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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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08
Jun18

FOTOGALERIA - VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO DEU A CONHECER OS SEUS SEGREDOS - CACELA VELHA/SANTA RITA/ MONTE GORDO

António Garrochinho
Tudo começou em Santa Rita, aldeia do interior que ainda guarda saberes de outros tempos, mas, ao longo do dia, também houve tempo para conhecer os encantos de Cacela Velha e Vila Real de Santo António, bem como o futuro Grand House Guadiana, que fez viajar até aos anos 20 à boleia de um marinheiro. 
Assim foi mais uma fam trip, visita destinada a agentes de viagens, operadores turísticos e jornalistas do Algarve, desta vez no concelho de VRSA.
Na aldeia de Santa Rita visitou-se a Ermida lá construída, no século XVIII, em honra de Santa Rita de Cássia, e que, ainda esta semana, recebeu uma visita de uma turista italiana que foi, de propósito à aldeia, para conhecer a igreja.
É também naquela aldeia que funciona o Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela, onde está patente, de momento, uma exposição que relembra antigas profissões, como a cesteira, o barbeiro ou a costureira.
Dali, seguiu-se para Cacela Velha, com o grupo a poder entrar na Fortaleza, apreciando a bonita vista. Antes do almoço, no restaurante “Pescador”, já em Vila Real de Santo António, com arroz de lingueirão na ementa, visitou-se a praia de Monte Gordo, que vai ganhar uma nova vida. 
O Farol de Vila Real de Santo António, que recebeu, há poucos dias, uma sessão de cinema, também foi um dos pontos da visita, com os mais corajosos a subir ao topo, onde se tem uma vista geral de VRSA, bem como de Ayamonte, já na vizinha Espanha.
Mas a verdadeira “magia” estava guardada para o final da tarde, com a visita, à boleia do marinheiro da história de Fernando Pessanha, ao antigo Hotel Guadiana que vai reabrir com o nome Grand House. No total serão 31 quartos, mas o hotel também terá um restaurante, uma biblioteca e uma sala de estar. Já a abertura acontecerá durante este Verão.
O dia terminou com uma pequena visita guiada ao centro de VRSA, a cidade pombalina que foi pensada a regra e esquadro. Sabia, por exemplo, que todos os edifícios da Avenida da República, virada para o Guadiana e Ayamonte, têm sete janelas?
Esta iniciativa, promovida pela Região do Turismo do Algarve (RTA), já passou por Alcoutim, São Brás de AlportelMonchique, Lagos,  LagoaAljezurTaviraSilvesFaroAlbufeira, Vila do Bispo e Castro Marim , Loulé e Olhão. 
Fica apenas a faltar Portimão.











 BARBEIRO - SANTA RITA








 A EQUIPE DO COSTUME






 PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL VILA REAL SANTO ANTÓNIO








 NO TOPO DO FAROL





 PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL VRSANTONIO



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08
Jun18

ALGARVE - GNR que ficava com parte do dinheiro das multas foi detido pela Judiciária

António Garrochinho



Acusado de ficar com parte do dinheiro das multas que passava a automobilistas em fiscalizações de trânsito, foi detido pelo Departamento de Investigação Criminal de Portimão da Polícia Judiciária.

A PJ, com a estreita colaboração da GNR de Portimão, anuncia, em comunicado, que identificou e deteve um homem pela «presumível prática dos crimes de peculato, falsificação de documento, abuso de poder e corrupção».
O agente, que prestava serviço no Posto Territorial de Lagos do Destacamento de Portimão, durante as suas funções de «fiscalização de trânsito, «registava, no livro dos autos das infrações rodoviárias, uma infração diferente e de valor inferior àquela cometida pelo condutor da viatura, embolsando o diferencial monetário».
A PJ acrescenta que a investigação decorre desde 2015, no âmbito de um inquérito da 2ª Secção do DIAP de Portimão.
Ao suspeito, presente a primeiro interrogatório judicial, foi-lhe aplicada a medida de coação de suspensão de funções.
Já em Outubro passado, outro militar da GNR suspeito de ficar com o dinheiro das multas foi acusado de quatro crimes de peculato.

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08
Jun18

Entrevista com Deus – Especial Dia Mundial do Ambiente

António Garrochinho


Joaõ Quadros , in Jornal de Negócios, 08/06/2018)

Fazer universos é uma chatice porque não dá para fazer dois iguais, ou levas uma talhada da SPA. No fundo, Deus é uma espécie de Walt Disney. Cada universo que crio é um parque temático.

Negócios: Esta semana, festejámos o Dia Mundial do Ambiente, bem como o Dia Mundial dos Oceanos, por isso nada como entrevistarmos aquele que é o criador disto tudo. Olá, Deus. Lembra-se de ter tido a ideia de criar o universo?
Deus: Olá, é um prazer estar aqui e em todo o lado ao mesmo tempo. Por acaso, lembro-me. Estava sem nada para fazer e dei por mim a pensar: olha, deixa-me cá ir à net. Mas não havia net. Pensei: ui, tu queres ver que me cortaram a net. Mas não. Era eu que ainda não tinha inventado nada. Por isso, decidi criar um universo, a ver o que acontecia.
Neg: E foi assim tão fácil?
Deus: Sim. Quer dizer, ainda fui ver se havia subsídios para quem quer criar universos, mas nada. Tive de fazer tudo do meu bolso. E depois a malta da agropecuária ainda se queixa.
Neg: E foi rápido?
Deus: Levei para aí uma semana. Podia ter levado menos tempo, mas no princípio havia uma escuridão enorme sobre todas as coisas, por isso tive de trabalhar à base das apalpadelas. Foi então que percebi que faltava a luz.
Neg: Foi quando inventou a luz?
Deus: Exacto. Fiz a luz e as rendas da EDP! Quando a luz veio, foi uma surpresa. Não fazia ideia de que o universo era um T3 e, finalmente, encontrei as meias que me tinham desaparecido. Vocês têm de perceber que isto de fazer o universo é bastante semelhante a fazer obras em casa. A primeira coisa é a electricidade. Sem luz, não dá para instalar os aparelhos, etc.
Neg: Mas não ficou por aí.
Deus: Não. Comecei a ficar com a síndrome do autarca. Já só me apetecia fazer mais obras e resolvi pôr um firmamento. Era para ter posto um firmamento todo em porcelana, mas o orçamento era uma loucura. Pouca gente sabe que aquilo é tudo em contraplacado. Daqui por mais oito biliões de anos, por causa das águas e da humidade, o firmamento vai começar a ficar baço e a dar de si, mas não dava para tudo.
Neg: Mas também entretanto, nós temos ajudado a estragar um bocado o nosso planeta. Enchemos os oceanos de plástico, poluímos o ar.
Deus: Sim, é verdade. Mas o vosso planeta já não era grande coisa. Aqui para nós, eu tinha um orçamento muito reduzido e gastei quase tudo a fazer Neptuno.
Neg: Como assim?
Deus: Por exemplo, para o vosso planeta ficar bem feito, eu precisava de ter terraplanado tudo e depois é que mandava pôr as placas tectónicas, com uns caixilhos em alumínio. Ficava mais feio, mas evitava que andassem a bater umas nas outras e a fazer terramotos. A terra precisava de uma marquise em alumínio.
Neg: Se pudesse voltar atrás, o que é que mudava no mundo?
Deus: Nada. Fazer universos é uma chatice porque não dá para fazer dois iguais, ou levas uma talhada da SPA. No fundo, Deus é uma espécie de Walt Disney. Cada universo que crio é um parque temático. Vocês não imaginam um universo que eu fiz com pão ralado. Não façam esse ar de superioridade. É um mundo muito melhor do que o vosso. As pessoas de Pão Ralado são felizes. Só quem já foi panado sabe do que estou a falar.

estatuadesal.com
08
Jun18

SUIÇOS COBREM NEVE NOS ALPES COM LENÇÓIS BRANCOS PARA EVITAR QUE DERRETAM

António Garrochinho
A mudança climática é uma realidade, por mais que alguns presidentes e outras pessoas se neguem ao aceitar por completo confundido propositadamente os conceitos de climatologia e meteorologia. Na Suíça a cada verão veem como suas geleiras derretem sem remédio nos Alpes, motivo pelo qual os cidadãos, desesperados com a situação, tiveram a ideia de cobri-los com mantas e lençóis para protegê-los.

Os habitantes nas cercanias do glaciar do Ródano, um dos lugares mais emblemáticos dos Alpes suíços, há oitos anos cobrem o local com tecidos brancos durante o verão.
Os suíços estão cobrindo suas geleiras com enormes lençois brancos para evitar que derretam 01
Ao evitar o contato direto com os raios solares, estão tentando diminuir o ritmo com o qual a área descongela. Felizmente, a ideia parece funcionar.
Os suíços estão cobrindo suas geleiras com enormes lençois brancos para evitar que derretam 02
David Volken, um especialista em glaciologia, assegurou em uma entrevista que os lençóis podem reduzir o derretimento do glaciar em até 70%, durante as temporadas mais quentes dos Alpes.
Os suíços estão cobrindo suas geleiras com enormes lençois brancos para evitar que derretam 03
Os suíços asseguram que durante o último século a geleira reduzido seu tamanho substancialmente.
Os suíços estão cobrindo suas geleiras com enormes lençois brancos para evitar que derretam 04
De fato, inclusive os postais turísticas que incluem fotos tomadas ao longo dos séculos XIX, XX e XXI demonstram essa realidade.
Os suíços estão cobrindo suas geleiras com enormes lençois brancos para evitar que derretam 05
Segundo a AFP, uns 40 metros do gelo desapareceram durante os últimos anos.
Os suíços estão cobrindo suas geleiras com enormes lençois brancos para evitar que derretam 06
Especialistas asseguram que cobrir os glaciares com neve artificial também pode ajudar a refletir a luz do Sol e, portanto, reduzir o descongelamento dos glaciares.
Os suíços estão cobrindo suas geleiras com enormes lençois brancos para evitar que derretam 07
Nos últimos 160 anos desapareceram 350 metros das geleiras dos Alpes suíços.
Os suíços estão cobrindo suas geleiras com enormes lençois brancos para evitar que derretam 08
Ainda que os lençóis ajudaram a reduzir a velocidade de descongelamento e que as cavernas de gelo possam ser visitadas durante o verão, são paliativos temporais.
Os suíços estão cobrindo suas geleiras com enormes lençois brancos para evitar que derretam 09
As estimativas mais otimistas indicam que já na próxima década o glaciar perca a metade de seu volume atual em um caminho que parece não ter volta.
Os suíços estão cobrindo suas geleiras com enormes lençois brancos para evitar que derretam 10

Fonte: Quartz.

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08
Jun18

08 de Junho de 1940: Inauguração do Portugal dos Pequenitos

António Garrochinho


Parque dedicado às crianças, situado em Coimbra e fundado a 8 de junho de 1940, tem por tema a arquitetura portuguesa, quer do continente e ilhas quer das ex-colónias portuguesas. Idealizado por Bissaya Barreto e projetado por Cassiano Branco, era constituído inicialmente apenas por réplicas em miniatura de casas regionais e de monumentos da cidade de Coimbra. Algum tempo depois, foram acrescentadas réplicas de monumentos de várias zonas do país e, já em finais da década de 50, monumentos das regiões autónomas da Madeira e dos Açores e monumentos e representações etnográficas dos países africanos de expressão portuguesa, do Brasil, de Macau, de Timor e da Índia. Décadas mais tarde, em 2003, João Paulo Reyez Conceição foi o autor de um novo espaço que acolhe atividades e eventos lúdico-pedagógicos - o Relógio de Sol.

Fontes:Portugal dos Pequenitos. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. 
wikipedia (imagens)

Portugal dos Pequenitos - Casas Regionais
Portugal dos Pequenitos - Portão Principal
08
Jun18

O "Tudo" que não vale nada

António Garrochinho

Em declarações recentes, o presidente do PSD, em visita a uma feira, acusou o Governo de ser responsável pelo baixo crescimento económico em Portugal.

Rui Rio disse que Portugal apenas está a crescer por arrasto da Europa, porque não fez as reformas necessárias, e por isso quando a Europa abranda, Portugal abranda e cresce menos que o conjunto da Europa. Disse assim:


"O que está a acontecer, vai continuar a acontecer. 

Não tenho dúvida nenhuma. 

Porquê? 

Porque no momento certo em que 

deveríamos ter feito as reformas e os 

ajustamentos necessários, não fizémos nada. 

Ao não fazer nada, é evidente que vamos 

crescer menos que a União Europeia e a UE a 

crescer menos, Portugal crescerá ainda menos que a UE. 

Mas isso nós temos avisado há muito tempo, 

não é?"


Ora, tudo isto é um conjunto de ideias vazias.

Primeira, é verdade que Portugal cresce por arrasto, mas tem sido assim há décadas e sê-lo-á desde que "decidimos" - ninguém votou isso - acertar o passo pelos mecanismos monetários europeus. A partir daí, o nosso "coração" começou a bater ao ritmo do "coração" europeu e, por isso, o nosso esforço de convergência abrandou.  Também foi assim de 2013 a 2015, com a direita no poder.   

Segundo, nessa altura - e ainda agora no Parlamento, em qualquer discussão sobre o passado - o PSD vangloria-se que esse crescimento verificado desde 2013 se deveu - não ao arrasto - mas às alterações na legislação laboral de 2012, que, aliás, ainda estão em vigor. E que vão continuar em vigor graças ao recente acordo de concertação social que o PS - mais uma vez - mostrou não querer pôr em causa. E aliás resta analisar - lá teremos de voltar ao tema mais tarde - se não prejudicou ainda mais a situação. Tudo para agradar - à la Tsipras - a UE.   

Terceiro, se essas "reformas" ainda estão em vigor e se a economia cresce menos que a UE então é porque têm um efeito quase nulo no crescimento económico. E isso desde que foram aprovadas. Ou então há aquele argumento espertalhão que é dizer: "Se não tivessem sido feitas, estaríamos ainda pior...."

Quarto, se assim é, é porque as reformas introduzidas pelo PSD/CDS não foram as devidas ou as que Portugal precisava para crescer mais do que a UE. E foram feitas à custa de muito sacrifício - desta vez não das empresas, dos empresários - mas de quem lá trabalha. Um sacrifício inútil. Ou melhor: útil na medida em que ajudam as empresas a desendividar-se. Mas não parece muito justo que sejam sempre os mesmos a pagar a factura de algo de que não foram responsáveis.

Quinto, Rui Rio continua sem dizer que reformas eram - na realidade - as devidas e necessárias,  essas que o PS não fez e que o PSD faria. Aliás, como todo o PSD, deputados inclusivé, desde que o PS conseguiu o apoio dos partidos à esquerda, nunca souberam dizer ao que vêm. Criticam a austeridade, mas querem mais austeridade. Criticam a ausência de reformas, mas nunca dizem quais são. E não há um jornalista que lhe pergunte o que defende...

O PSD é presentemente um grande vazio e aquela que deveria ter sido a tábua de salvação - a legislação laboral - afinal redundou em nada. Mas, não se enganem, isso ainda vai justiticar novos apertos laborais, porque estes... não resultaram!


ladroesdebicicletas.blogspot.com

08
Jun18

FILMADO POR DRONE HOMEM EM CORDA BAMBA SOBRE ONDAS DA NAZARÉ

António Garrochinho





Ainda que a maioria dos praticantes não dispense o leash (solteira de segurança) para protegê-los de uma possível queda, o slackline (ou melhor higline ou waterlinesegundo se veja) não é para qualquer um. Neste vídeo vemos como o brasileiro Emerson Machado luta bravamente para ficar em  sobre um corda bamba alinhada sobre o canhão de Nazaré, em Portugal, e suas ondas gigantescas. 


VÍDEO

www.mdig.com.br
08
Jun18

Ai és português? Pois pagas mais caro, é claro!

António Garrochinho





“Um português pretende alugar um automóvel, em Espanha, a uma dada empresa através do respectivo sítio web estabelecido em Portugal.
Descobre, porém, que a versão espanhola do respectivo sítio oferece o aluguer, nas mesmas datas, em idênticas condições, a um preço muito inferior.”
Poderá o português ser impedido de reservar o automóvel através do sítio web da empresa em Espanha?
Pode a empresa aumentar inopinadamente o preço quando o cliente introduz os dados relativos ao seu país de residência?
Pode uma empresa usar de TI para discriminar de modo activo os consumidores com base na sua origem geográfica e/ou nacionalidade, para manipular as ofertas de hospedagem em hotéis, alterando preços e disponibilidade da oferta conforme o respectivo país de origem?
A empresa regista as informações sobre a origem geográfica do consumidor; usa esse dado como elemento representativo (“proxy”) de origem nacional; discrimina os consumidores, bloqueando ofertas e precificando mais caro o produto (ou serviço) em função de tal origem.
Quais os fundamentos legais para contrariar essa tendência que abrange, na sua extensão, não só a União Europeia, mas o mercado global?
O princípio da não discriminação resulta, entre nós, de um Regulamento Europeu (2006/123) que, no seu artigo 20, reza:
1. Os Estados-membros devem assegurar que o destinatário não seja submetido a requisitos discriminatórios em razão da sua nacionalidade ou do seu lugar de residência.
2. Os Estados-membros devem assegurar que as condições gerais de acesso a um serviço que são postas à disposição do grande público pelo prestador não incluam condições discriminatórias baseadas na nacionalidade ou no lugar de residência do destinatário, sem que tal afecte a possibilidade de se preverem diferenças no que diz respeito às condições de acesso e que sejam directamente justificadas por critérios objectivos.”
Com os bloqueios generalizados com que os consumidores se confrontavam (e confrontam), a União Europeia entendeu intervir.
E para tanto editou o Regulamento n.º 2018/302, de 28 de Fevereiro, ainda ignorado entre nós.
Que, no seu artigo 3.º, reza:
1. Os comerciantes não podem bloquear nem restringir, por meio de medidas de carácter tecnológico ou de qualquer outro modo, o acesso dos clientes às suas interfaces em linha por razões relacionadas com a nacionalidade, com o local de residência ou com o local de estabelecimento dos clientes.
2. Os comerciantes não podem redireccionar os clientes, por razões relacionadas com a nacionalidade, com o local de residência ou com o local de estabelecimento do cliente, para uma versão da sua interface em linha diferente da interface em linha a que o cliente tentou aceder inicialmente, em virtude da sua configuração, da utilização de um idioma ou de outros factores que dêem a essa interface em linha características específicas para clientes com uma nacionalidade, um local de residência ou um local de estabelecimento determinados, a não ser que o consumidor tenha dado o seu consentimento expresso para esse redireccionamento.
… ”
Por conseguinte, o consumidor português não pode ser discriminado em razão da sua nacionalidade e ou do lugar de residência, devendo ser-lhe franqueada a possibilidade de aceder às mesmas condições que as oferecidas, em Espanha, a um espanhol, no acesso seja a que produto ou serviço for.
Eis, pois, os fundamentos para uma adequada reclamação, em caso de ocorrência de situação análoga.

regiao-sul.pt
08
Jun18

Loulé recebe exposição sobre trabalhadores forçados portugueses e louletanos na era "nazi"

António Garrochinho
Loulé recebe exposição sobre trabalhadores forçados portugueses e louletanos na era "nazi"

É inaugurada esta sexta-feira, 8 de junho, pelas 18h30, na Casa Memória Engº Duarte Pacheco, em Loulé, a exposição “Trabalhos forçados portugueses no III Reich e os Louletanos no sistema concentracionário nazi”.
 
Segundo adianta a autarquia de Loulé em nota de imprensa, trata-se de um projeto da fundação alemã EVZ – Memória, Responsabilidade, Futuro, e pretende apresentar o resultado do projeto internacional de investigação do Instituto de História Contemporânea/Nova sobre O Trabalho Forçado dos Portugueses no III Reich, aproveitando para divulgar o caso particular dos cidadãos louletanos arrastados neste processo durante a II Guerra Mundial.
 
Fernando Rosas, historiador que no início do ano esteve em Loulé para apresentar uma sessão dos “Horizontes do Futuro” sobre esta matéria, coordenou uma equipa de investigadores formada por Cláudia Ninhos, Ansgar Schaefer, António Carvalho, Antonio Muñoz-Sánchez e Cristina Clímaco, do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, que passou quatro anos a pesquisar essa realidade.
 
A inauguração da exposição contará com a presença do diretor do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Pedro Oliveira, bem como do coordenador do projeto, Fernando Rosas, e do presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo.
 
A exposição tem entrada livre.



www.algarveprimeiro.com
08
Jun18

Santos populares: sete marchas enchem de cor e alegria a marginal de Quarteira

António Garrochinho


marcha rua cabine1
A emblemática Rua da Cabine traz este ano o tema ‘Os Sobrinhos da Ti Anica’ (Fotos: DR)
O desfile das Marchas Populares, um dos mais típicos e característicos eventos culturais da cidade de Quarteira, volta a mostrar o forte bairrismo desta antiga comunidade piscatória, nos dias 12, 23 e 28 de Junho.
Este desfile leva ao “Calçadão” nascente milhares de visitantes que aqui vêm apreciar esta verdadeira manifestação etnográfica ligada ao mar, nomeadamente os trajes, as músicas e as coreografias dos grupos participantes.
Nas três noites de festejos – Stº António, S. João e S. Pedro – centenas de quarteirenses desfilam num dos maiores eventos do género no sul do país e que é um cartaz turístico do Algarve nesta altura do ano.
Este ano participam sete marchas em representação das artérias e bairros da cidade. A emblemática Rua da Cabine, que em 2017 participou também no desfile alfacinha, em plena Avenida da Liberdade, traz este ano o tema “Os Sobrinhos da Ti Anica; já as crianças e jovens da Fundação António Aleixo irão homenagear novamente as gentes do mar, com “A Varina e o Pescador”; a Marcha da Rua Gago Coutinho irá prestar homenagem às fundadoras desta que é uma das marchas pioneiras em Quarteira, com “A Nova Era – Tributo às Origens”; a Marcha Poeta Pardal este ano canta o Algarve, em “Coração do Algarve, Quarteira, linda Quarteira”, com todos os seus costumes e património, que vão do mar ao Alentejo; a Marcha da Rua Vasco da Gama faz uma retrospectiva de 26 anos de existência com o tema “Reviver Vasco da Gama”; “Piquenique à Portuguesa é o mote para este desfile das meninas e jovens raparigas do grupo Florinhas de Quarteira; finalmente, a Rua do Outeiro faz mais uma aparição cheia de alegria neste evento com “Quarteira em Festa”, que será também uma homenagem aos quarteirenses que sempre acarinharam as suas marchas.
santos populares quarteira
Desfile leva ao ‘Calçadão’ nascente milhares de visitantes


08
Jun18

Museu da Presidência novamente assaltado

António Garrochinho

A Polícia Judiciária está a investigar um assalto ao Museu da Presidência. O furto terá ocorrido entre o final da semana passada e o início desta semana, sendo que foi levada uma medalha que fazia parte do espólio. da instituição.

As autoridades iniciaram as investigações, sendo que não adiantam para já com mais informações relativas aos objetos que foram levados.

Recorde-se que no Museu da Presidência detem uma coleção de presentes de Estado, objetos pessoais dos Presidentes e vários documentos do arquivo oficial da Presidência.


www.abola.pt
08
Jun18

Tribunal ordena a demolição de 28 apartamentos em Albufeira

António Garrochinho



A câmara emitiu as licenças de utilização para habitações que o tribunal considerou ilegais e manda deitar abaixo. Na tentativa de travar o processo, a autarquia decidiu elaborar um plano de pormenor para a zona, ainda longe de vir a ser aprovado.
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O Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Loulé voltou a mandar demolir 28 apartamentos no empreendimento Roja-Pé, nos Olhos d’Água, em Albufeira. Os proprietários começaram esta semana a receber as notificações dando conta que Ministério Público pediu a execução da sentença, já transitada em julgado. O Tribunal Central Administrativo do Sul não deu provimento ao recurso apresentado pela autarquia a pedir a revogação da sentença que deverá ser executada num prazo de 120 dias. No espaço que estava destinado à criação de uma zona de lazer, com piscina de uso colectivo, o construtor fez um bloco de apartamentos.
O licenciamento do edifício que ocupa o lote 5 da urbanização Roja-Pé foi declarado nulo pelo tribunal por violação do Plano Director Municipal (PDM). A ordem judicial é para deitar abaixo o bloco por inteiro. Pelas mesmas razões, o último piso do bloco situado no lote 4 também terá de ser demolido. Os proprietários não foram apanhados de surpresa, pois o caso arrasta-se desde 2013, quando a câmara retirou, por imposição judicial, as licenças de utilização que tinha emitido. Os condóminos vivem momentos de incerteza, com os bancos a pressionar o pagamento dos empréstimos.
O presidente da câmara, José Carlos Rolo [a exercer o cargo há quatro meses por falecimento do anterior titular], disse ao PÚBLICO que o município “ainda não foi notificado, embora tenha tido conhecimento que alguns proprietários” já receberam as cartas do tribunal dando conta que têm um prazo de 20 dias para contestar a acção da execução da sentença. “A câmara vai facilitar a apoio jurídico a quem necessitar”, adiantou. Entretanto, está em elaboração um plano de pormenor para a zona da Roja-Pé, no qual se prevê a manutenção dos apartamentos, construídos de forma ilegal em relação ao PDM.
A Câmara de Albufeira aprovou, por despacho do presidente da altura, Desidério Silva, o pedido de alterações ao projecto inicial para legalizar uma parte das obras que tinham sido feitas de forma clandestina. Por essa via, o empreendedor obteve o direito de aumentar a área de construção e o número de pisos. No lugar onde estava prevista a construção de uma piscina de uso colectivo e uma zona de lazer surgiu mais um edifício (lote 5) com 16 apartamentos. Os preços variaram conforme a localização. Um apartamento T1, com vista para o mar, foi comprado em 2007, com recurso a empréstimo bancário, por 138.600 euros. O proprietário não pode vender nem alugar, porque a licença de utilização foi invalidada em 2015, depois de o TAF de Loulé ter declarado a “nulidade das alterações ao alvará n.º 982 e as subsequentes autorizações de construção e de alteração aos projectos iniciais”.
O município recorreu da sentença para o Tribunal Central Administrativo do Sul, mas não teve acolhimento. Os juízes desembargadores não admitiram o recurso interposto por não ter sido usado o meio processual adequado. O acórdão transitou em julgado em 18 de Março de 2013 e a câmara tinha um prazo de oito meses para dar cumprimento à decisão judicial e “não foram apresentadas quaisquer causas legítimas de inexecução”, alegou o Ministério Público junto do TAF de Loulé, pedindo que a sentença seja executada num prazo de 120 dias. Os lesados tentaram junto da câmara fazer valer os seus direitos, alegando que compraram de “boa fé”, completamente alheios às ilegalidades praticadas. José Carlos Rolo justificou os licenciamentos do ex-autarca, actual presidente da Região de Turismo do Algarve, dizendo que “os despachos tiveram por base pareceres técnicos favoráveis, cujos fundamentos continuam a defender como sendo válidos”. Na próxima segunda-feira está agendada uma reunião, na câmara, para debater este assunto.
Para o empreendedor, Luís Canas, os problemas tiveram origem “numas queixas maldosas de pessoas que exigiam acesso à piscina do lote 5 alegando que estavam impedidas de o fazer, o que não era verdade”. Para que as queixas fossem retiradas, declarou, ofereceu “dois apartamentos a duas das queixosas, mais 50 mil euros a outra”. Uma vez alcançado o acordo entre os proprietários, a câmara desbloqueou o embargo das obras e deferiu o pedido de alteração do projecto inicial e do alvará. O tribunal veio a declarar a “nulidade” dos actos praticados.
O alvará desta urbanização vem dos anos 1979/80 e foi atribuído a um alemão, antigo proprietário do Hotel Alfamar. Luís Canas, empresário das Caldas da Rainha, pegou na obra em 2000, já com uma parte dos prédios construídos. Em vez da zona de lazer que estava prevista no lote 5, admitiu, fez um bloco de apartamentos. “Mas prescindimos de construir em três lotes onde havia uma zona de pinhal.” Nessa altura, recordou, “os presidentes da câmara tinham muito poder”, desabafou. É nesta altura que se afunda o Vale Navio, também em Albufeira — um dos maiores empreendimentos de time sharing. Cerca 8400 investidores, entre os quais 1600 portugueses, perderam aqui as suas poupanças, quando compraram semanas de férias em apartamentos e vivendas. A venda dos títulos de habitação periódica terá rendido 45 milhões de euros, circulando a maior parte do dinheiro por empresas offshore.

www.publico.pt

08
Jun18

JOSÉ MANUEL FERNANDES O REACCIONÁRIO DO JORNALIXO DIZ QUE A DEPUTADA ISABEL MOREIRA ASSINALA OS SEUS TRIUNFOS COM TATUAGENS - PASSARÁ - ISABEL MOREIRA

António Garrochinho

A deputada de causas que que assinala com tatuagens os seus triunfos legislativos. Para ela chega sempre “o dia em que o verdadeiro lóbi da sacristia é derrubado pela democracia”. Uma democracia que ela entende de sentido único, porque há sempre um “progresso contra o obscurantismo”.

José Manuel Fernandes



Passará

A despenalização da eutanásia em situações especiais veio para ficar. O chumbo do projeto de lei do PS, por 5 votos, num dia marcado pela posição do Comité Central e pela fuga ao ónus da aprovação por parte dos Deputados do PSD é, apesar de tudo, uma esperança.
A luta pelo progresso contra o obscurantismo da imposição de uma moral única tem um perfil. Os temas são lançados, a sacristia em sentido amplo faz uso do terrorismo habitual, desmaiamos na praia uma e outra e terceira vez, até que a força de quem exige ser integrado na cidade, até que a força de quem, por ser minoria, não aceita ser apátrida, ganha a força da única dignidade aceitável num Estado de direito democrático. E essa dignidade faz-se lei. E o Estado deixa de ser indigno.
A luta pelo progresso contra o obscurantismo da imposição de uma moral única tem um perfil. Começa por ser combatida pela via do medo, pelo aviso da desintegração moral da sociedade, Sodoma e Gomorra pululam nos discursos, acusam-nos de sermos um lóbi dedicado a destruir os bons costumes que abafam as “más práticas” no silêncio agregador do pecado.
Há o dia em que o verdadeiro lóbi da sacristia é derrubado pela democracia que tem os direitos fundamentais por contramaioritários: as mulheres deixam de morrer na escuridão do aborto clandestino; a homossexualidade deixa de ser crime; o casamento casa gays e lésbicas; as famílias homoparentais saem da ilegalidade; a adoção de crianças por casais do mesmo sexo passa a ser uma realidade; e as mulheres recorrem à PMA independentemente do seu estado civil ou da sua orientação sexual.
Os avisos da desintegração da sociedade caem por terra. Descobre-se que há espaço para todas e para todos. Descobre-se que quem luta contra o obscurantismo da imposição de uma moral única não pretende afastar do mundo os que apenas aceitam um modelo de vida. Quem anda nessa luta pretende apenas que haja espaço para a sacristia e para os demais. A sacristia não cai, mas os proscritos ganham foros de cidadania, isto é, passam a ser pessoas e, imagine-se, a nossa Roma não arde.
Esta semana o Parlamento optou por manter em vigor uma imoralidade. Optou por dizer que é razoável prender por três anos quem auxilie alguém a abreviar a vida quando esse alguém, maior de idade, está numa situação de sofrimento extremo, com um diagnóstico irreversível ou lesão definitiva e, na sua própria definição de vida digna, pede reiteradamente para ser libertado de um corpo cheio da morte certa.
Continuamos, assim, todas e todos forçados a morrer segundo a moral de alguns. Os tais que insistem em que as pessoas com quem falei pedindo ajuda para abreviar a vida não estão a pensar bem, não estão a respeitar a vida “absoluta”, não sabem nada de “cuidados” e do bom que é pôr as convicções de lado e ouvir a ladainha de uma Isilda Pegado ou de uma Isabel Galriça Neto.
Sabem. Falei com uma mulher que sabia. A lei não a acudiu.
Morreu ofendida pelo Estado. Pedindo que continuássemos.
E continuaremos. Como nas outras lutas pelo progresso contra o obscurantismo da imposição de uma moral única. Sabemos do perfil.
Sabemos que passará.

08
Jun18

ENTREVISTA VÍDEO MARGARIDA BLASCO - Presença da extrema-direita nas polícias está a ser investigada

António Garrochinho


Entrevista Margarida Blasco

Polícia das polícias diz que não pactua com comportamentos racistas das forças de segurança. “Somos intransigentes”, assegura a juíza Margarida Blasco, que conta com menos de dezena e meia de inspectores para inspeccionar 50 mil polícias.
Foi a primeira mulher a exercer o cargo de directora-geral do Serviço de Informações de Segurança, já lá vai mais de uma década. Enquanto juíza, passaram pelas suas mãos casos como o de Camarate, onde morreu o primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, Dona Branca e ainda o do então director da Polícia Judiciária Fernando Negrão, demitido devido a uma fuga de informação sobre uma investigação à Universidade Moderna. Um caso que acabou por arquivar. Aos 62 anos, Margarida Blasco está a iniciar o seu terceiro mandato à frente da Inspecção-Geral da Administração Interna, que também nunca tinha sido dirigida por uma mulher. Sem conseguir dar uma data para a conclusão dos inquéritos aos incêndios do ano passado, a magistrada admite que a presença da extrema-direita entre as forças policiais faz parte das suas preocupações. O último Relatório Anual de Segurança Interna aludia a "grupos criminosos violentos e organizados" ligados à segurança privada, com especial incidência no sector da diversão nocturna. 
A IGAI está a investigar o desempenho da Autoridade Nacional de Protecção Civil nos incêndios do ano passado. Como está esse trabalho?
Existem dois inquéritos para apurar responsabilidades disciplinares, um sobre Pedrógão Grande, que está a ser levado a cabo na sequência de um inquérito levado a cabo pela direcção de auditoria da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), e outro pedido pelo autarca de Mação e que foi determinado à IGAI pelo ministro da Administração Interna. E há uma auditoria ao desempenho da ANPC nos incêndios de Outubro.


E resultados? E responsabilidades?
São processos em curso que se encontram em sigilo. Não posso dar uma ideia de quando estarão terminados.
A nova época de incêndios que está a começar foi planeada e vai ser executada pelas mesmas pessoas que no ano passado conduziram as operações. No distrito de Leiria o primeiro e o segundo comandantes nacionais são arguidos no inquérito judicial em curso e mantêm-se em funções. Não era suposto já haver resultados?
A colocação do dispositivo [de combate a incêndios] no país foi preparada de forma diferente este ano.
Os seus inspectores estão a avaliar o quê exactamente?
A tentar perceber o que falhou a nível das acções ou da falta delas no terreno, que deveres funcionais deviam ter sido feitos. Se a actuação de cada um foi consentânea com o papel que lhe era exigido pela administração. Em Outubro houve 600 e tal pontos de ignição praticamente simultâneos e temos de avaliar praticamente tudo situação a situação.
Concorda com a permanência em funções de pessoas sobre as quais impedem graves suspeitas, sejam bombeiros ou polícias?
As pessoas são responsáveis pelos actos que cometeram, mas é preciso apurar se tinham condições [para actuar de outra forma] e se os cometeram assim ou não. Para mim, como magistrada, uma pessoa só é responsável com trânsito em julgado de determinada decisão judicial. Enquanto estiverem a ser coligidos factos é prematuro da minha parte fazer um juízo de valor relativamente a essas pessoas.


Defende então que se mantenham em funções?
Não defendo, constato uma situação de direito. Estamos num Estado de direito. Temos que explicar às pessoas que os indícios têm que ser investigados. Têm que haver factores que nos digam que aquela pessoa é completamente desadequada ao lugar [que ocupa].
Da IGAI esperam-se ainda respostas ao comité anti-tortura do Conselho da Europa, que no seu último relatório colocou Portugal como um dos países da Europa ocidental com mais violência policial. O que lhes disse?
As propostas do comité passavam por dotar a IGAI de um corpo de inspectores mais elevado. Temos 14 inspectores no quadro e neste momento estão preenchidos 11 lugares. Obviamente concordo que é necessário ter mais inspectores.
14 inspectores para quantos polícias?
Cerca de 50 mil pessoas.
O comité entende que a IGAI devia ser um órgão autónomo com capacidade para fazer investigações criminais. Acha que isso traria eficiência? De que meios carece a Inspecção para ser mais rápida?
A IGAI é um órgão autónomo de controlo externo de todas as instituições do Ministério da Administração Interna. Tem no seu corpo inspectivo magistrados quer judiciais quer do Ministério Público, oficiais superiores das forças de segurança e outros técnicos altamente especializados. Tem competência para abrir averiguações e inquéritos. Ainda não a tem para abrir processos disciplinares, como quer o comité.
Quanto à recomendação para fazermos processos de inquérito de natureza criminal isso levou a grande discussão no seio da IGAI, porque em termos constitucionais o órgão que faz a investigação criminal é o Ministério Público. A IGAI apenas tem competência para os processos de natureza disciplinar.
O que pode ter conduzido a fenómenos como aquele que faz sentar no banco dos réus neste momento 17 polícias, acusados de racismo e tortura contra vários jovens da Cova da Moura?
Não vou comentar um processo judicial em curso. A IGAI abriu de imediato um inquérito a esses factos. Ainda não tinha terminado quando foram abertos processos disciplinares a nove agentes da PSP da esquadra de Alfragide. Foram aplicadas penas de suspensão a dois agentes e a um deles até uma sanção acessória de transferência de posto.
Há outros casos: o do assaltante morto a tiro pelos GOE [grupo de operações especiais da PSP] em Queluz em Dezembro passado e, no mês anterior, o da imigrante brasileira morta por engano pela polícia. Como pôde isto suceder?
Por isso é que existimos. A IGAI tem tomado medidas para evitar estas situações. Quem pratica estes tipo de actos e é condenado deve, como é evidente, ser erradicado. Queremos forças e serviços de segurança que cumpram intransigentemente os direitos humanos. E nisso somos intransigentes. Podemos compreender determinados fenómenos mas não pactuamos com eles. E queremos ir a fundo.
Há racismo entre as forças de segurança?
Se há racismo? Tem que perguntar ao cidadão, que tem meios para dizer se acha que foi vítima de racismo.  

O Relatório Anual de Segurança Interna de 2017 detectou a infiltração de pessoas de extrema-direita no sector da segurança privada. Também estão presentes nas forças de segurança?
A IGAI tem um papel pequeno relativamente à inspecção das empresas de segurança privada. Se detectar algum membro das forças de segurança a prestar serviço numa destas empresas actuará. É uma situação que tem sido muito fiscalizada, até porque há departamentos na PSP que fazem esse controlo. A IGAI acompanha estes fenómenos a par e passo, para evitar que se instalem o progridem.
Mas há ou não infiltração da extrema-direita nas polícias portuguesas?
Não tenho indicação de que exista uma infiltração organizada, em forma de associação criminosa. Tenho queixas que são analisadas e investigadas. Não vou dizer qual o resultado de investigações que estejam em curso.


VÍDEO


www.publico.pt
08
Jun18

Operação Lex. PJ faz buscas no escritório de Natércia Pina

António Garrochinho


Buscas arrancaram esta manhã

A Polícia Judiciária está esta quinta-feira a realizar buscas no escritório de Natércia Pina, arguida em processos de burla ao Estado e cliente do juiz Rui Rangel.
As buscas, realizadas no âmbito da Operação Lex, arrancaram esta manhã e ainda decorrem.
Este é o escritório onde se encontram pastas com informações que o SOL revelou em primeira mão no passado mês de março. Em causa estão documentos bancários, e-mails e registos contabilísticos que comprovam o esquema que o Ministério Público atribui a Rangel, e ao seu testa-de-ferro, para despistar pagamentos de despesas pessoais do juiz a troco de decisões judiciais favoráveis a certos arguidos.
Um e-mail que o SOL revelou na altura mostra a proximidade entre Natércia Pina e Santos Silva, o advogado que o MP suspeita que fosse o testa-de-ferro de Rangel neste esquema. Foi através de Santos Silva que Natércia entrou na 'rede' de clientes que o MP atribui a Rangel. "Cara amiga. Mais uma vez me vejo na necessidade  de lhe pedir um grande favor. Tenho que pagar hoje uma dívida que se vem arrastando desde setembro, ao lar onde está a minha mãe, pois foi o máximo de prazo que me deram e queria evitar que a minha mãe tivesse conhecimento desta situação irregular. São 450 euros. Veja se e como pode ajudar", lê-se no e-mail, datado de novembro de 2016. De seguida, o causídico enviou a Natércia as referências do cartão multibanco carregável: "O que conseguir mande, através do MB, no cartão com as referências: Entidade 21312, Ref.999752529. Muito obrigado. Bj"
Rui Rangel, o principal arguido neste caso, é suspeito dos crimes “recebimento indevido de vantagem, corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influência e de fraude fiscal”, revelou na altura a PGR.

sol.sapo.pt
08
Jun18

Cegonha gigante pousou em rua de Faro e já é atração turística [com fotos]

António Garrochinho

No Natal, esteve dentro da tenda montada pela Câmara de Faro, para animar os mais pequenos. Esta primavera, a cegonha voltou e pousou na rua Rebelo da Silva, conhecida por muito como “a de trás” da rua de Santo António, onde é, atualmente, um elemento de animação estética e até de atração de pessoas, que fazem questão de a fotografar.
Esta instalação artística em forma de cegonha, com cerca de três metros de comprimento, foi criada há alguns meses pelo artista farense Tó Quintas para animar a tenda de Natal da Câmara de Faro e ganhou nova vida há algumas semanas.
O “culpado” foi José Carlos Manuel, proprietário da loja António Manuel e presidente da Associação de Comércio da Baixa de Faro, que quis dar mais vida à artéria onde vive e para onde dá uma das portas do seu estabelecimento.
«Eu sou muito cuidadoso com Faro. Tenho vindo a fazer pressão junto da Câmara para agir na parte estética e eles têm dado algum apoio. É difícil, porque as questões de logística assim o determinam, mas vou tentando, com a autarquia, dar alguns sinais de frescura às ruas da Baixa», explicou José Carlos Manuel ao Sul Informação.
A escolha da rua Rebelo da Silva, que liga a rua 1º de Dezembro, transversal à de Santo António, à praça Alexandre Herculano (Jardim da Alagoa), deve-se à forte relação que tem com esta artéria da cidade.
«Tenho especial atenção a esta rua, porque, para além de aqui morar, tenho cá a minha loja [uma das entradas]. Esta sempre foi conhecida como a rua de trás, por ficar nas traseiras da Rua de Santo António. Apesar de ainda haver aqui algum trânsito, de cargas e descargas, a rua já começa a ter vida própria», disse.
E como é que uma cegonha gigante aterrou ali? «O Tó Quintas tinha criado esta cegonha para pôr na tenda de Natal das crianças. Um dia, fui à casa dele e acho que a cegonha estava cansada de estar lá, veio atrás de mim e aterrou aqui», brincou José Carlos.
«Esta obra nasceu de um convite da Câmara para animar a tenda natalícia. Eles fazem sempre um presépio e este ano surgiu a ideia da cegonha, por ser um símbolo da cidade. Esta peça é construída em materiais relativamente ligeiros, devido ao seu tamanho, para ser fácil de transportar e de montar», contou, por seu lado, Tó Quintas.
«Ela era para ter uma vida algo curta, mas o Zé Carlos convidou-me a pendurá-la aqui na rua para decorar o espaço. Vamos ver até quando sobrevive», acrescentou.
O artista farense explicou ao Sul Informação que a cegonha foi pensada, «não para ter o rigor de uma cegonha verdadeira, mas para dar a imagem deste animal, num estilo infantil, a lembrar a banda desenhada, para ser um pouco naïf. Porque eu acho que este tipo de coisas são um medicamento para a depressão, têm a capacidade de animar, de provocar a gargalhada e a alegria».
«Tem sido um sucesso. Muitas pessoas, principalmente os estrangeiros, fazem questão de fotografar a cegonha, juntamente com a buganvília», assegurou José Carlos Manuel.
Fazer desta peça artística uma referência para quem visita Faro e, desta forma, colocar a rua Rebelo da Silva no mapa turístico da cidade é um dos grandes objetivos.
«Nós, que moramos aqui, não ligamos muito. Mas quem vem de fora, se vê algo fora do comum, tira uma fotografia», ilustrou.
Este é apenas um dos apontamentos que José Carlos Manuel, a título pessoal ou enquanto presidente da associação Baixa de Faro, tem deixado pela zona nobre da cidade. «No ano passado, na Rua de Santo António, pusemos lá um louva-a-deus. Também fui eu que coloquei a deusa nas escadarias da Doca, bem como o búzio», contou.
Para Tó Quintas, a cegonha «mudou a rua». «Antes, era a parte de trás da rua de Santo António, mas começa a ter a sua identidade própria. Penso que isto poderá até poderá ajudar ao aparecimento de novos negócios e aumentar a qualidade de vida das pessoas que aqui moram. Porque esta é uma rua da Baixa, mas que ainda tem uma tranquilidade quase de aldeia», disse.
Já José Carlos gostaria de ver os seus conterrâneos a cuidar mais de Faro. «Acho que os moradores deviam fazer um bocado mais pela cidade. Se as pessoas de cá não estragarem, já é muito bom. Mas o que se vê mais são pessoas que em vez de cuidar, estragam. Ainda assim, acredito que haja uma tendência para mudar», considerou.
Da sua parte, continuará a esforçar-se para que a Baixa da cidade tenha elementos diferenciadores, neste caso, no seu papel de dirigente associativo. «Temos um projeto para colocar floreiras penduradas em todos os candeeiros da baixa. Ainda estou à espera do sim da Câmara, para pintar os candeeiros. São coisas que demoram um bocado, mas que nos permitem evoluir e cuidar mais da nossa cidade», acredita.
Quanto ao futuro da cegonha gigante, ainda está por definir. Há pouco dias, o vento causou alguns estragos na peça, que entretanto foi recuperada, o que leva José Carlos Manuel a não saber se ela «vai migrar».
«Houve agora este problema, porque ela bateu com a asa e tivemos de chamar o veterinário – o Tó Quintas. Mas acho que ela se vai aguentar aqui  no Inverno», concluiu.
Fotos: Gonçalo Dourado|Sul Informação
08
Jun18

«PS permanece acorrentado às teses da política de direita»

António Garrochinho

Na abertura das jornadas parlamentares do PCP, Jerónimo de Sousa criticou a «crescente procura de convergência» entre o PS e o PSD, o CDS-PP e, na legislação laboral, as confederações patronais.


O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, à chegada para as jornadas parlamentares do PCP, na Pousada de Alcácer do Sal, 7 de Junho de 2018
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, à chegada para as jornadas parlamentares do PCP, na Pousada de Alcácer do Sal 

O secretário-geral do PCP, na sessão que decorreu ao final desta manhã na Pousada do Castelo de Alcácer do Sal, transmitiu «preocupações» face à «manifesta falta de vontade política do Governo minoritário do PS» em resolver «muitos problemas que tinham solução no imediato».
A par desta realidade, de que é expressão a situação criada em torno das progressões num conjunto de carreiras da Admnistração Pública, Jerónimo de Sousa criticou fortemente a opção do PS em convergir com o PSD e o CDS-PP em matérias estruturantes. Depois dos acordos com o PSD em torno dos fundos europeus e da transferência de competências para as autarquias, surge na agenda política o acordo de concertação social entre o Governo, as confederações patronais e a UGT, com o beneplácito já declarado pelo PSD.
Mas as críticas do PCP foram muito para lá da forma e dos parceiros com que o Governo e o PS escolheram avançar para alterar a lei laboral. Os comunistas criticam a manutenção dos mecanismos que permitem eliminar na prática os direitos conquistados através da contratação colectiva e dos instrumentos de chantagem sobre os trabalhadores, como a caducidade e a eliminação do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador.

Acordo passa ao lado do combate à precariedade

Quanto às soluções que o PS pretende fazer aprovar no Parlamento dentro de menos de um mês (a 6 de Julho), Jerónimo de Sousa denunciou a farsa que constitui o apregoado combate à precariedade, quando a redução dos prazos dos contratos é compensado com a duplicação do período experimental. A serem concretizadas, as alterações vão permitir que um jovem passe meio ano à experiência no seu primeiro emprego, podendo ser despedido mesmo com um vínculo efectivo.
A nova taxa para as empresas «que passem certo nível de precariedade, dita aceitável», é considerada pelos comunistas como uma «espécie de licença ou bula» para legalizar vínculos precários que são, actualmente, ilegais. «Será mais vantajoso pagar a taxa do que pagar um salário digno e assegurar trabalho reconhecendo direitos», avisou o secretário-geral do PCP.
Jerónimo de Sousa denunciou ainda a manutenção de mecanismos de desregulação dos horários de trabalho, seja através da manutenção da adaptabilidade como pela substituição dos bancos de horas actualmente em vigor por um novo, que permite estender os tempos de trabalho até às dez horas por dia e 50 horas por semana.

PCP solidário com a luta dos trabalhadores

O dirigente comunista afirmou ainda a «activa solidariedade do PCP» com a manifestação nacional convocada pela CGTP-IN para o próximo sábado, dia 9, em Lisboa. «Têm acrescidas razões os trabalhadores para intensificarem a sua luta», acrescentou.
Para além das propostas em torno da revogação de várias normas do Código do Trabalho que mais penalizam os trabalhadores, Jerónimo de Sousa anunciou que o partido vai levar a votos, juntamente com as propostas do Governo que resultaram do acordo com o patronato, um conjunto de iniciativas legislativas. A limitação das razões para a contratação com vínculos precários e para despedimento, assim como a reposição dos valores das indemnizações nesses casos e dos dias de férias são algumas das propostas que o PCP vai levar a debate a 6 de Julho.

Jornadas com deputados no Parlamento Europeu

As jornadas parlamentares do PCP realizam-se hoje e amanhã no Litoral Alentejano, centrando-se nas questões do trabalho, da produção nacional, da segurança social e da necessidade de reforço do investimento público.
Para além dos deputados na Assembleia da República, participam também os eleitos do PCP no Parlamento Europeu, nomeadamente em encontros com agricultores e pescadores da região.
As conclusões das mais de uma dezena de acções, encontros e visitas destes dois dias são anunciadas na sexta-feira pelo líder parlamentar João Oliveira, em Grândola.


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08
Jun18

Petróleo no Algarve | PALP enviou denúncia a comité de convenção internacional

António Garrochinho


A PALP fez uma denúncia ao Comité de Conformidade da Convenção de Aarhus, que verifica a conformidade dos procedimentos dos Estados com Directivas e Convenções internacionais.
Esta denúncia tem por base diversos casos em que o direito à informação e à verdadeira participação do público nos processos de tomada de decisão foi totalmente obstruída ou ignorada, no decurso da prospeção e pesquisa autorizadas nos contratos de combustíveis fosseis.
São inúmeras as situações referidas, sendo a última delas a falta de transparência e a farsa na consulta pública promovida pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para «Apreciação prévia de sujeição a procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental do projeto “Sondagem de Pesquisa Santola IX».
A PALP prosseguirá na sua acção exigindo ao Governo a defesa intransigente do interesse público e dos direitos legalmente protegidos dos cidadãos (artº 266, nº 1, da CRP e artº 4º do CPA) e consequentemente a revogação de todos os contratos em vigor que consignam a concessão da prospecção e exploração de hidrocarbonetos.
Plataforma Algarve Livre de Petróleo
Categories: Algarve
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08
Jun18

OLHÃO - USOS E COSTUMES

António Garrochinho
USOS E COSTUMES





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1. Bioco

O BIOCO era uma peça de vestuário feminino, tendo entrado em uso em 1649, no reinado de D. João IV, segundo alguns autores. Como data oficial da sua extinção, sabe-se que em 1892 e por ordem do então Governador Civil do Algarve, foi proibido nas ruas e templos, embora continuasse a ser usado em Olhão até ao início do séc. XX. Hoje, apenas alguns ranchos folclóricos do concelho, como o Rancho Etnográfico de Quelfes, exibem o BIOCO em festas e romarias.
Raul Brandão escreve a propósito do bioco no seu livro "Os Pescadores", em 1922:
" Ainda há pouco tempo todas (as mulheres de Olhão) usavam cloques e bioco. O capote, muito amplo e atirado com elegância sobre a cabeça, tornava-as impenetráveis.
É um trajo misterioso e atraente . Quando saem, de negro envoltas nos biocos, parecem fantasmas. Passam, olham-nos e não as vemos. Mas o lume do olhar, mais vivo no rebuço, tem outro realce... Desaparecem e deixam-nos cismáticos. Ao longe, no lajedo da rua ouve-se ainda o cloque-cloque do calçado - e já o fantasma se esvaiu, deixando-nos uma impressão de mistério e sonho. é uma mulher esplêndida que vai para uma aventura de amor? De quem são aqueles olhos que ferem lume?... Fitou-nos, sumiu-se, e ainda - perdida para sempre a figura -, ainda o som chama por nós baixinho, muito ao longe-cloque..."
  
2. Os sapatos de Ourelosourelos.jpg (84058 bytes)
Eram sapatos de confecção caseira, que ocupava muitas mulheres em Olhão e eram vendidos nas feiras e mercados por todo o Algarve e em Setúbal.
"Ourelo" significa "margem" ou "borda", sendo estes sapatos fabricados com o ourelo do tecido das fardas de inverno dos soldados. Eram várias fitas deste ourelo pregadas numa forma de madeira e, com outras fitas de pelica e um pedaço de pele de coelho, podia ter uma grande variedade estética de desenhos e cores. No litoral do concelho chamavam-se "chalocas" e no interior "cloques", devido ao barulho que produziam ao bater no chão durante o andar.

3. Costumes de Natal
A partir de 8 de Dezembro preparam-se pequenos pratos ou taças com trigo que se borrifam todos os dias, e que vão dar origem a pequenas searas para enfeitarem o presépio.
Uns dias antes do Natal arma-se o presépio: em cima de uma mesa coloca-se o Menino num trono, envolto por um alvo lençol de linho. Nos degraus que vão até ao trono dispõem-se as searas alternadas com laranjas e tangerinas e, muitas vezes, velas que se acendem à noite.
Antes da Missa do Galo, come-se uma refeição de peixe seco - o galhudo ou litão -, guisado com cebola, louro, pimenta e salsa.
Como sobremesa comem-se filhós e trutas (pastéis de massa tenra recheados com amêndoa, batata-doce, grão ou gila).
Clique aqui para ler um texto de Diamantino Piloto sobre o antigo Natal em Olhão.

4. Carnaval antigo
O  CARNAVAL   NAS  RUAS
Homens, mulheres, moços e moças, exceptuando velhos e doentes, todos, quer nas ruas ou debruçados nas varandas das suas casas, simplesmente vendo ou actuando, tomavam parte na loucura carnavalesca. O carnaval ia a todas as ruas, não se limitava unicamente à Avenida.
Por todos os lados se brincava.
Havia combatentes carnavalescos apeados e montados, entrouxados ou com roupa de "combate" que partiam para a luta por essas ruas da vila fora. Oito rapazolas alugavam uma carroça, dessas que ainda hoje existem, com dois bancos compridos ao longo de veiculo, puxada por um macho ou mula, com condutor fixe e paciente. Previamente carregava-se o carro com os projécteis que eram: erva, (santas noites), "chorões", que íamos arrancar na linha do caminho de ferro, grainha de alfarroba ou feijões furados pelo bicho e "pantufas" (pequenos cilindros de papel de seda cheios de cinza dos fomos de pão) que, um mês antes do carnaval, começávamos a confeccionar tomando como molde o pé de uma cadeira de tábua. Também se levava confetis e serpentinas, para as meninas mais do nosso agrado.
Mais oito rapazes, outros oito, e ainda mais oito e oito, tantos grupos quantas as carroças disponíveis existentes em Olhão, e assim se formava uma "divisão" de "carros de assalto" que, sem qualquer combinação ou participação de intenções, partiam à procura do "inimigo" entrincheirado pelos parapeitos das açoteias que, sobre os assaltantes lançavam toda a espécie de "projécteis", incluindo desperdícios de cozinha e líquidos de proveniência duvidosa.
Havia ruas famosas para os combates. A Rua da Liberdade, a Rua da Cerca, as Ruas Diogo Cristina, Serpa Pinto, Capitão Nobre, Nova do Levante e outras eram afamadas de combates rijos.
Quando as açoteias eram baixas, com o auxílio dos carros, fazia-se o assalto directo ao bastião. O mesmo podia acontecer se deixavam uma porta aberta ou janela. Neste caso de assalto directo ao campo do "inimigo" havia a luta "corpo a corpo" era inevitável com as assaltadas para não se deixarem empoar por farinha ou pó de arroz. Elas fugiam por toda a parte da casa ou lutavam mesmo. Tudo no final, acabava bem. Nunca dei notícia de qualquer caso condenável. A não ser um pequeno roçar de lábios ou uma leve pressão das mãos numa zona não consentida e, às vezes, desejada, mas não fazia mal. Tudo era carnaval.
Era a vitória do atacante.
Nem sempre havia luta. Elas escondiam-se e tudo servia para esconderijo. O melhor era debaixo das camas. Aqui podia acontecer o que aconteceu a um pertinaz perseguidor que, como o tal caçador, atirou ao que viu e matou o que não viu. Ele viu algumas a correrem para debaixo da cama e a última que entrou já não teve muito espaço, ficou-lhe ao alcance do braço e ele, julgando destapar-lhe o rosto d'algum lenço que levaria na cabeça, desatou a empoar-lhe o que ele julgou ser as faces da rapariga Não eram. Simplesmente se enganou nas posições das regiões do corpo. Mas não fez mal, era tudo carnaval.
Esta, dos ataques dos "carros de assalto", com o lançamento de "projécteis" era a parte mais dura das brincadeiras carnavalescas. Quanto ao enfarinhamento das raparigas não era empresa fácil. Primeiro, tínhamos que ser conhecidos delas para haver o atrevimento e, segundo, elas estavam bem defendidas no seu baluarte pelas mamãs e avós que lutavam connosco à vassourada até nos expulsarem do terreno conquistado e outras, ainda consentiam por achar graça Enfim, brincava-se.
Outra brincadeira que tinha graça e denotava paciência era a do pescador com a "Bolachinha". Era preciso ter muita paciência para um sujeito se meter o dia inteiro dentro dum fato de oleado com um "sueste" (chapéu de oleado) na cabeça e umas botas de borracha de cano alto calçadas, um cabaz enfiado no braço e uma cana nas mãos com um fio pendurado e no extremo uma bolacha amarrada e um "cardume" de miúdos a lambuzar a bolacha sem conseguir trincá-la. Lá que é preciso é. Mas se o conjunto "cardume" e pescador tinha muita graça, tinha e, sobretudo, quando o "peixe" jogava a "barbatana", apanhava a isca e raspava-se a mastigá-la.
O miúdo ia-se rindo da vitória e o pescador ficava enfurecido porque tinha que amarrar outra bolacha. Ainda mais graça tinham alguns pescadores que engodavam o "cardume" com rebuçados que atiravam para junto de um grupo de adultos que lhes estava perto. É claro, arrelia de uns e graça de outros. Os miúdos atiravam-se de qualquer maneira para apanhar os rebuçados.
O pescador da bolachinha, que tão característico era de Olhão e que só aqui vi, desapareceu do carnaval desta terra.
A arte e a beleza também davam honras ao Carnaval de Olhão. A música, embora a época fosse de brincadeira. não era esquecida.
Formavam-se grupos - as estudantinas - de cerca de 30 homens, com uma capinha curta de estudante e uma mascarinha no rosto, tocando instrumentos de corda e sopro, pandeiretas e castanholas que percorriam as ruas da vila tocando e cantando, dando com a sua arte um cunho de beleza àqueles dias que muitas vezes esquecemos quem devemos ser. Era carnaval.
E os carros ornamentados... alegóricos ou simplesmente decorados que apareciam na Avenida a fazer corso e batalha de flores, serpentinas e confetis?
Alguns eram obras-primas de execução. Verdadeiros mimos de arte e beleza que encantavam. E nos tempos recuados não havia os materiais de tão fácil preparação que hoje há. Os artistas olhanenses esmeravam-se. As tripulações - as meninas de todas as idades - dos carros iam vestidas ao rigor da alegoria, a condizer com o ornamento da viatura. Eram corsos muito animados. Combatia-se de carro para carro ou com as pessoas que estavam na Avenida.
Olhão foi das primeiras terras do Algarve, senão a primeira, a fazer as chamadas "Batalhas de Flores" com carros alegóricos e ornamentados. Não foram porém persistentes. Uns anos faziam, outros não. Outras terras seguiram-se-lhe, persistiram e tornaram as suas festas carnavalescas tradicionais. Olhão desistiu de vez, e hoje se quiser reavivar terá fracas possibilidades de competir com quem já se habituou a essa iniciativa.
Creio que o Carnaval de Olhão morreu.
Retirado de:
Barbosa, José - Visto e ouvido... em Olhão... reflexões - Câmara Municipal de Olhão, 1993, pp. 69-71



5. Costumes da Páscoa
Visita-se o Cerro da Cabeça na 2ª feira a seguir ao domingo de Páscoa, situado ao lado do Cerro de S. Miguel.
Muitos olhanenses ainda sobem o Cerro a pé.
Nesse dia, tradicionalmente, os Olhanenses consomem os seguintes pratos culinários:




bulletErvilhas com ovos escalfados
bulletCabrito assado
bulletCaracóis
bulletFolar de folhas ou folar doce
bulletAmêndoas confeitas

www.olhao.web.pt

08
Jun18

OLHÃO - A HISTÓRIA

António Garrochinho
História de Olhão


Os achados arqueológicos comprovam a presença humana na área do Concelho de Olhão desde o Neolítico.
A ocupação romana deixou vestígios importantes em Olhão (tanques de salga de peixe descobertos em 1950, durante a construção do Porto de Pesca) e em Marim, junto à Ria, onde existia uma importante villa agrícola e pesqueira no séc. II ao IV. Aqui os romanos construíram salinas e implementaram a indústria de pesca e salga de peixe, cujos produtos eram depois exportados para todo o Império (alguns antigos tanques de salga de peixe estão actualmente expostos no Parque Natural da Reserva da Ria Formosa).
Com a queda do Império Romano e a chegada dos Visigodos, Marim continuou a ser um local importante, no qual foi encontrado uma lápide cristã datada do séc. VI.
A ocupação árabe iniciou-se no séc. VIII e apenas terminou no séc. XIII, tendo deixado memórias e um legado importantíssimo em todo o Algarve mas, no caso específico de Olhão, embora seja considerada uma terra de características acentuadamente mouriscas, não se conhece qualquer construção importante deixada pelos árabes! Esta é uma das singularidades históricas de Olhão: é a única terra com características mouriscas construída por europeus, sem qualquer herança histórica mourisca! As razões que explicam uma tal singularidade são expostas no final deste documento. 
Após a expulsão dos árabes do Algarve no séc. XIII, Marim continua a ser o povoamento mais importante da região que, aliás, poderá estar associada à origem de Olhão, tanto por ter sido o primeiro ponto de fixação humana na região, como por ter um grande olho de água doce e que poderia ter dado origem ao topónimo de Olhão (no entanto, segundo a maioria dos historiadores, o grande olho de água que deu origem ao topónimo não se encontrava em Marim, mas sim perto do actual Jardim João Serra - o "Poço Velho"). Efectivamente, no reinado de D. Diniz, em 1282, iniciou-se a construção da Torre de Marim, cujos restos ainda existem na actual Quinta de Marim, para vigiar a Barra Velha (na época a única entrada do mar para a Ria Formosa na região entre a Fuseta e Faro) e proteger os habitantes dos ataques dos piratas mouros. Esta Quinta foi desde logo uma rica empresa agrícola, atendendo à fartura de água da sua nascente, o que aliás está relacionado com a bonita Lenda da Moura de Marim.






Fotografia editada na década de 1940 e tirada provavelmente na Culatra, onde se vêem cabanas muito semelhantes às utilizadas pelos primeiros olhanenses (Fonte: Passos, José Manuel Silva - O Bilhete Postal Ilustrado e a História Urbana do Algarve - Caminho, 1995)

Em data incerta (provavelmente séc. XVI e até 1840) instalou-se aqui uma armação do atum que atraía algumas dezenas de pescadores de Faro, acompanhados pelas famílias, nos meses de Março, Abril e Maio. 

Certamente alguns destes pescadores, ao verificarem a abundância de peixe da Ria Formosa, decidiram permanecer nas humildes cabanas construídas de madeira, canas e palha, onde hoje se ergue a zona antiga da cidade.

O primeiro documento que se refere a um "logo que chamam olham" é datado de 1378 e, em 1614, os registos da Paróquia de Quelfes já se referiam aos moradores da Praia de Olhão, que na época integravam esta paróquia.

A população foi crescendo e, em 1652, a sua importância justificava a construção da Fortaleza de São Lourenço, primeiro para defesa contra os espanhóis, e depois, para defesa contra os ataques dos piratas argelinos.


Só em 1695 o Lugar de Olhão se constitui como nova freguesia autónoma de Quelfes. O primeiro edifício de pedra foi a Igreja da Nossa Senhora da Soledade, construída em data incerta, e o segundo edifício de pedra foi a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, começada em 1698 e terminada em 1715.

Também só neste ano de 1715 é autorizada a primeira habitação em alvenaria, dada expressamente pela Rainha ao mareante João Pereira. Efectivamente, o poder político em Faro sempre recusou construções de alvenaria em Olhão até esta data.

Curiosamente, o Marquês de Pombal, em inquérito efectuado no então Reino do Algarve perguntava pela identificação dos notáveis de cada localidade. Olhão não tinha quaisquer notáveis! Era uma pequena localidade sem aristocracia, apenas constituída por homens do mar, a quem recusavam tanto a autonomia administrativa como o direito à construção de uma simples casa de alvenaria!
No entanto, Olhão foi-se construindo de uma forma igualitária, livre, e frequentemente à revelia e em rebelião com o Poder político instituído, representado sobretudo pelas duas importantes cidades vizinhas - Faro e Tavira.
Em 1765, e sempre com a firme oposição de Faro, El-Rei D. José concede finalmente aos mareantes do Lugar de Olhão (então com 850 fogos) a autorização de se separarem da Confraria do Corpo Santo de Faro, constituindo eles  mesmos uma confraria sua, que suportariam às suas custas - o Compromisso Marítimo. A construção do edifício do Compromisso Marítimo, onde actualmente se situa o Museu da Cidade, finalizou em 1771.
Foi durante o cerco de Gibraltar, de 1779 a 1783 (imposto pelas armadas francesa e espanhola), e mais tarde o de Cadiz, que os marítimos deste Lugar de Olhão tiveram oportunidade de progredir economicamente, comercializando com grandes lucros os produtos da terra - peixes e derivados - quer com sitiantes quer com sitiados.

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Mas foram as invasões francesas que deram a oportunidade a Olhão de se afirmar politicamente.
Provavelmente devido ao seu espírito igualitário, sem compromissos com quaisquer poderes instituídos, os olhanenses protagonizaram no séc. XIX a primeira sublevação bem sucedida contra a ocupação francesa (em 16 de Junho de 1808, actualmente o dia da Cidade), que se tornou um rastilho decisivo para a expulsão dos franceses do Algarve.


Réplica do Caíque Bom Sucesso (embarcação com 18 metros e tripulada por cerca de 15 homens) lançada à água em 2002.







Este momento histórico foi determinante para a emancipação de Olhão, porque o rei D. João VI (1767-1826), então refugiado no Brasil, recebeu a boa nova da expulsão dos franceses através de um punhado de olhanenses que se meteram ao mar a bordo do   caíque "Bom Sucesso" no dia 6 de Julho de 1808, numa viagem heróica, apenas orientados pelas estrelas, as correntes marítimas e um mapa rudimentar! O rei, reconhecido pela iniciativa da sublevação e pelo heroísmo da viagem marítima, elevou o pequeno e desconhecido Lugar de Olhão a vila, em 1808, com o epíteto de Vila da Restauração (ver alvará régio).
De 1826 a 1834 os olhanenses lutam encarniçadamente por D. Pedro contra D. Miguel, transformando-se a vila num dos  mais fortes baluartes do Liberalismo no sul do País, resistindo a apertados cercos e violentos ataques dos Miguelistas.

Em 1842 é criada na vila uma Alfândega que, em cerca de 20 anos, se torna o mais importante posto aduaneiro do Algarve devido à pesca e outros produtos algarvios. Por esta razão em 1864 é criada uma Capitania do Porto e, em 1875, o Tribunal Judicial de Olhão.
Na última metade do séc. XIX, a actividade comercial desenvolvida pelos marítimos olhanenses, cresceu imenso, estendendo-se até ao Mediterrâneo Oriental. São conhecidos nesta época contactos com o Mar Negro (em 1871, um caíque capitaneado por António da Silva Guerreiro, foi até Odessa, na Rússia, para comprar cereais) e outras paragens como Oram, Nemours, Philippoville, Sardenha. Nesta época, os olhanenses têm também um enorme impacto na colonização do litoral desértico do sul de Angola (saiba mais aqui).
São os contactos comerciais e a emigração para Marrocos que leva muitos olhanenses a construir as suas habitações de modo semelhante, cúbicas e caiadas de branco, o que valeu a Olhão a alcunha de "vila cubista". Isto explica porque Olhão é o único exemplo de povoamento moderno e ocidental (nunca foi um povoamento árabe) com características vincadamente mouriscas.
Na primeira metade do séc. XX, a instalação da indústria de conservas de peixe, fez de Olhão uma vila rica e extremamente produtiva. A primeira fábrica de conservas surgiu em 1881, fundada pela empresa francesa Delory, e em 1919 já existiam cerca de 80 fábricas. Talvez expressão desse desenvolvimento foi o facto de o Sporting Clube Olhanense ter-se consagrado Campeão Nacional de Futebol em 1924.
Infelizmente, na última metade do séc. XX, a decadência da indústria conserveira e da própria pesca empobreceu a vila que, no entanto, foi elevada a cidade em 1985.
Actualmente, Olhão renasce com o mesmo espírito igualitário e de liberdade que a define. Continua a ter na pesca um dos esteios da sua economia, mas começa a lançar-se de forma decidida no turismo de qualidade, com a recente construção do porto de recreio.
Em 16 de Junho de 2002, a autarquia lançou à água uma réplica do caíque "Bom Sucesso", que actualmente promove visitas e passeios guiados ao longo da Ria Formosa. Esta embarcação está ancorada entre os Mercados Municipais.



Viva Olhão! Cidade cubista, da liberdade, igualdade e fraternidade!


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08
Jun18

ESPECIAL - A HISTÓRIA DO OLHANENSE MANUEL ZORA (MANUEL ZORRA) O CONTRABANDISTA QUE TRABALHOU COM AL CAPONE

António Garrochinho

Manuel Zora (Manny Zora)
(1894-1979)







Manuel do Nascimento Zora (embora muitas vezes em Portugal lhe chamem Manuel Zorra e nos EUA, Captain Manny Zora) nasceu em Olhão no dia 4-10-1894 e faleceu na mesma terra em 20-04-1979, com 84 anos.
Tornou-se célebre pela sua astúcia como contrabandista marítimo na costa leste dos Estados Unidos, na perigosa mas excitante época da Lei Seca.
Com cerca de 12 anos, ainda em Olhão, foge da alçada da família e tenta emigrar a bordo de um barco de pesca, cheio de contrabando, para Gibraltar, mas acaba por ser apanhado e mandado para casa sob escolta policial. A família, na tentativa de o domar, manda-o para Lisboa mas Zora convence o pai que a sua vocação era segui-lo, ou seja, tornar-se um homem de mar. Assim, abandona os estudos por volta dos 13 anos e aos 15 (em 1910), já com o beneplácito familiar, arrisca salto maior, para a América. No porto de Nova Iorque espera-o um tio, e vê neve pela primeira vez.
Trabalha na escuna do tio e torna-se um dos maiores pescadores de Cape Cod, fisicamente poderoso, rápido em esperteza, com um fácies inconfundível, extraordinário contador de histórias e anedotas, torna-se muito popular em Cape Cod.
O livro de Scott Corbett The Sea Fox, The Adventures of Cape Cod’s most colorfull rumrunner, datado de 1956, conta o que lhe aconteceu sobretudo nos anos americanos: a chegada, os biscates, a pesca, a Depressão e a Máfia, os festins e as raparigas, as misérias e as glórias. Nunca traduzido, narra como ele consegue fintar a fome e a Lei Seca (1920-1933), vendendo engenho e astúcia aos homens de Al Capone, enganando a Guarda Costeira e o FBI, e conquistando as americanas de Provincetown.



Nesses anos, muitos eram os barcos ingleses e irlandeses que, ainda fora das águas territoriais americanas, descarregavam o precioso álcool para pequenas embarcações de contrabandistas que, por sua conta e risco, se encarregavam de enterrar a carga nas praias mais solitárias e à noite. Posteriormente, homens a soldo de Al Capone, desenterravam e transportavam o álcool com grandes lucros para a então, ainda incipiente, Cosa Nostra.
Zora foi um dos mais astutos mareantes contrabandistas que, no seu barco de 38 pés, The Mary Ellen, sempre conseguiu ludibriar a Guarda Costeira. O seu conhecimento das correntes marítimas, as saídas só em noites de Lua Nova, o isolamento acústico cuidado do seu motor  e muitos outros conhecimentos e astúcia transformaram-no, aos olhos da Guarda Costeira norte-americana, numa autêntica raposa dos mares.
No entanto,  sobre ele não pesa o ónus de ter cometido crimes de sangue. Os amigos, os intelectuais com quem privou e as próprias autoridades respeitam-no e preservam a sua memória como um indivíduo de carácter leal e solidário.


  

Agosto de 1940, fotografado por Edwin Rosskam num bar em Cape Cod

     Agosto de 1940, fotografado por Edwin Rosskam
  



Zora em 1963, Olhão





Manuel Zora depois de se reformar do perigoso contrabando desses tempos da Lei Seca torna-se pescador de lagosta e líder sindical.
Conhece e priva com a família Kennedy. Diz-se que Joseph Kennedy Sr. começou a fortuna graças a pescadores portugueses (e não só), que contrabandeavam scotch durante a Lei Seca, sendo o mais afoito o capitão Manuel Zora, que se vangloriava de, a pedido do pai, ter ensinado John Kennedy, 35º presidente dos Estados Unidos, a velejar. Terá sido em 1932, quando o futuro presidente contava 15 anos de idade e os pais ofereceram-lhe o barco Victura, de 26 pés, que está em exposição à entrada da Biblioteca Presidencial John Kennedy, em Boston, de Março a Outubro.
















Armona, Verão1964: Alfred Kossmann (escritor holandês), Zora, Francisco Carapucinha

Após a guerra são muitos os intelectuais que começam a passar o Verão em Provincetown, alugando ou mesmo comprando casas aos pescadores. Manuel Zora começa a passeá-los no seu barco e torna-se um famoso contador de histórias, fazendo amizade com John dos Passos, Eugene O’Neill, Ernest Hemingway, Truman Capote, etc. Foi nesta época que Scott Corbett escreveu o livro The Sea Fox, The Adventures of Cape Cod’s most colorfull rumrunner.
Interessa-se por política e participa na campanha do candidato do Partido Progressista em 1948, Henry A. Wallace, de quem se torna amigo. Mais tarde, conhece o grande senador republicano Robert Taft, em Washington, na tentativa de conseguir apoios federais para a construção de um grande porto em Provincetown.
Mas em 1962, Manuel Zora abandona Provincetown e volta a Olhão. Deixou na América uma filha, Mary Ellen Zora.
Em Olhão é visto sobretudo nos Café Comercial e Danúbio, este último já desaparecido. Homem grande, mãos de gigante e nariz pronunciado, espanta os locais com as suas histórias de gangsters e garotas libertinas, a que soma a distinção do porte e a elegância das fazendas italianas.
Casa-se com uma prima de Olhão, provavelmente para amenizar a velhice. À mesa do café, dá aulas de inglês (oral) com pronúncia americana e acode os poucos turistas que se aventuram na vila.
Nos primeiros anos, a filha e vários amigos norte-americanos ainda vêm a Olhão visitá-lo. Com o tempo, o fascínio que exerce começa a esmorecer e definha em silêncio. Alguns jornalistas chegam a entrevistá-lo. Vera Lagoa transcreveu encontro memorável, grand finale no cemitério, ela, ele e o coveiro, dado a tertúlias. A Baptista Bastos, no Diário Popular, confessará, melancólico, em conversa regada a uísque, na ilha da Armona: «O que eu aprendi nos anos americanos. Santo Deus, o que aprendi! Queria ser grande, queria ser famoso, queria ser conhecido na América. E, para isso, precisava de ser um homem com dólares (...) é muito importante ter dinheiro, o dinheiro dá poder, é necessário para um homem ser feliz. A fome só é boa até uma certa altura da vida: permite-nos ter cautela, ensina-nos a ser hábeis; é a melhor companheira da maturidade daqueles que se tornam ricos». Quando morreu, em 1979, Manuel Zora tinha 84 anos. Sepultado em Olhão, foi-se em silêncio e sem deixar lastro...
No entanto, a sua história foi imortalizado pelo livro de Scott Corbett, que tarda em ser traduzido para português.
Manuel Zora foi afinal, mais um português da diáspora que, mais ou menos anonimamente, sempre estiveram lá emprestando o seu engenho, enquanto o Mundo girava e mexia...
No final desta breve informação encontra-se a transcrição em inglês do capítulo sobre Manny Zora do livro PROVINCETOWN PROFILES And Others On Cape Cod, de FRANK CROTTY (1958).
Bibliografia:
• Eurico Mendes in Portuguese Times (http://www.portuguesetimes.com/)
• Ana Cristina Leonardo in http://wwwmeditacaonapastelaria.blogspot.com
Agradecimentos a Francisco Carapucinha e Hélder Diogo pelo fornecimento de informações e fotografias.
António Paula Brito, 2009


Passeio ao campo em Olhão (1964?): Adélio, Zora, e Francisco Carapucinha
Zora em Novembro de 1964, no jantar de despedida de um amigo norte-americano, Charlie Bowman, que o tinha vindo visitar a Olhão (da esquerda para a direita: Francisco Carapucinha, Charlie Bowman, Zora, Francisco Diogo)


Em inglês
PROVINCETOWN PROFILES And Others On Cape Cod
By FRANK CROTTY
 BARRE GAZETTE
BARRE, MASSACHUSETTS
1958
CHAPTER IX
Manny Zora
    ONE of Provincetown's most colorful characters is Manny Zora, rum-runner of prohibition days and the principal character of Scott Corbett's book "The Sea Fox."
    Cinema moguls are contemplating filming the story and I'd like to recommend to them that they have Manny play the part of himself. After all, where could they get another face like that? And, moreover, Manny is no slouch as an actor himself.
    Back in the 1920's he trod the boards of the old Wharf Theatre in a drama by Arthur Robinson titled "Fish for Friday." He had a speaking part and he also sang Portuguese songs. He thinks his singing in this play gave Hollywood the idea of having Spencer Tracy do Portuguese songs in "Captains Courageous".
    As for his face, it's really a study. He has heavy features, swarthy skin and an elongated nose. He says he was born in 1895 but he doesn't look it. He has the biggest and most powerful hands and arms I've ever seen. In fact, his hands are so large it's hard to shake one of them. The ordinary man's hand just can't get around it.
    Those powerful hands and arms are the result of Manny's determination to be "the best" at his calling, which is fishing. It is said that no man in Provincetown can handle a dory in the surf as well as Manny Zora. And no man has such a potent pull at the oars. At an early age he could beat most circus performers going hand-over-hand up a rope.
    He's quite a fellow this Manny Zora. It was not for nothing that he was nicknamed "The Sea Fox". No one of the rumrunners was craftier than he in avoiding the Coast Guard cutters in the days of prohibition. He had many a close scrape but they never caught him with the goods.
    In those days of the 18th amendment "Rum Row" was 12 miles off the tip of Cape Cod and Manny's 38-foot fishing boat, "The Mary Ellen," made irregular trips out there. Moonless nights were Manny's favorite times for outfoxing the authorities.
    Only time he was ever in real trouble, it was not with the law but with "The Syndicate," the underworld boys for whom he worked. The boss and two gunmen took him "for a ride," but with a pistol in his ribs Manny came around to their way of thinking.
    Born in Olhao, Portugal, Manny says he quit school when he was "almost 13." Two years later — in 1910 — he came to America and settled in Provincetown. He went to work as a fisherman and has been doing that kind of work, more or less, ever since.
    For many years, Manny says, he has been interested in politics.
    "I was a member of the Progressive Party," he says, "and I campaigned for Henry A. Wallace for president. I met him at a meeting in the Bradford Hotel, Boston. I remember that somebody there said that there weren't any laboring men in the Progressive Party, that the party was composed mostly of intellectuals. After that was said I stood up and put my hands in the air. 'Look at these hands,' I said, 'and repeat that there aren't any laboring men in the Progressive Party.'
    "After that, Henry Wallace asked that I be introduced to him and we got along famously. I campaigned in several cities for him."
    Some years ago when there was talk of a possible million dollar harbor project for Provincetown, Manny decided to go down to the nation's capital and put in his oar.
    "I went down by airplane," he says. "It was my first ride in an airplane and I was a bit scared. I didn't like to look down and see trees and houses and fields. I said to the pilot, 'You keep over the water and not the trees. The water I know.' And he did. We flew all the way down along the Atlantic Coast. It probably took longer but I felt safer."
    Manny says he made the rounds of legislators in Washington but the project never materialized. He adds: "The late Senator Robert Taft said of me, 'You can feel the salt in his voice'."
    Manny lives alone in his own home, overlooking Provincetown Harbor, at 137 Commercial street. He has sung concerts for the Fishermen's Widows' Fund in Provincetown and nowadays he occasionally gives lectures.
    One of Manny's Provincetown friends was telling me about a demonstration of love-making Manny gave one time. It seems Manny was standing by during a rehearsal of a group of P'town actors. The leading man, playing the role of a Portuguese fisherman, was making love to the leading lady. He was doing a poor job of it and getting the director exasperated. Finally the director spotted Manny.
    "Hey, Manny," he yelled, "go up there on the stage and show this fellow how a Portuguese fisherman makes love."
    "Will I!" Manny hooted, rolling up his sleeves.
    They say the actress escaped with minor injuries.
    If they have Manny play the role of himself in the movie, I suggest any actresses concerned be duly warned.

Lápide tumular de Manuel Zora, no talhão nº 681, no cemitério de Olhão


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08
Jun18

Marcelo e Rio querem consagrar PPP da Saúde na lei à boleia do BE

António Garrochinho


O Presidente da República e o presidente do PSD aproveitaram o agendamento de uma nova Lei de Bases da Saúde, pelo BE, para exigir a entrega do SNS ao negócio dos privados.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, conversa com o presidente do PSD, Rui Rio, no final da cerimónia de abertura da Convenção Nacional da Saúde, em Lisboa. 7 de Junho de 2018
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, conversa com o presidente do PSD, Rui Rio, no final da cerimónia de abertura da Convenção Nacional da Saúde, em Lisboa. 7 de Junho de 2018
Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio defenderam que qualquer alteração à Lei de Bases da Saúde deve consagrar a participação do sector privado e social e a manutenção dos modelos de parceria público-privado (PPP), na Convenção Nacional de Saúde, hoje, em Lisboa. O tema foi introduzido na agenda pelo BE, que agendou a discussão de uma proposta sua para 22 de Junho.
O líder do PSD manteve a tónica de disponibilidade para as «reformas estruturais», em resposta ao agendamento do BE, e acrescentou que «o Serviço Nacional de Saúde é uma dessas reformas estruturais», segundo o Público.
O PSD defende a «convivência entre os sectores público, privado e social» e, sobre as PPP, Rui Rio disse que «devemos continuar com elas porque facilitam o fomento da concorrência para que todos possam chegar a melhores indicadores».
A intervenção do Presidente da República foi em sentido idêntico, defendendo que as alterações que venham a ser feitas à Lei de Bases da Saúde devem dotá-la de «flexibilidade» quanto à forma como os princípios constitucionais em matéria de Saúde serão cumpridos. Marcelo Rebelo de Sousa também se confessou um partidário da «conjugação de público, social e privado» na Saúde.

BE lança a lebre que Rio e Marcelo aproveitaram

O BE apresentou a sua proposta na segunda-feira passada, anunciando que deseja eliminar as taxas moderadoras e as PPP no sector. No entanto, nenhuma das duas surgiram como resultado da Lei de Bases da Saúde de 1990, ainda em vigor.
Pelo contrário, o fim de ambas seria possível sem uma alteração à lei que, no actual momento político, corre o risco de se tornar num novo instrumento para fragilizar o Serviço Nacional de Saúde.
Para além dos posicionamentos convergentes do Presidente da República e do PSD, é conhecida a prática do actual Governo do PS, que continua sem respeitar as posições conjuntas assinadas entre o PS e o BE, o PCP e o PEV, onde constava a eliminação das taxas moderadoras. Quanto às PPP – lançadas em 1996 por um governo do PS –, o Executivo não só estendeu o contrato relativo à gestão do Hospital de Cascais, que terminava este ano, como anunciou que esse será o modelo de construção do futuro Hospital Lisboa Oriental.

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08
Jun18

UM ESCARRO SANGRENTO

António Garrochinho



O tão chorado Frank Carlucci chegou ao ainda Congo Belga, a 15 de maio de 1960, quinze dias antes da independência, e Lumumba foi assassinado em janeiro de 1961 (o assassínio teve a participação dos Estados Unidos e da Bélgica – Wilipédia). Carlucci foi enviado para a embaixada no Congo com a missão expressa de cumprir a decisão de Eisenhower de eliminar Patrice Lumumba. 

Outra intervenção qualificada de Carlucci ocorreu no Brasil, sob a batuta de Vernon Walters, em 1964/65, contra o governo de João Goulart. A ação conduzida pela CIA levou à instauração da violenta e criminosa ditadura militar, 1964/1985»

Quanto a Portugal, os crimes cometidos, estão sobejamente confirmados, e as lágrimas de deputados cúmplices, são gotas de veneno que nos agridem. Ninguém contestou os crimes, conhecem-se os assassinos e quem os arregimentou, e que ainda, para nossa vergonha, hoje são aplaudidos. A democracia que construíram foi gizada pela CIA/Carlucci à medida dos interesses dos EUA e de quem os serve.

E foi a este biltre manchado de sangue, que manejou as marionetas da estrema direita clonada à soi-disant estrema esquerda, e a cumplicidade activa de Mário Soares, que na Assembleia da República é votado escarro.

Texto do voto apresentado pelo CDS

«Morreu no passado dia 3 de Junho, o Embaixador norte-americano Frank Charles Carlucci III.
Nascido em 1930, serviu por mais de duas décadas nos mais altos escalões da Administração norte-americana e trabalhou sob a égide de quatro presidências distintas, tendo chegado a ocupar o cargo de Secretário da Defesa, entre 1987 e 1989.
Diplomata de carreira, representou sucessivamente os EUA, ao longo de 12 anos, entre 1956 e 1968, em Pretória, Leopoldville (atual Kinshasa), Zanzibar e Brasília. Só em 1975 é que o diplomata norte-americano seria nomeado para liderar a missão diplomática em Lisboa, o seu último posto, cujo mandato ficaria marcado inexoravelmente pela sua intervenção política em favor das forças democrática contra o PREC durante o Verão Quente desse ano e na aproximação política e estratégica entre os dois Estados.
De todos os momentos da carreira de Frank Carlucci é à frente do posto em Lisboa que viria a revelar-se politicamente mais determinante. Firme na ideia de que o processo de transição e consolidação democrática não estava perdido, contrariamente à opinião de membros da própria Administração norte-americana, Carlucci bateu-se pela restauração da normalidade do processo democrático em Portugal, ao lado dos principais protagonistas políticos da resistência, Mário Soares, de quem era amigo pessoal, Francisco Sá Carneiro e Diogo Freitas do Amaral.
A persistência com que Carlucci se bateu, ao lado das forças democráticas, valeu-lhe, em 2004, a condecoração pelo Estado português com a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique e a medalha da Defesa Nacional.
Assim, a Assembleia da República expressa o seu profundo pesar pela morte do Embaixador Frank C. Carlucci, apresenta as suas condolências às família e amigos, recorda a sua intervenção política na consolidação democrática do regime.
Palácio de S. Bento, 5 de junho de 2018,
O Grupo Parlamentar do CDS-PP»

Votação
Favor – PSD, PS e CDS – PP
Contra – BE, PCP e PEV 
Abstenção – PAN e 8 Deputados do PS 


08
Jun18

Trabalhadores forçam retoma de negociações na Autoeuropa

António Garrochinho


A Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa lançou esta quinta-feira um comunicado a afirmar que a administração recuou e aceitou a retoma das negociações, ainda em Junho, relativas à laboração contínua.
Créditos
A Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa emitiu hoje um comunicado aos trabalhadores, a que o AbrilAbril teve acesso, a relatar a mudança de postura da administração, depois de uma reunião a pedido desta.
«Hoje, durante a manhã, reunimos novamente a pedido da empresa, a qual nos transmitiu que está em condições de retomar as negociações, brevemente, ainda no mês de Junho», lê-se no comunicado.
O recuo da administração da Autoeuropa, que anteriormente tinha afastado por completo as negociações ao impôr de forma unilateral as compensações para a laboração contínua, surgiu depois dos trabalhadores reunirem em plenário no passado dia 5. Estes decidiram avançar com um abaixo-assinado e encarregar a CT de avançar com outras formas de luta perante a intransigência da empresa.
Ontem, a CT esteve reunida com os sindicatos representativos dos trabalhadores da fábrica de automóveis de Palmela, tendo sido acordada a emissão de pré-avisos de greve ao trabalho extraordinário em resposta. Uma medida que «fica para já suspensa», afirma a estrutura.
A CT destaca «a unidade dos trabalhadores demonstrada nos últimos plenários realizados, a subscrição massiva ao abaixo-assinado e a disponibilidade para outras formas de luta» como aspectos decisivos para esta vir «ao encontro da primeira exigência dos trabalhadores».


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08
Jun18

Diz o bom povo que a esperança é a última coisa a morrer, mas de que me serve a esperança viva se entretanto o teatro foi assassinado?

António Garrochinho



O destaque dado pela imagem não significa deixar de lado todos os outros casos. O meu Partido, como lhe era devido, lançou o alerta: "Sem orçamento e com as atuais regras e o atual modelo de financiamento às artes, o caminho que está a ser seguido levará à liquidação, em alguns casos, de estruturas com dezenas de anos de trabalho artístico". 

E enumerou muitos casos: o Teatro Experimental de Cascais; o Teatrão e a Escola da Noite, ambos de Coimbra; o Centro Dramático de Évora (Cendrev); o Teatro das Beiras, da Covilhã; o Teatro Experimental do Porto; a Seiva Trupe; o Festival Internacional de Marionetas e o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), também do Porto; o Teatro de Animação de Setúbal...

A lista é longa? 
Não é tudo, entre as 39 estruturas e projetos que ficam sem financiamento, ainda temos o Teatro Municipal de Almada. Na página do Teatro de Joaquim Benite pode continuar a ler:
«A Companhia de Teatro de Almada foi surpreendida com os resultados provisórios do concurso de financiamento às Artes, anunciado pela Direcção-Geral das Artes, que prevê um corte anual de cerca de 110 000€ ao financiamento anteriormente atribuído. Este corte, a ser levado a cabo ainda este ano, torna inviável a realização do Festival de Almada, que deveria decorrer entre 4 e 18 de Julho.
O Festival de Almada é considerado unanimemente o principal evento teatral do País e um dos mais importantes da Europa.»
Diz o bom povo que a esperança é a última coisa a morrer, mas de que me serve a esperança viva se entretanto o teatro foi assassinado?


conversavinagrada.blogspot.com
08
Jun18

SE ELE ACEITAR A VASSALAGEM AO GRANDE SENHOR DA TERRA ELE CONVIDA-O !Trump admite convidar Kim Jong-un a visitar Washington se cimeira "correr bem"

António Garrochinho

 

"A resposta é sim, se a cimeira correr bem", respondeu o Presidente dos EUA sobre uma eventual visita do líder norte-coreano a Washington
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou hoje que tenciona convidar o líder norte-coreano, Kim Jong-un, a visitar Washington se tudo "correr bem" na cimeira que ambos realizarão no próximo dia 12 de junho em Singapura.
"A resposta é sim, se a cimeira correr bem", respondeu Trump quando inquirido sobre uma possível visita de Kim Jong-un aos Estados Unidos, durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, que está em Washington para ultimar os pormenores do histórico encontro.
Trump confirmou a 1 de junho a realização da cimeira com o líder da Coreia do Norte no dia 12 em Singapura, após uma reunião com o 'número dois' do regime de Pyongyang, depois de ter anteriormente cancelado o inédito encontro.
Trump afirmou que a Coreia do Norte pretende desnuclearizar-se e sugeriu que o diálogo com Pyongyang será "um processo coroado de êxito"
"O processo vai começar a 12 de junho em Singapura", anunciou então Donald Trump à imprensa, após um encontro de mais de uma hora com o general norte-coreano Kim Yong Chol.
O responsável norte-coreano, que viajou para os Estados Unidos a 30 de maio, deslocou-se a Washington e reuniu-se com Trump na Casa Branca, a quem entregou uma carta pessoal de Kim Jong-un.
Nas declarações após o encontro, Trump afirmou que a Coreia do Norte pretende desnuclearizar-se e sugeriu que o diálogo com Pyongyang será "um processo coroado de êxito".
Depois de afirmar que a reunião com o enviado norte-coreano "correu muito bem", o inquilino da Casa Branca considerou ainda que o encontro de dia 12 será "um começo".
Inicialmente, a data avançada para a cimeira entre Washington e Pyongyang foi 12 de junho, em Singapura, mas essa meta foi inesperadamente cancelada por Trump, em reação à "manifesta hostilidade" expressa pela Coreia do Norte.
Os contactos foram posteriormente retomados e as negociações estão atualmente a prosseguir em várias frentes.

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08
Jun18

RELIGIÕES E OUTRAS ALIENAÇÕES - "A estátua de Atena atacada pelo Daesh foi vandalizada por cristãos em 385"

António Garrochinho
Formada em Estudos Clássicos por Cambridge e jornalista do The Times, veio a Portugal apresentar o seu livro A Chegada das Trevas - Como os Cristãos destruíram o Mundo Clássico
A jornalista britânica do The Times confessa ser uma velha apaixonada pelo mundo clássico e que a revoltava que o fim abrupto da civilização greco-romana às mãos do cristianismo fosse pouco ou nada estudado. Com grande coragem, Catherine Nixey escreveu A Chegada das Trevas, livro editado em Portugal pela Desassossego.
O seu fascínio é pelo Império Romano, muito mais do que sobre esses primeiros cristãos fanáticos que relata no livro?
Sou filha de um antigo monge e de uma antiga freira, por isso fui criada a acreditar numa certa realidade sobre a forma como o mundo cristão começou, mas quando me formei em Estudos Clássicos na Universidade de Cambridge li muito e percebi que o que os meus pais me tinham dito não correspondia ao que a história ensinava. Já não conseguia acreditar que esses dois mundos intelectuais, o clássico e o cristão, se dessem tão bem como me tinha sido dito. O meu interesse em escrever este livro baseou-se no facto de a história que tinha sido contada não ser a história toda.
Discorda da ideia de que a Igreja Católica é a herdeira do Império Romano?
Sim. Ocupa a mesma área geográfica. O Papa está em Roma. E parece o mesmo porque se entrar numa igreja muitos dos traços arquitetónicos vêm dos templos antigos. Muitas igrejas são templos reconvertidos. Mas, para ser correta, não podiam ser mais diferentes o Império Romano e a Igreja Católica.
Decidiu começar o seu livro com uma ideia forte ligada à realidade atual, conta a descrição de um ataque no século IV por cristãos fanáticos a Palmira, na atual Síria, que há bem pouco tempo foi também vandalizada pelo Estado Islâmico, o Daesh. É importante usar algo de interesse do tempo atual para suscitar a curiosidade pelos tempos antigos?
Bem, é a verdade. A mesma estátua de Atena que foi atacada há cinco anos pelo Daesh porque os seus militantes achavam que era demoníaca foi atacada em 385 por cristãos porque estes achavam que tinha demónios dentro. Esta história tem sido pouco contada. E quando foi contada tem sido desculpada pelo menos nos livros de história britânicos, que são os que conheço mais. As pessoas falam disto com indulgência. Desculpam este tipo de episódios. Por exemplo, dizem: "Oh, São Martinho se calhar teve excesso de zelo, se calhar deixou-se levar pelo entusiasmo." Mas era um bruto e os seguidores uns fanáticos.
Esta atitude de fanatismo dos primeiros cristãos como a que conta em Palmira era a regra ou um fenómeno da zona oriental do Império Romano?
Parece estar concentrada na zona oriental do Império Romano. O próprio Império Romano nessa época estava cada vez mais concentrado na parte oriental do império. A sua influência esmorecia nas atuais França e Inglaterra. Mas há vestígios arqueológicos desta violência em França e até no oeste de Inglaterra, na cidade de Bath, conhecida pelos seus banhos romanos, onde há uma estátua de bronze de Minerva que foi decapitada de forma violenta.
Todas as histórias de santos e mártires no início da cristandade são apenas uma parte da realidade? Também há mártires do Império Romano, pessoas que foram atacadas e mortas pelos cristãos?
Sim. Houve pessoas atacadas pelas multidões cristãs. E não posso deixar de sublinhar que algumas das pessoas que estavam a fazer os ataques também se suicidavam porque lhes tinham dito que no céu receberiam a recompensa cem vezes. Isto é interessante e inesperado. Não se imagina a quantidade de vezes que os governadores romanos imploraram aos cristãos para não se matarem. Em vez das histórias cristãs de que os romanos estavam desesperados para os matar, perguntavam-lhes se não pensavam na mãe. Queriam que se conformassem com o império, não matá-los.
Comparando os primeiros cristãos com os extremistas muçulmanos de hoje há uma grande diferença. O cristianismo era uma jovem religião na altura enquanto o islão tem já 1400 anos. Podemos tentar perceber aquele momento por ainda não haver regras claras em relação ao que era a religião de Cristo?
Não estou a dizer que o fanatismo cristão do século IV e o fanatismo islâmico de hoje são a mesma coisa. No livro discuto isso. Só tento que as pessoas vejam os primeiros cristãos com o olhar com que estes merecem ser vistos. Não devem ser vistos com indulgência. Não devemos achar que tudo estava correto. É preciso ver como esta conquista foi importante para a Europa, mas não foi tão virtuosa como acreditamos que tenha sido. Mesmo quem goste da igreja cristã tem de duvidar dos seus métodos. O facto de a igreja ser nova não a desculpa nem faz que o que fez estivesse correto. E a antiguidade não desculpa o esmagar-se uma estátua. Se és um bandido violento, és um bandido violento.
De que forma é que a Igreja Católica e outras igrejas cristãs olham para este passado? Reconhecem estes momentos de extremismo ou tentam reescrever a história de uma forma positiva para elas?
Há inúmeras biografias de Santo Agostinho, por exemplo. Mas não há inúmeros livros sobre a destruição que foi feita dos livros clássicos. O primeiro livro que estuda a destruição de estátuas na zona oriental do Império Romano só foi publicado em 2015.
É culpa dos historiadores ou das igrejas?
Não. Não culpo as igrejas. Bem, é a história. Mas o problema, na minha opinião, é que para ser teólogo em Oxford ou Cambridge até 1871 era preciso ser ordenado vigário. Era preciso pertencer à igreja para estudar a igreja. Para estudar naquelas universidades era preciso seguir a fé da Igreja Anglicana. Era preciso ser cristão e dizer que se acreditava naquilo. E é difícil partir dessa posição e olhar criticamente para a Igreja e para determinado ponto na história, sobretudo o início, visto como o mais puro.
Hoje temos grande admiração pelos clássicos, pelo que os gregos e romanos escreveram. Isso é resultado do renascimento e não da Idade Média, certo?
Os primeiros cristãos eram muito céticos. Santo Agostinho era cético em relação aos filósofos e celebrou a sua destruição. São Jerónimo travou uma batalha sem fim com pesadelos em que Deus o acusava de ser um seguidor de Cícero. Alguém escreveu a São Jerónimo a perguntar porque se estava a poluir. Era a palavra que usava para se referir à sujidade do mundo clássico. São Basílio dizia às pessoas para se livrarem dos estudos clássicos. Não para se livrarem deles de facto, mas para não os lerem. E havia uma norma que dizia para ficarem longe dos livros pagãos. Eram perigosos. Diziam coisas como há muitos deuses. Ou não há deuses. Diziam que somos todos feitos de átomos. Isto são coisas perigosas para os cristãos lerem.
Então a Idade Média foram as trevas?
Estava a ouvir há dias uma arqueóloga e ela dizia - ao contrário dos académicos que garantem não ter havido colapso depois do Império Romano - que quando estava numas ruínas na Turquia e teve de tomar banho usou uns baldes de água aquecidos ao sol e que tinham buracos para servir de chuveiro. E, porém, sublinhou, no tempo dos romanos havia água quente e fria canalizada naquele mesmo local. Por isso, se a água canalizada for a medida de civilização percebemos muita coisa.

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08
Jun18

Azerbaijão é o novo destino para os médicos portugueses

António Garrochinho
Hospital de Baku quer especialistas nacionais para quase uma dezena de áreas e promete rivalizar com salários da Arábia Saudita
Há uma nova bandeira no mapa dos países que querem contratar médicos portugueses: a do Azerbaijão. Depois do Reino Unido, França, Bélgica, Suíça ou até a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, destinos para onde os profissionais de saúde emigraram em grande número nos últimos anos, em especial empurrados pela crise financeira, agora é um hospital de Baku (a capital azeri) acabado de inaugurar que quer recrutar especialistas nacionais para quase uma dezena de áreas. E promete rivalizar com os valores praticados no Golfo Pérsico.
O anúncio publicado esta semana no site da Ordem dos Médicos arranca com uma frase ambiciosa: "O hospital internacional Bona Dea, em Baku, tem a missão de ser líder na região do Cáspio". Inaugurado no final de março pelo presidente Ilham Aliyev, o Bona Dea (A Boa Deusa da fertilidade na mitologia romana) pede, além de cirurgiões, especialistas para áreas tão diferentes como pediatria, ginecologia, dermatologia, oftalmologia, pneumologia, gastrenterologia, endocrinologia e medicina interna.
O hospital exige experiência mínima de dez anos e fluência na língua inglesa, em troca de "um salário muito competitivo", mais habitação e viagens. Ordenados que vão comparar "com os oferecidos na Arábia Saudita ou nos Emirados Árabes Unidos", adianta Herwig Fleerackers, membro do conselho diretivo do hospital azeri, que falou ao DN a partir de Baku.
Tendo em conta anúncios recentes para recrutamento de médicos portugueses, os hospitais da zona do Golfo Pérsico oferecem salários na ordem dos 12 mil euros mensais.
Mas porquê o interesse em profissionais portugueses? "Como trabalhei na área farmacêutica durante muitos anos, conheço bem o sistema português, portanto também sei da grande qualidade que os médicos, e também os enfermeiros, portugueses têm", explica este administrador hospitalar belga, que está no Azerbaijão já há sete anos. Na prática, esta antiga república soviética no Cáucaso, na fronteira entre a Europa e a Ásia, vê em países como Portugal, Espanha e Itália uma boa base de recrutamento, que o seu sistema de ensino ainda não fornece.
Emigração para fugir à falta de vagas
Se a emigração foi uma válvula de escape também para muitos profissionais de saúde durante os anos da crise financeira, pode num futuro próximo continuar a ser solução neste setor, agora mais para quem procura um lugar no estrangeiro para tirar a especialidade, por falta de vagas em Portugal. Número que este ano, à semelhança de 2017, se situa nos 700 e que ameaça aumentar no futuro.
E enquanto o Azerbaijão pede experiência de dez anos, a oferta para destinos "clássicos" parece não ter esmorecido e impõe menos regras. Ao pesquisar anúncios de empresas médicas num dos sites de emprego mais visitados do país, surgem desde logo doze que pedem clínicos gerais para a Irlanda. Isto só na última semana. Pedem licenciatura em Medicina, sem requisito de qualquer especialidade, e referem apenas que a experiência prévia "é uma mais-valia". Prometem remuneração média anual de 90 mil euros.
"Já se começou a perceber que começaram a vir buscar médicos indiferenciados ao nosso país, mas neste momento o que se nota mais em termos de emigração no setor é que os médicos procuram um lugar para tirar a especialidade lá fora", explica Edson Oliveira, que liderou o Conselho Nacional do Médico Interno entre 2015 e 2017 e ainda integra a Ordem dos Médicos. "Depois do ano comum, o médico tem autonomia de prática clínica, portanto pode ir para qualquer país do espaço europeu e o que se percebe é que consegue de facto lugar nesses países, principalmente na Suíça, na Bélgica, França, Reino Unido e países nórdicos. E consegue porque a qualidade da nossa formação já é reconhecida. A procura de especialidade lá fora é de facto novidade", reconhece Edson Oliveira, que defende que ainda há um grande mercado na Europa para a emigração de especialistas.
Também o presidente da Federação Nacional dos Médicos admite que o interesse de outros países em médicos sem formação específica pode aumentar na mesma proporção do crescimento do número de jovens sem acesso à especialidade. Mas João Proença prefere centrar a crítica noutro sentido." Há interesse em que haja muitos médicos sem formação específica, para servir os interesses das empresas de prestação de serviços, que depois completam os quadros dos hospitais a ganhar o dobro em relação aos profissionais do quadro". Os médicos indiferenciados podem prestar serviço, por exemplo, em urgências hospitalares e centros de saúde, mas com tarefas de menor responsabilidade e não podem ter lista de utentes.

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