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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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17
Jul18

PRAIA DE FARO GANHA CARANGUEJO BOCA GIGANTE

António Garrochinho

Obra em metal foi feita de raiz, peça à peça, pelo mestre Tó Quintas. 

É grande o suficiente para atrair a 

atenção dos passageiros a bordo dos aviões que aterram e descolam ali ao lado.

É um caranguejo violinista (Uca tanger), também conhecido por bocas, com 1,60 de altura e sete metros de largura, considerando a distância entre a pontas das patas mais afastadas. Tem oito patas, duas pinças diferenciadas, carcaça e até olhos. Foi colocado na rotunda junto ao passadiço de madeira da sociedade Polis que dá acesso à Praia de Faro, na madrugada de segunda-feira, 16 de junho. No total, foram 250 horas de trabalho, 360 metros de talha de ferro, mais três chapas de 2 metros quadrados cada.
«Comecei em maio. Foi muito rápido, trabalhei 10 a 12 horas por dia para ter tudo pronto até meados de agosto», contabiliza Tó Quintas, cenógrafo, maquetista, construtor de aviões, inventor, ator e autor da nova escultura. Devido às pinças serem apreciadas como petisco, as bocas, como vulgarmente são chamados, chegaram a estar em risco. Nos últimos anos, contudo, as populações têm vindo a recuperar. «São tímidos e difíceis de apanhar. Observei-os ao detalhe, fiz alguns desenhos da estética da obra, e contas ao material que seria necessário antes de começar», diz Tó Quintas.
Mas como este fim de semana acontece a concentração internacional do Motoclube de Faro, tentou-se que a coisa andasse mais depressa e conseguiu-se», de forma a surpreender os milhares de motards que por ali vão passar. E mesmo depois do evento, a oportunidade de tirar uma selfie com o imponente crustáceo não será, certamente desperdiçada pelos veraneantes. A ideia surge pela Associação Desenvolvimento Comercial da Zona Histórica de Faro (Baixa de Faro), «em sintonia com a Câmara Municipal de Faro», segundo explica o presidente José Carlos Riviera.


«Há um hábito em Faro de colocar no jardim, ou ao pé da doca tudo o que se faz. Eu acho que temos de valorizar o resto da cidade. O sítio mais propício para colocar o caranguejo é onde ele está», refere. Até porque «a rotunda estava ali um pouco abandonada, e agora ganha uma alma». O projeto ainda não está concluído porque, «em princípio, vamos colocar rochas por baixo das patas, de forma a dar um pouco mais de altura à peça. Vai também ter iluminação noturna», revela. «Está muito bem conseguido e penso que dá uma certa dignidade aquela zona. Quando os aviões levantam ali, as pessoas veem o caranguejo», garante José Carlos Riviera. Falta também colocar uma placa explicativa, com os nomes das entidades intervenientes.
Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, ouvido pelo «barlavento» explica que «no âmbito do protocolo que temos com a Baixa de Faro, AIHSA e ACRAL, decidiu-se que todos os anos se faria qualquer coisa que deixasse uma nova marca na cidade. E nesse sentido, decidiu-se recuperar essa ideia. Ficou muito bem porque a escultura tem um enquadramento excelente em termos do objeto em si com a Ria Formosa». Este fim de semana, «os visitantes podem aproveitar e levar logo um postal novo da cidade», concluiu o autarca.

barlavento.pt
17
Jul18

Diego Maradona está na Bielorrússia. O ex-futebolista argentino assumiu a presidência do Dinamo Brest, clube do campeonato bielorrusso de futebol com o qual assinou um contrato de três anos.

António Garrochinho


VÍDEO





O ex-campeão mundial disse que "precisava de um desafio"e "não temia os projetos sérios". .O Dinamo Brest está atualmente, a meio da época, no 6.º lugar da primeira divisão da Bielorrússia.A melhor classificação que o clube conseguiu foi um 3.º lugar em 1992.
17
Jul18

EIS COMO SÃO NA REALIDADE OS PASQUINS DE EXTREMA DIREITA "PUBLICO" e "OBSERVADOR".

António Garrochinho


Nem na morte de uma figura pública como João Semedo souberam e respeitaram estes bácoros a família do falecido e os portugueses, recatando-se de lançar o pujo virulento que lhes sai da boca e vísceras
Vomitando o mais puro anticomunismo contra o PCP não lhes chegou à pocilga que têm como massa encefálica para honrar a memória de João Semedo que lutou por ideais nobres onde a corja que dirige o jornalixo venenoso ataca e difama todos os dias.


AG

17
Jul18

VÍDEOS - ICEBERG DE 11 MILHÕES DE TONELADAS E 100 METROS DE ALTURA ESTÁ PERIGOSAMENTE PERTO DA ALDEIA DE INNAARSUIT NA GRONELÂNDIA

António Garrochinho
Um gigantesco iceberg de 11 milhões de toneladas, com quase 100 metros de altura e 150 metros de largura, está parado de forma ameaçadora ao lado da pequena aldeia de de Innaarsuit, na Groenlândia, onde vivem 169 pessoas. Há duas opções. A boa, que deve contar com um vento o suficientemente forte no momento adequado para levar o iceberg para longe dali, onde não ocorre absolutamente nada, e a má, onde temem por um tsunami.

Se a mãe natureza trouxer chuva o suficiente, a precipitação poderia desestabilizar ainda mais o iceberg, o que poderia, potencialmente, enviar um pedaço deste ao oceano e chegar a criar um tsunami que poderia arrasar parte da cidade. Como explicou Karl Petersen, presidente do conselho local em Innaarsuit: 

- "Estamos muito preocupados e temerosos ante o que possa ocorrer."

VÍDEO
Até o momento, 33 pessoas foram transladadas a lugares mais seguros no interior. Outros foram alentados a levar seus barcos longe do iceberg. Innaarsuit está a mais de 600 quilômetros ao norte de Nuuk, a capital do país. Seus residentes são em sua maioria caçadores e pescadores em uma região isolada, onde só é possível chegar de barco ou helicóptero.

Em realidade, seus residentes já sabem os perigos que podem acompanhar a mãe natureza. Em junho, um deslizamento de terra causado por um terremoto de magnitude 4.1 que açoitou 20 quilômetros ao norte de Nuugaatsiaq provocou em parte um tsunami que arrasou 11 casas e matou quatro pessoas. O seguinte vídeo mostrava cenas que viveram por ali então:

VÍDEO
A verdade é que os tsunamis causados ??por deslizamentos de terra em baías podem elevar as águas a alturas incríveis, viajar a velocidades devastadoras e causar uma destruição enorme. Por exemplo, os rios próximos poderiam sair de seu leitos, ameaçando lares e outros edifícios que não estão tão próximos do mar. Ou a planta de energia de Innaarsuit, que também está na costa, também poderia ser afetada criando um cenário de caos.

Seja como for, um navio da Marinha Real da Dinamarca está esperando em caso que a situação piore. Como assegurou Petersen:

- "Estamos acostumados a grandes icebergs, mas nunca vimos um tão grande em toda nossa vida."

A meteorologia indica ventos relativamente tranquilos durante a semana, mas para o domingo, 22 de julho, há a possibilidade de uma forte chuva.


www.mdig.com.br
17
Jul18

COMO OS SUBMARINOS EMERGEM NA SUPERFÍCIE GELADA DO ÁRTICO (VÍDEO)

António Garrochinho



Desde Mashable Daily chega esta montagem bem curiosa sobre três submarinos gigantes que emergem na gelada superfície do Ártico, rompendo o gelo com sua torre sem maiores problemas. Trata-se de umas manobras militares para as quais se juntaram um submarino americano e dois da Royal Navy, do Reino Unido, basicamente para comprovar como operam suas naves em condições extremas.

As camadas de gelo resultantes não têm nada de finas precisamente: em ocasiões chegam a atingir quase 1 metro de espessura. Em outros vídeos similares já vimos como para abrir as escotilhas devem usar motosserras para cortar o gelo.


VÍDEO
https://www.mdig.com.br
17
Jul18

ADMIRÁVEL - AS INCRÍVEIS "PINTURAS" COM PEDRAS DE STEFANO FURLANI

António Garrochinho


Talvez "pinturas com pedras" não seja a melhor forma para descrever as incríveis obras de arte de Stefano Furlani, mas é tão incomum que eu simplesmente não soube como descrevê-las. O artista italiano basicamente procura pedras geometricamente apropriadas na praiae as coleta para criar composições complexas. Ele descobriu esta fascinante forma de arte enquanto brincava com seu filho Davide, quando ele tinha três anos de idade.


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As incríveis pinturas com pedras de Stefano Furlani 01
Stefano conta que, certo dia, eles vasculharam a praia em busca de pedras de formas estranhas e depois as montaram em todos os tipos desenhos, na areia. À medida que o tempo passou e ambos melhoraram nesse "jogo", começaram a criar mais e mais trabalhos artísticos cada vez mais detalhados, e em determinado momento, Stefano começou a sentir-se desapontado porque as obras que trabalhavam tão arduamente acabavam destruída pelas ondas ou pisoteadas por outras pessoas. Então, começou a criar essas composições de pedra em telas visando preservá-las como obras de arte adequadas.

Ainda que algumas das composições de pedra de Stefano Furlani possam parecer simplistas à primeira vista, uma inspeção cuidadosa revela o quão bem as pedras se encaixam, o que sugere que o artista investe muito tempo para encontrar a combinação perfeita. E não é apenas a forma e o tamanho das pedras que ele sempre parece ter em mente, mas também sua cor, o que faz com que alguns de seus trabalhos se assemelhem a pinturas reais.

Embora o artista não revele quanto tempo demora para finalizar uma dessas pinturas de pedras, parece que deve gastar um bom tempo. Então não seria disparatado pensar que suas peças mais complexas levaram dias, se não semanas, para que fosse concluídas.

Se você gostou, é possível ver mais obras da incrível arte com pedras de Stefano Furlani em seu site oficial ou em sua página no Facebook.
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17
Jul18

Eurodeputado do PCP veio ao Algarve visitar produtores de agricultura biológica

António Garrochinho


Miguel Viegas, deputado do PCP no Parlamento Europeu, esteve, este fim de semana, de 14 e 15 de Julho, nos concelhos de Silves e Portimão, onde contactou com produtores de agricultura biológica. 
O Parlamento Europeu aprovou recentemente um novo regulamento de produção biológica que contou com o contributo do deputado comunista que é membro da Comissão Parlamentar de agricultura e desenvolvimento rural do Parlamento Europeu.
Segundo o PCP, o Algarve «possui condições ótimas para a produção biológica. Por outro lado, e tendo em conta a falta de oferta, importam-se diariamente enormes quantidades de produtos biológicos».
«Ou seja, temos aqui grandes potencialidades para o desenvolvimento desta atividade, que poderia crescer muito mais se houvessem políticas adequadas por parte do Governo e do Ministério da Agricultura», consideram os comunistas.
«Faltam técnicos especializados ao nível da direção regional que poderiam estimular a instalação de jovens agricultores. Faltam também verbas, uma vez que as linhas dos apoios do PDR se encontram esgotadas desde 2015. Falta igualmente uma grande campanha de sensibilização da população para os benefícios do consumo de produtos biológicos, não só para a saúde humana mas também para o meio ambiente», denuncia o PCP.
Também é «necessário criar mecanismos de apoio ao associativismo, viabilizando estruturas de concentração, tratamento e comercialização que possam trazer escala a um setor caracterizado por pequenas explorações», conclui o PCP.


www.sulinformacao.pt
17
Jul18

A brincar com o fogo

António Garrochinho

A mediatização da coisa pública, que muitas vezes deveria ser tratada com recato, tem em várias situações resultados desastrosos. O caso de Tancos é exemplar.
Poderíamos também falar, por exemplo, da transferência do Infarmed para o Porto, mas vamos debruçar-nos sobre a questão do roubo de armamento dos paióis de Tancos.
Após o roubo, muitos responsáveis políticos e militares preferiram o horário nobre dos noticiários televisivos para apressadamente mostrarem serviço. Foi o caso do chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) e também do Presidente da República.
No caso do CEME, começou pela exótica demissão, em directo no Telejornal, dos comandantes das unidades envolvidas na segurança dos paióis,  afirmando o seu receio de que pudessem interferir nas investigações. Isto é, obviamente não tinha confiança neles e no cumprimento das suas ordens para não se envolverem nas investigações. Ao que parece, os referidos comandantes não se sentiram muito incomodados aceitando mesmo voltar às funções de comando de onde tinham sido afastados na base de uma decisão sem qualquer enquadramento legal.
Aliás, tudo indica que dois dos referidos coronéis que motivaram a desconfiança do CEME quanto ao cumprimento do seu dever, vão agora, com o aval do chefe do Exército, frequentar o curso para oficial general.
Mais tarde, aquando do aparecimento do armamento roubado, o CEME em vez de o anunciar através de um simples comunicado, resolveu, mais uma vez (alguns nunca aprendem), expor-se e aparecer nas televisões com um ar satisfeito a mostrar uma «caixinha» que tinha sido recuperada a mais, como se os ladrões tivessem dado um bónus na linha do «desculpem lá qualquer coisinha».
Acontece que o Expresso, na sua última edição, noticia que a coisa não é bem assim e que, afinal, não terá sido recuperado todo o material roubado.
Eis que surge, de novo, o Presidente da República a anunciar que quer saber tudo. Mas, a verdade é que o Comandante Supremo das Forças Armadas andou também no horário nobre das televisões a apregoar que queria ver tudo esclarecido.
A questão é que agora não será só o CEME e o Ministro da Defesa que se têm de explicar. É também o Presidente, que deve explicar a razão de, sabendo (?) que o anúncio da recuperação do material roubado não correspondia à verdade, andou a levantar a lebre pela comunicação social, reafirmando a exigência de ver tudo esclarecido. Certamente teria sido melhor e, porventura mais eficaz, dizer isso mesmo directamente ás chefias militares e ao Governo!
Por fim, dizer que não deixa de ser curioso que agora todos se virem para o Ministério Público, mas a realidade é que quando o material roubado apareceu na Chamusca as autoridades militares não o chamaram, como deveriam ter feito!

www.abrilabril.pt

17
Jul18

Fascismo: passado e presente*

António Garrochinho



 Jorge Cadima     


Tal como no Século XX, o actual ascenso da extrema-direita é expressão da profunda crise do sistema capitalista, que procura afirmar o seu poder e garantir a sua sobrevivência. O combate ao perigo do fascismo, com velhas e novas características, exige a compreensão da sua essência. Exige que não se ignorem as lições da História, ao mesmo tempo que se identificam características novas que o fascismo assume nos nossos dias.




Tal como no Século XX, o actual ascenso da extrema-direita é expressão da profunda crise do sistema capitalista, que procura afirmar o seu poder e garantir a sua sobrevivência. O combate ao perigo do fascismo, com velhas e novas características, exige a compreensão da sua essência. Exige que não se ignorem as lições da História, ao mesmo tempo que se identificam características novas que o fascismo assume nos nossos dias.

A essência do fascismo

Em 1933, ano do ascenso de Hitler ao poder, com o fascismo a alargar a sua influência e a recolher apoios no seio das grandes burguesias europeias, o XIII Plenário da Comissão Executiva da Internacional Comunista (CEIC) caracterizava o fascismo como «a ditadura abertamente terrorista dos elementos mais reaccionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro». A definição ia ao cerne da questão: a natureza de classe desse fenómeno novo, que chegara ao poder uma década antes, em Itália, com Mussolini. 

O fascismo surgiu das entranhas da grande crise do sistema capitalista mundial, com a catástrofe da I Guerra Mundial e, após 1929, a profundíssima crise económica que, com epicentro nos EUA, rapidamente se espalhara a outros países do centro imperialista. A Guerra dera lugar, em 1917, à primeira grande Revolução Socialista na História da Humanidade, inspirando trabalhadores e povos de todo o mundo, mostrando a alternativa ao belicismo, miséria, exploração e opressão do capitalismo. 

O grande capital receava perder o controlo.
A realidade histórica foi afirmada pela Internacional Comunista: «nascido no ventre da democracia burguesa, o fascismo é, aos olhos dos capitalistas, uma forma de salvar o capitalismo do colapso», que «procura assegurar uma base de massas para o capital monopolista entre a pequena burguesia». 

O fascismo sempre foi uma arma de arremesso contra o movimento operário e contra o perigo de que o descontentamento de largas massas com os efeitos da crise do capitalismo se dirigisse para uma via revolucionária, colocando em causa o próprio sistema.
Violência, demagogia, medo e bodes expiatórios

A natureza do fascismo não foi de início clara para todos. Se era evidente a sua extrema violência contra o movimento operário, a sua natureza era dissimulada pela mentira e uma demagogia social mistificadora, supostamente ‘revolucionária’, ‘anti-liberal’ e nacionalista, que visava esconder a sua real essência, permitindo assim capitalizar o descontentamento de largas massas, vítimas do capitalismo.


No seu Relatório ao VII Congresso da Internacional Comunista (1935), Dimitrov dizia: «o fascismo chega ao poder como partido de ataque ao movimento revolucionário do proletariado, às massas populares que estão em estado de agitação; e no entanto apresenta a sua ascensão ao poder como um movimento ‘revolucionário’ contra a burguesia, em nome de ‘toda a Nação’ e pela ‘salvação’ da Nação. 


Lembremo-nos da ‘marcha sobre Roma’ de Mussolini, da ‘marcha’ sobre Varsóvia de Pilsudski, da ‘revolução’ nacional-socialista de Hitler na Alemanha». Acrescentava:«O fascismo não é uma forma de poder de Estado ‘que se coloca acima das classes – do proletariado e da burguesia’ como diz, por exemplo, Otto Bauer [dirigente social-democrata austríaco]. 

Não é a ‘revolta da pequena burguesia que capturou a máquina do Estado’, como declara o socialista britânico Brailsford. […] O fascismo é o poder do próprio capital financeiro».

Não é casual que Hitler tenha chamado ‘Nacional-Socialista’ ao seu Partido, nem que o aventureiro Mussolini viesse das fileiras do Partido Socialista Italiano. A demagogia jogava na confusão. Em 1919 Mussolini afirmava: «sou revolucionário e reaccionário» e «o fascismo é um movimento sem preconceitos» 1. 

A demagogia permite que cada qual oiça o que quer ouvir, mesmo quando as afirmações são contraditórias ou incoerentes. O importante era cavalgar o descontentamento e ganhar as massas para a violência reaccionária.

Uma das novidades do fascismo, que o distingue de outros partidos de dominação da burguesia, é a criação de tropas de choque reaccionárias de massas. 

O historiador alemão Kurt Gossweiler cita o próprio Hitler: «Quando compreendermos que é vital destruir o marxismo, todos os meios são bons para alcançarmos o nosso fim. Primeiramente, um movimento que se tenha fixado esse objectivo deve dirigir-se às massas mais largas possível, às massas com as quais o próprio marxismo luta. 

A massa é a fonte de toda a força. […] Se eu conseguir trazer a grande massa para o seio da Nação, quem me censurará pelos meios utilizados? Se vencermos, o marxismo será exterminado até à raiz. […] Não teremos descanso enquanto restar um jornal, uma organização, um estabelecimento escolar ou cultural que não tenhamos erradicado, enquanto não tivermos reconduzido ao caminho certo o último marxista ou não o tivermos exterminado. Não há meias medidas» 2.
O medo desempenha um papel importante na demagogia fascista, abrindo espaço à irracionalidade e à violência. 

Nas décadas de 20 e 30, largas camadas da pequena e média burguesia eram arruinadas pela crise do capitalismo, e receavam cair na miséria em que vivia grande parte dos trabalhadoras. Transferir o receio da miséria dos trabalhadores para o receio dos próprios trabalhadores era um passo curto para a demagogia fascista. É bem conhecida a estratégia de culpar trabalhadores e sindicatos pelos males do país. 
Ou de culpar o estrangeiro. 

A ‘Nação’ enquanto entidade abstracta promete solidariedade face ao medo, e quando ligada à mitologia da ‘raça’ e da ‘tribo’ (muito presente no nazismo) permite sonhar com sociedades acima das classes e da brutalidade da exploração do homem pelo homem. Quanto mais brutal a realidade, mais o sonho se torna aliciante.


No caso concreto do nazismo alemão, a exploração do medo ganhou uma forma específica, com consequências terríveis: o anti-semitismo. Gossweiler chama a atenção (p. 48-9) para o facto de, nas suas intervenções perante grandes industriais, Hitler ignorar o discurso anti-semita, apesar de «a direita alemã já [ser] anti-semita muito antes de Hitler fazer dele o seu programa». «Parece evidente que Hitler poupou aos seus ouvintes milionários – como foi também o caso nos seus discursos perante os magnatas do Ruhr – as tiradas anti-semitas que constituíram a base dos seus discursos de massas». 

O anti-semitismo não era necessário para ganhar o apoio da classe que Hitler pretendia servir. Mas era indispensável «para manipular as massas». O anti-semitismo parecia conciliar o irreconciliável: na demagogia nazi, os judeus eram não apenas os donos de Wall Street e da grande finança que arruinou a Alemanha após a I Guerra Mundial com as draconianas reparações de guerra do Tratado de Versalhes, mas também os responsáveis pelo bolchevismo que queria ‘destruir a Alemanha através da revolução’. 

A ‘conspiração judaico-bolchevique’ é tese que hoje soa absurda, mas era moeda corrente entre boa parte das classes capitalistas europeias dos anos 30, incluindo a Igreja Católica. O anti-semitismo permitia assim desviar o ódio em relação ao capitalismo enquanto sistema e classe, contra um grupo específico de capitalistas (poupando os ‘arianos’ capitalistas alemães), ao mesmo tempo que abria campo à perseguição e crimes sem freios contra os comunistas e os povos do Leste da Europa que Hitler desde sempre ambicionara subjugar (afinal, ‘judeus’ e ‘sub-humanos’).


Quando o grande capital aposta no fascismo

O factor decisivo na ascensão do fascismo ao poder foi a luz verde que, em determinado momento, recebeu do grande capital (e dos grandes agrários) para executar o seu programa de esmagamento do movimento operário e popular 3.


Mussolini foi expulso do Partido Socialista em 1914 por defender a entrada da Itália na I Guerra Mundial, contrariando a posição do PSI. Fundou logo um novo jornal, com capitais de «industriais de orientação mais ou menos intervencionista ou, pelo menos, interessados num aumento das encomendas militares», entre os quais os donos da FIAT (Agnelli) 4. Mas foi em 1920 que a ascensão do fascismo ao poder se torna um perigo real. Por toda a Europa, o «espectro do comunismo» ganhava corpo. À vitoriosa Revolução de Outubro de 1917 na Rússia seguira-se a Revolução alemã de Novembro de 1918, que pôs fim à I Guerra Mundial (brutalmente esmagada nos meses seguintes, numa ante-visão da subida ao poder do nazismo). 

Em Itália, o PSI apresenta-se às eleições de 1919 com um programa revolucionário, visando «a instauração da república socialista e a ditadura do proletariado», após ter aderido em Março à recém-criada Internacional Comunista. Tornou-se na maior força política do país, com 32,3% dos votos. 

O ‘biénio vermelho’ de 1919-20 testemunhou enormes lutas operárias e camponesas. É neste contexto que o grande capital italiano se vira para a solução de força. A partir de 1920 tornam-se frequentes os assaltos armados a grevistas ou manifestantes e os assaltos violentos e incendiários às sedes de partidos, sindicatos, jornais do movimento operário (como em Portugal em 1975), incentivados por agrários e grandes industriais. Como noutros países, a violência fascista contou com a cumplicidade do poder, dos tribunais e polícia, da comunicação social ao serviço do grande capital, que culpa as vítimas pelos ataques de que são alvo. 

O conluio da velha burguesia liberal com o fascismo torna-se aberto nas eleições antecipadas de 1921, com a formação de listas conjuntas, designadas Blocos Nacionais, «encorajadas por grandes industriais de Milão, incluindo a Pirelli e Olivetti» 5. Embora os Blocos Nacionais fiquem atrás dos Socialistas e do recém-formado Partito Comunista de Itália (no total 29,3%, apesar do terror fascista), todos os partidos burgueses do Parlamento colaboraram na instauração da ditadura fascista, que haveria de durar 20 anos e levar a Itália ao desastre.


A subida de Mussolini ao poder foi saudada efusivamente pelas classes dominantes, e numerosos foram os seus discípulos, entre os quais Salazar. 

O biógrafo inglês de Winston Churchill, Clive Ponting escreve: «Churchill era um grande admirador de Mussolini […]. Visitou a Itália em 1927 […] e em Roma encontrou-se com Mussolini, sobre quem proferiu rasgados elogios […]. ‘Se fosse italiano, estou seguro que teria estado de todo o coração ao vosso lado, desde o início até ao fim, na vossa luta triunfante contra os apetites e paixões animalescas do Leninismo’. 
Durante os dez anos seguintes, Churchill continuou a elogiar Mussolini» 6.

A grande crise económica do capitalismo, em 1929, deu novo impulso às simpatias do grande capital pelo fascismo. O contraste entre o afundamento económico e social das grandes potências capitalistas e o impetuoso desenvolvimento que, com base nos planos quinquenais, transformava a União Soviética socialista numa das maiores potências industriais do planeta, reforçava o prestígio do socialismo e dos comunistas. Foi assim que o grande capital alemão empurrou Hitler para o poder. Gossweiler recorda que nas eleições de Novembro de 1932, o Partido de Hitler perdeu mais de 2 milhões de votos, e os comunistas subiam para 17%, afirmando: «Com o declínio do NSDAP e o risco de verem esfumar-se todas as suas esperanças e os seus planos de conquista, os monopolistas, os militaristas e os Junkersdeixaram as dissensões e as querelas internas no vestiário e decidiram confiar mais rapidamente o poder ao partido de Hitler. 

A 19 de Novembro, banqueiros notáveis, grandes industriais e grandes proprietários de terras endereçaram uma petição ao presidente Hindenburg solicitando-lhe com insistência que nomeasse Hitler para a chancelaria». O que viria a acontecer em Janeiro de 1933, abrindo as portas para a tragédia na Alemanha e a nível mundial. As vitórias eleitorais das Frentes Populares em França e Espanha em 1936 acentuaram o abraço do grande capital ao fascismo (em França pela via da capitulação a Hitler, após a invasão de 1940).
Hoje, muitos pretendem sacudir a água do capote e lavar as mãos com água benta. Mas o entusiasmo de largos sectores do grande capital pelo fascismo é indesmentível.

Militarismo e guerra

O fascismo no poder caracterizou-se pelo desrespeito pela soberania dos povos, o militarismo e a guerra de agressão. A violência no plano externo era o reverso da medalha da violência no plano interno. Se, por um lado correspondia ao objectivo das potências fascistas de redesenhar o mapa do globo em seu proveito, com a conquista de espaços coloniais a que haviam chegado tarde, por outro lado era o desenlace quase inevitável do ‘keynesianismo militar’ que serviu para redinamizar economias em profunda crise. A consciência de que «O fascismo é a guerra» (título dum artigo de Dimitrov 7) levara a URSS e a IC a procurar activamente a cooperação anti-fascista com as maiores potências imperialistas do tempo (Inglaterra, França, EUA). 

Uma cooperação recusada por essas potências, que sonhavam ver Hitler destruir a URSS socialista, até que os cálculos bélicos de Hitler o levaram a desencadear primeiro a guerra a Ocidente, numa tentativa de vingar a derrota alemã de 1918 e de assegurar o controlo do enorme poderio económico da Europa Ocidental antes de se lançar contra a URSS. A guerra levou à derrota das potências nazi-fascistas, graças ao heróico e decisivo sacrifício da União Soviética, do seu povo e Exército Vermelho, com a contribuição crucial da resistência noutros países, que teve nos comunistas o seu elemento central.

O fascismo nunca desapareceu

O papel determinante da URSS socialista e dos comunistas na derrota do nazi-fascismo em 1945, alterou em profundidade a correlação de forças mundial, não permitindo a imposição de soluções de força do grande capital no centro imperialista e obrigando-o a concessões sem precedentes. Mas tal não significou o fim do fascismo. Não apenas permaneceu uma realidade de poder (como em Portugal e Espanha), mas parte importante dos fascistas derrotados foram recrutados e colocados ao serviço das potências imperialistas vencedoras na II Guerra. Salazar tornou-se membro fundador da NATO. Os novos dirigentes da Alemanha Ocidental (RFA) eram em boa parte nazis reciclados. Os fascistas gregos foram colocados no poder por ingleses e americanos para esmagar a resistência antifascista. 

A reciclagem de milhares de nazi-fascistas foi particularmente importante nos aparelhos repressivos (militares, policiais, serviços secretos), mesmo em países formalmente democráticos, como a França, Itália, RFA, EUA. Desempenhou papel de relevo na subversão e violência das redes tipo Gladio (como em Itália). Marcou a chamada «Guerra Fria». 

A «ditadura abertamente terrorista dos elementos mais reaccionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro» foi também arma de eleição das ‘democracias ocidentais’ na contenção do grande surto de libertação nacional e social no mundo outrora colonizado.

A actualidade


O capitalismo vive hoje uma nova aguda fase de crise. Se, por um lado, a destruição da URSS e do sistema socialista mundial parece afastar temporariamente o “perigo” de revoluções populares e socialistas, e a máquina de propaganda é mais capilar e eficaz do que nunca, por outro lado a vitória do capitalismo na transição de Século tornou mais evidente a real natureza do sistema e os seus limites históricos. Alastra o descontentamento com as políticas de empobrecimento generalizado, mais exploração, guerra permanente e atropelo sistemático de direitos e liberdades. Embora largas massas não tenham ainda consciência da sua própria força, as classes dominantes têm pavor dessa possibilidade e receiam as revoluções que as condições objectivamente exigem. Por toda a parte o grande capital prepara os mecanismos de imposição da sua ditadura aberta, que possam vir a ser accionados num momento de particular necessidade.


A promoção sistemática dum feroz e multifacetado anticomunismo, a par dum belicismo sem freios, do autoritarismo, dos mecanismos de vigilância generalizada e repressão, da destruição sistemática das estruturas e princípios da ordem mundial instaurada após a derrota do nazi-fascismo, não são apanágio deste ou daquele sector do grande capital. A deriva reaccionária é geral. 

Trump joga de novo no nacionalismo, mas o mais perigoso e violento dos fascismos da actualidade chegou ao poder na Ucrânia com a conivência activa dos EUA de Obama e da União Europeia ‘liberal’. As cada vez mais agudas rivalidades inter-imperialistas apenas parecem recompor-se quando se trata de combater os povos. Já Lénine advertira que «o imperialismo é a época do capital financeiro e dos monopólios, que trazem consigo, em toda a parte, a tendência para a dominação, e não para a liberdade. A reacção em toda a linha, seja qual for o regime político; a exacerbação extrema das contradições» 8.

Hoje, o perigo maior de guerra vem das velhas potências imperialistas (EUA, UE) que pretendem preservar pela força o status quo e impedir a profunda alteração em curso da correlação de forças económica, protagonizada pela ascensão de novas potências.


A situação actual não é, em geral, uma situação de ditadura aberta, e não é indiferente para a classe operária, para os trabalhadores e os povos, preservar e defender toda e qualquer liberdade ou direito existentes. Nem todos os partidos da burguesia são iguais. Mas o combate ao ascenso da extrema-direita tem de ser feito sem ilusões sobre a real natureza das forças em presença.


A demagogia fascista de hoje tem paralelos com a do passado, proclamando a sua pretensa oposição à grande finança e ao capitalismo selvagem, ao mesmo tempo que procura canalizar o descontentamento e o renovado medo de empobrecimento, contra imigrantes e refugiados, trabalhadores sindicalizados, o movimento operário organizado e os comunistas. Alguns bodes expiatórios podem mudar: o papel reservado aos judeus há oito décadas é, em grande parte, hoje atribuído a muçulmanos (ou russos). Mas a essência do fenómeno é a mesma: dividir os povos, para melhor impor a todos a dominação do grande capital.


O impacto actual da demagogia fascizante é tanto maior quanto parte importante do movimento operário e comunista se encontra ainda enfraquecido após as vitórias contra-revolucionárias do final do Século XX, e nalguns casos, convertido à promoção de projectos ao serviço do grande capital, como é o caso da União Europeia. O abandono de posições de classe e de defesa intransigente dos direitos e aspirações dos trabalhadores e povos, mesmo quando feito em nome da necessidade de barrar o caminho ao avanço da extrema-direita, abre objectivamente espaço ao avanço desta entre as camadas populares, como comprovam numerosos exemplos, desde logo em Itália. 

Não se trava o fascismo ignorando a natureza de classe do poder capitalista, que é a mesma do fascismo. Trava-se o avanço da extrema-direita organizando a luta dos trabalhadores e povos pelos seus interesses, expondo a real natureza dessas forças e do sistema que as gera, as alimenta e – em casos extremos – as coloca no poder para afirmar da forma mais brutal o seu poder de classe.


Notas
(1) Enzo Santarelli, Storia del Movimento e del Regime Fascista, Ed. Riuniti, 1967, p. 143 e p. 107.↲
(2) Kurt Gossweiler, Hitler: ascensão irresistível?, Ed. «Avante!», 2009, pp. 46-7.↲
(3) Para mais pormenores, vejam-se os numerosos artigos sobre o ascenso do fascismo em anteriores edições de O Militante.↲
(4) Idem, Enzo Santarelli. Citações nas pp. 60, 111 e 153.↲
(5) Denis Mack Smith, Mussolini, Paladin, 1983, p. 59.↲
(6) Clive Ponting, Sinclair-Stevenson, Churchill, 1994, p. 350.↲
(7) Publicado em O Militante, N.º 335, Março de 2015.↲
(8) V. I. Lénine, Obras Escolhidas em 6 tomos, Ed. «Avante!», tomo 2, 1984, p. 397.


www.odiario.info

17
Jul18

PCP - Intervenção de Rui Ribeiro da Comissão Concelhia de Faro sobre a Organização

António Garrochinho



Boa tarde Camaradas
Nesta XI Assembleia de Organização Concelhia de Faro sob o lema “Por um PCP mais Forte e Influente em Faro” não poderia de deixar de falar de como de facto nos iremos debruçar sobre esta tarefa do reforço do partido, do aumento da nossa influência e, de nos certificarmos que, efectivamente, a nossa voz em unissono é ouvida por todos.
Apesar do ataque sistemático, calúnia, discriminação, silenciamento, o PCP assume a sua identidade comunista e o seu projecto de transformação da sociedade. O Partido conta com a sua força e capacidade de intervenção, resiste aos ataques, cumpre o seu papel, mas precisa de ser mais forte e mais influente para as batalhas políticas actuais e para o futuro. Trabalhar para um Partido Comunista Português mais forte e mais influente em Faro é uma exigência que se coloca a todos os comunistas, e é também uma necessidade para os trabalhadores e o povo português, para afirmar a política alternativa patriótica e de esquerda
O XX Congresso do Partido apontou orientações e prioridades para esse reforço, designadamente:
- no plano do trabalho de direcção, da responsabilização de quadros, e na sua formação política e ideológica; no plano da organização, promovendo uma grande acção de contactos – a campanha dos “5000 contactos com trabalhadores” -, promovendo a integração dos novos militantes prioritariamente a partir dos locais de trabalho, a criação e re-dinamização de células de empresa e de local de trabalho e a estruturação das organizações locais
- também no plano da organização é fundamental reforçar os princípios de funcionamento próprios do Partido decorrentes do centralismo democrático, baseados na profunda democracia interna, numa única direcção central e orientação geral
- no plano da propaganda e da imprensa, organizando o trabalho de propaganda, sistematizando e alargando o aproveitamento dos meios electrónicos, elevando a difusão e a leitura do Avante! e Militante;
Neste quadro resumimos aqui algumas das prioridades e medidas que importa concretizar de forma global e integrada cumprindo assim as orientações do Partido, e tendo em conta as necessidades da nossa organização, deixar algumas notas:
O trabalho de direcção, a responsabilização de quadros e a formação política e ideológica devem visar a melhoria do seu aproveitamento, afirmando e reforçando o trabalho colectivo, a responsabilidade individual, a iniciativa, coordenação e disciplina e a responsabilização de quadros como elementos decisivos para o reforço do Partido.
É preciso assegurar o funcionamento regular e eficaz dos organismos, sejam de direcção ou mesmo os de base; responsabilizar mais camaradas por tarefas, regulares ou mesmo pontuais; levantar nomes e aproveitar os muitos amigos que não são, ou melhor, ainda não são do Partido mas que se revelaram na intervenção social e política, nas eleições autárquicas ou em estruturas e acções unitárias.
No plano da formação política e ideológica temos no plano de trabalho 2018 uma formação para o fim do ano. Não podemos descurar o estimulo à leitura e o estudo dos documentos do Partido, do Avante! e de O Militante, nos documentos fundamentais do Partido – Programa, Estatutos, Resoluções dos Congressos, na obra dos clássicos do marxismo-leninismo, na obra de Álvaro Cunhal, na História do Partido e da Revolução Portuguesa;
Um dos elementos marcantes em 2018 é a emissão do novo cartão de membro do Partido. Marcante pelo significado de identificar e contactar cada membro do Partido Comunista Português. Uma grande oportunidade para actualizar dados, moradas, telefones, discutir e cobrar quotas tarefas, o compromisso com o Avante, de levar EP´s ao camarada, de levar informação política. A Organização de Faro tem 239 militantes, já receberam cartão 92, subiram as quotas 18 camaradas, ninguém disse que queria descer, e subiram os compromissos com o Avante de forma que já praticamente não há sobras dos 45 jornais semanais. Bastante positivo o balanço até agora.
A acção dos “5000 contactos”, está atrasada na sua concretização, não sendo uma campanha de recrutamento igual a outras, é no essencial uma acção visando a discussão de locais de trabalho a intervir e identificar nomes para ir à conversa visando o recrutamento, é um estilo de trabalho novo. Aqui em Faro temo 12 locais de trabalho e empresas apontadas e 25 nomes já identificados, estão até agora só 2 contactos feitos ainda sem recrutamentos feitos. À que dar o maior destaque a esta acção nas próximas semanas.
Quanto á organização de base em Faro os locais de trabalho que têm células a funcionar são o Aeroporto e o Hospital de Faro. Estas duas células, com as medidas tomadas a seguir à última Assembleia de Organização da DORAL, conseguiram organizar os seus militantes e avançaram com a regularização de reuniões e produção de boletins, deram também um maior impulso na distribuição da propaganda do Partido nestes importantes locais de trabalho. No entanto é preciso reforçar estas células com mais recrutamento e responsabilização de novos quadros.
Na Universidade do Algarve, apesar de estar inscrita como local de trabalho prioritário nos documentos do Partido, não tem sido possível reunir a célula do Partido nem realizar trabalho.
Outros locais de trabalho e empresas do concelho referenciadas para um trabalho dirigido são a Câmara Municipal, a FAGAR e a PT.
Nas organizações locais colocam-se como tarefas prioritárias de todos os organismos a identificação dos problemas e aspirações das populações, dando-lhes forma reivindicativa, dinamizando a luta, nomeadamente em torno da defesa e melhoria dos serviços públicos, dando particular atenção às necessidades e reivindicações das novas gerações e dos reformados;
Importante também a intervenção nas áreas da cultura, o trabalho com os micro, pequenos e médios empresários; e o trabalho dirigido às mulheres;
No quadro de uma grande ofensiva ideológica e de propaganda do grande capital, com os poderosos meios de que dispõe, assumem ainda maior importância a propaganda e a imprensa do Partido.
A propaganda e a agitação são tarefa de todo o Partido, que é indispensável continuar a melhorar, no conteúdo, na forma e nas suas múltiplas expressões – fixa, escrita, audiovisual, electrónica –, em articulação com o reforço da organização partidária.
Para além da promoção, divulgação e alargamento da difusão da imprensa partidária, em particular do Avante! É essencial assegurar e cumprir a planificação de acções e campanhas nacionais de informação e propaganda, elemento que com dificuldades vamos realizando, mas que é necessário prosseguir trazendo muitos mais camaradas a esta importante tarefa.
Camaradas, temos de estar também mais perto, e mais rapidamente num plano de intervenção local, idêntificando e intervindo nos problemas dos trabalhadores e das populações, produzindo documentos específicos, articulando estas acções com a intervenção dos eleitos do Partido.
Melhorar o trabalho junto da comunicação social, promovendo as nossas posições e iniciativas, mesmo sabendo do tratamento diferenciado a que somos sujeitos.
Muito se fala de e nas redes sociais hoje em dia, pelo que é essencial dar mais atenção às comunicações electrónicas, criando e divulgando conteudos que reflictam a acção e intervenção do Partido no concelho. Actualmente dispomos de 2 páginas na rede social Facebook, mas só com a colaboração, os gostos e as partilhas de todos é que será possivel que a nossa mensagem poderá atingir o maior número de pessoas.
O trabalho de reforço do Partido, com as tarefas e medidas indispensáveis para o fortalecimento e construção de organizações do Partido, tem de ser concebido em articulação com uma forte ligação às massas e uma intensa actividade política.
Só assim será possível dar combate à política de direita e construir a Alternativa Patriótica e de Esquerda.
Viva o Organização Concelhia de Faro
Viva o Partido Comunista Português

17
Jul18

A TRAVESSIA DO DESERTO

António Garrochinho

A CONTINUAR ASSIM A VERTENTE CULTURAL E POLÍTICA DO "FACEBOOK" IRÁ DESAPARECER.

IRÁ CUMPRIR-SE ASSIM O LADO PIOR DAS REDES SOCIAIS.

CADA VEZ MAIS O FACEBOOK É ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE PARA PROMOÇÃO DE ALGUMAS "COISAS" E AINDA POR CIMA ALGUMAS DE MAU GOSTO.

TODOS QUEREM TER RAZÃO, GANHAR O ESPAÇO PARA PUBLICAREM SEM QUE SE CONTESTE. PARA SE AFIRMAREM COMO DONOS DA RAZÃO PUBLICANDO REPETIDAMENTE AS MESMAS COISAS, O QUE JÁ NEM SEQUER TEM ACTUALIDADE OU SERVE PARA "ENSINAR" OFERECER CONHECIMENTO, AOS QUE VISITAM A REDE PARA COLMATAR AS FALHAS DE INFORMAÇÃO DO "JORNALIXO" AS MENTIRAS DOS INSTALADOS OU O MERO ENTRETENIMENTO.

AS REDES SOCIAIS SÃO CONSTRUÍDAS PELAS PESSOAS NÃO É ? 
E TAMBÉM SÃO ELAS QUE AS DESTROEM.



António Garrochinho.
17
Jul18

A PRIMEIRA MULHER AVIADORA EM PORTUGAL

António Garrochinho


Maria de Lourdes Braga de Sá Teixeira, a primeira mulher aviadora portuguesa.

Nasceu no dia 19 de Outubro de 1907, no seio de uma família de pensamento liberal demonstrou, desde cedo, ser possuidora de pensamento livre, com objectivos bem definidos.


 Jovem, de rara beleza, era conhecida no meio familiar e pelos amigos como "Milú".




maria-de-lourdes.jpg



Uma das ambições desta jovem era a de, um dia, ser aviadora.


 A travessia  aérea do Oceano Atlântico e a viagem a Macau foram decisivas para que Maria de Lourdes Sá Teixeira tomasse a opção de ser aviadora.

Contudo até conseguir entrar para o curso de pilotos de avião encontrou inúmeros obstáculos.
O primeiro passo a ultrapassar era a família.
Desde cedo que os familiares mais chegados tentaram desencorajá-la a uma pretensão que não se enquadrava na empossa social de uma jovem proveniente da média-alta burguesia.

O próprio pai, Afonso Henriques Botelho de Sá Teixeira, um coronel médico, opôs-se à ideia de Maria de Lourdes poder vir a ser aviadora.

Perante as diversas dificuldades nasceu a frustração em Maria de Lourdes Teixeira, o que a debilitou. Porém, este enfraquecimento do estado de saúde levou o pai a deixá-la prosseguir com os seus desejos.

A persistência em alcançar este objectivo chegou às páginas dos jornais da época.
Um espírito desportivo, por amor à aviação.
Mesmo doente fez o curso de aviadora, das naturais contrariedades que sofreu das oposições.
Maria de Lourdes frequentou o curso de aviação de Setembro de 1925, ingressando como aluna civil na Escola Militar de Aviação.
O interesse e a determinação de Maria de Lourdes, fez com que o seu instrutor se empenhasse à sua causa com todo o seu saber.


Após um período de formação, prestou as provas aos comandos de um avião biplano Caudron G.3, na presença do seu pai, do piloto civil Carlos Bleck, então delegado do Aero-Club de Portugal (fundado em Dezembro de 1909), do Governador Civil de Lisboa e de vários oficiais de aeronáutica militar. Maria de Lourdes foi aprovada com distinção e, segundo Eduardo Frias, prestou provas magníficas. Há muito tempo que entre os candidatos ao brevet não aparecia a mais completa organização de qualidades requeridas para um piloto, garantindo o almejado brevet de piloto aviador civil, em 6 de Dezembro de 1928, com 21 anos de idade, passado pela Escola Militar de Aviação, situada na Quinta da Granja, em Sintra.


As respectivas insígnias de aviadora portuguesa foram-lhe entregues numa sessão solene, presidida pelo Marechal Gomes da Costa, por ocasião das comemorações do 9.º aniversário do Aero-Clube de Portugal.
O jornal "O Povo", na sua edição de 21 de Janeiro de 1929, escreve: "Demonstra eloquentemente que a mulher vence, porque não lhe falta inteligência, coragem, audácia e valentia". Recorde-se que na década em que Maria de Lourdes nasceu, o pioneiro Santos Dumont ainda ensaiava em Paris o modelo de avião ligeiro.
Haviam decorrido apenas 6 anos sobre a travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e o Rio de Janeiro, feita pelos militares Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 30 de Março a 17 de Junho de 1922, quando esta jovem mulher é considerada apta como aviadora.







17
Jul18

PUBLICAÇÃO ESPECIAL NO DESENVOLTURAS & DESACATOS - Nunca se chamou Gerónimo ! - Era índio, isso sim é verdade, mais concretamente um pajé dos chamados apaches do Oeste ou chiricahuas. Seu verdadeiro nome era Goyahkla ("aquele que boceja") e nasceu

António Garrochinho


Era índio, isso sim é verdade, mais concretamente um pajé dos chamados apaches do Oeste ou chiricahuas. Seu verdadeiro nome era Goyahkla ("aquele que boceja") e nasceu no Arizona em 1829, ainda que pouco se sabe dele até 1858, ano no qual um acontecimento trágico marcou sua vida irreversivelmente: Goyahkla junto a um grupo de chiricahuas se transladaram do povoado até os assentamentos militares mexicanos próximos a Sonora para comercializar de maneira pacífica com os colonos que ali moravam.

Nunca foi chefe, muito menos se chamava Gerônimo
Durante a ausência dos homens um grupo de militares mexicanos realizou uma sangrenta incursão no acampamento apache, assassinando tantas mulheres, crianças e idosos quantas encontraram pela frente. No massacre, Goyahkla perdeu sua mãe, sua esposa e seus três filhos. A partir daquele dia ele jurou vingança, e começou a ouvir espíritos lhe pedindo que não deixasse tamanha atrocidade sem castigo.

E foi isso que ele fez. Goyahkla converteu-se em lenda depois de uma infinidade de fugas impossíveis, ataques e sabotagens perpetrados contra o exército do México e colonos mexicanos do norte do Arizona, a quem aterrorizava sempre que podia.
Nunca foi chefe, muito menos se chamava Gerônimo
Ele foi ferido muitas vezes, quase sempre levando as brigadas encarregadas de caçá-lo a pensar que estava morto, mas ele sempre sobrevivia, sempre se recuperara para voltar a escapar de quem quer que tocasse sua terra. Foi nesta época que começou a ser conhecido pelo famoso nome de Gerônimo, devido aos gritos dos mexicanos invocando seu padroeiro:

- "Valha me São Gerônimo!!!", enquanto fugiam dos ataques do índio endiabrado.

Pese a sua condição de lenda e líder militar, Goyahkla/Gerônimo não chegou a ser chefe dos apaches. Foi sim um respeitado pajé, ao qual atribuíram poderes de adivinhação, clarividência e interpretação dos sinais da natureza.
Nunca foi chefe, muito menos se chamava Gerônimo
Ele mesmo chegou a afirmar que não existia uma bala capaz de matá-lo, de modo que não é disparatado pensar que tanto os apaches quanto os mexicanos duvidavam de sua condição de simples mortal.

Em 1876 o governo dos Estados unidos, tratando de solucionar os problemas causados pelos índios, decidiu civilizar os apaches levando-os de uma reserva a outra entre Arizona e Novo México. Como cabia esperar, Gerônimo -vamos referir a ele agora por seu apelido- não gostou muito desta história e não se mostrou nada dócil à política do exército norte-americano e protagonizou outra década de fugas e perseguições dignas do melhor filme de ação.
Nunca foi chefe, muito menos se chamava Gerônimo
Uma e outra vez o índio encapetado era preso e uma e outra vez fugia debaixo dos narizes dos soldados, convertendo-se em um autêntica dor de cabeça para o todo-poderoso exército dos Estados Unidos. Acreditem ou não, o endemoninhado índio foi perseguido por até 5.000 soldados norte-americanos e 3.000 mexicanos, e os jornais o converteram no vilão mais temível e detestável da nação.
Nunca foi chefe, muito menos se chamava Gerônimo
Durante uma destas perseguições, Gerônimo e seus homens conseguiram preparar uma emboscada à patrulha do exército americano que lhes perseguia. Na luta morreram vários dos guerreiros mais próximos a ele, abatidos pelo então tenente Marion Perry Maus, que errou o tiro ao disparar contra Gerônimo, mas conseguiu cegá-lo temporariamente por causa do pó levantado pela bala ao impactar contra uma rocha. O índio "imortal" conseguiu salvar-se de novo, para desespero de Marion e seus homens. Não obstante, dias depois seu General recebeu uma carta assinada pelo próprio Gerônimo onde louvava a valentia, a honradez e a ousadia de Marion recomendando sua condecoração.
Nunca foi chefe, muito menos se chamava Gerônimo
Depois de várias rendições e novas fugas, em 1886 ele rendeu-se junto com 450 apaches (homens, mulheres e crianças), e todos foram transladados a uma reserva na Flórida, onde foram convertido a agricultores à força. Um ano depois, foram todos levado para uma reserva no Alabama, onde quase 1/4 deles morreu de tuberculose. Mais tarde, foram novamente realocados na reserva de Fort Sill, em Oklahoma, onde Gerônimo se converteu ao cristianismo.
Nunca foi chefe, muito menos se chamava Gerônimo
Antes de sua morte foi submetido a um episódio vexatório: teve que participar no desfile organizado em Washington na ocasião da eleição de Theodore Roosevelt para presidente. Gerônimo foi exibindo como um troféu, junto a outros chefes. Ali estava o índio que enterrou o machado de guerra, domesticado pela superioridade americana.

Conta sua autobiografia que no mesmo ano ele chegou a ir à Casa Branca com seu cavalo para pedir ao presidente Roosevelt que devolvesse o Arizona a seu povo, foi solenemente ignorado.

Gerônimo, já nem tanto irrequieto, nunca regressou à sua terra. O guerreiro imortal acabou seus dias em Oklahoma; o álcool foi seu último refúgio e cobrou sua fatura. Ele morreu aos 80 anos em decorrência de uma pneumonia contraída depois que caiu de seu cavalo e passou a noite numa valeta à intempérie de uma noite de inverno rigoroso.
Fonte: Indians.


 http://www.mdig.com.br/
17
Jul18

HÁ CARANGUEJOS E CARANGUEJOS

António Garrochinho

 Caranguejo Rei - É encontardo no mar do Alasca. A espécie vive no fundo do mar, na escuridão onde as águas, sempre muito frias. O animal é pescado nas águas tempestuosas, próximo ao estreito de Bering. 
 A pesca do caranguejo rei no mar do norte é considerada a profissão mais perigosa do mundo. é considerado o maior entre todos.


Claude, o caranguejo gigante da Tasmânia - Estava prestes a virar comida em um restaurante australiano, lugar onde caranguejo gigante é uma iguaria. Mas ele foi salvo e virou um animal de exposição em um aquário do Reino Unido. O caranguejo gigante foi capturado em fevereiro na costa da Tasmânia. Ele estava em uma profundidade de 800 metros, até que foi encontrado por um pescador, que faturou quase 10 mil reais pela venda de Claude para o aquário britânico. Claude ainda é uma criança, mas já pesa nada menos do que 7 kg e tem 38 centímetros.

Caranguejo aranha gigante - Macrocheira kaempferi - É o maior dos artrópodes. Quando adulto, o comprimento de suas patas alcançam quase 4 metros. Tamanho do corpo de até 40 cm peso de até 20 quilogramas.  O habitat natural do caranguejo é no fundo do Oceano Pacífico
  em torno de 300-400 m abaixo da superfície no Japão, onde alimenta-se de animais mortos e de mariscos. Acredita-se ter uma expectativa de vida de até 100 anos. O caranguejo tem um corpo alaranjado, mas tem pontos brancos em suas finas patas.
  As garras dos espécimes masculinos tornam-se mais longas do que seus pés, e as garras de um macho grande, quando abertas, podem atingir 4 m. A largura de forma oval e verticalmente arredondado da concha pode alcançar até 30 cm, e pode ser de até 40 cm de altura.

 Caranguejo yeti - Kiwa hirsuta kiwa - Encontrada nas Cordilheiras Oceânicas, Pacífico-Antártico, na porção sul do Oceano Pacífico. Esta espécie recebeu o nome de “Kiwa hirsuta kiwa”, em homenagem a um deus da mitologia polinésia, mas ficou mais conhecida como o “caranguejo yeti” devido a sua aparência. Este caranguejo foi coletado em 2006 pelo submersível Alvim a 2228 m de profundidade.
Essas cerdas parecem funcionar como um filtro, desintoxicando a água. O caranguejo Yeti é cego e incolor e vive sua vida inteira na escuridão, tal como o proteus e o blobfish. Parece que a natureza envia muitas das suas criações mais surreais para os lugares onde os seres humanos não podem alcançar.

 Caranguejo morango - Espécie de caranguejo descoberta em uma praia de Pingtung, no sul de Taiwan. Segundo o biólogo marinho Ho Ping-ho, responsável pelo achado, a coloração do animal assemelha-se à de um morango.
De acordo com Ho Ping-ho, que é professor em uma universidade local, a National Taiwan Ocean University, a descoberta foi feita enquanto ele pesquisava o impacto ambiental do naufrágio de um navio, nas águas do Kenting National Park, um parque nacional taiwanês que reúne áreas de mar e montanha.

17
Jul18

OS JUDEUS - ENTRE VARSÓVIA E ISRAEL

António Garrochinho





(JB)-Embora, pelos cânones hebraicos, não fosse judeu, porque nascido de mãe não judia, Marcos Magalhães Rubinger* era orgulhoso de sua circunstância, e se identificava como judeu. Antropólogo conceituado, e homem de esquerda, ele foi compelido ao exílio pelo regime militar brasileiro. 
Ao encontrá-lo na Suíça, em 1967, logo depois da Guerra dos Seis Dias, que consolidou a posição do Estado de Israel no território palestino, ele estava desolado: os judeus haviam dado mais um passo atrás de sua plena integração à Humanidade.


            “Continuamos no gueto” – me disse. “No grande gueto que nós mesmos instalamos e, tal como ocorreu com o Gueto de Varsóvia, iremos murá-lo e selá-lo por dentro”. A grande muralha de Israel ainda não fora levantada.

           Talvez não haja tema histórico mais discutido do que o do povo de Israel. Só isso basta para atestar a sua importância na formação da idéia do Ocidente nestes dois últimos milênios. A sua presença na Europa e no mundo conquistado pelos romanos e seus sucessores, mais do que documentada, é cercada de mitos.

           
Não há dúvida de que foi povo perseguido, obrigado a isolar-se em sua fé, e a defender-se, como lhe era possível, a fim de impedir o genocídio. Essa defesa os levou a buscar o conhecimento e a riqueza, que não lhes bastou para impedir a perseguição, nem foi suficiente para conjurar sua divisão entre judeus ricos e judeus sem dinheiro, para lembrar a obra prima de Michael Gold, pseudônimo do jovem escritor americano Itzok Isaac Granich.

         
Nestes dias de abril e maio, os judeus – e os humanistas mais atentos – lembram dois episódios fortes na história contemporânea: o Levante do Gueto de Varsóvia, em 1943, e a criação do Estado de Israel, em 1948. Há quem associe os dois fatos, como se tratasse de uma coisa só; há quem assegure que, sem o Levante, não teria havido o segundo êxodo e sua conseqüência política, e há os que separam os dois episódios, dando a cada um deles sua própria razão.

          Como é costume ocorrer na História, todas as três versões são corretas, – o que difere é a contribuição de cada uma delas no desenvolvimento posterior da questão judaica.

 
         
Recente artigo da historiadora norte-americana Marci Shore, publicado pelo New York Times, ao reconstruir a crônica da resistência dos judeus de Varsóvia, abre o caminho para nova interpretação dos fatos. Ela mostra como os judeus de Varsóvia se encontravam inermes diante do ocupante nazista. E revela que a resistência, naqueles dias de abril e maio de há 70 anos, foi  ato de dignidade, assumido por jovens dispostos a morrer lutando, e não conformados a ver a resignação de seus pais e avós, ao embarcar rumo aos campos de extermínio a poucos quilômetros de Varsóvia.

        Os nazistas, depois da ocupação da Polônia, empurraram, pouco a pouco, todos os judeus da cidade ao imenso gueto e os obrigaram a erguer espesso muro em volta: as únicas entradas e saídas eram vigiadas por soldados das SS.

       De acordo com a sua política perversa, criaram, em 1942,  um Conselho Judaico, encarregado de indicar a lista diária dos que deviam ser encaminhados às câmaras de gás e aos trabalhos forçados, presidido por Adam Czerniakov.

        
No dia 22 de julho daquele ano, os nazistas decidiram iniciar a deportação em massa dos judeus do Gueto rumo a Treblinka e a Auschwitz. Como conhecesse o destino que os esperava, no dia seguinte Czerniakow engoliu uma cápsula de cianureto.

        Não houve unidade na luta de resistência. Os sionistas de extrema direita formaram seu próprio corpo de combate. Os mais duros guerreiros foram jovens, alguns deles religiosos, mas a maioria de agnósticos e marxistas, ligados aos movimentos socialistas de esquerda, como a Bund (Liga) e com forte presença de comunistas. Quando os nazistas atearam fogo ao Gueto, o núcleo duro da resistência refugiou-se em um bunker, sob o comando do jovem Marek Elderman. Ele e seus companheiros fugiram pelos esgotos fétidos, nos quais a maioria morreu asfixiada pelos gases. Quarenta deles sobreviveram, alguns se aliaram aos guerrilheiros poloneses e russos, e muitos sobreviveram à Guerra.

        Elderman, depois da derrota alemã, tornou-se cardiologista – e jamais quis viver em Israel. Ele, e muitos outros, defendiam a cultura ashkenazi, fundada no uso do ídiche como o idioma de seu povo, e um “modus vivendi” com os povos conhecidos, o que seria facilitado pelo resultado do conflito; não a ocupação de um território no meio do deserto, ao lado de grupos étnicos estranhos,  nem a ressurreição de uma língua morta, só usada nos ritos religiosos, como idioma oficial.

    

  Em razão disso, o Estado de Israel não o considera herói nacional. Ele era um dos que, como Rubinger, defendiam o convívio dos judeus com os outros povos, e achava um erro estratégico a criação de Israel, que vinha sendo planejada desde o fim do século 19.

       Os sionistas se apropriaram da gesta heróica dos combatentes do Gueto de Varsóvia, como se tratasse de uma vitória sua. Na realidade foi uma vitória do melhor do povo judeu, dos filhos de trabalhadores, de intelectuais engajados nos movimentos políticos clandestinos, dos que não aceitavam o triste e resignado cortejo de seus pais e seus irmãos menores rumo às câmaras de gás.

       O Levante foi a resposta viril ao Holocausto,  e redimiu, na bravura de seus jovens, o grande povo judeu. Se a Humanidade tiver algum futuro, a resistência do Gueto de Varsóvia será vista, nos séculos a vir  – como muitos a vêem hoje – como ato muito mais importante do que a criação do Estado de Israel.

       Ela se equivale à dura resistência do povo de Stalingrado, com uma virtude a mais. Em Stalingrado os combatentes contavam com a nação. Em Varsóvia, em uma Polônia marcada pelo racismo, os jovens judeus estavam sós.

       O general Jurgen Stroop, comandante das tropas de Varsóvia que massacraram os habitantes do Gueto, foi condenado à morte em 1951 e executado pelo governo polonês. Mas cumprira a sua missão, conforme relatório a Berlim: em maio de 1943 já não havia um só bairro judeu em Varsóvia.

       Mais de 300.000 judeus haviam sido enviados para as câmaras de gás, e se calcula que mais de 10.000 morreram calcinados pelas chamas em que ardeu o Gueto, naqueles dias de maio.

 
       
No dia 7 de dezembro de 1970, como correspondente deste Jornal do Brasil, assisti ao Chanceler Willy Brandt em gesto grandioso, ajoelhar-se diante do marco evocativo do Gueto de Varsóvia. O líder socialista, com a autoridade de quem resistira, ainda adolescente, ao nazismo, ajoelhou-se, em atordoante silêncio, em homenagem aos combatentes de 1943 – ou, seja, de 27 anos antes.

       
 Esses registros históricos e a situação atual de Israel – com tantos e eminentes judeus que se opõem ao genocídio dos palestinos e buscam construir a paz – tornam proféticas as palavras de Marcos Rubinger: trata-se de imenso gueto, erigido em terras estranhas, murado por dentro. Os jovens de Varsóvia lutaram e morreram para que não houvesse muros.

       Alguns, como Marek Elderman, sonhavam com uma única Humanidade.

       Talvez ainda haja tempo.

 

Nota do MVIVA:  Marcos Magalhães Rubinger, cuja carreira de professor e pesquisador, na Universidade Federal de Minas Gerais, foi bruscamente interrompida logo no início do Movimento de 1964, que o levou à prisão e ao exílio, o que sem dúvida contribuiu para sua morte prematura em 1975. 

Militância viva    
17
Jul18

ESPECIAL - O ALGARVE E OS ALGARVIOS Sobre tradições perdidas e sobre tradição «inventada» ou a Histórica histórica encruzilhada de uma região com o poder central.

António Garrochinho




Fale-se no Algarve ou nos algarvios e, de imediato, se ergue uma miríade de lugares-comuns que fundamentam o conhecimento de quem nos desconhece por completo..
Sempre foi assim ao longo da história e grave é a distorção da nossa essência de gente por essas eminências pardas paridas de um poder central, de si provinciano e periférico, dos traumas dos ultimatos britânicos e das perdas de Brasil e de outros mundos dados ao mundo. O discurso oficial do poder central sempre foi o da invenção dos lugares-comuns e de estereotipar os povos e gentes por si dominados. Povos com milenar percurso e com a mais bela das diversidades, de onde lhes advêm a riqueza – não apenas a material, mas, essencialmente, a riqueza histórica, cultural, social, linguística, etnográfica ou antropológica. A riqueza da raison d´être dos povos. E nesses povos, o algarvio.
Povo caldeado durante milénios pelos que aqui chegaram e se radicaram, mas definido sobretudo pela existência milenar das gentes, das suas formas de vida, do aproveitamento racional dos recursos do território, do equilíbrio (forçado ou voluntário) dos nativos com as formas de poder chegadas e exógenas. Se, da Idade do Ferro aos Fenícios, Cónios e Turdetanos, de Roma e sua queda aos Visigodos, aos Árabes (com a sua chegada, permanência e partida) e à reconquista cristã e deste reino dentro do reino, o poder, traço comum, assumiu as formas administrativas e legais que regraram a região, mas tendo sempre as gentes algarvias, e o Algarve, no fim desta equação.
Às mutações da ordem política vigente, permaneceu o sentido de perenidade do povo algarvio, com a sua particular forma de organização e de modus vivendi. Uma riqueza que advêm não de traços comuns com que o exterior nos vê, mas desta mesma essência de diversidade que temos entre localidades separadas por poucos quilómetros, entre sotaventinos e barlaventinos, entre serranos e litorâneos, entre os mesteres – os trabalhadores rurais, os pescadores, todos sem excepção. A nossa diversidade é, justamente, a nossa unidade milenar. Não a unidade de lugares-comuns e esquadria crua com que os outros procuram definir-nos, mas sim a unidade de gentes de luta que nas suas atividades construíram as vidas, e da exemplar constância como os recursos de que dispomos, foram sempre equivalentes ao nosso sucesso.
Que o poder central formate, ao longo da História, o Algarve e os algarvios nessa padronização injusta e desconhecedora da nossa natureza e memória, é quiçá uma forma de colonização que, sendo sub-reptícia, não deixa de ser igualmente agressiva. Mas que a criação do poder central passe por uma ideia estática e preconcebida do povo algarvio e que este mesmo povo tenha, por força da falácia que lhe é imposta, esquecido a sua memória, a sua importância e a sua capacidade – esse sim é um processo desastroso que atenta terrivelmente a alma mater e à autoestima que devíamos nutrir, por força da nossa história e pela nossa força.
Não esqueças, irmão algarvio, que em tempos milenares da tua história, foste o mais apreciado garum romano, vendido, na capital do império, mais caro que ouro às nobres famílias patrícias; que foste os néctares e ambrósias louvados pelos poetas árabes nascidos no teu seio e que cantaram a tua beleza; que foste água das tuas fontes e madeira dos teus bosques – limpos até à última árvore – para os navios da expansão marítima portuguesa; que foste gentes indómitas embarcadas nessas mesmas naves, como o piloto Gonçalo de Lagos; que foste a força das tuas pescas e a abundância da tua agricultura, quando além dos recursos com que sobrevivias muitos mais te levavam, sem que existisse, até ao século XVI, proteção às tuas costas, ao teu comércio. Que te levantaste de sismos enormes – não apenas o de 1755, mas anteriores, como no século XVII ou em 1722. Que foste os indomáveis olhanenses do caíque “Bom Sucesso” rumo ao Brasil, em 1808. Que foste a melhor cortiça do mundo, no teu montado já extinto; que foste as bolsas de atum, da sardinha e de tantos outros pescados e de uma numerosa frota de pesca, que faziam a força da tua indústria conserveira; que foste as tuas hortas e pomares, onde em condições determinadas, tal como no Brasil ou em Angola, havia duas produções anuais. Tu és, Al-Muthamid, Ibn Ammar, António Aleixo, António Ramos Rosa, Gastão da Cruz, Casimiro de Brito, Nuno Júdice. Tu és os irmãos Cabreira, Mendes Cabeçadas, Teixeira Gomes, Duarte Pacheco, João de Deus, Bernardo Passos, Maria Keil ou o Remexido e tantos mais dignos da galeria de imortais de Portugal. Todos algarvios…
É deste povo assim digno, destes notáveis, mas sobretudo dos milhares de notáveis anónimos, que, de Sagres a Vila Real de Santo António, de Alcoutim a Odeceixe e dos contrafortes da cordilheira serrana de Monchique – Caldeirão – Espinhaço, pelos xistos serranos, pela argila e calcário do barrocal e pelas várzeas, areias e falésias do litoral sul, das nossas cidades, vilas, aldeias e montes, construíram a pulso as suas vidas, a nossa verdadeira tradição – a do nosso povo, dos nossos recursos, do nosso modo de vida e da nossa memória.














Façamos a devida distinção sobre este conceito de tradição: a legítima e a criada. A tradição legítima por exemplo, foi a que, desde Lisboa, foi abolida com ferocidade, especificamente com a proibição do trajo algarvio por excelência, o «Bioco» das mulheres olhanenses, na segunda metade do século XIX. A tradição criada foi aquela que promoveu, por exemplo, uma falsa imagem das qualidades da região como importante base para a campanha do trigo, na região serrana onde, sem existirem terras com qualidade e clima adequado à cultura cerealífera, a repetição de erros de sobre-exploração e falta de arroteamento, em nome de um aumento produtivo que permitisse criar a ilusão de uma independência alimentar do país, causou a total exaustão e falta de produtividade dos campos.
As tradições que muitos algarvios pensam como suas, mas que são grosseiras montagens impostas pela expressão da política de espírito do Estado Novo e do seu criativo António Ferro. Nos tímidos inícios do turismo na região, em finais da década de 40 do século passado, esta política criou o Algarve enquanto produto destinado aos turistas dos poucos hotéis então existentes, numa miscelânea e amálgama de elementos de trajo que vão da fórmula do lenço sob o chapéu, num sucedâneo neoimpressionista de mondadeira, e das meias rendadas importadas de um campino em trajo domingueiro.
E inclusive pela invenção do próprio folclore algarvio pobre e minimalista de modinha adornado de ferrinhos, nessa criação tão abstrata quanto de mau-gosto, dos ranchos folclóricos – que nunca haviam feito parte da cultura algarvia. E assim, nessa falácia do vendável do Portugal salazarista estereotipado, até a forma de dançar os corridinhos, especialmente o frenético Alma Algarvia como hino do Algarve, tiveram que ter coreografia inventada a partir das rotações constantes dos dançarinos, quais os das danças de dervixes, em terras do Oriente Médio.



Talvez a charola de Reis não fosse tão apelativa por ser mais parada que o corridinho. E talvez a normalidade das vestes das gentes trabalhadoras do Algarve não combinasse bem com a moldura pretendida para o Portugal dos Pequeninos e a Exposição do Mundo Português, de 1940. Hoje, cai esta tão antiga tradição algarvia das charolas, morrendo quiçá porque, em termos do turismo, não interesse revelá-la como uma das mais arraigadas formas de convívio entre várias comunidades algarvias. Talvez a recuperação de uma verdadeira tradição algarvia como os bonecos dos Maios, que durante os anos do fascismo no nosso país, pelo contexto cáustico das suas mensagens, não fosse interessante ao tal poder, seja afinal um afirmar da nossa identidade, despida de qualquer interesse.
Diga-se que, segundo interesses externos, a invenção do estereótipo da nossa região chegou ainda mais além e de forma mais chocante – como foi o caso da chaminé algarviaEx libris de elemento arquitetónico da região, na sua atual complexidade de conceção industrial, por molde com pináculos e complexas formas geométricas e cores, nada tem que ver com a tradicional chaminé algarvia, onde a existir rendilhado, este se obtinha com a disposição em forma simétrica de meias telhas ou ladrilhos, colocados opostamente uns contra outros, sob um eixo de simetria. A estas chaminés, que primavam pela simplicidade, deu-se-lhes um cunho distinto, enquanto se afirmando que certos marmanjões cónicos, hexagonais e de outras formas, são a pureza algarvia.
Estas chaminés, não sendo necessariamente elemento sine qua non característico da arquitetura tradicional algarvia, até porque a forma da casa algarvia contempla uma enorme variedade de exemplos – desde as faladas casas de taipa de formato cilíndrico, com telhados de colmo, até às casas com açoteias ou da rusticidade arquitectónica rural que, não sendo exclusiva do Algarve, são constantes na região sul de Portugal e até nas mais diversas paragens do Mediterrâneo.
O próprio turismo foi sujeito à invenção da tradição do sol e praia. Em tempos mais remotos, a promoção turística das terras algarvias assentava na saúde, através de águas de fontes termais e as estâncias das mesmas. Esta sua razão de existência assumia um carácter que prevalecia pela qualidade e diferenciação, fosse em Monchique, Tavira ou Cachopo.
Verifica-se assim a proposta ideológica de substituir a bela complexidade da nossa riquíssima diversidade histórica e cultural, por um padrão estático toscamente simplista e renegador das virtudes do que somos, diversificadamente, como povo – das nossas atividades e modos de vida; dos nossos recursos, das relações entre nós próprios e com o mundo. Em suma, a imposição e desenvolvimento deste turismo pelas decisões do poder central e assentimento de gente algarvia (talvez não merecedora de o ser), para agudizar e eternizar a tradição da ditadura da mono-atividade turística, com impacto assinalável no PIB nacional, mas que vende em nome do lucro de muitos grupos estrangeiros ou nacionais que recorrem a offshores sem que qualquer dessa riqueza se traduza na região onde é produzida – na qualidade de vida dos algarvios, na dignidade dos trabalhadores sujeitos à exploração e sazonalidade e na constatação que o sempre arguto cacique algarvio, marcando o seu conjunto de interesses, continuará a manter a muita tradicional forma de actuar, proclamando cá pelo feudo gritos de Ipiranga contra o poder central, no relativo a questões como as portagens da Via do Infante, requalificações de estradas como a EN 125 ou reabilitação de portos marítimos. Depois, porém, como pequenos algarvios na grande cidade e na Assembleia da República, fora da zona de conforto (e das mentiras apregoadas) na região, aprovam as medidas que a lesam , abstêm-se quando deveriam tomar posição ou votam, junto dos que nos prejudicam, contra a revogação das medidas que violentam o Algarve e os algarvios.














Sabemos, pois, nestes tempos que temos a tradição de ser donos “do mar azul, das areias, dos trezentos e tantos mais dias de sol, das unidades hoteleiras de excelência, de pratos tradicionais algarvios (se a nossa gastronomia não fosse tão rica que a cada três quilómetros difere o que é tradicional e onde até a sardinha assada nacionaleira é tradicional do Algarve”. Todos lugares-comuns, para justificar a mono-atividade turística algarvia, enquanto matriz única da inevitabilidade de toda a riqueza de uma região, presente e futura.
E escondidos noutra tradição de lugares-comuns, menos convenientes de serem apregoados, ficam os dos salários de miséria, da ausência de direitos, o de determos, na proporção nacional, uma das maiores taxas de desemprego e um panorama de precariedade absoluta, e o do agravar de uma emigração que nos sugou uma geração jovem, capaz e competente, especialmente na nossa região.
De entre outras tradições inventadas, temos a do ataque cego à pesca tradicional, com a falta de apoio à colectivização da mesma enquanto recurso gerador de riqueza e de postos de trabalho; as de que a agricultura na região só se pode basear no modo biológico e nas pequenas explorações, mais a gosto de pequena horta como produto acessório dos turismos rurais, destinado a dar a sensação de férias úteis à Humanidade do yuppie centro-europeu que se julga, durante duas semanas, como estando a retomar a vida ligada à terra. E isto quando, essencialmente, as tecnologias e serviços que vende na sua vida profissional durante o ano, delapidam predatoriamente mais recursos naturais e humanos que sejam eventualmente necessário, na lógica do capitalismo globalizado onde todos, no geral, vegetamos.
Das tradições inventadas que defendem a Ria Formosa, tendo-lhe deixado fechar barras naturais e abrindo outras em sentido contrário ao das correntes marítimas e ventos dominantes, centenariamente. E que, nos últimos quinze anos, assorearam a ria, mataram viveiros, liquidaram mariscos, acabaram com a pesca dentro dela e onde a tradição do conhecimento dos antigos, que tanto alertaram estudiosos sobre certas pertinentes questões, foi desprezada.
tradição inventada da brutal especulação imobiliária que tornou Quarteira, Monte Gordo e um pouco de toda a costa algarvia em caixotões de cimento com vista para o caixote em diante, que, esse sim, tem vistas para o mar. Da especulação que empregou, na construção, milhares de pessoas que haviam deixado a pesca e agricultura, pela morte destas atividades, em tempos que a União Europeia dera verbas para modernizar. Mas que nos bolsos das mentalidades curtas de armadores e proprietários de terras, assoberbados por dinheiro fácil, se modernizaram em abandonos de campos e abates de embarcações de pesca.
Uma mais grave, quiçá, que foi a tradição inventada das demolições a esmo na zona das ilhas barreiras de Olhão, quando as gentes que lá nasceram, viveram, tiveram seus filhos e lá morreram e querem continuar a morrer lentamente, sem algum dia lhes ter sido dada a dignidade que mereciam, como no caso dos Hangares de Olhão, da Culatra e outras. Ou a invenção da tradição de colocar pontões a Barlavento, com a erosão das falésias e com o desgaste e arrastamento de areias, que vão depois assorear a Sotavento.












A invenção das tradições que brilharam na requalificação da Praia Maria Luísa, arruinada para que existisse mais espaço para o turista desfrutar da sua beleza. Ou as tradições que deixam património de valor artístico e arquitetónico incalculável, como o Palácio da Fonte da Pipa ou outros, arderem por falta de intervenções adequadas.
Ainda da tradição inventada para uma região sem estradas fundamentais ao transporte de pessoas e bens. Sem vias rápidas alternativas gratuitas e fundamentais para a atividade económica da região e com a EN 125 marcando a sua lei de perigo constante e sinistralidade. E de como se impõe uma restruturação e reabilitação do conjunto de estradas regionais, bem como os desassoreamentos das vias navegáveis tanto da costa, como dos rios, o que, do ponto de vista do investimento em obras públicas, permitiria gerar milhares de postos de trabalho. Ou ainda do que será necessário para quebrar outra tradição inventada – a que enuncia a falta de capacidade de resposta e de infraestruturas que permitam um acesso de primeiro mundo à saúde, aos habitantes desta região densamente povoada e frequentada, anualmente, por várias centenas de milhares de turistas.
Assim, e sem mais me alongar, porque longa vai esta opinião mas assim se impunha, quando leio e vejo que algum do povo desta região, entregue às mentiras que lhe são impostas mas que se alça para defender a invenção dessas mesmas mentiras pelos que o submetem a tudo o que atrás mencionei. E vindo estes demonizar o petróleo ou as estufas hidropónicas. Ao primeiro, pelo suposto facto dos mares e praias do Algarve, com a sua exploração, se virem a tornar um tanque de despejo de hidrocarbonetos. Quanto às estufas (que, em Espanha, cometeram o gravíssimo pecado de reaproveitar, de forma otimizada a água da condensação das noites do deserto de Almeria e que geraram mais de 50 mil postos de trabalho direto e outros tantos indiretos, numa das regiões com maior desemprego do nosso país vizinho), por cá vai vingando o pretexto que a inestética visão das estufas estraga as paisagens do turismo, em regiões de barrocal e serrania praticamente desertificadas de população e onde, curiosamente, estas estufas do século XXI até são mais jeitosas que as estufas que pelo Algarve se espraiavam nos anos 70 e 80 do século passado.
Sobre esta ignorância dos nossos, que lhes é vendida pelo cacique ou pela voz e reflexão maniqueísta de alguns que se julgam iluminados entre tantos, e que, por sua vez, são no combate ao poder central, vítimas incautas do mesmo.
Ontem como hoje, nos corredores de Lisboa pretende-se fomentar a anulação da consciência da nossa grande força enquanto região produtiva, diversificada e não entregue apenas a um monopólio qualquer, que gere capitais que não servem depois ao desenvolvimento do Algarve. A estes usurpadores, a suspeita remota de qualquer intenção de que o sector produtivo se pretenda reformular e, por consequência, se consolide a autonomia do Algarve – aspiração que sempre nos coube por inteiro e tem de ser a exigência de todos nós, em relação ao nosso destino comum – é motivo para desencadear a intoxicação mediática sustentada nas tais tradições inventadas. Nunca haja um algarvio que, à menor consciência, venha de forma incauta defender a sua região e o modo de vida da sua comunidade, sustendo como preocupação fulcral as paisagens, a pretexto destas serem parte total da qualidade de vida da região. As mesmas que serão depois, de modo espúrio, capitalizadas como portfólio da monoactividade turística da região… É que se as paisagens do Algarve são uma riqueza de todos nós, elas não podem ser, só por si, apenas um retrato estático cujo desejo de manutenção implique o sacrifício de um povo que continua a sofrer do descaso histórico do poder. Pois para que a paisagem se cristalize, não pode acontecer que a vida de pessoas e seus filhos tenha que se cristalizar igualmente – e tal tem vindo a suceder desde há mais de quatro décadas, em nome do Turismo e do Algarve do sol e praia.
João Tomás Rodrigues | Técnico Superior de Património Cultural

barlavento.pt
17
Jul18

GALERIA DO BALEEIERO AÇOREANO

António Garrochinho


Galeria do Baleeiro Açoriano

Exposição Atual

A Galeria do Baleeiro Açoriano é o único espaço de exposição permanente nos Estados Unidos, que presta homenagem ao povo Português e o seu significativo contributo para a herança marítima daquele país.  Explora, sobretudo, o impacto Açoriano na nossa região e o desenvolvimento de uma comunidade Açoriana vibrante em New Bedford.  A relação entre as ilhas atlânticas dos Açores e New Bedford, Massachusetts, demonstra o poder da cultura marítima ligando povos, ideias, tradições e comunidades.
Desde os primeiros anos de existência dos Estados Unidos, os navios Americanos visitaram as áreas costeiras dos Açores.  Os ventos predominantes do oeste, a Corrente do Golfo que flui do nordeste e a localização no meio de águas profundas, habitat por excelência do cachalote, tornaram as ilhas perfeitas para atender as necessidades dos baleeiros. Os navios baleeiros abasteciam-se de provisões e recrutavam novos membros para a sua tripulação nos Açores, lançando as bases para uma profunda relação entre as ilhas e os portos baleeiros americanos, como New Bedford.  
Os Portugueses em New Bedford continuaram estreitamente ligados ao mar, trabalhando em navios de baleação como marinheiros e capitães. Criaram negócios, como armadores, fabricantes de têxteis e empresários. Depois, os já Americanos e luso-descendentes mantiveram laços estreitos com as ilhas, ao mesmo tempo que criavam um ambiente único e uma comunidade dinâmica nos Estados Unidos.
A Galeria do Baleeiro Açoriano foi atualizada recentemente. Dois novos e importantes elementos são o modelo em grande escala de um bote baleeiro açoriano, (veja as fotografias do modelo Flickr) e um posto de vigia recriado.
ABAIXO: Os Últimos Baleeiros, documentário de William Neufeld, produzido em 1969, sobre o cachalote na Ilha do Pico, nos Açores – possível graças a uma bolsa da Mass Humanities. O tempo de transmissão desta versão editada é de, aproximadamente, 19 minutos.


Este conjunto de fotografias representa uma amostra de três álbuns da família Dabney, generosamente doados ao Museu em 2004. As imagens, captadas um pouco por todo o Arquipélago dos Açores, datam do último quartel do século XIX.




























museudabaleia-newbedford.org

17
Jul18

Seca atinge Açores e norte da Europa. Ministros europeus procuram mitigar danos

António Garrochinho

O tempo seco nos Açores já está a ter impacto na agricultura local.

O ministro da Agricultura disse esta segunda-feira, em Bruxelas, que vai pedir à Comissão Europeia para antecipar os pagamentos diretos aos agricultores açorianos, para minimizar os prejuízos que estes enfrentam, numa altura em que o arquipélago enfrenta uma situação de seca extrema.

"Irei solicitar à Comissão a antecipação dos pagamentos aos agricultores dos Açores devido à situação de seca na Região Autónoma", disse o ministro, esperando que a luz verde seja dada ainda este mês, já que "essa é uma matéria que será decidida em comité no dia 27 de julho".

Capoulas Santos espera que os agricultores açorianos possam a receber os pagamentos de dezembro já em outubro, para minimizar os estragos provocados por uma inédita seca na região.

A situação é de tal forma "grave", que põe em causa não só as culturas como as condições de fornecimento de água das produções de gado. Mas, os Açores não são caso único.

"Paradoxalmente, está a ser agora invocada por outros Estados Membros. Hoje, a Polónia tem um ponto na ordem de trabalhos, em que quer alertar a Comissão e também solicitar a possibilidade de antecipação de pagamentos, pela seca que neste momento se verifica na Polónia e noutros países do norte da Europa.

O calor extremo que tem atingido países como França, Bélgica, Alemanha, os países do Báltico ou Polónia e agrava a situação rara.

"Infelizmente, para eles e para todos nós, começam agora a perceber que a seca é um problema que tem consequências graves para a agricultura", lamentou o ministro, anunciando que "Portugal estará solidário com estes países e, neste caso concreto, reclamando também, a extensão de quaisquer apoios à região autónoma dos Açores".

SOM AUDIO

www.tsf.pt

17
Jul18

Chamem um notário, p.f.*

António Garrochinho





A ministra da Igualdade espanhola decidiu mostrar ao mundo que gente idiota também pode ser ministra Daí, resolveu  fazer alarde da sua estupidez e  apresentou uma proposta, no sentido de um acto sexual que não tenha o consentimento expresso da mulher, seja considerado violação 
Gostaria muito que a ministra explicasse se  o consentimento tem de ser reconhecido presencialmente por um notário, ou basta que o macho apresente como prova uma gravação, onde a parceira diga solenemente: 
"Juro, por minha honra, que vou para a cama com este gajo de livre vontade"
Até quando teremos de assistir a esta degradação do poder político que escolhe para cargos de governo gente sem um mínimo de capacidade cívica para o desempenho das funções?
Este caso deveria ter levantado um sobressalto cívico em Espanha, não se desse o caso de os espanhóis terem perdido capacidade para se indignarem, deixando essa tarefa para as mulheres.
*Tenho sido assediado por uma espanhola, mas não avanço, porque tenho medo que ela me acuse de violação. Um Homem hoje em dia tem de saber defender-se...



cronicasdorochedo.blogspot.com
17
Jul18

NUNCA TAL ACONTECEU

António Garrochinho



NUNCA TAL ACONTECEU, E O QUE ACONTECE AGORA NADA MAIS É DO QUE A PROVA DE QUE A HUMANIDADE, A QUE OBEDECE, É TÃO LOUCA COMO OS QUE A GOVERNAM.

TRUMP. PUTIN, E OS OUTROS PROTAGONISTAS GOZAM COM O MUNDO E FAZEM DOS HUMANOS RELES BICHOS DE ENTRETENHA.

A SUBSTITUIR A "GUERRA FRIA" AGORA TEMOS A GUERRA DOS "GOZÕES ALDRABÕES".

A CADA SEGUNDO E PARA MIM, NUMA INEXPLICÁVEL FORMA DE FAZER POLÍTICA, TODA A IMPRENSA ANDA À VOLTA DOS GRANDES DONOS DO MUNDO ONDE SE FAZEM AFIRMAÇÕES, ACUSAÇÕES, QUE SE NÃO FOSSEM NADA MAIS DO QUE A VONTADE DE GOZAR COM A CARA DA HUMANIDADE, MOSTRANDO O QUE PODEM FAZER OS GRANDES PROTAGONISTAS DA POLÍTICA INTERNACIONAL QUANDO ABREM A BOCA NOS SEUS JOGOS BELICISTAS E DE DOMÍNIO DO MUNDO, DIZIA: SE NÃO FOSSE ISTO UM JOGO DO GRANDE PODER QUE COMPORTA MISÉRIA, GUERRAS E VIDAS, EU ATÉ ACHAVA ENGRAÇADO A MANEIRA COMO SE PODE DAR ALGUMA ATENÇÃO A ESTA GENTE.

A GRANDE CONFUSÃO PREMEDITADA, A NOVA MANEIRA DE FAZER O MUNDO ANDAR COM A CABEÇA À RODA SEGUINDO O QUE DIZEM OS SENHORES DA GUERRA É HOJE O QUE HÁ UNS ANOS ACHARÍAMOS IMPENSÁVEL.

SEI QUE DÁ DINHEIRO PARA A IMPRENSA, TELEVISÕES E TAMBÉM SEI QUE ELES SE DIVERTEM COM TODA ESTA "ESTRATÉGIA" E ASSIM FAZEM A SUA PASSAGEM PELO PLANETA COMPLETAMENTE IMPUNES, FAZENDO DOS HOMENS (INFERIORES) UM TRAPO SEM QUALQUER VALOR, ENQUANTO SE SACIAM NOS SEUS LUXOS E CRIMES.


António Garrochinho

17
Jul18

FALECEU JOÃO SEMEDO

António Garrochinho

Foi dirigente do Bloco de Esquerda.

Aderiu ao PCP  em 1972, através da União de Estudantes Comunistas, cuja Comissão Central integrou, participando em atividades de agitação e propaganda e também no apoio aos funcionários clandestinos. Foi eleito para a direção da Associação de Estudantes e chegou a ser preso em 1973 quando distribuía panfletos a exigir eleições livres. Acabou por passar duas semanas preso em Caxias, recusando-se a assinar o documento elaborado pela PIDE a confessar atividades subversivas e a comprometer-se a abandoná-las.

17
Jul18

17 de Julho de 1936: Início da Guerra Civil Espanhola com a insurreição das forças instaladas em Melilla, contra o poder republicano

António Garrochinho


A guarnição espanhola de Melilla subleva-se contra o governo republicano no dia 17 de Julho de 1936. É o começo de uma guerra civil de três anos e um prelúdio aos horrores da Segunda Guerra Mundial. A acção do dia 17 de Julho que tentou derrubar o governo republicano, no entanto, foi derrotada parcialmente. No entanto, causou profunda crise política no governo. Mais tarde, o decorrer dos factos deu abertura para o estabelecimento do regime franquista, que permaneceu no poder em Espanha até 1975.

A jovem república espanhola era à época vítima de uma espiral de violência, resultado da instabilidade política, tendo como consequência várias centenas de mortos. Poucos meses antes, a Frente Popular, em 16 de Fevereiro, conquistava uma vitória eleitoral e o confronto tornou-se inevitável após o assassinato do deputado monárquico José Calvo Sotelo em 13 de Julho.

A sublevação militar, chamada de “Glorioso Movimiento”  para os seus chefes, era resultado de um plano preparado minuciosamente por um longo período. A principal inspiração foi o general  Emilio Mola, ex-chefe de polícia e que se tornou governador militar de Pamplona, região de pequenos proprietários de terra carlistas e católicos, ferozmente hostis à República, a Navarra.

No dia seguinte, Franco deixa o seu posto nas Ilhas Canárias e viaja secretamente para Melilla, desembarcando dois dias mais tarde na Andaluzia com as suas tropas. Tratava-se essencialmente de marroquinos muçulmanos ou "mouros" e soldados da Legião Estrangeira. Guarnições de muitas das grandes cidades também se sublevam, mas uma boa parte do exército permanece fiel ao governo.

Em três dias, os rebeldes "nacionalistas" tomam a Galiza e a Velha-Castela, perto da fronteira com Portugal, bem como parte de Navarra, Leão e Astúrias. Em Navarra e Aragão, os insurgentes beneficiam do apoio das milícias carlistas, os requetés. Eram camponeses-soldados bem treinados, católicos fervorosos e entusiasmados monárquicos. O carlismo era um movimento político tradicionalista de carácter antiliberal e contra revolucionário surgido na Espanha no século XIX.

Os nacionalistas conseguem penetrar também na Andaluzia, Córdova, Granada e Cádis, com a ajuda de batalhões mouros e de unidades da Legião. Contudo, em Barcelona, são repelidos pelas milícias operárias. Fracassam também em Valência e no Levante Mediterrâneo.

Os nacionalistas contavam com uma rápida rendição do governo, porém grandes cidades  escapavam-lhes ao controlo – Madrid, Barcelona, Valência. Elas conseguiram manter-se principalmente no Sul com a ajuda de tropas marroquinas.

O general Mola projecta então tomar Madrid fazendo convergir sobre a capital quatro colunas de tropas, combinando a sua acção com a insurreição de civis madrilenos, supostamente partidários do governo mas na verdade favoráveis ao ‘Movimento’. Era o que a história consagrou como a Quinta Coluna.

A manobra, porém, fracassa diante da mobilização inesperada da população. A capital permanece em mãos das tropas legalistas comandadas pelo general. Ao cabo dos 3 dias de Julho - 18, 19 e 20 de Julho – a Espanha emerge dividida em dois, com uma ligeira vantagem do governo, que mantém sob o seu controlo as principais zonas industriais, bem como 14 milhões de habitantes contra 10,5  milhões dos insurgentes. Era o início da guerra civil.
A guerra civil prolongou-se durante dois anos e meio, opondo exércitos de mais de 800 mil homens em cada lado, com apoio activo do estrangeiro. E, ao internacionalizar-se, iria servir de ensaio para a guerra que se iria travar na Europa contra o nazismo e o fascismo. Com efeito, a Alemanha nazi iria testar em Espanha algumas das suas armas mais modernas, inclusive em Guernica que se tornaria símbolo do terror nazi.

Um dado a considerar no resultado da guerra civil espanhola é que nas vésperas do golpe de Estado militar de Franco, as divisões da Frente Popular e os excessos da ultra-esquerda eram latentes.

A frente de esquerda tinha a legitimidade das urnas para levar adiante uma revolução social. Contudo a acção de pequenos grupos que enveredaram para a pilhagem e os assassinatos, especialmente no Norte, debilitaram-na. Entre esses grupos destacaram-se a Confederación Nacional del Trabajo e Federación Anarchista Iberica, ambas anarquistas e o Partido Obrero de Unificaciòn Marxista de ultra-esquerda.

Os militantes do POUM eram vistos com hostilidade pelo Partido Comunista Espanhol. Essas rivalidades entre os partidos de esquerda atingiriam o auge em Barcelona em 1937 quando ocorreram violentos embates fratricidas. Esses episódios enfraqueceram gravemente o campo republicano durante anos.
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)

As facções em luta no início do conflito (Verão de 1936); a zona nacionalista está em azul, a republicana a vermelho, e o verde expressa os avanços dos nacionalistas.


17
Jul18

17 de Julho de 1793: Charlotte Corday, a mulher que assassinou Marat, é guilhotinada

António Garrochinho


Charlotte de Corday nasceu em Saint-Saturnin-des-Ligneries, na Normandia a 27 de Julho de 1768 e morreu guilhotinada em Paris em 17 de Julho de 1793.


Marie-Anne Charlotte de Corday d'Armont, descendente de uma família da pequena aristocracia da Normandia, foi educada na abadia da Trindade de Caen, de acordo com os valores tradicionais da aristocracia - o sentido de honra e a consciência do estatuto social - e no respeito da instituição monárquica, influenciada pelas Luzes e pelo Iluminismo católico, centrado no culto do Sagrado Coração de Jesus, que dava muita importância a uma fé vivida individualmente. 


Aceitou bem os primeiros acontecimentos da Revolução Francesa, como o seu pai que foi eleito presidente da câmara de Mesnil-Imbert em 1789, assim como a maior parte da pequena e média aristocracia francesa. 

A deriva radical da Revolução, a partir de Março de 1793, leva-a a entrar na luta política, sobretudo quando os Girondinos, considerados revolucionários moderados, foram expulsos em 2 de Junho da Convenção. Charlotte Corday conheceu alguns deputados que, ameaçados de prisão se refugiaram em Caen, onde Charlotte continuava a residir após ter acabado a sua educação, onde dirigiam apelos à insurreição da população francesa.


Para estes revolucionários moderados Jean-Paul Marat, o jornalista redactor do jornal jacobino L'Ami du Peuple, deputado radical, considerado o principal responsável pela queda dos Girondinos, era a incarnação da violência revolucionária. Doente, Marat defendia intransigentemente o Terrorismo jacobino, que se baseava na denúncia sem provas dos «maus» cidadãos e da sua rápida execução


Charlotte Corday chegou a Paris a 11 de Julho de 1793, encontrando-se nesse mesmo dia com o deputado girondino Lauze de Perret, que seria guilhotinado em Outubro. A reunião serviu para Corday pedir ao deputado que lhe conseguisse uma reunião com o ministro do interior, para pedir uma pensão para uma amiga a viver na abadia da Trindade. A reunião nunca se realizará. No dia seguinte escreverá o panfleto Adresse aux Français, em que justificou os seus actos futuros.


No dia 13 de Julho logo pelas oito da manhã Charlotte Corday dirigiu-se ao Palais-Royal onde comprou uma faca de cabo negro, apanhou um fiacre, atravessou o rio e dirigiu-se para o bairro de  Saint-Germain, onde vivia Marat. Não conseguindo ser recebida pelo jornalista, escreveu-lhe um carta onde afirmava ter importantes revelações a fazer sobre a insurreição federalista. Tendo regressado a casa de Marat às sete horas da tarde, e não conseguindo novamente ser recebida, criou um pequeno tumulto que atraiu Marat, que a fez entrar no seu gabinete onde a tomar banho, aproveitava para corrigir o último número do jornal que dirigia. É nesse momento que mata Marat. Presa imediatamente, será julgada nos dias 16 e 17 de Julho, sendo condenada à morte e executada imediatamente.


O seu acto totalmente premeditado visou defender a legalidade, como afirmou na sua proclamação: «que o reino da lei suceda à anarquia, que a paz, a união, a fraternidade, faça desaparecer qualquer ideia de fação. Ó França o teu repouso depende da execução da lei». Esta posição liga-a ao movimento federalista normando, que exigia o regresso à ordem, o respeito das identidades locais, da lei e da propriedade, e que contestava o poder politico de Paris e do clube jacobino, e afasta-a dos grupos contra-revolucionários, não sendo claramente a monárquica radical que foi o rótulo que os jacobinos e a historiografia lhe colaram.


O acto de Charlotte Corday teve consequências devastadoras. Os girondinos, acusados de organizarem o atentado foram perseguidos, e quando presos rapidamente executados. Os clubes políticos femininos foram proibidos e fechados, e Olympe de Gouges, autora da Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne [Declaração dos direitos da mulher e da cidadã] foi presa em 20 de Julho,sendo guilhotinada posteriormente. 


Wikipedia (Imagens)
Arquivo: Charlotte Corday.PNG
Charlotte Corday - Jean-Jacques Hauer

Ficheiro:Charlotte Corday.jpg
Charlotte Corday depois de matar Marat - Paul-Jacques-Aimé Baudry 



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António Garrochinho

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