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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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21
Ago18

A ORIGEM DOS TRÊS MACACOS

António Garrochinho



Todos nós já vimos pelo menos uma vez o trio de macacos onde um não vê, outro não ouve e o último não fala, isso porque colocam suas mãos sobre as partes do corpo responsáveis por cada uma dessas funções.
Mas afinal, de onde eles surgiram?

Seu nome é Três Macacos Sábios, eles ilustram a porta do Estábulo Sagrado, um tempo japonês do século XVII que fica no Santuário Toshogu, em Nikkō.

Sua origem vem de um antigo provérbio que diz, em tradução livre: “Não ouça o mal, não fale o mal e não veja o mal”.

A ligação entre o provérbio e os animais é simples já que saru, em japonês, significa macaco e tem o mesmo som da terminação verbal zaru, cujo papel é de negação às frases.
Uma curiosidade interessante é que cada um desses macacos possui um nome próprio.

O que não vê se chama Mizaru, o que não ouve se chama Kikarazu e o que não fala e Iwazaru.
São os seus nomes que formam o provérbio já que miru significa olhar, kiku significa ouvir, iu significa falar e zaru significa negar.



www.tricurioso.com

21
Ago18

"Prazer, Puta!

António Garrochinho


"Prazer, Puta!



Chamo-me Feodora, tenho 28 anos, trabalho no centro da cidade, apanho transportes públicos pra poder lá chegar, transportes esses onde se roçam em mim, na ida e na volta! Mas isso não importa, o meu corpo não me pertence, estou lá pra isso. 

Chego tarde a casa, moro nos subúrbios. Se uma noite qualquer for violada não será surpresa nenhuma. Afinal, a uma hora destas na rua?! Eu estou mesmo a pedi-las. Olha o decote da minha farda?! É um convite. Aliás, não me chamo mais Feodora, chamo-me Puta, mas Puta com P maiúsculo.

Sabem, tenho outras amigas que são putas também.Tem a Cristina, uma colega de trabalho, casada. Infeliz no seu relacionamento, cometeu adultério. Foda-se Cristina! Puta né!

Afinal, além de ficar com a fama, a Cristina foi enxovalhada na internet, teve o vídeo do flagra publicado nas redes, virou piada, motivo de gozo. Que raridade de erro foste tu cometer Cristina? Nunca ouvi falar nesse tal de adultério!

Ah, mas e o amante da Cristina? Esse tá sossegadinho, a rotina dele continua normal, fiquei até a saber que ele foi chamado de "garanhão" pelos coleguinhas.
Pior que a Cristina, só a Bárbara.
Aquela é mesmo Puta. Acreditam que ela vai com qualquer um?

Ela é novinha. Deve ter uns 22 anos. Solteira e independente. Vai com quem ela quer... PUTA!

A Bárbara agora tá mal falada por aí. Até foi proibida de entrar em casa de algumas amigas de infância, afinal, a menina Bárbara não é exemplo pra elas.

A Bárbara tinha que ter seguido o exemplo da Margarida. A Margarida namorou com o Henrique desde a adolescência, casaram, tiveram filhos e constituíram a família perfeita. Mas de uns tempos pra cá a Margarida tem aparecido com algumas marcas roxas pelo corpo... a Puta da Margarida! Aposto que não cumpriu o seu papel de esposa em condições.

Mas a Margarida não é a pior! Existe a Ritinha. Uma menininha de 11 anos aqui da rua, e essa vai ser o quê? Puta ou feminista! Vive rodeada pelos meninos na rua.
E a Ritinha tem uma prima um ano mais velha, chamada Clarinha. A Clarinha foi aliciada por um tio. Coitadinho dele! Foi acusado por causa da Puta da Clarinha, o pijaminha da Clarinha que ela estava a usar dentro da própria casa devia ser demasiado provocante.
Eu, a Cristina, a Bárbara, a Margarida, a Ritinha, a Clarinha e outras milhares de mulheres, somos Putas.

Só que mais Puta que nós, és TU!
Que te vestes como queres, que não dependes de nenhum homem pra viver, ou que simplesmente usas aquele batom vermelho se bem te apetecer.
Afinal, aos olhos da sociedade, somos Putas pelo que fazemos, desejamos, usamos ou até pensamos.
Se ainda não foste considerada Puta, vais ser, calma... relaxa! Tudo tem o seu tempo.
Afinal, tu mulher não tens escolha! Vais ser Puta uma hora ou outra. Não és tu quem decide isso, é essa tal de sociedade. E enquanto ela quiser te julgar como Puta, tu assim o serás.
Tudo evolui... menos a mente."


Feodora Brandão
21
Ago18

GUINCHOS E CACAREJOS -.Guilherme Antunes

António Garrochinho



GUINCHOS & CACAREJOS

A comunicação social é, nos tempos que correm, o pior inimigo dos povos. 90% dela está ao serviço canino da alta finança internacional e é paga exclusivamente para mentir, deturpar, inventar, atacar todas as lutas de libertação desses povos acorrentados por todo o planeta.

A CNN não é mais repugnante do que a SIC; é, apenas, maior. O NYT não é mais fascizante do que o Expresso; é, apenas, mais importante.

Nesta ordem de ideias, o jornal desportivo nacional Record, decidiu participar na propaganda anti-bolivariana comandada pelo manicómio imperial estadunidense e o seu assistente no terreno, o governo toxicodependente da Colômbia.

Diz este pasquim que para comprar um rolo de papel higiénico na Venezuela são necessários 2.600.000 bolívares (dois milhões e seiscentos mil), acrescentando à sua desonra profissional a desorientação e ódio militante da "informação" mais intestinal que se possa imaginar, IMPONDO ao gentio global a crença "divinizada" de que uma galinha custa cerca de 15 milhões dos mesmos bolívares.

Pobre do Simón, para o que estava guardado o seu país e a sua Revolução vitoriosa.

É conhecido, porém, que há dificuldades económicas no seio da Revolução bolivariana, o que faz perguntar a muitas pessoas desatentas, então qual a razão de um país tão rico se defrontar com tantos problemas sociais? Ora, a razão principal e muito destacada, é o açambarcamento criminoso, intensivo, de produtos essenciais operado pelos latifundiários e industriais nacionais, que a Revolução, teimosamente, vai permitindo que coexistam com as medidas progressistas sistematicamente aprovadas pelo voto popular e democrático como em mais nenhuma outra sociedade do globo.

A Revolução bolivariana possibilita, estranhamente, que a comunicação social seja maioritariamente da oposição fascista, que a detenção da terra arável continue na posse dos grandes agrários, etc, etc.
A repetição da tragédia chilena parece não ter dado ensinamentos aos revolucionários bolivarianos, como, aliás, o denuncia o PCV, que apoia esta Revolução mas que entende, elementarmente, que ela deve progredir no sentido da anulação do poder inimigo para que não venha a perecer por excesso de generosidade humanista face a bichos medonhos que não hesitarão um segundo para a esfacelar.
21
Ago18

Poderia ser ignorância política de um deputado do CDS, mas não é e o Adolfo sabe disso...não senhor deputado, não é a "mesma fruta", os comunistas combatem os nazis e os fascistas, foi assim no passado, é assim no presente, e será sempre assim no

António Garrochinho




Paulo Miguel in facebook

Poderia ser ignorância política de um deputado do CDS, mas não é e o Adolfo sabe disso...não senhor deputado, não é a "mesma fruta", os comunistas combatem os nazis e os fascistas, foi assim no passado, é assim no presente, e será sempre assim no futuro.
O seu partido está carregado ainda de belos exemplares fascistas que se tentam fazer passar por democratas, mas na primeira curva despistam-se sempre, e sabemos disso pelo habitual recurso à mentira, como dizia o seu "camarada" de partido, o João Almeida, "sem mentir não ganhamos eleições".
Os povos colonizados, escravizados e martirizados durante mais de 500 anos, como tão bem nos demonstrou Eduardo Galeano em "As veias abertas da América Latina", que por certo o deputado nunca terá lido, que se tentam libertar das amarras do império e dos lacaios caseiros que os condenaram à vida miserável nas favelas de Caracas, à fome do Caracazo de 1989, à falta de saúde que condenava à cegueira com uma simples catarata, à falta de educação para quem não nascesse em berço de lacaio do império, e que viu pela primeira vez o dinheiro do seu petróleo sob a forma de mais de 2 Milhões de habitações, dezenas de universidades, educação gratuita, médicos nos bairros, etc, etc...esses que tentam libertar-se das amarras coloniais que lhes levavam o petróleo de graça para ser refinado em Cuba (nos tempos em que os EUA colonizava também Cuba) e que era revendido na Venezuela a preço dos EUA, esse tempo acabou.
E é esse estrebuchar do império a que deputados de partidos, carregados de fascistas e monarcas, como o seu, tentam dar voz na comunicação social, porque quem faz o frete ao império arranja sempre uns bons empregos nas multinacionais americanas quando a vida política se extingue, sim porque para vocês a política é apenas a porta de entrada para uma vidinha mais desafogada, que o diga o Paulo Portas... e nem é precisar nomear a malta do PSD e CDS que por aí anda montada nas multinacionais do costume, nas "Godlman Sach", nas "Microsoft", nos "Lone Star", etc, aquelas que querem voltar a meter a pata no petróleo da Venezuela, como fizeram com os golpistas e lacaios de serviço no Brasil, que agora lhes servem as empresas públicas lucrativas e o pré-sal em bandeja de ouro para se servirem à vontade, enquanto 27 Milhões de Brasileiros, sim 27 milhões, 3 x Portugal, estão desempregados, e assistem ao fim dos programas de apoio social que tiraram milhões da fome, que tiraram o Brasil do mapa da fome, enquanto os patos amarelos, que bateram caçarolas contra Dilma, fogem para Lisboa para comprar residências de luxo em Cascais, enquanto muitos outros milhares de trabalhadores recorrem à emigração, novamente para Portugal , mas sobre esse novo Brasil, onde dormem milhares nas ruas, e outros tantos passam fome novamente, os fascistas de serviço na comunicação social já não abrem a boca, afinal o império está servido e os lacaios não têm ordem para abrir a boca, o objetivo agora chama-se Venezuela. Lacaios!
p.s.
além do "veias abertas da América Latina" do Eduardo Galeano, o Adolfo também podia ler o "quando Portugal ardeu" que saiu no ano passado, do jornalista Miguel Carvalho, com as confissões da rapaziada que incendiou o país em 1975 para culpar os comunistas, para o Adolfo perceber como faziam os nazis do CDS que vandalizavam as viaturas dos congressistas do seu partido no congresso do Palácio de Cristal, para culparem os comunistas, além do importante papel que homens ligados ao PSD, CDS e PS tiveram na vaga terrorista desse ano ( http://www.casadaimprensa.pt/…/Os-segredos-do-Barro-Branco.… )
lê Adolfo, para ver se aprendes alguma coisa...tu e os outros!















21
Ago18

IMAGENS INCRÍVEIS REVELAM O QUE PODE ACONTECER COM A CABEÇA DE UM BEBÉ DURANTE O PARTO

António Garrochinho


Imagens impressionantes tiradas durante o parto cativaram a Internet com instantâneos de como o corpo humano pode se moldar às suas circunstâncias, neste caso, literalmente. As fotos mostram como o processo de parto vaginal pode moldar a cabeça de um bébé em forma de cone. Esta é uma ocorrência normal no nascimento, mas essas imagens de um menino chamado Graham foram um pouco mais extremas.

Imagens incríveis revelam o que pode acontecer com a cabeça de um bebê durante o parto
A fotógrafa Kayla Reeder registrou o momento na manhã do último Dia dos Namorados, quando recebeu uma chamada dizendo que a mãe, Nikki, havia entrado em trabalho de parto. A concepção levou aproximadamente uma hora já que o menino estava um pouco atravessado no canal de nascimento, mas no final deu tudo certo.
Imagens incríveis revelam o que pode acontecer com a cabeça de um bebê durante o parto
- "A moldagem na cabeça de Graham foi extremamente dramática devido à sua posição", disse Kayla em uma entrevista- "A cabeça dele estava um pouco inclinada para o lado, então a moldagem não foi entrada e isso fez com que a mãe tivesse que fazer um pouco mais de força para expulsá-lo como forma de fazer que ficasse em uma posição melhor. Logo após o nascimento, a moldagem diminuiu e, poucos dias depois, sua cabeça tinha voltado ao normal."
Imagens incríveis revelam o que pode acontecer com a cabeça de um bebê durante o parto
Ocorre que os recém-nascidos não têm crânios totalmente formados no nascimento, em vez disso, eles têm placas unidas por material fibroso chamado suturas. Essas suturas permitem que os ossos se movam durante o parto e ajudam o bébé a se espremer através do estreito canal de nascimento.

Além disso, os bébes têm um par de áreas moles em suas cabeças, onde os ossos do crânio não se fundiram. Essas regiões chamadas fontanelas (ou moleiras) também ajudam a aliviar a cabeça do bébé através do canal do parto.

Neste caso, a cabeça do bebê Graham logo voltou ao normal, revelando as maravilhas milagrosas do corpo humano.
Fonte: IFLScience.

www.mdig.com.br

21
Ago18

UM ARTISTA DO SIRI LANKA CRIA DESENHOS ESPECTACULARES NA TERRA COM CARVÃO E FARINHA

António Garrochinho





Um artista do Sri Lanka, cujo nome ainda não transcendeu, se tornou viral no Reddit por seus desenhos tridimensionais usando apenas farinha e carvão. Os trabalhos temporários usam perspectiva forçada, com uma técnica de projeção conhecida como anamorfose, para dar a eles a sensação de profundidade, o que significa que eles precisam ser vistos de um ângulo específico para alcançar o efeito 3D desejado.

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Artista cria incríveis desenhos anamórficos com carvão e farinha 01
Ao visualizar o desenho de outros ângulos, a imagem aparecerá esticada e distorcida. Se você gosta desse tipo de arte, não deixe de conferir nossos posts artísticos anteriores que usam perspectiva forçada anamórfica, sobretudo as que apresentam o trabalho do papa da área: Julian Beever!
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Artista cria incríveis desenhos anamórficos com carvão e farinha 02
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Artista cria incríveis desenhos anamórficos com carvão e farinha 03
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Artista cria incríveis desenhos anamórficos com carvão e farinha 04
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Artista cria incríveis desenhos anamórficos com carvão e farinha 05
www.mdig.com.br
21
Ago18

PAZ PODRE - poesia de António Garrochinho

António Garrochinho




PORTUGAL ESTÁ EM "RAMADÃO"
NA PAZ PODRE, TUDO CALADO
A CUIDAR DO BRONZEADO
E A POUPAR O SABÃO.

ASSIM QUE FEITA A DIGESTÃO
DO DELICIOSO VERÃO
E REVIGORADA A "LATA"
QUANDO DO TEMPO MAIS FRESQUINHO
VIRÁ O XIMFRIM, O BURBURINHO
MAS A MISÉRIA NÃO DESATA

DEPOIS DAS FÉRIAS. O DESFALQUE
QUEBRADO O VERNIZ, O ESMALTE
LÁ VIRÃO OS PODEROSOS
PARA QUE A CARTEIRA SE RECOMPONHA
HÁ QUE ROUBAR SEM VERGONHA
NESTE PAÍS DE MEDROSOS

NÃO HÁ-DE FALTAR RUÍDO
E MUITA MERDA SEM SENTIDO
SOARÁ POR TODOS OS LADOS
E ASSIM O ANO TERMINARÁ
E COMO DANTES FICARÁ
PRA QUEM TEM OS OLHOS TAPADOS

A ARTE DE ROUBAR E MENTIR
NUNCA SE FARTARÁ DE FERIR
QUEM ACEITA A BURGUESIA
E NESTE PORTUGAL PEQUENINO
O FASCISMO MODERNO E FINO
GANHA TRUNFOS DIA A DIA



António Garrochinho

21
Ago18

OEIRAS LANÇA UM NOVO DRONE QUE SOCORRE HUMANOS NA PRAIA

António Garrochinho








  • Aparelho estará em permanência na praia de Santo Amaro de Oeiras, no distrito de Lisboa, fazendo desta a primeira do país que dispõe de um drone de salvamento.
  • Entrou em cena na vigilância e na ajuda ao socorrismo em praias um parceiro que chega do ar. Em Oeiras, os drones têm uma palavra a dizer no que toca à utilidade que lhes pode ser atribuída.
    A praia de Santo Amaro de Oeiras dispõe, a partir desta segunda-feira, de um drone de salvamento capaz de socorrer até quatro pessoas, resultado de uma iniciativa dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos apoiada pela Câmara de Oeiras.
    Estará em permanência na praia de Santo Amaro de Oeiras, no distrito de Lisboa, fazendo desta a primeira praia do país que dispõe de um drone de salvamento, com uma bóia insuflável com capacidade para socorrer até quatro pessoas em simultâneo e que "alia tecnologia à segurança das pessoas".
    Na apresentação à imprensa, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, destacou a importância da "rapidez no socorro" às vítimas que o equipamento permite.
    "Pelo que nos foi dado a observar, julgo que em apenas 40 segundos é possível colocar a bóia junto da vítima. É um investimento que vale a pena", afirmou.
    A aquisição do drone salva-vidas representou um investimento de cerca de cinco mil euros para o município que, numa segunda fase, espera poder empenhar esta mais-valia fora da época balnear, na segurança dos cidadãos do concelho.
    De acordo com o comandante dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos, Ricardo Ribeiro, cada salvamento no mar terá um custo de cerca de 20 euros, passando o aparelho voador a integrar o plano de segurança, já existente, da praia.
    "O drone permite atingir velocidades de cerca de 55 quilómetros por hora e suporta ventos até cerca de 30 quilómetros por hora, com capacidade para transportar objetos até sete quilogramas. A bóia insuflável - que apoia o salvamento - enche-se automaticamente quando toca na água", explicou o responsável da corporação.
    A utilização do equipamento será simultânea à ação do nadador-salvador e das embarcações de socorro (mota de água e barco) que estão ao serviço das entidades na praia, otimizando as operações de socorro.
    Numa segunda fase do projeto, o drone será munido de uma "câmara térmica" que vai permitir a sua utilização em incêndios urbanos.
    "Se tivermos, por exemplo, um incêndio em altura, num prédio, e as vítimas estiverem inacessíveis nos últimos andares, vamos ser capazes de lhes fazer chegar estojos de primeiros socorros, garrafas de águas ou máscaras e comunicar com elas através do drone, que dispõe de um sistema de comunicação", afirmou o responsável dos bombeiros voluntários.
    Será este o começo de uma nova era na vigilância em Portugal?
Vídeo


beachcam.meo.pt
21
Ago18

SOB O OLHAR SILENCIOSO DE ANTÓNIO AGOSTINHO NETO – III.

António Garrochinho




Martinho Junior in facebook

SOB O OLHAR SILENCIOSO DE ANTÓNIO AGOSTINHO NETO – III.
COMPASSO TERCEIRO DE QUATRO PEQUENOS COMPASSOS DE DECIFRAGEM HISTÓRICA.
A independência nacional angolana segundo a saga do herói nacional António Agostinho Neto, só foi possível alcançar e preservar assumindo-a desde logo na luta armada e muito antes de sua proclamação, tornando-a intelectual, anímica e sensitivamente personalizável, entranhável e transformando todo esse empolgante fervor pessoal em actos estratégicos, vocacionados e abertos a um longo caminho que colectivamente os combatentes dessa e por essa causa, se dispunham a interpretar e trilhar.
A forja do homem livre chamado de António Agostinho Neto, foi vivida em sua própria vida, sendo crucial a aprendizagem intelectual da consciência crítica de luta que teve desde praticamente o seu nascimento em Catete (com a educação que recebeu a partir do berço) às universidades portuguesas, elas mesmo já em estado de maturação e contradição de ruptura, distanciando-se cada vez mais do enxofre do fascismo e do colonialismo de então.
Teve também a sabedoria de, ao aprendê-lo passo a passo desde a juventude na universidade duma vida em luta, com um inquebrantável espírito de missão estar aberto e sensível à experiência e aos ensinamentos daqueles que em Portugal assumiam também como sua essa luta, enfrentando na clandestinidade os desafios e os riscos impostos pelo monstro fascista e colonial.
Isso foi feito, isso ocorreu portanto e desde logo, enfrentando solidariamente os mesmos desafios e riscos que se prendiam a um discernimento capaz de mobilização de sua vontade e de outras vontades, transferindo sua preocupação vanguardista para Angola, assumindo Angola no âmbito dum movimento crescente e imparável, que os poderes dominantes levando por arrasto a vassalagem do próprio fascismo-colonialismo português, pouco a pouco tornaram tão combatido como o MPLA.
Isso foi feito com outros imprescindíveis lutadores e combatentes dessa época em que foi possível a libertação de África, com Amílcar Cabral, com Samora, com o Che e com Fidel de Castro, entre outros insignes lutadores de África disposta à libertação!
Isso foi feito por que sobretudo a aliança dos movimentos de libertação de África com a Cuba Revolucionária geraram por si a substância geoestratégica, o cimento da manobra libertadora no continente!
Isso foi feito por que se pôde começar a avaliar com consciência crítica inteligente e clarividente, com espírito de luta e vontade de assumir a liberdade, os conteúdos retrógrados da opressão colonial, do “apartheid” e do neocolonialismo, avaliando com respeito e ao mesmo tempo, quem, onde e como estavam as alianças capazes do seu reforço, tendo em conta as linhas de sua maturação histórica antes mesmo da germinação da luta de libertação em África.
O carácter de homem livre encarnado por António Agostinho Neto, antecipava nele e com ele a independência de Angola que se colocava no horizonte!
Assim homem livre e independência respondiam com identidade civilizacional à barbárie e às longas trevas impostas ao povo angolano e aos povos de África!
Entre ganhar a consciência crítica e assumir a capacidade estratégica para vitalizar o movimento de libertação MPLA, desde a génese do pensamento de António Agostinho Nero, foi a Casa do Império o pequeno passo talvez mais visível, mas outros pequenos passos alguns dos quais invisíveis mas seguros em sua época, por que assim houvera que ser, terão sido tanto ou mais decisivos, todos eles em estreita confluência…
A capacidade estratégica da luta contra o colonialismo, advém em António Agostinho Neto dessa maturação de consciência crítica tornada dialética e vanguardista, livre de amarras passadas e suas contemporâneas, como também livre em relação ao futuro tão ávido de justiça social, de socialismo, de amor, de dignidade, de coerência, de solidariedade, de internacionalismo e de imenso respeito para com a Mãe Terra!…
Esquecê-lo no seu exemplo pessoal e colectivo, inibindo a educação patriótica que aos angolanos é devida, é esquecer o húmus da pátria angolana e sua identidade, é quebrar o rumo patriótico que advém do movimento de libertação em África, é contribuir para que o domínio tentacular da hegemonia unipolar se instale e tolha as visões estratégicas nutridas pela memória e os ensinamentos de António Agostinho Neto!
Ao não se honrar o passado e a nossa história, ao não se evocarem a memória e os ensinamentos de António Agostinho Neto, ao se perder da clarividência socialista para se implantar a hipocrisia e o cinismo social-democrata, ou uma metamorfose elitista de última geração, quanto Angola, quanto África tem perdido de sua identidade, dignidade e coerência histórica e antropológica, quanto tem perdido de força anímica capaz de ampla mobilização, para levar por diante a longa luta contra o subdesenvolvimento?
Martinho Júnior.
Luanda, 10 de Agosto de 2018.
Fotos:
Conferência histórica alusiva aos 55 anos do MPLA, no dia 7 de Dezembro de 2011; intervenção do camarada Jorge Risquet (já falecido), companheiro da IIª coluna do Che no Congo e um dos artífices da linha da frente progressista informal contra o baluarte da internacional fascista e colonialista na África Austral (Exercício Alcora); foto tirada por mim nesse evento;
Conferência histórica alusiva aos 55 anos do MPLA, no dia 7 de Dezembro de 2011; intervenção do camarada comandante Dibala, um dos comandantes de coluna que assinou a proclamação das FAPLA e apoiaram fielmente António Agostinho Neto na Conferência de Lusaka, quando o império fazia mais um esforço para neutralizar o MPLA na África Austral (Exercício Alcora); foto tirada por mim nesse evento.

21
Ago18

NOTA DO GABINETE DE IMPRENSA DO PCP - Sobre a situação na Grécia e as imposições da União Europeia

António Garrochinho


É infundada a tentativa de apresentação do chamado “fim do resgate” à Grécia como uma decisão favorável aos trabalhadores e ao povo grego.
Os chamados “Programas de Assistência Financeira”, de facto, verdadeiros pactos de agressão contra Estados e povos, são instrumentos da estratégia de empobrecimento, liquidação de direitos, favorecimento do poder monopolista e de ataque à soberania nacional.
A propalada “saída” dos países, seja apontada como “limpa” ou não, é um embuste como a experiência do nosso País mostra. As limitações à soberania que decorrem da “vigilância” a que se mantém submetido pelo FMI e a UE, e sobretudo a submissão às imposições orçamentais que impedem o desenvolvimento do País, e a resposta aos problemas nacionais comprovam-no.


www.pcp.pt

21
Ago18

VIDREIROS MARINHA GRANDE - O HOMEM ATÉ PODE SONHAR, MAS É PRECISO UM MESTRE ESTEVES PARA A OBRA NASCER

António Garrochinho


António Esteves, 65 anos, saiu da reforma para voltar aos fornos. A trabalhar com o vidro desde miúdo, é hoje o responsável por materializar as ideias de Hugo, Diana e Bruno, designers por trás de uma coleção única — quer no nome, quer na forma.

Explosões, vapores e gases. Ouve-se tudo. Metais que batem, tocam em estrondo. Ouvem-se os hidráulicos e o soprar das máquinas. O rugir do fogo, que arfa dentro dos enormes fornos, espalha-se pelo interior da nave escura de onde saem as delicadas peças de vidro e cristal da Vista Alegre (antiga Atlantis), em Alcobaça.

São onze horas. António Esteves está a pé desde as cinco. Na rua, as nuvens juntam-se para uma breve ameaça de chuva. É o pico do verão, mas não se nota. Ali, porém, junto ao mestre vidreiro da Vista Alegre, estão à volta de 50 ºC — temperatura igualmente amena se a compararmos com os 1.450 ºC que estão dentro da fornalha.







Numa mão segura um longo tubo metálico — cana —, em cuja ponta pende uma bola que podia ser de mel pelo aspeto, não fosse ser cristal incandescente, brilhante pelo calor que tem. Na outra mão, páginas dobradas de um jornal desportivo. É com a proteção desse naco de papel, apenas húmido, que o mestre Esteves vai moldando a lava vermelha

Começou a fazê-lo aos doze anos. Hoje tem 65. A arte aprendeu-a na já perdida Fábrica Stephens, na Marinha Grande, de onde é natural. “Era o ex-libris que havia na Marinha Grande e no país. Ainda era do Estado, uma fábrica lá dos Stephens; foi um legado que eles nos deixaram ao país... Era uma fábrica do género desta, fazia de tudo. Fazia vidro com muita qualidade, só que com os anos, os tempos foram mudando e também os governos, mas em 1992, lá ao senhor que estava no governo [Aníbal Cavaco Silva] deu-lhe a iniciativa de fechar a empresa”, lamenta.

“A Marinha Grande é uma terra de raízes vidreiras. Há um ditado que diz 'o que não sopra já soprou', porque é relacionado com alguém que já esteve ligado ao vidro naquela família”, conta.

António Esteves esteve reformado mas regressou à boca dos fornos para a coleção Única, dos designers Hugo Amado, Diana Borges e Bruno Escoval. Trilogy, Portal, Ripple e Caneleto são os nomes das várias peças, feitas manualmente pelo mestre Esteves e respetivos ajudantes.




Esboço da peça Portal, de Diana Borges. 



De calções e mangas curtas, um jovem que aprende e um velho que ensina, vão dando o apoio de que o mestre Esteves precisa, numa missão em que cada instante conta. “A fundição a 1.450 graus, para nós irmos buscar o vidro ao forno, para o manusearmos, a 1.100 graus. Mas na fundição o cristal tem de estar sempre em movimento, porque, como leva chumbo, tem de estar sempre em rotação e o chumbo não pode assentar no chão”, explica o mestre vidreiro.

Atrás de Esteves, no fundo da caverna, vai havendo um bailado. De um lado para o outro, as canas, de pontas incandescentes, dançam. Os homens cruzam-se, deslizam entre fornos e mesas de trabalho. Às vezes crescem as labaredas, noutras, faíscas entre rotações. Mas eles, que avançam no meio do ruído e do calor, nunca se cruzam, nunca se tocam. E se vai um forasteiro a passar no meio do caos dominado, são eles que, antes da tragédia que levam em mãos, estacam e evitam a infalível queimadura









Do éter ao pensamento

Grandes, pequenas, azuis, vermelhas. Achatadas, compridas, inteiras, partidas. Ao fundo de um corredor vazio, pontuado apenas por portas fechadas, diante de um jardim interior onde desagua a luz de uma enorme clarabóia, está o gabinete de Diana, Hugo e Bruno. Os adereços que enchem as secretárias e parapeitos são arte que houve e arte a haver; mistura eclética do que se fez e do que se tentou.

É nesta sala que o éter conflui na execução dos pensamentos, dando origem aos primeiros passos da matéria de que são feitas as peças. “Pode nascer uma ideia de qualquer maneira. De um documentário que vejo, de um sítio que visito, de uma conversa, de alguma peça antiga que veja”, conta Diana Borges, lembrando as inúmeras peças envoltas em fino pó nalgumas estantes da fábrica, à espera de servir de modelo para retificar algum pormenor.

As formas tanto podem ser geométricas como orgânicas. Construir uma peça em cristal não é como pegar num bloco de pedra e esculpi-lo à forma desejada. É antes o inverso. É pegar no desconjunto que são os minerais, tornar o sólido em líquido, dar-lhe a forma do imaginado e fazê-lo voltar à solidez, que é o estado das coisas inertes.



Diana Borges olha para o processo como se fosse um portal, uma passagem entre estados: “o cristal é quase como lava e a ideia aqui é a de materializar essa matéria numa nova peça, numa nova forma e há aqui uma certa relação entre aquilo que vem da natureza e a intervenção do homem”.

Foi por isso que às suas peças deu o nome desse dispositivo ou objeto que permite a criação de passagens: Portal. “A peça é simples, muito simples. Não queria que fosse nada muito complicado, queria que a ação do vidreiro fosse o menos possível. Esta peça é toda moldada apenas com o jornal, que é o que separa a mão do vidreiro da matéria. Estes orifícios são propositados para nós olharmos através dela. É simbolicamente este portal entre o homem e a natureza”, entre a mecânica e a orgânica.

“[Queria] uma forma simples, fluida, que se visse o cristal, o brilho do cristal, que parece que são peças mais fáceis de fazer, mas nem por isso, porque ao serem lisas também se veem mais os defeitos, portanto o vidreiro tem de ter mais cuidado”.








Do pensamento à matéria

Depois, arranca a efetiva construção. As chamas sibilam, o calor beija a cara. “Começa-se por recolher um pouco de vidro colorido”, os chamados balotes, vai descrevendo Hugo Amado, enquanto o mestre Esteves enterra uma cana no estômago a ferver de uma caldeira.








“O balote está lá em cima [num outro forno] a aquecer. [O vidreiro] vai agarrá-lo aqui deste lado, vai dar um reaquecimento ao vidro, porque ele já está frio, para no fim, quando estiver quente, dar sopro à bola, que é para logo a seguir irmos a um molde num ‘feeder' [alimentador], aonde vamos buscar o vidro na totalidade e onde a peça vai ser reiniciada, já com o vidro todo para ela”, esclarece António Esteves, que vai observando o que fazem os assistentes: o tal novo, que aprende, e o dito velho, que ensina.

Cana à boca. A cana é um fino e comprido tubo metálico. Numa ponta, uma bola de vidro incandescente, na outra, a boca de uns pulmões que sopram. “O vidreiro está a começar a dar o sopro, a dar o calor para o balote começar a ganhar consistência com o sopro, a dar-lhe a forma. O início da peça é aqui.”

“Quando se começa uma peça, tem várias fases. Isto não é automático, é tudo feito manualmente”, acautela Esteves. E quando se diz manualmente, é mesmo de mãos que estamos a falar — mãos e umas folhas de jornal molhado. “Eu tenho de ter muita sensibilidade com aquilo que faço. Se tiver uma luva calçada não tenho a destreza para agarrar a cana como tenho só com a mão”.

Ainda por cima, “o jornal dá um ótimo acabamento de superfície às peças. É uma coisa muito mais orgânica e, quando os dedos se mexem, o jornal acompanha”, acrescenta Hugo Amado.

“Há aqui uma sequência que tem de ser lógica”, conta Diana Borges. É que para a peça “ter esta volumetria, primeiro tem de ser soprada, não pode ser furada antes, porque se não depois o sopro já não funciona. Ela é soprada, depois é furada e depois é cortada, é pegada [pela base], estão dois a agarrar a peça, um parte [no topo] e o outro segura, e depois têm de puxar, puxar o vidro, fazer uma espécie de rebuçado, tem de se cortar aquele maciço [que fecha o topo], tem de se aquecer e depois toda esta parte [de cima], e é aí que eu sou muito exigente com o mestre — elas são todas diferentes, mas isso é assumido, cada peça é única —, mas esta parte [de cima] é toda modelada. Não há aqui molde, não há aqui utensílio — é a mão, mão humana”.

“Aqui depende muito também da maneira como ele vai manusear [o vidro], da maneira como ele vai fazer os buracos — e ele tem de dar a volta, cada peça para ele é um desafio, porque eu tento dizer-lhe para as coisas ficarem o mais similares possível, mas não é possível, isto é como a natureza. São todas diferentes. Garanto que ninguém vai ter uma peça igual à outra”







Do concreto ao abstrato

“Eu ver um desenho, fazerem-me um desenho e eu logo a seguir fazer uma peça e é aquilo que eles querem”. O mestre Esteves é quem dá forma às ideias. Construtor do sonhado, o vidreiro dá forma aos esboços e indicações dos designers.

A origem de cada peça é “um trabalho de equipa”, explica Hugo Amado, responsável pelo design de cristal da Vista Alegre. E “é um trabalho nos dois sentidos — não sou só eu que chego ali com um projeto e 'olha, façam isto'. Há muita discussão”.

Discussão e “muita tentativa e erro”, diz. “Temos de estar a acompanhar; [o mestre António Esteves] dá umas sugestões, os assistentes dele dão sugestões. Eu aceito ou não, depende do projeto e do que eles me estão a sugerir”.

"Geralmente fazemos esboços e às vezes até podem ser esboços no chão ao pé do vidreiro”, acrescenta Diana. “Depois é como o Hugo disse, quando trabalhamos com o vidreiro ainda fazemos alguns ajustes”.

“Neste caso foi muito simples, como é uma peça menos complexa — tem a sua complexidade, mas é mais simples — começámos por fazer uma pequena. Fiz um esboço, testámos a pequena; a questão de como é que se fazia os buracos, como é que se faz o acabamento”, explica Diana Borges.

Por isso, a colaboração entre imaginário e construtor é o que gera a obra. “Todas as peças passaram por um processo entre o que nós pretendíamos e o que os vidreiros conseguem fazer”, conta Bruno Escoval, que está por trás das peças Ripple e Caneleto da coleção Única.

É que “isto não é só o 'artglass' para galeria, onde às vezes é uma peça única”, prossegue. “Temos de ter a capacidade de utilizar esse 'know how' [conhecimento], mas sempre utilizando uma vertente de industrialização — não será industrialização, porque é manufatura — mas o poder repetir, dentro de certos limites, estas formas”.

Por isso, quando apresenta “modelações e tudo para eles visualizarem ao máximo, com desenhos técnicos — uma ferramenta muito objetiva para eles, que usam uns compassos e já sabem que [a boca da peça] tem o diâmetro tal e é importante eles verem os desenhos à escala”. Outra ferramenta é o giz: “Desenho no chão. Isto é sempre um processo, que às vezes é mais fácil, outras vezes é mais demorado, consoante o tipo de projeto”.

“Mas eu sou um autodidata também”, atira o mestre Esteves. “Faço coisas que me vêm muito à cabeça”, completa, antes de voltar à boca do forno para arrancar da lava uma nova figura. “Um urso daqueles que andam lá na Sibéria”, explica, enquanto, com a mão nua por trás do ‘Record’.

Começa numa bola, vai-lhe puxando umas orelhas, uma cauda. Cava as patas, alinha o dorso. O bicho, que vai nascer em tons azulados, ainda vai vermelho, como se o fogo do forno ainda lhe estivesse no estômago

Das chamas à zona fria

E vinda do fogo vivo, entra na arca. Arca que é um longo carreiro onde o mel que é o cristal quente entra para ganhar a consistência e resistência que lhe permite ser rijo. Quando chega à boca, do outro lado, já depois de ter aquecido e estar em processo de arrefecimento, entra numa nova parte da fábrica — a zona fria.

Fria por contraste. Fria só porque não estão 50 ºC, ao contrário do outro lado. Aqui, o vidro é processado a frio, num processo menos orgânico e mais mecânico.

Na Ripple, que vimos acompanhando, é aqui que lhe nascem as curvas (ripples, em inglês). Começa o cristal por ser embrulhado por uma espécie de aranha, cheia de patas em cuja ponta está uma caneta com uma tinta especial que lhe vai marcar as linhas de guia para o corte 

Dizer guia é ser otimista. Debaixo dos líquidos, quando a peça vai ao encontro das rodas diamantadas que lhe cortam a forma, gemer infinito, o operador pouco mais vê que o instinto que lhe vai dizendo: vira aqui, vira ali. Mais à esquerda, à direita. De igual modo com a pressão: mais força dá um corte mais fundo, menos força o oposto.

Depois do desbaste e eventuais acabamentos retificativos, chega o banho e o polimento. E por fim o batismo: debaixo de um jato de areia, não um prior mas um homem de luvas grossas, marca para sempre o nome daquele pedaço de cristal. O jato incide sobre um pedaço de plástico, colado com cuidado, e onde estão cortados os pormenores de cada letra. Depois de os grãos baterem no cristal, é tirado o decalque e está o vidro nomeado



O jornalista viajou a convite da Vista Alegre



24.sapo.pt
21
Ago18

A ideologia da classe dominante

António Garrochinho


A ideologia da classe dominante

Entre a falsa consciência e a consciência do falso.

Como o capital de modo engenhoso pretende convencer-nos, além do mais, que é humano e lindo. 

É tão amplo e concreto o repertório ideológico desenvolvido pela “classe dominante” que as melhores definições têm requerido métodos dinâmicos e instrumentais e muito precisos para caracterizar as suas raízes, efeitos e perspetivas. 

No objetivo e no subjetivo. Marx escreveu: [30] As ideias da classe dominante são, em todas as épocas, as ideias dominantes, ou seja, a classe que é o poder material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, o seu poder espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios para a produção material dispõe assim, ao mesmo tempo, dos meios para a produção espiritual, pelo que lhe estão assim, ao mesmo tempo, submetidas em média as ideias daqueles a quem faltam os meios para a produção espiritual”. [1. A classe dominante e consciência dominante. Formação da conceção de Hegel do domínio do espírito na história] Feuerbach, Oposição entre as conceções materialista e idealista (Primeiro Capítulo da Ideologia Alemã)

Com o capitalismo a “dominação” desenvolveu novidades que não se limitaram ao campo dos instrumentos tecnológicos, mas também avançaram nos territórios do controle do comportamento grupal e individual, mais além do poder do “ópio do povo”. A dupla moral refrescada. À classe dominante fazia falta um ser humano dominado, esvaziado de forças (políticas e físicas) mas também agradecido. 

Um ser humano dominado que reconhecesse (de pensamento, palavra e ação) a superioridade do seu dominador e lhe conferisse toda a razão pelo seu ser e modo de ser. 

Fazia falta um dominado, além do mais, que considerasse a sua condição como um tesouro e dele cuidasse com esmero para que a sua prole o herdasse como valor moral conquistado durante gerações. Tudo isso celebrado entre aplausos e festividades mercantis e ritos consumistas. A ideologia da classe dominante deixa tatuados no cérebro todos os seus anti valores individualistas. «Triste época a nossa! É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito.» Albert Einstein (1879~1955) 

O paraíso da dominação.

A classe dominante, adoradora do capital, ensinou aos seus subordinados a mesma adoração, mas esvaziada de possessão. Tornou invisíveis todos os truques engendrados para roubar ao trabalhador o produto do seu trabalho, enquanto o convencia de que os recursos naturais deviam estar nas mãos de privados; que o Governo é coisa corrupta que deve ser gerido por técnicos e que a ordem deve ser respeitada, porque os povos, mal-educados, são um perigo para eles mesmos. E os povos pagam (alguns até com orgulho) polícias e exércitos para que os reprimam; bancos e financeiros para que obtenham lucros disfarçados de “créditos”; empresários e mercadores para que sequestrem os seus salários; universidades e academias para que sequestrem os seus conhecimentos; indústrias “mass media” para que anestesiem a consciência do saqueado; igrejas e cultos para que sublimem a mansidão; leis e legislação para legalizar o roubo… um aparato enorme de instituições e valores fabricados para manter sob controlo qualquer intento de se sentirem com direitos ou proprietários do trabalho ou das matérias-primas. A alienação e a privação como protagonistas estelares do drama da expropriação.

No seu conjunto as ideias dominantes (com a sua dupla moral) são a expressão das relações materiais dominantes. O que serve para os submetidos, não serve aos opressores. 

A ideologia do que domina é um repertório amplíssimo de “falsa consciência”, de lixo intelectual para esconder, debaixo do tapete, os mortos que fabrica e as misérias que gera. Dupla moral em que tudo o que é proibido para o submetido se permite para quem o submete. Aqueles que formam a classe dominante sabem bem o que, como e quando, dominam numa determinada época histórica específica e como devem atualizar os “mecanismos” materiais e simbólicos para perpetuar a sua dominação. Essa classe atua permanentemente como produtora de ideias, ainda que sejam ideias repetitivas e irracionais, porque delas necessitam para regular a produção e a distribuição das ideias dominantes da época. E, claro que, no repertório das lutas inter-burguesas, cada fação organiza as suas cadeias de produção de ideias para competir no mercado dos pensamentos subordinados.


Há “grandes maestros” na arte do engano, capazes de garantir a invisibilidade da exploração do trabalho, divisão do trabalho espiritual e material, para criarem a ilusão de que são muito ativos no desenvolvimento da força produtiva, quando, na realidade, são subalternos com pouco tempo para se educarem e precaver-se dos enganos e dominar ideias sobre si mesmos ou dominar uma situação da qual se conhece pouco ou nada. O cúmulo é quando os dominados creem que as ideias dominantes lhes pertencem e devem defende-las com a própria vida.

Mentiras, medo e consumismo, com todos os seus derivados concomitantes, são os nós nevrálgicos nas ideias e na prática de classe dominante sobre as condições de produção impostas como verdades universais. 

A submissão como princípio. 

A classe dominante impõe os seus gostos e os seus gestos, as suas amizades [fílias] e fobias, para perseguir os seus objetivos, apresentando como coletivo o seu próprio interesse e imprimir em todos as suas ideias. Como alimentar, vestir, distrair e educar as crianças desde o berço; como se beijar, amar e reproduzir-se… desde a cama; como andar, saudar, sorrir, abraçar e ate insultar; como sonhar, como entender, como disfrutar… como acreditar e confiar. Minuto a minuto, sob uma barragem permanente de estereótipos exibidos pela ditadura cultural  e comunicacional dominantes, a titulo de modelo de sucesso que, se não for seguido, virá a maldição por não se adaptar, ser vulgar… pobre.

Elucidar, desmontar, desacreditar e superar a fraude descomunal da “ideologia da classe dominante” (ou seja, que o capital não predomine sobre os seres humanos) é um trabalho que deve ser assumido de maneira científica e, por isso, sistemática. O debate contra a ideologia da classe dominante, não é um “desporto” escolástico, nem uma atitude rebelde só para contrariar, por simples oposição, a uma classe que representa a parte mais odiosa da sociedade: a sua abjeção. 

Há que refutá-la no âmago das suas contradições realmente existentes, para que os povos tenham condições de se erguerem para se libertarem da classe dominante. E não derrota-la para a imitar. A dominação da classe não é só a dominação com as (suas) ideias, há que derrotar os seus métodos de exploração do trabalho e o saque dos recursos naturais. Uma luta sem a outra (económica e ideológica) é uma história extenuante que leva a frustrações e retrocessos enormes. Já vimos isso muitas vezes.

Uma vez que as ideias dominantes se combatem conjuntamente com as relações de produção, o que surge de maneira perfeitamente natural, são as ideias para mudar as relações existentes, ideias que proliferam na relação sobre os seres humanos, a essência da humanidade, sua filosofia, o seu desenvolvimento na história, a verdadeira que concluirá que não devemos contentar-nos só com a análise das ideias dominantes ou as ilusões induzidas pela classe dominante. 

Que não nos devemos contentar com reduzir o império das ideias hegemónicas à sua substância mística ou a capricho do próprio pensamento. Não nos contentarmos com explicações mecanicistas nem lineares, puramente economicistas nem puramente religiosas, que nos levariam ao erro de eliminar da história as condições materiais e repetir o modelo escapista especulativo. Ilusões, sonhos e ideias distorcidas para mentir, assustar e vender enquanto se escondem os negócios e a exploração do trabalho existente.

A nossa batalha pela supremacia dos seres humanos sobre o capital, contra a ideologia da classe dominante, deve servir para aprender a distinguir e atuar, com toda a clareza, o momento de explicar e derrotar as armadilhas entre o que parece ser e o que realmente é. 
É urgente contar com um instrumental de luta que consiga penetrar a todos os níveis da inteligência humana que até agora foi camuflada como um problema inconsequente ou inexistente. É urgente.

Dr. Fernando Buen Abad Domínguez
Diretor do Instituto de Cultura e Comunicação
Universidade Nacional de Lanús
Tradução de CS

21
Ago18

Programa da Festa do Avante! de 2018 foi apresentado ontem à tarde

António Garrochinho


O maior acontecimento político-cultural do país é na Quinta da Atalaia, nos dias 7, 8 e 9 de Setembro. 
Decorre num espaço mais alargado e acolhedor e reafirma as suas características de sempre.
40.ª Festa do Avante!, 2016

 
Com um programa que faz dela o maior acontecimento político-cultural do país e um espaço mais alargado, melhorado e mais acolhedor, a Festa do Avante! deste ano continuará a afirmar as características inigualáveis de festa da cultura nas suas mais diversas manifestações, do convívio, da amizade, da camaradagem, da alegria, do trabalho, da juventude, da solidariedade, da fraternidade e da inclusividade. 
Uma Festa para todos – todos diferentes e todos iguais.
A conferência de imprensa de apresentação do programa integral da festa realizou-se hoje, às 17h, na Quinta da Atalaia, Amora, concelho do Seixal. Participaram Alexandre Araújo, membro do Secretariado do Comité Central, Rúben de Carvalho, membro do Comité Central, e membros da Direcção da Festa do Avante!, acompanhados na sala por alguns dos artistas que actuarão na festa, entre os quais: The Legendary Tigerman; Kalu, Gui e Kabeca dos Xutos & Pontapés; Vasco Pearce Azevedo e Jorge Alves; Rita Grácio; Carlos Barretto; Bizarra Locomotiva; Capitão Fausto; Couple Coffee; Manecas Costa; Micas Cabral; Juvenal Cabral; Teté Alhinho; Dead Combo; Janita Salomé; Vado Más Ki Ás; Sangre Ibérico; Dapunksportif; Navegante e Rui Júnior e Alentejanos da Damaia; Kumpania Algazarra; Paulo Bragança; Mário Franco Quinteto.
Na impossibilidade de transcrever a riqueza da informação recolhida num único artigo, optámos por alguns destaques e prometemos voltar a escrever em breve sobre a Festa do Avante! de 2018.

Espaço Central com nova e mais favorável localização

Fruto da reordenação do recinto da festa após a aquisição da Quinta do Cabo, este ano o Espaço Central apresenta-se como um projecto mais aberto, com nova localização, junto da entrada da Quinta do Cabo – com uma magnifica vista sobre a cidade de Lisboa, o rio Tejo e a Baía do Seixal – e promete surpreender, uma vez mais, os visitantes que procuram conhecer um pouco mais sobre o Partido que constrói a Festa do Avante!.
Duas imperdíveis exposições aí estarão patentes. No ano em que se assinala o bicentenário do nascimento de Karl Marx, a exposição «Capitalismo: a história não termina aqui. Socialismo é o futuro», aborda a necessidade da superação revolucionária do capitalismo – com a sua natureza exploradora, agressiva e predadora – e sua substituição pelo socialismo, como uma exigência de actualidade e de futuro.
A segunda exposição mergulha nas raízes tradicionais da cultura popular e traz-nos, pela mão do Centro Dramático de Évora (CENDREV), a mostra «Bonecos de Santo Aleixo. Maravilhosa criação do imaginário popular alentejano», cuja magia e arte encantam o público. Lembre-se que o património e as práticas culturais e artísticas que preservam, valorizam e afirmam as raízes culturais e os valores identitários constituem uma das razões principais porque o PCP realiza, desde 1976, a Festa do Avante!
Em ambas as exposições não faltarão as visitas guiadas e os debates, mas o CENDREV (Ana Meira, Isabel Bilou, José Russo, Victor Zambujo e Gil Salgueiro Nave, que garante também o acompanhamento musical) brinda-nos, entre 6ª feira e Domingo, com vários espectáculos com os simpáticos bonecos de madeira e cortiça.
O Espaço Central – junto do qual ocorrerá, uma vez mais, o acto de abertura da Festa do Avante!, na sexta-feira, dia 7, às 19 horas – integrará, no «coração político» da Festa, o espaço Adere ao PCP, onde os visitantes podem conversar e tomar a iniciativa de aderir ou colaborar com o Partido, reforçando-o.
Também a imprensa partidária (o jornal Avante! e a revista Militante) terá um espaço próprio, onde funcionará, mais uma vez, um dos prelos onde se imprimia, na clandestinidade, o órgão central do PCP – memória de tempos difíceis e de sacrifícios inteiramente justificados pela liberdade alcançada com a Revolução de Abril.

O CineAvante! 2018 é no Espaço Central

Um outro motivo para frequentar o Espaço Central passa pela possibilidade de aí assistir aos documentários, curtas e longas-metragens, filmes de ficção e animação que integram o CineAvante! 2018. A cinematografia lusófona está bem representada, com A fábrica de nada, de Pedro Pinho; Colo, de Teresa Villaverde; Luz Obscura, de Susana de Sousa Dias; Tarrafal: dez pancadas no carril, de João Paradela; Farpões Baldios, de Marta Mateus; O caso J., de José Filipe Costa; e Russa, de João Salaviza e Ricardo Alves Jr.; mas o espectador também poderá ver O jovem Karl Marx, de Raoul Peck.
Já estrangeiros são os autores das curtas metragens de animação que serão projectados de manhã, no sábado e no domingo, para gáudio da pequenada: são as sessões Monstrinha 01 e Monstrinha 02 e trazem-nos animação da Bulgária, Reino Unido, Croácia, Hungria, Alemanha, Bélgica, Suiça, Rússia, Estónia, Geórgia, Dinamarca e França. Quem diz que o mundo não cabe numa sala de projecção?

Café da Amizade e a Loja da Festa

Aproveite a Loja da Festa, onde pode adquirir diversas lembranças, como t-shirts, pins, CD e DVD, entre outros materiais únicos, e se o cansaço ou o calor apertarem, aprecie uma agradável esplanada no Café da Amizade, onde não faltam cocktails especiais e um serviço de bar variado, para recuperar as forças.

Apita o comboio… dentro da Festa!

Para o visitante que não quer perder pitada da Festa mas já não tem idade nem pernas para ir a todas… alegre-se, na edição deste ano, uma das novidades é o Comboio da Festa. Uma iniciativa da organização para facilitar a deslocação pelo recinto das pessoas com maiores dificuldades de mobilidade e que responde aos anseios expressos, nas últimas edições, pelos visitantes mais idosos, face ao alargamento do recinto da Festa e à vontade de fruirem da diversificada oferta cultural disponível, apesar das suas limitações físicas.
O percurso do comboio funcionará em molde de vaivém, entre dois pontos distantes entre si no recinto: a área do lago, próximo a um Parque de Merendas e ao Espaço Ciência, e o Espaço Internacional, não muito longe da entrada da Quinta da Princesa. Durante o percurso o comboio pára junto à entrada da Quinta do Cabo, frente ao Espaço Central, ao pé do Espaço Criança e junto aos pavilhões de Lisboa e do Alentejo.
Finalmente, vai conseguir ver tudo da Festa sem perder o fôlego...

A Festa das crianças

Desde a conquista da Quinta do Cabo que o Espaço Criança tem mais espaço e diversão. A par dos insufláveis, do carrossel e do baloiço gigante, o programa da 42.ª edição oferece sessões de yoga, jogos de água, circo da matemática, uma aula de slackline e ateliês de origami, barro e de instrumentos musicais, entre outras actividades.
Fora deste, a programação infantil acontece também no Espaço Ciência, no CineAvante!, na Feira do Livro e, entre outros, nos palcos do Avanteatro, com o Teatro de Marionetas de Mandrágua, no sábado, e do Auditório 1.º de Maio, que no mesmo dia acolhe um concerto para bebés.
A pensar na logística a que obrigam os mais pequenos, tanto o Espaço Criança como os de Lisboa, Alentejo, Setúbal e Porto terão um Espaço Bebé equipado com micro-ondas e fraldário.

Artes Plásticas com três exposições

Tendo a icónica bienal da Festa do Avante! decorrido o ano passado, em 2018 o habitual espaço dedicado às artes plásticas, no pavilhão central, é preenchido com três prometedoras exposições: de medalhística, de pintura e de escultura, e de serigrafia.
Na «Colectiva de Pintura e Escultura», que ocupa a maior área de exposição, serão expostas obras dos artistas Acácio Malhador, Alfredo Luís, Ana Lima Neto, Ana Teixeira, Sérgio Vicente e Virgínia Fontes.
A exposição-instalação «Galdéria» é um projecto de arte e edição artística, com base na serigrafia, tem uma forte componente ilustrativa, e reúne de vários jovens artistas, com percursos diferenciados mas utilizando, como traço comum, a linguagem dos novos criadores.
A terceira exposição, «João Duarte, a excelência da medalha-objecto», permite ao visitante conhecer a obra medalhística do escultor , que em 2018 cumpre 40 anos de actividade artística. Com um longo percurso de fama mundial e diversas obras espalhadas pelos melhores museus do Mundo, o artista foi ainda galardoado com o Saltus, umas das mais importantes consagrações mundiais nesta arte.
Na banca do Espaço das Artes Plásticas poderá o visitante adquirir, além da medalha alusiva à Festa, da autoria de João Duarte, as obras de arte em exposição, serigrafias, peças de artesanato e diversos catálogos.

Espaço Ciência

O tema da edição deste ano – «O Homem e a Natureza: Cooperação e Conflito!» – vai permitir abordar questões de índole diversa, como sejam as causas dos fenómenos extremos (incêndios, sismos e furacões) e os impactos da acção humana sobre a Natureza e, em particular, os ecossistemas.
As questões políticas – relacionadas com sistemas socioeconómicos e com políticas públicas de ordenamento do território, de defesa do ambiente e de protecção civil – também marcarão presença num espaço em que as propostas do PCP estarão em destaque.
Como é habitual, a abordagem temática será desenvolvida de forma multidisciplinar, com recurso às ciências naturais, sociais e humanas. Por seu lado, o núcleo de Física do Instituto Superior Técnico continuará a ser uma presença importante na componente das experiências.
Localizado junto ao lago, na zona onde durante muitos anos esteve o Auditório 1.º de Maio, o Espaço Ciência abrigará exposições, experiências, uma zona dedicada às crianças, uma pequena sala de cinema e debates (dois no sábado, às 15h e às 17h30, e dois no domingo, às 14h30 e às 16h30).

Espaço Internacional

Procurando reforçar os laços de amizade e fraternidade, e tendo os valores da paz, da amizade, da solidariedade e da liberdade entre os povos como pano de fundo, o Espaço Internacional da Festa do Avante! pretende aprofundar o conhecimento da realidade internacional, contando para tal com a presença de dezenas de partidos comunistas e forças progressistas.
Num Espaço Internacional renovado, com mais espaço para o descanso e o lazer, e uma maior área de convívio e confraternização, haverá lugar para os habituais debates, nos quais as organizações presentes apresentam testemunhos, na primeira pessoa, das dificuldades que enfrentam, bem como das vitórias que alcançam, da resistência que organizam e das lutas que travam.
O Palco Solidariedade volta a apresentar dezenas de artistas, com estilos e percursos variados. Na sexta-feira, os CataVentos e o Movimiento Cumbiero de Liberación são duas das bandas que sobem ao palco; no sábado, apresentam-se, entre outros, os Hill's Union, Plantada e Rosa Mimosa y sus mariposas; no domingo, é a vez do Coletivo do Lado de Lá e Fast Eddie Nelson. Mas ainda há mais.

Festa do Livro e do Disco

Em ano de bicentenário do nascimento do autor, a obra de Karl Marx será seguramente um dos pontos de atracagem de muitos visitantes na Festa do Livro deste ano. Para além disso, a variedade da oferta de «clássicos» e de novidades, destinadas a leitores de mais variadas idades e interesses, fazem deste espaço uma paragem quase obrigatória.
Na Festa do Livro há lugar para múltiplas expressões literárias, da poesia ao teatro, do ensaio à literatura para a infância, e autores tão diversos como Álvaro Cunhal, Domingos Lobo, Maxim Gorki, Manuel Gusmão ou William Shakespeare.
Ao longo dos dias da Festa, haverá aqui espaço para conversas com autores, debates, apresentações e sessões de autógrafos. Não esquecer a presença de Luandino Vieira, Mia Couto e Ondjaki, entre outros. Na «Festinha do Livro», haverá oficinas com actividades para os mais pequenos, centradas em livros de contos infantis da autoria de Álvaro Cunhal.

Concerto «Em Louvor do Homem» no bicentenário de Karl Marx

Nas noites de sexta-feira, no primeiro dia da Festa do Avante!, o Palco 25 de Abril é ocupado pelo já tradicional concerto nocturno de música sinfónica, que este ano terá a sua 26.ª edição. Trata-se de um dos momentos magníficos da festa que durante três dias agita a Quinta da Atalaia, no Seixal, recebido por um público diversificado tanto do ponto de vista etário como do ponto de vista de gosto musical, mas que nessa noite conflui entusiasmadamente para escutá-lo.
O programa da noite sinfónica da Festa do Avante! deste ano assinala o II centenário do nascimento de Karl Marx com uma sucessão de obras que, dirigindo-se ao grande público, entretecem, nos seus vários elementos – desde o conteúdo programático, expresso no título, à forma como a música se integra na dinâmica mais viva do tempo em que é produzida, passando pelo texto, quando cantadas – um critério social que aproxima esfera artística e ideológica.
As peças e os compositores que irão ouvir-se serão, segundo o seu alinhamento, a Fanfarra para o Homem Comum, de Aaron Copland; a Suite de Danças Sinfónicasdo musical West Side Story», de Leonard Bernstein; a Abertura de A Midsummer Night’s Dream, de Felix Mendelssohn, Francesca da Rimini – Fantasia sinfónica segundo Dante op. 32, de Piotr Tchaikovsky: e o 4.º andamento (Finale-Presto) da Sinfonia n.° 9 Coral op. 125, de Ludwig van Beethoven.
A interpretá-las estarão a Orquestra Sinfonietta de Lisboa e o Coro Sinfónico Lisboa Cantat, dirigidos, respectivamente, pelos Maestros Vasco Pearce de Azevedo e Jorge Carvalho Alves, com os solistas Carla Simões (soprano), Cátia Moreso (mezzo-soprano), Nuno de Araújo Pereira (barítono) e Pedro Rodrigues (tenor).
É na sexta-feira, dia 7, no Palco 25 de Abril, às 22 horas.



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21
Ago18

Monchique e «a excepção» - Agostinho Lopes

António Garrochinho




Monchique e «a excepção»*


Todo o discurso do 1.º Ministro e do Ministro da Administração Interna é uma encenação e a melhor demonstração do que não fizeram nem vão fazer. O Governo não está a responder aos problemas cruciais da floresta portuguesa. E não é a questão de que não se pode fazer tudo num ano. Ninguém de bom senso o exige. Mas pelo caminho encetado nem daqui a 50 ou 100 anos estará feito.




Monchique era um caso programado, depois do Incêndio Florestal (lF) de 2003. Passados alguns anos, só não via quem não visitava Monchique ou não queria ver. 

A operação do 1º Ministro em Monchique, integrada na operação «limpa valetas», só evidencia a fraude propagandística encenada em 2018 pelo Governo. Como o PCP denunciou. 

Terá havido no IF de Monchique problemas no combate, que a seu tempo se analisarão. Mas tudo indica que nesta vertente foram, também, mais as vozes que as nozes.


Mas há coisas a dizer sobre o que se tem dito. Falar da «excepção» de Monchique, é esquecer todas as «excepções» que foram sendo invocadas depois de 2003 e 2005. Gerês, Serra da Estrela, Planalto Mirandês/Nordeste Transmontano, Caramulo, Tavira/S.Brás de Alportel, Boticas/Ribeira de Pena, etc. É esquecer as dramáticas «excepções» de 2017 de Pedrogão e de Outubro nas Beiras. 

Falar das alterações climáticas para provar a excepcionalidade de Monchique é uma tentativa de fugir ao facto de essa área não estar preparada, prevenida, ordenada, para a excepção climática!

É como tentar justificar o IF do Pinhal de Leiria como uma conspiração de madeireiros - mesmo se a houve (1). Sem nunca se assumir as responsabilidades políticas pela situação dessa Mata Nacional, por única e irrecusável opção de sucessivos governos PS, PSD e CDS.


Todo o discurso do 1.º Ministro e do Ministro da Administração Interna é uma encenação e a melhor demonstração do que não fizeram nem vão fazer. 
O Governo não está a responder aos problemas cruciais da floresta portuguesa. E não é a questão de que não se pode fazer tudo num ano. 
Ninguém de bom senso o exige. 
Mas pelo caminho encetado, nem daqui a 50 ou 100 anos, estará feito. 
É continuar a falar de uma reforma florestal que não existe. 

É invocar mudanças não verificadas nem comprovadas no terreno. No ordenamento. Na prevenção. 
Nos recursos humanos. É não querer assumir o problema da dimensão do investimento e dos ritmos necessários da intervenção pública. 

Em Agosto de 2018, o 1º Ministro fala de que «a lei orgânica da ANPC e do Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta estão também para aprovação» e que «o processo de recrutamento de peritos está em curso»! 
O problema começa logo, pela ausência de balanço rigoroso, concreto e atempado do que foi ou não feito, decorrente de alterações legislativas e das medidas aprovadas no OE/2018! Esse escrutínio não foi feito na Assembleia da República. Julga-se que nem o Governo saiba…

Mas o Governo não está sozinho na sua cruzada de desresponsabilização, antes bem acompanhado por PSD e CDS, que continuam a botar faladura, como se não tivessem nada a ver com o que acontece na floresta portuguesa, pelo que fizeram e sobretudo pelo que não fizeram quando governaram. 
É particularmente hipócrita a posição de A. Cristas, que Ministra da Agricultura, fez o maior corte alguma vez feito no investimento público na floresta (desvio para o agronegócio) para além de outras e vastas malfeitorias.
E a questão não é a da «lamentável querela que os partidos alimentam em torno do fogo» como refere um dos participantes profissionais nas querelas mediáticas de apoio à política de direita que conduziu a floresta e o mundo rural à complexa e frágil situação, de que os IF são uma expressão (). 

O problema é da responsabilização político-partidária pelos IF. É, em linguagem chã, pôr os nomes aos bois.
O busílis é a que as declarações de A. Costa e E. Cabrita são a prova provada de que as coisas não endireitaram. Pior, como eles estão, pelo que dizem, convencidos de que vão com o passo certo, tarde ou nunca se endireitam. O resultado só pode ser em cada ano, o desastre. No seu linguajar: «a excepção»!

Nota:
1- Ainda se espera que a PGR diga alguma coisa sobre esse e outros IF de 2017;


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António Garrochinho

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