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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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23
Ago18

ZECA NO PANTEÃO ? TENHAM JUÍZO !

António Garrochinho
VIRIATO TELES





Talvez seja apenas um efeito colateral do estado de silly season permanente que tomou conta do mundo nos últimos anos, mas a moda do momento parece ser mandar ilustres portugueses falecidos para o Panteão Nacional. Depois de Amália e Eusébio e Sophia, agora há quem queira empandeirar para a triste igreja de Santa Engrácia os restos mortais de José Afonso.

Nunca percebi qual a utilidade prática de um mamarracho como o Panteão Nacional. Aquilo não é esteticamente apelativo; é uma casa fria e cinzenta e feia; não tem sequer o encanto nostálgico que existe em alguns cemitérios. Não serve para nada, a não ser para jantares da Web Summit e para umas altas figuras do Estado se pavonearem, de tempos a tempos, a pretexto de mais uma transladação.

A verdade é que os livros de Aquilino ou de Sophia não passaram a ser mais lidos em virtude da distinção, e dos locatários mais antigos é o que se sabe: se Almeida Garrett ainda diz alguma coisa às pessoas (mais que não seja pelo tantos anos obrigatório Frei Luís de Sousa) serão hoje muito poucos os que alguma vez leram um texto de Guerra Junqueiro ou João de Deus – e é pena, porque não sabem o que perdem.

O Panteão não enobrece, nem apouca, apenas – quanto muito – pode reconhecer o valor de alguns dos nossos excelsos antepassados. Aliás, o plano delineado por Passos Manuel no século XIX, de reunir num mesmo espaço grandes figuras da História, só faria (algum) sentido se fosse mesmo assim. Mas para isso era preciso que lhe fosse dado tempo, à História, para decidir, serena e desapaixonadamente.

Em vez disso, o Panteão tornou-se (ou foi sempre) mais um palco para a exibição de protagonismos vários, por vezes sem outro sentido que não o simples interesse imediato, político ou outro qualquer. Só assim se entende a pressa que houve em lá colocar Amália ou Eusébio. Ou a freima que há por aí em fazer o mesmo com Mário Soares.

Não discuto a grandeza de qualquer dos «eleitos» (estes ou outros), nem os critérios de escolha, nem tão-pouco a justeza do acto. E sei que o espectáculo proporcionado pelas transferências inter-cemitérios anima sempre o povo. Mas acredito que há maneiras mais úteis de ocupar o tempo. E de honrar os mortos.

A mais recente candidatura ao mausoléu pretende apadrinhar a transferência para Santa Engrácia do criador de «Grândola, Vila Morena». Uma proposta porventura bem-intencionada, mas absurda. Não só porque se trata do tipo de distinção que Zeca sempre repeliu – ele até recusou receber uma mais do que merecida Ordem da Liberdade, lembram-se? – como, sobretudo, porque resultaria numa institucionalização inaceitável do homem que foi e da obra ímpar que nos deixou. A antítese de tudo aquilo por que lutou o artista e cidadão José Afonso.

E não adianta argumentar que o Panteão vale como lugar simbólico de reconhecimento nacional. Porque, enquanto tal, a simbologia em perspectiva perante a sugerida entrada de Zeca no redondel de Santa Engrácia não podia ser pior: convenhamos que colocar o autor da canção-senha da Revolução dos Cravos ao lado de Carmona (e de Cavaco, que daqui por uns anos terá lá com certeza uma assoalhada), era uma condenação a título perpétuo.

O Panteão está muito bem como sala-de-eventos, e dizem os números que é um dos lugares muito visitados pelos turistas. Óptimo, sempre ajuda no combate ao défice. Mas José Afonso repousa na terra que escolheu para viver e morrer. Junto do povo – esse que, há 31 anos, dele se despediu transformando Setúbal num mar de gente viva – e do mundo, como deve ser. Como só pode ser. Zeca merece, e nós também.



www.rtp.pt

23
Ago18

Decreto-lei que reforça a valorização das muito longas carreiras contributivas

António Garrochinho















Decreto-lei que reforça a valorização das muito longas carreiras contributivas

(alterações ao DL 498/72, de 9 de Dezembro, e ao DL 187/2007, de 10 de maio)
A CGTP-IN considera que o Decreto Lei hoje aprovado pelo Conselho de Ministros, que visa reforçar a valorização das muito longas carreiras contributivas é extremamente redutor, limitando-se a colmatar uma lacuna deixada na última revisão do regime jurídico da antecipação da idade de acesso à pensão de velhice, consubstanciada no facto de ter deixado fora da protecção prevista uma parte das situações que hoje seriam consideradas como de trabalho infantil (todos aqueles que começaram a trabalhar com mais de 14 e até 16 anos de idade), e originando assim profundas injustiças, para as quais a CGTP-IN oportunamente alertou no decurso do processo que conduziu à publicação do Decreto-Lei 127-B/2017, de 6 de Outubro.
Neste estrito contexto consideramos que a proposta actual, embora pecando por tardia, tem carácter positivo, mas é claramente insuficiente.
Este Decreto-Lei, fazendo parte integrante da primeira fase de revisão do regime da antecipação, nada adianta quanto à concretização dos compromissos assumidos pelo Governo no sentido de prosseguir este processo de revisão de modo a proteger e valorizar também as carreiras contributivas longas (e não apenas as muito longas).
Nesta segunda fase o que se deve fazer é valorizar as longas carreiras contributivas, independentemente da idade em que o trabalhador iniciou a sua actividade profissional.
Tendo em conta tais compromissos e as expectativas criadas entre os trabalhadores, a CGTP-IN reafirma as suas propostas relativamente à revisão do regime da antecipação da idade de acesso à pensão, designadamente:
A valorização das longas carreiras contributivas;
A eliminação do factor de sustentabilidade relativamente a todas as pensões às quais se aplica actualmente;
A não penalização (nem pelo factor de sustentabilidade nem por qualquer outro factor de redução) da antecipação da idade de acesso à pensão na sequência de desemprego de longa duração, bem como da antecipação devida à natureza especialmente penosa ou desgastante da actividade profissional exercida;
A obrigação de as empresas contribuírem para o financiamento das reformas antecipadas com fundamento em reestruturações das empresas que envolvam a diminuição do volume de trabalhadores;
A possibilidade de acesso à reforma antecipada sem penalização, por opção, para todos os trabalhadores com 40 ou mais anos de carreira contributiva, em simultâneo com a criação de condições de trabalho estáveis, seguras e dignas e que tenham em conta a sua idade e capacidades, para que estes trabalhadores possam, se assim o desejarem, prosseguir a sua vida profissional.
A CGTP-IN exige ao Governo que não se limite a tapar as lacunas deixadas na revisão anterior, e dê rapidamente início a um verdadeiro processo de revisão do regime da antecipação da idade da reforma, destinado à protecção e valorização de todos os trabalhadores com longas carreiras contributivas.


www.cgtp.pt

23
Ago18

OLHÓ AVANTE ! - SÓ À LAMBADA

António Garrochinho




Manuel Gouveia 

Só à Lambada

Os liberais pró-privatizações voltaram ao ataque. Muito por culpa do governo, que diz uma coisa e faz o seu contrário, que diz defender os serviços públicos e depois corta trabalhadores e investimentos enquanto continua a alimentar todos os parasitas (com o dinheiro que eles depois usam para comprar e promover os papagaios que defendem que lhes seja entregue o que ainda não foi).

Repetem, incansáveis, a mitologia neoliberal, que nunca passou de uma mitologia, mas está agora de tal forma desmentida pelo realidade que a sua repetição deveria ser vista como cómica.

É por isso que a melhor receita para combater esta ofensiva são umas lambadas de realidade. Ah com os privados fica mais barato? Toma lá uma EDP nas fuças que é para ver se aprendes! Como? 
Os privados gerem melhor que o público? 
Uns CTT pelas ventas, e pode ser que abras os olhos! Ainda não percebeste? Toma lá com a ANA, e com a GALP, e com a PT. Ainda não te chegou? Junta lá esses neurónios, e tenta recordar-te de quando a banca era pública, os lucros ficavam no Estado e tu não pagavas comissão até por respirar o ar nas (cada vez menos) agências. 
E assim o tempo que for preciso.

A única coisa (e não é coisa pequena) que facilita a vida destes papagaios do neoliberalismo é que tantas empresas públicas são geridas por quem as pretende privatizar.

O ataque em curso contra a CP tem origem no facto de o grande capital se querer apropriar dos serviços rentáveis da empresa – o Longo Curso e os Urbanos de Lisboa e Porto. Mas foi a acção dos sucessivos governos da política de direita, incluindo do actual, que lhes deu os argumentos para a campanha (só um exemplo, por falta de espaço: o Metro Sul do Tejo, de gestão privada, recebe mais Indemnizações Compensatórias que toda a CP).

É que não basta desejar melhores serviços públicos ou o controlo público dos sectores estratégicos. É preciso um Estado que queira e seja capaz de o fazer. Tal como aponta o programa do PCP.



www.avante.pt


23
Ago18

Greve com adesão de 100% fecha Minipreço de Oeiras

António Garrochinho


Os trabalhadores da loja Minipreço de Paço de Arcos, em Oeiras, cumprem esta quinta-feira um dia de greve contra o «despedimento colectivo encapotado» decorrente da ??transmissão de lojas a terceiros.
Concentração de trabalhadores em frente à loja em Oeiras. 23 de Agosto de 2018
Concentração de trabalhadores em frente à loja em Oeiras. 23 de Agosto de 2018Créditos/ CESP
Em nota de imprensa, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN) afirma que a adesão à greve foi total, o que levou ao encerramento da loja da marca Dia.
Os trabalhadores do Minipreço contestam o que chamam de um «despedimento colectivo encapotado», feito pela empresa com um processo de transmissão de lojas a terceiros (terceirização/franquia de lojas), exigindo desta a manutenção dos postos de trabalho e o fim das acções repressivas para forçar rescinsões.
«A empresa continua a transmitir lojas, como é o caso desta loja de Paço de Arcos, pressionando os trabalhadores com transferências ou acordos de rescisão, provocando assim um despedimento colectivo encapotado que já destruiu centenas de postos de trabalho», afirma o CESP.
De acordo com o sindicato, numa reunião no Ministério do Trabalho, foi exigido à Dia Portugal mais informações e a salvaguarda dos direitos dos trabalhadores, mas não houve resposta sobre o futuro das lojas. 
«Numa empresa que diz ter responsabilidade social vemos a cada dia mais atropelos e a constante violação aos direitos dos trabalhadores a ser praticada de forma impune», acrescenta o CESP.



www.abrilabril.pt
23
Ago18

Os intrigantes saca-rolhas do diabo

António Garrochinho


Durante o século XIX, fazendeiros do condado de Sioux, no estado americano do Nebraska, passaram a desenterrar estranhas estruturas em espiral de um material rochoso endurecido que saía verticalmente do solo. As espirais eram tão grossas quanto um braço humano e algumas delas chegavam a ser mais altas que um homem adulto. Sem saber o que de fato era aquilo, os fazendeiros começaram a chamá-las de “saca-rolhas do diabo”.
Essas estruturas intrigantes só foram analisadas pela comunidade científica no ano de 1891, através do geólogo Dr. EH Barbour. Ele havia sido chamado por um fazendeiro local que tinha descoberto uma dessas formações em suas terras. Barbour, então, descobriu que as espirais eram na verdade tubos cheios de areia com as paredes externas feitas de algum material fibroso. O geólogo sabia que eles eram fósseis, mas não tinha total certeza do quê. Ele resolveu nomeá-los Daemonelix, que significava “saca-rolhas do diabo” em latim.
Estranhas estruturas intrigavam os fazendeiros locais.
No ano seguinte à descoberta, Barbour começou a esboçar as suas primeiras hipóteses. Inicialmente, ele acreditava que Daemonelix deveria ser a raiz de uma gigantesca esponja de água doce que vivia em imensos lagos de água doce que antes existiam por aquela região. Por um tempo, a teoria até prevaleceu, mas a descoberta posterior da presença de ossos de roedores dentro dos saca-rolhas do diabo colocou um ponto de interrogação na comunidade científica.
Outras pesquisas também revelaram que as rochas que cercavam os fósseis Daemonelix tinham mais características em comum com pastagens semi-áridas do que com lagos, levando Barbour a sugerir que as espirais se tratavam de um novo tipo de plantas gigantes, mas a hipótese das plantas veio a ser abandonada depois da descoberta de marcas de arranhões no interior das espirais, indicando a ação de um animal.
Fóssil encontrado durante as escavações.
Em 1905, os animais responsáveis ??pela criação dos saca-rolhas do diabo foram identificados como uma espécie de castores chamados Palaeocastor, que viveu na região há milhões de anos e que hoje está extinto
O Palaeocastor era do mesmo tamanho das marmotas. Eles tinham rabos curtos, orelhas e olhos pequenos, mas longas garras e dentes frontais resistentes o bastante para neutralizar o desgaste resultante da escavação. A natureza espiral da toca poderia ter provido proteção contra os predadores, que não conseguiriam descer tão facilmente como em uma toca reta. A estrutura em espiral também poderia ter facilitado o trabalho do Palaeocastor em empurrar a terra escavada para cima.
Segundo evidências, essa seria a aparência original do Palaeocastor.
Acredita-se que os Palaeocastores morreram durante a era geológica do Oligoceno, quando o ecossistema do planeta mudou de um clima úmido para um mundo tropical mais seco e dominado por pastagens. Todos os fósseis encontrados na região estão expostos no Museu de História Natural do Estado de Nebraska e podem ser vistos pelo público.


www.tricurioso.com
23
Ago18

Frente sindical de enfermeiros marca greve nacional para Setembro

António Garrochinho


Estruturas sindicais de enfermagem estiveram reunidas esta quarta-feira, após o Governo ter falhado o prazo estabelecido para a questão das carreiras. Greve Nacional está convocada para 20 e 21 de Setembro.
Enfermeiros protestam contra imensa sobrecarga horária imensa que põe em causa a sua vida e o bom funcionamento do SNS
Enfermeiros protestam contra imensa sobrecarga horária imensa que põe em causa a sua vida e o bom funcionamento do SNSCréditos/ União dos Sindicatos de Lisboa
Os representantes de quatro sindicatos estiveram reunidos ontem à tarde com o intuito inicial de analisar a contraproposta do Governo, cujo prazo era até 15 de Agosto. Porém, face à ausência, o encontro serviu para concertar esforços em «formas de luta».
Na reunião estiveram presentes a Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR), o Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira (SERAM) e o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN).
Numa nota à comunicação social, os sindicatos justificam o anúncio de «formas de luta» com o argumento de que o Ministério da Saúde faltou à palavra ao não cumprir o compromisso de enviar a contraproposta da carreira de enfermagem.
Os enfermeiros exigem a criação de uma carreira especial de enfermagem, que integre a categoria de enfermeiro especialista, e exigem o descongelamento da carreira.
Além da greve em Setembro, este mês têm decorrido greves regionais em várias unidades de saúde convocadas pelo SEP, em defesa da progressão da carreira, mas também contra a falta de pessoal, pelo pagamento do suplemento para os enfermeiros especialistas e das horas em falta pelas administrações hospitalares.


www.abrilabril.pt

23
Ago18

PROFESSORA AMERICANA É DESPEDIDA DEPOIS DE PUBLICAR VÍDEO A FAZER POLE DANCING

António Garrochinho



Kandice Mason, uma professora do segundo grau de um colégio do condado de Hoke, na Carolina do Norte, foi despedida após a recente publicação de um vídeo em que aparece em roupa menores adequadas fazendo a dança do poste. O centroescolar tomou esta decisão depois de inteirar-se, que o vídeo postado em sua página do Facebook se tornou viral, junto a informação de que é instrutora de dança erótica em tempo parcial.

Kandice expressou sua indignação na TV e pediu pelo amor de Deus que não fosse despedida, pois, segundo assegurou, trabalha muito duro manter suas filhas. Em tempo de caças as bruxas e excesso de falso pudor é bem possível que ninguém a ouça.

VÍDEO


www.mdig.com.br
23
Ago18

O QUE OCORRE REALMENTE NESTE VÍDEO ? FORMIGAS PARECEM FESTEJAR A MORTE DE UM INSECTO VOADOR

António Garrochinho


Parece uma cena retirada de um estranho conto de fadas. Um grupo de formigas chora a perda de uma mamangaba rodeando seu corpo com pétalas de flores. Péra... As formigas fazem velórios? Que diabos está exatamente acontecendo neste vídeo? Vamos com a primeira pergunta. Sim, as formigas celebram funerais no sentido de que não abandonam os cadáveres de suas colegas. Ademais, abelhas e formigas segregam um sinal químico similar quando morrem.

Que ocorre realmente neste vídeo viral de formigas celebrando o funeral de uma mamangaba
Então seria possível pensar que um grupo de formigas confundisse o abelhão com um membro de sua colônia, certo? Calma! Cobrir os corpos com pétalas de flores não faz parte de seu repertório fúnebre. O normal é que as formigas os carreguem a um lugar concreto onde não possam causar infecções ao resto do ninho, como uma espécie de fossa comum improvisada.

Então... foi assim que vi os comentários do vídeo especulando a possibilidade de que as formigas estejam cobrindo a mamangaba com flores para camuflar a putrefação e que não atraia outros predadores. É uma boa ideia, mas de novo não faz parte das coisas que uma formiga "pensa". Se fosse assim simplesmente o moveriam a outro lugar.

VÍDEO
Também li algumas especulações mais "fantásticas", sobre a possível homenagem das formigas ao amigo abelhão. Também não. Ao final, a explicação mais simples costuma ser a correta. Um especialista em comportamento animal explicou à Science Alert que o suposto funeral é o resultado de duas espécies de animais cometendo um erro.

A primeira espécie são as próprias formigas. Os insetos usam matéria vegetal como as pétalas de rosa para muitas coisas, e para levá-las ao ninho seguem os sinais químicos de outras formigas. Ele acha que a cena do vídeo é o resultado de uma formiga equivocada que, ao chegar às imediações do ninho, encontrou a mamangaba, não soube exatamente o que fazer e deixou as pétalas ali. As demais simplesmente seguiram o erro da primeira, segunda... Uma outra explicação é que a abelhas estava na entrada do ninho.

A segunda espécie somos nós. Este é um exemplo perfeito de auto-sugestão. Pensamos na ideia de que é um velório e simplesmente assumimos que é correto e tentamos buscar uma explicação peregrina quando em realidade a única coisa mostrada no vídeo é um grupo de formigas carregando pétalas e se movendo ao redor de uma mamangaba morta.

Os seres humanos temos a mania de atribuir nossas próprias qualidades (e falhas) a outros animais, mas na maior parte dos casos não é assim. A ideia de um grupo de formigas chorando a perda de seu amigo abelhão é bonitinha e comovente, mas mais própria de desenhos animados do que da realidade.

A entomologia não conhece nenhum caso de formigas guardando luto por outras espécies. Nem sequer choram seus próprios mortos. Desfazer-se deles é uma questão de higiene, e portanto de puro instinto de sobrevivência.
Fonte: SciAl.


www.mdig.com.br
23
Ago18

Investidor "salva" fábrica de Esposende com 330 trabalhadores

António Garrochinho


A administração da fábrica de cabos elétricos Solidal, em Esposende, anunciou hoje que "alcançou uma plataforma de entendimento" com um investidor financeiro que permitirá "capitalizar a empresa" e ultrapassar os recentes problemas de tesouraria.

Investidor "salva" fábrica de Esposende com 330 trabalhadores
Em comunicado, a Solidal acrescenta que a primeira parte dos fundos de capitalização já foi recebida pela empresa, "o que permitirá a retoma da atividade produtiva para níveis normais".
A administração escusou-se a adiantar quaisquer outros pormenores, designadamente o nome do investidor e o montante injetado na empresa.
Com início de laboração em 1970, a Solidal conta atualmente com 330 trabalhadores, tendo em meados deste ano registado, pela primeira vez, salários em atraso.
Uma situação justificada pela administração com a "indisponibilidade de apoio" por parte do seu principal banco.
Desde então, refere o comunicado, a empresa tem procurado "ativamente soluções para que possa continuar a sua trajetória de crescimento de longo prazo", tendo agora alcançado uma "plataforma de entendimento com um investidor financeiro".
"A empresa está focada em trabalhar de perto com os seus principais parceiros, no sentido de evitar qualquer impacto que possa ocorrer enquanto completa o processo de capitalização", acrescenta.

www.noticiasaominuto.com

23
Ago18

É difícil despedir em Portugal?

António Garrochinho


É recorrente o discurso sobre uma alegada «rigidez do mercado de trabalho» em Portugal, que se traduziria, entre outros aspetos, na dificuldade das empresas portuguesas em despedir. Essa ideia, muito enraizada na opinião pública e que constitui um dos principais argumentos do mantra dos que defendem a implementação de «reformas estruturais» (a que se referem insistentemente, por exemplo, organizações como a OCDEComissão Europeia e o FMI), parece contudo não refletir a opinião dos próprios empresários.

Com efeito, de acordo com os resultados de um inquérito recentemente realizado pelo INE, apenas 12% dos patrões considera que a dificuldade em despedir constitui um obstáculo muito elevado à atividade das empresas, não indo além de 22% os que consideram esse obstáculo como elevado. Em contrapartida, 14% dos empresários portugueses refere não ter qualquer dificuldade em despedir, perfazendo 35% o universo de empresários que consideram o despedimento um obstáculo reduzido ou muito reduzido para a atividade das suas empresas.

Por setores, a facilidade em despedir (nenhuma dificuldade e dificuldade reduzida ou muito reduzida) atinge os 53% na indústria, situando-se no limiar dos 50% nos casos da construção e imobiliário e dos transportes e comunicações. No setor do alojamento e restauração, que se destaca pelo peso das respostas «não sabe/não responde/não se aplica» (42%), a facilidade em proceder ao despedimento de trabalhadores atinge os 22%. Ou seja, em nenhum setor de atividade, de facto, a dificuldade de despedir supera o peso relativo dos empresários que acham que esse não é um obstáculo relevante à sua atividade.

Estes dados, que dizem muito mais sobre a economia como ela é do que as conjeturas e agendas ideológicas de diversos especialistas, são indissociáveis de uma outra ideia de senso comum, igualmente infundada e profusamente difundida: a ideia de que o «fator trabalho» é central no conjunto de custos das empresas, quando o seu peso relativo é na verdade sobrevalorizado (uma vez que ronda em média, cerca de 20% do total desses custos). Ou seja, uma sobrevalorização que joga, mesmo em termos de debate público, em desfavor de outros custos - nomeadamente dos custos de contexto - efetivamente relevantes para equacionar a melhoria dos níveis de produtividade e competitividade da economia portuguesa.


23
Ago18

CDS-PP: depois do desinvestimento a privatização

António Garrochinho



Na viagem de comboio, em pré-campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, o CDS-PP esconde a responsabilidade que lhe cabe e insiste na privatização. 

Iniciou-se ontem o périplo de Nuno Melo, cabeça de lista do CDS-PP às eleições para o Parlamento Europeu, acompanhado pela presidente Assunção Cristas e outros dirigentes do partido. 

O objectivo é fazer campanha aproveitando os problemas da ferrovia e ignorando a responsabilidade que os centristas tiveram, pelo menos, em quatro anos de governação com Passos Coelho. 

O encerramento do troço Beja – Funcheira, no Alentejo, ou o congelamento das obras do Metro Mondego, que acabariam por ditar o fim da linha que liga Coimbra à Lousã, são meros exemplos do desinvestimento realizado pelo último executivo e que agora o CDS-PP critica.

Evidenciando que «o destino dos comboios em Portugal pode ser outro», o candidato Nuno Melo fala dos benefícios da concessão a privados.

«Há espaços na ferrovia que podem ser concessionados a privados, que têm projectos e que têm capital, e que podem ajudar à modernização do material circulante e da ferrovia», admitiu esta terça-feira perante os jornalistas. 

Numa viagem na linha de Cascais, no final de Julho, Nuno Melo admitiu que o estado da ferrovia era «marca de uma governação falhada». A afirmação não levanta dúvidas e poderia ser colocada no plural, se analisadas as políticas para os caminhos-de-ferro desde a governação de Cavaco Silva, desde logo com o famigerado Plano de Modernização dos Caminhos-de-Ferro. Entre 1988 e 1994, o País passou de 3608 quilómetros de rede ferroviária para 2850, com particular incidência no transporte ferroviário regional. 

A estratégia privatizadora do governo de Passos e Portas, parcialmente travada pelo actual Executivo, foi precedida pelo estrangulamento financeiro das empresas do sector ferroviário.

Contrariamente ao que sucedeu com a CP Carga, as linhas urbanas da CP e a EMEF não foram entregues a privados mas a recuperação da capacidade de resposta das empresas tarda em concretizar-se. À falta de pessoal soma-se a falta de material circulante, equipamentos envelhecidos e a degradação da infra-estrutura. 

AbrilAbril

Na foto: Nuno Melo, Assunção Cristas e Pedro Mota Soares, à chegada à Estação de Coimbra-B - Créditos: Paulo Novais / Agência Lusa
23
Ago18

Dois mortos e um ferido em ataque com faca em França

António Garrochinho


O atacante foi baleado pelas forças especiais da polícia francesa
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Um homem armado com uma faca matou duas pessoas e feriu gravemente outra esta quinta-feira em Trappes, um subúrbio de Paris, antes de ser neutralizado pela polícia. O atacante, que se barricou num pavilhão, terá gritado “Alá é grande”. O Estado Islâmico já reivindicou a ação.

As primeiras informações davam conta de que o ataque teria provocado dois feridos. No entanto, um dos feridos graves acabou por morrer, o que elevou o número de mortos para dois. 

As duas vítimas mortais são a mãe e a irmã do atacante, segundo dados do Ministério francês do Interior, citado pelas agências internacionais. 

A terceira vítima, uma mulher que passava pelo local, ficou gravemente ferida no ataque

O indivíduo, com cerca de 30 anos, era conhecido pelas autoridades por alegada apologia pública do terrorismo, tendo sido alvo de uma condenação em 2016.

O atacante foi baleado pelas forças especiais da polícia francesa e acabou por morrer no local, apesar de lhe terem sido prestadas manobras de reanimação.

A polícia local, através de uma mensagem divulgada na rede social Twitter, aconselhou a população a evitar a zona.

Estado Islâmico já reivindicou o ataque. 

Em comunicado divulgado pela agência Amaq, conotada com o jihadismo, o grupo afirma que o atacante “era um combatente do Estado Islâmico”.

O ministro francês do Interior, Gerard Collomb, numa mensagem no Twitter também disse, mais cedo, que o atacante havia sido neutralizado, mas sem avançar se estava morto ou vivo.
Gerard Collomb está em Trappes a acompanhar a situação e em conferência de imprensa afirmou que “a investigação não está concluída”. 

As autoridades estão a tentar determinar se esse ataque é de natureza terrorista.


www.rtp.pt

23
Ago18

Da crise atual à próxima crise, sinais de alarme – A Europa deve ter muito cuidado com uma Alemanha nacionalista. Por Philip Stephens

António Garrochinho
aviagemdosargonautas.net


By franciscogtavares

pobresericos
Seleção e tradução de Júlio Marques Mota

A Europa deve ter muito cuidado com uma Alemanha nacionalista 

Philip Stephens Por Philip Stephens
Publicado por FTimes em 20 de junho de 2018
Republicado por Gonzalo Raffo Infonews  Gonzallo Rafo
20 Europa cuidado com Alemanha nacionalista 1

Os populistas que a aplaudem noutros locais devem ter cuidado com o que desejam


Angela Merkel está sitiada. 

O partido bávaro irmão da União Democrática Cristã da Chanceler alemã, o CSU, quer controlos fronteiriços mais rigorosos. 

A postura antimigrante afirmada por Horst Seehofer, o ministro do interior da União social cristã na coligação de Merkel, é aplaudida pelos populistas de Varsóvia a Roma, via Viena e Budapeste. Será que eles terão pensado, perguntamo-nos nós, o que é que uma Alemanha a tomar o caminho do nacionalismo pode realmente vir a ser?


Os motivos do ministro Seehofer são transparentes. 

A CSU sofreu uma pesada derrota eleitoral às mãos da desavergonhada xenófoba Alternativa para a Alemanha (AFD) nas eleições nacionais de 2017. Enfrentando eleições em outubro, o partido agora quer ultrapassar pelos flancos a AFD. Os líderes da UE discutirão um esquema de migração a nível europeu no final deste mês. Se não ficar satisfeito, o ministro Seehofer está a ameaçar aplicar controlos unilaterais.


Muitos alemães — a maioria, segundo a última sondagem — permanecem desconfiados da estratégia de fronteiras abertas da Chanceler. Entre os vizinhos, os 4 de Visegrado — Polónia, Eslováquia, República Tcheca e Hungria — são críticos ferozes. Jaroslaw Kaczynski, o líder do Partido Lei e Justiça e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, desprezam os esforços para repartir os requerentes de asilo por todos os países da União Europeia.


O novo governo da Itália-uma coligação populista do Movimento 5 Estrelas e da Liga anti-imigrantes – está a fechar os portos aos refugiados que atravessam do norte da África. Matteo Salvini, o ministro do Interior e líder da Liga, tentou inicialmente afastar a hipótese de resgatar o navio Aquarius. O líder conservador austríaco Sebastian Kurz propõe um “eixo” com colegas radicais em Roma e Berlim para fechar as fronteiras.


Os populistas estão unidos nos seus slogans fáceis. 

A população da Hungria está a diminuir e a envelhecer, com os jovens talentosos a procurarem oportunidades noutros lugares. No entanto, Budapeste orgulha-se dos seus campos de arame farpado para que os infelizes requerentes de asilo e imigrantes não possam atravessar a fronteira.


A realidade, naturalmente, é que nenhum governo sozinho pode assumir o controlo das suas fronteiras. 

Os estreitos interesses nacionais defendidos pelos populistas frequentemente colidem entre si. Já está esquecido, mas a senhora Merkel manteve as fronteiras da Alemanha abertas em 2015 para aliviar a pressão sobre a Áustria. Viena temia o risco de ser submersa pelos imigrantes que chegavam de autocarro vindos da Hungria de Orban.


O campo dos nacionalistas é o medo e a emoção ao invés da razão. Se eles pensassem nisso, os nacionalistas saberiam que políticas chutam os problemas para cima do vizinho não podem funcionar. Fechar uma fronteira tem um efeito de ricochete. 

O senhor chanceler Kurz deve certamente compreender que os planos do senhor Seehofer deixariam a Áustria a lidar com os refugiados abandonados no lado errado da fronteira alemã.


Entenderá o senhor Salvini, perguntamo-nos nós, que o ministro Seehofer quer que os que chegam à fronteira alemã sejam devolvidos ao local onde foram registados pela primeira vez? Na maioria das vezes, esse local seria a Itália. Os Estados da linha de frente do Mediterrâneo queixam-se dos seus parceiros do Norte não partilharem do fardo dos migrantes. Os nacionalistas polacos e húngaros seriam os últimos a fazer uma tal oferta.


Desatar este nó górdio com um sistema de migração que seja humano, justo e sustentável requer um esforço coletivo para fortalecer as fronteiras externas da UE e acomodar equitativamente aqueles a quem é concedido asilo. Exige também mais esforço e ajuda – para ajudar a África Subsaariana. Isto é o que a senhora Merkel e Emmanuel Macron, o Presidente francês, têm discutido. 

O ministro Seehofer não tem nenhuma alternativa real.
Contudo, Seehofer está longe de estar sozinho em vender o seu partido como aquele que coloca a Alemanha em primeiro lugar. Nem se trata de um humor nacionalista crescente que esteja confinado à hostilidade para com a imigração. Markus Söder, o primeiro-ministro CSU da Baviera, acha que o país tem lições mais vastas a aprender com o unilateralismo beligerante de Donald Trump.


Não é de todo muito difícil imaginar para onde é que um novo nacionalismo alemão nos poderia conduzir. 

A AFD fez o seu nome, ganhou o peso que tem eleitoralmente hoje opondo-se ao apoio financeiro aos membros mais fracos da zona euro – a chamada União de transferências que deixa os alemães à mercê dos supostamente perdulários do Sul ad Europa. Sendo o principal tesoureiro da UE, porque não estender o princípio da moeda única para mais além, para outros projetos?


O polaco Kaczynski está sempre a lançar insultos na direção de Berlim. No entanto, a Polónia é a maior beneficiária da ajuda comunitária. Porque é que os contribuintes alemães assinam grandes cheques para Varsóvia? Do mesmo modo para com a Hungria, onde o governo está a substituir o capitalismo de mercado pelo capitalismo clientelista – a ser feito em parte significativa à custa dos dinheiros da Alemanha. 

Berlim poderia implantar de forma bem melhor a sua influência económica, através de projetos que lhe conferem uma vantagem nacional direta.
Aqueles com memórias obscuras da guerra têm menos a temer. Não há nada de militarismo na política de 
“A Alemanha em primeiro lugar”. 

O impulso é, sobretudo, o isolacionista. 

A maioria dos alemães provavelmente gastaria menos em defesa. E porque não? A nação é demasiado poderosa para ser ameaçada pelos seus vizinhos. Berlim pode sempre chegar a um acordo com Moscovo: a energia russa em troca da tecnologia alemã faz um acordo de conveniência para ambos os lados. 

Deixem a Polónia e outros na fronteira oriental da UE pagarem para a NATO se se sentirem ameaçados pela Rússia.
A Alemanha está longe de atingir tais posições. 

A senhora Merkel ainda está convencida — e com razão — de que os interesses de longo prazo da nação residem no internacionalismo liberal. A Chanceler não vai renunciar facilmente às suas convicções. 

Mas ela ficou enfraquecida. Após 12 anos, o tempo dela está a acabar. E o ministro Seehofer e os seus aliados estão a mudar de direção. Os populistas que os aplaudem noutros locais devem ter cuidado com o que desejam.


23
Ago18

Guterres um pau mandado .

António Garrochinho



Ao receber o Ministro libanês dos Negócios Estrangeiros e Imigrantes, Gibran Bassil, o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, levantou novamente o véu sobre o funcionamento real das Nações Unidas [1].
Segundo a Carta, a Organização tem por fim regular pacificamente os diferendos entre as nações. No entanto, desde Julho de 2012, o verdadeiro poder já não é detido pelo Secretário-Geral, mas, antes pelo seu «número 2»: o Director de Assuntos Políticos, Jeffrey Feltman. Completamente fora de controle, este utiliza os meios da ONU para manter a guerra em todo o «Médio-Oriente Alargado».
Serguei Lavrov revelou que inquieto pela ausência participação da Unesco, apesar dos seus compromissos, nos restauros de Palmira, ele acabou por descobrir que esta agência da ONU havia sido proibida por Feltman de cumprir a sua missão.

Acontece que Jeffrey Feltman emitiu, em Outubro de 2017, uma directriz secreta para todas as agências e todos os serviços da Organização proibindo-os de participar fosse em que acção fosse que pudesse ajudar a levantar a economia síria. O Conselho de Segurança não foi informado desta iniciativa.

Antigo embaixador dos EUA em Beirute, depois adjunto de Hillary Clinton para o “Médio-Oriente Alargado”, Jeffrey Felman havia já redigido, quando assumiu o cargo em Nova Iorque, em Julho de 2012, um plano de capitulação total e incondicional da República Árabe Síria [2]

Com base nisso, fez frustrar todas as negociações de paz, fossem elas dirigidas por Kofi Annan, ou Lakhdar Brahimi ou Stefan de Mistura.
Lavrov indicou ter questionado o novo Secretário-geral da ONU, António Guterres, e ter-lhe pedido para clarificar esta situação.
Esta é a primeira vez que a Rússia se interroga publicamente quanto à real autoridade do Secretário-Geral da ONU sobre os seus próprios serviços.
Questionado na sede em Nova Iorque pela agência Tass, o porta-voz da Organização, Stephane Dujarric, declarou que, de momento, a ONU se concentrava sobre a busca de uma «solução política» na Síria [3].
No mesmo encontro com a imprensa em Moscovo, com o seu colega libanês, Serguei Lavrov revelou, igualmente, que os ataques realizados contra as áreas libertadas do Sul da Síria são feitos por combatentes baseados no campo de refugiados de Rukban. Ora, este é protegido pelas forças dos EUA da base ilegal de Al-Tanf (fronteira Jordana) e, portanto, inacessível aos observadores internacionais.
Tradução 
Alva

foicebook.blogspot.com
23
Ago18

Centeno, a verdadeira alface do Lidl

António Garrochinho



Centeno, como presidente do Eurogrupo, diz que a Grécia chegou à normalidade, num seu (nada) surpreendente discurso.
Como Ministro das Finanças de Portugal, país que antes da Grécia chegou  àquela mesma normalidade, terá feito o que pode para atrair investimento alemão. Não sabemos se teve papel relevante a traçar o retrato das "vantagens competitivas", se terá falado da permissividade quanto a se poder atropelar os Planos Directores Municipais para os devidos licenciamentos, se terá dissertado sobre a prática encapotada de uso de trabalho precário, sobre a recém-aprovada lei do trabalho...

Uma coisa é certa, vem aí, em força, o Lidl...
E o pequeno comércio que se lixe...
conversavinagrada.blogspot.com

Lidl vai investir 100 milhões em Portugal este an investimento a realizar este ano pelo grupo de retalho alemão inclui a abertura de cerca de "uma mão cheia de lojas".

O administrador-delegado do Lidl Portugal revelou que o grupo de retalho vai investir 100 milhões de euros no mercado português este ano, o que representa um aumento de mais de 40% face ao investido em 2017.
No ano passado, a cadeia de supermercados alemã investiu 70 milhões de euros em Portugal e em 2016 o valor foi de 50 milhões de euros.
“Este ano fiscal [que arrancou em março] vamos investir 100 milhões de euros”, afirmou Massimiliano Silvestri, num encontro com jornalistas na sede da Lidl Portugal, no Linhó, Sintra.

Este montante, acrescentou, inclui a abertura de cerca de “uma mão cheia de lojas”, nomeadamente nas áreas da grande Lisboa, Porto e Algarve, e o investimento em dois ntrepostos.
“O investimento no entreposto de Torres Novas arranca depois do verão e são cerca de 20 milhões de euros”, com o objetivo de ampliação da área – de 30.000 para 40.000 metros quadrados – e modernização, explicou o administrador-delegado.
Também este ano arrancam as obras do entreposto em Santo Tirso, que será realizado “durante os próximos três anos”, substituindo o de Famalicão, num investimento de 70 milhões de euros.
Este é “um entreposto moderno”, disse, salientando que as obras também arrancam este ano e deverá estar concluído em 2020.
“É um sinal para a economia portuguesa”, afirmou Massimiliano Silvestri.
Relativamente a 2017, o administrador-delegado disse que foi “um ano positivo”, tendo o Lidl Portugal registado “um crescimento de dois dígitos” em valor, embora não tenha avançado mais dados.
Em termos de quota, no ano fiscal de 2017 a cadeia de supermercados atingiu os 8,6%, valor que compara com 8,2% registados em 2016.
No ano passado, a empresa exportou 100 milhões de euros de produtos portugueses, uma subida de 40% face a 2016.
“Queremos muito investir neste país”, disse o gestor, salientando que “100% do sortido de carne” vendida na cadeia de retalho alimentar é portuguesa e que 70% das frutas e legumes também são nacionais.
23
Ago18

23 de Agosto de 1926: Morre o ídolo do cinema mudo, Rudolfo Valentino

António Garrochinho

Actor norte-americano, de origem italiana, de nome verdadeiro Rodolfo Alfonso Raffaello Pierre Filibert Guglielmi di Valentina d Antonguolla nascido a 6 de Maio de 1895, em Castellaneta, e falecido a 23 de Agosto de 1926, em Nova Iorque, vitimado por uma peritonite. 

Foi o primeiro sex-symbol criado pelo cinema, tendo falecido quando se encontrava no auge da sua popularidade. Filho de um veterinário militar, abandonou a casa de seus pais com 17 anos para ir viver para a França e depois para os Estados Unidos. 

Aqui trabalhou como empregado de mesa e dançarino de tango. Foi na condição de bailarino que se estreou no cinema em My Official Wife (1914). Continuou a trabalhar em cinema, sempre em papéis secundários de personagens latinos. A sua grande oportunidade surgiu quando o realizador Rex Ingram confiou no seu carisma sexual para protagonizar Four Horsemen of the Apocalipse (Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, 1921). 

O filme foi um sucesso e o magnetismo de Valentino cativou imediatamente o público feminino. Filmes como The Sheik (O Xeque, 1922), Blood and Sand (Sangue e Arena,  1922), The Eagle (A Águia, 1925), Cobra (1925) e The Son of the Sheik (O Filho do Xeque, 1926) confirmaram a sua fama e estatuto de primeira estrela de Hollywood. 

A sua morte inesperada provocou uma histeria colectiva entre as suas fãs, tendo comparecido ao seu funeral 80 mil mulheres.

O corpo de Valentino ficou exposto durante alguns dias numa funerária de Los Angeles. Milhares de pessoas, em lágrimas, lutavam contra a polícia para se despedir do astro. Ao lado do caixão estavam quatro agentes supostamente enviados por Benito Mussolini. 

Em 30 de Agosto, houve cerimónias fúnebres na igreja de São Malaquias.  Inúmeras celebridades de Hollywood estiveram presentes, entre elas, Mary Pickford, Douglas Fairbanks e Gloria Swanson. 
Rudolph Valentino. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010
wikipedia (Imagens)



Ficheiro:Rudolph valentino i sangue e arena, 1922.jpg


No filme Sangue e Areia


23
Ago18

CDS-PP: depois do desinvestimento a privatização

António Garrochinho


 


Na viagem de comboio, em pré-campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, o CDS-PP esconde a responsabilidade que lhe cabe e insiste na privatização. 

Iniciou-se ontem o périplo de Nuno Melo, cabeça de lista do CDS-PP às eleições para o Parlamento Europeu, acompanhado pela presidente Assunção Cristas e outros dirigentes do partido. 

O objectivo é fazer campanha aproveitando os problemas da ferrovia e ignorando a responsabilidade que os centristas tiveram, pelo menos, em quatro anos de governação com Passos Coelho. 

O encerramento do troço Beja – Funcheira, no Alentejo, ou o congelamento das obras do Metro Mondego, que acabariam por ditar o fim da linha que liga Coimbra à Lousã, são meros exemplos do desinvestimento realizado pelo último executivo e que agora o CDS-PP critica.

Evidenciando que «o destino dos comboios em Portugal pode ser outro», o candidato Nuno Melo fala dos benefícios da concessão a privados.

«Há espaços na ferrovia que podem ser concessionados a privados, que têm projectos e que têm capital, e que podem ajudar à modernização do material circulante e da ferrovia», admitiu esta terça-feira perante os jornalistas. 

Numa viagem na linha de Cascais, no final de Julho, Nuno Melo admitiu que o estado da ferrovia era «marca de uma governação falhada». A afirmação não levanta dúvidas e poderia ser colocada no plural, se analisadas as políticas para os caminhos-de-ferro desde a governação de Cavaco Silva, desde logo com o famigerado Plano de Modernização dos Caminhos-de-Ferro. Entre 1988 e 1994, o País passou de 3608 quilómetros de rede ferroviária para 2850, com particular incidência no transporte ferroviário regional. 

A estratégia privatizadora do governo de Passos e Portas, parcialmente travada pelo actual Executivo, foi precedida pelo estrangulamento financeiro das empresas do sector ferroviário.

Contrariamente ao que sucedeu com a CP Carga, as linhas urbanas da CP e a EMEF não foram entregues a privados mas a recuperação da capacidade de resposta das empresas tarda em concretizar-se. À falta de pessoal soma-se a falta de material circulante, equipamentos envelhecidos e a degradação da infra-estrutura. 

AbrilAbril

Na foto: Nuno Melo, Assunção Cristas e Pedro Mota Soares, à chegada à Estação de Coimbra-B - Créditos: Paulo Novais / Agência Lusa
23
Ago18

Na ‘silly parva’ o Zeca disse não. Chapéus há muitos, seus…

António Garrochinho

Ao pequeno almoço tranches de Trump ensopadas em pescadinhas com o rabo na boca, todas enroladas em circuito fechado. É disto que o Curto se abre por Candeias que nem sempre iluminam o que realmente nos interessa. Dizem que estamos na “silly season”, aquela época parva, cretina, tola dos jornalistas. E é, é mesmo. Trump novamente, a novela. Que coisa!

Notícias de interesse nacional não faltam. Aprofundadas até dariam quase livros. Bons livros. Com gente que vimos e caminha como zumbis ao nosso lado. Quase nem damos por eles, de tão fechados que estão, notam-se pelos sorrisos amarelos e dixotes que disfarçam os dramas das suas vidas. Pois. Mas isso não é notícia. Nãoooo.

Aquela do governo dar mais dois meses aos dos arrendamentos de casas para as pressões ‘bulingosas’ é mesmo de PS no governo. Sempre ao lado dos “dinheirinhos” dos que depois lhes pagam em favores simpáticos e muitas vezes chorudos – como se tem visto em alguns (demasiados) do PS, mas também do PSD e do CDS. Pudera! É sacar vilanagem. Dito certo. E os vilões andam atiçados a ladrar às pernas dos arrendatários. Senhorios. Que de senhores e senhoras nada têm. Jagunços, diz-se no Brasil e também por cá. Especuladores e etc… Pois.

Apesar de ainda não ter percebido com rigor (falta de tempo) o que se passa com a transparência dos que nos governam e representam na AR, talvez desses e dos e etc., parece que com a nova lei dos dados não vamos ter a possibilidade de saber publicamente quanto sacam os marmanjos das mordomias e outras alcavalas que nos esmifram. Os tais que dizem que nos servem mas na realidade o que fazem é servir-se e sacar o mais possível à custa dos totós portugueses. Assim está bem. Fizeram a lei à medida de evitar o conhecimento de quanto nos sacam, nos roubam (grosso modo).

E o José Afonso falou. Disse uma vez mais NÃO! Disse-o pela “voz” do filho Pedro e família. “Não quero ir para o Panteão, vão à merda!” Subentende-se.

Aquela tirada do José Jorge Letria ou de quem teve esta ideia lá pela SPA (autores) foi mais que estranha. Foi aquilo a que chamam ‘lobi’ mas que rima com seita? Terá que ver com a mais valia de encafuar o Zeca no Panteão Nacional para abrir caminho a Mário Soares e Sá Carneiro? Assim como a outros que vão para ali mas que só engrossam o números dos que estão lá a mais? Zeca até mereceria se esse tal panteão fosse algo decente e não uma bandalheira. Assim não. Assim Zeca fica onde estão tantos combatentes antifascistas, da liberdade e da democracia, em campa rasa. E é ali que está bem, porque é um dos nossos. Dos tantos que morreram no Tarrafal, nas masmorras da PIDE do Salazar e do Marcdelo Caetano tão chegado  a Marcelo PR… Onde isto chegou!

Chegou ao esgoto. Também visível nessas tantas condecorações que parecem ter saído da loja chinesa. Vários já foram condecorados “porque sim”. Alguns sacanórios na lista. Cavaco Silva até condecorou o ‘modisto’ (alfaiate) da Dona Maria sua mulher que até ganhava tão pouco como professora e com reforma miserável. Disse-o o “tatebitate” então em Belém, esse Cavaco. Um ‘modisto’? Só porque fazia os andrajos para a talvez primeira-dama que cá não existe (felizmente)? Porra, mas que podridão! O abandalhamento só não é superior aos terriveis odores emanados por quase toda aquela gentinha. Políticos de esgoto.

Adiante, que isto teria pano para mangas, pernas, rabos grandes e pilas avantajadas…

Expresso Curto. Vamos nessa. Novela Trump e outras coisas, algumas com interesse. Outras porque vale sempre a pena saber o que se passa ou dizem que se passa… e depois pensar. Até o Expreso tem por slogan: Liberdade para pensar. Que bom. E por enquanto ainda não paga imposto. Paga? Talvez. Pois. (MM | PG)

paginaglobal.blogspot.com
23
Ago18

DOS SALÁRIOS NUNCA SE FALA

António Garrochinho



Dos salários nunca se fala !

A Sonae obteve 98 milhões de euros de lucro no primeiro semestre deste ano, uma subida de 34,2% face a igual período em 2017. 

Muito bem . 

E quanto tiveram de aumento os 
trabalhadores ? 

E os impostos ? 

Quanto pagou a hoding do grupo na Holanda ?



foicebook.blogspot.com

23
Ago18

E VIVA !

António Garrochinho



E VIVA A CRISTINA ! A PRINCESA DA "CULTURA" QUE VAI GANHAR 80.000 MIL EUROS MENSAIS PARA A "SIC" DE BALSEMÃO, UM MILHÃO DE EUROS POR ANO PARA CAGAR LANTONAS E PROMOVER A MERDA COM QUE A BURGUESIA E O CAPITALISMO TAPA OS OLHOS AOS PORTUGUESES.

VIVA A CRISTINA COR DE ROSA QUE SE ENCHE COM A TRALHA ILUSÓRIA E ALIMENTA O FASCISMO PODRE E MODERNO.

A SEGUIR DEVE SER O "GOUXA" O PATRÃO DO LOBI HOMOSEXUAL QUE IMPERA NAS TELEVISÕES E COMUNICAÇÃO SOCIAL COMO SE NESTE PAÍS NÃO HOUVESSE NÃO EXISTISSE GENTE COM ALGUMA COISA NA CABEÇA CAPAZ DE ENTRETER, INFORMAR, COM RIGOR, COM SABER E INDEPENDÊNCIA.

AG


23
Ago18

SEM PAPAS NA LÍNGUA - SIM ! A MINHA GERAÇÃO É QUE ERA PARVA E É A CULPADA DAS MISÉRIAS, DESGRAÇAS, GATUNICE E CRIME QUE SE VIVE HOJE EM PORTUGAL !

António Garrochinho


SEM PAPAS NA LÍNGUA

SIM ! A MINHA GERAÇÃO É QUE ERA PARVA E É A CULPADA DAS MISÉRIAS, DESGRAÇAS, GATUNICE E CRIME QUE SE VIVE HOJE EM PORTUGAL !

A MINHA GERAÇÃO QUE COMEÇAVA A TRABALHAR AOS OITO NOVOS ANOS NA AGRICULTURA, AOS DEZ, ONZE ANOS, IA APRENDER UM OFÍCIO PARA SER HOMEM E CONSTITUIR FAMÍLIA, A MINHA GERAÇÃO QUE FOI À GUERRA COLONIAL IMPOSTA PELO FASCISMO SALAZARISTA/CAETANISTA E QUE MESMO ASSIM CONSEGUIU ABRIR OS OLHOS E DESOBEDECER FUGINDO PARA FRANÇA, CONSPIRAR ADERINDO À IDEOLOGIA COMUNISTA, E ENFRENTAR O FASCISMO.

A MINHA GERAÇÃO QUE EMBORA POLUÍDA COM A "HISTÓRIA DE PORTUGAL" ADMINISTRADA NAS ESCOLAS DO FASCISMO CHEIA DE MENTIRAS DE INUTILIDADES SE VIROU E COMEÇOU A LER OS LIVROS PROIBIDOS E A OUVIR O CANTO LIVRE.

A MINHA GERAÇÃO QUE ENFRENTOU O FASCISMO COM ACÇÕES REVOLUCIONÁRIAS E OS FEZ TREMER.
É VULGAR EM MUITOS CONSIDERAR OS "COTAS" COMO EU, GENTE JÁ ULTRAPASSADA, GENTE ATÉ POR MUITOS CONSIDERADA "CONSERVADORA" QUANDO AFINAL INCITA E APONTA PARA REVOLTA E A DESOBEDIÊNCIA.

DESCANSEM OS DETRACTORES DOS "VELHOTES REVOLUCIONÁRIOS" EM CIMA DA "VIDA MODERNA" AQUELA QUE PERMITE COLOCAR NO PODER OS QUE EXPLORAM, MATAM E ROUBAM.

PODEM GABAR-SE DISSO OS PALERMAS QUE AINDA NÃO ABRIRAM A PESTANA E SÃO ESCRAVOS COM SAPATILHAS DE MARCA E QUANDO COMPRAM UM AUTOMÓVEL JÁ SE SENTEM IMPERADORES A PASSEÁ-LO MOSTRANDO AOS VIZINHOS O POPÓ.

PODEM MUITO BEM VIVER ESSE MUNDO ESTÚPIDO ONDE NÃO SE MOBILIZAM PARA AS CAUSAS SOCIAIS ELEMENTARES E A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE QUE SIRVA OS QUE PRODUZEM E TRABALHAM.

PODEM ! MAS EU NÃO OS VALORIZO NEM ACEITO A SUA FALTA DE INTELIGÊNCIA E COVARDIA.


António Garrochinho
23
Ago18

CONFESSO QUE FIQUEI ESTUPEFACTO EMBORA JÁ CONHEÇA MUITA MISÉRIA QUE ATINGE A NOSSA JUVENTUDE - COM TANTA INFORMAÇÃO, COM TANTA MISÉRIA, MARGINALIZAÇÃO, CRIME À NOSSA VOLTA COMO É POSSÍVEL ISTO ACONTECER ? - UMA ENTREVISTA MUITO INTERESSANTE CO

António Garrochinho



www.noticiasaominuto.com



Perder a virgindade aos 12 anos, consumir drogas e até calmantes para gatos bravos, fazer sexo com desconhecidos sem preservativo, enviar 'nudes' e filmar as relações sexuais é uma realidade na vida de muitos adolescentes portugueses que os pais desconhecem ou preferem ignorar. 

Mas Francisco Salgueiro volta a pôr o ‘dedo na ferida’ e a revelar que, oito anos depois de ‘O Fim da Inocência – O Diário Secreto de uma Adolescente’, as coisas mudaram… para pior.

As relações sexuais acontecem cada vez mais cedo e sem qualquer tipo de preocupações, os adolescentes consomem cada vez mais estupefacientes como se de tabaco se tratasse e regem a sua vida sem pensar nas consequências que no futuro, para eles tão longínquo, estas atitudes podem trazer quer a nível profissional, quer pessoal.

De acordo com o escritor, os jovens chegam mesmo a arriscar a vida só para serem aceites no grupo de amigos. Têm medo de não aproveitarem tudo ao máximo e não terem histórias para contar aos seus pares. Guiam-se pelo Yolo [You Only Live Once], porque só vivem uma vez, mas depois, além das doenças sexualmente transmissíveis, das gravidezes não desejadas, das repercussões que o consumo de drogas pode trazer, chegam muitas vezes ao estado de tédio, de quem já fez tudo na vida, com o qual não conseguem lidar.
E é esta realidade, nua e crua, que Francisco Salgueiro mostra no seu mais recente livro ‘SDS - Sexo, Drogas e Selfies’.

Isto não é mentira nenhuma, isto não é uma aldrabice, não é um mito urbano que se conta para meter medo, é a realidade

Em 2010 escreveu o primeiro livro sobre a vida de excessos que muitos adolescentes portugueses levam e que muitos pais não têm noção. 

Oito anos anos depois do primeiro volume do ‘Fim da Inocência’, volta a escrever sobre esta temática. O que mudou entretanto?

Uma coisa mudou e uma manteve-se. Os pais continuam a achar que a vida dos adolescentes é muito semelhante à vida que eles tiveram quando eram adolescentes. Continuam a achar que uma bebedeira é normal, que fumar charros é normal. Havia sempre um ou outro que cheirava cocaína, portanto, também é normal. 

A parte que está completamente diferente, e daí a necessidade que tive em escrever este novo livro, é que tudo isto está a começar cada vez mais cedo e cada vez com maior capacidade dos miúdos terem acesso a este tipo de drogas e a fazerem sexo. 

Portanto houve esta necessidade de voltar a alertar os pais. Isto não é mentira nenhuma, isto não é uma aldrabice, não é um mito urbano que se conta para meter medo, é a realidade.

Em que difere este novo livro – ‘Sexo, Drogas e Selfies’ – dos dois volumes ‘O Fim da Inocência’?

outros dois volumes do ‘Fim da Inocência’ eram histórias reais do princípio ao fim, ou seja, havia um narrador que era uma personagem que existia na realidade e que contou uma história do principio ao fim. Este livro é uma recolha de várias histórias que compilei numa só história, arranjei uma personagem que incorpora as várias histórias que eu fui recebendo ao longo dos tempos.
Quando escrevo o ‘Fim da Inocência’, começam a chover e-mails com histórias novas, com histórias que me deixaram boquiaberto e daí a necessidade de escrever o segundo livro. Em Portugal, devo ser o maior repositório que existe em termos de histórias que acontecem com adolescentes. Os adolescentes vêm a mim como aquela pessoa que não os julga, em que podem confiar, porque de facto eu nunca disse quem eram as personagens do 'Fim da Inocência I e II'. Por semana, recebo algumas dezenas de histórias de miúdos.
Tive vários miúdos a dizerem-me que a cocaína era uma droga leve, por isso é normalíssimo começarem cada vez mais cedo O título 'Sexo, Drogas e Selfies' é bastante provocador. 

Porquê esta escolha?

Porque de facto são aquelas três áreas em que os adolescentes hoje em dia estão mais focados. Muito focados no sexo e cada vez numa idade mais precoce, nas drogas, porque para eles as drogas são como para nós um cigarro. 

Tive vários miúdos a dizerem-me que a cocaína era uma droga leve, por isso é normalíssimo começarem cada vez mais cedo. 

depois as selfies porque esta nova geração é uma geração que vive de serem os realizadores das suas próprias vidas, em que mantêm uma aparência em que está tudo fantástico na selfie, mas que basta tirar a fotografia, que voltam exatamente ao mesmo ar enfadonho que tinham antes de a tirar. Acabam todos por entrar num estado de euforia com as selfies para mostrar aos outros que seguem o Yolo [You Only Live Once, Só Vives Uma Vez, em português] e que aproveitam tudo ao máximo.


E há ligação entre estas três palavras? Ou seja, os jovens gostam de mostrar, através das redes sociais, das selfies e das 'instastories' que consomem drogas e têm relações sexuais?

Gostam, gostam muito de mostrar que fazem isso, não através das selfies mas entre eles próprios. Aliás eles próprios fazem para eles. O grande problema é que há uma total ausência de cuidado com aquilo que fazem. Por exemplo, no livro o que acontece é que as fotografias eram automaticamente colocadas na cloud (nuvem), mas quando são apagadas, não são apagadas da cloud, portanto, uma das personagens, que tinha acesso à cloud de outra personagem conseguiu aceder ao repositório das fotografias. Eles não fazem as coisas numa de exibicionista, fazem para eles, mas depois não têm cuidado nenhum.

E é fácil roubar um telemóvel que tenha vídeos e fotografias onde dois miúdos estão na cama e estas imagens irem parar, muito rapidamente, a sites pornográficos como o pornhub, ou o more tube onde é só preciso fazer o upload. E os miúdos não têm noção nenhuma disso.

Quando vou às escolas dar palestras digo-lhes: ‘se querem tirar fotos eróticas, tirem, mas não tirem com a cara. Porque uma coisa é uma fotografia ao corpo, que pode ser igual a mil corpos diferentes, outra coisa é uma pessoa tirar uma fotografia ao seu corpo todo nu, ou na cama com o namorado, onde se veem as caras. Isso fica na internet para sempre. Uma vez na internet, na internet para sempre. E essa pessoa, que hoje em dia tem 13, 14 anos, nem pensa em mais do que um, dois dias para a frente na vida delas, mas daqui a 20 anos esse vídeo estará na net, essa pessoa vai ter filhos, vai ter um trabalho e o vídeo continua a lá estar. Além disso, os empregadores pesquisam cada vez mais quem são as pessoas que estão a contratar e vão encontrar aquilo facilmente. Não sou ao ingénuo ao ponto de achar que eles não vão tirar este tipo de fotos, por isso é que lhes digo: “façam mas não mostrem a cara”.
É fácil roubar um telemóvel que tenha vídeos e fotografias onde dois miúdos estão na cama e estas imagens irem parar a sites pornográficos

E quanto às drogas, os adolescentes e hoje em dia preferem quais?

basicamente consomem tudo o que lhes aparece pela frente. É uma geração muito estranha, que quer aproveitar tudo. É a tal história do Yolo [You Only Live Once, Só Vives Uma Vez, em português], ou seja, se alguém lhes dá uma pastilha para eles tomarem, eles tomam e nem questionam. Se alguém lhes diz: ‘toma lá ketamina que é ótimo, que é um calmante para gato bravo e que só com uma vez pode queimar completamente o cérebro, eles tomam porque é uma experiência nova, uma experiência diferente. 
Os miúdos já me contaram que, quando consomem ketamina, veem tudo a derreter à sua volta, a pessoa perde noção de quem são as pessoas com quem está, há violações a torto e a direito, porque acham que estão na cama com o namorado e portanto fazem aquilo que a outra pessoa quer.

Já a cocaína, para estes miúdos, é como se fosse tabaco, a erva basicamente nem conta. É a coisa mais banal do mundo e a cocaína também, eles querem experimentar porque já viram os mais velhos, e quando dizemos mais velhos não estamos a falar de jovens com 20 anos, mas sim de 15 e 16. Os miúdos acham que se os mais velhos tomam e estão vivos, não há nenhuma razão para não tomar.

Já heroína não, heroína de maneira nenhuma. Para eles heroína é uma droga. Tudo o resto não é droga. Tudo o resto é diversão. Tudo o resto não faz parte do mundo das drogas. A heroína para eles é uma droga suja, que faz as pessoas ficarem feias, que faz as pessoas ficarem deformadas.

Este livro é baseado em histórias de adolescentes com que idades?

Neste livro, e já me acontecia no meu primeiro livro, tenho testemunhos de adolescentes com comportamentos de risco a partir dos 12 anos. 

A terem vontade de experimentar, vontade de ir mais longe. Por exemplo, neste livro, há uma miúda que perde a virgindade ali à volta dos 12, 13 anos, uma miúda que precisava de se integrar no grupo das amigas, das amigas que já não eram virgens. 

Hoje em dia há uma grande pressão, porque para eles tudo isto é banal. Há uma banalização do sexo, não há uma relação, que é algo muito importante sobretudo nestas idades em que eles estão em crescimento. 

Eles têm de perceber que, se não criarem uma ligação, se só tiverem relações sexuais sem que haja qualquer espécie de afeto há uma altura que eles entram, como entraram no ‘Fim da Inocência’, num estado de tédio, do estilo: já experimentámos tudo, já experimentámos drogas, já experimentámos sexo, a nossa vida é um tédio, já não há nada de jeito para experimentarmos na nossa vida.

Tudo isto é uma bomba prestes a explodir a qualquer momento 

Este tipo de experiências surge para os jovens se sentirem integrados nos grupos, ou porque têm outro tipo de problemas?

Costumo dizer muitas vezes a pais amigos meus, que podem dar a melhor educação possível aos filhos - e quanto melhor for a educação dada aos filhos, menor é a probabilidade de os miúdos se meterem neste tipo de situações - mas há uma coisa que nunca nos podemos esquecer, que é o grupo de amigos que está no colégio ou na escola e quanto a esse não há nada a fazer.

Uma pessoa que tenha predisposição para se meter em problemas, por muito que os pais a tenham educado muito bem e explicado que as drogas não são boas, etc, se quiser ser aceite por um grupo e esse grupo tiver comportamentos destes, mais tarde ou mais cedo, é obrigada a fazer o mesmo para ser aceite.

Na minha geração, era o fumar, bastava fumar um cigarro e a pessoa fazia parte do grupo. Hoje em dia não, estamos a ver miúdas com mais ou menos 12, 13 anos a irem para a cama muito, muito cedo, a usarem maquilhagem porque tapa as borbulhas, maquilham-se como se tivessem 16 anos e vão para o colégio assim. Há um desenvolvimento corporal muito precoce, parecem miúdas mais velhas e isso liberta hormonas fazendo com que os rapazes queiram muito mais rapidamente ter sexo. Tudo isto é uma bomba prestes a explodir a qualquer momento.

E chega a conhecer esses adolescentes ao vivo?

Sim, a maior parte das vezes, aliás, a maior parte das histórias conhecia-as ao vivo, um bocadinho para os ouvir porque para mim já me é fácil perceber onde é que há uma mentira ou se a história é verdadeira.

E como percebe isso?

Basta conversar um bocadinho com eles para perceber quem é que está a tentar aparecer num livro e quem simplesmente me está a tentar contar uma história. Normalmente, desconfio sempre muito dos que querem que conte a história deles, que me dizem ‘olhe tenho uma história muito interessante’. Quando me dizem ‘gostava de conversar consigo porque tive comportamentos muito semelhantes ao da Inês’ e contam-me logo que aconteceu isto e isto e isto, encontro-me com eles, falo com eles, duas, três, quatro, cinco vezes, o número de vezes necessário, até ter a certeza de que aquilo tem veracidade.

E os adolescentes não se revoltaram consigo por expor esta realidade? Não mandam mensagens menos agradáveis? Não o abordam de uma forma menos positiva?

Não, nunca! Eles gostam muito de sentirem que estão a ser quase validados, ou seja, eles sentem que há quem os compreenda. São tão infantis ainda que sentem que é giro existir alguém que escreva sobre como é que eles funcionam. Eles reveem-se no livro.
Nenhum me disse ‘está a revelar os nossos segredos’ porque eles estão-se nas tintas, isto para eles é tudo uma brincadeira e muitos partem de casas que não estão devidamente estruturadas.
Um pai que more na Costa da Caparica, em Almada e que demora quatro horas por dia entre ir e vir e chegue ao final do dia a casa cansado, acredito que seja muito complicado dar a educação mais adequada aos filhos.
Hoje em dia, os pais não podem apenas ter ‘a’ conversa que existia, há uns anos, e que era, basicamente, sobre sexo

E o que é que os pais podem fazer para existir menos probabilidade dos filhos enveredarem por estes caminhos?

Quando escrevi o ‘Fim da Inocência I’, as pessoas diziam que as coisas que eu contavam eram um exagero, lembro-me perfeitamente que as pessoas não acreditavam de todo naquilo, até que começaram a aparecer nos meios de comunicação social primeiras capas de coisas de que eu falava no livro. Portanto, mesmo que os pais não acreditem no livro, enquanto pais, têm obrigação de estar atentos à comunicação social e ao que acontece e deviam aproveitar isso como tópico para conversarem com os filhos.

Hoje em dia, os pais não podem apenas ter ‘a’ conversa que existia, há uns anos, e que era, basicamente, sobre sexo. 

Hoje em dia, tem de haver várias conversas sobre tudo aquilo que está a acontecer. Se eles sabem que a cocaína é consumida de uma forma muito ligeira, eles têm de falar com os filhos e dar a entender que de facto é uma droga pesada, que causa depressão e que pode causar vários problemas quando consumida numa idade tão precoce. Tem de existir muita conversa e tem de haver uma relação muito próxima entre as famílias.

As escolas também têm de investir nesta educação e nestas conversas. Vejo muitas falhas na grande maioria das escolas onde eu já dei palestras. 
Por exemplo, há uns tempos, dei uma palestra, numa escola do Interior do país - isto para se perceber que não é só no Litoral e em escolas com dinheiro que estas coisas acontecem -, uma escola secundária perfeitamente normal e, no fim, depois de eu ter exposto todas estas problemáticas, o diretor da escola, que já era um senhor com 60, 70 anos chega ao pé de mim e diz-me assim: ‘olhe, o pior problema que eu tenho na minha escola é ver os miúdos no corredor a beijarem-se na boca uns dos outros’. E eu pensei: ‘mas eu estive aqui durante 40 minutos a falar para quem?!’. 
Este senhor não percebeu nada, porque o problema é outro, não tem nada a ver com beijos na boca, tem a ver com drogas, tem a ver com sexo que fazem nas casas de banho uns com os outros.

Mas depois tenho os professores mais novos dessa mesma escola a contarem que há uma festa, todos os meses, numa casa abandonada, onde os miúdos compram droga pela internet e vão todos para lá e onde há grandes orgias. E para o diretor da escola, que é quem tem poder para ajudar a mudar isto, isto é uma miragem. É uma negação tão grande, sobre aquilo que se passa, sobre esta realidade, que eles não sabem como é que vão lidar com isto.
Como é que um professor vai lidar com um miúdo que compra droga pela internet? Isto não cabe na cabeça de um professor, muito menos na de um diretor com cerca de 70 anos. 
Porque nem tem acesso à internet provavelmente, nem sabe como se manda um e-mail, como o nosso antigo Presidente da República, Cavaco Silva. Como é que um homem com 70 anos vai perceber que há uma coisa chamada selfie, que há uma coisa chamada 'nude' e por aí em diante. 
A própria escola, o tal segundo círculo que devia servir de amparo para os miúdos que não têm o apoio do primeiro círculo, que é a família, não existe de todo.

E quanto aos pais, entram em contacto consigo?

Tenho apanhado mais pais noutra situação que me preocupa mais, que são pais que me dizem: ‘tenho muito medo de ler o seu livro’. E isso é a versão soft, a versão hard é ‘eu não vou ler o seu livro de todo porque tenho medo’. Portanto, infelizmente, há pais que têm medo de olhar para a realidade. Porque para eles os filhos são exemplares e isto nunca lhes vai acontecer. 

E esperemos que isso nunca aconteça, obviamente que estas realidades que eu exponho não são a realidade da grande maioria dos miúdos. Aquilo que aconteceu com a Inês no primeiro livro, ou que acontece no segundo livro são casos muito pontuais, mas que acontecem. 
Só por que o filho não consome cocaína aos 13 anos, não quer dizer que não tenha perdido a virgindade aos 12 depois de ver filmes pornográficos. 

Os miúdos hoje em dia têm acesso à pornografia desde muito cedo e querem logo imitar estes filmes onde, na maioria dos casos, não são usados preservativos. E aí os miúdos pensam: ‘se eles não têm problemas de saúde, nós também não vamos ter’.

Por isso é que a Sida é um problema tão longínquo para esta geração, porque já não é uma doença terminal como era há uns anos.

São muitos poucos os casos, mas muito poucos mesmo, em que os adolescentes têm relações sexuais protegidas

E quais são as maiores preocupações dos pais?

Acho que os pais continuam muito focados na gravidez porque era o bicho papão da geração deles, mas esquecem-se de que para a filha engravidar é porque teve relações sexuais sem preservativo, ora se isso aconteceu, a minha maior preocupação não é a gravidez é a quantidade de parceiros que ela teve e com os quais não usou preservativo. Esse é o maior problema.

Os adolescentes de agora vão para os parques de estacionamento ter relações sexuais com desconhecidos, que não fazem a mínima ideia quem são. Tomam a pílula e o perigo de ser mãe de facto desaparece mas existem as doenças infectocontagiosas e quanto a isso os pais não estão muito preocupados porque acham que os filhos, por milagre, usam preservativo sempre que têm relações sexuais. 

E são muitos poucos os casos, mas muito poucos mesmo, em que os adolescentes têm relações sexuais protegidas. Muito poucos mesmo.

Mas acha que há falta de comunicação entre pais e filhos, é isso?

A comunicação é fundamental. 
Se não há comunicação entre pais e filhos, não há nada. O problema é que há sempre aquela questão que é: ‘o meu pai é aquele velho, chato e a minha mãe é a velha chata e estão aqui a dar-me sermões de moral e eu não estou com pachorra para os aturar’. 
E esse para mim é um grande problema, difícil de resolver. Como é que um pai, que não tem uma boa relação com os filhos desde que estes são muito pequenos, vai tentar criá-la quando os filhos têm 13 anos? Não. Os pais têm de ter desde muito cedo uma excelente relação com os filhos. Não pode ser uma relação excessivamente abafadora, deve ser uma relação que os guia para um determinado caminho.

E não podem cair naquele erro de quererem ser amigos dos filhos. Os amigos são uma coisa, os pais são outra. Os amigos são para as pessoas fazerem os disparates, os pais são para orientar. 
E há muitos pais, que porque passam muito pouco tempo com os filhos, acham que têm de ser amigos ou companheiros. Vão para a noite, dão-lhes umas bebidas, dão-lhes uns cigarros até um charros para eles experimentarem. De facto, isso é o papel da relação entre eles, entre amigos e não com os pais ao barulho. 
O papel dos pais é precisamente puxá-los para o outro lado e essas coisas têm esses efeitos, agora também não é proibir, não vais fumar um charro ou cheirar cocaína, não porque isso ainda vai fazer pior. 

O papel de um pai é dizer: ‘tu até podes cheirar cocaína mas isso vai ter estes efeitos na tua vida. Portanto, é isso que pretendes?’.

E a mesma coisa para as imagens sexuais. Não é proibir de eles se filmarem e fotografarem a ter sexo mas explicar as consequências desses atos. Estas imagens podem ter uma repercussão muito negativa na vida profissional, na vida pessoal, os ‘atores’ podem ser alvo de bullying, podem ser alvo de muitas situações que não são as melhores, portanto, estas linhas de orientação são muito mais didáticas do que as da proibição. O ‘fruto proibido é o mais apetecido’.

Então, mas estes problemas resultam de falta de informação?

Não, eles têm a informação toda que quiserem. Eu não nasci no tempo da internet, a internet apareceu quando eu era adolescente, portanto eu não nasci com internet, mas estes miúdos nascem com internet, eles têm toda a informação do mundo aos pés deles, é só pesquisar, só que eles não vão pesquisar porque o que lhes interessa é quando alguém lhes diz: ‘tenho aqui uma pastilha fantástica, que acabou de chegar até mim’ eles usufruem disso.
Um exemplo muito concreto. Falei com uma miúda que tinha tomado ketamina quase como se trata-se de uma troca, de um favor sexual, ou seja, havia um rapaz que queria ir para a cama com ela e ela não queria ir para a cama com ele e ele disse: ‘tenho aqui uma coisa fantástica em casa que tu vais adorar, uma coisa chamada K’. E ela foi lá a casa, ele tinha ketamina, deu à miúda, foi para a cama com ela e houve aqui uma troca de um favor, quase uma prostituição, ou seja, ‘para ter sexo contigo dou-te uma coisa que vais adorar’.

Na altura, perguntei à miúda se ela não tinha tido curiosidade em pesquisar o que estava a consumir e ela respondeu-me que não, que isso nem lhe passou pela cabeça.

Esta geração vive tudo no momento, ‘se não fizer isto estou a perder uma coisa fantástica e não vou poder contar aos meus amigos’, ‘não vou poder ter uma história melhor do que a deles’. Têm um medo constante de estarem a perder alguma coisa que não vão recuperar se não aproveitarem naquele momento. Isso é uma coisa terrível.

O que é que o leva a continuar a escrever sobre esta temática?

Basicamente, para alertar os pais, para fazê-los sentir que têm responsabilidades. Se eu tiro a carta de condução, eu sou obrigado a ter aulas de código e a ter aulas de condução. Os pais não são obrigados a terem aulas para serem pais, mas têm uma obrigação para com os filhos que é indicar-lhes um caminho de vida, não é impor, é indicar.
Os pais têm de ler os meus livros porque precisam de perceber que a geração deles não é idêntica a esta. 

Por exemplo, na altura do lançamento do filme O ‘Fim da Inocência’, tinha pessoas, da própria produção do filme, que me diziam ‘ah na minha altura era a mesma coisa’. 

É incrível como tinha de lutar contra pessoas que estavam a fazer um filme em que não acreditavam que de facto as coisas são completamente diferentes. 

São tempos completamente diferentes. Se eu tenho 50 anos e passo as minhas noites no sofá não sei o que se passa, mas basta ir ao Bairro Alto e vejo que em cada esquina há um tipo a vender óculos de sol que abre a gabardina e tem lá todo o tipo de drogas. 

Basta irem ao Miradouro de Santa Catarina e sentirem o cheiro a erva que há lá, portanto, estes miúdos, que têm 12, 13 anos, e estão a sair pela primeira vez, ficam altamente impressionados e pensam ‘se esta gente está a tomar isto, então eu também vou tomar’.

Os pais não têm esta perceção, os pais não frequentam estes sítios e se os filhos chegam a casa com os olhos vermelhos, a primeira reação que um pai ou uma mãe tem é ‘ah, bebeu demais’ e não, não bebeu demais, se calhar tomou foi uma pastilha que lhe fez muito mal.

Como foi ver um livro seu transformar-se num filme?

Foi curioso, é uma visão diferente da minha, porque é a visão do realizador. A partir do momento em que entra nas mãos de uma engrenagem, passa do livro que foi escrito por uma pessoa só e que tinha um determinado objetivo, que tinha uma determinada narrativa, para ser um livro que tem de ser adaptado ao cinema. Quando escrevo um livro, o meu orçamento é ilimitado, posso escrever tudo e mais alguma coisa, todas as sequências que tenho na minha cabeça, posso passar para o papel, o que não pode ser feito num filme.

Mas acha que o filme foi ao encontro do objetivo do livro, ou ficou aquém?

Foram formas diferentes de chegar à mesma situação. O filme é diferente do livro, mas aquilo que me interessa é que a mensagem chegue aos pais. E acho que a mensagem chegou porque foi o filme mais visto do ano passado e foi lançado apenas duas semanas antes de o ano acabar.

Acha que pode vir a acontecer com este também?

Não sei, isso já depende de outros fatores que não dependem de mim. Acho que é uma possibilidade, mas também acho que é muito cedo ainda para pensar nisso. ‘O Fim da Inocência’ demorou sete anos a chegar ao cinema, bem sei que passámos uma crise económica grande e que não havia investimento em filmes portugueses, que é uma coisa que agora está a voltar a acontecer por isso pode até acontecer ir parar ao cinema. Aliás o filme começa com Nicolau Bryner, que tinha lido o livro, que tinha percebido que os pais não têm noção do que acontece aos filhos. 

Ele foi o grande impulsionador do filme ‘Fim da Inocência’. Apesar de o Nicolau ter na altura mais de 70 anos era um tipo que vivia rodeado de jovens e percebia que isto era uma realidade que acontecia e que tinha de chegar até aos pais.

Já está a pensar num quarto livro sobre esta temática?

Para já ainda não, para escrever outro livro sobre esta temática preciso de ter novidades em termos de comportamento que os adolescentes têm. 

Não vou escrever um livro que seja quase uma cópia daquilo que já escrevi, que não acrescenta nada. Por isso é que eu demorei oito anos entre o primeiro e este. Só lançarei outro livro sobre esta temática quando vir que há algo de novo para mostrar. 



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António Garrochinho

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