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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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21
Jul18

PCP preocupado com Bombeiros Voluntários de Monchique

António Garrochinho


O deputado Paulo Sá eleito pelo Algarve, integrado num grupo de militantes comunistas, visitou a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Monchique, tendo-se inteirado dos problemas que a afetam no que diz respeito a recursos humanos e a pagamentos em atraso.
A Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Monchique dispõe de 22 bombeiros contratados e de 40 bombeiros voluntários.
“Estes bombeiros são insuficientes para assegurar todos os turnos durante todos os dias da semana. De acordo com a informação recolhida pela delegação do PCP, para assegurar um funcionamento pleno, a Associação precisa de contratar mais 17 bombeiros. Contudo, a Associação não dispõe de meios financeiros para a contratação destes bombeiros em falta e debate-se com dificuldades no recrutamento de bombeiros voluntários”, explica o PCP.
Tal como noutras Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntárias, também a de Monchique recebe do INEM uma verba que não cobre integralmente as despesas com a manutenção de um serviço de emergência permanente.
“Diversas entidades do Serviço Nacional de Saúde têm pagamentos em atraso à Associação. Por exemplo, à data da vista da delegação do PCP, o IPO tinha uma dívida superior a 20.000 euros relativa a serviços prestados há 7 meses.”
As Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários assumem um papel central no Sistema de Proteção Civil, desenvolvendo uma importante atividade de socorro a feridos e doentes, de combate a incêndios e de transporte de doentes, devendo contar, por parte do Estado, de um merecido reconhecimento e dos necessários apoios.
Assim, o Grupo Parlamentar do PCP, por intermédio do deputado Paulo Sá, questionou o Ministro da Administração Interna, dirigindo-lhe as seguintes perguntas:
Reconhece o Governo que a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Monchique não dispõe de um número suficiente de bombeiros, circunstância que reduz a sua operacionalidade e capacidade de intervenção?
Tenciona o Governo reforçar o apoio financeiro à Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Monchique, permitindo-lhe contratar mais bombeiros e, dessa forma, melhorar a sua operacionalidade e capacidade de intervenção?
Como justifica o Governo os atrasos recorrentes nos pagamentos à Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Monchique, por parte entidades do Serviço Nacional de Saúde? Que medidas serão tomadas para garantir que esses pagamentos são feitos atempadamente?



regiao-sul.pt


21
Jul18

Os filtros de uploads são fascistas

António Garrochinho



Ainda não consigo perceber como é que um governo suportado por um partido que teve como dirigentes Mário Soares, Jorge Sampaio, ou António Guterres propôs que os uploads de mais de 500 milhões de habitantes da UE passassem a ser sujeitos uma vistoria prévia que é apenas a antecâmara da censura automatizada

Senhor primeiro-ministro de Portugal,
Um dia virá em que uma qualquer organização movida por um elevado estado de pureza lhe há de mover um processo por atentado contra o ecossistema sempre que colocar um cravo na lapela. O meu grau de pureza é muito inferior ao propalado por essas organizações, e obviamente não tenho pretensões a ter nome de santo ou de rua, mas até consigo compreender a lógica da coima que eventualmente lhe venham a aplicar num futuro próximo: que culpa têm os cravos pela ditadura que se viveu até 24 de abril de 1974? Que sentido faz o sacrifício de flores inocentes para celebrar a liberdade? Por que é que não se começa a festejar o 25 de abril com cravos de papel reciclado que podem ser guardados de ano para ano ou até emprestados a outras pessoas quando alguém deixa de acreditar na liberdade?
Os argumentos têm uma lógica quase matemática, mas, lamento desapontar santidades, gurus espirituais e donos do bem absoluto, a razão que me leva a escrever esta carta aberta a um governante é outra: senhor primeiro-ministro, é verdade que foi o governo português que propôs o uso de filtros de uploads durante a redação da futura diretiva europeia dos direitos de autor?
Até acredito que o dr. António Costa tenha mais em que pensar ou que ache estas coisas dos computadores e da Internet uma maçada que só interessa a uns tipos com uns óculos foscos que têm a mania de apertar a camisa até ao último botão, mas deixe-me dizer-lhe que a questão é suficiente para o levar a reconsiderar se é merecedor de colocar um cravo na lapela no próximo 25 de abril. É que simplesmente não é possível continuar a celebrar a liberdade num dia e defender a amputação da liberdade em todos os 365 dias de todos os anos vindouros. É uma incongruência bem mais perigosa que uma potencialmente bem-intencionada proibição do sacrifício de cravos por questões de ambientais – e, pior que isso, sinto vergonha de saber que o governo do meu país foi um dos proponentes do uso de filtros que poderão vir a inspecionar previamente os conteúdos que os internautas colocam no Facebook, no Dropbox, no Twitter, no Instagram, ou no site da escola secundária ou até no Portal do Governo.
Ainda não consigo perceber como é que um governo suportado por um partido que teve como dirigentes Mário Soares, Jorge Sampaio, ou António Guterres propôs que os uploads de mais de 500 milhões de habitantes da UE passassem a ser sujeitos a uma vistoria prévia que é apenas a antecâmara da censura automatizada. Lamento, por muito que me esforce, não percebo, e acredite que desta vez não é a minha limitada inteligência que me impede de perceber – mas sim a iniquidade de um artigo numa diretiva europeia que faz prevalecer um direito económico de uma indústria sobre os direitos mais elementares dos cidadãos.
Não costumo publicar opiniões sobre notícias que escrevo para evitar a confusão entre opinião e informação, mas desta vez seria mau cidadão se não abrisse a exceção. Porque é uma liberdade elementar que está em causa. E é no desrespeito das liberdades mais pequenas que se revelam as ditaduras mais atrozes.
Em liberdade, os pensamentos, as ideias ou os conteúdos dos cidadãos não são vistoriados antes de serem publicados ou proferidos perante outras pessoas. Em liberdade, só depois de publicar o que não devia é que o cidadão é interditado e/ou punido. A calúnia, a mentira, a xenofobia, e outras enormidades que as redes sociais regurgitam todos os dias continuam por aí - mas as autoridades nacionais dos estados democráticos só as bloqueiam depois de publicadas. Sem este pormenor não há liberdade nem democracia que resistam.
Pois bem, Mark Zuckerberg teve de ir a comités parlamentares em Estrasburgo e Washington para explicar como é que uma rede social pode condicionar as eleições de um país, mas, que me recorde ninguém se lembrou de impor ao Facebook, por via legal ou política, filtros que bloqueiam discursos de ódio. E depois dos holofotes mediáticos se desligarem, tudo continua mais ou menos na mesma. O Facebook prometeu encontrar mecanismos que evitam fugas de dados pessoais e até fake news, ao mesmo tempo que mantém em funcionamento os filtros que impedem a publicação de imagens de corpos nus. Nalguns casos, esta filtragem chega ao absurdo de impedir a publicação de imagens de estátuas com corpos de humanos desnudados - mas foi uma escolha da Facebook aplicar esse tipo de filtro. E fê-lo ao abrigo da liberdade económica, que lhe permite determinar como é que uma ferramenta que disponibiliza ao público pode ser usada. As pessoas que não concordam com esta filtragem têm sempre uma opção: usar outra rede social que não tenha este tipo de restrições.
Curiosamente, a indústria da música e do cinema não teve de fazer aquela figura de menino bem comportado apanhado a roubar os bolinhos da avó como Mark Zuckerberg fez quando se desdobrou em desculpas perante os vários deputados europeus. Bastou que três governos (um deles o português) aprovassem em Conselho Europeu a tal emenda que dá pelo nome de artigo 13º e que prevê o uso de filtros de uploads, que só deixam publicar um determinado link na Internet se a ferramenta automatizada que vier a ser criada não detetar qualquer cópia pirata ou infração aos direitos de autor.
Note-se bem: até à data, nunca houve uma imposição legal e externa que leve à aplicação de filtros que impedem que sites, apps e redes sociais disseminem pornografia infantil, conteúdos neonazis, propaganda do Daesh, sabotagem económica, ou fake news - mas uma parte do Parlamento Europeu não parece ter prurido em levar em frente a aplicação de filtros que impedem a ilegalidade antes de ser cometida, em nome dos direitos de autor e no interesse de indústrias que, felizmente, souberam ganhar importantes batalhas contra a pirataria e têm visto as suas receitas crescer nos últimos anos (a indústria cinematográfica fechou 2017 com um recorde de bilheteiras superior a 40 mil milhões de dólares, quase o dobro dos 23 mil milhões de 2005; a indústria da música registou no mesmo ano um crescimento anual superior a 8%).
Como é que nenhum dos deputados que aprovaram em comissão parlamentar o 13º artigo da futura diretiva questionou a legitimidade de um filtro que opera de forma automática com base nas coordenadas fornecidas pelas sociedades de gestão de direitos de autor é algo que me escapa. Acredito que todos esses eurodeputados tenham uma intenção tão louvável quanto aquela que um dia nos impedirá de usar cravos em abril, mas também não me admira nada que, para o público em geral, que apenas quer continuar a distribuir links com os videoclipes da Rihanna ou até de temas de Miles Davis cujos direitos de distribuição já caducaram, este artigo 13º seja encarado como um enorme frete político a uma das mais poderosas indústrias mundiais.
Entre os dias 3 e 5 de julho, o plenário com os 750 deputados do Parlamento Europeu será chamado a pronunciar-se novamente sobre a proposta de diretiva europeia dos direitos de autor. Os críticos da diretiva acreditam que podem travar o processo se conseguirem, pelo menos, 76 votos contra a atribuição de um mandato ao Parlamento Europeu para fechar com a Comissão Europeia e o Conselho Europeu a redação final da diretiva. Caso se registem 76 votos contra, todo o plenário de eurodeputados poderá voltar a inserir alterações na futura diretiva.
Tal como se encontra neste momento, o artigo 13º já não tem o mesmo estilo impositivo, que resultou da proposta dos governos de Portugal, Espanha e França. A comissão de assuntos jurídicos do Parlamento Europeu diluiu o caráter de obrigatoriedade, recordando mais de uma vez a necessidade de manter o equilíbrio entre direitos e garantias elementares e os direitos dos autores e produtores de entretenimento – mas deixa o uso de filtros de uploads como uma possibilidade, que pode tornar-se obrigatória dentro da margem de manobra que costuma ser dada aos estados-membros quando transpõem diretivas.
Não sei se o sr. primeiro-ministro leva à letra mais estrita os direitos de autor ou se a futura diretiva vai ter o tratamento parcimonioso que mereceram a Diretiva de Cibersegurança ou o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) que já rebentaram os prazos de transposição para as leis nacionais, mas tenho a certeza de que é possível ser contra a pirataria ao mesmo tempo que se é contra os filtros de uploads.
E também não tenho dúvidas de que é chegada a hora de as plataformas que operam na Internet começarem a partilhar receitas com a indústria da música e dos filmes. Mas esse é um acordo que tem de ser feito algures entre Hollywood e Silicon Valley, entre Sony e Facebook, ou Warner Bros e Google, e não à custa de direitos elementares dos cidadãos europeus.
Portugal foi um dos pioneiros na aplicação de memorandos antipirataria que bloqueiam sites piratas, depois de identificados pela indústria e devidamente vistoriados pela Inspeção Geral Atividades Culturais (IGAC). Podia ser populista e dizer que estou contra esse bloqueio prévio só para alimentar a esperança de muitos internautas que estão desejosos de verem os conteúdos que quiserem sem limites e sem custos, mas não estaria a ser justo nem razoável.
No caso dos bloqueios, há uma entidade gerida pelo Estado que verifica que há direitos de autor que foram violados; há uma lógica quantitativa que é tida em conta e que impede que se faça o bloqueio de todo um site só porque contém um link pirata avulso ou inadvertido; nenhuma das comunicações dos internautas é vistoriada previamente; e mais importante que tudo: o bloqueio não é aplicado de forma automática por um algoritmo que é definido, eventualmente em reuniões à porta fechada, entre uma rede social e uma sociedade que representa autores, distribuidores ou produtores (mas que curiosamente não pode fazer valer os direitos de todos os autores e produtores que não são seus associados).
Haverá quem ache que o direito de livre circulação na Internet ficou prejudicado com o memorando antipirataria português, mas só quem nunca visitou os sites bloqueados (que em 99% dos casos apenas se limitam a fazer dinheiro com os conteúdos alheios) é que poderá achar que se trata de uma medida desproporcional ou que é legítimo retirar às pessoas ou às empresas o direito de decidirem como é que querem comercializar aquilo que produzem.
O site x não tem autorização para fazer streaming?, então bloqueia-se o site, se se confirmar essa violação da lei. Neste exemplo que acabo de dar, nem sequer a liberdade de expressão é colocada em causa – a menos que consideremos que a liberdade de se apropriar das criações alheias é também uma forma de expressão. (Algo me diz que quase todos os defensores da cópia livre se tornam acérrimos defensores dos direitos de autor quando lhes perguntam se se importam que alguém fique com o fruto dos seus trabalhos sem ter de pagar nada em troca… é um belo exercício que aconselho todos fazerem, antes de mandarem bitaites sobre a liberdade de acesso aos bens culturais).
Nos filtros de uploads, o caso é bem diferente: as comunicações do internauta são sujeitas à vistoria dos filtros, independentemente de disponibilizarem ou não músicas ou vídeos protegidos por direitos de autor. Isso, sim, é tão perturbador como ter alguém nos CTT a ler as cartas de todos remetentes em busca de excertos piratas das obras de Agustina Bessa Luís ou Philip Roth. Não é suposto acontecer num regime democrático. E nem sequer em nome dos direitos de autor. Até porque a rábula é conhecida: hoje são os direitos de autor – e amanhã serão as fotos com a Torre Eiffel porque também têm direitos de autor, e depois serão as piadas de mau gosto porque ofendem os mais fracos, e depois os poemas obscenos e eróticos porque há quem não goste do tema, e depois serão as religiões estrangeiras porque são estrangeiras, e depois as posições políticas estapafúrdias porque são fora do comum, e depois outras posições políticas cheias de senso comum, porque não dão jeito ao governo ou à elite económica, e por fim até os sites cor-de-rosa que têm princesas serão bloqueados, mesmo que haja meninos e meninas que querem ser princesas. Só para que se perceba onde é que esta mania da justiça “bit por bit, byte por byte” vai acabar, aproveito para recordar: as ditaduras nazis e comunistas também tinham a mania das purezas e da depuração de palavras conspurcadas.
Tecnologicamente, todas estas filtragens que mencionei acima são possíveis – e nalguns casos são mesmo muito fáceis de fazer - , mas de nada adianta culpar a tecnologia. Entregar a vistoria de uploads a um algoritmo será sempre uma decisão de humanos. E essa é a única razão por que se pode dizer com elevado grau de certeza que é uma decisão estúpida. Pelo que, no próximo 25 de abril, quando o Parlamento Europeu previsivelmente já terá aprovado a nova diretiva europeia para os direitos de autor, vou estar atento ao que traz na lapela, sr. primeiro-ministro.
NOTA: os defensores do artigo 13º e dos filtros de uploads poderão criticar este texto por não mencionar o artigo da futura diretiva europeia dos direitos que obriga as plataformas tecnológicas a ressarcirem os meios de comunicação social por cada link de notícias disseminado. Apesar de ser igualmente polémico, não é por trabalhar num meio de comunicação social que não faço uma única crítica ao artigo 11º neste texto. Esse mesmo artigo 11º não põe em causa direitos fundamentais. Apenas exige que as plataformas tecnológicas que hoje exploram receitas publicitárias à boleia dos textos produzidos por jornais, rádios e canais de TV partilhem parte dos respetivos lucros. Também não considero correto chamar ao artigo 11º uma taxa do link, como alguns críticos da diretiva dizem, pois os custos têm de ser suportados pelas plataformas tecnológicas e não pelos cidadãos.




exameinformatica.sapo.pt
21
Jul18

Quando a direita temeu as mudanças prometidas pelo Serviço Cívico Obrigatório

António Garrochinho





Nos últimos anos Sofia Leite tem realizado algumas das melhores reportagens a que temos assistido na RTP. Embora apresentadas quase sigilosamente no segundo canal, elas dão do país um retrato rigoroso e objetivo, quer no passado que volta a revisitar, quer no presente aonde continuam vivos os efeitos dos acontecimentos em causa.
Em vésperas da comemoração do 25 de abril foi-nos disponibilizado o documentário  clique no título a vermelho para o (a)levar ao vídeo «Dos Livros para a Enxada», sobre o Serviço Cívico cumprido por muitos dos jovens, que tinham acabado de concluir o ensino secundário e não encontravam vaga nas universidades. Os governos provisórios viram-se, então, confrontados com o dobro das candidaturas ao ensino superior em relação às verificadas anteriormente não estando as universidades preparadas para tão grande afluxo. A alternativa era propiciar-lhes o contacto com o país real, integrando brigadas  destinadas a construírem escolas, montarem bibliotecas, darem informações ou fazerem inquéritos sobre a saúde das populações, ou apoiarem os esforços de Michel Giacometti na recolha de canções, rezas, alfaias e outras ferramentas de trabalho, que enriquecessem o conhecimento patrimonial do país.
A ideia fora de Vitorino Magalhães Godinho e teve aplicação efetiva no verão quente de 1975, quando a direita criava um clima de guerra civil contra os partidos e os movimentos de esquerda. Por essa altura  Durão Barroso, já então arrivista a buscar notoriedade através de ações terroristas com as cores do MRPP, quis-se distinguir como opositor dessas campanhas, hoje vistas com enorme saudade por quem integrou tal esforço e pelas populações, que as recordam como momentos muito importantes nas suas vidas.
O Museu do Trabalho em Setúbal é o exemplo vivo de quanto se ganhou com essas campanhas, que providenciaram muitos dos objetos então coletados com esse objetivo. E os registos sonoros das entrevistas então concretizadas são documentos históricos de uma riqueza inestimável.
A reportagem dá conta dos boicotes, dos boatos e de outras manifestações de hostilidade de padres e caciques locais, que  difundiam as maiores absurdidades quanto ás intenções daqueles barbudos e daquelas raparigas modernaças, que lhes invadiam as aldeias. Mas, a mais de quarenta anos de distância, quem olha para as fotografias, os filmes ou registos sonoros então recolhidos só pode reconhecer quão diferente se tornou a realidade. Por muito que apareça quem diga tudo ter constituído milagre da Senhora de Fátima ou da súbita lembrança de Deus sobre um povo até então por ele esquecido.



21
Jul18

Um incêndio florestal que lavrou junto à A12, na zona de Palmela, levou vários condutores a fazerem a inversão do sentido de marcha, entrando emcontramão na auto-estrada, no sentido Palmela-Lisboa.

António Garrochinho





Incêndio junto à A12 em Palmela leva condutores a guiar em contramão 

Fogo florestal lavra junto à Autoestrada. 

VÍDEO






Imagens exclusivas obtidas pelo CM mostram condutores a fazer inversão do sentido da marcha na autoestrada que liga a Ponte Vasco da Gama a Setúbal. 

Nas redes sociais, surgiram também vídeos que mostram os condutores a parar e a voltar para trás em plena auto-estrada. Segundo os bombeiros do Pinhal Novo, o alerta chegou por volta das 16h10, para um fogo junto a Lagoa da Palha, no Pinhal Novo 

Pelas 19h30 estavam no local estão 94 homens, acompanhados por 32 viaturas, e dois meios aéreos no combate ao fogo. 

O fogo foi dado como extinto por vola das 19h40. 

Incêndio leva condutores a fazer inversão de marcha na A12 Fogo florestal está a deflagrar na zona de Palmela. Foto Direitos Reservados De acordo com o comando geral da GNR, pelas 18h30 a A12 estava transitável, encontrando-se apenas suspensa a circulação da faixa mais à direita no sentido Sul-Norte, devido ao fumo. Esta situação leva ao acumular do trânsito, que chegou à zona da Marateca. 

O trânsito foi começando a normalizar ao início da noite. 

A auto-estrada 12 chegou a estar cortada temporariamente a meio da tarde, para regularizar a circulação de viaturas em contramão – que representava um grande perigo, mas sem registo de acidentes. As pessoas entraram em contramão por modo próprio, provavelmente por receio, devido ao fumo, mas nenhuma autoridade deu essa ordem. 

A GNR está no local a monitorizar toda a situação. 


O fumo continua muito intenso na zona, onde persistem vários focos de incêndio. GNR faz apelo a condutores A GNR apelou este sábado aos condutores para que não parem -  e muito menos façam inversão e marcha - nas auto-estradas. Perante uma situação de incêndio, os condutores devem prosseguir a viagem no sentido habitual, a menos que alguma autoridade presente no local lhes dê indicações em contrário. 

GNR fala à CMTV sobre incêndio em Palmela e dá conselho a condutores 

VÍDEO



Capitão da Guarda Nacional Republicana aconselha condutores a evitar comportamentos registados em futuras situações semelhantes. O perigo que representam as viaturas paradas ou em contramão na auto-estrada é considerado muito maior, devido ao risco de acidente, do que eventuais danos que possam ser causados pelo fogo ou pelo fumo. As autoridades recomendam que se reduza a velocidade, se redobre a atenção, mas que os condutores prossigam no sentido habitual da circulação.

 https://www.cmjornal.pt

21
Jul18

FREGUESIA DE SANTA BÁRBARA DE NEXE - Bordeira - | "TerraXama" no Festival BCultural 2018

António Garrochinho
O Festival B Cultural acontece em Bordeira / Faro. É um evento cultural pluridisciplinar com programação moderna que procura fundir os costumes e saberes tradicionais às novas tendências culturais. O Concerto dos "TerraXama" realiza-se dia 11 de agosto, sábado, às 22h00 - 23h30, com participação especial de André Capela (sopros).
Por entre os caminhos, os cantos e os sons do tempo e da Terra. TerraXama, música do grande caldeirão mediterrânico e das 3 culturas que aí se instalaram, a Cristã, Judaica e Árabe
TerraXama apresenta-se como uma banda de world music com uma sonoridade inspirada na memória reinventada do canto da Alma que atravessa os tempos, fruto da diversidade e riqueza do grande caldeirão cultural que foi e é a bacia mediterrânica e das interações entre as três culturas predominantes, judaica, cristã e islâmica. Apresenta um concerto onde se recriam ambientes da música antiga trovadoresca, sefardita e islâmica, lado a lado com temas da tradição oral ibérica, cigana ou balcânica. Estes elementos sonoros, poéticos e imaginários inspiram o grupo na composição de originais onde se cruzam diferentes línguas e dialectos, ritmos de origens diversas, raízes distantes mas interligadas.
Um concerto de TerraXama é uma viagem sonora e emocional pelas nossas memórias colectivas, um remexer de raízes antigas, um continuar de caminhos ancestrais mas vivos dentro de nós. 
As diferentes fusões entre instrumentos modernos como as guitarras portuguesas de José Alegre, com as percussões étnicas tradicionais de Rui Afonso, o harmónio indiano e a voz e interpretação intensa de Cátia Alhandra, definem a caraterística essencial do som de TerraXama. A inclusão de músicos convidados permite não só o enriquecimento interior do grupo pela troca de experiências como também dar a cada concerto um caracter único e diferenciado pela inclusão de novos timbres, sonoridades e sensibilidades artísticas.
Fonte: Associação Valoriz'artTerraXama


www.maisalgarve.pt
21
Jul18

VOLTA AO ALGARVE DE AUTOCARAVANA - Cacela Velha: nómadas por terras árabes

António Garrochinho

Uma autovivenda, 1000 quilómetros em ziguezague, sem GPS, sem Internet nem auto-estradas. Na mão, o mapa da Rede de Acolhimento ao Autocaravanismo no Algarve, a única do género no país. A volta ao extremo sul começa em Cacela Velha e termina em São Marcos da Serra.






RUTE BARBEDO (Texto e fotos)



Há duas camas em casa e a lei permite tirar uma sesta. Uma são os bancos traseiros, que se estendem formando um colchão; outra é uma plataforma que desce desde o tejadilho. A segunda é capaz de ser melhor, porque as vistas de cima são sempre mais vagas, desmanchadas, panorâmicas. Afastando a pequena cortina com o dedo, lá está ela, a ria Formosa, com a luz a bater-lhe de chofre, fazendo riscos sempre que encontra a areia. Cacela Velha é essa ideia de afastar uma cortina com o dedo e ver de repente uma aldeia em contraste, equilibrada num forte sobre a Formosa e o Mediterrâneo. Impossível, para quem vinha na nacional 125 a admirar restaurantes de chicken piri-piri, cartazes de protesto contra os buracos na estrada e pensões decadentes dos anos 1980.

Viajar de autocaravana dá para ver tudo. Primeiro, porque, mais uma vez, vai-se no alto. Depois, porque se vai lento, ao som do tilintar das – poucas – panelas. De motor desligado, é nas manhãs que se sente a sobrevivência. Ou porque o sol nasce violento, porque um galho bate à janela parecendo a GNR ou a chuva soa a balas sobre a chapa gasta. Tudo volta a ser elementar, do número de talheres ao peso do vestuário, mesmo se é preciso fazer de casacos almofadas. Nos últimos minutos de cochilo, um cão ladra sozinho no Largo Ibn Darraj Al-Qastalli e um barulho estranho vem do Poço Antigo, o lugar do bairro islâmico criado no século XII, fora das muralhas, para acolher a população que crescia.

“Encontrámos 100 indivíduos.” Nenhum vivo. Era o que nos haveria de explicar Maria João Valente, investigadora da Universidade do Algarve, que participa nas escavações arqueológicas em Cacela Velha, em conjunto com a Direcção Regional de Cultura e a Simon Fraser University, com o apoio da autarquia local. Começaram no dia 18 de Junho, vêm aos grupos de 30 e põem à vista uma “pequena Pompeia”, como gosta de exagerar Maria João, falando dos vestígios cerâmicos, botânicos e biológicos que ajudam a reconstruir o passado do “primeiro lugar a ser reconquistado pelos cristãos no Algarve”, mas que ainda cheira a tempo islâmico.





Dormidores informais

Se 100 dormiam debaixo da terra de Cacela, por cima nenhuma autocaravana pode pernoitar. Não podem, mas no descampado do parque de estacionamento, proibido a casas móveis por um sinal de trânsito, estão quatro. Saem delas luzes azuis, espaciais, que não estão nos poemas de al-Abdari nem de al-Qastalli, que aqui viveram. A maior, de matrícula espanhola, tem uma antena parabólica a apontar para os astros. “A caravana é mesmo para isto. No dia em que tivermos de programar tudo e cumprir regras, devolvo-a ao meu pai”, resolve o condutor andaluz. Ao lado, dois portugueses preparam-se para abrir uma garrafa de vinho. “Nós vimos o sinal, mas ignorámo-lo”, assumem.


O problema do autocaravanismo selvagem, como é apelidado, não é novo, e tem várias faces. De um lado está a filosofia de mobilidade e a ligação genética ao natural. Do outro, a necessidade de regulamentar o sector devido ao mau uso dessa liberdade, com consequências sobretudo ambientais (pelo despejo de águas químicas e lixo em locais inapropriados).


Só nas áreas de serviço e parques de autocaravanismo acompanhadas pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, o número de veículos aumentou de 13.027 para 43.460 entre 2012 e o ano passado. Mas a massa será muito maior, contando com parques de campismo tradicionais, áreas de serviço não licenciadas e um grande volume de “dormidas informais”.

“A informalidade acontece sobretudo em parques de estacionamento, falésias, junto às praias, aos canaviais”, regista Alexandre Domingues, da CCDR Algarve. Mas é crime? Há quem aponte vazios na legislação, mas as autarquias têm intervindo cada vez mais na regulamentação dos concelhos. No caso de Vila Real de Santo António, dormir sem licença é ilegal. “É necessário garantir condições de higiene e segurança para o despejo dos esgotos, o abastecimento de água potável e electricidade”, defende André Oliveira, coordenador de Áreas de Serviço de Autocaravanas do município, adiantando que, “devido ao aumento da pressão turística promovido pelo grande aumento de autocaravanistas”, prevê-se que em Setembro um novo regulamento venha garantir “um maior conforto para os autocaravanistas” mas também “diminuir o autocaravanismo selvagem”.

 Quem, ainda assim, insiste em ficar fora dos parques (ver “Onde dormir”) tem alternativa. Deve enviar um requerimento ao presidente da câmara com pelo menos 60 dias de margem a identificar o quando, o onde e o porquê do acampamento; anexar uma planta de localização à escala de 1:5000; prever o número de hóspedes, tendas, caravanas ou autocaravanas que virão; e apresentar uma autorização do proprietário do terreno a ocupar. E isto é válido apenas para “actividades/eventos de média a grande escala”, esclarece André Oliveira. Talvez o interesse em passar uma noite junto a uma alfarrobeira não seja assim tão intenso para a maioria dos viajantes.



Como chegar
Cacela Velha fica numa saída, à direita, da Estrada Nacional 125, entre Tavira (a cerca de 10 km) e Vila Real de Santo António.


“Pássaros migratórios”
“Se aparecesse um tipo a dormir à beira da estrada, tudo bem, mas são às centenas”, enquadra José Brito, também da CCDR Algarve, para justificar a necessidade de “trazer estas pessoas que andam mais soltas para as áreas de pernoita”. Há mais de dez anos que o problema se intensifica em diferentes pontos da região, onde o lixo se acumula mas também não existem alternativas interessantes para os caravanistas. Os responsáveis desta CCDR apontam o desinteresse pelo sector, que ainda é visto como um turismo de baixo consumo mas também como concorrente directo da hotelaria.




Onde dormir
Além dos parques de campismo da ria Formosa e de Monte Gordo, existem os parques de autocaravanas da Manta Rota e da Muralha. As áreas de serviço para autocaravanas são locais onde é permitido pernoitar, normalmente dotadas de ligação a água, electricidade e zonas de despejo de águas. Nem todos os parques do país estão em espaços naturais, o que pode tornar o caravanismo numa prática de alcatrão pouco convidativa e sem grande espaço em relação ao vizinho. O Parque da Manta Rota, por exemplo, tem capacidade para 100 a 120 veículos. Ainda assim, fica junto à praia, numa zona arborizada. Encerra de 1 de Julho a 14 de Setembro.

No entanto, este segmento “é incomparavelmente mais interessante do que o típico turismo dos ingleses em Albufeira”, mesmo do ângulo económico, a avaliar pelos muitos milhares de euros que custam algumas caravanas. Por outro lado, permite dinamizar a região fora da “época alta” e das zonas de maior concentração turística.



Neste mês de Junho em que andamos na estrada, quando as noites caíram quentes sobre Cacela, é a época baixa dos nómadas sobre rodas. É de Outubro a Abril que se dá um desfile de autocaravanas no Sul do país. São os novos “pássaros migratórios”, como classifica Alexandre Domingues. Vêm do Norte da Europa gozar a reforma; ficam dois, quatro, sete meses longe da neve. Esta noite, são oito faróis apagados a ver as estrelas. E nómada que é nómada amanhã já não está cá.





www.publico.pt



21
Jul18

ARTUR PASTOR - ALGARVE ANTIGO

António Garrochinho
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Monte Gordo, décadas de 60/70.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Monte Gordo, décadas de 60/70.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Salema, décadas de 50/60.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Salema, décadas de 50/60.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Salema, décadas de 40/50.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Salema, décadas de 40/50.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Quarteira, década de 40.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Quarteira, década de 40.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Quarteira, décadas de 40/50.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Quarteira, décadas de 40/50.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Quarteira, décadas de 40/50.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Quarteira, décadas de 40/50.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Quartreira, décadas de 40/50.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Quartreira, décadas de 40/50.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, décadas de 40/50.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, décadas de 40/50.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Quarteira, décadas de 40/50.
Série “Portugal Litoral”. Algarve, Quarteira, décadas de 40/50.
21
Jul18

UM VÍDEO ESPECTACULAR UMA FILMAGEM COM DRONE QUE MOSTRA A ILUSÃO DE CASCATA SUBAQUÁTICA NAS ILHAS MAURÍCIO

António Garrochinho


Nós já postamos antes sobre a incrível ilusão da cachoeira na costa da Maurícia. Não, não é na verdade uma cachoeira, mas pode parecer uma se vista de cima! A ilusão é causada pelas trilhas de areia no fundo do mar sendo arrastadas pela água entre a abertura dos recifes. O cinegrafista ReubenMRU voou um drone sobre a ilha para mostrar como fenômeno natural é percebido em vídeo, já que até hoje existiam apenas fotos.

VÍDEO

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21
Jul18

A história do Boeing 747 que partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdão teve tramoia

António Garrochinho




A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia
Com os acidentes aéreos acontecem duas circunstâncias que permanecem na retina de todos os que não estavam dentro do avião. Em primeiro lugar, o terror de imaginar o momento anterior em que o avião cai até o fatal desfecho. Em segundo, as imagens posteriores do acidente. Mas o desastre ocorrido em Amsterdã em 1992 segrega uma terceira conjuntura, quando ocultou um fato gravíssimo da opinião pública e que, ademais, segundo algumas lendas urbanas, sentou as bases para um dos maiores atentados terroristas da história.


A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia
Ocorreu no domingo, 4 de outubro. Naquele dia, o vôo 1862, um avião de carga Boeing 747, da El Al, vinha de Nova York com destino a Tel Aviv uma vez que tinha parado no aeroporto de Schiphol, em Amsterdã. Precisamente foi ao aeroporto, para reabastecer, onde os engenheiros notaram que um dos motores não parecia estar situado corretamente. Depois, durante o vôo, a tripulação percebeu até três falhas subsequentes.

O vôo decolou às 18:20 de Schiphol, e quase de imediato começou a reportar problemas. Um par de minutos depois perdeu dois motores de um lado. Durante os últimos momentos do vôo, os controladores tentaram de forma desesperada contatar os pilotos do avião. Naquela época, os controladores de Schiphol trabalhavam em um edifício fechado em Schiphol-East, não na torre de controle atual.

A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia

A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia
4X-AXG, o avião envolvido seis semanas antes do acidente.
No entanto, às 18:35 a torre de controle informou aos controladores com uma mensagem poucas vezes dada: "Acabou!". Nesse momento, uma grande coluna de fumaça que emanava da cena do acidente era visível a partir da torre de controle. A aeronave tinha desaparecido do radar e os controladores informaram que o avião foi localizado pela última vez a 1,5 quilômetros a oeste de Weesp, e o pessoal de emergência foi imediatamente para averiguar onde tinha acontecido o acidente.

Às 18:35 o avião se precipitou do céu, espatifando-se contra um complexo de apartamentos de grande altura no bairro de Bijlmermeer. O Boeing explodiu imediatamente em uma grande bola de fogo, o que proporcionou a queda parcial do conjunto, destruindo dezenas de apartamentos.

A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia

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Perspectiva do acidente.
Só para que tenhamos façamos uma ideia do impacto, a cabine se deteve ao leste dos prédios, entre o próprio edifício e o viaduto de uma linha de metrô de Amsterdã. A cauda rompeu-se em vários pedaços e voou atingindo e destruindo a grande velocidade tudo o que tinha na sua passagem.

No momento do acidente, dois polícias estavam em Bijlmermeer investigando uma denúncia de roubo. Eles foram algumas das testemunhas do horror ao vivo: o Boeing caía sem remédio e de imediato soaram todos os alarmes.
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A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia
Os primeiros caminhões de bombeiros e serviços de resgate chegaram poucos minutos depois do acidente. As autoridades aconselharam os hospitais próximos que se preparassem para centenas de baixas. Os apartamentos, destruídos e ardendo, eram habitados em sua maioria por imigrantes ilegais, e o número de mortos era difícil de calcular nas horas posteriores ao desastre.

Segundo contaram os bombeiros à imprensa, os primeiros em chegar encontraram um fogo que se estendia rapidamente em proporções gigantescas e que consumia os 10 andares dos edifícios de uns 120 metros de largura. Não teve sobreviventes no ponto de choque.

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Unicamente conseguiram escapar os que viviam nos lados do edifício. De fato, nos fatídicos primeiros minutos as autoridades informaram ter visto pessoas saltando pelas janelas do prédio para escapar do incêndio.

Nos dias posteriores ao desastre recuperaram os corpos das vítimas e os restos do avião que foram levados a Schiphol para análise. O desastre cobrou a vida de 43 pessoas e, curiosamente, a maioria estava em terra, já que se tratava-se de um avião de carga. Faleceram os quatro ocupantes do avião e 39 pessoas na área do edifício. Contudo, foi um número consideravelmente menor que o esperado: a polícia estimou originalmente um número de mortos de mais de 200 pessoas.
A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia


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A sorte fez com que no momento do acidente muitas vítimas potenciais não estivessem em casa, segundo muitos, possivelmente, devido ao bom clima da fatídica data. As causas oficiais do acidente foram falhas de desenho nos suportes dos motores e fadiga do metal. A Boeing redesenhou então todos seus modelos 747.

No entanto, algo errado não estava certo. A carga do avião foi objeto de ampla especulação nos seis anos seguintes ao acidente. Parte da mídia suspeitava que algo não quadrava devido ao local do acidente ter sido isolado com acesso limitado a equipes de busca não-holandesas usando equipamentos de proteção semelhantes a roupas espaciais.

A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia

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A princípio, o boato era de que havia materiais radioativos a bordo, e os vestígios radioativos continuavam a tilintar os contadores Geiger muito depois do local ser vistoriado. O governo holandês aceitou a explicação do governo israelense de que contrapesos radioativos estavam presentes em todos os primeiros modelos dos 747.

A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia

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Ocorreu que durante anos depois do acidente, muitos moradores perto do local do acidente reclamaram de doenças misteriosas. Um relatório publicado pelo Ministério da Saúde da Holanda mostrou que os médicos locais acreditavam que até 300 moradores poderiam estar sofrendo os efeitos causados pelo desastre.

O que ninguém ficou sabendo durante um tempo, foi que os representantes da El Al entregaram às autoridades holandesas um manifesto de carga revisado que, segundo as fontes, incluía uma variedade de materiais anteriormente não divulgados. Por alguma razão inexplicável, as autoridades holandesas concordaram em manter os segredos de Israel.

A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia

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Finalmente, em 1998, o jornal holandês NRC Handelsblad informou ter obtido documentos confirmando que quando o vôo da El Al caiu, tinha a bordo 190 litros de dimetil metilfosfonato, um produto químico usado para produzir Sarin, o gás nervoso usado para efeitos mortais por membros de um culto religioso no sistema de metrô de Tóquio e ilegal sob todos os tratados internacionais dos quais Israel é signatário.

Para livrar a cara, Israel declarou que o material não era tóxico, que devia ser utilizado para testar filtros que protegem contra armas químicas, e que fora incluído claramente no manifesto de carga em conformidade com as normas internacionais. Mas tem mais: três dos quatro principais componentes necessários para a produção de Sarin estavam no avião.
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A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia
Apesar do fato de Israel acusar quase todos os países que considera inimigo do desenvolvimento de armas químicas e biológicas, nunca reconheceu seus próprios programas para desenvolver armas de destruição em massa. No entanto, um biólogo que já ocupou um posto sênior em inteligência israelense disse que - "... não havia uma única forma conhecida ou desconhecida de arma química ou biológica que não fosse fabricada no instituto biológico israelense em Nes Zionna", destino do referido material.

O fato de que nenhum desses detalhes foi abordado na grande mídia ocidental parece ser um forte testemunho do poder do lobby dos EUA por Israel, que, ao que parece, permite ao governo israelense acabar com qualquer coisa, inclusive utilizando armas químicas de destruição em massa.

A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia

A história do dia que um Boeing 747 partiu em dois um conjunto habitacional em Amsterdã tem tramoia
Monumento de homenagem às vítimas.
De fato, ademais, há uma lenda urbana que conta que este acidente serviu de inspiração para Al Qaeda e os atentados das Torres Gêmeas de 11 de setembro, uma década depois, porque demonstrava claramente o poder destrutivo do combustível de avião pois o impacto em si foi o de menos, o incêndio posterior e sua extensão desembestaram a verdadeira catástrofe já que o avião estava completamente carregado.

Como aprendemos recentemente, com o advento das redes sociais ocupando o quarto poder, a mídia convencional é uma das maiores propulsoras das notícias falsas (ou verdades ocultas), desde que os homens, que exercem podres poderes, possam pagar. Está certo, foi um jornal que denunciou a história, mas quantos outros não encheram suas burras para ficarem calados?



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21
Jul18

Britânico é flagrado dirigindo um carro com um alicate e sentado em um balde de metal

António Garrochinho





Britânico é flagrado dirigindo um carro com um alicate e sentado em um balde de metal
Imaginar que alguém use um veículo todo esbodegado para cruzar as ruas de uma cidade na Inglaterra parece surreal e notícia falsa mas não é.

Se você pensou que precisava de um volante para dirigir um carro, deixe essa história ser um exemplo do oposto. Um homem em Norfolk, na Inglaterra, foi flagrado pela polícia dirigindo um carro usando um balde de metal como assento e um alicate de pressão como volante.
Britânico é flagrado dirigindo um carro com um alicate e sentado em um balde de metal
A primeira coisa que chamou a atenção dos policiais que patrulhavam as ruas de King's Lynn, em Norfolk, foi o estado desgastado do carro que aquele homem estava dirigindo. Não tinha capô lateral, pára-choques ou faróis e, para completar, também tinha um pneu furado. Dificilmente o que você chamaria de carro, mas isso não era nada comparado ao que aguardava os oficiais lá dentro.
Britânico é flagrado dirigindo um carro com um alicate e sentado em um balde de metal
O motorista atrás do, definitivamente, não-volante deste carro de aparência deplorável estava realmente sentado em um balde de metal de cabeça para baixo e dirigindo o veículo com um alicate de pressão. Não havia nenhum odômetro ou medidor... para falar a verdade a coisa mal tinha um painel. Mas hei, o motor funcionava como um reloginho. Então quem precisa desses acessórios supérfluos? Né?
Britânico é flagrado dirigindo um carro com um alicate e sentado em um balde de metal
Como dá para imaginar, os próprios policiais ficaram bem chocados com a visão, e embora o post subsequente na mídiasocial não tenha mencionado as multas ou sanções ao motorista infrator, eles disseram que havia uma lista enorme de infrações.
Britânico é flagrado dirigindo um carro com um alicate e sentado em um balde de metal
Jon Parker, um oficial da Polícia de Norfolk, chamou o veículo batido de "o carro mais fora de estrada que já vi".


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21
Jul18

PUDERA ! - Sócrates defende Manuel Pinho e acusa os deputados de “deslealdade”

António Garrochinho

Num artigo de opinião publicado este sábado no Expresso, José Sócrates defende o ex-ministro das críticas de que tem sido alvo por ter optado pelo silêncio no Parlamento

Num artigo de opinião intitulado "Esgar de Rejeição", publicado na edição deste sábado do Expresso, o antigo primeiro-ministro José Sócrates defende Manuel Pinho, que foi esta semana criticado por se ter esquivado a responder aos deputados sobre as suas ligações ao universo BES/GES.
Sócrates acusa os deputados de "deslealdade", uma vez que Manuel Pinho só tinha aceite ir ao Parlamento na condição de não responder a questões que estão sob investigação do Ministério Público.
Sem nunca referir nomes, Sócrates ataca o líder do PSD, Rui Rio, e o líder parlamentar do PS, Carlos César, por terem criticado o silêncio de Pinho.
"Um líder político resolve expor, resplandecente, a sua política de justiça: se um cidadão reclama o direito a defender-se apenas depois de conhecer a acusação, já nem precisamos de o ouvir mais, escusa de cá vir outra vez, o silêncio condena-o imediatamente", escreve Sócrates, referindo-se a Rio.
"Ainda nesse dia, é possível ouvir um líder parlamentar dizer que o convidado, que se limitou a cumprir o que combinou e a aguentar a deslealdade parlamentar, não se sabe comportar", critica, numa referência a Carlos César
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expresso.sapo.pt
21
Jul18

Cheira bem no stand de móveis de madeira do senhor Sobral na FACECO

António Garrochinho


Artesão da madeira traz à FACECO móveis feitos à mão com madeiras de vários tipo e sempre de formas orgânicas

Manuel José Sobral pegou em 20 toneladas de madeira dos cedros abatidos ao longo das estradas nacionais, no concelho de Odemira, e está a transformá-las em móveis de formas orgânicas, que constrói à mão.
Até ao próximo domingo, dia 22 de Julho, os seus móveis e artesanato em madeira podem ser vistos, comprados, encomendados e até cheirados – a madeira de cedro cheira tão bem! – na FACECO – Feira das Atividades Culturais e Económicas do Concelho de Odemira, que está a decorrer em São Teotónio.
No meio do seu stand, logo à entrada do pavilhão do artesanato – e onde só estão presentes artesãos odemirenses -, está uma enorme mesa, feita de madeiras de casquinha e cedro. Mas há também armários, louceiros, com portas decoradas com placas de cortiça ou fatias de troncos de madeiras variadas, espelhos, cadeiras, bancos, cómodas e até um cadeirão feito em choupo, que não esconde as formas retorcidas da árvore de origem.
A maior parte da madeira de cedro comprou-a no enorme concelho de Odemira. «Abateram os cedros todos ao rés das estradas. Só eu comprei 20 toneladas de cedro, mas havia paus de mil e tal quilos», contou ao Sul Informação.
Manuel José Sobral, que tem a sua oficina nas Malhadinhas, perto de Vila Nova de Milfontes, tem 51 anos e começou a trabalhar aos 13. «Ganhava 5 euros por mês», nessa altura, recorda. «Muitas coisas aprendi às minhas custas, ia vendo, ia tentando fazer», explica.
Os seus móveis são vendidos no concelho, mas também tem gente que vem de fora para os comprar. Os nós da madeira, as formas retorcidas dos troncos, as diferentes texturas e cores, tudo isso é aproveitado para dar um toque diferente e orgânico a cada móvel que faz. «Nunca faço nada igual ao que fiz antes. A madeira às vezes pede outras coisas…»
O marceneiro leva um dia a fazer uma mesa como a que agora apresenta na FACECO. Por ano, faz «mais de 20 móveis».
É que Manuel José Sobral tem outro negócio: as casas de madeira, de vários formatos e tamanhos, que produz com madeiras tratadas que importa da Alemanha e da Suécia. Na sua oficina trabalha ele e mais dois.
E há quem queira aprender o ofício de marceneiro e carpinteiro? «Hoje em dia quem é que quer aprender alguma coisa?», interroga, em jeito de resposta.
Se quiser conhecer o trabalho de mestre Manuel José Sobral, só tem que visitar a FACECO até ao próximo domingo, 22 de Julho. Esta sexta-feira, primeiro dia do certame, a feira está aberta até à meia noite. Amanhã e domingo abre às 11h00, fechando à meia noite sábado e às 22h00 no último dia.

Manuel José Sobral – MJS Artesanato
Malhadinhas, Vila Nova de Milfontes
Telemóvel: 965085324

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação
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21
Jul18

CONCENTRAÇÃO MOTARD DE FARO ARRANCOU NA "PAZ DOS ANJOS" - FOTOGALERIA

António Garrochinho



A 37ª edição da Concentração Internacional de Motos de Faro arrancou esta quinta-feira e o primeiro dia (e noite) ficou marcado por um ambiente de boa disposição.  Desde os mais excêntricos aos mais contidos, dos mais velhos aos mais novos, todos tiveram a oportunidade de aproveitar o dia quente, conhecer o recinto e as suas atividades como a feira, o bike show, animação de rua e assistir aos concertos. À noite, Vítor Bacalhau teve a honra de inaugurar o palco principal, seguido da banda de reggae Quem é o Bob?.

Fotos: Gonçalo Dourado e Rui Santos/Sul Informação

FOTOGALERIA



































































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21
Jul18

O QUE ANDA A HUMANIDADE A FAZER A SI PRÓPRIA? por Luísa Lobão Moniz

António Garrochinho




Por toda a parte se fazem ouvir vozes, em vários idiomas e às vezes em vários silêncios, para que o mundo se torne mais aprazível, mais justo, mais informado e mais conhecedor do valor da vida.

Já todos os povos se organizaram e já se fizeram ouvir através de armas rudimentares, do silvo das balas, de pedras contra montras “capitalistas”, de bombas…

Todos eles queriam lutar por melhores condições de vida individual e colectiva, muitos foram presos, torturados, mortos pelos poderes político e económico.

A Humanidade não é ignorante, sabe da injustiça que se vive quando, por segundo, morrem e são maltratadas crianças, mulheres e homens por todo o mundo. Sabe que não tem que ser assim. Sabe que não podem ser separadas, à força, 2000 crianças dos seus pais que tiveram a coragem de sair do seu país, por causa da fome que mata.

A Humanidade não é insensível a esta barbaridade, mas onde está a onda de solidariedade semelhante à que surgiu com os 12 meninos tailandeses que ficaram presos numa gruta?

Sabemos que a comunicação social sabe moldar habilmente a opinião pública. Todos os dias rádios, televisões, jornais, revistas…traziam fotografias e testemunhos do que se estava a passar dentro da gruta. Pergunto: durante quanto tempo vimos as 2000 crianças mexicanas agarradas às grades das gaiolas onde estavam presas?

A voz da Humanidade mal se fez ouvir, apesar do barulho do seu pensamento!

A Humanidade sabe que a forma como os povos escolheram viver, como a organização que criaram para haver Poder e Submissão é injusta e, agora, de difícil transformação.

A dificuldade pode ser superada se todas as vozes das ruas se juntarem numa causa comum e global.

Pelo que conhecemos da vida dos Povos não há sistemas perfeitos e a Humanidade terá sempre necessidade de ter voz activa e consciente para não se deixar agrilhoar, para que  a economia, o território e a ignorância sejam donos de um poder que permita que os homens e as mulheres sejam discriminados, que os sem abrigo, e os que incomodam  deixem de fazer parte do campo visual das suas mentes.

Morrer debilitado física e psicologicamente enquanto outros mandam sem critérios de justiça e levantam muros à sua volta para não serem incomodados é indigno da Humanidade!

É urgente que os povos se unam para que a esperança não seja uma palavra sem sentido!

Seremos capazes de promover e de militar nesta causa?





aviagemdosargonautas.net
21
Jul18

O capitalismo em estado de guerra civil

António Garrochinho

(José Goulão, in AbrilAbril, 19/07/2018)


(Excelente análise da situação política internacional. Afinal, Trump é tudo menos estúpido, ou pelo menos é muito menos estúpido do que aqueles que acham que ele o é.
Comentário da Estátua, 20/07/2018)

A ordem mundial – chamemos-lhe assim, por comodidade – monolítica e unipolar, nascida nos escombros do muro de Berlim, e consolidada através do cada vez mais misterioso atentado de 11 de Setembro de 2001, está à beira do fim.
Atribuir o funesto desenlace de um sistema que fica como espelho da ortodoxia neoliberal aos maus humores de Donald Trump, à sua embirração com a senhora Merkel, à falta de polimento congénita e à mais do que comprovada tendência autoritária é uma explicação apenas ao alcance de indigentes mentais. Só as cabeças que se deixaram formatar pela quadratura neoliberal, a arte de transformar a ausência de reflexão e de ideias em pensamento único, podem alinhar numa tese tão desfasada da realidade.
«é importante não avaliar [Trump] pelo seu aspecto grotesco, pela boçalidade dos seus dizeres, mas pelo caminho que vai traçando entre contradições susceptíveis de ser apenas aparentes ou pouco determinantes quanto ao essencial»
Observar o presidente dos Estados Unidos da América passar um atestado de óbito à União Europeia, vê-lo desqualificar a elite governante da NATO, sentar-se ao lado do presidente da Rússia com o desejo declarado de iniciar uma nova relação entre Washington e Moscovo não pode ser uma questão humoral; nem subjectiva; nem um delírio. Tem que haver causas objectivas.
Uma delas é, com toda a certeza, o facto de o capitalismo ter entrado em estado de guerra civil. O que pode ser uma coisa boa, porque exibe cruamente o esgotamento do espírito e da letra do catecismo neoliberal; mas pode ser também uma coisa péssima, porque as contradições capitalistas, quando levadas ao extremo, são capazes de conduzir a confrontos sanguinários como a Primeira Guerra Mundial. Onde as vítimas não foram as desavindas elites mas os povos obrigados a sacrificar-se por elas como carne para canhão.
Entretanto, à escala global, os movimentos sociais, a mobilização dos trabalhadores contra um sistema que os isola para melhor os escravizar e a envergadura das esquerdas políticas consequentes estão longe de conseguir abrir caminho para impor uma alternativa democrática e popular tirando proveito dos ajustes de contas entre as castas dominantes.
Ao invés, afirmam-se cada vez mais poderosas as forças autoritárias que, aproveitando-se de uma convergência de circunstâncias sociais nefastas geradas pela mistificação neoliberal, queimam etapas restaurando cenários evocativos das mais horríveis memórias históricas. Forças essas que arrastam sectores humanos mobilizáveis por genuínos movimentos sociais – se os houvesse com poder – nas suas dinâmicas de enganos.
É neste quadro que surge a figura inusitada de Trump. Que é importante não avaliar pelo seu aspecto grotesco, pela boçalidade dos seus dizeres, mas pelo caminho que vai traçando entre contradições susceptíveis de ser apenas aparentes ou pouco determinantes quanto ao essencial.

Um homem do establishment

E o essencial é: Donald Trump é um homem do establishment governante norte-americano, que tem uma amplitude transnacional consolidada pela mundialização de teor anglo-saxónico. Porém, o establishment ecoa agora o esgotamento da ortodoxia neoliberal, enovelada em crises atrás de crises, pelo que a guerra civil do capitalismo passa pelo meio dele. Assim sendo, o clima de confronto, de ajuste de contas, difunde-se inevitavelmente através do capitalismo universal.
Em termos muito genéricos, tende a explicar-se que o grande confronto se trava entre o capitalismo produtivo, politicamente entrincheirado nos nacionalismos, autoritarismos e outras antecâmeras do fascismo, e o capitalismo financeiro ainda reinante, por muito que projecte sucessivas imagens de decadência. No fundo estão em confronto duas formas de conservar o domínio neoliberal, emergindo a que é autoritária sem disfarce face ao esgotamento da que continua a invocar o primado da democracia – embora cada vez menos. Não será necessário lembrar que tanto o capitalismo produtivo como o financeiro são tanto mais compensatórios para as minorias que os cultivam quanto mais limitados forem os direitos das maiorias.
Trump representa, ou pretende representar, os interesses do capitalismo produtivo e daí o seu alinhamento com as correntes nacionalistas e restauracionistas, mais «viradas para dentro», para o desenvolvimento interno – o que o conduz ao confronto com as múltiplas instâncias da gestão global. E, sobretudo, com as elites políticas e burocráticas ao serviço destas, seja na União Europeia, na NATO, na ONU, na componente transnacional do establishment.

A União Europeia foi despedida

As frentes desta guerra civil são ainda fluidas e têm fronteiras muito difusas: não se enfrentam nações, mas diferentes conceitos de ordem internacional e interpretações dissonantes sobre as vias mais eficazes de o capitalismo cumprir as metas de obtenção dos lucros máximos.
O presidente dos Estados Unidos da América não esconde que a União Europeia passou a ser «um inimigo» – apesar de se manter «um aliado», desde que submetido à ordem militar da NATO – enquanto rejeita agora tratar a Rússia como «adversário», embora mantenha com este país uma tensão militar de alto risco.
As amostras do comportamento de Donald Trump e dos interesses que representa em relação à União Europeia não permitem ainda identificar a sua estratégia para tentar desmantelar o «inimigo/aliado», mas confirmam a animosidade latente. O presidente norte-americano desafiou Emmanuel Macron a retirar a França da União Europeia, em troca de relações económicas e comerciais privilegiadas; mantém a intriga pressionante sobre os conservadores britânicos, de modo a que o Brexit se concretize sem hesitações; interferiu, através de enviados próprios, na formação do actual governo italiano, matizando-o com forte atitude anti-europeísta.
«o grande confronto trava-se entre o capitalismo produtivo, politicamente entrincheirado nos nacionalismos, autoritarismos e outras antecâmeras do fascismo, e o capitalismo financeiro ainda reinante, por muito que projecte sucessivas imagens de decadência.»
Estas deixas seriam suficientes para os dirigentes e os governos europeus, pelo menos aqueles que ainda têm ilusões de soberania, reflectissem sobre o que é realmente a União Europeia, agora que todas as máscaras se dissolveram. Ficou a descoberto a sua essência de sempre: a de não passar de uma serventuária dos objectivos de dominação que orientam o establishment de raízes norte-americanas – até que um dia este, ou parte dele, a olhasse como estorvo.
Esse dia chegou.
Várias estratégias imperiais definidas em Washington, entre elas a «teoria do caos» que está na base da ordem mundial agora em decomposição, estabeleceram o dogma segundo o qual nenhuma potência ou aliança de países, mesmo «aliadas», poderia elevar-se a um patamar suficiente para rivalizar com o poder imperial norte-americano. A União Europeia e suas antecessoras a isto se confirmaram como regra fundamental do jogo, tornando os seus povos vítimas dela.
Os tão celebrados «pais fundadores» não conseguiram ter visão mais brilhante de futuro do que a criação dos «Estados Unidos da Europa»; e os federalistas seus herdeiros – que perseguem esse objectivo através de manobras tanto às claras como clandestinas – melhor não conseguiram almejar. E eis que a União Europeia se mostra hoje ao mundo tal como é: um apêndice imperial infectado na hora em que precisa de ser extirpado.

A NATO como polícia das riquezas mundiais

Consta, porém, que a já célebre sentença proferida por Trump em relação à administração de Berlim não se destinava prioritariamente a atingir a senhora Merkel mas sim a burocracia da NATO e o seu actual chefe, o falcão norueguês Stoltenberg. Em termos gerais, dando como exemplo a Alemanha, o presidente norte-americano deixou a mensagem que não se podem recolher as vantagens económicas resultantes de ser «amigo» da Rússia e, ao mesmo tempo, ter alguém a sustentar as obrigações militares de ser «inimigo» de Moscovo. Isto é, já é tempo de a NATO redefinir prioridades, o que não se consegue aprovando esboços de declarações finais elaborados previamente e antes do fim de uma reunião deliberativa, como aconteceu na recente cimeira. E todos os «aliados» terão que contribuir com as verbas estipuladas por Washington. Ao que os súbditos, ainda que insultados e humilhados, anuíram humildemente.
O que estará a acontecer para tamanhas desavenças nas cúpulas capitalistas globais, partindo do princípio de que a truculência de Trump e a eternização da crise não justificam tudo?
Em primeiro lugar, o que terá levado a que os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia anunciassem um novo começo nas relações entre os dois países, coisa que ainda não passa de mera intenção verbalizada?
«A guerra civil capitalista tem, por isso, a sua principal batalha no interior do poder político e económico norte-americano, onde a nova administração pretende substituir as cliques instaladas – bipartidárias num sistema que funciona como de partido único – pelas suas próprias clientelas.»
Diz-se nos bastidores mais afectos a Trump que este terá ficado perturbado com a envergadura do potencial confronto entre as duas potências a que poderia ter conduzido o ataque com mísseis de cruzeiro contra a Síria, em Abril último. Não só os resultados alcançados foram de êxito muito duvidoso como a operação, e outras realizadas nos últimos tempos, confirmaram a eficácia elevada de alguns novos engenhos militares russos.
A situação terá reforçado a atracção do presidente norte-americano pelo nacionalismo e até pelas teses não-intervencionistas defendidas pelo ex-candidato presidencial Ron Paul, um neoliberal puro e duro, porém orientado pela necessidade de recuperação do poderio económico interno dos Estados Unidos. Teses estas que, sem qualquer dúvida, tornam inconvenientes o chamado «comércio livre», grandes investimentos e dispêndios no exterior. Daí até à crucificação da União Europeia e à tentativa de revisão dos objectivos prioritários da NATO, provavelmente a orientar mais como polícia das riquezas naturais e jazidas de matérias-primas estratégicas disseminadas pelo mundo, foi um pequeno passo.
«Encontrar-me-ão no caminho dos que tentam iniciar a Terceira Guerra Mundial», declarou Trump em Helsínquia, após o encontro com Putin, confirmando aparentemente que os dois presidentes nacionalistas convergiram nas suas «Tordesilhas externas» para se dedicarem prioritariamente aos assuntos internos de cada qual.

A clivagem, o confronto e a oportunidade

Inevitavelmente, uma viragem deste tipo provoca uma clivagem brutal no establishment e no chamado «Estado profundo» norte-americano, onde a elite burocrática instalada e os interesses por ela favorecidos – designadamente o lobbyarmamentista – rejeitam liminarmente tais inflexões estratégicas.
A guerra civil capitalista tem, por isso, a sua principal batalha no interior do poder político e económico norte-americano, onde a nova administração pretende substituir as cliques instaladas – bipartidárias num sistema que funciona como de partido único – pelas suas próprias clientelas.
Não se estranha, por isso, que as castas policiais e dos serviços secretos tenham posto a circular, na véspera da cimeira de Helsínquia, as supostas «provas» de que Trump foi eleito pelos serviços secretos russos; ou que o presidente seja acusado de «traição», por sinal pelo senador McCain, o elo de ligação entre o poder político-militar norte-americano e os grupos terroristas mercenários transnacionais, à cabeça dos quais estão a al-Qaida e o Isis ou «Estado Islâmico».
Passo a passo, o presidente norte-americano tenta reforçar o seu peso ideológico, mediático e propagandístico dando poder às suas clientelas, incentivando correntes conservadoras e ultra-conservadoras do país, sobretudo as tendências fundamentalistas religiosas – tanto católicas como evangélicas.
E assim vai aclarando a voz a tenebrosa e reacionária «América profunda», para o mal e para o pior. Por um lado, a elite instalada acusa Trump de ter sido eleito pelos serviços secretos de Putin; por outro lado, de todos os presidentes das últimas décadas, incluindo Ronald Reagan, Donald Trump foi o que perdeu menor percentagem de apoio ao cabo de período comparável de governação. De paradoxo em paradoxo, chegamos ao mais intrigante: este presidente dos Estados Unidos parece agora estar mais disposto a afastar-se da iminência de uma nova guerra mundial do que qualquer dos seus antecessores próximos. Pedra de toque para o futuro a curto prazo: tentar perceber se as frentes russa e da NATO se distanciam uma da outra no Leste da Europa, tal como dizem ter sido negociado entre Trump e Putin.
A guerra civil capitalista está lançada nestes moldes. Quanto aos resultados a proporcionar pela vitória de qualquer dos campos em confronto, por indefinidos que ainda sejam, que venha o diabo e escolha.
O ideal seria mesmo que as forças mundiais da paz, da cidadania, da igualdade e do desenvolvimento social percebessem a oportunidade que está aberta e soubessem tirar proveito destes tempos de explosão das contradições capitalistas.


estatuadesal.com
21
Jul18

21 de Julho de 1798: Napoleão Bonaparte vence a Batalha das Pirâmides

António Garrochinho


No dia 21 de Julho de 1798, não distante das pirâmides de Gizé, o general Napoleão Bonaparte derrota os mamelucos - escravos que geralmente serviam os seus amos como criados domésticos e eventualmente eram usados como soldados pelos califas muçulmanos e pelo Império Otomano - na chamada Batalha das Pirâmides.

Habilmente explorada pela propaganda napoleónica, esta batalha iria dar brilho a um general vencedor, agregando-lhe um toque suplementar de exotismo e de epopeia oriental. Isto não impediu que a expedição do Egipto desembocasse num fiasco militar, o primeiro antes daquele de Santo Domingo, Espanha e Rússia. 

A Pedra de Roseta, posteriormente decifrada por Champollion, foi encontrada durante esta campanha. No entanto, em termos militares, a campanha foi um desastre. Houve desperdício de vidas, de dinheiro e de materiais. Não teve influência na balança do poder internacional.

Esta expedição foi decidida em 1797 pelo governo republicano do Directório após uma série de vitórias na Europa que permitiram à “Grande Nação” francesa atingir as suas “fronteiras naturais” sobre o Reno, mas não vencer a Inglaterra.

O general Napoleão Bonaparte, por força das suas vitórias na Itália, abrigava o sonho de uma expedição oriental que permitisse cortar à Inglaterra o caminho das Índias. O ministro das Relações Exteriores, Talleyrand, partilhava deste sonho. Como consequência, o Directório decide, no começo de 1798, invadir a Confederação Suíça, aliada secular da França, a fim de financiar a futura expedição do Oriente, contando com o tesouro de Berna.

Bonaparte, recentemente nomeado membro do Instituto da França, junta uma plêiade de jovens cientistas, engenheiros, artistas e humanistas. Entre eles o artista aventureiro Vivant Denon, que obtém aos 51 anos a oportunidade da sua vida, o matemático Gaspard Monge e o naturalista Geoffroy Saint-Hilaire.

A frota zarpa de Toulon no dia 19 de Maio com um total de 54 mil homens. Toma de passagem a ilha de Malta. 

Três séculos antes, a ilha havia sido confiada por Carlos V aos Cavaleiros da Ordem Hospitalária de São João de Jerusalém, denominada em seguida de Rhodes e depois de Malta.

Por fim, o corpo expedicionário desembarca em Alexandria no dia 2 de Julho, após ter escapado quase por milagre da perseguição da frota britânica comandada por Nelson. O Egipto, sob a autoridade nominal do sultão de Istambul, era então dominado por uma casta militar, os mamelucos. Apressado em concluir a expedição, Bonaparte dirige-se de Alexandria ao Cairo pelo caminho mais curto, através do deserto.
Chegou enfim o confronto decisivo com as tropas de Mourad Bey, ao lado das pirâmides. A batalha dura apenas duas horas. Com o seu senso de propaganda, o general inventa, a propósito desta jornada, o célebre discurso: “Soldados, pensem que do alto dessas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam!” 
Era o ponto culminante da expedição ao Egipto.

O general Louis Desaix perseguiu os fugitivos até ao Alto Egipto, completando a submissão do país.

Prisioneiro das suas conquistas, Napoleão só queria de lá partir, o mais rápido possível. Isto ocorreria em 8 de Outubro de 1799, quando desembarca em Frejus, localizada na Costa Azul da França. O infeliz exército do Egipto rendeu-se aos ingleses em 31 de Agosto de 1801.


 Fontes: Opera Mundi
 wikipedia (imagens)
Batalha das Pirâmides  - Antoine Jean Gros

Arquivo: Barão Antoine-Jean Gros-batalha Pirâmides 1810.jpg

Arquivo: Louis-François Baron Lejeune 001.jpg
A Batalha das Pirâmides - Louis-François, Barão Lejeune

Arquivo: Francois-Louis-Joseph Watteau 001.jpg
Batalha das Pirâmides - François-Louis-Joseph Watteau 


21
Jul18

21 de Julho de 1899: Nasce o escritor Ernest Hemingway, autor de "Adeus às Armas", Prémio Nobel da Literatura em 1954

António Garrochinho


Ernest Miller Hemingway (21/7/1899-2/7/1961), romancista e contista norte-americano, nasceu em Oak Park, Chicago, e foi educado no liceu local. O pai de Hemingway era médico e transmitiu ao filho o entusiasmo pelos desportos. A mãe insistira para que o filho se dedicasse à música, mas Hemingway resolveu tornar-se jornalista e escritor. Trabalhou inicialmente como repórter para o Kansas City Star 

Em Abril de 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, alistou-se como voluntário, tendo sido colocado numa unidade de ambulâncias na frente italiana. Pouco depois de ter chegado a Itália, foi ferido numa perna e transportado ao hospital da Cruz Vermelha. 

Regressou à América e em 1919 voltou a trabalhar como repórter para o jornal de Toronto Star Weekly . O casamento com Hadley Richardson, em 1921, foi o primeiro dos quatro matrimónios do escritor. Na Europa, Hemingway trabalhou como correspondente. 

Em Paris, para onde partiu em 1922 ao serviço de um jornal canadiano, conheceu Gertrude Stein e frequentou os círculos literários da capital francesa. 

Ali contactou com outros expatriados: Ezra Pound, James Joyce e Scott Fitzgerald. O livro Three Stories and Ten Poems teve uma circulação limitada em Paris (1924) e no ano seguinte foi publicado o livro de contos In Our Time , que recebeu a aprovação dos críticos americanos. 

As primeiras obras de Hemingway revelavam a influência de Ring Lardner e Sherwood Anderson, mas a carreira literária do autor desenvolveu-se fundamentalmente a partir das experiências pessoais que mais o marcaram, entre as quais se destacam a guerra e o jornalismo. 

Em 1926 foi publicado o romance Torrents of Spring , uma paródia do livro de Sherwood Anderson Dark Laughter . No mesmo ano Hemingway publicou The Sun Also Rises (editado na Inglaterra com o título Fiesta ). 

Este romance e o volume de contos que se seguiu ( Men Without Women , 1927) confirmaram a reputação do escritor. A acção de The Sun Also Rises desenrola-se em Paris e tem como protagonista um jornalista americano ferido na guerra. O romance desenvolve muitas das questões centrais da obra de Hemingway. 

Em 1928, divorciado de Hadley e casado com Pauline Pfeiffer, o escritor mudou-se para Key West, na Florida. No final desse ano o pai de Hemingway suicidou-se. 
No romance de 1929, A Farewell to Arms ( Adeus às Armas ), foi retomada a temática da guerra. 

Entretanto as suas viagens a Espanha, África e Cuba revelaram-lhe actividades que considerou símbolos da condição humana: a tourada e a caça. 
Na primeira inspirou-se para escrever Death in the Afternoon (1932), um dos seus melhores livros. Em The Green Hills of Africa ( As Verdes Colinas de África , 1935) descreveu as aventuras de um safari, um tema que retomou em The Snows of Kilimanjaro e The Short Happy Life of Francis Macomber , ambos inseridos na colectânea The First 49 Stories (1938). 

A experiência da guerra voltou a marcar Hemingway quando este partiu para Espanha como correspondente durante a guerra civil espanhola (1936-39). Um dos mais conhecidos romances do escritor, For Whom the Bell Tolls ( Por Quem os Sinos Dobram , 1940), inspirou-se neste episódio. Hemingway escreveu ainda Across the River and Into the Trees ( Na Outra Margem, entre as Árvores , 1950) e The Old Man and The Sea ( O Velho e o Mar ), um breve romance sobre a luta de um pescador cubano contra um peixe gigante. 

O livro, considerado uma parábola da humanidade, valeu a Hemingway o Prémio Nobel da Literatura em 1954. O estilo inovador de Hemingway, que preferiu a economia de linguagem e a palavra depurada aos artifícios literários e à extensa análise psicológica, influenciou as gerações seguintes de escritores americanos. Hemingway, que desejou ser um homem de acção, um artífice em vez de um artista, cultivou um ideal de virilidade, procurando contornar a derrota final da condição humana: a morte. Suicidou-se no dia 2 de Julho de 1961.
Ernest Hemingway. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.
wikipedia(Imagens)



Arquivo: Ernest Hemingway 1950.jpg
Ernest Hemingway na cabine do seu barco Pilar


21
Jul18

INTERVENÇÃO DE JERÓNIMO DE SOUSA NA ASSEMBLEIA DE REPÚBLICA - É preciso fazer escolhas que sirvam os trabalhadores, o povo e o País e isso exige romper com os constrangimentos que o inviabilizam»

António Garrochinho
VÍDEO




Senhor Presidente,Senhor Primeiro-ministro,Senhores membros do governo,Senhoras e senhores deputados,O estado da Nação é o estado de um País em que há avanços mas que precisa de outra política para garantir o seu futuro.

 Foi travada a ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e do povo que estava em curso com a política dos PEC e do Pacto de Agressão da troika e foram tomadas medidas de defesa, reposição e conquista de direitos e de resposta a alguns dos problemas mais imediatos dos trabalhadores e do povo mas as opções feitas pelo actual Governo PS em questões centrais da acção governativa não inverteram o rumo de declínio nacional e submissão aos interesses do capital e às imposições da União Europeia.


 As medidas positivas para os trabalhadores e o povo tomadas nos últimos dois anos e meio não apagam os problemas acumulados em mais de quatro décadas de política de direita mas dão a noção clara do caminho que há a fazer: prosseguir a defesa, reposição e conquista de direitos, levar mais longe a resposta aos problemas dos trabalhadores e do povo, concretizar uma verdadeira política alternativa, patriótica e de esquerda, que responda aos problemas estruturais do País e assegure o seu desenvolvimento soberano. 

 O PCP tem tido um papel decisivo nas conquistas alcançadas nesta nova fase da vida política nacional e mantém a sua determinação de continuar a lutar por todos os avanços que seja possível alcançar no quadro da luta pela política alternativa, patriótica e de esquerda.Luta necessária face à situação do País.Um País atingido pelos graves problemas económicos e sociais decorrentes dum domínio pelos monopólios nacionais e principalmente estrangeiros que cria promiscuidades, gera corrupção, transfere para o estrangeiro o controlo sobre sectores estratégicos e põe fora do País milhares de milhões de euros em dividendos. 

 Problemas que estão presentes nos CTT, na PT, na ANA – Aeroportos que põem os seus lucros à frente do interesse nacional; na privatizada GALP e nos combustíveis com os preços cartelizados; nas rendas excessivas e super lucros da EDP, na drenagem de dinheiro público para a banca, de que é exemplo a nova injecção de capital no Novo Banco.

 Um País marcado pela política que insiste numa legislação laboral favorável à exploração e ao emprego precário e sem direitos, em que o acordo subscrito entre o Governo PS as confederações patronais e a UGT assume particular gravidade com a manutenção da caducidade da contratação colectiva, a recusa da aplicação do princípio do tratamento mais favorável, a introdução de elementos de legitimação da precariedade e formas de desregulação dos horários de trabalho.

 Uma política que projecta para o futuro o aviltante quadro de fracas e curtas pensões de reforma, porque com salários baixos para os jovens de hoje não há reformas dignas na velhice de amanhã.Um País marcado pela política de abandono do interior e do mundo rural com graves consequências para o País, como ficou evidente nas consequências trágicos incêndios de 2017 cuja recuperação está apenas concluída no discurso mas não na realidade das populações. 

 Um País marcado pelo processo de transferência de competências para as autarquias, em que o PSD aceitou dar ao PS o apoio que não tinha sozinho para colocar às costas das autarquias responsabilidades que são do Poder Central, atacando o Poder Local Democrático e pondo em causa a universalidade de direitos sociais.Mas igualmente um País marcado pela obsessão do défice e pela recusa de renegociação da dívida que impedem, entre muitas outras coisas, o investimento público, a melhoria dos serviços públicos e a valorização dos seus trabalhadores.

 A situação na saúde é particularmente preocupante.
 Está em curso uma poderosa operação contra o SNS. Alimentados em grande parte por recursos públicos, os grupos privados da saúde querem continuar a expandir o seu negócio e a aumentar os seus lucros à custa da degradação do SNS, da captura dos seus profissionais e utentes. Lançaram por isso contra o SNS a campanha que está em curso a partir de problemas reais que resultam de décadas de falta de investimento, da falta de pessoal, da falta de capacidade de resposta aos utentes, da ausência das medidas necessárias pelo actual governo. 

 Exige-se que o Governo tome as medidas necessárias de investimento no SNS, de contratação de pessoal, de investimento em equipamentos e infraestruturas, mas também as medidas que ponham fim à gula dos grupos privados, à transformação da saúde num negócio e ao seu financiamento com recursos públicos que têm de estar alocados ao SNS.Na educação a preocupação não é menor.

 Faltam profissionais e investimentos. Exige-se ao Governo que contrate os trabalhadores em falta, que vincule aqueles que estão em situação de precariedade e faça o investimento necessário nas infraestruturas e nos equipamentos escolares.Que garanta como diz a lei do Orçamento do Estado, a contagem integral do tempo de serviço prestado pelos professores e outros trabalhadores com carreiras específicas.Também nos transportes há preocupações sérias que têm de ser encaradas com o aumento do investimento, a adequada manutenção dos equipamentos, a modernização das empresas públicas de transporte e a valorização dos seus trabalhadores. 

Na saúde, na educação e nos transportes, como na protecção social, na ciência e na cultura, na justiça, no apoio aos sectores produtivos e à produção nacional, o investimento público é um aspecto central para ultrapassar os graves problemas com que o País continua confrontado.Problemas que continuam a ser ampliados pelas consequências da submissão às imposições da União Europeia. O Governo cumpre zelosamente as imposições da União Europeia contrárias ao interesse nacional à espera de que isso seja compensado com soluções que nunca chegarão de uma União Europeia mais preocupada em acentuar a sua dinâmica neoliberal, militarista e federalista.

 Senhor Presidente,Senhor Primeiro-ministro,Senhores membros do governo,Senhoras e senhores deputados,É preciso fazer escolhas.

 Escolhas que sirvam os trabalhadores, o povo e o País e isso exige romper com os constrangimentos que inviabilizam o desenvolvimento do País, como o da submissão ao Euro e do serviço de uma dívida insustentável que vai sugar 35 mil milhões de euros em juros até 2022.

 Escolhas que exigem canalizar a margem de crescimento económico para áreas como o investimento, a defesa da produção nacional e para o reforço dos serviços públicos e não para garantir tudo e depressa à União Europeia, ao BCE, aos “mercados”, ao capital monopolista. Que exigem travar a drenagem dos dois mil milhões de euros ao ano para as PPP ou os mais de 1,2 mil milhões gastos em swaps. Exigem por cobro à fuga do grande capital ao pagamento dos impostos pelo recurso aos paraísos fiscais e pela engenharia fiscal.

 Só em 2017 a EDP deveria ter pago cerca de 400 milhões de euros em impostos mas pagou apenas 10 milhões.Diz-se que não há dinheiro para tudo, mas sobra sempre muito dinheiro para uns poucos!A solução para os graves problemas do País não se encontra mantendo a mesma política e o mesmo fracassado modelo que levou o País ao retrocesso e ao atraso. 

 O País precisa de respostas claras.Respostas que, no período mais imediato, ganhem expressão nos planos: da revogação das normas gravosas da legislação laboral; dos salários, assegurando o seu aumento geral no sector privado e na administração pública e do salário mínimo nacional fixando-o em 650 euros a 1 de Janeiro de 2019; do aumento do investimento público; do reforço dos apoio sociais, prosseguindo o aumento extraordinário das pensões, a universalização do abono de família, o direito à reforma sem penalizações; do apoio aos pequenos e médios empresários designadamente a eliminação do Pagamento Especial por Conta; da política fiscal tributando o património mobiliário, os lucros e dividendos e desagravando os rendimento do trabalho; do apoio efectivo à cultura; da reposição do IVA na electricidade e no gás nos 6%; no apoio à agricultura familiar e ao mundo rural e para fazer face às consequências dos incêndios.Portugal precisa de uma política patriótica e de esquerda para dar resposta aos seus problemas. 

 Uma política patriótica e de esquerda que liberte o País da submissão ao Euro e das imposições e constrangimentos da União Europeia e defenda a renegociação da dívida.Uma política patriótica e de esquerda que passa, necessariamente, por pôr Portugal a produzir, com mais agricultura, mais pescas, mais indústria, a criar mais riqueza e a distribuí-la melhor, apoiando as micro, pequenas e médias empresas;Uma política patriótica e de esquerda de valorização do trabalho e dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas, de garantia do direito de todos à saúde, à educação, à cultura, à habitação, à protecção social, aos transportes.

 É este caminho, é esta alternativa para um Portugal com futuro, é por esta política que o PCP luta e lutará.



www.pcp.pt

21
Jul18

SOLDADO CONHECIDO

António Garrochinho


Soldado Conhecido

Foi o treino e o trem
Foi o porto e o barco
O desfile, o abraço
O tambor a rufar
Foi o pranto no cais
O pai nosso que fica
Sem jeito p’ra vida
Foi o eco do mar
Foi a marcha, o calor
Foi o peito inchado
Do homem fardado
Foi o seu funeral
Foi a arma na mão
A besta que nos berra
A força da guerra
O avião
Água que seca no nosso cantil
O lábio que greta, a febre a subir
O sangue que ferve cá dentro de nós
O corpo que treme debaixo do sol
O medo da morte, a noite a gritar
Foi aquilo que a gente não pode falar
Foi o estado maior
Foi a messe e o rancho
O mando, o comando
O quartel general
Os abutres e nós
Foi aquilo que fez
O negócio da guerra
E obrigou a matar
O estilhaço, o napalm
A picada no osso
O Ambriz, o Tomboco
Foi São Salvador
Foi a carta que dói
Da mulher que nos foge
E o puto lá longe
Tão longe de nós
A malta, a maca, o negro que cai
O cabaço da preta, o mulato sem pai
O soldado castrado no corpo e na voz
A mina que rebenta por baixo de nós
Foi o preço, é o braço artificial
É aquilo que a gente não pode calar
Foi a guerra colonial!
In: Paco Bandeira (1978), Os ferrinhos, o adufe e a guitarra, DECCA.
21
Jul18

SEM PAPAS NA LÍNGUA

António Garrochinho

SIM! LEMBRO-ME PERFEITAMENTE QUANDO SE ENCETOU UM MOVIMENTO QUE LUTAVA CONTRA A PUBLICIDADE ENGANOSA E QUE LOGO MORREU NA "CASCA".

AINDA HOJE NA CAIXA DE CORREIO PARA LÁ DOS AVISOS DAS FINANÇAS PARA PAGAR IMPOSTOS TEMOS O CAIXOTE CHEIO DE "TENTAÇÕES" PERIGOSAS" CHEIO DE MENTIRAS, CHEIO DE ILUSÕES.

HOMENS E MULHERES ACREDITARAM QUE ERA POSSÍVEL MUDAR OS "AVISOS", AS "COMPOSIÇÕES", OS DIREITOS SEMPRE EM SUPER MINÚSCULAS NAS "COMPANHIAS DE SEGUROS" , NOS PRODUTOS QUE CONTÊM ISTO E AQUILO E QUE É PERNICIOSO, QUE NOS MATA, QUE FAZ A GENTE DURAR MENOS CÁ NO PLANETA.

ADULTERARAM TUDO, DESDE O VINHO AO PAPEL DE LIMPAR O CU MAS OS PODEROSOS SÓ CONSOMEM O QUE VÃO ADQUIRIR AO TRADICIONAL, ÀS SUPERFÍCIES DE LUXO, (O QUE AINDA É VERDADEIRO) E PAGAM BEM POR ISSO.

PAGAM MAS TÊM PARA PAGAR ! PAGAM ROUBANDO AO QUE PRODUZ QUE DEPOIS ENGANA OS MAIS PEQUENOS, OS DE BOLSA MENOR.

QUALQUER DIA (JÁ O É) O TRADICIONAL, O PURO, É SÓ PARE ELES, SALVO O STOCK DO PRODUTOR E AS BOCAS DA SUA FAMÍLIA OU ALGUM AMIGO.

VENCEU O CAPITALISMO QUE PODE ESCOLHER, E QUE TEM DINHEIRO PARA USUFRUIR, ROUBAR, IMPOR AS SUAS POLÍTICAS DE GOVERNAÇÃO, MARKETING, OU SEJA: VENDER A "MERDA" QUE ELES NÃO CONSOMEM.

É NO PÃO, NO AZEITE, NA CARNE,NO PEIXE, INFELIZMENTE NA MAIORIA DOS PRODUTOS QUE CONSIDERAMOS ESSENCIAIS.
É NISSO QUE ELES MANDAM, LEGISLAM, IMPÕEM.

ELES CONSOMEM O BOM QUEIJO,O BOM PÃO, A BOA LAGOSTA, A BOA CARNE, QUE NÃO SE COMPRA NOS "GUETOS" DO CONTINENTE E DO PINGO DOCE.

A MALTA CONSOME O ROBALO DE VIVEIRO (MESMO ASSIM CARO), A MALTA CONSOME O PLÁSTICO, O MERCÚRIO, O PETRÓLEO QUE RENDE MILHÕES E ESTÁ PRESENTE EM TUDO O QUE METEMOS PELA BOCA DENTRO.

ELES VÃO ÀS ORIGENS PORQUE TÊM CARTEIRA PARA ISSO, E AÍ NÃO LEVAM COM O BIFE DE PORCO CHEIO DE ANTIBIÓTICOS, NÃO LEVAM COM O FRANGO INJECTADO DE QUÍMICOS E ÁGUA, NÃO LEVAM COM AS IMITAÇÕES DO CHOURIÇO, DA ALHEIRA FEITA DE MERDA DAS GALINHAS DE AVIÁRIO ETC ETC E REPASTAM-SE COM AQUILO QUE É BOM E SABOROSO.

QUE BOM QUE É NASCER LOGO DE CARTEIRA
RECHEADA ! QUE BOM QUE É VENDER A MERDA A TODOS OS QUE NOS RODEIAM !

VENDER A MERDA A TODOS OS QUE APLAUDEM O CAPITALISMO E SÓ COMEM O QUE OS RICOS CAGAM !
POR SERMOS TÃO ESTÚPIDOS, MARIONETAS, E ANDARMOS GRANDE PARTE DA VIDA A VEGETAR E A TREINAR OS "CALCANTES" A SUPORTAR A CABEÇA ENTRE AS ORELHAS, ELEVANDO OS EMPREENDEDORES, OS PATRÕES, TÃO SÁBIOS, TÃO ÚTEIS, TÃO NECESSÁRIOS.

POR SERMOS TÃO ESTÚPIDOS, DEIXAMOS QUE NOS ENRABASSEM SEM SEQUER EXIGIRMOS A VASELINA PARA QUE NÃO DOA.

RECLAME, PUBLICIDADE, MARKETING, RIMAM MUITO COM MENTIRA, COM O SURREAL.

O QUE ACONTECE É QUE NÓS SOMOS TRATADOS COMO LIXO E COMO TAL ACEITAMOS VIVER COM O LIXO QUE NOS DÃO, O LIXO QUE PAGAMOS A PREÇO DE OURO, O LIXO QUE NOS MATA.

VAMOS "REZAR" PARA SERMOS TODOS RICOS, VAMOS FAZER A VIDA IGUALANDO OS QUE NOS PISAM E EXPLORAM E AÍ CHEGAREMOS DE CERTEZA A UMA CONCLUSÃO: SE FÔSSEMOS RICOS NÃO COMÍAMOS NADA!
OS RICOS NÃO PRODUZEM, OS RICOS APROPRIAM-SE, ADULTERAM, ENVENENAM TUDO O QUE OS RODEIA E NÓS DE BRAÇOS CRUZADOS ESPERAMOS O "MILAGRE".QUE A CORJA SE EXTINGA POR VONTADE DE QUALQUER deus.


António Garrrochinho
21
Jul18

A "MACONHA" EM DUAS RODAS - Scooter elétrica feita a partir de maconha é leve, resistente e ecologicamente correta

António Garrochinho


As possibilidades de utilização da maconha, e em especial das fibras de sua planta – popularmente conhecidas como “hemp” – são verdadeiramente infinitas. A prova disso é a mais nova criação de uma dupla de designers holandeses, em parceria com uma série de empresas do país: a Be.e, a primeira scooter elétrica feita inteiramente da fibra de maconha. Leve, resistente e ecologicamente correta, a Be.e é uma obra de arte para o futuro dos transportes elétricos.
Essa e-scooter feita de hemp foi desenvolvida pela dupla de designers holandesa Waarmakers, e permite viagens de até 2 horas a 60 km/h sem a necessidade de recarregar. Junto com a Be.e vem um carregador de 600W, que permite que se recarregue completamente a bateria em no máximo 3 horas.
Para completar, o para-brisa é protegido com uma cada hidrofóbica que impedem o acúmulo de chuva e água em geral – além de ser uma beleza de motoca.
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O composto da qual a e-scooter é feita mistura fibra de maconha, linho e resina, do qual todo o corpo do veículo é feito. Trata-se de um transporte perfeito para a cidade, para viagens curtas e, principalmente, para o futuro – no qual cada vez mais fica claro que a maconha terá um papel múltiplo e central para um mundo melhor.
© fotos: reprodução/fonte:via

vivimetaliun.wordpress.com

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António Garrochinho

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