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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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05
Jul18

Mata Bicho

António Garrochinho


Mata-bicho...em tempos que já lá foram, o meu bairro, Alcântara, fervilhava de tascas, cada uma com as suas 'estórias', com os seus clientes, muitos deles operários, depois de uma labuta nas fábricas, - que também existiam na altura, - se lamentavam das suas agruras com o patrão explorador, bebendo até esquecer ou para ganhar forças para outro dia...também escreviam os nomes das suas mulheres ou amantes nos balcões de mármore...

Na Tasca

Dentro, na esconsa mesa onde fervia
Fulvo enxame de moscas sussurrantes
Num raio escasso e tremulo do dia Espanejando as azas faiscantes.
Vi-o; bêbado estava e, inebriantes
E capitosos vinhos mais bebia,
Em tédio, como os fartos ruminantes
A boca larga e estúpida movia.
Eu pensativo, eu pálido, eu descrente, Aproximei-me do ébrio, com tristeza,
Sem ele quase o pressentir sequer,
E vi seu dedo, aos poucos, lentamente
No vinho esparso que ensopava a mesa
Ir escrevendo um nome de mulher.
Poema de Raimundo Correia, Brasil.
Desenho de Des Brophy, surripiando ao amigo Fausto Castelhano.
05
Jul18

Presidente da Câmara de Celorico de Basto (PSD) perde mandato em tribunal

António Garrochinho


O presidente da Câmara de Celorico de Basto, Joaquim Mota e Silva foi condenado a três anos de prisão, com pena suspensa, e à perda de mandato.
Segundo o Tribunal de Guimarães, Joaquim Mota e Silva, foi condenado pelo contrato feito com a empresa do pai, Albertino Silva, para fazer o saneamento financeiro da Câmara Municipal de Celorico de Basto (CMCB).
Albertino Silva é o ex-presidente da autarquia celoricense, que terá deixado a câmara em má situação financeira. Foi contratado pelo filho, entretanto eleito presidente, para sanear financeiramente a CMBC.
Joaquim Mota e Silva foi condenado pelo crime de prevaricação em cargo político. Para o tribunal, "estão reunidos os pressupostos dessa perda de mandato". O presidente do coletivo de juízes sentenciou que o presidente da Câmara contratou a empresa do pai para que este "continuasse a auferir rendimentos da Autarquia sem lá exercer funções".
A decisão do Tribunal de Guimarães é passível de recurso e, à saída do tribunal, Joaquim Mota e Silva anunciou que vai recorrer: "Naturalmente discordamos. Vamos, serenamente, fazer a nossa contestação para o Tribunal da Relação e aguardar serenamente por aquilo que é a absolvição que, estou certo, irá acontecer". Até que a sentença transite em julgado, o autarca continuará a exercer funções na Câmara de Celorico.
Em causa está a contratação da empresa "Casa do Portelo - Agroflorestal, Turismo e Serviços" para o préstimo de serviços na área das finanças, economia e gestão, por um período de dois anos, pelo valor de 56847,50 euros.
O ajuste aconteceu em 2009, um mês após a eleição de Joaquim Mota e Silva para presidente da Câmara, sucedendo ao próprio pai.
Em tribunal, o autarca justificara que não tinha conhecimento que a "Casa do Portelo" era da sua família e que assinou de cruz os documentos da adjudicação, num dia em que estava com muitos afazeres porque era o seu aniversário e tinha acabado de tomar posse.
Ora, o tribunal entendeu que a desculpa não é suficiente pois "não colhe o argumento de que um presidente de Câmara possa assinar um documento sem sequer, pelo menos, ler os seus aspetos mais importantes".
O tribunal também não ficou convencido que Joaquim Mota e Silva não tenha conversado com o pai sobre o assunto, tendo em conta a relação familiar próxima.
A sociedade Casa do Portelo foi constituída a 5 de novembro de 2009 e o ajuste direto foi feito poucos dias depois. Esta coincidência temporal é considerada "invulgar" pelo coletivo de juízes e "legitima a conclusão de que a sociedade terá sido constituída para este contrato".
Para além disso, "não existem documentos que mostrem que Albertino Silva tenha elaborado qualquer relatório referente ao serviço para o qual foi contratado", lê-se no acórdão.
O Tribunal de Guimarães condenou, ainda, o vereador Inácio Silva a três anos de prisão, com pena suspensa. Em 2009, era vice-presidente da Câmara.
Quanto à restituição dos 56.847,50 euros gastos pela Câmara, o tribunal entendeu que não estão reunidos os pressupostos para que o dinheiro seja devolvido. Para isso, era preciso que o Município fizesse um pedido de indemnização cível no valor do seu prejuízo. Ora, como o presidente da Câmara continua a ser Joaquim Mota e Silva até que o processo termine, não é expectável que o pedido venha a ser feito.


www.jn.pt
05
Jul18

A PINTURA DE AYDEMIR SAIDOV

António Garrochinho

Aydemir Saidov nasceu em 29 de março de 1979 é membro da família da União Artistas da  

Em 2000 graduou-se na Faculdade de Arte de Krasnodar e, em 2006, no Instituto Acadêmico de Pintura, Escultura e Arquitetura de São Petersburgo

















VÍDEO




05
Jul18

A PINTURA DE MIROSLAV YOTOV

António Garrochinho




Miroslav Yotov nasceu em Isperih em 26 de julho de 1977. Ele se formou na Universidade de Shumen "Bishop Konstantin de Preslav" com especialização em Belas Artes de Pedagogia. Em 2006 Miro ganhou o primeiro lugar  num simpósio em Shumen com uma escultura de dois metros feita de ferro forjado e pedra. As pinturas de Miroslav Yotov foram exibidas em numerosas exposições colectivas e individuais em todo o mundo. A luz em suas pinturas tem um papel de liderança.

O artista envolve histórias antigas  bíblicas em sua arte, iludidas por diferentes símbolos dentro dos limites do realismo clássico e surrealismo.


MIRO acredita na auto-expressão. Este artista multifacetado produz numerosas obras de arte a cada ano, espalhando energia positiva, criatividade e bondade ao redor do globo. Sua arte conta histórias que inspiram e motivam o admirador de olhar para o lado brilhante da vida.  


Miroslav Yotov é um pintor, escultor, ferreiro, e um poeta visionário. Suas pinturas são honestas, corajosas, complexas














danceswithcolors.blogspot.com
05
Jul18

Dois bombeiros detidos por suspeita de atearem fogos durante as folgas

António Garrochinho


Um profissional e um voluntário da corporação de Alenquer são suspeitos de terem provocado mais de duas dezenas de incêndios.Partilhar no Twitter
Fogo, Conflagração, Sertã
Foto

Dois jovens bombeiros da corporação de Alenquer foram detidos pela Polícia Judiciária por suspeita de atearem mais de duas dezenas de fogos durante as folgas, estando esta quinta-feira a ser ouvidos em primeiro interrogatório judicial no tribunal de Alenquer.Os dois bombeiros, um profissional de 20 anos e um voluntário de 25, actuariam em conjunto na maioria das situações, apesar das autoridades terem indícios de que, em alguns casos, agiram de forma isolada. Cerca de uma dúzia de incêndios terão ocorrido este ano e os restantes no ano passado. No entanto, fruto das condições meteorológicas que se viveram no ano passado, os fogos ocorridos em 2017 foram mais destrutivos do que os deste ano. 
Os incêndios ocorriam em zonas de mato e sempre dentro da zona de actuação da corporação a que pertenciam, o que implicava que fossem os colegas destes bombeiros a apagar os fogos. Também por isso a Polícia Judiciária admite que na origem dos crimes poderão estar eventuais diferendos com outros membros da corporação de Alenquer.
A detenção do bombeiro profissional ocorreu esta terça-feira, tendo a Polícia Judiciária ido buscar o suspeito ao quartel onde trabalha. Já o voluntário, mecânico de profissão, foi detido no dia seguinte, também na oficina onde estava a trabalhar. 
Contactados pelo PÚBLICO, os Bombeiros Voluntários de Alenquer remeteram para um comunicado em que informam que os dois bombeiros foram suspensos de funções. A nota, assinada pelo comandante da corporação, Rodolfo Batista e pelo presidente da direcção da associação, Emílio Cardoso, adianta que os Voluntários de Alenquer estão “a acompanhar o processo de investigação desde início, tendo já sido tomadas as providências necessárias”. Precisam que os dois bombeiros estão “suspensos de todas as suas funções e proibidos de entrar nas instalações”.

Habitantes das zonas atingidas pelos incêndios reportaram à GNR a existência de veículos suspeitos junto à zona onde os fogos deflagraram, o que esteve na origem das suspeitas sobre um dos bombeiros. Foi já no decurso da investigação da Judiciária que surgiu outro bombeiro como suspeito.Os responsáveis da corporação garantem ainda estar “a prestar toda a colaboração com a Polícia Judiciária de Lisboa, visando o apuramento da verdade” e lamentam “este momento triste” para os Voluntários de Alenquer.


www.publico.pt
05
Jul18

Acordo triste

António Garrochinho


O Parlamento vai amanhã discutir o novo acordo laboral, fechado na comissão permanente da concertação social.

E, como os governos nunca quiserem clarificar a questão, vai gerar-se - de novo - aquela confusão que interessa à direita: deslocar o poder legislativo do Parlamento para o entregar a um fórum em que a correlação de forças lhe é favorável. Algo que se assemelha bastante a um neo-corporativismo, mas que mais não é do que a governamentalização do poder legislativo. E os deputados deixam. 

Pior: agendaram a discussão do acordo com mais 18 projectos dos grupos parlamentares, tendo para o total do debate - se bem se percebe! - cerca de... uma hora! (aqui).
Claro que depois os diplomas baixam à comissão especializada. Mas não deixa de ser uma forma de diluir a importância do acordo ao juntar projectos... com o mesmo tema. Só que se trata do tema laboral que mexe com a vida de milhões de portugueses! E que mereceria mais respeito.  

E mesmo assim ainda foi um pouco melhor do que em 2012. No debate das principais mudanças introduzidas pelo Governo PSD/CDS, cuja maioria ainda vigora, o tempo dado foi de... 30 minutos! 

Quanto ao conteúdo do acordo, o Governo sai mal da fotografia. No seu discurso oficial, sustenta que ajuda a Combater a precariedade e reduzir a segmentação laboral e promover um maior dinamismo na negociação colectiva. Mas nalguns casos, as medidas são pequenas mexidas, outras são ineficazes, umas contradizem outras, outras ainda parecem pagamentos públicos para o patronato cumprir a lei. Mas nestes tempos tão arredios ao cumprimento da lei, talvez se ache que seja necessário fazê-lo para ter algo - pouco! - de positivo. 

Sobretudo, o que se sente é que o Governo não quis. Porque não era obrigado. Porque não está interessado em abrir uma frente com os empresários e com as instâncias internacionais em vésperas eleitorais, Sente-se a falta de visão. O adiar dos problemas. É mau para muitos portugueses. É mau para um PS que se quer socialista. Um socialista devia querer o poder para mudar as coisas. É mesmo mau para quem se diz social-democrata - por oposição a social-democracia liberal - que deveriam ter uma visão equilibrada no mundo laboral.

Quem tenha paciência de acompanhar um comentário medida a medida, carregue em “ler mais”...

1. Reduzir a duração máxima dos contratos a termo certo de 3 para 2 anos: é positivo, mas não resolve a questão de fundo. Os contratos a prazo - tal como o Código do Trabalho o define - estão a ser usados de forma abusiva, face ao que a lei lhe permite. Estabelecer limites à contratação a termo, é o mesmo que dizer que a lei não é para aplicar. Se a ideia é ir passo a passo, seria preferível restabelecer uma redução programada.  

2. Reduzir a duração máxima dos contratos a termo incerto de 6 para 4 anos: É quase como dizer que no longo prazo estamos todos mortos. Seria preferível restabelecer uma redução programada.  

3. Eliminar a norma do Código do Trabalho que permite a contratação a termo para postos de trabalho permanente à procura do 1º emprego e desempregados de longa duração, mas permitindo que se aplique a de muito longa duração (mais de dois anos): é uma contradição em princípios. Impede-se a possibilidade por ser uma precarização dos jovens e dos desempregados, mas aceita-se essa precarização para os "ainda mais" desempregados... Esta desigualdade apenas é explicável pela ideia de que se pretende dar uma hipótese (precária!) a quem se acha que já não tem nenhuma. Mas parece que os jovens e desempregados serão substituídos pelos "ainda mais" desempregados. Acresce que não há estatísticas oficiais para os desempregados há mais de dois anos. Apenas para longa duração (há mais de um ano), tanto no INE (quadro 18), como no IEFP (pag.6). Não se sabe onde está a maioria. E houve pessoas que assinaram este acordo! 

4. Para promover a contratação sem termo... estabelecer que o período experimental aplicável aos contratos sem termo celebrados com trabalhadores à procura do primeiro emprego ou em situação de desemprego de longa duração [recorda-se do ponto 1 e 3?] é de 180 dias. Ou seja, passa para o dobro o período experimental para a generalidade dos trabalhadores. E na prática, aquilo que se deu aos jovens e aos desempregados, acaba-se por lhe voltar a tirar sob a forma de um contrato a prazo de 6 meses. E um contrato a termo de 2ª classe, já que não terá direito a compensação por rescisão e podendo ser afastado a qualquer momento.

5. Limitar a possibilidade de contratação a termo no lançamento de empresas com menos de 250 pessoas: Esta só pode ser uma graça patronal. A esmagadora maioria das empresas tem menos de 250 trabalhadores. Ou seja, todas as limitações antes estabelecidas, são riscadas do mapa para as novas empresas. Uma lei de primeira e uma lei de segunda. Mais valia que a lei fosse a mesma para todos e que o Estado lhes desse um subsídio. Sempre era mais transparente e pesaria sobre toda a sociedade, e não apenas sobre os trabalhadores. Mas lá se ia o apelo ao empreendorismo, ao amor ao risco sem apoios públicos, ao benefício da iniciativa privada.  

6. Afastar a possibilidade de as convenções colectivas alterarem o regime legal da contratação a termo, vedando a criação de motivos adicionais para a contratação a termo que não correspondam à satisfação de necessidade temporária da empresa, bem como à modificação da regra que proíbe a sucessão de contratos a termo e de outras normas que asseguram o cumprimento da directiva comunitária sobre os contratos a termo: Parece positivo. Mas bem visto, pode ser lido de outra forma: ao especificar aquelas duas matérias a que a convenção não pode afastar a lei, abre-se a porta para que possa afastar todas as outras. Tudo o resto relacionados com a contratação a termo pode ser revertido... Ou seja, a lei não representa mínimos, e o acordo pode degradar a lei geral e tornar ineficaz o próprio acordo. É demasiado rebuscado? Já vi de tudo em leis.

7. Manter a compenção mesmo quando o contrato não é renovado: É positivo.

8. Alargar de 15 para 35 dias a duração máxima dos contratos de muito curta duração em situação de acréscimo excepcional e substancial da actividade de empresa cujo ciclo anual apresente irregularidades decorrentes do respectivo mercado ou de natureza sazonal estrutural que não seja passível de assegurar pela sua estrutura permanentes, nomeadamente em actividade sazonal no sector agrícola ou do turismo, preservando a duração máxima anual de 70 dias de trabalho com o mesmo empregador: Não lhe parece conversa a mais? Será que o alargamento de 15 para 35 se vai aplicar a algum caso em concreto? De qualquer forma, estamos a falar de duração máxima e nunca de duração mínima. Acha que alguma coisa vai mudar? 

9. Reduzir o período mínimo de prestação de trabalho anual do contrato de trabalho intermitente de 6 para 5 meses, reduzindo, proporcionalmente, o tempo de trabalho consecutivo de 4 para 3 meses e estabelecer que, caso o trabalhador exerça outra actividade remunerada durante o período de inactividade, o empregador deve informá-lo do início da actividade no âmbito do contrato de trabalho intermitente com uma antecedência de 30 dias, sendo que, nesse caso, o montante da retribuição da segunda actividade é deduzido à compensação prevista na lei ou em convenção colectiva: no final, quem acha que vai ganhar com esta pequeníssima alteração de 6 para 5 meses?

 10. Para garantir uma maior protecção dos trabalhadores temporários... introduzir um limite máximo de 6 renovações ao contrato de trabalho temporário, actualmente inexistente na lei, excepto quando o contrato seja celebrado para a substituição directa ou indirecta de trabalhador ausente ou que, por qualquer motivo, se encontre temporariamente impedido de trabalhar: Apetece dizer: "Brincamos?" Para já, são seis renovações! E depois, mesmo assim, não se vai aplicar na realidade porque as excepções abrangem o que, geralmente, corresponde formalmente a um contrato temporário. O problema do trabalho temporário é ser uma forma de evitar a contratação (através da triangulação das relações laborais, com uma terceira entidade) e de extorsão do trabalhador em situação debilitada. O acordo nada ataca nestas matérias. Brinca com a situação, mantendo tudo de pé. A norma que supostamente é para reforçar a transparência no recurso ao contrato temporário - tornando obrigatória a prestação de informação ao trabalhador temporário sobre o motivo subjacente à celebração do contrato de utilização entre a empresa utilizadora e a empresa de contrato temporário – parece uma gota de água no vasto mercado de contratação temporária, cujo provedor das empresas do sector é o deputado socialista Vitalino Canas.

11. E no final, para reforçar a protecção social dos trabalhadores com contratos a termo... reduzir de 180 para 120 dias o prazo de garantia para acesso ao subsídio social de desemprego para os trabalhadores cujo acesso tenha origem na cessão por caduvidade de contratos de trabalho a termo: É mau. Pouco fazer para reduzir a contratação a termo, mas pensar que se pode compensar as coisas dando um pequeno apoio social com o subsídio social de desemprego... é mau!  Pior: é colocar a Segurança Social a pagar a ineficácia das medidas tomadas para combater a precariedade.

12. Promover a prazo, a desmaterialização do contrato sujeito a forma especial (contrato a termo e contrato temporário), mediante o cumprimento do dever de comunicação através da plataforma da Segurança Social: Muito positivo, mas porquê “promover a prazo”?

13. Para diminuir o excesso de contratos não permanentes... criação de uma contribuição adicional por rotatividade excessiva para a Segurança Social, aplicável a todas as entidades empregadoras que apresentem um peso anual de contratação a termo superior à média do respectivo sector de actividade económica (ainda por definir por decreto): Trata-se de uma medida ineficaz. Em última instância, vai ainda agravar a rotatividade do sector, cujo nível de contratação a termo já varia entre 30 e 60%. Por exemplo: caso as empresas do sector aumentem a rotação de contratação precária, a média do sector sobe e reduzirá os casos acima da média. Porque não o farão? Só porque se criou uma pequena taxa para a Segurança Social? Mais complicação, sem atacar o problema de frente e ainda assim agravando-o?

14. Para promover a contratação sem termo e incentivar a conversão de contratos... reforçar e alargar transitoriamente o apoio à conversão de contratos a termo em contratos sem termo, de modo a estimular, por via das política de emprego uma mudança de paradigma: Parece demasiado mau. Ou seja, serão mais apoios públicos para que os empregadores cumpram a lei. Parece uma perversão do sistema para quem quer mudar de paradigma. Viciar com dinheiro um viciado, pagando-lhe para deixar de o ser, colocando toda a sociedade a pagar em vício.

15. Para promover um maior dinamismo a contratação colectiva... Eliminar o banco de horas individual e o banco de horas grupal em acordos individuais - Trata-se de uma velha promessa -, estabelecendo que os bancos de horas já instituídos por acordo individual cessam, no máximo, um ano após a entrada em vigor das novas regras, reservando-se o adopção do banco de horas para a negociação colectiva ou para acordos de grupo a alcançar através de consultas aos trabalhadores. Ou seja, primeiro, acaba-se com o banco de horas instituídos por acordo individual, mas afinal perduram mais um ano. Depois, aceita-se que os grupais passem a ser regulados por contratação colectiva ... ou... (este ou é fundamental) por acordo de grupo! Qual acha que vai ser a opção do patronato? 

16. Prever que, no caso dos acordos de grupo referidos no ponto anterior, o banco de horas grupal permite que o período normal de trabalho seja aumentado até duas horas diárias com um limite de 50 horas semanais e de 150 horas por ano: Esta alteração, segundo a CGTP, tem efeitos de transferência de rendimentos dos trabalhadores para as empresas, ao reduzir o já mal remunerado trabalho suplementar (cortada para metade desde 2012): “A oferta de 150 horas anuais de trabalho gratuito aos patrões, com o denominado banco de horas grupal. Um banco de horas que caso fosse aplicado à generalidade dos trabalhadores representaria 2,6 mil milhões de euros de trabalho não remunerado (786€/ano por trabalhador). Se acrescentarmos os 4,2 mil milhões de euros que hoje os patrões já poupam ao recorrer a trabalhadores com vínculo precário que auferem em média menos 30% que os assalariados com vínculo efectivo, então no total seriam 6,8 mil milhões de euros que não entrariam no vencimento dos trabalhadores, para ficarem na posse dos patrões.”

17. O banco de horas grupal manter-se-á (...) se aprovado por 65% dos trabalhadores. Se o número de trabalhadores for inferior a 10, o referendo é supervisionado pela ACT. E será válido pelo período máximo de 4 anos: Ou seja, passa-se a aceitar que o recurso ao banco de horas grupal se faça por “referendo”, no âmbito de uma relação de forças desigual que colocará trabalhadores contra trabalhadores. Ainda por cima tudo legitimada pela autoridade que deveria combater a precariedade... E aprovando-se o banco, este manter-se-á até 4 anos. E apenas poderá ser revisto caso um terço dos trabalhadores o peça, mas ainda assim funcionará por metade do tempo previsto. Parece-lhe um estímulo a um trabalho melhor remunerado?

18. Não se coloca em causa a caducidade das convenções colectivas nem o principio do tratamento mais favorável – mantendo-se esses aspectos - mas introduz-se uma fase de arbitragem no âmbito do CES: Ou seja, tenta esvaziar-se a caducidade das convenções, embora sem que o Governo perca a face ou reconheça o erro que fez. Foi o PS - e este ministro - que a introduziu em 2009 no Código do Trabalho. Nada se prevê no caso em que a negociação e mediação sejam infrutíferas. O parecer da CGTP é muito crítico: “Ao contrário da prometida dinamização da contratação colectiva, o Governo do PS optou por manter a norma da caducidade e assim estimular o patronato a prosseguir com a política de chantagem, dando-lhe ainda a oportunidade de escolher entre as diversas convenções colectivas a que tenha menos direitos para os trabalhadores e lhe traga menores encargos pondo em causa o direito de trabalho e atropelando o princípio da harmonização social no progresso.”

Tudo isto para discutir numa hora juntamente com mais 18 diplomas... É demasiado mau.


05
Jul18

Os afetos não são neutros

António Garrochinho



por Amato
No próximo dia 9 de julho cumprir-se-ão dois anos e quatro meses da presidência dos afetos de Marcelo Rebelo de Sousa, mas parece não ter sido tempo bastante para o povo entender bem o alcance da coisa. Isto dos afetos, dos beijinhos óbvios e dos abraços fáceis, tem o condão de entreter as massas e traz consigo, dentro de cada abraço, aquela ideia da política apartidária, acima de qualquer disputa e controvérsia, da política da razão e da verdade que toda a gente considera, mas ninguém o admite frontalmente, ser só uma. Que belos animais democráticos que nós somos! A política dos afetos é, bem entendido, a expressão máxima do populismo mais vil, porque é a política do é e não é, quando, de facto, é.

Veja-se bem o que se passa hoje. O Marcelo dos afetos, dos beijos e dos abraços, não tem um minuto da sua agenda sem fim para falar com os professores deste país que estão em greve há um mês. Marcelo, que se diz professor, não demonstra um pingo de preocupação, ou simplesmente empatia, pelos problemas da classe à qual tem sempre tanto orgulho em dizer que pertence.

Mas o mesmo se tem passado em cada greve deste país, dos têxteis, dos transportes, do setor da saúde ou da energia. Marcelo, que se vai desmultiplicando em viagens, em aparições e comentários públicos a tudo o que acontece, por mais despropositado que seja — incluindo os jogos da seleção de futebol —, em selfies parolas, abraços e beijinhos superficiais, nunca, até ao momento, teve um ato de genuína preocupação para com os problemas e angústias dos trabalhadores deste país, dos verdadeiros responsáveis por se diminuir os défices e por se aumentar as exportações ou outros índices económicos.

Por ventura, um mandato inteiro não será suficiente, nem dois, nem três, se acaso existisse a possibilidade, para que o povo compreenda isto: os afetos não são neutros. Têm cor. Assumem posição. E essa posição é a do poder económico burguês. Os beijinhos e os abraços, esses, servem apenas para embalar as massas, condenadas a uma condição de servidão sem fim à vista.

portodeamato.blogs.sapo.pt


05
Jul18

CHÁ DANÇANTE

António Garrochinho


SIM ! TENHO SAUDADES DAS MATINÉS DA MINHA JUVENTUDE ONDE POUCO MAIS HAVIA QUE O FÓLES E UM CLARINETE E SÓ DEPOIS ALGUMAS BANDAS TIPO ESQUEMA 4, OS ELITES + 5 ETC

TUDO ISTO ME DESPERTA AINDA ALGUMAS EMOÇÕES E PONHO-ME A FAZER CONTAS À VIDA PENSANDO QUE A DEVERIA TER APROVEITADO MELHOR OU NEM TANTO ASSIM! O QUE O QUE FIZ ESTÁ FEITO E DE CERTEZA QUE SE NUM PASSE DE MÁGICA PUDESSE VOLTAR A ESSES TEMPOS VOLTARIA A FAZER A MESMA COISA.

O QUE EU NÃO MEREÇO E JÁ ME CHEGA À MEDULA, É O CONSTANTE CHÁ DANÇANTE DE GENTE QUE VOU DESCOBRINDO QUE ME BAJULA PELA FRENTE E ESFAQUEIA PELAS COSTAS.

NA VERDADE FISICAMENTE NADA ME DÓI E ESTOU-ME NAS TINTAS PELAS POSTURAS QUE VOU LENDO E QUE SE ARRASTAM POR PARTE DE QUEM NÃO TEM PONTA DE VERGONHA NAS "VENTAS" E SÓ SABE VIVER EM INTRIGA VENDO O FOGO A ARDER NA CASA DO VIZINHO.

VOU DEIXÁ-LOS VIVER SEM OS INCOMODAR NO SEU CANTINHO ESCURO CHEIRANDO A BAFIO, A MIJO E A MERDA, E MESMO QUANDO VEJO ALGUNS POR MIM A PASSAR, NÃO VOU ABRIR A BOCA A PEDIR EXPLICAÇÕES JÁ QUE A GENTE DESTA LAIA NÃO SE ARRANCA NADA DE SAUDÁVEL, INTELIGENTE OU POSITIVO.

SÃO OS CONGELADOS, OS DOENTES QUE SÓ ELES NÃO SABEM QUE ESTÃO ENFERMOS, SÃO OS SEM CARÁCTER, OS ETERNOS BAJULADORES, QUE MAIS VALE ATÉ OS TER COMO INIMIGOS DO QUE PROPRIAMENTE COMO "AMIGOS" DANDO-LHES ASSIM A POSSIBILIDADE DE PISAREM TERRENO MEU.

O DESABAFO TERMINOU  A CARAPUÇA SERVE A QUEM A ENFIAR, E DE CERTEZA NÃO DEMORARÁ UM MINUTO A CHEGAR AOS DESTINATÁRIOS PARA QUE POSSAM LER O QUE ESCREVI, NEM IRÁ MUDAR A SUA CONDUTA PERANTE A VIDA, JÁ QUE A VASILHA É RUIM.


FIQUEM NAS COVAS "AMIGOS" COCEM-SE SEMPRE PARA DENTRO , FIQUEM COM deus , o diabo E O RAIO QUE VOS PARTA.


António Garrochinho
05
Jul18

A SUBMISSÃO

António Garrochinho


QUAL PORTUGAL ? QUAL SOCIALISMO, QUAL POVO ?

NÃO ESTÃO LÁ POR SEREM SUPER HOMENS MAS SIM PORQUE SÃO SUBMISSOS.

SE NÃO FÔSSEMOS TÃO SERVIS E LAMBEDORES DO CAPITALISMO NUNCA TERÍAMOS O ASSASSINO DURÃO BARROSO ONDE ESTÁ E ONDE ESTEVE O QUE TEM AS MÃOS MANCHADAS DE SANGUE DE INOCENTES.

NUNCA TERÍAMOS O BEATO RICO GUTERRES, QUE SE CAGOU NOS PORTUGUESES E HOJE É O "CAROCHO" A REBOLAR A BOLA DE EXCREMENTO IMPERIALISTA A MANDO DOS USA E DA EUROPA NEO COLONIALISTA .

NÃO TÍNHAMOS O CENTENO DOS CIFRÕES A RECHEAR OS BOLSOS, AO DISPÔR DO DIRECTÓRIO CAPITALISTA DA UE.

A ESTES JÁ SE JUNTOU A SINISTRA FIGURA DO ANTÓNIO VITORINO, OUTRO LOUCO POR TACHOS E DINHEIRO QUE AGORA FOI PARA A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DAS MIGRAÇÕES OUTRO ORGANISMO COMANDADO PELOS QUE ANDAM A DESTRUIR O MUNDO E DEPOIS CHORAM LÁGRIMAS DE CROCODILO.

QUEM SE SEGUIRÁ ?


António Garrochinho

05
Jul18

TANTO AMOR E ....

António Garrochinho

TANTO AMOR, TANTA PAZ QUE SE PUBLICA E DESEJA ESPERANDO QUE ELA CAIA DO CÉU.

O AMOR, A PAZ, A SOLIDARIEDADE, O FRATERNO SÓ É ATINGÍVEL QUANDO AS PESSOAS SE RESPEITAM E SE UNEM.
SE SE MANTÊM EGOÍSTAS, INDIFERENTES À DESGRAÇA DE MUITOS, À INFELICIDADE DE QUEM NÃO TEM TRABALHO, CASA, PÃO NA MESA, NÃO SERVE DE NADA O CHORO DAS CARPIDEIRAS ENCOMENDADAS.

A VIDA SÓ TEM DOIS LADOS: O QUE ESTÁ BEM E O QUE ESTÁ MAL, E SE O MAL PREVALECE, A MISÉRIA INSTALA-SE, E DA NADA SERVEM AS BOAS INTENÇÕES, AS ILUSÕES DE QUE PODE EXISTIR AMOR, CARINHO, AMIZADE QUANDO NOS DIGLADIAMOS UNS AOS OUTROS NA PROCURA INDIVIDUAL DE FELICIDADE.

É BOM SER ROMÂNTICO, TER EM NÓS ESSA TERNURA, HUMILDADE, E BEM O PODEMOS SER SE TIVER-MOS OS PÉS ASSENTES NA TERRA PARA QUE NÃO ANDAMOS A "VIVER" UMA VIDA DE JOÃO RATÃO E GATA BORRALHEIRA, OU SEJA DE FANTASIAS.

HÁ QUEM VIVA BEM DESTRUINDO OS NOSSOS SONHOS, O NOSSO ESFORÇO E TRABALHO E ENQUANTO NÃO ELIMINARMOS ESSES ADVERSÁRIOS E INIMIGOS BEM PODEMOS FINGIR QUE É POSSÍVEL HOJE NO SÉCULO XXI AGIRMOS COMO A "ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS".


António Garrochinho
05
Jul18

Sangria de enfermeiros no SNS continua

António Garrochinho


Os dados são do Ministério da Saúde. A carência de enfermeiros agrava-se a cada mês que passa. Apesar das promessas do Ministério da Saúde e do Governo.
Acordo abrange trabalhadores dos hospitais
Um comunicado de hoje do Sindicato de Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN) denuncia a contínua redução do número de enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde, ao invés não só das necessidades de serviço (incluindo as ditadas pela passagem ao regime de 35 horas pelos enfermeiros com contrato individual de trabalho) mas também das promessas de reforço reiteradamente feitas pelo Ministério da Saúde.
O comunicado cita dados do próprio Ministério da Saúde («balanço social»), segundo os quais 77 enfermeiros deixaram o SNS em Abril e Maio de 2018, tendo sido admitidos apenas 24. Na mesma fonte «constata-se que o volume de saídas entre Outubro de 2017 e Maio de 2018 foi de 384» e que «as admissões foram apenas 111», agravamento o défice de profissionais em 273 enfermeiros.
Estes dados, referentes ao período anterior à entrada em vigor do horário das 35 horas para os enfermeiros, comprovam, como tem sido, aliás, frequentemente divulgado, que o problema da falta de recursos no SNS nada tem a ver com a introdução das 35 horas de trabalho.
Quinze dias antes da entrada em vigor do novo horário dos enfermeiros o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, anunciou a «autorização para a contratação de 2000 profissionais para o SNS», deixando ao cuidado das instituições a decisão sobre o tipo de profissionais a contratar (médicos, enfermeiros, auxiliares ou outros). O SEP afirma ser conhecido «que as 2000 autorizações são manifestamente insuficientes» e que «só de enfermeiros são necessários 1976» profissionais.

As instituições do SNS caminham para a ruptura, alertam os enfermeiros

O elevado número de horas de trabalho nos enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem contribuído para que estes trabalhadores sejam levados à exaustão e para um acréscimo de absentismo frequentemente causado por doenças ocupacionais, incluindo o stresse psicossocial.
A necessidade de passagem dos enfermeiros a um horário de 35 horas foi reconhecida em Outubro de 2017. Nessa data as instituições do SNS receberam instruções, por parte do Ministério da Saúde, no sentido de admitirem, até ao final do mês de Junho de 2018, os enfermeiros necessários para assegurar o funcionamento dos serviços nas condições prévias à passagem dos enfermeiros com contrato individual de trabalho ao regime das 35 horas.
O novo regime entrou formalmente em vigor no passado dia 1 de Julho e, pela informação aduzida pelo SEP/CGTP-IN, traduzir-se-á num agravamento das condições de funcionamento do SNS, pelo qual o sindicato responsabiliza a inércia e indiferença governamental, em particular do Ministério da Saúde, apontando que «o caminho para a ruptura das instituições tem vindo paulatinamente a acontecer com o “fechar dos olhos” do Governo».

Novas declarações do ministro, feitas hoje, justificam preocupações

Um relato da reunião de hoje da Comissão Parlamentar de Saúde da imprensa online confirma os justificados receios do SEP/CGTP-IN. Confrontado por diversos deputados sobre o facto de o número de admissões anunciadas em Junho não cobrir mais do que «um terço das necessidades» e «se em Setembro vão ser contratados quatro mil novos profissionais», «o ministro acabou por admitir que não haverá condições para contratar todos os necessários».
Apesar de instado pelos vários grupos parlamentares, o ministro continuou a recusar prestar «informação discriminada por grupo profissional e o hospital de destino das futuras contratações».


www.abrilabril.pt

05
Jul18

NÃO HÁ DINHEIRO PARA NADA DIZ ANTÓNIO COSTA ! ESTAS DESPESAS NA DEFESA TRAZEM SEMPRE "ÁGUA NO BICO" - Azeredo Lopes responde à NATO e promete: “Portugal vai reforçar investimento na Defesa”. Será a compra de aviões

António Garrochinho


O secretário-geral da NATO avisou que mais crescimento tem de significar mais investimento na Defesa. Na resposta, o ministro Azeredo Lopes comprometeu-se a gastar mais. Terá a ver com os KC-390.

O Estado português vai gastar mais com a área da Defesa. O compromisso é do ministro Azeredo Lopes, que reagiu de imediato aos avisos do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg: o norueguês tinha desafiado o Governo de António Costa a aproveitar o crescimento económico para investir mais, lembrando que há uma meta de 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para cumprir até 2024. Na resposta, Azeredo Lopes deixou a garantia: “Portugal assume os seus compromissos e cumpre-os”. O aumento real dos gastos militares em Portugal terá a ver com a eventual compra de cinco aviões KC-390, com um valor que deve rondar os 400 milhões de euros, sabe o Observador.
“O compromisso que nós temos para com as metas que foram estabelecidas em 2014 mantém-se. Portugal tem intenção de reforçar o investimento e aquilo que gasta em Defesa“, afirmou o ministro, em declarações à Antena 1.
Azeredo Lopes garantiu que transmitiu essa mesma informação ao secretário-geral da NATO quando Stoltenberg esteve em Portugal, a 26 de janeiro. Confrontado com a viabilidade das metas que o país tem de atingir — Portugal tem de canalizar 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Defesa até 2024, Azeredo Lopes não teve dúvidas: “Se não fosse viável, Portugal não afirmava o seu compromisso”.
“Portugal não estaria a negociar investimentos e aplicações se não fosse viável. É disso que se trata. É um reforço evidentemente significativo, mas Portugal assume os seus compromissos e cumpre-os”, insistiu Azeredo Lopes.
O ministro não explicitou, mas esse crescimento do orçamento da Defesa terá a ver com a compra dos seis aviões KC390, da Embraer, disse uma fonte da Defesa ao Observador. Essas aeronaves de fabrico brasileiro e que em parte serão produzidas em Portugal, servirão para substituir os C130, aviões de transporte estratégico. Algumas dessas unidades devem estar preparadas para combater fogos.
A Lei de Programação Militar (LPM) deve ser alvo de um processo de revisão a iniciar em março, para também contemplar este investimento. A discussão será ser “interessante”, como classifica uma fonte da Defesa, porque com a Força Aérea a absorver uma fatia tão significativa dos gastos em equipamento, isso pode frustrar, sobretudo, as aspirações da Marinha para adquirir mais navios patrulhas oceânicos. Com a nomeação do almirante António Silva Ribeiro como CEMGFA, essa será uma discussão que a Armada não deverá querer deixar cair. O problema, como o coloca uma fonte do ministério, tem a ver com estes objetivos: se o foco for nos KC-390 e nos patrulhas oceânicos, as Forças Armadas correm o risco de não ter dinheiro para mais aquisições nos próximos anos. E o ministério á fez saber que até ao início de 2019 quer comprar as substitutas das velhas metralhadoras G3.
Esta terça-feira, o secretário-geral da NATO defendeu que Portugal deve aproveitar o crescimento económico para gastar mais em Defesa, aproveitando o crescimento económico que se está a registar. “Há mais margem para o aumento dos gastos em Defesa”, afirmou Stoltenberg, defendendo ainda que os aliados têm de investir mais e melhor neste setor.
Neste momento, Portugal canaliza para a Defesa apenas 1,32% do seu PIB. O Orçamento do Estado para 2018 prevê uma despesa total consolidada de 2.151 milhões de euros, mais 7,5% face à estimativa de 2017.

observador.pt

05
Jul18

GRANDE ENTREVISTA - JOÃO GOULÃO - SOMOS UM CHOCO QUE TEM UMA CABEÇA GRANDE MAS NÃO TEMOS PERNINHAS

António Garrochinho

"Somos um choco que tem uma cabeça grande, mas não tem perninhas"
João Goulão formou-se em Medicina e, desde muito cedo, começou o seu trabalho ligado à toxicodependência. À frente do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) – antigo Instituto de Droga e da Toxicodependência – desde 2012 (quando foi criado), o especialista diz ao Notícias ao Minuto que todos os dias surgem desafios no âmbito das dependências.
Os mais preocupantes prendem-se com os consumidores de estupefacientes de há muitos anos, pois muitos sofreram recaídas durante a crise.
Preocupante é também o modelo de combate à toxicodependência que está atualmente em vigor. João Goulão garante que com a mudança de "instituto" para "direção-geral" perdeu-se a "proximidade" com aqueles que mais precisam de apoio.
Estas questões, e não só, estão em debate desde ontem no III Congresso do SICAD, que se está a realizar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. 
Hoje assinala-se o Dia Internacional Contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Droga. Qual é o panorama português nesta área?
Há uns anos vivemos uma situação calamitosa, mas foram desenvolvidas políticas que têm sido globalmente bem sucedidas. A evolução global da problemática da droga em Portugal tem sido positiva, mas não é um problema resolvido na nossa sociedade e há novos desafios.
Que novos desafios são estes?
O surgimento de novas drogas e também o envelhecimento da nossa população antiga utilizadora de drogas que, nos últimos anos, foi particularmente atingida pelas consequências da crise económica e social que nos afetou.
A crise potenciou o regresso ao consumo de estupefacientes?
Sim, assistimos nessa altura a um número muito significativo de recaídas de antigos utilizadores de heroína que tinham organizado as suas vidas em moldes novos e que nessa altura tiveram recaídas. E isso coloca-nos novos desafios porque, além de terem retomado o consumo, são pessoas menos recetivas à intervenção, razão pela qual se coloca agora em cima da mesa novas respostas, como são as salas de consumo assistido.
Hoje temos um mandato alargado para além das substâncias ilícitas. Trabalhamos com outro tipo de comportamentos aditivos, como álcool ou jogo Porque é que o Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) é agora o o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD)?
Foi uma decisão inovadora, pois hoje temos um mandato alargado para além das substâncias ilícitas. Trabalhamos com outro tipo de comportamentos aditivos, como o álcool, o jogo, entre outros.
Foi por isso que mudou de nome?
É um dos motivos. Deixámos cair a questão da droga por causa do estigma ligado à palavra. Quando passámos a lidar com o alcoolismo era difícil para as pessoas com problemas ligados ao álcool deslocarem-se aos centros de atendimento para toxicodependentes.
Qual é então a diferença entre o IDT e o SICAD?
O IDT era um instituto, o SICAD é uma direção-geral e, por isso, tem características diferentes do primeiro. O IDT era um instituto público com a capacidade de pensar as políticas e de as operacionalizar no terreno através de unidades próprias. Hoje as coisas são diferentes: o SICAD não tem unidades, tudo o que é intervenção direta no terreno passou para a dependência das Administrações Regionais de Saúde (ARS). O IDT tinha 1.800 profissionais, o SICAD tem 80, pois todo o pessoal das equipas de atendimento que estão no terreno passou para as equipas das ARS.
E isto prejudica ou facilita o acompanhamento à comunidade dependente?
Do meu ponto de vista não facilita. As coisas tornaram-se muito mais mediadas quando antigamente era muito mais ágil a interação entre as pessoas e os órgãos com responsabilidade de pensar e desenhar as políticas e a sua execução no terreno. Agora há muitos intermediários e a harmonização entre as cinco regiões é bem mais complicada.
Governo anterior tinha uma sanha assassina contra fundações e institutos que eram tidos como gastadoresEntão porquê passar de instituto a direção-geral?
Isto foi decidido pelo governo anterior que tinha uma sanha assassina contra fundações e institutos que eram tidos como gastadores. Inclusivamente estive com o então ministro Paulo Macedo que me perguntou o que eu gostaria que acontecesse e eu disse que o que gostaria era que o IDT se transformasse no ID – Instituto das Dependências… Fomos surpreendidos com a extinção do IDT e com este novo formato cujo objetivo seria o de facilitar a interpenetração com o Serviço Nacional de Saúde no seu conjunto, um maior envolvimento de médicos de família, uma maior acessibilidade a respostas até de âmbito hospitalar…
Teoricamente soa bem…
Sim, mas na prática, até agora, não funcionou e tenho defendido publicamente, não necessariamente um regresso ao modelo IDT, mas a recriação de uma entidade com capacidade de pensar as políticas e executá-las diretamente e que tenha uma agilidade que hoje não temos de acorrer às necessidades das populações.
Este modelo está a colocar em causa o apoio a quem precisa?
Há dificuldades na articulação entre as estruturas de redução de danos e as estruturas de tratamento, há dificuldades na referenciação de doentes para respostas de outros tipos nomeadamente a nível hospitalar... O que teoricamente parecia um capital de ganho possível na prática não tem acontecido.
Em meados de 90 tínhamos 100 mil utilizadores problemáticos de droga, especialmente de heroína. Hoje em dia temos metadeA toxicodependência deixou de preocupar a sociedade?
Em meados dos anos 90 tínhamos 100 mil utilizadores problemáticos de droga, especialmente de heroína. Hoje em dia temos metade e a maior parte está em tratamento, está a ser acompanhada. Ou seja, o impacto público do fenómeno baixou muito significativamente e com ele o impacto político. Fizemos bem demais o nosso trabalho [risos].
É quase um problema escondido?
É, porque ele está cá e temos algum recrudescimento de alguns aspetos do fenómeno. A nossa grande preocupação hoje, no campo das drogas ilícitas, é o envelhecimento da população, bem como as questões relacionadas com a canábis e as novas substâncias psicoativas. No campo das lícitas é o álcool, que é um problema de enorme dimensão na nossa sociedade, e depois problemas como a dependência do jogo, de um ecrã, etc.
O IDT era um polvo, tinha uma cabeça pequenita mas pernas compridas; o SICAD é um choco, tem uma grande cabeça mas não tem perninhasComo se faz frente a estas questões?
Para fazermos face a isto precisamos de alguma renovação nos nossos quadros profissionais. Grande parte dos profissionais está a sair e há toda uma cultura, que foi entretanto desenvolvida e que teve bons frutos, que não vai ser transmitida porque não existe nenhum mecanismo de recrutamento de novos profissionais.
Tendo em conta o panorama que está a revelar, qual é então o papel do SICAD atualmente?
Neste momento, o SICAD, enquanto direção-geral, tem um papel que podemos comparar um bocadinho à Direção-Geral da Saúde, relativamente a outras áreas de intervenção. Em poucas palavras, nós desenhamos as políticas e os planos de intervenção, mas depois a sua execução prática compete a outros. O SICAD é a cabeça do monstro. O IDT era um polvo, tinha uma cabeça pequenita mas pernas muito compridas; o SICAD é um choco, tem uma grande cabeça mas não tem perninhas. Perdemos eficácia nestas respostas de proximidade e na agilidade que essa proximidade acarreta. É isto que sentimos.

"A canábis pode ser útil para tratar doenças, mas uso recreativo..."

"A canábis pode ser útil para tratar doenças, mas uso recreativo..."
Debater o uso medicinal da canábis ao mesmo tempo que se quer falar sobre o seu uso recreativo é sinónimo de dificuldades para quem quer levar a cabo iniciativas de prevenção. Quanto à experiência de lazer com esta substância, João Goulão considera que é cedo e que é preciso esperar pelos resultados das "experiências" que estão a ser levadas a cabo em vários pontos do globo.
O presidente do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) defende programas como a troca de seringas e a prescrição de metadona, tal como é favorável à instalação de salas de consumo assistido - salas de chuto na gíria.
O especialista fala, nesta entrevista, abertamente sobre as drogas, garantindo que só há toxicodependentes porque estas substâncias são boas.
E porque hoje se assinala o Dia Internacional Contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Droga, João Goulão vai estar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a debater os temas que dizem respeito às dependências, sejam as lícitas ou as ilícitas. Também o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, vai participar do III Congresso do SICAD.
Quem é o toxicodependente português neste momento?
Hoje em dia temos muita gente que usa drogas ocasionalmente e há um muito menor número de consumidores problemáticos – entre 10 a 15% dos consumidores. Nesse sentido tivemos uma décalage importante.
Mas nem sempre foi assim.
Não. Houve uma explosão no consumo de substâncias ilícitas em Portugal no pós-25 de Abril. Foi uma coisa repentina. Enquanto em outras sociedades houve sempre uma linha para os utilizadores totais e uma linha muito inferior para os consumidores problemáticos, nós tivemos quase uma coincidência das duas linhas.
Os consumidores problemáticos são os consumidores mais antigos?
Alguns sim. Tivemos a eficácia de os manter vivos, mas colocam-nos agora problemas novos. Estas são pessoas que começámos a acompanhar nos anos 80/90 e estão aqui agora com 60/70 anos. Ou seja, a perspetiva de uma intervenção terapêutica, de uma intervenção integral - que era sempre a nossa preocupação - é muito reduzida.
A preocupação agora é apenas manter estas pessoas vivas?
É acompanhá-las enquanto envelhecem com dignidade, com acesso a cuidados de saúde e, em alguns casos, com oferta de intervenções que são mais ocupacionais do que propriamente de mudanças de fundo nos padrões de vida.
Nós não curamos ninguém, tal como não se cura um diabético, mas faz-se um acompanhamento Como é que se consegue que alguém deixe de ser dependente da droga?
A ideia de que por uma qualquer arte mágica vamos resolver esta situação não existe, nós não curamos ninguém, tal como não se cura um diabético, mas faz-se um acompanhamento. E é importante fazer a destrinça entre adição e dependência. A adição é uma doença crónica recidivante. Isto é, uma pessoa é adicta, mas pode conseguir controlar a sua dependência. No entanto, se houver algum fator de desequilíbrio na sua vida voltará a consumir e a ser dependente da droga, mas na verdade nunca deixou de ser adicta.
O vosso trabalho incide muito então nesse acompanhamento?
O que os nossos serviços têm tido a capacidade de fazer é estar com estas pessoas em todas as circunstâncias. Apesar de algumas pessoas manterem os consumos, este acompanhamento contribui, pelo menos, para diminuir o risco envolvido no consumo, razão pela qual tivemos uma queda muito significativa, por exemplo, no número de overdoses e nas novas infeções pelo VIH entre utilizadores de droga.
E, para isso, contribuiu o programa de troca de seringas, certo?
Sim. Também é uma das componentes dos programas.
Há quem consiga ficar definitivamente sem consumir?
Há muitos milhares de pessoas. E atenção que a ocorrência de uma recaída é algo que não nos leva a dizer que em determinado caso houve um insucesso. Nada disso. O sucesso foi termos esta pessoa parada e funcionante durante um certo período de tempo.
E é possível dizer que uma pessoa nunca vai consumir?
Não, verdadeiramente não. Mas quanto mais precoce for o início dos consumos maior a probabilidade de a pessoa se tornar dependente.
Eu costumo dizer que as pessoas usam drogas porque elas são boas. Ninguém usa drogas para sofrerO que leva alguém a consumir droga?
A necessidade de potenciar o prazer, de aliviar o desprazer e de aumentar a performance. Eu costumo dizer que as pessoas usam drogas porque elas são boas. E isto é algo perigoso de ser dito por mim. Mas esta é a verdade: ninguém usa drogas para sofrer. As pessoas usam drogas porque elas proporcionam sensações agradáveis e porque potenciam sensações agradáveis. Por outro lado, hoje, e cada vez mais, estão a consumir-se substâncias que aumentam a peformance devido ao mundo profissional competitivo em que vivemos.
Mas hoje em dia também há muita informação sobre os malefícios do consumo de estupefacientes…
A informação é importante, mas não é tudo e está longe de o ser. Porque é que os médicos são uma das classes profissionais onde há mais consumo de tabaco? Não viria grande mal ao mundo se se potenciasse o prazer utilizando uma substância, o problema é que há a grande probabilidade de esta substância se transformar na única fonte de prazer que a pessoa consegue usufruir, tornando-se no centro da sua vida. O problema é as drogas tornarem-se na única fonte de prazer das pessoas.
E como é que se contraria isto?
Oferecendo outras fontes de prazer, fontes de prazer alternativas, como a satisfação pessoal, a realização dos sonhos, a capacidade de aceder a coisas que gostariam, como estudar, por exemplo.
Esta não é uma realidade fácil de se lidar, pois não?
Não, é uma realidade muito dura. Nós temos a felicidade de ter em Portugal uma abordagem que contribuiu para reduzir seriamente o estigma destas pessoas, para que a dependência seja encarada como uma condição de saúde com a mesma dignidade de outras condições de saúde. Mas é uma realidade dura com histórias de vida incríveis e circunstâncias muito complicadas.
É bem frequente que os nossos profissionais entrem em situações de grandes dificuldades emocionais Como é que se consegue lidar diariamente com estas situações?
Às vezes não se consegue. É bem frequente que os nossos profissionais entrem em situações de grandes dificuldades emocionais, exatamente por esse confronto com situações muito complicadas. Felizmente temos tido também a capacidade de ter um trabalho interno de equipa, de suporte, de entreajuda, que tem permitido que os profissionais sejam apoiados pelos colegas.
Há pouco falou no programa de troca de seringas. Que balanço faz?
Um balanço muito positivo. Temos também outras medidas como o programa de substituição com metadona com baixo limiar de exigência. Uma pessoa ao tomar este medicamento, previamente prescrito, não vai sofrer tanto com a carência de heroína. Esta é também uma medida de redução de danos para que a pessoa tenha menos necessidade e menos compulsão de usar heroína.
Ainda há muitas pessoas que se injetam?
Há e na sequência da crise houve muitas recaídas e muitas pessoas que voltaram a consumir por via injetável. Aliás, é isso que preside à ideia de se colocar em cima da mesa a necessidade das salas de consumo assistido.
Como responde às críticas de que uma sala de consumo assistido é uma sala onde se desincentiva o abandono do vício?
Explicando que numa sala de consumo assistido é possível permitir que uma pessoa consuma em condições de dignidade, ao mesmo tempo que é encorajada a procurar tratamento para parar de consumir.
Atualmente, as pessoas infetam-se pelo VIH muito mais através de relações sexuais do que através do uso de drogas por via injetávelO mesmo se aplica à troca de seringas?
Sim. A troca de seringas usadas por outras esterilizadas permitiu-nos ver os números de infeções pelo VIH entre consumidores de drogas injetáveis descerem, sendo agora o menor dos contingentes das novas infeções que ocorrem em Portugal. Atualmente, as pessoas infetam-se muito mais através de relações sexuais do que através do uso de drogas por via injetável.
O consumo de canábis para fins medicinais foi agora aprovado. Qual é a sua posição?
É favorável e parece-me perfeitamente legítimo que se possa recorrer a canábis para tratar determinadas condições clínicas.
E quanto ao uso recreativo?
Essa discussão é outra e misturar as duas coisas tem dificultado o trabalho de prevenção.
Porquê?
Porque o facto de se misturar as duas discussões leva as pessoas a pensarem que, se é recomendado para uso medicinal então é porque não faz mal à saúde, e não é bem assim. A canábis pode ser útil para tratar determinadas doenças, mas isso não justifica que seja panaceia para tudo e possa ser usada livremente de forma recreativa.
Então não é a favor da despenalização do uso recreativo?
Neste momento não lhe sei dizer com segurança. Nós fomos um laboratório social quando descriminalizámos o uso de todas as substâncias e na altura dizia-se que os consumos em Portugal iam disparar. No entanto, o que se verificou foi uma redução dos consumos e das suas consequências.
Como é que isso se explica?
Explica-se com um conjunto de políticas integradas baseadas numa abordagem humanista dos utilizadores de drogas. Ao invés de serem enviados para as prisões, oferecemos-lhes uma série de respostas que reduzem os impactos desse problema na sociedade.
O que está em cima da mesa hoje é outro paradigma que é o paradigma regulador, ou seja, conferir à canábis e eventualmente a outras drogas o mesmo estatuto que tem por exemplo o álcool ou o tabaco, em que o Estado intervém em todas as fases, desde a produção até à venda ao consumidor.
Há experiências a decorrer neste momento – no Uruguai, em alguns estados dos EUA e agora no Canadá – e eu gostava de ter o resultado dessas experiências antes de fazer claramente uma opção para Portugal.
E o exemplo da Holanda, não é bom?
Não é um mercado regulado. Usar canábis na Holanda é crime. Pode comprar ou usar num estabelecimento – coffee shop –, mas ninguém sabe como é que a canábis lá chega porque tem origem no mercado ilícito.
Despenalizar não seria vantajoso para Portugal em termos financeiros? Afinal, consome-se…
Pode ser um benefício, não digo que não. Mas não tenho uma posição fechada quanto a isso, gostava de ver a evolução destas novas experiências: o Uruguai, alguns estados dos Estados Unidos e o Canadá.
Esta discussão está para breve?
Acho que sim, não tenho é certeza de que seja imediatamente admitida no Parlamento. Eu gostaria que houvesse uma discussão a fundo sobre esta questão e que a mesma fosse informada pelo resultado de experiências que estão a acontecer para termos alguma evidência.
Gostaria que houvesse já dados palpáveis, pois cada vez mais é importante que as decisões políticas sejam fundamentadas em evidência científica e não porque é moderno ou porque acompanha determinada clientela.
A política que temos perseguido nos últimos quase 20 anos tem dado bons resultados, não vejo que tenhamos de mudar radicalmente só porque é moderno, porque é moda.


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05
Jul18

O António Filipe não identifica a origem mas eu como a li ontem no facebook vou escarrapachá-la aqui para que todos saibam o autor - "Pelos vistos, por ser comunista não posso entrar num hospital privado"

António Garrochinho

A ORIGEM DA NOTÍCIA RECOLHIDA POR MIM NO FACEBOOK QUE ENTRETANTO JÁ SE ESPALHOU POR OUTRAS PÁGINAS





A fotografia do deputado comunista na sala de espera do Hospital da Luz tornou-se viral, mas não ficou sem resposta.

"Pelos vistos, por ser comunista não posso entrar num hospital privado"
Depois de uma fotografia do comunista António Filipe numa sala de espera do Hospital da Luz se ter tornado viral, porque mesmo à porta do dito hospital estava um outdoor com uma mensagem do PCP - 'Saúde não é negócio', o deputado quis dar a conhecer a sua versão dos factos.
Não só pelo outdoor, mas também pelas doutrinas políticas do seu partido - um feroz defensor do SNS em detrimento da privatização da saúde - o seguinte post teve tanto alcance.
“Estou na sala de espera de cirurgia cardio-torácica no 2° andar do Hospital da Luz. Neste momento. Esta frente à entrada do hospital o cartaz na primeira foto. Está sentado à minha frente o deputado do PCP, António Filipe, segunda foto. É tão boa a esquerda portuguesa, não é?”, podia ler-se, juntamente com duas fotografias, como pode ver em baixo.
Ainda assim, António Filipe não quis deixar tal provocação sem resposta.
“Caros amigos, recebi de alguns de vós o testemunho da indignação pelo facto de um qualquer desqualificado ter publicado no facebook uma foto que me tirou à sorrelfa na sala de espera de um hospital a que me desloquei por razões que só a mim me dizem respeito”, começou por contextualizar, chamando depois pateta ao utilizador que o fotografou.
“Entende o pateta que, por ser comunista, eu não poderia entrar num hospital que é privado (apesar de viver à custa de contribuições, como a minha, para a ADSE). É claro que recebeu centenas de likes e partilhas alarves e fascistas, a par de alguns comentários de perplexidade por uma publicação tão abjeta. Serve isto para dizer aos meus amigos que estejam tranquilos. Não estou doente. E já agora, desejo ao autor da foto, que não identifico porque respeito mais a sua privacidade do que ele respeita a minha, e que pelos vistos frequenta o hospital em que eu, por ser comunista, não posso entrar, rápidas melhoras caso esteja doente, e que se torne, se possível, uma pessoa melhor do que demonstra ser”, rematou.
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05
Jul18

E AS PUTAS A DAREM-LHE COM A FARINHA ! ESTES NÃO SÃO ESPIÕES MAS OS "CAMÓNES" QUEREM EXPLICAÇÕES PARA "PERCEBER" - - Gabinete do Reino Unido reunido para analisar caso de casal envenenado

António Garrochinho


O Gabinete do Reino Unido reúne-se hoje de emergência para analisar o caso do casal encontrado em estado crítico, depois de exposto ao mesmo agente que envenenou em março um ex-espião russo e sua filha.

Gabinete do Reino Unido reunido para analisar caso de casal envenenado
A reunião [conselho de ministros britânico] será presidida pelo ministro do Interior, Sajid Javid.
Um porta-voz da primeira-ministra, Theresa May, disse que o evento está a ser tratado com "extrema seriedade".
Entretanto, em entrevista à BBC Radio esta quinta-feira, o ministro da Segurança do Reino Unido, Ben Wallace, voltou a pedir explicações à Rússia, considerando que Moscovo pode "desfazer o mal" e manter pessoas a salvo do agente nervoso Novichok, o mesmo que presente no ataque ao ex-espião Sergei Skripal e à sua filha Yulia
"O Estado russo pode desfazer este mal, podem dizer-nos o que aconteceu, o que fizeram e preencher as lacunas significativas que estamos a procurar perceber", disse Ben Wallace.
"Recebemos esta noite [quarta-feira] os resultados a análise (...) que mostram que as duas pessoas foram expostas ao agente enervante Novichok", declarou à comunicação social o chefe do contraterrorismo britânico, Neil Basu.
Neil Basu adiantou que não estava determinado se estas pessoas tinham sido atacadas de propósito ou se a situação resultava de algum acidente.
Este casal é natural de Amesbury, que fica a 13 quilómetros de Salisbury, onde os Skripal foram envenenados.
A polícia não os identificou, mas amigos disseram que se trata de Charlie Rowley, de 45 anos, e Dawn Sturgess, de 44.
As autoridades tinham declarado a existência de um "incidente relevante", depois de um homem e uma mulher terem sido encontrados inconscientes no sábado, num edifício residencial em Amesbury.
A polícia realçou, em conferência de imprensa, que os responsáveis da área da saúde entendiam que não havia riscos significativos para a saúde pública.
O casal foi hospitalizado no sábado no hospital de Salisbury, com as autoridades a atribuírem inicialmente a situação à ingestão de uma mistura contaminada de heroína ou 'crack' de cocaína.

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05
Jul18

López Obrador e o poder real

António Garrochinho


 Carlos Fazio     
López Obrador foi eleito para a presidência do México. O seu partido (Juntos Haremos História) ganhou 31 dos 32 estados do país. Tão significativo como essa vitória é o facto de, desde Junho, destacadas personalidades da administração Trump e jornais norte-americanos o virem hostilizando ou apresentando como um “esquerdista”. Mas, se se mantiver fiel às suas declarações de mudança e quiser que elas avancem, as maiorias eleitorais não bastarão face à poderosíssima e criminosa oligarquia e ao vizinho do norte. Só um povo mobilizado e em movimento, preparado para um duro e prolongado combate, poderá concretizar tal resultado.





Ontem, primeiro de Julho, milhões de mexicanos foram votar, e se não houve uma monumental fraude de Estado, Andrés Manuel López Obrador (AMLO) será o próximo presidente da República. A não ocorrer nada de extraordinário no período de transição, no primeiro de Dezembro próximo AMLO deverá assumir o governo. Mas durante esse lapso, e ainda mais além do médio prazo, o poder continuará estando nas mãos da classe capitalista -transnacional.

É previsível também que, a partir deste 2 de Julho, o bloco de poder (a plutonomia, Citigroup dixit), incluindo os seus media hegemónicos (Televisa e Tv Azteca, de Azcárraga e Salinas Pliego, ambos megamilionários da lista Forbes), e seus operadores nas estruturas governamentais (o Congresso, o aparelho judicial, etecetera), escalarão a insurgência plutocrática procurando ampliar os seus privilégios e garantir os seus interesses de classe, e para continuar potenciando a correlação de forças em seu favor.

Para além do ruido das campanhas, o processo eleitoral decorreu sob o signo da militarização e da paramilitarização de vastos espaços da geografia nacional, e de uma guerra social de extermínio (necropolítica) que elevou os níveis de violência homicida a limites nunca vistos no México moderno, semelhantes aos de um país em guerra (naturalizando-se em vésperas das votações o assassínio de candidatos a cargos de eleição ¬popular).

Como recordou Gilberto López y Rivas em La Jornada, esse conflito armado não reconhecido é a dimensão repressiva do que William I. Robinson denomina acumulação militarizada, cuja finalidade é a ocupação e recolonização integral de vastos territórios rurais e urbanos para o saque e despojo dos recursos geoestratégicos, mediante uma violência exponencial e de espectro completo que é característica da actual configuração do capitalismo; o conflito e a repressão como meio de acumulação da ¬plutonomia.

Para isso a classe dominante fez aprovar a Lei de Segurança Interna. E está latente, para ratificação no Senado, a iniciativa de Deputados de retirar judicialmente do lugar o presidente da República; a denominada estratégia de lawfare aplicada a Dilma Rousseff e Lula da Silva no Brasil, que implica o uso da lei como arma para perseguir e destruir um adversário político pela via parlamentar e/ou judicial; uma variante dos golpes suaves de manufactura estadunidense que poderia reverter contra AMLO.

A esse respeito, e para além da sua viragem ao centro e o redesenho do seu programa de transição reformista − capitalista, democrático e nacional, com grandes concessões ao bloco de poder dominante −, a chegada de López Obrador ao governo poderia implicar, em princípio, uma perda de velocidade ou uma pausa para respirar (Galeano dixit) na tendência do incrementado fim de ciclo progressista e restauração da direita neoliberal na América Latina.

O impulso de uma nova forma de Estado social, sem ruptura frontal com o Consenso de Washington, significará, não obstante, uma mudança na correlação de forças regionais e terá tremendo impacto nos povos latino-americanos. Por isso não é de modo nenhum inocente – ou simplesmente centrada no aprofundamento das políticas de mudança de regime em Venezuela e Nicarágua− o recente périplo neomonroísta do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, por Brasil, Equador e Guatemala.

Justifica-se recordar o invulgarmente crítico editorial do Washington Post de 18 de Junho, que assumiu como suficientemente credíveis os nexos de colaboradores próximos de López Obrador com os governos de Cuba e Venezuela, e as declarações do senador republicano John McCain, apontando AMLO como um possível presidente esquerdista anti estadunidense e as do actual chefe de gabinete da administração Trump, general (retirado) John Kelly, que afirmou que López Obrador não seria bom para os Estados Unidos nem para o México.

Segundo assessores de política exterior de AMLO, o seu governo colocará perante Washington a defesa intransigente da soberania nacional; fará a revisão do quadro da cooperação policial, militar e de segurança (DEA, CIA, ICI, Pentágono, etecetera) e, sob a premissa de que a emigração não é um crime, incrementará a protecção dos compatriotas irregulares, como se fosse uma procuradoria ante os tribunais dos Estados Unidos. Também reverá os contratos petroleiros e de obras públicas. 

O que sem dúvida trará fortes confrontações com a Casa Branca e a plutocracia internacional.
Como disse Ilán Semo, no México a Presidência da República encerra potencialidades simbólicas insuspeitadas; uma espécie de carisma institucional. Não importa quem a ocupe, inclusivamente um inepto (pensemos em Vicente Fox), o cargo transmite-lhe uma aura: é o Presidente. Depois da Independência, da Reforma e da Revolução Mexicana, AMLO quer passar à historia como o homem da quarta transformação. 

Mas para isso é necessária uma mudança de regime e impulsionar grandes saltos na consciência política dos sectores populares; sem um povo organizado e mobilizado visando um projecto de mudança radical e profundo, não há carisma que chegue.



www.odiario.info

05
Jul18

PÃO PÃO, QUEIJO QUEIJO

António Garrochinho


Se tudo na vida é um "negócio" segundo as palavras e o agir de muitos, porque perdem tempo a tentar convencer os outros de que não é assim que pensam e agem ?

Chama-se a isso a "vaselina" o políticamente correcto, o serem, o terem, a mania de Xicos espertos e assim criticando a "merda" de outros, fazem precisamente a mesma coisa só que com uma agravante.

OS QUE DIZEM NÃO SER E SÃO, TRAFULHAS E VÍGAROS, E TENTAM ENGANAR O POVO COM CENÁRIOS ESTUDADOS, SÃO DUPLAMENTE CRIMINOSOS.

Para quê o escudar em posicionamentos ideológicos se não há o mínimo pejo em os trair a cada segundo ?

NÃO ! NÃO É NADA COMPLEXO ENTENDER. QUE RESISTIR, COMBATER, A DIREITA, É FÁCIL DADO OS RECURSOS QUE OS NEOLIBERAIS/FASCISTAS TÊM E UTILIZAM PARA MANTEREM OS PRIVILÉGIOS E O PODER.

NÃO É FÁCIL MAS É POSSÍVEL !

Não há desculpas para que se mantenha na escuridão a única coisa que pode transformar o mundo mantendo as injustiças, os atropelos, os crimes.

A CLASSE QUE TRABALHA, AS MASSAS, OS QUE SÃO INJUSTIÇADOS E DOMINADOS TODOS OS DIAS ATRAVÉS DA DEMAGOGIA E DA MENTIRA SÃO A ÚNICA FORÇA CAPAZ DE TRANSFORMAR.

Essa força organizada não pode estar sujeita a mordaças e a jogos e interesses de quem vive da política e se serve dela para promoção individual.

A IDEOLOGIA TEM QUE ESTAR AO SERVIÇO DO POVO ! NÃO COMO UM TAMPÃO MAS SIM COMO ARMA DE LIBERTAÇÃO.


António Garrochinho
05
Jul18

HÁ OS QUE ....

António Garrochinho

Um "filme" que já todos sabemos é que dentro dos professores, enfermeiros, ou qualquer outra profissão há os que NÃO TÊM RÉSTIA ALGUMA DE CONSCIÊNCIA DE CLASSE E AGEM SUBORDINADOS A POLÍTICAS A MANDO DO CAPITAL E DOS SINDICATOS E PARTIDOS QUE O REPRESENTAM.

OS QUE DIVIDEM E ARRANJAM RÓTULOS ENGANOSOS PARA TAPAREM A TRAIÇÃO E O DESPREZO QUE SENTEM PELA EMANCIPAÇÃO DA SUA PRÓPRIA CLASSE.

ESSES SÃO OS QUE PREJUDICAM OS SEUS PRÓPRIOS COLEGAS, TRAEM, OS QUE TÊM E PRATICAM A DIGNIDADE DENTRO DA SUA PROFISSÃO E TRABALHO.

PORCAMENTE USUFRUEM DAS CONQUISTAS QUE SÃO ARRANCADAS A FERROS AO PATRONATO E AO GOVERNO SERVIL DO CAPITALISMO, POR PARTE DOS QUE SEMPRE LUTARAM E LUTAM E DÃO A CARA COM TRANSPARÊNCIA E TENACIDADE..

SÃO OS DE DUAS CARAS, OS QUE SE CONSIDERAM ACIMA DE OUTROS, OS QUE QUEREM ESTAR BEM COM O CAPITALISMO, OS ELEITORALISTAS, OS DAS PROMESSAS QUE OS DOMINAM E QUE MALEVOLAMENTE OS VÃO DEMAGÓGICAMENTE APOIANDO E DEPOIS DESCARTANDO, DESTRUINDO ASSIM RESISTÊNCIA LEGÍTIMA DOS QUE NÃO ACEITAM E NÃO SE DOBRAM A TUDO O QUE APRESENTAM OS TUBARÕES.


António Garrochinho

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