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Mar18
Cambridge Analytica: A empresa que terá roubado mais de 50 milhões de perfis do Facebook, utilizou os demónios interiores das pessoas para ganhar eleições, entre elas a vitória de Trump.
António Garrochinho
"Explorámos o Facebook para roubarmos milhões de perfis de utilizadores. E construímos modelos para explorarmos aquilo que sabíamos sobre eles, para nos dirigirmos aos seus demónios interiores. A empresa foi criada com essa finalidade", disse Christopher Wylie, um programador que ajudou a recolher esses dados pessoais quando trabalhou na Cambridge Analytica.
O QUE É A CAMBRIDGE ANALYTICA?
A empresa Cambridge Analytica é suspeita de se ter apropriado de dados de 50 milhões de utilizadores do Facebook para ajudar políticos a vencer eleições em 2016, incluindo nos EUA, Argentina, Quénia e o Grã-Bretanha (Brexit).
A ideia para a criação da Cambridge Analytica foi do britânico Alexander Nix. O seu objectivo era desenvolver perfis psicográficos de potenciais eleitores com base na sua actividade online, para que fosse possível bombardear esses eleitores com propaganda mais eficaz durante uma campanha. (info via:http://bit.ly/2GNcF4A)
FINANCIAMENTO DA EXTREMA-DIREITA
«Nix conseguiu convencer o magnata norte-americano Robert Mercer a investir milhões na empresa, onde a sua filha Rebekah faz parte da administração, e o então director do site Breitbart, um site com ligações à extrema-direita norte-americana, Stephen Bannon imaginou que poderia usar os perfis psicográficos da Cambridge Analytica para "mudar a cultura americana", diz o New York Times num artigo publicado este sábado.»
Com o apoio, e o dinheiro, de duas figuras da extrema-direita norte-americana, faltava à Cambridge Analytica a matéria-prima para transformar a sua ideia numa ferramenta poderosa para as campanhas políticas – é aqui que entram os mais de 50 milhões de perfis de utilizadores roubados ao Facebook.
«Com uma aplicação chamada thisisyourdigitallife (esta é a sua vida digital), a troco de uma pequena quantia, voluntários autorizavam a recolha de informações. A aplicação puxava também, sem autorização, informação sobre os perfis dos amigos e de amigos de amigos desses voluntários, o que fez crescer o bolo para 50 milhões de utilizadores.»
DIRIGENTES DO CAMBRIDGE ANALYTICA FILMADOS A DIZEREM QUE UTILIZARAM SUBORNOS E PROSTITUTAS PARA DESACREDITAR POLÍTICOS
Na segunda-feira, a estação televisiva Channel 4 News transmitiu filmagens ocultas em que o diretor executivo da Cambridge Analytica, Alexander Nix, explica táticas que a sua empresa pode usar para desacreditar políticos online.
Alexander Nix foi filmado a dar exemplos de como sua empresa poderia desacreditar rivais políticos, organizando várias campanhas de difamação, incluindo a criação de encontros com prostitutas e situações encenadas em que um suborno poderia ser filmado.
"... nós simplesmente colocamos informações na internet, e depois é simplesmente vê-la crescer, damos um pequeno impulso de vez em quando ... como um controle remoto. Isto tudo tem que acontecer que acontecer sem que ninguém pense, 'isso é propaganda', porque no momento em que você pensa 'que é propaganda', a próxima pergunta é 'quem publicou isto?' ".
Nas eleições do Quénia em 2017, por exemplo, a Cambridge Analytica trabalho para a campanha do presidente Uhuru Kenyatta. Vários videos com notícias Fake foram colocados nas redes sociais e enviados para eleitores. Mais de 90% dos quénianos disseram que viram ou ouviram histórias falsas sobre candidátos opisitores ao presidente.
VÍDEO
(info via http://bit.ly/2FO9k7S)