representante oficial em Portugal e mais de 800 pedidos de cidadania. "São pessoas em busca de uma nova identidade, que não se sentem bem com os atuais modelos de governo que dominam o mundo. As pessoas hoje vivem sujeitas a demasiados impostos e demasiadas regras", sublinha.
A principal regra da Liberlândia é "vive e deixa viver" e os impostos não existem. "As pessoas podem contribuir livremente. Quem contribui com dinheiro ou com o seu esforço ganha méritos, ao contrário do que acontece nos outros países, onde não se recebe nada em troca. Aqui os méritos contribuem para a reputação dos cidadãos e funcionam como colateral do nosso sistema judicial."
Além do presidente, a Liberlândia conta com ministros das Finanças, do Interior e dos Negócios Estrangeiros. Apesar de ocupar um pedaço de "terra de ninguém", encontrado após uma busca na Wikipédia, o país não está totalmente livre de disputas territoriais. "Temos alguns problemas com a Croácia, que apesar de não querer aquele território, quer que ele pertença à Sérvia. Mas a Sérvia nunca o reclamou. Estamos a lutar pelo reconhecimento. Já há um partido croata que nos apoia".
Víc Jedlicka quer convencer os croatas com números. Garante que os mais de 500 mil candidatos à cidadania na Liberlândia são potenciais investidores, e que o desenvolvimento pleno da pequena nação à margem do Danúbio pode contribuir para um aumento do PIB croata de 1% por ano e uma redução "dramática" do desemprego" na região.
Para já, por questões de segurança, os poucos habitantes da Liberlândia vivem em barcos-casa, mas existe um plano para urbanizar o país, que prevê a construção de infraestruturas com capacidade para acolher até 340 mil habitantes.
Vít já tem data marcada para regressar a Portugal. Nos dias 19 e 20 de julho estará no Porto para participar no Anarchaportugal, o "primeiro colóquio do mundo para pensadores livres". O evento vai reunir na Alfândega os especialistas "mais livres do mundo" em temas como a tecnologia blockchain ou criptomoedas. A lista de oradores inclui Brittany Kaiser, uma das ex-funcionárias da Cambridge Analytica que denunciou a polémica de abuso de dados do Facebook.

www.dn.pt
03
Jun18

A AMANTE DO CELESTINO ...

António Garrochinho







O Celestino nasceu no Porto, lá para os lados da Areosa. Era empreiteiro da construção civil e bem - sucedido na vida. Tinha uma vivenda na Avenida da Boavista, com um relvado cheio de candeeiros, que abria de noite e que mais parecia a gare de um aeroporto. Também um lago, onde a estátua de um anjinho com uma bilha às costas, debitava água para um lago, onde nadavam pacificamente alguns peixes coloridos. 

A mulher do Celestino era a Ivone, que por muitos anos vendeu peixe no Mercado do Bolhão. Era frontal e quando furiosa, desatinava na sua veia portista e até o São Pedro  fechava as Portas do Céu, para não ter que ouvir a lírica da zaragata. Um dia, chegou-lhe aos ouvidos que o Celestino tinha uma amante e foi o fim. Lá em casa, atirou com uma jarra de flores contra um quadro de Gioconda adquirido numa feira em Santo Tirso, deu dois pontapés na mesa estilo Luís XV que comprou numa promoção num armazém de Rio Tinto e, de dedo em riste, fuzilou-o com o seu sotaque nortenho:


-  Meu grande sonso, ando eu aqui feita escrava a trabalhar, para tu andares por aí com uma pindérica … ah mas isto não fica assim, que eu quando a bir, eu bou-me a ela e enfio -lhe com um chicharro de quilo e meio nas trombas  …


O Celestino, apanhado de surpresa, não vacilou e ripostou:


- Óh mulher tu és mesmo burra, então um homem com o meu estatuto, com um Mercedes topo de gama, a construir seis prédios na avenida principal de Matosinhos, não havia de ter uma amante, tu não percebes mesmo nada das regras da etiqueta, olha que o nosso vizinho Felisberto, que é homem de grandes negócios aqui no Porto, também tem uma amante …


A Ivone amansou, a matutar nos argumentos do Celestino, mas com a sua curiosidade feminina, não descansou enquanto não soube quem era a concorrente. E um dia, viu-a ao longe, mirou-a, remirou- a, mas sem se aproximar regressou a casa.


Numa tarde de verão, quando a Ivone descia uma rua da Invicta, deu de caras com o vizinho Felisberto  de braço dado com a amante. Fez que não o viu, mas  olhou bem e com espírito crítico a companheira do Felisberto e à noite, quando o Celestino chegou a casa, deu-lhe um beijo apaixonado e exclamou entusiasmada:


- Celestino, estamos de parabéns, olha que a nossa amante é muito mais gira que a do Felisberto !!!



encontrogeracoesbnm.blogspot.com

03
Jun18

Nardi é a primeira mulher a vencer o Grande Prémio do World Press Cartoon

António Garrochinho


Liberdade de expressão - Nardi - Grande Prémio World Prémio Cartoon 2018
Pela primeira vez desde a sua criação, há 13 anos, o Grande Prémio do World Press Cartoon foi atribuído a uma mulher. A italiana Nardi arrecadou o galardão com um cartoon sobre a liberdade de expressão, obra que já tinha vencido na categoria de Cartoon Editorial (imagem princiapl deste artigo).
O primeiro prémio da categoria de Desenho de Humor foi para o sérvio Ub.
1Ub! - 1.° Prémio de Desenho de Humor - WPC 2018
O troféu para a Caricatura foi atribuído ao belga O-Sekoer, graças a um cartoon que representa Donald Trump.
O-Sekoer - 1.° Prémio de Caricatura WPC 2018
Aliás, o presidente norte-americano dominou a criatividade dos cartoonistas, durante o ano passado. Podemos mesmo dizer que Donald Trump monopolisou completamente os três andares do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainham onde os 281 desenhos da exposição estão patentes ao público até ao próximo dia 28 de julho.
Outra novidade deste ano é o facto de, ao final de 13 anos de existência, o salão internacional ter decidido abrir-se à participação de cartoonistas com desenhos publicados apenas na internet - reconhecimento do facto de que o espaço dado ao cartoon na imprensa escrita se reduz cada vez mais.

Prémio de Carreira para Augusto Cid

Momento inédito da gala deste ano foi a atribuição de um Prémio especial de Carreira ao cartoonista português Augusto Cid. Com mais de 50 anos de cartoonismo, o autor encontra-se num estado de saúde frágil e a organização do World Press Cartoon e o seu diretor, o também cartoonista António Antunes, decidiram assim prestar-lhe uma homenagem. Foi um momento emotivo, no anfiteatro do Centro Cultural das Caldas da Rainha, que deu origem a uma enorme ovação de pé, por parte do público.

pt.euronews.com
03
Jun18

03 de Junho de 1906: Nasce Josephine Baker, cantora, bailarina e filantropa.

António Garrochinho


Dançarina norte-americana, Josephine Baker, nome artístico de Freda Josephine McDonald, nasceu a 3 de junho de 1906, em Saint Louis, nos Estados Unidos da América. Aos 13 anos Josephine Baker deixou a casa dos pais e arranjou um trabalho como empregada de mesa, vindo mais tarde a integrar um grupo de dançarinos, a "JonesFamily Band". A sua estreia no palco deu-se no Teatro de Washington Booker T., uma casa de espetáculos de negros em St. Louis.

Com 18 anos, Josephine Baker já tinha saído do Missouri. Foi descoberta em Nova Iorque e chamada para dançar com diversos grupos, dos quais se destacam os "Folies-Bergeres", "Ziegfeld Follies" e "Le Negre Revue". Mais tarde, foi para Paris, onde a sua transformação começou. Josephine Baker foi rapidamente reconhecida como uma entertainer e uma dançarina, com características inconfundíveis: posições contorcionistas, performances cheias demovimento e variadas expressões faciais.

Durante os anos 30, Baker fez tournées pela Europa e gravou músicas no Columbia Records. Participou, também,em dois filmes, Zou-Zou e Tam-Tam Princess (A Princesa Tam-Tam). Em 1935 Josephine regressou aos Estados Unidos, mas o público não aceitou bem a graciosidade, estilo e sofisticação daquela bailarina negra. Casada desde 1920 com Willie Baker (o seu segundo marido), Josephine divorciou-se antes de voltar para França.

Dois anos mais tarde, em 1937, casou-se com Jean Lion e adquiriu a nacionalidade francesa.

Por altura da Segunda Guerra Mundial, com todos os preconceitos raciais existentes, a carreira da dançarina foi afetada e Josephine decidiu trabalhar, sob disfarce, para a Resistência Francesa. Tornou-se numa correspondente honrada e assumiu o posto de sub-comandante do Auxílio Feminino da Força Aérea Francesa.Em 1940 Baker mudou-se para Marrocos, regressando à França em 1944. Voltou para os EUA em 1948, onde se tornou numa ativista dos direitos civis.Voltou a França em 1954 com a intenção de criar uma família de crianças de diversas etnias, que Josephine tinha recolhido durante as tournées à volta do mundo. A dançarina chamou-lhes "Tribo Arco-Íris".

Nos seus últimos anos de vida Josephine Baker teve problemas económicos e de saúde. A 12 de abril de 1975,Baker morreu, quatro dias depois da abertura de Josephine, um espetáculo baseado na sua vida.

Josephine Baker. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagens)

File:Baker Charleston.jpg

Josephine Baker a  dançar o Charleston - 1926
Josephine Baker em Havana, Cuba, 1950
03
Jun18

03 de Junho de 1924: Morre o escritor checo Franz Kafka,autor de "Processo", "América", "Metamorfose".

António Garrochinho


Escritor checo de ascendência judaica e expressão alemã, Franz Kafka nasceu no dia 3 de julho de 1883, em Praga, cidade que na época pertencia à monarquia austro-húngara. Filho de um abastado comerciante judeu, Kafka cresceu sob as influências de três culturas: a judaica, a checa e a alemã.

Estudou Direito durante alguns anos, mas em 1917 contraiu a doença que constituía naquela época, o flagelo da humanidade, -a tuberculose-, que o acompanhou sempre durante o resto da sua existência.

A sua obra literária é essencialmente composta por romances e contos. Como contista Kafka aproxima-se do Expressionismo, sem que, contudo possa ou deva ser enquadrado em qualquer movimento literário. O cunho do seu "mundo" é o homem angustiado, obrigado a viver uma vida absurda, paradoxal, o homem solitário moderno, na sua angústia constante sem remédio. Situações e cenas ambíguas e grotescas transformam-se em representações  de sonho e de visão que, fazem lembrar o Surrealismo, que Kafka grandemente influenciou. A profundidade e a riqueza das suas parábolas, dos seus símbolos e dos seus motivos têm provocado, todavia, múltiplas e diferentes apreciações respeitantes ao valor real da sua obra No entanto Kafka é geralmente considerado como o renovador do género épico narrativo contemporâneo de repercussão universal. 

A Metamorfose (1916) narra o caso de um homem que acorda transformado em gigantesco insecto; O Processo(1925) conta a história de um certo Josef K., julgado e condenado por um crime que ele mesmo ignora;  em O Castelo (1926), o agrimensor K. não consegue ter acesso aos senhores que o contrataram. Estas três obras-primas definem não apenas boa parte do que se conhece até hoje como "literatura moderna", mas o próprio caráter do século: "kafkiano".

Autor de várias coletâneas de contos, Kafka escreveu também a avassaladora Carta ao Pai (1919) e centenas de páginas de diários. Deixou inacabado o romance Amerika.

Morreu no dia 3 de junho de 1924, num sanatório perto de Viena, onde estava internado com tuberculose. Desde então, o seu legado -resgatado pelo amigo Max Brod- exerce enorme influência na literatura mundial.

Fontes: Franz Kafka. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. 
wikipedia (Imagens)


Fotografia de Franz Kafka  (1906)
Arquivo: De Kafka Brief an den Vater 001.jpg
Primeira página da Carta ao Pai de Franz Kafka
03
Jun18

NICARÁGUA - SEIS MORTOS EM MAIS UM DIA DE SANGRENTOS PROTESTOS

António Garrochinho


Pelo menos seis pessoas morreram, incluindo um cidadão norte-americano, após os confrontos deste sábado na Nicarágua, adiantou a agência France Press, citando a Associação local para a Proteção dos Direitos do Homem (ANPDH).
Os protestos contra o presidente Daniel Ortega iniciaram-se a 18 de abril e degeneram em confrontos violentos com as autoridades. Mais de 110 pessoas já perderam a vida.
Um ativista antigoverno escondeu-se atrás de uma máscara para dizer aos jornalistas que "as pessoas estão cansadas e não querem nada mais da Rosário e do Daniel Ortega", respetivamente mulher e marido, vice-presidente e presidente da Nicarágua.
"Não nos vamos render" avisou o manifestante.
Os confrontos deste sábado tiveram maior incidência em Masaya, uma cidade cerca de vinte quilómetros a sul da capital e tida como um dos últimos bastiões sandinistas. Ali, registaram-se cinco mortos.
A vítima norte-americana é um homem de quarenta e oito anos, identificado como Sixto Henry Vera, proprietrio de um bar-restaurante e no meio da celebração do próprio aniversário terá sido alegadamente atraído para uma emboscada em Manágua.
A embaixador norte-americana na Nicarágua, Laura Dogu, disse que a morte de um compatriota gerou "grande preocupação" em Washington.
VÍDEO

pt.euronews.com
03
Jun18

A República dos sem-papéis

António Garrochinho

(António Guerreiro, in Público, 01/06/2018)
Guerreiro
António Guerreiro
Para um estudo de iconologia política da nossa época, uma imagem exibida nas televisões e nos jornais de todo o mundo fornece matéria fecunda. Trata-se da imagem de um jovem do Mali, que entrou no Palácio do Eliseu na sua condição de imigrante ilegal, sans-papiers, e à saída exibiu um conspícuo papier que, disse ele aos jornalistas num francês ainda pouco treinado, “me dá muito prazer, é a primeira vez que ganho um troféu como este”.
papier que ele recebeu das mãos do Presidente francês tinha o carimbo da “République française” e foi outorgado como diploma de um “Acte de Courage et de Dévouement”. Na véspera, o jovem do Mali tinha trepado quatro andares de um edifício, em menos de um minuto, arriscando a vida, para salvar uma criança que estava a cair de uma varanda. Alguém, entre os muitos transeuntes que assistiram à cena e aplaudiram no final a operação espontânea de salvamento, filmou com um telemóvel a impressionante performance atlética, de força, habilidade e equilíbrio, deste “super-herói” (como foi logo designado) e esse filme atravessou a França e o planeta. O dévouement, a abnegação, essa disposição que consiste em servir outrem ou uma causa, arriscando eventualmente a própria vida, é uma palavra bem conhecida da retórica republicana francesa. Compreende um “dom de si”, a renúncia e o sacrifício pessoal, e implica também uma exigência de obediência. A figura ideal do dévouement é uma forma superior de amor e gratuito que transcende a condição humana comum. Quanto à etimologia, a palavra deriva da forma latina devotio, O dévouement da filosofia política republicana é ao mesmo tempo um herdeiro da devotio romana e uma laicização da devoção religiosa. A França que aplaudiu este novo herói, saído dos contingentes de imigrantes indesejáveis, está cada vez mais surda aos hinos nacionais. Mas o Estado não quer de modo nenhum perder o monopólio da enunciação da identidade. E, assim, sob a aparência de prestar homenagem a um jovem imigrante clandestino, a República Francesa emite um diploma que é uma representação de si, exibida à Nação com o carimbo da República Francesa, homenageando-se a si própria e assegurando a eficácia política das imagens. O “super-herói” do Mali saiu do encontro com Emmanuel Macron como um francês honorário, francês reconhecido e diplomado pela República por “courage et dévouement”. No frente-a-frente com o Presidente, ele sobressaía pelas roupas informais, mas também por outra razão: tendo realizado uma performance física assinalável, passou a oferecer-se à observação segundo esse critério. E, neste aspecto tornado demasiado notório porque foi um motivo central do acto heróico, o corpo político republicano surge em clara desvantagem.
Exibido como exemplo à Nação que já teve um Ministério da Imigração, da Integração e da Identidade Nacional, o novo super-herói recebido no Palácio do Eliseu por Emmanuel Macron corre o risco de, servindo involuntariamente a retórica republicana do dévouement, prestar um bom serviço a uma biopolítica humanista que passa diplomas de “francidade” honorária a “super-heróis” que salvam crianças em queda iminente de um quarto andar, enquanto expulsa a multidão de anónimos sans-papiers e sem um papel com um carimbo de reconhecimento outorgado pela República. Não é difícil explicar este mecanismo: começa-se por reconhecer que há imigrantes que são heróis e acaba-se por exigir heroicidade dos imigrantes. É quase o mesmo que se passa com a cultura: descobre-se pontualmente a sua utilidade e acaba-se por exigir que ela seja sempre útil.


estatuadesal.com
03
Jun18

Uma vergonha .

António Garrochinho




E andam os contribuintes a pagar a capitalização dos bancos privados . Só falta pagar-lhe o avião privado
Jorge Jardim Gonçalves ganhou uma acção em tribunal contra o Banco Comercial Português, que lhe garante continuar a receber uma pensão de 167 mil euros por mês.

A notícia é avançada pelo Expresso, que dá conta que a decisão tomada pelo Tribunal de Sintra no início de Maio  confirmou ao ex-presidente do BCP a pensão milionária e o pagamento de várias despesas, como segurança, carro e motorista.

Jardim Gonçalves recebe 167 mil euros por mês desde 2005 e, de acordo com o jornal, deverá ainda ser compensado por gastos não pagos desde 2010. A excepção é um avião privado.
"As regalias que tinha e a pensão que recebo foram aprovadas pelos órgãos competentes e diziam respeito a todos os ex-administradores do banco", disse Jardim Gonçalves ao Expresso.

A acção judicial destinada a cortar a reforma de Jardim Gonçalves teve início em 2010. Em Maio de 2012, o Tribunal de Sintra considerou que não tinha competência para julgar este caso, posição confirmada pelo Tribunal da Relação de Lisboa em Fevereiro de 2013. O processo foi remetido para o Tribunal do Comércio, mas acabou por regressar ao Tribunal de Sintra, que agora tomou a decisão que será alvo e recurso por parte o BCP.

Como nestes sete anos os tribunais não decidiram, Jardim Gonçalves continua a receber uma reforma de quase 170 mil euros brutos por mês, sendo que quase um terço do valor (60 mil euros) é pago pelo fundo de pensões do banco, enquanto o restante corresponde a uma apólice de seguro, convertida num contrato de rendas vitalícias. 

Jardim Gonçalves só paga contribuição extraordinária de solidariedade (CES) sobre um terço dos cerca de 170 mil euros de reforma mensal.


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