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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

07
Jun18

O grau zero da demagogia argumentativa

António Garrochinho


Miguel Sousa Tavares é um comentador que ao longo dos anos foi ganhando fama de opinador desassombrado, por vezes polémico e, em geral, independente. Mas há pelo menos dois assuntos onde há muito deixou ter uma opinião lúcida e isenta.
Um são os problemas recorrentes do sistema bancário, pois recusando-se a dizer uma só palavra sobre as falcatruas do BES e do GES, o grupo financeiro onde pontificava o seu compadre Ricardo Salgado, deixou de ter credibilidade para criticar os desmandos dos outros banqueiros do regime.
O outro tema em que MST tem dificuldade em se pronunciar é o dos professores e das suas reivindicações. Movido, aparentemente, por um misto de rancor, desprezo e preconceito pela classe, o comentador favorito do grupo Impresa não consegue construir um discurso minimamente isento, sóbrio e equilibrado sobre a classe docente. Que não precisaria de ser a elogiar-nos ou a mostrar compreensão pelos nossos problemas e pelas nossas lutas. Bastaria apenas que tentasse perceber as causas e o contexto do actual conflito com a tutela, analisando a situação dos professores sem o recurso à mais rasteira demagogia.
miguel-sousa-tavares.JPG
Na verdade, quem ontem viu MST na SIC começou por ouvir, logo de início, esta argumentação extraordinária: se as operárias das fábricas de conservas de Rabo de Peixe não têm uma carreira, porque é que os professores a hão-de ter?
Depois atirou-se às progressões “automáticas” dos professores – uma mentira, basta pensar nos estrangulamentos da carreira no acesso ao 5º e 7º escalões – e três vezes mais rápidas do que a carreira do regime geral da função pública – outra mentira, a carreira docente tem é mais escalões, que por esse motivo são mais curtos. E foi concebida desta forma precisamente para facilitar a criação de entraves à progressão.
Acrescentou que os professores foram congelados na sequência de uma crise económica que se traduziu, no sector privado, na perda de centenas de milhares de empregos. Ora bem, este tipo de analogias pode ser feito de muitas formas. Vamos hoje percebendo que a crise financeira de 2008 foi provocada pela corrupção e negociatas de bancos e empresas do regime com políticos corruptos e gananciosos e pela gestão danosa e fraudulenta que reinava no sistema financeiro. E foi para ajudar a pagar este verdadeiro assalto ao orçamento do Estado organizado pelos empresários e banqueiros do regime que os professores viram os seus salários cortados e a carreira congelada. Não foi para preservar empregos de trabalhadores privados nem para melhorar os seus baixos salários.
Finalmente, na recta final do curto comentário, é o delírio argumentativo: a greve aos exames está-se a banalizar (na verdade foi usada apenas, e de forma muito limitada, em 2013), os alunos fazem exames mas não saem as notas, os pais levam os filhos “pa férias” sem saberem se passaram de ano nem que livros terão de comprar para o ano seguinte. Mesmo as escolas não poderão organizar as turmas do próximo ano lectivo. Aparentemente desconhecendo que as provas de exame estão sujeitas a serviços mínimos, remata o comentador: e o aluno que se preparou para o exame que não se realiza, como passará a encarar o professor que o mandou estudar?…

escolapt.wordpress.com

07
Jun18

OLHÓ AVANTE ! - HIPOCRISIA E VERDADE

António Garrochinho




Manuel Rodrigues 

Hipocrisia e verdade

Dizendo-se muito preocupado com o nível da taxa de natalidade em Portugal, o presidente do PSD, Rui Rio apresentou na passada segunda-feira o documento «Uma Política para a Infância» com medidas que estima possam custar entre 400 a 500 milhões de euros «em situação de cruzeiro».

Ora, conhecendo nós o modo como o PSD tem contribuído, no governo e fora dele, para o aumento do desemprego nomeadamente entre os jovens; conhecendo nós a convergência entre PS, PSD e CDS sempre que se trate de agravar a legislação laboral ou manter as suas normas gravosas com consequências nefastas na contratação colectiva, salários, horários, férias, vínculos laborais, condições de trabalho que tanto penalizam as famílias (como aconteceu ainda há pouco), ficamos a perceber quão «sinceras» são as preocupações de Rui Rio com a natalidade em Portugal.

Por sua vez, o PCP entregou na AR um conjunto de iniciativas que pretendem contribuir para a promoção dos direitos das crianças e também para a sua efectivação: alargamento do abono de família, com vista à sua universalização; reforço dos direitos dos pais no acompanhamento aos filhos, em situação de doença crónica e oncológica ou em situações de acidente; reforço dos cuidados de saúde primários, designadamente naquela que é a área da saúde infantil com a garantia de um médico e um enfermeiro de família ou até um pediatra nos cuidados de saúde primários, entre outras.

Questões como as da natalidade são, de facto, indissociáveis dos direitos das crianças e seus pais e só é possível resolvê-las com políticas que valorizem os trabalhadores, como faz o PCP. Mas, para o PSD, juntamente com PS e CDS, a prioridade é o défice orçamental, não é o défice demográfico, por mais que proclamem o contrário. E, sempre que estão em causa interesses do grande capital, as medidas vão todas para ele. 
À velocidade de foguete.

www.avante.pt



07
Jun18

PÃO PÃO QUEIJO QUEIJO

António Garrochinho

UM GRANDE VIVA AOS QUE PENSAM, AOS QUE LUTAM E RODEIAM OS OBSTÁCULOS APESAR DAS TENTATIVAS DE MANIETAÇÃO POR PARTE DAQUELES A QUEM NÃO CHEGA A AUSTERIDADE, A MISÉRIA, A DESGRAÇA..

SABEMOS QUE DÓI MUITO ENTENDER A VIDA COM TODOS OS PERCALÇOS E RATOEIRAS QUE ELA TEM, MAS É MELHOR SER DIGNO DO QUE PALHAÇO, CAPACHO, DE QUEM QUER QUE SEJA.

TUDO SE PASSA CÁ NESTA VIDA, NÃO HÁ OUTRA, E QUANDO UM DIA HOUVER UNIDADE, OS UIVOS, SERÃO DAS FERAS, DOS LOBOS DISFARÇADOS DE CORDEIROS, POIS JÁ NÃO TERÃO A CARNE DO REBANHO PARRA SE SACIAR.

LUTAR E SOBREVIVER, A REVOLTA É QUE TRAZ RESULTADOS MESMO QUE SEJA SOFRIDA.

ALERTA, ÀS ARMAS !


António Garrochinho
07
Jun18

Temos a certeza de que não temos população a mais?

António Garrochinho






No domingo à noite o atual comentador do regime, doutor Marques Mendes, protestava na SIC contra o líder do seu partido, o PSD: "Rui Rio não tem causas próprias, não tem uma agenda alternativa, não tem propostas diferentes das do governo", disse, no Jornal da Noite. "Parece uma muleta de António Costa", protestou.
Pois logo no dia seguinte a esta acusação, "bam!", o presidente do Partido Social-Democrata respondeu à crítica do antigo líder do mesmo partido e mandou cá para fora um slogan de campanha estrepitoso: o PSD propõe que, a partir de agora, os pais portugueses recebam dez mil euros por filho.
Lendo as letras miudinhas do documento elaborado por um conselho de sábios (explicado ontem pela jornalista Paula Sá, no Diário de Notícias) percebe-se que, afinal, estes dez mil euros seriam pagos faseadamente até a criança fazer 18 anos, o que diminui um bocado o entusiasmo inicial da ideia...
Ah!, também fui fazer as contas e como, afinal, Rui Rio pretende acabar com o abono de família, a conclusão é que as famílias mais pobres com direito a esse subsídio, se esta proposta fosse para a frente, passariam a receber, ao fim de 18 anos, menos seis mil e 700 euros pelo primeiro filho do que agora recebem, enquanto as mais ricas receberão mais 5200 euros... e isto já é um verdadeiro balde de água fria despejado sobre a bondade do articulado tricotado pelo "Conselho Estratégico do PSD", dirigido por David Justino.
Mas o projeto tem outros detalhes, relevantes, que incluem apoios ao aumento de creches em empresas, um pagamento de 429 euros às grávidas, aumento da licença de maternidade para 26 semanas e algumas outras ideias avulsas.
O pressuposto é este: combater o que Rui Rio define como "hemorragia demográfica".
Não podemos dizer que o tema da demografia seja propriamente inovador: todos os partidos portugueses, há anos, abordam o assunto e ainda há poucos dias o primeiro-ministro António Costa veio defender um aumento de imigração para ajudar a resolver a questão.
Sendo assim, e aplicando os critérios de boa oposição definidos por Marques Mendes, estas propostas não podem ser catalogadas como "causas próprias" do PSD, não definem uma "agenda alternativa" às dos outros partidos mas podem ser consideradas "diferentes" das do governo. Rui Rio acerta, portanto, um em três.
Mas mais importante do que validar as estratégias da politicazinha cá de casa ou mesmo da apreciação do mérito de cada uma das propostas partidárias que venham a existir para combater a "hemorragia demográfica", gostava de perceber melhor a dimensão e a previsão de consequências que essa diminuição e envelhecimento da população podem trazer.
Não me parece rigoroso ver o que se passou na última meia dúzia de anos. Para perceber com rigor o que se passa, temos de analisar ciclos maiores. Vamos ver os últimos 30 anos.
É totalmente verdade que cada vez nascem menos crianças em Portugal: em 1987 foram 123 mil, em 2007 102 mil e no ano passado 86 mil. Mas a população não diminuiu: em 1987 éramos dez milhões, em 1997 dez milhões e cem mil e em 2017 serão dez milhões e 300 mil.
Já lemos uma explicação para isto: o aumento da esperança de vida justifica a subida populacional. Há mais idosos, muitos deles reformados e pensionistas e, como diminuem os jovens, a sustentabilidade da Segurança Social e a pressão financeira sobre o Serviço Nacional de Saúde fazem temer uma rutura desses sistemas.
Mas isto não é ver, apenas, uma parcela do problema? Não estamos a analisar o futuro com pressupostos do passado?
Por exemplo: num mundo revolucionado pela Inteligência Artificial (IA) e pela automação, que aí vêm a toda a velocidade e que vão comer milhões de empregos, de forma imediata, a motoristas, caixas de supermercado, maquinistas, bancários ou, até, cirurgiões, será melhor ter exércitos de desempregados de longa duração, muitos deles jovens, do que uma legião de idosos reformados? A contração demográfica não pode ser uma ajuda para solucionar estes novos problemas? O aumento de riqueza e do PIB que essas novas tecnologias proporcionarão não deveriam ajudar a pagar as reformas dos mais velhos, em vez de pagar a inatividade dos mais novos? Não será isso, do ponto de vista das relações sociais entre gerações, entre classes, muito mais suportável?
Imaginemos, otimistas, que essa mudança no mercado de trabalho é compensada por um aumento de qualificação da juventude de tal forma sofisticada que permite arranjar novos empregos onde a IA não atua. Esse mundo, quase ideal, será, à luz dos critérios dos nossos dias, um mundo de produtividade superlativa.
Será que, neste caso, a equação sobre a demografia portuguesa muda? Ou será que o problema da Segurança Social e da Saúde deixa de se colocar porque as contribuições e os impostos destes trabalhadores e das suas empresas, numa economia superacelerada, superprodutiva, super-rentável, pagará com facilidade esse custo, mesmo que o número de reformados suba exponencialmente?
O que vamos enfrentar no futuro não se trata, antes, de um problema clássico de divisão da riqueza criada, em vez de uma tragédia social suscitada por uma "hemorragia demográfica"? Não estamos aqui a iludir o verdadeiro problema?
Voltemos a olhar para o ciclo de 30 anos: acontece que a população ativa portuguesa, a que pode fazer descontos para a Segurança Social e pagar impostos para a Saúde, subiu, de 1987 até agora, 419 mil pessoas, enquanto a idosa, a que recebe pensões e reformas, subiu 917 mil. A diferença, numa população média de dez milhões, é de apenas 498 mil pessoas.
É assim uma diferença tão dramática que uma gestão assisada dos recursos existentes não possa acomodar?
Afinal, o PIB per capita em 1987 era de 3318 euros e agora é de 17 964 euros, quase cinco vezes e meia mais... Isto não conta para a análise do problema?
Em média as mulheres portuguesas têm 1,23 filhos. As angolanas 6,2. Prevê-se que a população portuguesa, em 2050, seja de nove milhões e cem mil pessoas, a mesma que teve em 1975. A angolana, que ronda os 30 milhões, será nessa altura de 68 milhões, um valor inimaginável na história do país. Este é um exemplo do que se passa no mundo sobre a diferença demográfica entre países ditos "desenvolvidos" e os ditos "emergentes".
O mundo tem atualmente 7600 milhões de habitantes e prevê-se que em 2100 chegue a 11 200 milhões. Os recursos do planeta Terra não estão a chegar para alimentar a população terrestre. Mesmo o aumento da produção agrícola previsto não evitará a fome que atinge, atualmente, 805 milhões de pessoas. E não sabemos claramente se todos terão acesso a água potável ou energia. Sabemos é que o planeta, desde o ano passado, entrou em défice e que gastamos mais recursos naturais do que a Terra é capaz de produzir.
E as alterações climáticas aumentam ainda mais a incerteza...
O mundo precisa de controlar o crescimento demográfico - querer aumentá-lo, aqui ou noutros países desenvolvidos, com população envelhecida, não pode ser um erro fatal?
Depois há outro aspeto que não vejo normalmente analisado, a não ser do lado avarento que ameaça com mais cortes de pensões ou com subidas de idade para reforma: com o aumento da esperança média de vida, um homem ou uma mulher de 67 anos têm ainda muito para dar.
O aproveitamento que a sociedade faz destas pessoas tem de ser outro: eles e elas têm todo o direito a reformar-se e a libertar-se de uma série de deveres que a organização formal do trabalho implica. Mas também muitos deles e muitas delas têm desejo de usufruir da reforma de uma forma produtiva, ativa, participativa na vida familiar e social, com uma intensidade que as gerações passadas não conseguiam oferecer.
Seja como consumidores, como excursionistas, como turistas, como voluntários, como conselheiros, como educadores, como trabalhadores em part-time, como diretores de clubes ou associações, como autarcas, seja como for, a participação ativa destes milhões de indivíduos na sociedade produz uma riqueza económica adicional e traduz um contributo para o equilíbrio da vida social que tem de entrar na conta na forma como vemos hoje a demografia e que, no passado, quando falávamos dos "mais velhos", não tinha, de facto, a mesma equação.
Um "velho" de hoje vale economicamente e socialmente muito mais do que um "velho" do passado e, por isso, não podemos olhar para a demografia do século XXI como analisávamos a do século passado.
Portugal teve sempre uma população inferior a nove milhões de pessoas. Só em 1995 chegou aos dez milhões. Temos a certeza de que não temos população a mais?

Pedro Tadeu 


www.dn.pt
07
Jun18

KAMIKATSU- VEJA COMO ESTA CIDADE DO JAPÃO TRATA O PROBLEMA DO LIXO

António Garrochinho


No começo dos anos 80 quando começou a coleta seletiva de lixo em Curitiba, era um troço meio chato, mas só era falta de costume. Já aqui em Joinville o caminhão passava apenas uma vez por semana, agora não passa mais e não é porque os habitantes não cooperam, senão porque os recicladores levam antes, obedecendo uma regra implícita: se o saco de lixo está em cima da lixeira, efetivamente é lixo, se está encostado no muro, é reciclado. Mas diferente de Kamikatsu no Japão é tudo junto e misturado.


Kamikatsu: a cidade que (quase) não produz lixo
Os moradores deste povoado nas montanhas da ilha de Shikoku, no sudoeste do Japão, tem que separar o lixo em 45 categorias diferentes. No centro de coleta há caixas separadas para diferentes tipos de produtos: jornais, revistas, caixas, tampas de metal, garrafas de plástico, latas de alumínio, latas de aço, latas de spray, lâmpadas fluorescentes e assim por diante. Você pode pensar que isso é um exagero, mas os moradores de Kamikatsu têm uma meta para alcançar: desperdício zero, e sua barra de progresso já marca 80%.
Kamikatsu: a cidade que (quase) não produz lixo
Originalmente, Kamikatsu eliminava o lixo como qualquer outra cidade pequena ao redor do mundo: como não tinha aterro sanitário, jogavam na natureza ou queimavam em suas casas. Mas a queima de lixo produz uma enorme quantidade de gases de efeito estufa e os aterros sanitários poluem o meio ambiente. Então o pessoal decidiu mudar e em 2003 introduziram o conceito de "Lixo Zero".
Kamikatsu: a cidade que (quase) não produz lixo
No começo, foi difícil para todos. Lavar e separar o lixo tornou-se uma tarefa tediosa e demorada. Garrafas de vidro e plástico devem ser liberadas de suas tampas e classificadas por cor. Garrafas plásticas de molho de soja e óleo de cozinha devem ser mantidas separadas das garrafas PET que antes continham água mineral e chá verde. Qualquer plástico ou papel envolvendo as garrafas deve ser removido. Jornais e revistas têm que ser empilhados em pacotes limpos e amarrados com um fio. As regras são inumeráveis.
Kamikatsu: a cidade que (quase) não produz lixo
Não há caminhões de lixo para coletar o lixo das casas, então os moradores devem levar seu próprio lixo para o centro de reciclagem. Os trabalhadores do centro então se certificam de que o lixo foi classificado corretamente e se foi colocado no recipiente correto.
Kamikatsu: a cidade que (quase) não produz lixo
Roupas usadas, de cama, bijuterias e outras coisas que as pessoas não precisam mais podem ser levadas até a loja de reciclagem e trocadas por outros itens que outros deixaram, sem nenhum custo. No final da rua, há uma fábrica local onde as mulheres da cidade produzem itens com os resíduos, como ursos de pelúcia de velhos quimonos.
Kamikatsu: a cidade que (quase) não produz lixo
O que originalmente era um fardo enorme tornou-se um modo de vida em Kamikatsu. As pessoas começaram a olhar para o lixo de maneira diferente. Eles se tornaram mais conscientes do que comprar, como usar e como descartar as coisas. Um dono de loja em Kamikatsu disse que desde que o programa começou, ele começou a comprar coisas que só são enviadas em caixas de papelão para que as caixas possam ser usadas para embalar outras coisas.
Eventualmente, a pequena cidade de pouco mais de 1.700 pessoas se tornou tão boa em reciclagem que apenas 20% do lixo produzido vai para o aterro, mas eles esperam eliminar até mesmo isso até 2020.

VÍDEO




www.mdig.com.br

07
Jun18

FREGUESIA DE SANTA BÁRBARA DE NEXE

António Garrochinho



FREGUESIA DE SANTA BÁRBARA DE NEXE.
Multibanco de Bordeira – Ameaça de Encerramento

Perante nova intenção de encerramento do multibanco em Bordeira, por parte do Montepio, fundamentada com um número insuficiente de operações que justifiquem a manutenção deste serviço, a Junta de Freguesia de Santa Bárbara de Nexe solicitou a intervenção do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Faro, Dr. Rogério Bacalhau, e oficiou o Presidente do Conselho de Administração do Montepio, Dr. Carlos Manuel Tavares da Silva, para lhe apelar à sua pródiga intervenção para a manutenção em funcionamento de uma caixa de multibanco que serve uma localidade que não dispõe de outra, que tem clientes no balcão do Montepio em São Brás de Alportel e cuja população idosa necessita deste serviço.
Apelamos também à população, nomeadamente a quem for cliente do Montepio, que protestem e lhes transmitam o desagrado perante esta intenção.

07
Jun18

tive asas

António Garrochinho



tive asas, esperanças, fermento
na juventude e mais além
agora penas
penas que doem, que não voam
mas ainda o sonho
acreditando que chegará o tempo
e mesmo que as esperanças doam
é nele que deposito e ponho
o pouco do meu alento


António Garrochinho

07
Jun18

Catwalk

António Garrochinho



Ontem, numa conversa com alguém que foi modelo até há pouco tempo, perguntei por que diabo as modelos fazem sempre uma cara ”grave”, quase zangada e muitas vezes triste, sem um sorriso, ao desfilarem nas passerelles.
A resposta confirmou um rumor que eu já ouvira, mas que não tinha a certeza de ser verdade. Salvo em situações excecionais, é pedido às modelos que não sorriam porque isso poderia distrair quem vê a passagem de modelos do objeto em que se pretende que atenção esteja concentrada: o vestuário.

07
Jun18

07 de Junho de 1654: Coroação de Luís XIV , "o Rei Sol".

António Garrochinho


Monarca francês que reinou entre 1643 e 1715. Nasceu a 5 de setembro de 1638, em Saint-Germain-en-Laye, emFrança, e morreu a 1 de setembro de 1715, em Versalhes. Continua a ser o símbolo da monarquia absoluta do período clássico, para além de ter ficado conhecido na História como "o Rei Sol".Quando o seu pai morreu, tinha apenas cinco anos. Por esse motivo, durante a sua menoridade, o país foi governado pelo cardeal Mazarino, um dos colaboradores mais dedicados de Richelieu. Quando atingiu a maioridade, Luís XIV fez triunfar definitivamente o absolutismo monárquico em França. Ou seja, só ele reinava e administrava. Esse poder não era apenas absoluto em si mesmo, era também absoluto em todos os domínios da governação pública. Estendia-se à vida social,política, económica, cultural (ao nível das Artes e das Letras) e religiosa.  A coroação e sagração de Luís ocorreram em 1654, na Catedral de Reims,  cujo arcebispo detinha o direito de coroar o novo rei. 

A nível internacional, participou em algumas guerras, entre 1667 e 1697, que resultaram na expansão das fronteiras orientais da França, e, em 1701-14, envolveu-se numa coligação, com o objetivo de assegurar o trono espanhol ao seu neto.Luís XIV foi, de certa forma e algumas vezes, um tirano, mas, nas palavras de Voltaire: "O seu nome nunca poderá ser pronunciado sem respeito e sem evocar a imagem de uma época eternamente memorável."

Luís XIV, organizou a etiqueta da vida cortesã num modelo que os seus descendentes seguiram à risca. Outro traço marcante para a cultura da época e que é parcamente citado em biografias sobre o Rei-Sol é o fato de ele ter lançado a moda do uso de elaboradas perucas, costume que se prolongou por no mínimo 150 anos nas cortes europeias e nas colónias do novo mundo. Construiu o Palácio dos Inválidos e o luxuoso Palácio de Versalhes, perto de Paris, onde faleceu.

Luís XIV. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagens)
Ficheiro:Pierre Mignard (after) - Louis XIV with dark full-bottomed wig and armour.jpg
Luís XIV - Pierre Mignard

Ficheiro:Louis le Grand; Rigaud Hyacinthe.jpg
Luís XIV em 1701 - Hyacinthe Rigaud
File:Louis XIV of France.jpg


 Luís XIV, o Rei-Sol em trajes de coroação-Hyacinthe Rigaud


07
Jun18

se tiver....

António Garrochinho


se tiver dinheiro como atum
se tiver dinheiro como a carne com chorum
se tiver dinheiro amenizo no estômago as dores
para que raio preciso eu
dos pescadores
dos agricultores
e essa cambada de analfabetos
que apanham peixe
criam recos
se tiver dinheiro
só me resta mastigar
e escarrapachado na poltrona
no meu xalé
observar toda a "fona"
dos inúteis
da ralé
António Garrochinho

07
Jun18

07 de Junho de 1883: É inaugurado o Expresso do Oriente

António Garrochinho


Foi inaugurado no dia 7 de Junho de 1883 o comboio que ligava Paris a Constantinopla, hoje Istambul, passando por Munique, Viena e Belgrado. O Expresso do Oriente, o mais luxuoso da Europa, era equipado com vagões- cama, salões de estar e um restaurante de alta gastronomia e levava cerca de três dias para percorrer os 3.186 quilómetros de extensão. O famoso comboio inspiraria numerosos escritores como Agatha Christie, Paul Morand e Paul Valery. 


Desde a inauguração em 1883 até hoje, a rota foi alterada muitas vezes, seja por logística ou por questões políticas. O Expresso do oriente foi considerado um dos  comboios mais luxuosos do mundo, com passageiros que incluíam desde burgueses milionários até membros da aristocracia europeia. 

 

A ideia de criar um serviço de passageiros que ligasse a Europa ocidental ao Sudeste Asiático surgiu de Georges Nagelmackers, criador da francesa Compagnie Internationale des Wagon-Lits. A companhia, criada em 1872, tinha sido a primeira na Europa a introduzir vagões-dormitório e vagões-restaurante nas composições, ideia já colocada em prática nos Estados Unidos por George Pullman. 


À época, o comboio saía duas vezes por semana da Gare de l'Est, em Paris e chegava à cidade de Giurgiu, na Roménia, passando por Estrasburgo, Munique, Viena, Budapeste e Bucareste. De Giurgiu, os passageiros eram transportados através do Danúbio para a cidade de Ruse, na Bulgária. Daí havia outro comboio que os levaria até Varna, onde poderiam tomar um ferry para Istambul. 


Em 1885 o Expresso do Oriente já contava com saídas diárias de Paris até Viena. De lá, além das duas saídas semanais até Giurgiu, criou-se uma alternativa, que saía de Viena até Nis, na Jugoslávia, passando pela capital Belgrado. De Nis, os passageiros cruzavam a fronteira e eram levados até à cidade de Plovdiv, onde faziam o transbordo para outro comboio até Istambul. 


Em 1889 a linha é finalmente completada. Nessa época, o serviço diário de Paris passou a ir até Budapeste. Em 1891 o nome foi oficialmente mudado para Expresso do Oriente. 



Em 1914, o serviço do comboio foi interrompido devido à guerra. Em 1919 foi inaugurado o túnel Simplon, que ligava a Suiça à Itália, possibilitando uma rota alternativa para Istambul. Foi então inaugurado o serviço Simplon Orient Express, que passava por Lausanne, Milão, Veneza e Trieste, juntando-se à rota original em Belgrado. Uma das características deste novo trajecto consistia no facto de que a Alemanha era evitada.  


Na década de 1930 o Expresso do Oriente atingiu seu ponto máximo, com três serviços que atravessavam a Europa: o Expresso do Oriente original, o Simplon Orient Express, e o novo Arlberg Orient Express. Este seguia de Paris a Budapeste passando por Zurique e Innsbruck, com vagões seguindo tanto para Bucareste como Atenas. Nessa época Londres já era servida pelo Simplon. Os passageiros eram levados por comboios da British Southern Railway da estação Victoria até Dover, de onde tomavam um ferry para Calais. A partir daí eles seguiam de comboio até à estação Gare de Lyon, em Paris, onde os vagões eram acoplados à composição do Simplon. Foi nessa época que o Expresso do Oriente adquiriu a sua fama de comboio de luxo, prestando um serviço de primeira linha para os seus passageiros que incluíam membros da realeza, diplomatas, milionários e personalidades de destaque. 


A Segunda Guerra Mundial novamente interrompeu os serviços. Apenas em 1945 tudo foi normalizado. Muitos países do bloco socialista do Leste Europeu resolveram trocar os vagões da Wagon-Lits pelos de suas próprias companhias, causando uma queda na qualidade do serviço. 


Em 1962 tanto a rota original tanto do Expresso do Oriente quanto a do Arlberg Orient Express são colocados fora de circulação, deixando apenas o Simplon Orient Express. No mesmo ano este também é retirado, sendo substituído por um serviço mais lento, chamado de Direct Orient Express. Em 1977 o Direct sai de circulação. A última viagem de Paris a Istambul acontece em 19 de Maio de 1977. Apesar de boatos de que o Expresso do Oriente tinha terminado, parte de sua rota original é reactivada, num serviço sob o nome original de Orient Express. No período entre 1977 e 2001, ele saía de Paris indo até Budapeste, com poucas saídas para Bucareste. A partir de então os comboios tinham vagões franceses, austríacos, húngaros e romenos, sendo todos atendidos por funcionários da Wagon-Lits. 


O Expresso do Oriente, devido à sua fama, já foi citado em alguns livros e filmes. Uma das referências mais conhecidas está no livro Crime no Expresso do Oriente, escrito por Agatha Christie. Nesta história, o detective Hercule Poirot desvenda um crime cometido a bordo do Simplon Orient Express. 


Outra referência é encontrada no livro O Expresso do Oriente, escrito por Graham Greene. Nos filmes, o Expresso do Oriente é citado no From Russia With Love, de Ian Fleming, assim como na versão de 2004 do filme A Volta ao Mundo em Oitenta Dias, entre outros. 

Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
Cartaz do Expresso do Oriente


VÍDEO




07
Jun18

07 de Junho de 1848: Nasce o pintor Paul Gauguin.

António Garrochinho


No dia 4 de Abril de 1891, o pintor Paul Gauguin embarcou para o Taiti em busca de novas inspirações e sensações. O artista estava então no auge da fama e havia levado a efeito uma primeira revolução pictórica. A sua viagem iria ocasionar uma novidade e mudar a visão das pessoas sobre a Polinésia.


Paul Gauguin nasceu a 7 de Junho de 1848 na família de um jornalista republicano. Tinha como avó materna Flora Tristan, uma militante operária que reivindicava uma origem peruana e se dizia filha adulterina de Simón Bolívar. O seu pai, obrigado a exilar-se após o golpe de Estado de Luis Napoleão Bonaparte, levou a família a uma estadia de vários anos em Lima. Por força dessa experiência, o pintor cultivaria ao longo da sua existência supostas “origens incas".


Ao  aproximar-se dos 30 anos, Gauguin - empregado de uma casa de câmbio e pai de 5 filhos -  abandona o trabalho e depois a família para se dedicar plenamente à pintura. Ele chega a participar dos últimos lampejos do impressionismo para em seguida comprometer-se com a arte  simbolista e decorativa. Em busca de novas sensações,  estabelece-se em 1886 na Bretanha, onde se encontra com outros pintores de vanguarda.


Ao simplificar os seus desenhos e cores e ao abandonar o modelo e a perspectiva, o pintor  afasta-se da imitação da natureza. O seu estilo é adoptado pelos jovens artistas da escola de Pont-Aven, entre os quais Emile Bernard e Paul Sérusier, dando origem ao movimento dos ”Nabis”.


Em 1888, após uma viagem aventurosa pela América do Sul, Panamá e Martinica, Gauguin recebe a proposta de Vincent Van Gogh para se juntar a ele em Arles, na casa onde o pintor projectava criar o “Atelier do Meio Dia”. O encontro viria a ser marcado por discussões a ponto de Van Gogh, num momento de desespero, ter cortado a orelha.

De volta a Paris, Gauguin aproveita a venda de algumas telas para organizar a sua viagem ao Taiti.

No Taiti, colonizado pela França, o pintor buscou entre os indígenas maoris novas fontes de inspiração. Porém, a realidade trivial  decepciona-o e ele regressa à Europa em Julho de 1893.


No entanto, dois anos mais tarde, ele retorna ao Taiti e em Agosto de 1901, às Ilhas Marquesas, ainda virgens e distantes da civilização ocidental. Nos seus refúgios na Polinésia Francesa, Gauguin  comporta-se como um colono comum, reivindicativo em relação à administração, menosprezando os indígenas, amante do álcool e apreciador de mulheres jovens.


As suas pinturas e esculturas representam o amor triste e os olhos vagos dos indígenas. Marcadas de pontos de interrogação – de onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? – elas traduzem as angústias de uma cultura em crise. Morre na miséria, abatido pelo alcoolismo, em 8 de Maio de 1903, nas Ilhas Marquesas.

Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
File:Paul Gauguin 1891.png
Gauguin cerca de 1891
File:Paul Gauguin 044.jpg
A Sesta - Paul Gauguin
Paul Gauguin 056.jpg

Mulheres de Taiti na Praia -  Paul Gauguin

07
Jun18

Laicidade

António Garrochinho




O niqab e da burka, proibidos em França desde 2010, em lei que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos considerou não contrária à Convenção Europeia dos Direitos Humanos, foram agora, em 31 de maio, igualmente proibidos em locais públicos, pelo parlamento dinamarquês, por uma lei aprovada com 75 votos a favor e 30 contra.

A Dinamarca, que acaba de juntar-se a outros países europeus, teve a reação adversa da Amnistia Internacional à aprovação da proposta de lei, afirmando que a medida é uma violação ao direito das mulheres.
É difícil fugir das nossas próprias contradições e exonerar das tomadas de posição todos os preconceitos. Neste caso, agora, como no passado, apoio a posição dinamarquesa e discordo da AI, convencido de que a referida lei defende a liberdade.
Contrariamente a muitos dos meus amigos e leitores, não sou apenas contra a exibição dos adereços pios de natureza islâmica, sou igualmente contra a exposição das vestes de freiras, padres, bispos, frades, etc., em espaços públicos onde apenas as fardas militares, policiais ou de bombeiros devem ser as exceções e, eventualmente, músicos das bandas. Não aos médicos e enfermeiros de bata, advogados de toga ou juízes de beca.
Ignoram muitos, ao que parece a própria Amnistia Internacional, que, por cada mulher que deseja usar o niqab ou a burka, há dezenas constrangidas a fazê-lo, incitadas pelos maridos, muitas vezes com fins provocatórios. O vestuário religioso não é um adereço da moda, é apanágio de sociedades tribais que subjugam e humilham a mulher.

Discordo dos juramentos para cargos públicos sobre livros ditos sagrados, e defendo a liberdade de ordenação de padres ou a sagração de bispos, que os torna funcionários de um Estado estrangeiro, sem obrigação de jurarem a Constituição da República. Respeito a liberdade religiosa.

A razão por que as repartições públicas não devem ostentar símbolos religiosos é a que permite celebrar nos templos a liturgia, sem bandeira nacional ou foto do PR, e encerrar os ritos sem o hino nacional. É a separação do Estado e das Igrejas.
Enquanto os países não assimilarem que a laicidade é uma necessidade de sobrevivência civilizacional, a chantagem religiosa é uma espada de Dâmocles aguçada nas madrassas e sacristias.
Não tenho o monopólio da verdade, mas a necessidade da laicidade é a minha convicção mais profunda e consolidada.  A neutralidade religiosa não permite chantagens pias nem subsídios do erário público às religiões.
Não venham com a limitação dos direitos das mulheres em países civilizados, perante as comunidades que os restringem. O Estado deve impor a vacinação e o ensino, e limitar o acesso à compra de armas, e o exercício desse direito não pode ser considerado como limitação das liberdades individuais.
Há quem invoque a liberdade para oprimir a mulher e esqueça que houve escravos que recusaram a liberdade, mas a abolição do esclavagismo foi um avanço civilizacional.
sorumbatico.blogspot.com

07
Jun18

Chegou a hora de Miss Piggy

António Garrochinho


Estou-me nas tintas para os concursos de Misses.
Sempre considerei esses eventos como uma forma de achincalhar e menosprezar a mulher.
No entanto, ao saber que  vai ser abolido o desfile em biquíni no concurso Miss América e  a escolha vai valorizar os atributos intelectuais, em detrimento dos atributos físicos, não pude deixar de esboçar um sorriso. 
Finalmente, Miss Piggy terá a sua oportunidade.
De hipocrisia em hipocrisia, aproximamo-nos velozmente do fundamentalismo (islâmico).
Depois dos "Remorsos do Homem Branco", vamos  ter Os Remorsos do Macho Man?

cronicasdorochedo.blogspot.com

07
Jun18

Primeira etapa da Volta a Portugal passa no Sudoeste Alentejano e termina em Albufeira

António Garrochinho

A cidade de Albufeira vai acolher o final da primeira etapa da 80ª Volta a Portugal, que se disputa a 2 de Agosto, naquele que será o regresso desta prova ao Algarve, dez anos depois. Os ciclistas vão partir de Alcácer do Sal e passar nos concelhos de Grândola, Santiago do Cacém e Odemira. Após uma breve passagem em Silves – mas não pela sede de concelho -, a etapa termina em plena Avenida dos Descobrimentos, no centro de Albufeira.
O Baixo Alentejo, além de ser atravessado, na sua zona mais próxima do litoral, pela primeira etapa, que terá cerca de 190 quilómetros, também acolherá a partida para a segunda tirada, que começará em Beja.
Esta quarta-feira ficou-se a saber mais sobre o já anunciado regresso da Volta de Portugal ao Algarve e ao Baixo Alentejo, numa conferência de imprensa promovida pela organização da prova e pelo município de Albufeira, nesta cidade algarvia.
Até agora, apenas se sabia que o Algarve fora, novamente, incluído no percurso da prova, que decorrerá de 1 a 12 de Agosto, naquela que, segundo o diretor da Volta Joaquim Gomes, será a edição «que, nos últimos anos, cria a maior mancha no território nacional». Também já tinha sido garantida a cobertura «em pleno» do Alentejo.
«Dez anos é uma ausência muito longa, para uma região que é, porventura, das mais representativas do ciclismo e que, ironicamente, tem duas equipas com um histórico enorme – o Louletano e o Tavira – a participar», admitiu Joaquim Gomes.
Joaquim Gomes
A justificar este hiato está o facto de o Algarve ser uma região que, no mês de Agosto, «não necessita do impacto económico direto que a Volta a Portugal arrasta». «Tendo isso em conta, nos últimos anos optámos por outras regiões que tinham mais interesse em ter um evento nesta altura do ano».
Por outro lado, disse Joaquim Gomes, «há a questão histórica, a dos milhares de adeptos que, insistentemente e de forma regular, apontavam o dedo à organização». Ou seja, «era preciso encontrar outras soluções».
O regresso aconteceu por influência da Região de Turismo do Algarve, que há anos vem sondando os organizadores da prova e a Federação Portuguesa de Ciclismo quanto à possibilidade da Volta a Portugal voltar ao Algarve e pelo interesse e esforço, nomeadamente financeiro, da Câmara de Albufeira.
O processo que culminou neste regresso foi lançado ainda por Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara de Albufeira que morreu em Fevereiro, e continuou bem vivo após o assumir de funções de José Carlos Rolo, o seu sucessor, que é um confesso aficionado do ciclismo.
Esta é uma etapa que, segundo o diretor da prova, terá vários desafios, «logísticos e desportivos». No que toca à logística, antevê-se uma tarefa árdua, tendo em conta que a 2 de Agosto a região e, principalmente, Albufeira, estarão repletas de turistas.
José Carlos Rolo
José Carlos Rolo admite que a logística «será um problema», mas confia que «com o auxílio das forças de segurança e da organização da prova será possível ultrapassar as dificuldades».
Em causa, está, por exemplo, o fecho à circulação da Avenida dos Descobrimentos, onde será instalada a meta, pelo menos durante uma tarde e os constrangimentos que haverá ao longo do dia.
Fora da cidade de Albufeira, o percurso da etapa «não vai passar na EN125 nem em nenhuma das estradas mais movimentadas», para evitar ao máximo a criação de complicações, garantiu, Jorge Gomes.
Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, abordou esta questão com humor. «Sabemos que o Algarve está cheio de turistas, mas estes podem levantar-se da praia e vir assistir. Até podem vir de chinelos, não há qualquer problema (risos)», disse.
O ex-ciclista frisou, ainda, a importância de ter havido um esforço por parte da Câmara de Albufeira para trazer a Volta de Portugal novamente para o Algarve. «É importante que os decisores políticos se empenhem. Este é um evento muito dispendioso e nem sempre houve essa abertura, aqui na região. Penso que o sucesso da Volta ao Algarve ajudou a mudar a mentalidade», afirmou.
Joaquim Gomes e Delmino Pereira
Já convencido, há muito, da importância da prova vir ao Algarve estaria o presidente da autarquia albufeirense, que segue atentamente esta modalidade.
«Uma ansiedade que eu já tinha há alguns anos era a de tentar contribuir para que a Volta a Portugal regressasse ao Algarve, em particular a Albufeira. Para mim, o ciclismo é uma modalidade muito importante, quer em termos desportivos, quer em termos promocionais. Acho que é fundamental para uma região turística como a nossa», considerou  José Carlos Rolo.
O município de Albufeira vai contribuir com «cerca de 75 mil euros» para o orçamento da prova, que  ascende, no global, a 3,5 milhões de euros. Mas, frisou Jorge Gomes, a prova «distribui mais de 90 mil euros, do ponto de vista mediático, pelos concelhos em que passa».
Foi, precisamente, esta componente promocional da região que levou Desidério Silva, presidente da RTA, com ajuda de outros decisores políticos da região, a insistir no regresso da Volta a Portugal ao Algarve. «Há muitos anos que vamos falando com o Delmino e com o Jorge Gomes e a angariar apoios», disse.
Os apoios acabaram por surgir, algo que, acredita Desidério Silva, «teve a ver com a Volta ao Algarve» e com a projeção que teve nos últimos anos, principalmente após ter sido garantida a transmissão televisiva a nível internacional.
Para já, não é certo que a Volta a Portugal regresse à região no ano que vem, embora Jorge Gomes garanta que há a intenção de voltar «com regularidade». Já José Carlos Rolo mostra-se esperançado que, «para o ano, outro município do Algarve se “chegue à frente” e haja continuidade».


www.sulinformacao.pt
07
Jun18

Vai nascer o Espaço Memória da CGTP-IN na antiga Fábrica da Mundet

António Garrochinho


mundetNo espaço da antiga Fábrica da Mundet, no Seixal, vai nascer o Espaço Memória da CGTP-IN. Decorreu no passado dia 31 de Maio, a cerimónia de assinatura de um contrato de comodato entre a Câmara Municipal e a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional (CGTPIN) para a instalação futura do Espaço Memória - Centro de Arquivo, Documentação e Audiovisual da CGTP-IN.
O Espaço Memória vai ter como missão gerir o extenso património documental e museológico da CGTP-IN, ao mesmo tempo que promove iniciativas que fomentem o conhecimento e a reflexão em torno da história do movimento operário e sindical, dando destaque à memória local, às raízes históricas e sociais do Seixal, da fábrica da Mundet e das ligações com a indústria corticeira.
DIF/CGTP-IN

VÍDEO
07
Jun18

DIZEM

António Garrochinho
DIZEM QUE O POVO TUDO MERECE. DIZEM QUE O POVO NÃO SE DEIXA ENGANAR, DIZEM QUE O POVO SABERÁ DAR A RESPOSTA (JÁ LÁ VÃO QUASE OUTROS 50 ANOS), DIZEM QUE SOMOS BONS, HONESTOS, HOSPITALEIROS, FRATERNOS, SOLIDÁRIOS.
DEPOIS TRATAM-NOS COM DESPREZO MAL DISSIMULADO, TRATAM-NOS COMO BOLA DE PING PONG, COMO PARVOS.

SERÁ QUE SOMOS !?

AG
07
Jun18

Trabalhadores da Sumol+Compal exigem aumento dos salários

António Garrochinho


Os trabalhadores do grupo Sumol+Compal iniciaram esta quarta-feira uma greve de dois dias, por uma resposta às suas reivindicações e ao aumento dos salários. A produção da fábrica em Pombal parou.
Concentração de trabalhadores junto à fábrica da Sumol+Compal, em Pombal
Concentração de trabalhadores junto à fábrica da Sumol+Compal, em PombalCréditos
A paralisação iniciou-se hoje à meia-noite e decorrerá até às 8h de amanhã, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab/CGTP-IN).
Durante esta manhã, cerca de 100 trabalhadores estiveram concentrados em protesto junto à entrada da fábrica de Pombal, onde a produção esteve parada, tendo depois realizado uma manifestação até à sede do Munícipio, onde se reuniram com o presidente deste e entregaram as suas reivindicações.
Além de uma resposta da administração à carta reivindicativa, os trabalhadores exigem aumentos salariais de 4%, com um mínimo de 40 euros, tendo em conta que uma boa parte recebe o salário mínimo, e o fim das discriminações salariais, com igualdade salarial entre categorias e funções.
Outras reivindicações passam por horários semanais de segunda a sexta-feira, em vez dos actuais de terça a sábado, que não é pago como dia extraordinário, e que a empresa pague subsídios de turno adequados, que são actualmente de 47 euros no final do mês.

CGTP-IN denuncia bloqueio à contratação colectiva

O secretário-geral da CGTP-IN esteve também presente no protesto, em solidariedade para com os trabalhadores, tendo afirmado que a Sumol+Compal «tem um volume de negócios significativo e com lucros que continuam a aumentar», mas mantém a «esmagadora maioria dos trabalhadores a receber o salário mínimo nacional ou muito perto disso».
Em declarações aos jornalistas, Arménio Carlos denunciou que, na fábrica de Pombal, há a «agravante de existirem situações diferenciadas de atribuição de salários para as mesmas categorias profissionais, independentemente dos locais de laboração e, por outro lado, há também o facto de a empresa considerar o sábado como dia de trabalho normal para não pagar o trabalho suplementar».
O dirigente sindical frisou ainda que a situação na Sumol+Compal é o espelho da realidade laboral em grande parte do País, para a qual o Governo teima em não dar uma resposta concreta.
«Estas propostas que o Governo transformou em acordo, depois em proposta de lei, confirmam que, não só não resolvem os problemas, como por outro lado mantêm o bloqueio à contratação colectiva, que aqui é espelhado na recusa da empresa em negociar directamente com o sindicato e pela pressão nos salários», acrescentou.

www.abrilabril.pt
07
Jun18

O que é feito da Yupido?

António Garrochinho


capitaoferreira

(Marco Capitão Ferreira, in Expresso Diário, 06/06/2018)
Agora, em Portugal, há uma comunicação social ejaculatória. Depois do repuxo, murcha logo e não se ouve falar mais no assunto. Tenho mais uns “cromos” para troca:
1) Qual o resultado da auditoria que Marcelo terá mandado fazer às contas de Belém e de Cavaco, quando chegou à Presidência da República?
2) Qual o resultado da auditoria no Ministério das Finanças aos computadores que não tinham registado a fuga de 10000 milhões de euros para offshores?
3) Qual o resultado da Comissão Europeia ter exigido de volta os milhares de euros de financiamento que fez à Tecnoforma devido às irregulariddes detectadas na empresa de Passos Coelho e comandita? Já pagámos? Vamos pagar? Está contemplada a verba no orçamento de Estado?
Comentário da Estátua, 06/06/2018)

Em setembro do ano passado, e durante uns dois dias, o País descobriu, subitamente, que a empresa portuguesa com maior capital social em Portugal se chamava Yupido, S.A, com uns robustos 28.768.199.972 euros, ou mais de 15% do PIB.
A informação despontou no Twitter e os jornalistas mais atentos pegaram nela. Lá se descobriu qualquer coisa. Aquele valor decorria da valorização de dois ativos tecnológicos, devidamente validados por um ROC. Dessa validação resultava que estava em causa “uma plataforma “de armazenamento, proteção, distribuição e divulgação de todo o tipo de conteúdo media” diferenciada “pelos algoritmos que a constituem”. Seja lá o que isso quer dizer.
A empresa tinha uma sede virtual, num escritório sem extensão telefónica. Não tinha clientes, não se lhe conheciam trabalhadores – embora tenha tido estagiários, que devem ter aprendido imenso – e nenhum parceiro comercial relevante. O montante de vendas era 0. Coisas assim. Tudo normal. Ou não.
Seguiu-se o habitual circo mediático, que como de costume foi muito intenso – não em profundidade, mas em número de notícias, isto porque a maioria dos órgãos de comunicação social se limitou a citarem outras noticias, numa cascata de inutilidade – e pouco durou. Incluiu, de forma algo deprimente, jornalistas a baterem a portas no pacato bairro de Telheiras.
De seguida, outro clássico, toda uma litania das entidades públicas a reboque de perguntas de jornalistas.
Segundo a imprensa da época, do Ministério Público à Polícia Judiciária, e da CMVM à Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, isto é, tudo quanto era entidade supostamente responsável tinha aberto um inquérito, averiguação ou coisa que o valha. Até a Autoridade Tributária veio dizer, com a habitual gravitas, que não comentava a situação de contribuintes em particular.
Com isto tudo, está visto que já sabemos, entretanto, tudo sobre o que se passou. Não. Sabemos o mesmo. Que é quase nada. Nenhum jornalista voltou ao assunto depois do entusiasmo inicial, nenhuma entidade pública deu conta das conclusões a que se chegou. Nada. Zero.
E a Yupido aqui é só um exemplo. Estamos consumidos por um ciclo de informação de baixo valor acrescentado, que aparece e desaparece ao sabor de um ciclo mediático cada vez mais curto. Uma Economia não funciona bem assim.
No meio disto tudo, passou o tempo de uma gestação, da Yupido nunca mais ninguém ouviu falar e mais uma vez ficamos sem informação detalhada. Nós e o pobre especulador que foi a correr registar o domínio yupido.pt, convencido que estava a fazer o negócio de uma vida, e que o tem para venda até hoje. Os meus sentimentos.

estatuadesal.com
07
Jun18

DIÁSPORA. LA MINA DE S. DOMINGOS EN EL BAJO ALENTEJO: COLONIALISMO INGLÉS EN UN PAÍS COLONIAL, por Moisés Cayetano

António Garrochinho


La Mina de São Domingos es una aldea situada en el distrito de Beja, municipio de Mértola y freguesía de Corte do Pinto. Aldea minera creada a partir de la exploración moderna del depósito mineral que tuvo lugar entre 1858 y 1966.
Anteriormente, el depósito pirítico de São Domingos fue explorado al menos durante la época romana, extrayéndose cobre, plata y, probablemente, oro. Durante el milenio anterior a esa ocupación se exploraron los mismos depósitos, pero probablemente sólo para la extracción de plata. Durante el período islámico continuaría esta actividad minera. Ahora bien, la exploración moderna se centró en la masa de pirita inalterada, buscando, esencialmente, el cobre y el azufre.
Este período de exploración moderna es el que dicta la importancia histórica del legado de la Mina de S. Domingos. Con una intensa actividad minera que desarrolló la firma británica Mason & Barry, extrayendo más de 20 millones de toneladas de mineral (cobre, azufre, zinc y plomo).
Casas de los mineros
Casas de los mineros
Al tiempo, en el espacio urbano de la Mina de S. Domingos hubo una fuerte separación social de las comunidades existentes. Por un lado, los mineros y sus familias vivían en barrios obreros construidos “en banda”, con casitas muy pequeñas (de 14 a 20 metros cuadros, para familiares generalmente bastante numerosas), sin ningún tipo de condiciones de confort, con horno, aseos y letrinas comunes; por el otro lado, los “ingleses” y altos directivos vivían en amplias mansiones con electricidad, lujosos aseos en sus casas y agua corriente, jardines, arbolados, pista de tenis y hasta un cementerio con el suelo importado de Inglaterra.
Curiosamente, esta concesión de explotación minera dentro de suelo portugués peninsular coincide en el tiempo con la etapa álgida de la explotación colonial portuguesa en los territorios africanos de Angola, Mozambique, Guinea y Cabo Verde, dándose la paradoja de “colonizaje extranjero”, en tanto se “colonizaba en el extranjero”. Hablamos de los años que van de mediados del siglo XIX a mediados del siglo XX, en que África era una “despensa” bien surtida para los colonizadores europeos: ingleses, franceses, belgas, alemanes, portugueses… De vida relajada, cómoda, muy provechosa generalmente para el colonizador y, sobre todo, para los grandes inversores europeos -tranquilamente asentados en las metrópolis-, y de dificultades, sacrificios, explotación, miseria, para la inmensa mayoría de los nativos, aunque no faltaban los “colaboracionistas interiores”.
La compañía británica Mason & Barry no tenía otro objetivo en esta mina alentejana que el que Portugal tenía en las tierras africanas ocupadas: el máximo beneficio de sus recursos, con capital propio, pero mano de obra autóctona sometida a las más duras condiciones de explotación.Henrique Zarco escribía en “Imagens do Alentejo”, de 1930 (Imprensa Artística. Colecção Amanhã. Lisboa), sobre los mineros de S. Domingos: O minheiro nom gana o suficiente para sí e para a familia. Luta com déficit. Que acontece então? É isto simplesmente: o minheiro, que trabalhou durante oito horas na contramina e que chega cá acima exausto, sem fórças nem vontade de se mexer, tem de ir procurar nos trabalhos agrícolas o indispensável para cubrir êsse déficit (pág. 128).
Más duro aún es Albino Forjaz de Sampaio, que anteriormente, en 1909, denunciaba en “Crónicas inmorais” (Libraria Clássica. Editora de A.M Teixeira. Lisboa), en el Capítulo “Os minheiros”: S. Domingos é uma feitoria inglêsa. Tem polícia própria, armada de belas carabinas, carabinas último modêlo para, emquanto os mineiros se estorcem de fome, ela patrulhar, na soturnidade da noite, de dedo no gatilho, o sono dos senhores. Os mineiros são 3.000. Trabalham uma infinidade de horas, e o salário é pouco. Como o salário é pouco e o trabalho muito, a alimentação é má. E como a alimentação nom presta,  à saude é péssima. Y más adelante: A canalha revolta-se? Muito bem. Espingardeia-se. A canalha parlamenta? Acutila-se. A canalha não tem nomem, a canalha não tem voz. A canalha é a canalha, nada mais (pág. 35).
Visito las ruinas actuales de la mina y allí están las canteras enormes, el gran lago de aguas (testimonio de fluidos hidrotermales responsables de los procesos físico-químicos de esta riqueza geológica) que parecen sangre y yodo. Los restos de los muelles de carga, de las maquinarias de elevación, de las conducciones de agua; el variado mineral aún en las laderas, los túneles en estas rocas volcánicas y sedimentarias paleozoicas, de unos 350 millones de años; las zonas de privilegio “colonial”, las casitas humildes de los trabajadores…
Hablo con algunos descendientes de los mineros. Recuerdan las penalidades de sus antecesores. Su miseria. La necesidad de completar el sueldo con contrabando practicado en la raia/raya,  labores agrícolas y otras más de subsistencia. Evocan el bullicio poblacional de más de siete, ocho mil personas en los alrededores, donde ahora no hay más de mil habitantes, buen número muy envejecido, teniendo los jóvenes que buscar trabajo en los núcleos cercanos (Beja, Serpa, Mértola…), siendo para ellos este lugar una especie de pueblo-dormitorio. ¡Menos en el verano, en que vuelven los que marcharon tras cerrarse la mina y sus descendientes, y que hoy residen en Francia, Bélgica, los alrededores de Lisboa, en donde encontraron trabajo, muchos como mineros, la profesión que bien sabían! Más de 6.000 personas -me cuentan- se reúnen en los meses de julio y agosto. Por lo demás, un sitio “fantasmal”, lugar para el recuerdo. Contradictorio. De explotación colonial en un país que estaba en “otros mares” practicando la misma explotación.


aviagemdosargonautas.net

07
Jun18

O que liga Ana Moura ao Hard Rock Café? Algo inédito

António Garrochinho


Esta é a primeira vez que o fado entra para a memorabilia do Hard Rock Café.

O que liga Ana Moura ao Hard Rock Café? Algo inédito


Ana Moura é a primeira fadista a doar uma peça de roupa ao Hard Rock Café, juntando-se assim a nomes conceituados como são Elvis Presley, Prince, Elton John, Jimi Hendrix, entre mais de 80 mil artistas internacionais.
Esta é a primeira vez que o fado, a tradicional música portuguesa, tem um lugar de destaque no Hard Rock Café, uma das marcas mais reconhecidas em todo o mundo.
Ana Moura passará assim a dividir o prestígio da memorabilia do Hard Rock com Rui Veloso, Xutos & Pontapés e Moonspell.
Esta iniciativa surge como celebração do 15.º aniversário da presença do Hard Rock em Lisboa e terá lugar no dia 11 de junho pelas 15h30.

www.noticiasaominuto.com
07
Jun18

A ENTREVISTA COM HELENA ROSETA, UMA FIGURA QUE TEM SABIDO MANTER O TACHO UTILIZANDO A POLÍTICA DESLIZANTE DA ENGUIA - "O Estado não tem cumprido deveres. Tem aplicado botox em leis velhas"

António Garrochinho

Helena Roseta, deputada independente socialista responsável pela Lei de Bases da Habitação, que está atualmente em discussão pública, é a entrevistada de hoje do Vozes ao Minuto.

"O Estado não tem cumprido deveres. Tem aplicado botox em leis velhas"

Helena Roseta não tem qualquer dúvida: faltam soluções inovadoras e criativas para resolver o problema da habitação em Portugal. E lança o desafio aos jovens, dos mais qualificados de sempre, a rumarem à política para mostrarem novas formas de fazer e de ir mais longe
Acredita que a classe política, em geral, está ciente do drama, mas reconhece que também está bloqueada justamente pela falta de inovação. "Estamos sempre a repetir receituários velhos, Esquerda para um lado, Direita para outro", diz nesta entrevista.
No seu entendimento, urge abrir o zoom, olhar para os problemas de forma mais abrangente e discutir novas formas de viver, novas ideias, mesmo que utópicas. A sua avó costumava dizer: “Quem não sonha alto não levanta voo”.
E tinha a sua razão. 
Que futuro para Portugal se a geração jovem não tiver condições para constituir família e projetar o próprio futuro?”, perguntou por ocasião do Congresso do PS. Devolvo-lhe a pergunta. Que futuro?
É que não há.
A sensação é que temos uma geração com um futuro suspenso.
Está pior do que isso, está bloqueado. Se tivesse em suspenso estávamos à espera, mas neste momento está bloqueado. E isto para ser desbloqueado, para os jovens. A boa notícia, e que vai resolver umas questões que têm estado paradas, é que já saiu em Diário da República o decreto que cria o 1º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação, que se dirige às famílias mais pobres, era uma grande falha do Estado, desde 2004 que não havia nenhum programa para as famílias mais pobres. Havia uma coisa antiga, o Pro Habita, que estava a funcionar muito mal. O Estado tem de resolver a questão das famílias mais pobres. Isso vai avançar e vai começar a desbloquear.
A segunda questão, que tem de ser desbloqueada – essa é mais difícil mas penso que é muito importante – é criar um mercado de renda acessível. Temos um mercado de habitação muito dominado pela compra e venda, o arrendamento hoje em dia é uma parte que não é a mais importante (não chega a 25% das famílias portuguesas que têm casas arrendadas) e cada vez há menos casas para arrendar, sobretudo nas cidades. Se cada vez há menos casas, os preços sobem muito e estão a atingir preços insuportáveis.
E acha que já se chegou ao limite?
Já ultrapassou os limites do suportável. Os preços que estão a ser praticados já não têm a ver com procura nacional mas sim com a procura internacional. É uma mutação que se deu em Portugal e no resto da Europa. Como o capital não tem pátria e se desloca, houve a atração de estrangeiros, por razões turísticas e não só, Vistos Gold e mecanismos para facilitar a sua vinda para cá. E nós precisamos de estrangeiros, não necessariamente só desses que vêm com Vistos Gold, mas de mão de obra estrangeira porque estamos com uma demografia muito fraca.
Voltando onde estava. Se conseguirmos criar – e é uma das grandes propostas da Lei de Bases da Habitação - um mercado de arrendamento acessível passamos a ter três mercados em Portugal: a renda social, para as famílias muito pobres, é obrigação pura do Estado; a renda livre, que é o que quiserem, para quem quiser e puder. Mas tem de haver aqui no meio uma renda acessível. Isto já existiu em Portugal durante muitos anos, chamava-se renda limitada, até antes do 25 de Abril, e funcionou bem, todo o bairro de Alvalade, por exemplo, foi feito em renda limitada. 
Temos uma quantidade enorme de casas vazias em Portugal
[A renda acessível] é um mercado em que há uma pareceria entre o Estado e os privados para colocarem cá fora casas a preços acessíveis. A Câmara de Lisboa já avançou, tem neste momento um projeto para cerca de seis mil fogos em renda acessível, vai demorar dois, três anos até saírem os primeiros, não é imediato. A habitação não é uma coisa em que eu possa carregar num botão e apareça feita. Mas já está no terreno, já está muita gente a trabalhar nisto e nós aqui no Parlamento estamos a tentar encontrar o enquadramento legal e fiscal que torne este tipo de arrendamento mais convidativo.
Até podem entrar neste mercado de arrendamento casas que já existam, em que os senhorios estejam interessados em entrar, condicionados a terem rendas muito mais baixas, mas garantindo que têm um rendimento certo e uma proteção pública para que as coisas corram bem, nomeadamente um seguro de renda. É isto que estamos a tentar pôr no terreno e demora tempo. Até lá, o que temos tido é o programa do arrendamento jovem que tem pouca verba.
O Porta 65?
Sim, o Porta 65 não é muitas vezes suficiente porque nem sempre se encontra casas ao valor que o programa permite e porque a verba não chega para todas as candidaturas.
Na realidade, uma grande parte das candidaturas ao Porta 65 fica de fora …
Ficam muitas candidaturas de fora. Enquanto o resto do regime dos outros programas não está a dar fruto, poderíamos reforçar o arrendamento jovem - penso que poderíamos fazê-lo e há intenção nesse sentido. Embora também tenhamos consciência de que todas as medidas que tenham como principal mecanismo subsidiar a renda tenha muitas vezes o efeito negativo de fazer aumentar as rendas. Mas, de qualquer maneira, na ausência de outras soluções, é para essa que temos de apontar.
Aquilo que tenho dito é que também é preciso inventar novas soluções. O grande desafio que eu coloco à geração jovem – arquitetos, engenheiros, sociólogos, antropólogos, geógrafos, economistas, juristas, gente qualificada em todas as áreas, é que era preciso inventar soluções que fossem criativas e interessantes para as casas vazias. Temos uma quantidade enorme de casas vazias em Portugal, nas cidades, nomeadamente em Lisboa e no Porto. Têm de se encontrar soluções de gestão e de reabilitação que não sejam hiperdispendiosas, que possam ser compatíveis com a expectativa que os proprietários têm. Obviamente que muitos querem uma especulação desenfreada e isso já não dá, mas aí o Governo também tem de por algumas vaias. Na rua Brancaamp até ao Rato é prédio atrás de prédio vazio, com pichagens nas janelas com caracteres chineses. Não sei se significa que pertence a algum fundo chinês.
Muito provavelmente, sim.
Sim. E estão à espera de quê? Que os preços subam para vender aquilo ao preço mais alto e aí acho que o Governo tem de tomar alguma decisão, tem de haver algumas medidas. A única medida que existe é agravar o IMI para os proprietários quando a casa está vazia, quando está devoluta, pagam três vezes mais IMI. Mas podíamos ter uma situação mais interessante que era agravar o IMI todos os anos mais um bocadinho chegando a um ponto em que já não compensa.
Pois, porque assim ainda lhes vai compensando.
Sim. Mas pode haver aqui várias soluções, vários tabuleiros. Há também necessidade de inovação. E acho que a nova geração tinha condições para imaginar soluções diferentes, não só em termos de gestão e de modelo económico, mas até em termos de modelo arquitectónico. 
A minha avó costumava dizer: "Quem não sonha alto, não levanta voo"
Como por exemplo?
Penso muitas vezes porque é que andamos a fazer apartamentos, T1, T2, com a sala, com o WC. Porque é que não temos soluções mais criativas? Porque é que não há espaços comuns num prédio para serem utilizados para fins equivalentes? Sem ser só a casa das máquinas de lavar a roupa. Podia haver o espaço comum para convívio, para tomar conta de crianças, ou o espaço comum para as pessoas idosas se encontrarem. Podíamos ter outras soluções que não estão previstas. A solução oficial é sempre a mesma, a casinha e cada qual tem a sua.
Mas isso é romper com modelos de vivência...
Por isso é que estou a falar de inovação social. Alguns destes prédios vazios são moradias antigas que têm andares, poderiam mais facilmente ajustar-se a soluções mais criativas de utilização e a legislação tem de o permitir. Inventem soluções novas. A minha geração o que fez, além do 25 de Abril, foi garantir o direito à habitação na Constituição e acabar com as barracas à volta de Lisboa e Porto. O resto foi gerir gerir. É preciso soluções novas. Estou à espera de ver ideias, mesmo utópicas. A minha avó costumava dizer: “Quem não sonha alto não levanta voo”.
Inventem coisas. Estamos a precisar de ideias inventivas para a habitação. Ideias novasE vê nesta nova geração capacidade para isso?
Vejo muito mais do que na minha. Tem gente muito mais qualificada e criativa. São capazes de inventar uma plataforma digital para identificar os prédios vazios e perceber quem são os donos e com quem se deve falar. Há coisas que se podem fazer. No caso da Câmara de Lisboa, se apresentarem propostas destas se calhar até têm um apoio através do BIP/ZIP, um programa de apoio às soluções inovadoras nos bairros mais pobres. Ou os programas de empreendedorismo. Inventem coisas. A Airbnb e a Uber saíram da cabeça de pessoas inventivas. Estamos a precisar de ideias inventivas para a habitação. Ideias novas.
Temos de começar a discutir novas formas de viver, novas formas de partilhar o espaço habitacional
Porque é que acha que a habitação foi sempre o parente pobre das políticas públicas?
Houve uma fase em que não foi o parente pobre e houve um grande apoio à construção, nos primeiros 20 anos depois do 25 de Abril. Tínhamos, nessa altura, mais famílias do que casas, era preciso de facto construir. Isto mudou muito. Hoje temos mais casas do que famílias e as famílias que temos são muito diferentes das que tínhamos, são famílias que mudam mais ao longo da vida de cada um. Temos de começar a discutir novas formas de viver, novas formas de partilhar o espaço habitacional, alguma criatividade é precisa.
E habitação acabou por ser o parente pobre porque se achou que depois do esforço que se fez na construção civil achou-se que quem quer casa vai ao banco e que a solução era comprar e dar juros bonificados. Foi assim que passamos de um país em que 45% arrendamentos, 55% proprietários, para um país em que 75% são proprietários, que é uma das taxas mais altas da Europa. Mas atenção, metade destes proprietários estão a pagar o seu empréstimo ao banco, têm uma hipoteca, não proprietários propriamente em pleno. Costumo chamar a este setor inquilinos da banca. Estão nas mãos do spread, das taxas de juro, têm os encargos de condomínios, têm os encargos de manutenção, têm os encargos dos impostos. Os inquilinos da banca têm de pagar tudo e tratar de tudo. É preciso também ter em atenção essas pessoas que estão a fazer um esforço enorme, muitas delas estão para lá do limite máximo que uma família deve ter com a habitação. Há muita gente que está endividada, aflita e faz parte aliás do grosso da dívida portuguesa que não é só pública é também privada.
Temos aqui muitos problemas mas também temos muitas possibilidades. Eu considero que a existência de casas vazias (centenas de milhar), se o 10% destas casas entrasse no mercado de habitação corresponderia 70 mil fogos, ia de certeza aliviar muito, ia aparecer oferta e iam baixar preços. Temos de perceber que há estes dados e fazer força para que estas soluções novas que estão a emergir tenham pernas para andar e não ficarmos condicionados sempre a discutir a lei do arrendamento entre inquilinos e os senhorios porque esse é um tema fechado em si próprio.
É preciso ver o problema de forma mais abrangente?
É preciso ver o retrato grande. Há três autores que me marcaram muito. O Einstein, o Heisenberg e o Gödel. Um descobriu o princípio da relatividade, o outro o princípio da incerteza e o outro o teorema da incompletude. Três ideias novas que apareceram no principio do século XX e que baralharam a ciência, a matemática e a física. Mudou tudo. Mas, do lado da política, não foram incorporados estes conceitos. Vivemos num mundo incerto, vivemos num mundo em que as soluções se afetam todas umas às outras, aqui há alguma relatividade, temos de ver o sistema que integram. E vivemos num mundo em que nenhum problema se resolve dentro do próprio sistema. Tem de se ir buscar coisas fora. Passaram 100 anos, é tempo de a política aprender um bocadinho com esta gente.
Os jovens estão muito interessados na política desde que a política esteja interessada neles
A classe política em geral não percebe bem o drama?
Percebe bem o drama mas está muito bloqueada porque há pouca inovação. Estamos sempre a repetir receituários velhos, Esquerda para um lado, Direita para outro. Estamos sempre a repetir a mesma guerra. E parece que as coisas ficam insolúveis. Aprendi uma coisa muito importante em arquitetura: quando não encontro a solução para um problema acrescento dados novos. Às vezes, não se está a ver a solução para um projeto, vai-se ao cinema e surge-nos a solução. E na escrita é a mesma coisa, uma pessoa pode andar à volta de um texto e se o largar e for fazer outra coisa qualquer, depois, de repente, no dia seguinte encontra-se a solução. Temos de dar essa oportunidade ao nosso cérebro de fazer coisas novas.
A política não poderá estar pouco atrativa a esses jovens criativos e qualificados?
Eu acho que os jovens estão muito interessados na política desde que a política esteja interessada neles. É uma relação biunívoca. Não estão nada interessados na política que veem, com situações de corrupção, de tipos que se metem em esquemas, que querem fazer carreira e que têm de obedecer ao chefe. Aos jovens não lhes interessa nada estarem metidos em carreira por obediência, não lhes interessa nada ter uma visão tão estreita da vida, querem experimentar muita coisa, têm uma visão muito diferente da que tinha a minha geração. A minha geração era mais de estudar em profundidade e de ler com tempo, esta é mais de ir a todas, com uma velocidade vertiginosa. Mudou muita coisa. Esta uma maneira de ver o mundo que é muito diferente da  minha e ainda bem que é. A minha, provavelmente em alguns casos, ia mais longe, mas não via o que se passava à volta. E esta talvez não aprofunde tanto, mas anda uma velocidade muito maior.
Se abrirmos um bocadinho o zoom se calhar encontramos solução. Os recursos até estão cá, os prédios vazios estão aí, temos de os habitar
E onde é que ambas as gerações se podem encontrar?
Têm de se encontrar. Para já, tem de haver mais jovens a fazer política e a explicar-nos que há outras formas de fazer. De onde é que vem a novidade? Não me diga que a novidade vem dos velhos! Haverá casos, mas é raro, tem de ser alguém muito genial. A novidade vem com as novas gerações e é essa abertura que eu acho que faz falta. E estou sequiosa disso. Sinto que estes bloqueios são formas velhas de ver a coisa. Se abrirmos um bocadinho o zoom se calhar encontramos solução. Os recursos até estão cá, os prédios vazios estão aí, temos de os habitar, nem sequer temos de urbanizar o solo, estão cá. Como é que isto ainda não originou ideias novas? Podem ser experiências piloto, a ideia nova não tem de ser para tudo. As ideias novas acontecem muitas vezes porque alguém fez diferente e depois os outros copiam. Se houver um grupo que faça diferente, acho que os outros vêm atrás, tenho esperança nisso.
A propósito de ideias novas, os proprietários não concordaram nada da proposta da requisição das habitações devolutas.
É normal que não concordem. Mas essa proposta também foi apresentada como se fosse radical e não é. É uma coisa absolutamente normal que está prevista na Constituição e que acontece em muitos países da Europa. Por exemplo, em Inglaterra existe um programa específico de requisição de casas devolutas. Não percebo como é que ficaram tão assarapantados.
O Estado não cumpriu os seus deveres para com as pessoas mais pobres
O presidente da Associação Nacional de Proprietários disse que a proposta “constitui uma violência, uma tentativa à força de, sem recurso à inteligência, pôr de pé uma coisa que não se sabe bem do que se trata”.
Claro que não se sabe bem o que é porque ainda não se discutiu, tem de se aprofundar. Nesse ponto tem razão e eu tenho de atender a essas críticas. Agora, a ideia de poder haver uma requisição de prédios que estão vazios por um período de tempo temporário é uma ideia que não tem nada de tão estúpido quanto isso.
O caso mais interessante para se poder aplicar essa ideia é o caso das heranças indivisas, em que as pessoas estão em conflito e nunca mais se entendem. Nem a herança pode servir ninguém, nem nenhum dos herdeiros as pode usar. Fica tudo bloqueado. Se pudesse ser requisitado para poder ser posto em uso para habitação, enquanto estão em discussão litigiosa ou enquanto esperam uma sentença do tribunal, com rendimento certo (definido pela entidade que requisita, tinha de ser definido nos termos da lei que ainda não existe), tinham uma renda certa todos os meses a dividir por todos.
Mas isso não iria gerar mais conflitos?
Não sei. Mas não parece uma coisa assim tão extravagante e, pelo contrário, acho que seria uma coisa útil, resolveria imensos problemas. Muitos desses tais prédios devolutos são situações destas, são partilhas em que as famílias não se entenderam. Não é só nas cidades, é também nas aldeias. As partilhas em Portugal têm uma violência enorme.
Isto para dizer que eu percebo que eles [os proprietários] tenham essa reação, compreendo que não concordem, não compreendo que tivessem ficado calados quando a lei portuguesa do regime da reabilitação urbana permite o arrendamento e a venda forçada. Acho muito mais grave do que uma simples requisição. Na venda forçada perde-se o direito de propriedade. Não vi nenhum deles protestar. E a venda forçada nem sequer é para o Estado, é uma venda forçada entre privados. Acho isso muito mais grave, protestei na altura quando isso foi posto na lei. Não os ouvi a protestar nessa altura.
Neste processo todo, há maneira de proprietários e inquilinos saírem ambos satisfeitos?
O problema não é proprietários e inquilinos. Constatámos que há uma falha de mercado e realmente tem que haver soluções de diálogo e de compromisso entre proprietários e inquilinos. Mas também há uma falha do Estado. O Estado não cumpriu os seus deveres para com as pessoas mais pobres, não construiu habitação social em quantidade. O Estado não cumpriu os seus deveres para com os jovens que deviam ter mais soluções de arrendamento, o Estado não cumpriu os seus deveres para com os idosos e pessoas que chegam ao fim da vida sem apoios nenhuns. O Estado não tem cumprido os seus deveres. A única coisa que o Estado tem feito é pôr assim uns pensos rápidos na lei. Andamos a meter botox em leis velhas. Temos de olhar para isto com mais profundidade, ir mais longe, alargar o âmbito, meter mais dados no problema e chamar a inovação, sem isso não vamos lá.
Estamos numa situação difícil, é uma espécie de uma tenaz que está aqui a apertar
Como avalia o pacote de medidas para habitação apresentado pelo Governo?
Estou muito contente com este 1º. Direito que é uma peça essencial nesta falha de mercado toda. O Estado não estava a cumprir a parte de satisfazer a situação dos mais fracos.
E o que acha do compromisso estabelecido por António Costa para resolver o problema das 26 mil famílias sinalizadas como vivendo em condições indignas?
O primeiro-ministro comprometeu-se a resolver os problemas das 26 mil famílias sinalizadas até 25 de abril de 2024. Só se esqueceu de um pormenor. É que esses números são dinâmicos. Esse número pode ser já maior amanhã. Depende muito do que acontecer neste desequilíbrio entre senhorios e inquilinos, se houver mais despejos e as pessoas ficarem sem casa. As coisas estão em mutação muito rápida.
E a tendência é para que o retrato se agrave?
Quando sair o mercado de renda acessível, baixa. Enquanto não sair vai-se agravar. Vamos ter carência do lado das pessoas pobres e carências do lado da classe média que está a ficar de fora. Estamos aqui numa situação difícil, é uma espécie de uma tenaz que está aqui a apertar.
Mas 25 de abril de 2024 parece-lhe uma meta razoável?
É uma meta simbólica. Em política também tem de haver um bocadinho de vontade. Uma das qualidades dos políticos é de fazer acelerar a história. E se deixarmos a coisa correr sem fazer nada, não acontece nada. Tem de haver aqui essa capacidade de marcar metas porque projetam as expectativas das pessoas e são muito importantes.
Avizinham-se tempos complicados na discussão destas matérias ou isto tende a estagnar?
Do ponto de vista do nosso trabalho aqui na Assembleia da República não está nada estagnado. Pelo contrário, está numa fase muito viva. Durante muito tempo não houve iniciativa nenhuma, temos agora 20 e tal diplomas para discutir em mês e meio. Está muito quente e é bom que esteja porque isto permite-nos ouvir todas as partes. Hoje [dia 5] vamos ouvir os inquilinos, depois os proprietários. Entre uns e outros há pontos em que estão todos de acordo.
Em quais?
Por exemplo, toda a gente está de acordo que, em termos de arrendamento, quem não cumpre e não paga tem de ser sancionado. Está toda a gente de acordo que tem de haver algum mecanismo social de apoio aos mais frágeis. Está muita gente de acordo que valia a pena haver um seguro de renda para dar mais confiança ao mercado e o Governo está a trabalhar nesse sentido. Há aqui algumas áreas onde é possível.
E onde é que não há consenso?
Nos prazos e nos valores. Por isso é que digo que deve haver um mercado livre, com os prazos e os valores que as pessoas quiserem, mas nesse mercado livre não tem de haver benefícios fiscais nem apoios do Estado.
Era, no fundo, separar as águas.
Sim. Mercado livre é mercado livre: há pessoas com capacidade para pagar, há pessoas com a capacidade para vender.
O problema é que esse mercado livre quer ser gigante.
Não temos um mercado intermédio. Tivemos o social e o livre. E, durante muito tempo, o social diminuiu. E o que é que os governos fizeram? Foram impondo obrigações sociais ao mercado livre e criaram aqui um monstro. Um mercado supostamente livre mas que não tem nada de livre. E quando, em 2012, o governo veio tentar liberalizar essas condicionantes sociais todas, arranjou um bico de obra, que são estas não renovações de contrato que estão a chegar agora, cinco anos depois. É o que estamos a ver agora, as pessoas a receber cartas dos senhorios a dizer que não renovam contratos, porque a lei permite. Isto está cheio de distorções, não vamos conseguir corrigi-las todas, mas pelo menos vamos ter de as perceber para tomar medidas no sentido certo.
Obviamente que, quando tomamos medidas que começam por priorizar as situações mais fragilizadas, do ponto de vista dos proprietários não é a prioridade. A prioridade para eles era equilibrarmos mais com apoio público essas camadas, em vez de lhe estarmos a atirar a responsabilidade para cima, têm toda a razão, mas não temos outra solução. Não conseguimos produzir casas rapidamente para essa gente toda. O Estado não o consegue fazer. São soluções de compromisso. Temos de assumir compromissos sérios para dar alguma estabilidade ao mercado.
Como digo, acho que devemos caminhar nesta direção. Mercado livre sem qualquer limitação, mercado acessível com contrapartidas fiscais grandes, tem de ser um mercado onde há pareceria entre o Estado e os privados, não há outra maneira de o fazer, e depois, o mercado social que é público. E isto vai demorar muito tempo a fazer.
A SEGUNDA PARTE DA ENTREVISTA AINDA SERÁ PUBLICADA ESTA MANHÃ.





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António Garrochinho

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