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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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09
Jul18

GEORGETTE FERREIRA A PRIMEIRA MULHER A EVADIR-SE DE UMA PRISÃO FASCISTA

António Garrochinho

Georgette de Oliveira Ferreira nasceu em 25 de Junho de 1925, em Alhandra. Faleceu em Lisboa a 4 de fevereiro de 2017.
Deputada à Assembleia Constituinte



Evadiu-se em 4 de Outubro de 1950 do Hospital de Santo António dos Capuchos em Lisboa, tendo sido a primeira mulher a fazê-lo.


Georgette de Oliveira Ferreira nasceu em 25 de Junho de 1925, em Alhandra. Filha de trabalhadores do campo, viveu desde os 8 anos de idade com os padrinhos, onde terá convivido com os ideais republicanos e conhecido alguns comunistas. Em 1942, com a mãe muito doente regressa a casa dos pais. 

Desejosa da sua independência, vai trabalhar para uma fábrica têxtil e mais tarde para uma oficina como costureira. Aí, organiza uma greve com vista à sindicalização das operárias costureiras e acaba por ser despedida da oficina. Filia-se na Juventude Comunista Portuguesa e em seguida no PCP. Corria o ano de 1944, os géneros alimentícios escasseavam e as lutas e as greves de mulheres contra a fome e pelo pão tomavam a forma de protesto nacional e também protesto contra a guerra. 

Georgette participa na organização dessas grandes manifestações e, ao serviço do seu partido, passa à clandestinidade em 1945 e assim vive até 1949. Nas casas clandestinas do partido, faz trabalhos de secretaria, de organização e defesa da casa.


Em 1949 é presa em Palmela pela PIDE e levada para Caxias. Muito doente é hospitalizada no Hospital de Santo António dos Capuchos em Lisboa de onde se evadiu em 4 de Outubro de 1950. É a primeira mulher que se evade de uma prisão fascista. 

Foi então viver para o Porto com Clementina Amália, outra destacada antifascista de Setúbal, numa parte de casa clandestina, adoptando o pseudónimo «Helena». Aí esteve até 1952. É novamente presa em 1957. 

Adoece gravemente devido aos maus-tratos e negligência da PIDE, o que gerou uma grande campanha de solidariedade nacional e internacional exigindo a sua libertação.


Na sua primeira prisão, partilhou por alguns dias a cela com Maria Lamas, Virgínia Moura e Cecília Areosa Feio. 

Certamente que esta vivência tão dura, tão sofrida em comum, forjou nelas laços de estima e cumplicidades que as suas vidas vieram comprovar. 

Tal como Georgette, todas demonstraram ser mulheres solidárias com as outras mulheres, compreensivas e exultantes com o 25 de Abril porque, como nos dizia Georgette, a liberdade é o bem maior para a emancipação das mulheres e dos povos.


Georgette Ferreira é libertada em 1959 e vai para a Checoslováquia a convite da organização das mulheres daquele país, e lá se tratou durante três anos, curando-se das múltiplas maleitas causadas pelo brutal desumanidade da polícia política. 

Até 1964 teve uma intensa actividade política no estrangeiro, na denúncia dos crimes e no apelo à solidariedade com as mulheres e os presos políticos.


Em 1962, participa na Assembleia de Mulheres pela Paz com Maria Lamas e Luísa Tito de Morais. 

Nos Congressos Internacionais de Mulheres e nas organizações democráticas internacionais de mulheres representou muitas vezes as mulheres portuguesas. 

A grande preocupação era então a guerra no Vietname e a luta das mulheres das colónias pela libertação. Nesses Congressos participaram, segundo recorda, Eugénie Cotton presidente da União das Mulheres Francesas e da Federação Democrática Internacional de Mulheres e Marie-Claude Vaillant-Couturier que foi também presidente da União de Mulheres Francesas e que tinha estado no campo de concentração de Ravensbruck, a norte de Berlim, onde entre 13 de Maio de 1939, dia em que chegou o primeiro comboio com 867 mulheres e 30 de Abril de 1945 (data da libertação pelo exercito soviético) terão estado encarceradas 150.000 mulheres, das quais 92.000 terão sido assassinadas[1].


A Revista Mulheres do Mundo Inteiro, órgão da FDIM que se editava em várias línguas, entrevistou-a em 1961, tinha então Georgette 36 anos. Retratava-a como “uma mulher miúda de cabelos negros, mulher doce, de olhar expressivo que travava em Portugal uma luta tenaz contra a ditadura (…) 
No rosto viam-se gravados os terríveis sofrimentos passados nas masmorras portuguesas”[2]. Nessa entrevista, ao lado da Presidente do Comité das Mulheres da Checoslováquia, Georgette falou de si e do grande contributo da solidariedade internacionalista para a sua libertação, dirigindo-se particularmente às mulheres e às mães portuguesas, mas também às espanholas e gregas, igualmente vítimas do terror das prisões fascistas, que as limitava na liberdade e ofendia a dignidade de seres humanos.

Entre 1953 e 1988 fez parte do Comité Central do PCP. Actualmente é membro da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP).

A sua biografia prisional consta do processo 1144/49 – Proc n.º167/954 S. Investigação. 

É uma das mulheres portuguesas da resistência ao fascismo cuja história vivida nas prisões e hospitais, na luta clandestina sempre ameaçada, é contada na primeira pessoa, em entrevista a Rose Nery publicada em 1975[3].
Deputada do PCP à Assembleia Constituinte pelo Círculo Eleitoral de Lisboa e depois, nas primeiras legislaturas de 1976 a 1985, ajudou a transpor na Constituição de Abril os desejos e as reivindicações das mulheres e dos trabalhadores e a fazer aprovar leis naquele que foi o período mais fecundo para uma legislação em prol dos direitos das mulheres e pela igualdade. 

Sempre acompanhou a actividade do MDM. 

Sempre esteve presente com uma palavra amiga. Jamais a sua memória deixou passar acontecimentos e datas marcantes do MDM. 

Todas conhecemos a sua dedicação e ternura para com o movimento de mulheres. Todas sentimos as suas calorosas e confiantes palavras nas saudações de Georgette Ferreira ao MDM, seja no 8 de Março, seja em todos os seus Congressos. Vibrante, ela lá está. 

Pessoalmente. Com a singeleza e a certeza de ser estímulo jovial e exemplo para as vindouras.
O MDM também a saudou e homenageou, num almoço em Alhandra, na CURPIFA, organizado pelo núcleo de Vila Franca de Xira dirigido por Luísa Vitorino, uma outra mulher feita com Abril. 

Foi a 9 de Abril de 2006 onde, pela voz de Natacha Amaro, a homenagem a Georgette ganhou múltiplos sentidos, que ela generosamente estendeu a suas irmãs, à família, aos amigos. “O exemplo, a experiência e a história de vida da Sofia e da Georgette estão presentes. Resta-nos agradecer-lhes e continuar a luta”, porque elas “foram mulheres que contribuíram, com um enorme esforço pessoal, para a conquista da liberdade”[4].
Alhandra, terra de resistência e de luta, viu nascer muitas mulheres e homens que deram um contributo inestimável à construção da liberdade. 

O crescimento da indústria e a intensidade da exploração confluíram nesta região, e em todo o Baixo Ribatejo, incrementando um forte movimento operário. 

Aqui, como noutros pontos do País, as mulheres viveram tempos terríveis, foram vítimas de perseguições, assistiram às injustiças, fizeram grandes sacrifícios. Foi também em Alhandra, na década de quarenta, do século passado, que Georgette Ferreira ainda muito jovem e suas irmãs Sofia e Mercedes iniciaram a sua actividade política na luta pela liberdade e pela democracia, contra o fascismo que algemava o País. Aí “aprendi a compreender o que é o espírito revolucionário da classe operária, o seu anseio, cultura, e a sua capacidade para interpretar e aprender”, disse-nos na sua intervenção. “Foi também aqui”, lembrou, com emoção, “pela mão do nosso saudoso amigo, Soeiro Pereira Gomes, com participação da sua mulher, Manuela Câncio Reis, que nós despertámos para a cultura nas colectividades, para as zonas de leitura, e compreendemos como é importante dar ao nosso povo a cultura que o fascismo nos roubava (..) É com grande emoção que, aqui em Alhandra, depois de muitos anos, reencontro alguns amigos, mas também novas gerações, com a vontade, combatividade, esperança, que o nosso Abril vencerá!”.
Com ela, sempre muito próximas, as duas irmãs, também elas funcionárias do PCP, a Mercedes e a Sofia Ferreira, com quem Georgette partilhou e partilha a alegria e as dores mas também os ideais como alimento da sua vida. Georgette Ferreira agradeceu em nome das três mas dizendo-se avessa a homenagens, “porque a nossa contribuição na luta e na vida é uma coisa natural”. Finalmente saudou todas as mulheres “que de formas diferentes, prestaram a sua solidariedade clandestina, à nossa luta contra o fascismo”[5].

Não se pense que Georgette não teve um amor na sua vida. Também ela teve o homem da sua vida de quem gostou e amou. 

Montaram casa para viverem os dois, mas pouco tempo depois ele foi preso e morreu logo depois. Foi bom mas durou pouco tempo, diz-nos ainda emocionada e com uma tristeza na voz e no olhar[6].


[1] La déportation, Edição de “Le patriot résistant” Federation Nationale dês Déportés et Internés Résistants, 10, Rue Leroux, Paris 16.ème,
[2] Revista da FDIM, Mujeres del Mundo entero, nº8, 1961.
[3] Rose Nery Nobre de Melo, Mulheres Portuguesas na Resistência, Seara Nova, 1975 (p.64-75)
[4] Palavras de Natacha Amaro, membro do Secretariado Nacional do MDM, em O Avante, 13 de Abril de 2006.
[5] O Avante, 13 de Abril de 2006
[6] Conversa de Georgette com Regina Marques em casa de Mercedes, em Setúbal, em 2 de Julho de 2014. 

www.mdm.org.pt






























09
Jul18

A IDEOLOGIA - KARL MARX

António Garrochinho


Karl Marx resume em grande parte a centralidade da imprensa para que a burguesia mantenha o controle sobre a sociedade:

"Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes, ou seja, a classe que tem o poder material dominante numa sociedade é também a potência dominante espiritual. A classe que dispõe dos meios de produção material dispõe igualmente dos meios de produção intelectual; de tal modo que o pensamento daqueles a quem é recusado os meios de produção intelectual está submetido igualmente à classe dominante."

O controle ferrenho dos aparelhos ideológicos pela burguesia tem uma série de consequências, entre elas a de não permitir que as massas enxerguem e sintam de maneira clara as condições brutais de exploração a que são submetidas pelo sistema capitalista, sobretudo em sua fase superior, o imperialismo.

Esta violência assume proporções ainda maiores quando observamos o papel dos meios de comunicação no tocante à eterna criminalização das classes populares, de suas lutas por se libertar da exploração, de seus hábitos e costumes, de suas formas de trabalho, de sua luta por sobrevivência.
09
Jul18

QUATRO DÉCADAS

António Garrochinho


Continuam, mais do que nunca, amarrados aos banqueiros, aos vendilhões da pátria, fazendo leis e escondendo do povo com o mais descarado intriguismo, os jogos, o dinheiro roubado, o corrupto por debaixo da mesa, e pondo o povo a pagar as dívidas dos seus luxos e os desastres das políticas ruinosas para a maioria dos portugueses que há mais de quatro décadas praticam impunes.
CUSTA ACREDITAR QUE EM QUATRO DÉCADAS DE CHARLATANICE E MANIPULAÇÃO POPULAR NADA MELHORE E TUDO TENHA SEMPRE A TENDÊNCIA PARA PIORAR, SEMPRE COM AS MESMAS VÍTIMAS, JÁ QUE A AUSTERIDADE NUNCA ROÇA OS BEM FALANTES, OS QUE VÃO USUFRUINDO DE BENESSES E MORDOMIAS À CUSTA DA MÍNGUA DE QUEM TRABALHA.
António Garrochinho
09
Jul18

CDS: de novo os “espoliados”

António Garrochinho
Guerrilheiras do PAIGC

No recato do quotidiano parlamentar, o CDS apresentou uma proposta para ressuscitar um “grupo de trabalho”, criado em 2005, que tinha por missão “ressarcir” os ex-colonos portugueses que acorreram a Portugal na sequência da descolonização. A iniciativa, que toca a mais de 60 mil pessoas, tem óbvios propósitos eleitorais. Mas não só: é a própria descolonização que é atingida de forma sibilina quando se fala de “espoliados” e da perda de “bens e direitos”.

A questão tem sido um cavalo de batalha da direita. Em 1992, uma resolução do conselho de ministros, governava Cavaco Silva, deu origem a um Gabinete de Apoio aos Espoliados — que, no entanto, não produziu efeitos. Em 2005, já nas últimas semanas do governo de Santana Lopes, quando o executivo estava demitido e em funções de gestão, foi criado um “grupo de trabalho” que também deu em nada. O tal que o CDS agora quer recuperar.

Percebe-se que as tentativas de levar avante o assunto das indemnizações tenham na prática ficado no papel. A primeira razão estará no facto de a entidade que é chamada a pagar a factura ser o Estado português, o que levanta logo a questão de serem uma vez mais os portugueses a desembolsar. E quando se pedem constantes sacrifícios aos “contribuintes”, se pagam do erário público milhões aos bancos, se restringem as verbas destinadas aos serviços sociais, etc., etc., fica difícil justificar mais uns quantos milhões — para benefício sobretudo de proprietários de bens vultuosos.
A segunda razão tem a ver com a própria justificação política de indemnizar os chamados “espoliados”. Se se considera que houve “espoliação”, ou, como agora diz o CDS na sua justificação, que as pessoas em causa “deixaram para trás os seus bens e outros direitos” (quais?) — então a direita deveria deixar-se de rodeios e ter a coragem de exigir que as compensações fossem pagas pelos novos Estados independentes.

Não o faz, claro. Não por lhe faltar a vontade, mas porque seria uma missão impossível — que, ainda por cima, traria outros prejuízos, como seja o azedar das relações diplomáticas e a complicação dos negócios entre o capital português e aqueles países.

Mais: se tal fosse tentado, os novos países teriam legitimidade acrescida para serem eles a exigir do Estado português compensações pela espoliação (sem aspas) praticada em cinco séculos de colonialismo, pela guerra colonial, pelos crimes de guerra, pelos crimes cometidos pelos colonos, pela devastação dos territórios, numa lista interminável de malfeitorias hoje praticamente caladas.
Por isto a direita se fica pelas tentativas, mantendo contudo a chama acesa.

Onde se insinua o ataque velado à descolonização é nisto: nas posições da direita, que o CDS agora recupera, o Estado português saído do 25 de Abril de 74 é posto na condição de réu, “culpado” pela descolonização, a ponto de ser “condenado” a indemnizar quem deixou as então colónias.

Isto converge com os ataques feitos desde sempre pelos colonialistas mais reaccionários que sonharam com uma via em que fossem impostas condições à independência dos novos países: brancos a manterem as suas propriedades, indemnizações pelos bens nacionalizados, manutenção de privilégios para os europeus que quisessem ficar. Como se isso fosse possível na sequência de uma guerra perdida em África e de um Estado em derrocada na Europa! E como se isso fosse justo!

Tem de ser dito o seguinte: independentemente do sofrimento individual que as mudanças históricas sempre causam, os colonos portugueses só o eram e só beneficiavam de supremacia sobre as populações africanas porque estavam protegidos por leis e privilégios do Estado colonial-fascista que os colocavam, apenas por serem brancos, acima dos africanos. 

Vivendo remediadamente ou fazendo fortuna, sendo honestos ou não, vivendo do seu trabalho ou da exploração, todos eles tinham um estatuto que os naturais dos países colonizados não tinham.

A descolonização, conquistada a rios de sangue pelos africanos, veio repor alguma justiça na medida em que pôs termo a este estado de coisas. Mas apenas alguma justiça. Quem são afinal os espoliados?


www.jornalmudardevida.net

09
Jul18

EUA defendem-se do seu próprio veneno

António Garrochinho


O objectivo declarado das medidas proteccionistas aprovadas por Trump, taxando fortemente produtos oriundos do Canadá, da Europa ou da China, é defender a economia norte-americana da concorrência. Mas então cabe perguntar: porque é que a (ainda) primeira economia do mundo se sente ameaçada pelas outras? 
Porque é que o livre comércio a prejudica depois de a ter ajudado a expandir-se e a dominar o mundo inteiro? Porque é que a “globalização” — até há bem pouco tempo arvorada como bandeira do capitalismo ianque — passou a ser um mal a combater da forma mais extremada?
Algo chegou ao fim: o fôlego da expansão imperialista esgotou-se; sucedeu-lhe o sufoco.

A crise desencadeada em 2007-2008 — justamente no centro do capitalismo mundial e não numa periferia qualquer — mostrou que os efeitos positivos (para o capitalismo imperialista) da globalização tinham atingido os seus limites. Na forma de uma crise financeira revelou-se, de modo estrondoso, um mal que vinha de trás: a dificuldade, e depois a incapacidade, de acumulação demonstrada por um capitalismo altamente desenvolvido e expandido até onde a superfície da Terra permitia.
Esta incapacidade é o produto do extremo desenvolvimento do sistema (em todos os sentidos do termo: económicos, tecnológicos, geográficos), e não do seu atraso ou de qualquer limitação territorial — o que aponta para o facto de o mundo capitalista estar diante de uma barreira intransponível.

O arrastamento da crise evidenciada em 2007-2008, sem sinais de recuperação à vista, e, pelo contrário, com sintomas de uma próxima recaída ainda mais violenta — que já ninguém nega — dá conta dessa barreira. A alta tecnologia tem como contraponto a redução drástica da mão de obra e o desemprego. A superprodução coexiste com o subconsumo das populações. Grande parte da mais-valia produzida ou não se realiza ou não tem cabimento em aplicações produtivas, transformando-se em capital fictício e especulativo. E, coisa notável, a produção de mais-valia absoluta pelo aumento dos horários e dos ritmos de trabalho (que se tornam esmagadores) torna-se cada vez mais o recurso para compensar a quebra da produção de mais-valia relativa, dificultada pelo declínio dos ganhos de produtividade e do rendimento dos investimentos — o que revela uma pane no próprio motor do capitalismo.

Neste marasmo, não são apenas os números da economia ou a situação das classes trabalhadoras que entram em queda. É todo o edifício social, o sistema político e as instituições do regime que abrem brechas e ameaçam colapsar. A degradação das instituições estatais, a erosão dos partidos políticos afectos ao sistema, o fim do liberalismo burguês, o crescimento das organizações fascistas ou a fascização dos partidos do sistema democrático são disso sintoma.

Ora, dentro desta crise geral, sobressai a decadência das principais cabeças do imperialismo mundial: a tríade EUA-UE-Japão. O proteccionismo vindo dos EUA revela que a globalização, de que eles foram os principais beneficiários num primeiro momento, os transformou em vítima. Não tendo já sobre os seus principais concorrentes significativos argumentos económicos que lhes dêem vantagem numa concorrência aberta, os EUA apoiam-se na sua principal vantagem: a força militar.

É este “argumento” — sempre antes usado, de resto — que se perfila agora sem rebuço por detrás de todas as ameaças desencadeadas por Trump, seja na chantagem sobre a Europa para pagar mais para a NATO, seja nas taxas aplicadas a produtos estrangeiros, seja no rasgar de acordos, como o do Irão ou o do Clima, seja no acirramento dos conflitos com a China e a Rússia.

O proteccionismo norte-americano é mais um sinal, que se soma ao colapso de 2007-2008, da profunda e insolúvel crise do capitalismo mundial. Com a novidade de mostrar que a competição, com foros de vida-ou-morte, transbordou já para o campo do confronto político entre as principais potências.

Manuel Raposo 
www.jornalmudardevida.net
09
Jul18

Camille Claudel, a escultora que viveu entre Rodin, o irmão e o manicómio

António Garrochinho

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A escultora aos 17 anos, em 1881

A data de 8 de dezembro marca o nascimento de Camille Claudel (1864-1943). O cinema parece apreciar a trágica vida desta escultora, tanto que, recentemente, levou sua vida duas vezes às telas. Em 1988, em um filme chamado apenas Camille Claudel, Isabelle Adjani encarnou a aprendiz, assistente e depois amante de Auguste Rodin em extensivos e desesperados 175 minutos. Em 2013, outra belíssima atriz, Juliette Binoche, debulhou-se em lágrimas por 95 minutos em Camille Claudel, 1915. Os filmes são bem diferentes. O primeiro propõe-se a uma biografia completa; o segundo foca na internação de Camille no ano de 1915.
De forma esquemática, a biografia de Camille pode ser resumida assim: ela era uma talentosa escultora que, quando tornou-se amante de Rodin, caiu em desgraça junto à sociedade parisiense. Afinal, o escultor era casado, célebre e a ligação foi um escândalo. Após quinze anos de tortuoso relacionamento, Camille rompeu e mergulhou cada vez mais na solidão e na loucura. Por iniciativa de seu irmão mais novo, o escritor Paul Claudel, foi internada em 1913 num manicômio.
Apesar da atuação escabelada de Isabelle Adjani, a primeira versão cinematográfica parece ser a mais correta do ponto de vista histórico. Camille Claudel, 1915 dá a impressão de que a escultora fora vítima de uma injustiça.  A personagem de Binoche parece estar internada indevidamente. Seu trabalho pregresso fica esquecido e é sugerido que a sociedade e seu irmão Paul desejavam apenas livrar-se dela. Porém, delirante e paranoica, Camille sofria e era um problema real: ela recebeu o diagnóstico de esquizofrenia.
Camille Claudel trabalhando com Rodin
Camille Claudel trabalhando com Rodin
Em 1881, com 17 anos, Claudel ingressou na Academia Colarossi, em Paris, uma escola que formava escultores. Entre seus mestres estava Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras conhecidas: A Velha Helena e Paul aos treze anos.
A Veha Helena
A Velha Helena
Rodin, impressionado pela beleza de seu trabalho, recebe-a como aprendiz de seu ateliê. Ela colabora na execução de As Portas do Inferno (Les Portes de l’Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Adjani, filme escabelado e fiel
Com Adjani, filme escabelado e fiel
Ela trabalhou vários anos a serviço de Rodin, por quem era secretamente apaixonada. Ao mesmo tempo, criava suas próprias obras. Por vezes, a produção de um e outro eram tão semelhantes que não se sabia o que era do professor e o que era da aluna. Eles se apaixonam e Camille Claudel enfrenta duas dificuldades, pois por um lado Rodin não consegue decidir-se a deixar Rose Beuret e, por outro, alguns afirmam que suas obras seriam executadas pelo mestre. Triste em função das acusações e por Rodin manter outra mulher, Camille tentará se distanciar de Rodin. Percebe-se essa tentativa de autonomia em sua obra tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa (La Valse) e A Pequena Castelã (La Petite Châtelaine). Esta tentativa de afastamento segue até o rompimento definitivo em 1898. A ruptura é marcada por A Idade Madura (L’Age Mûr).
Então ela sofre um grande golpe. Rodin escolhe ficar com Rose. Ela conclui que seu romance com Rodin não passou de uma aventura para ele e Camille passa a nutrir um estranho amor-ódio, que já era um sintoma da doença que a levará à loucura. Ela se instala num hotel Quai Bourbon e segue seu trabalho em grande solidão. Apesar do apoio de amigos, ela não consegue superar o luto da separação. Eugène Blot organiza duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e benefício financeiro para Claudel. As exposições têm grande sucesso de crítica, mas Camille já está doente demais para ouvir os elogios. Ela passa a desejar a morte de Rodin, enquanto revive a infância, com sua mãe tentando impedir que ela se tornasse uma artista.
Biniche, filme sóbrio e ficcional
Com Binoche, filme sóbrio e ficcional
Após 1905, os períodos paranoicos de Camille multiplicam-se. Ela crê em seus delírios. Ela acredita que Rodin roubará suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas. Também suspeita que o Ministério das Belas-Artes da França está em conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para lhe roubar. Também chora muito, e passa a ter ideias de suicídio. Nesta época vive grande abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando de todas as pessoas, achando que qualquer um a matará. Ela se isola, rompendo com os amigos. Mantém-se vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
Seu pai, a única pessoa pela qual guarda afeição, morre em 3 de março de 1913, o que acentua seu estado. Tem crises violentas em que quebra suas obras. Em 10 de março, é internada no manicômio de Ville-Evrard. O irmão Paul Claudel — que trabalha como Embaixador da França em vários países  e é muito rico — nega-se a pagar uma pensão hospitalar para a irmã. Ele nada faz para amenizar o sofrimento de Camille, apesar de saber das condições sub-humanas em que viviam os internos da época. Rodin envia-lhe algum dinheiro e expõe algumas das esculturas que sobreviveram à destruição, mas nada faz para liberá-la do hospital. De qualquer maneira, sua iniciativa seria impedida pela mãe de Camille, que o considerava culpado pela ruína e loucura de sua filha. Camille morreu em 1943, aos 78 anos, enterrada anonimamente em vala comum, sem nunca ter recebido uma visita de sua mãe.
A tragédia de Camille Claudel tem ingredientes que a potencializam. A cidade era Paris e ela estava envolvida com Rodin e com seu irmão Paul Claudel, um dos grandes escritores de sua geração na França. É certo que o preconceito de gênero tem seu papel no desespero da escultora. Ela foi sufocada por dois artistas respeitadíssimos em sua época. Um, seu mestre, por quem era apaixonada, a abandonou; outro, seu irmão, que parecia vê-la como um estorvo.
Como afirma o crítico Eugène Blot no filme com Isabelle Adjani, seu gênio criativo ultrapassou a compreensão de sua época.
Do hospital, Camille manteve por algum tempo correspondência com sua família e seus amigos. Às vezes, pedia à sua mãe alguns itens como chá, açúcar em cubinhos e café — “…café brasileiro porque é de excelente qualidade…”. Com seu irmão Paul, a intensidade das cartas chegou ao nível do emocionante. Paul, em seus escritos sobre a irmã, descreve o trabalho da artista:
“Da mesma forma que um homem, no campo, se serve de uma árvore ou de um rochedo ao qual seus olhos se prendem, a fim de acompanhá-lo em sua meditação, uma obra de Camille Claudel no meio do apartamento existe unicamente através de suas formas, assim como essas curiosas rochas colecionadas pelos chineses, como um tipo de monumento do pensamento interior, o tufo de um tema proposto a todos os sonhos. Ao passo que um livro, por exemplo, somos obrigados a ir buscá-lo nas prateleiras de nosso armário, uma música, a tocá-la, ao contrário, a peça trabalhada, de metal, ou de pedra, exala de si mesma seu encantamento, e a casa inteira é por ela penetrada”.
Camille Claudel: "Abandono"
Camille Claudel: “Abandono”
Camille Claudel: "A Idade Madura"
Camille Claudel: A Idade Madura
Camille Claudel: A Valsa
Camille Claudel: A Valsa
Detalhe de A Idade Madura
Detalhe de A Idade Madura
Camille Claudel: A Onda
Camille Claudel: A Onda
Camille Claudel: Prière
Camille Claudel: Prière
Camille Claudel: Busto de Rodin
Camille Claudel: Busto de Rodin
09
Jul18

EM LISBOA HÁ DOIS DIAS PARA CELEBRAR O "JUBILEU DE DIAMANTE" DIZEM QUE VAI TRAZER 250 MILHÕES DE LUCRO A PORTUGAL O PRÍNCIPE QUE VAI OCUPAR LISBOA - Milionário e líder religioso, quem é o príncipe Aga Khan, o homem que os ismaelitas seguem?

António Garrochinho





Aos 20 anos, após a morte do avô, Karim assumiu a liderança dos ismailis, uma comunidade de 15 milhões de pessoas espalhada pelo mundo inteiro. Faz 82 em dezembro e mantém as paixões de sempre: CAVALOS E ESQUI
Karim Aga Khan nasceu a 13 de dezembro de 1936, em Genebra, e vai estar em Lisboa até ao dia 12 para o encerramento das celebrações do jubileu de diamante, isto é, os seus 60 anos na liderança dos Ismailis. É o terceiro Aga Khan a liderar a comunidade. O título foi atribuído pelo Xá da Pérsia por volta de 1830.
- O líder dos ismaelitas tinha 20 anos quando tudo começou em 1957. O avô, Aga Khan III, deixou em testamento a indicação de que seria o neto o 49.º imam. "Face às recentes mudanças do mundo, estou convencido que é do melhor interesse da Comunidade Ismaelita que me suceda um homem jovem que tenha sido educado e desenvolvido em anos recentes e no seio da nova era, e que traga uma nova visão sobre a vida e o cargo de Imam", deixou escrito.
- O pai é Aly Khan, o filho mais novo de Aga Khan III, um playboy que encheu páginas de jornais com as suas histórias, incluindo o romance, e casamento de dois anos, com a atriz Rita Hayworth, entre 1949 e 1951. Morreu em 1960 na sequência de um acidente de automóvel.
- A mãe é a princesa Tajuddawlah Aly Khan, nascida Joan Barbara Yarde-Buller. Converteu-se ao Islão após o casamento.
Tem dois aviões, um iate de 25 anos de idade estacionado na Sicília, uma propriedade de vários hectares em Paris e uma ilha onde já recebeu o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau
- Durante a II Guerra Mundial viveu em Nairobi, no Quénia. No regresso à Suíça frequentou a escola Le Rosey School. Licenciou-se em História Islâmica na Universidade de Harvard, nos EUA, em 1959. Já era imam.
- Foi também já como líder dos ismaelitas que representou a seleção do Irão nos Jogos Olímpicos de inverno, em 1964. O desporto esteve sempre presente na sua vida. Cavalos, hóquei no gelo, futebol, remo e esqui. E aos quase 82 anos, ainda esquia.
- Apesar de não ter país, Aga Khan é recebido como um chefe de Estado. É o que vai acontecer em Portugal. Esta segunda-feira vai reunir com o presidente da República e almoçar com o primeiro-ministro.
- A sua comunidade são os ismaelitas, entre 8 e 10 mil pessoas em Portugal, 15 milhões espalhados pelo mundo, que o consideram descendente de Maomé.
- São um ramo minoritário do já minoritário xiismo, e o mais liberal.
- Ao longo dos séculos, saíram da Ásia e África e estabeleceram-se na Europa e América do Norte.Dos 1400 anos de história do ismaelismo, a Pérsia foi o território onde estiveram mais tempo, depois de passagens pelo Norte de África e Egito. No século XIX, concentram-se no que é hoje a Índia e o Paquistão. Continuam a ser países com um grande número de ismaelitas. Mas não só. Uma vaga de emigrantes mudou-se para o continente africano no século XX.
- Nos anos 70, o Canadá acolheu muitos ismaelitas que abandonaram o Uganda, Madagáscar ou África do Sul e Portugal, os de Moçambique. "Muitos pensavam ir para o Canadá, acabaram por ficar", diz Nazim Ahmad, representante diplomático do Imamat em Portugal ao DN. Ele próprio nasceu neste país africano.
- O príncipe é o 49.º imam e herdou o cargo de líder espiritual desta comunidade do avô, Muhammed Shah, um homem importante na Índia colonial, que depois se mudou para o Reino Unido e presidiu a Liga das Nações.
- Foi casado duas vezes. A primeira com uma antiga modelo britânica, com quem teve três filhos (dois rapazes e uma rapariga), a segunda com uma cantora pop de origem alemã. Têm um filho em comum.,
- Nas suas intervenções, defende o investimento da fortuna em ajudar os país mais pobres. "Quando se viaja pelo mundo em vias de desenvolvimento, vemos que a pobreza é o motor do desespero e há a possibilidade de que todos os meios sejam usados", disse ao New York Times há 10 anos, numa das suas raras entrevistas. O príncipe fala, mas quase nunca respondendo a perguntas. Defende a ajuda aos mais pobres através dos negócios. "Desenvolvemos proteção contra o extremismo."
Foi casado duas vezes. A primeira com uma antiga modelo britânica, com quem teve três filhos (dois rapazes e uma rapariga), a segunda com uma cantora pop de origem alemã. Têm um filho em comum
- O príncipe fundou a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN, em inglês), de que é também o CEO. As múltiplas agências dividem-se em três grandes áreas: económica, social e cultural. "Não é uma empresa capitalista que visa distribuir dividendos entre os acionistas". O que diz é que os seus investimentos podem alavancar outras formas de crescimento económico num país ou região que resulta em mais emprego e esperança para os mais pobres. Construir negócios "faz parte da ética da fé", disse ao jornal americano.
- Não gosta de ser descrito como filantropo ou empreendedor. Chama-lhe o seu "mandato".
- Tem dois aviões, um iate de 25 anos de idade estacionado na Sicília, uma propriedade de vários hectares em Paris e uma ilha onde já recebeu o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau. É um líder religioso rodeado de riquezas, o que não vê como contraditório. A Forbes avaliou a sua fortuna em 800 milhões de dólares e inclui-o na lista dos 10 mais ricos do mundo em 2010.
- Tem uma grande paixão por cavalos, como o avô antes dele. Cria puro-sangues em França, um dos seus negócios mais bem-sucedidos. A filha segue-lhe os passos neste ramo.
- Os ismaelitas contribuem com doações para o funcionamento da comunidade. "Mas não é obrigatório", garante Nazim Ahmad.
- Os negócios da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento dão trabalho a 36 mil pessoas, segundo os cálculos doNew York Times. O seu nome aparecia ligado a 90 empresas. Hotéis, uma operadora de telecomunicações, uma companhia aérea e uma hidroelétrica no Uganda em que investiu 750 milhões de dólares, mas a maioria são pequenos negócios na Ásia central e na África subsariana. A Rede fatura 925 milhões de euros que são reinvestidos no apoio às comunidades.
Tem uma grande paixão por cavalos, como o avô antes dele. Cria puro-sangues em França, um dos seus negócios mais bem-sucedidos
- Um dos seus primeiros negócios, em 1961, foi criar uma empresa de media, em Nairobi. "Era necessária a retirada dos britânicos do Leste de África para ter política africana explicada ao público africano em termos africanos". O Nation Media Group tornou-se um grupo empresarial bem sucedido.
- Também tem fundado academias (planeia abrir uma em Portugal) e universidades. O avô fundou mais de escolas no início do século XX e uma das suas mais célebres citações diz respeito à educação das raparigas. "Pessoalmente, se tivesse duas raparigas, uma rapaz e uma rapariga, e só pudesse educar um, não hesitaria em deixar a rapariga perseguir uma melhor educação."
- Aga Khan esteve pela primeira vez em Portugal em 1960, e já foi condecorado várias vezes. Há um ano voltou para assinar formalmente o protocolo para mudar a sede do Imamat para Lisboa em 2015. Voltará seguramente em 2019 para a inauguração do recuperado Palacete Mendonça, um edifício classificado, da autoria de Ventura Terra, atualmente em obras.

www.dn.pt

09
Jul18

Panteão Nacional vai ser transformado em jazigo comum à borla?

António Garrochinho

Notícia tem dois dias mas deixámos amadurecer. Hoje ainda atual e nos dias, semanas e meses seguintes assim será. Mário Soares com vestes de lei à sua medida para ir para o Panteão Nacional. Que coisa!

Soares já teve um funeral de Estado todo supimpa, ao estilo de telenovela. Ainda vá. Muitos outros portugueses tão ou mais relevantes que Soares não tiveram essas honrarias. Não lhes caíram as paredes na lama e são personagens históricas por isto ou aquilo. Porquê agora Soares? E depois Sampaio? Cavaco? Outros? É que se ideia é transformar o Panteão Nacional num jazigo comum estão na estrada certa. Para mais um jazigo comum à borla.

O que fez Soares de tão relevante que não é de conhecimento público? É segredo? É que se é segredo de Estado façam o favor de o libertar para que entendamos. Muitos outros fizeram o que Soares fez pela liberdade, pela democracia (ainda mais que Soares). Também vão para o Panteão Nacional mais tarde ou mais cedo? E qual é a pressa de fazer uma lei especial para Soares? Dura lex sede lex mas só para alguns?

Não deixa de ser estranha esta sintonia de PS e PSD acerca da “alfaiataria” da lei que abre as portas do Panteão antes de tempo legalmente designado. Soares “um caso especial”? E muitos outros não merecem ser considerados “caso especial”? Os que pereceram pelo país em troco de nada, os que pereceram no Tarrafal por via da luta contra o salazar-fascismo e outros noutros cárceres da PIDE. E os militares de Abril? Ena, tantos que lutaram pela liberdade, pela democracia, por um Portugal do povo português. Esses também vão ter honras e lugar no Panteão Nacional?

Deixem o féretro em paz. Deixem-se de trampas e prestidigitações para enganar tolos. Resolvam o país e os problemas gritantes que negam a liberdade, a democracia, a justiça, a dignidade, à maioria dos portugueses. Aí sim, devem encontrar modos de acordos e sintonias. Resolvam o país, devolvam-no ao povo. Porque democracia não é só votar quando das eleições. É quando eleitos representarem-nos realmente, com honestidade, sem sofismas, sem defenderem interesses em causas próprias, dos partidos, dos empresários amigos ou por quem estão avençados, etc.  (MM | PG)

PS e PSD querem Mário Soares no Panteão Nacional

Líderes parlamentares do PS e do PSD assinam projeto de resolução para conceder honras de Panteão ao ex-Presidente da República. Lei de 2016 só o permite em 2037

Apelo é à perpetuação da memória e do legado de um homem livre, que serviu a liberdade, pelo povo português a que se honrava pertencer. Uma memória que necessariamente significa gratidão. Um legado de cidadania política, de sentido de Estado e de abertura à Europa e ao mundo." É esta a exposição de motivos do projeto de resolução entregue esta sexta-feira no Parlamento, com o objetivo de conceder a Mário Soares honras de Panteão Nacional.

Os líderes dos dois maiores partidos parlamentares, PSD e PS, subscrevem o texto, a par dos deputados socialistas Miranda Calha, Pedro Bacelar de Vasconcelos, Sérgio Sousa Pinto e Hortense Martins, e do deputado social-democrata Duarte Pacheco.

Para os proponentes do diploma, Mário Soares representou, ao longo da sua vida, "combate, resistência e inspiração". O texto invoca "a primazia que dedicou ao processo de transição democrática e à instituição de um regime pluralista", bem como "a tenacidade que impôs na elaboração de uma Constituição fundada em valores pluralistas".
"É a cara da nossa liberdade", acrescentam, "é sobretudo um homem que fez história sabendo que a fazia e que sempre recusou demitir-se do futuro".

De acordo com uma lei aprovada em 2016, a transladação de Mário Soares para o panteão só poderá ocorrer em 2037, ou seja, 20 anos após a sua morte. A regra dos 20 anos foi introduzida na lei para travar a vaga de reivindicações de honras de Panteão que se seguiram à transladação de Eusébio e de Sophia de Mellho Breyner.

A lei deterina que as honras de panteaõ se destinam a homenagear "cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade".

Ângela Silva | Expresso (há 2 dias)

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09
Jul18

Há outras opções

António Garrochinho

Rui Sá | Jornal de Notícias | opinião

António Costa, quando anunciou o reperfilamento do IP3, afirmou: "Quando estamos a decidir fazer esta obra, estamos a decidir não fazer evoluções nas carreiras ou vencimentos". Colocou, assim, em cima da mesa uma das premissas de qualquer governação em que os recursos não são ilimitados: é preciso tomar decisões, investindo de acordo com opções políticas.

Mas, se é verdade esta premissa, já cheira a demagogia afirmar que as opções são, apenas, investimento público (no caso o IP3) ou reposição de direitos de funcionários públicos.

Felizmente que não há, na maior parte dos casos, apenas duas opções nas decisões políticas em termos de investimento. Como se comprova, aliás, por recentes notícias vindas a público. Veja-se um exemplo: o secretário-geral da NATO veio a Portugal no início de 2018 e exortou o Governo português, "agora que há recuperação económica" a cumprir o compromisso de gastar 2% do PIB no orçamento da Defesa. Aí, o ministro da Defesa, não disse que o país precisava de dinheiro para o IP3, mas sim que Portugal honraria esse compromisso...... Ou, outro exemplo, o problema da necessidade da renegociação da dívida pública (que até Manuela Ferreira Leite considera impagável): por ano, só em juros, pagamos cerca de 8 mil milhões de euros. Dinheiro que seria fundamental para relançar o tal investimento público, que tem sido sacrificado pelo atual Governo - o que terá consequências graves no futuro, com a degradação das infraestruturas -, bem como para melhorar os serviços públicos, como a Saúde e a Educação. Ou, ainda, que ao mesmo tempo que se considera que não há dinheiro para a reposição de carreiras na administração pública (friso reposição e não criação de novas carreiras!), o Governo não diga que, em matéria de parcerias público-privadas (as famosas PPP), não é possível cumpri-las para investir no IP3, que tantas vidas ceifa anualmente...... Para já não falar do ilimitado dinheiro que sempre existe para a Banca!

Por isso é claro que opções há muitas. O que falta é o Governo ter uma opção verdadeiramente de Esquerda no rumo que pretende para o país. Que até o faz esquecer, agora que tanto pisca o olho ao PSD, o que nos andou a afirmar nos dois primeiros anos da sua governação: que foi possível, com a reposição de rendimentos e de direitos, fazer crescer a economia - ao contrário do que o PSD, o CDS e a troika nos procuraram fazer crer...

*Engenheiro


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09
Jul18

SEM PAPAS NA LÍNGUA - A BLOGOSFERA TAMBÉM ELA NÃO ESCAPOU AO VIRUS DA PAZ PODRE.

António Garrochinho

A BLOGOSFERA TAMBÉM ELA NÃO ESCAPOU AO VIRUS DA PAZ PODRE.

HÁ MESES, O QUE ERA FÉRTIL EM ANÁLISES, ARTIGOS DE OPINIÃO, E CULTURA, ESTÁ HOJE A ATRAVESSAR UM VAZIO QUE AMEDRONTA.

A PEDRADA NO CHARCO URGE MAS SÃO TANTOS OS INTERESSES CONTRÁRIOS AOS QUE SÃO EXPLORADOS E MANIETADOS, QUE O PÂNTANO CONTINUA ESTAGNADO E FEDORENTO NA LAMA QUE ACUMULA, E A CADA DIA SE TORNA PUTREFATA.

PROLIFERAM OS LUGARES (SITES) QUE REGOZIJAM E ALIMENTAM AS ESPERANÇAS DO REGRESSO DA DIREITA AO PODER, E O QUE ANTES RIPOSTAVA E ERA OPOSIÇÃO MAIS PARECE UM DESERTO ONDE A AUSÊNCIA DE PUBLICAÇÕES FALANDO DO QUE É NECESSÁRIO FALAR É PREMENTE.
NEM O SOCORRO A ACONTECIMENTOS INTERNACIONAIS VALE A MUITOS BLOGUES QUE ERAM DIGNOS DE VISITA, E ONDE DE BEBIA CONHECIMENTO E CULTURA.

A MERDA DESTA "GLOBALIZAÇÃO" CAPITALISTA E IMPERIALISTA FOI SUFOCANDO AS VOZES.

ISTO ACONTECE, É FÁCIL DE CONSTATAR, E NÃO É PORQUE NÃO HAJAM PALAVRAS E ASSUNTOS PARA PUBLICAR, MAS SIM PORQUE NÃO CONVÉM E SE APOSTA EM COLOCAR OS "ANTROLHOS" NO POVO PARA QUE CONTINUE A ANDAR À RODA E A LEVAR A ÁGUA DA NORA ONDE É PRECISO LEVAR.

A PAZ PODRE TOMOU O PULSO DOS BLOGUER(S) SALVO HONROSAS EXCEPÇÕES E OS QUE REMAM CONTRA A MARÉ SÃO VÍTIMAS E DESMOTIVAM-SE JÁ QUE NÃO HÁ FEEDBACK COM OS LEITORES.

OS QUE QUISEREM LANÇAR UM OLHAR SÉRIO E CONSTATAR O QUE AQUI ESCREVO, DE CERTEZA QUE TAMBÉM JÁ SE APERCEBERAM DESTA DRÁSTICA MUDANÇA QUE REFLETE A "DESGRAÇA" EM QUE CAÍMOS E COMO NUM ESPAÇO CURTO DE TEMPO NOS AMORDAÇAM, ATAM AS MÃOS E DOMINAM COM AS POLÍTICAS QUE SERVEM ALGUNS E ESQUECEM OUTROS.
António Garrochinho
09
Jul18

PÃO PÃO, QUEIJO QUEIJO

António Garrochinho

E HÁ OS QUE REPETEM A CADA SEGUNDO O QUE ESTÁ ULTRAPASSADO E NÃO TEM NADA DE RELEVANTE, ÚTIL OU MESMO INTELIGENTE QUE JUSTIFIQUE A ENERGIA QUE SE GASTA.

NOTE-SE: O QUE ESTÁ ULTRAPASSADO NÃO SIGNIFICA NECESSARIAMENTE QUE SE OCULTE A HISTÓRIA E O QUE APESAR DE TER SIDO ESCRITO OU ACONTECIDO HÁ MUITO, AINDA HOJE É BANDEIRA E FAROL NA VIDA DOS NOSSOS DIAS.

O ULTRAPASSADO É O QUE JÁ NÃO SE ADAPTA E É COLOCADO DE MANEIRA DEMAGÓGICA NA BERRA DOS NOSSOS DIAS, À FALTA DE OUTROS RACIOCÍNIOS E SOLUÇÕES QUE NÃO SE QUEREM OU NÃO SE SABEM APLICAR E ENTENDER.

INSISTIR SEMPRE NA MESMA COISA TORNA-SE DOENTIO E NÃO FACILITA O ENTENDIMENTO DO QUE SE PRETENDE NUCLEAR.

POR VEZES QUEM O FAZ TRANSMITE A OUTROS A SENSAÇÃO DE QUE O QUE INSISTE COM A MESMA LENGA LENGA NÃO SABE MAIS NADA ALÉM DO QUE DIZ REPETIDAMENTE, SABE-SE LÁ PORQUÊ.

ORA ISSO É NEGATIVO E EM NADA CONTRIBUI PARA ABRIR A MENTE E A PESTANA DOS QUE ANDAM MANIPULADOS E ALIENADOS COM O XAROPE PARA "BOI DORMIR".


António Garrochinho
09
Jul18

DOODLES TRIDIMENSIONAIS CRIADOS COM PAPEL RASGADO E DOBRADO

António Garrochinho


artista dinamarquês HuskMitNavn (que significa "Lembre meu Nome") é um pintor, muralista e desenhista compulsivo que cria desenhos tridimensionais inteligentes. As construções simples são feitas com papel e caneta, e retratam personagens de desenhos animados em situações de humor. Ele diz que é um processo longo (e contínuo) que surgiu com os desenhos 3D. Depois de fazer inúmeros desenhos planos durante toda a sua vida, um dia ele experimentou mudar o papel para ver se poderia adicionar outra dimensão a ele.


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Divertidos doodles tridimensionais criados com dobras e rasgos em papel 01
- "A idéia é simplificar usando apenas papel de tamanho A4 e uma caneta. Nenhuma tesoura ou cola. Eu quero que todos participem e também tentem desenhar em 3D na mesa da cozinha", diz o artista.

HuskMitNavn fará uma exposição individual intitulada TEGN no Nikolaj Kunsthal em Copenhague, de 29 de agosto de 2018 a janeiro de 2019. Você pode ver uma variedade de trabalhos do artista em seu site e mais de seus desenhos rasgados no Instagram.

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Divertidos doodles tridimensionais criados com dobras e rasgos em papel 15
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09
Jul18

O EMPIRICISMO COMO NEGAÇÃO DA ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA

António Garrochinho


Guilherme Antunes in facebook

O EMPIRICISMO COMO NEGAÇÃO DA ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA
Não há nenhuma hipótese de se saber mais se não se estudar. A compreensão de qualquer teoria sem a análise trabalhada da cientificidade adquirida é o mesmo que malhar em ferro frio. O modo sensitivo da experiência acumulada não é suficiente para responder com eficácia sabedora aos problemas de como se pode alterar radicalmente esta ou aquela realidade em confronto. O desleixo a que foi votado globalmente, desde há muito, este aspecto vital do desenvolvimento das capacidades ideológicas de todos e de cada um, fez menos forte, inevitavelmente, o colectivo dos trabalhadores portugueses e do seu insubstituível Partido de vanguarda, o PCP.
Aos que se ouve dizer que o que é mesmo preciso é a acção da entrega do panfleto, é a invasão da luta de rua, que basta de “parlapié”, etc, se afirma que essa necessidade revolucionária só fará sentido se estiver alicerçada na RAZÃO absorvida de saber convicto por que iniciaste este ou aquele movimento de ruptura.
Di-lo Stalin! «Naturalmente, a teoria deixa de ter objecto quando não se vincula à prática revolucionária, exactamente do mesmo modo que a prática se torna cega se não ilumina o caminho com a teoria revolucionária. Mas a teoria pode converter-se em formidável força do movimento operário se é elaborada em união indissolúvel com a prática revolucionária, porque ela, E SOMENTE ELA, pode dar ao movimento segurança, capacidade de orientação e compreensão dos laços íntimos dos acontecimentos que se verificam em torno de nós, porque ela, E SOMENTE ELA, pode ajudar na prática a compreender, não só como e em que direcção se movem as classes no momento presente, mas também como e em que direcção deverão mover-se no futuro próximo. E foi precisamente Lenine quem disse e repetiu dezenas de vezes a conhecida tese de que: "Sem teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário".» (vol. IV, pág. 380).
09
Jul18

Georges Marchais: «O lema do Comunista é para uma democracia avançada, para o socialismo.

António Garrochinho


Georges Marchais:
«O lema do Comunista é para uma democracia avançada, para o socialismo.
Resumindo em algumas palavras, digamos que o nosso objectivo principal é substituir o poder vigente dos monopólios por um regime novo que realizará reformas democráticas avançadas nos domínios político, económico e social.
Este regime de democracia avançada pressupõe o estabelecimento de um governo de união democrática que assegure uma participação real e intensa das massas populares na orientação dos assuntos do país.
•    É preciso aumentar os direitos democráticos dos trabalhadores e de todo o povo;
•    É preciso tomar amplas medidas de democracia económica e principalmente de nacionalização dos sectores-chave da economia, de maneira a estreitar as próprias bases do capital monopolista.
•    O desenvolvimento contínuo desta democracia política e económica avançada favorecerá o reforço das posições da classe operária, do conjunto dos trabalhadores manuais e intelectuais, e o enfraquecimento do grande capital.
•    Ao mesmo tempo serão criadas as melhores condições para que a maioria do povo se pronuncie por uma transformação mais radical da sociedade — pelo socialismo.
•    A democracia avançada que preconizamos é uma forma de transição para o socialismo.
Lutando hoje para pôr termo ao poder do grande capital e para instaurar um regime novo que aplique reformas democráticas cada vez mais avançadas em todos os domínios da vida nacional, fazemos aqui — e só aqui — trabalho de revolucionários.»
09
Jul18

Os “especialistas” em ovos de ouro

António Garrochinho

No passado dia 5 de Julho, o Negócios consultou dois “especialistas na área do direito imobiliário” para se pronunciarem sobre a nova Lei de Bases da Habitação que está em fase de consulta pública. São advogados e sócios de duas grandes sociedades de advogados e “têm visão crítica do projecto para a nova Lei de Bases”.


Quando se apresenta a opinião de “especialistas” está a sugerir-se que a sua apreciação é fundamentada num conhecimento técnico e relativamente isento do ponto dos interesses em confronto, que sempre os há quando se propõe uma alteração legislativa que mexe com direitos e obrigações no acesso a um bem essencial. A posição dos especialistas até parece ponderada. Afinal de contas, também há alguns “pontos positivos” na proposta de lei.

Contudo, as medidas que os especialistas criticam são as que beneficiam inquilinos e as que saúdam são as que concedem ainda mais benefícios fiscais aos proprietários. Ao vaticinarem que o governo poderá estar a “matar as galinhas dos ovos de ouro” quando propõem “novas leis para regular um mercado que está a funcionar em pleno”, como seja a regulação do Alojamento Local e a Lei das Rendas, falam como se não houvesse outros interesses a considerar numa lei. Ou seja, os especialistas/sócios de sociedades de advogados tomam os interesses dos proprietários dos ovos como os únicos legítimos.

Só os interesses dos proprietários parecem merecer protecção do Estado. Mas as galinhas estão a rebentar à custa daqueles que nunca terão acesso aos ovos: certas empresas e muitas famílias, que são despejadas e que canalizam parte cada vez maior dos seus rendimentos para a aquisição de imobiliário a preços especulativos (as que podem) ou para o pagamento de rendas excessivas (as que vão podendo). Entretanto, sobejam cada vez menos recursos para investir em sectores não-rentistas e economicamente produtivos.

O Governo do PS tem a obrigação de não cair na chantagem do sector do imobiliário, incluindo a exercida por especialistas de certas sociedade de advogados, e proteger a parte mais fraca, que é, de resto, a sua obrigação. 


09
Jul18

09 de Julho de 1926: Óscar Carmona assume a Presidência da República Portuguesa.

António Garrochinho




É já com o golpe de 28 de Maio em andamento que Óscar Carmona se decide a intervir no derrube da I República. Rapidamente, assume a liderança dos acontecimentos, tornando-se no "homem forte" da nova situação política. Presidente da República por decreto de 1926, recorre às urnas, em 1928, para legitimar o seu poder. 

Cria condições para a entrada de Oliveira Salazar nos governos da Ditadura, permite a sua ascensão e vê-se, por este, ultrapassado. Em 1935, será eleito Presidente da República de acordo com as regras da nova Constituição, cumprindo mandatos sucessivos, vindo a morrer no exercício de funções.


Óscar Carmona nasce em Lisboa, a 24 de Novembro de 1869, filho de Inácio Maria Machado de Morais Carmona (general do Exército) e de Maria Inês de Fragoso Côrte-Real.


Passa grande parte da infância em Chaves, junto do seu avô paterno, Leonel Joaquim Machado Carmona. É nessa cidade que completa a instrução primária em Chaves. Feito o exame complementar em Vila Real, ingressa no Colégio Militar com 13 anos e completa os estudos secundários em Agosto de 1888. Frequenta a Escola Politécnica de Lisboa durante dois anos. 

Em 1890, entra para a Escola do Exército, concluindo o Curso de Cavalaria em 1892, com uma menção honrosa por ter obtido a melhor classificação do seu ano.
A 3 de Janeiro de 1914, casa em Lisboa com Maria do Carmo Ferreira da Silva, natural de Chaves, de quem tinha já três filhos. Viviam juntos há mais de uma dezena de anos. ]


Em 1928, após a sua primeira eleição para a Presidência da República, passa a residir no Palácio da Cidadela de Cascais, até 1945, ano em que estabelece residência no Palácio Nacional de Belém. No período que habitava o Palácio da Cidadela, deslocava-se frequentemente para Belém através do comboio da linha de Cascais.


Terminado o Curso de Cavalaria, Óscar Carmona é colocado na Escola Prática de Equitação, em Vila Viçosa com a patente de 1.º sargento aspirante a oficial.

É sucessivamente promovido a alferes (1894), tenente (1899), capitão (1907), major (1913), tenente-coronel (1916), coronel (1919), general (1922) e marechal (1947).
Em 1894 é colocado em Chaves, no Regimento de Cavalaria nº 6. Durante as primeiras décadas do século XX, ocupa vários postos militares, em diferentes unidades. Em 1902 é elevado a "cavaleiro da ordem de São Tiago do mérito científico, literário e artístico" por "manifestações de subido mérito em topografia". 

Em 1906 é-lhe atribuída "a medalha de prata da classe de bons serviços". Em 1907 faz o tirocínio para a promoção ao posto de capitão e fica colocado na Escola Prática de Cavalaria, em Torres Novas.


Após a implantação da República, a 15 Outubro de 1910, é nomeado vogal da Comissão de Reorganização do Exército e, três anos depois, assume funções como instrutor da Escola Central de Oficiais, em Mafra (1913-1914). O apoio a Sidónio Pais valer-lhe-á a nomeação para comandante da Escola Prática de Cavalaria em Torres Novas (1918-1922). A sua posterior e rápida promoção a coronel e a chegada à chefia da 4.ª Divisão Militar (Évora), entre 1922-1925, constitui o primeiro passo no sentido de se tornar o futuro homem consensual da Ditadura Militar e do Estado Novo.


Até ao golpe de 28 de Maio de 1926, ocupa a pasta da Guerra no Ministério de António Ginestal Machado (1923) e participa como promotor de Justiça em vários julgamentos militares resultantes das múltiplas revoltas que ocorrem na fase final da I República. Assim acontece no caso dos implicados na "Noite Sangrenta", de 19 de Outubro de 1921, e com os participantes na Revolta Outubrista.


Mas será com o julgamento dos militares implicados no movimento militar de 18 de Abril de 1925 que ganhará notoriedade ao proferir a célebre frase "A Pátria doente manda acusar e julgar neste tribunal os seus filhos mais dilectos!". 

Com o seu discurso, Carmona, invertendo os papéis, coloca o regime republicano no banco dos réus e consegue a absolvição dos militares acusados. Esta atitude custa-lhe, no entanto, o comando da 4.ª Divisão Militar, sendo colocado na Inspecção-Geral de Material de Guerra. Retomará o comando das tropas no decurso do golpe militar de 28 de Maio de 1926.


Tendo cultivado a imagem de "não-político", Carmona conseguiu passar todo o período da I República com uma posição de neutralidade, que lhe valeu a possibilidade de a qualquer momento manter boas relações com os diferentes pólos políticos que se digladiavam. No entanto, data do período do Ultimatum (1890) a sua adesão ao republicanismo. Provavelmente ainda antes do final do século adere à Maçonaria - instituição onde nunca ascendeu na hierarquia -, mas durante a revolução republicana, em 1910, mantém-se à margem dos acontecimentos. O seu desinteresse pela política vai ao ponto de nunca ter exercido o seu direito de voto durante a I República.


A sua primeira participação política de relevo é a aceitação do cargo de secretário do ministro da Guerra na ditadura de Pimenta de Castro. Quando esta é derrubada, Carmona é preso, mas sem consequências, até porque logo no ano seguinte assume - como vimos - o comando do Regimento de Cavalaria nº 2, em Lisboa.


Depois de no período de Sidónio Pais (1917 - 1918) lhe ter prestado o seu apoio, Carmona virá a ter, em 1923, uma curta passagem pelo Ministério da Guerra, no governo liderado por Ginestal Machado.

Contactado por Mendes Cabeçadas para integrar o movimento militar de 28 de Maio, Óscar Carmona não adere, aguardando por um sinal do grupo de Sinel de Cordes, que apenas chega no dia 30. Logo no dia seguinte, assume, em Évora, o comando da 4.ª Divisão Militar, juntando-se finalmente ao movimento. Torna-se, ao lado de Mendes Cabeçadas e de Gomes da Costa, um dos elementos do triunvirato que sai vitorioso da revolta.
Antes de exercer as funções de Presidente da República, por decreto datado de 26 de Novembro de 1926, Óscar Carmona torna-se ministro dos Negócios Estrangeiros (Junho) - onde tem como principal missão assegurar o reconhecimento internacional da ditadura militar - no governo liderado por Gomes da Costa, e assume a pasta da Guerra e a Presidência do Ministério (ambos em Julho), após o derrube deste.


Como resultado dos primeiros confrontos no interior da Ditadura Militar nascida do 28 de Maio de 1926, são sucessivamente afastados Mendes Cabeçadas e Gomes da Costa. A 9 de Julho, Óscar Carmona assume a presidência do Ministério.


À semelhança de Gomes da Costa, também Carmona passará a exercer, na qualidade de presidente do Ministério, as funções de Presidente da República. 

A partir de Novembro de 1926, com a publicação do Decreto n.º 12 740, oficializa-se a sua posição como Chefe do Estado, tendo poderes para nomear os ministros, declarar o estado de sítio, negociar tratados, indultar e comutar penas.


A 29 de Novembro toma posse das novas funções, a título interino e enquanto não for eleito o titular do cargo de Presidente da República. 

A cerimónia realiza-se no Palácio do Congresso. 

Apesar de ser um período bastante conturbado do ponto de vista político, com diversas tentativas de reinstaurar a democracia parlamentar, Carmona mantém-se no poder, e apesar de ser por muitos considerado um líder com falta de carisma, não deixa de ser um factor de união no seio das Forças Armadas, e como tal garante de estabilidade da Ditadura Militar.


Em 1928 a necessidade de legitimar o novo poder leva à convocação de eleições presidenciais. Único candidato, Carmona conta com o apoio de parte do Partido Democrático e da União Liberal Republicana.


Carmona é eleito Presidente da República, com mais de 760 mil votos, para um mandato de cinco anos (25 de Março de 1928). No dia 15 de Abril de 1928, presta compromisso de honra na antiga sala da Câmara dos Deputados. O primeiro governo a tomar posse após a eleição presidencial, liderado pelo general Vicente de Freitas, integra já, como ministro das Finanças, António de Oliveira Salazar, que consegue que o seu ministério disponha de total autonomia perante o governo. 

Carmona protege Salazar dos diversos ataques de que é alvo no seio da ditadura militar, até lhe entregar a Presidência do Conselho de Ministros, em 1932.


Em 1933, a Constituição Política do Estado Novo alarga o seu mandato por mais dois anos. 

A possibilidade de reeleição do Presidente da República é uma das questões que Salazar mantém em aberto até à última hora da definição do texto a ser aprovado por plebiscito, no que não deixa de ser uma "demonstração de força" perante Carmona. Feita essa concessão, é sucessivamente reeleito em 1935, 1942 e 1949.


Se a eleição de 1935 se faz sem que exista qualquer oposição, interna ou externa ao regime, da posição de Carmona, e sem que se suscite um grande interesse à sua volta, a sua reeleição para um terceiro mandato, em 1942 - e portanto em plena 2ª Guerra Mundial - é marcada pela divisão dentro do regime, entre os apoiantes dos aliados, e os germanófilos. 

Os últimos pretendem a eleição de Salazar como Chefe do Estado, e o afastamento de Carmona, declarado apoiante do primeiro grupo. Acaba no entanto por ser o escolhido de Salazar e a sua eleição é feita com um apoio que surpreende até o chefe do governo.


Na eleição Presidencial de 1949, marcada pela animosidade existente entre Carmona e Salazar durante o mandato anterior, é colocada a questão da possível substituição do Presidente da República. No entanto, as alternativas não apresentam viabilidade. 

A eleição de Salazar volta a ser colocada, mas o Presidente do Conselho recusa. É também colocada a hipótese de candidatura de Américo Tomás. 

No entanto, Carmona é novamente o candidato do regime, muito pelo papel que continua a desempenhar de garantia da unidade nas Forças Armadas. Esta última eleição é a primeira em que os movimentos oposicionistas conseguem lançar uma candidatura - do general Norton de Matos - em cuja campanha é possível encontrar nomes como os de Mário Soares e Salgado Zenha, à época presidente da Associação Académica de Coimbra. 

No dia anterior à eleição (12 de Fevereiro), é anunciada a retirada da candidatura, por falta de condições de liberdade. No dia da eleição vários dos seus apoiantes são detidos.


Óscar Carmona será o Presidente da República que mais tempo estará no poder, ocupando ininterruptamente a presidência entre 1926 e 1951, ano da sua morte.
Durante o seu longo mandato realiza apenas duas viagens ao estrangeiro: em 1929, visita Espanha e, dez anos depois, a União da África do Sul.


Como chefe do Estado, percorre todo o país, do Algarve (1932 e 1934) ao Porto (1932 e 1937), passando por Portalegre (1932), Madeira (1938), Açores (1941) e Seixal (1943). Num regime que faz das possessões coloniais um dos seus sustentáculos, as suas visitas a São Tomé e Príncipe e Angola, em 1938, e a Cabo Verde, Moçambique e Angola, no ano seguinte, revestem-se de grande importância política, para além da carga simbólica.


O seu terceiro mandato como Presidente da República (1942 - 1949) é marcado pelo ressurgimento de alguns movimentos oposicionistas, muitos deles no seio da instituição militar. Estes tiverem como estratégia primordial, na maioria dos casos, a criação de condições para que Carmona pudesse afastar Salazar da Presidência do Conselho. 

O acolhimento dado por Carmona a diversos movimentos reivindicativos e representantes da oposição são suficientes para que Salazar coloque a possibilidade de mudança de regime, de forma a não ter que enfrentar em 1949 uma nova eleição presidencial. 


A tensão entre Carmona e Salazar, no período final da Guerra, é já evidente, com o Presidente do Conselho tomando decisões à revelia do Chefe do Estado (remodelação governamental, entre outras medidas). A resistência de Salazar à concessão de facilidades às forças aliadas nos Açores, bem como a sua tardia anuência ao embargo da venda de volfrâmio à Alemanha nazi, são factores que agravam a relação entre ambos.


Em 1945, é criada a Organização Militar de Libertação Nacional, que junta alguns militares em volta do almirante Mendes Cabeçadas, à época comandante da base do Alfeite. Se inicialmente Carmona parecia estar do lado dos revolucionários, as promessas de Salazar, de abertura do regime, acabam por fazer o Presidente da República recuar, e rejeitar o apoio ao movimento. No entanto, Carmona não abandona a sua posição de independência, estabelecendo contactos com diversos elementos da oposição democrática. 


Em 1946 constitui-se a Junta Militar de Libertação Nacional, movimento oposicionista, novamente liderado por Mendes Cabeçadas, com o apoio implícito de Óscar Carmona, que o chega a receber em audiência particular a este propósito. Esta movimento coloca em marcha uma tentativa de golpe de Estado, entretanto abortada, a 10 de Abril de 1947. Apesar da sua cumplicidade com os golpistas, Carmona recebe, nesse mesmo ano, o bastão de marechal, gesto do chefe de Governo que tem como objectivo o apaziguamento das relações entre ambos. No julgamento dos envolvidos no golpe de Abril de 1947, a estratégia da defesa passa pela implicação de Carmona no golpe. Este, no entanto, nega qualquer envolvimento.


Na sua última reeleição, em 1949, largos sectores da oposição avançam com a candidatura oposicionista do general Norton de Matos. Mas não seria desta vez que o regime "teria de medir forças" com a oposição, uma vez que - como vimos - Norton de Matos retira a sua candidatura um dia antes das eleições, alegando falta de condições para a realização de um acto eleitoral livre e isento.


Morre no dia 18 de Abril de 1951, no Palácio de Belém, no exercício das suas funções, realizando-se o seu funeral no Mosteiro dos Jerónimos. Menos de dois anos antes (20 de Abril de 1949), havia tomado posse após mais uma reeleição.
wikipedia (imagens)

 
Óscar Carmona e Salazar

09
Jul18

09 de Julho de 1919: A Assembleia Constituinte alemã ratifica o Tratado de Versalhes. A Alemanha assume o pagamento de indemnizações de guerra.

António Garrochinho


O Tratado de Versalhes foi um tratado de paz assinado pelas potências europeias a 28 de Junho de 1919 e encerrou oficialmente a  I Guerra Mundial. O principal ponto do tratado determinava que a Alemanha aceitasse todas as responsabilidades por causar a guerra e que, sob os termos dos artigos 231-247, fizesse reparações a determinados países da  Tríplice Entente (Aliança vencedora).

Os termos impostos à Alemanha incluíam a perda de uma parte do seu território para algumas nações fronteiriças, de todas as colónias, uma restrição ao seu exército e uma indemnização pelos prejuízos causados durante a guerra. 

O ministro alemão do exterior, Hermann Müller, assinou o tratado a 28 de Junho de 1919 e o mesmo foi ratificado a 9 de Julho pela Assembleia Constituinte alemã. O tratado foi ratificado pela Sociedade das Nações a 10 de Janeiro de 1920. Na Alemanha o tratado originou um sentimento de humilhação na população, o que contribuiu para a queda da República de Weimar em 1933 e a ascensão do regime nazi.


As negociações entre as potências aliadas começaram a 18 de Janeiro, no Salão dos Relógios no Ministério dos Negócios Estrangeiros Francês. No início participaram nas negociações 70 delegados representado 27 nações.
Tendo sido derrotadas, a Alemanha,  a Áustria e a Hungria foram excluídas das negociações. A Rússia também foi excluída porque tinha negociado o Tratado de Brest - Litovsk, que estabelecia uma paz separada com a Alemanha em 1918, graças ao qual a Alemanha ficou com uma grande faixa de terras e de recursos à Rússia.


As condições finais foram determinadas pelos líderes das "três grandes" nações: o primeiro-ministro britânico  David Lloyd George, o primeiro-ministro francês Georges Clemenceau, e o presidente dos EUA,  Woodrow Wilson.
O tratado originou a criação da Sociedade das Nações, um dos objectivos principais do presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. A  Sociedade das Nações tinha como objectivo arbitrar conflitos internacionais para evitar futuras guerras.


Outras cláusulas do Tratado incluíam a perda das colónias por parte da Alemanha e dos territórios que o país tinha anexado ou invadido num passado recente, destacam-se:


A Alsácia -Lorena, os territórios cedidos pela França à Alemanha no acordo de Paz assinado em Versalhes de 1871 e pelo Tratado de Frankfurt de 1871, seriam devolvidos à França.
       

Uma parte da Jutlândia seria devolvida à Dinamarca se assim fosse decidido por um plebiscito na região.
    

A parte leste da Alta Silésia era devolvida  à Polónia (área 3214 km², 965 000 habitantes) apesar do plebiscito ter apontado que 60% população preferia ficar sob domínio da Alemanha.     As cidades alemãs de Eupen e Malmedy ficariam para  a Bélgica.
    

A província de Sarre ficou sob o comando da Sociedade das Nações durante 15 anos.
    

A Renânia foi desmilitarizada, ou seja, não ficou nenhum soldado ou instalação militar na região.
    

A leste, a Polónia recebeu partes da Prússia Ocidental e da Silésia.
  

A Checoslováquia recebeu o distrito de Hultschin.
    

A grande cidade alemã de Danzig (na actualidade Gdansk na Polónia),  passou a ser uma cidade livre, sob a protecção da Liga das Nações.
    
Memel, uma pequena faixa territorial na Prússia Oriental, às margens do Mar Báltico, foi entregue ao controle lituano.
  

Fora da Europa, a Alemanha perdeu todas as suas colónias [na África e no Pacífico]. No total, a Alemanha perdeu 13 por cento do seu território em solo europeu, aproximadamente 70.000 quilómetros quadrados, e um décimo da sua população (entre 6.5 a 7 milhões de habitantes).


O artigo 231 do Tratado (a cláusula da 'culpa de guerra') responsabilizou unicamente a Alemanha por todas as 'perdas e danos' sofridas pela Tríplice Entente  durante a guerra obrigando-a a pagar uma reparação por tais actos. O montante foi oficializado em 269 biliões de marcos, dos quais 226 biliões como principal, e mais 12% do valor das exportações anuais alemãs. Mais tarde, naquele ano, a dívida foi reduzida para 132 biliões.

Alguns dos artigos do Tratado

Artigo 42 - É proibido à Alemanha manter ou construir fortificações, quer na margem esquerda do Reno, quer na margem direita, a Oeste de uma linha traçada a 50 quilómetros a Leste deste rio.

Artigo 45 Como compensação pela destruição das minas de carvão no Norte da França, e por conta da importância a pagar pela reparação total dos prejuízos de guerra devidos pela Alemanha, esta cede à França a propriedade inteira e absoluta (...) das minas de carvão situadas na bacia do Sarre (...). [em anexo a esta parte estabelece-se, no parágrafo 16, que: O Governo do território da Bacia do Sarre será confiado a uma Comissão representando a Sociedade das Nações]

Artigo 51 - Os territórios cedidos à Alemanha em virtude [da guerra franco-prussiana de 1871 e que a França perdeu, ou seja: a Alsácia-Lorena] são reintegrados na soberania francesa (...)

Artigo 119 - A Alemanha renuncia, em favor das Principais Potências aliadas e associadas, a todos os seus direitos e títulos sobre as suas possessões de além-mar.

Artigo 159 - As forças militares alemãs serão desmobilizadas e reduzidas nas condições fixadas mais adiante.

Artigo 160 - A datar do 31 de Março de 1920, o mais tardar, o exército alemão não deverá compreender mais de sete divisões de infantaria e três divisões de cavalaria.

Artigo 173 - Todo o serviço militar universal obrigatório será abolido na Alemanha.

Artigo 198 - As forças militares da Alemanha não deverão comportar nenhuma aviação militar ou naval.

Artigo 231 - Os Governos aliados e associados declaram e a Alemanha reconhece que a Alemanha e os seus aliados são responsáveis, por deles ter sido a causa, por todas as perdas e por todos os prejuízos sofridos pelos Governos aliados e associados e pelos seus nacionais em consequência da guerra, que lhes foi imposta pela agressão da Alemanha e dos seus aliados.

Artigo 231 - Os Governos aliados e associados exigem (...) e a Alemanha a tal se obriga, que sejam reparados todos os prejuízos causados à população civil de cada uma das Potências aliadas e associadas e os seus bens (...).

Artigo 235 - Com o fim de habilitar as Potências aliadas e associadas a empreender desde já a restauração da sua vida industrial e económica, enquanto não é realizada a fixação definitiva da importância das suas reclamações, a Alemanha pagará, durante os anos de 1919 e 1920 e os quatro primeiros meses de 1921 (...) em ouro, mercadorias, navios, valores ou outra forma (...) o equivalente a 20 000 000 000 (vinte biliões) de marcos ouro (...)

Anexo IV
 § 6 - a título de adiantamento imediato, (...) a Alemanha compromete-se a entregar à França nos três meses que se seguirem à entrada em vigor do presente Tratado (...) as quantidades abaixo especificadas em gado vivo:

  500  garanhões de 3 a 7 anos;
  30 000 poldras e éguas de 18 meses a 7 anos (...);
  2 000  touros de 18 meses a 3 anos;
  90 000 vacas leiteiras de 2 a 6 anos;
  1 000  carneiros inteiros;
100 000  cabras

Anexo V 
§ 2 - A Alemanha entregará à França sete milhões de toneladas de carvão por ano, durante dez anos (...).

§ 3 - A Alemanha entregará à Bélgica oito milhões de toneladas de carvão por ano, durante dez anos.

§ 3 - A Alemanha entregará à Itália as quantidades máximas de carvão seguintes:

Julho de 1919 a Junho de 1920: 4 milhões 1/2 de toneladas;
   »        1920       »          1921: 6 milhões de toneladas;
   »        1921       »          1922: 7 milhões  1/2 de toneladas;
   »        1922       »          1923: 8 milhões  de toneladas;
   »        1923       »          1924: 8 milhões  1/2 de toneladas,
e, durante cada um dos cinco anos seguintes: 8 milhões 1/2 de toneladas.


Pode parecer incrível, mas só recentemente (2010) a Alemanha terminou de pagar as indemnizações da 1ª Guerra Mundial, relativas ao acordado no Tratado de Versalhes. O país também pagou biliões de euros da 2ª Guerra Mundial .
Ler toda a notícia Aqui

Fontes: Infopédia
            Wikipedia
            Jornal Opção


Treaty of Versailles, English version.jpg
Primeira página do Tratado, versão em inglês


Assinatura do Tratado de Versalhes na Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes

Manifestação em massa em frente ao Reichstag contra o Tratado de Versailles.jpg: Arquivo
Manifestação contra o Tratado no Reichstag, 15 de Maio de 1919
09
Jul18

09 de Julho de 1980: Morre o poeta e compositor basileiro Vinicius de Moraes

António Garrochinho

Marcus Vinicius da Cruz de Melo Moraes nasceu a 19 de Outubro de 1913, na cidade do Rio de Janeiro e pertenceu à segunda geração do Modernismo no Brasil. Era filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário público e poeta e de Lídia Cruz de Moraes, pianista amadora.

Foi na infância que escreveu os seus primeiros versos. Em 1924 entrou para o Colégio Santo Inácio, em Botafogo, onde cantava no coro da igreja.

Em 1929 ingressou na Faculdade de Direito e formou-se nessa área em 1933, ano em que publicou “O Caminho para a Distância”, o seu primeiro livro de poesia.

Em 1938, ganhou a bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford, e nesse ano publicou os Novos poemas

Com o inicio da Segunda Guerra Mundial, retornou ao Rio de Janeiro. 

Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte do pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. 

Nos anos 1950, Vinicius actuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.


Nos anos seguintes publicou ainda muitos poemas e ficou conhecido como um dos poetas brasileiros que mais conseguiu traduzir em palavras o sentimento do amor, tornando-se assim um dos poetas mais populares da Literatura Brasileira. 

Distinguiu-se também no campo musical, fazendo parceria com cantores e compositores brasileiros, e por fim tornou-se também cronista. Produziu os sonetos mais conhecidos da Literatura Brasileira, e escreveu ainda alguns poemas infantis em meados de 1970.
Vinicius de Moraes faleceu no Rio de Janeiro, no dia 09 de Julho de 1980.
wikipedia (Imagens)


Arquivo: Vinicius.jpg
Vinicius de Moraes em 1970
Ficheiro:Vinicius de Moraes.jpg
Caricatura do poeta


VÍDEO 


09
Jul18

Leituras jacobinas

António Garrochinho



Vale a pena ler os artigos de Catarina Príncipe – O mito português – e de Nuno Teles – A ilusão portuguesa – na já indispensável Jacobin. Cada um à sua maneira, contrariam uma certa narrativa internacional em torno da limitada solução governativa nacional, no que tem sido uma espécie de equivalente político de um certo olhar turístico sobre um país de sol, praia, boa comida e gente simpática. De facto, a Jacobin não é o The Guardian.
Entretanto, e graças a uma série de escolhas, este governo parece-se cada vez mais com “um governo minoritário do PS”. Estamos assim cada vez mais perante um governo na esteira dos de Guterres e de Sócrates, mas inserindo-se numa forma de economia política ainda mais periférica e dependente, simplesmente porque já levamos mais anos no plano inclinado de um mercado e de uma moeda desenhados para destruir a social-democracia. 

ladroesdebicicletas.blogspot.com

09
Jul18

O "CORREIO DA MANHA"

António Garrochinho


ESTA IMAGEM ANDA DESDE 2011 NA INTERNET, EU PRÓPRIO JÁ A UTILIZEI HÁ DOIS OU TRÊS ANOS PARA FAZER UM "BONECO" UMA MONTAGEM.
O PASQUIM FASCISTA "CORREIO DA MANHA" NA FALTA DE MAIS MERDA PARA IMPRIMIR NAS SUAS PÁGINAS E COM O MAIS "ELEVADO" SERVIÇO QUE PRESTA AO JORNALISMO APRESENTA-A COM O TÍTULO " PORCO NASCE COM CARA DE HUMANO E TROMBA DE ELEFANTE"

Um vídeo que mostra um leitão recém-nascido com cara de um humano está a impressionar os internautas. Nas imagens, captadas por um camponês na China, o porco bebé aparenta traços de um rosto humano. O animal, que sofre de uma mutação genética, abre e fecha a boca, aparentemente com dificuldade em respirar. O leitão só sobreviveu dois dias de acordo com o jornal Mirror.

E PRONTO! ESTÁ ESCARRAPACHADA NAS "PÁGINAS NOBRES" DA CANALHA DO JORNALIXO ALGO QUE ME SURPREENDE.

SE PUBLICAM É PORQUE VENDE E EU NA OPINIÃO DE MUITA GENTE ESTOU A FAZER PUBLICIDADE E NÃO A DENUNCIAR A DESTAPAR, COMO O "JORNALIXO" MANIPULA E ESTUPIDIFICA QUEM AINDA O NÃO COLOCOU NA LIXEIRA DEFINITIVAMENTE.
AG

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