Carlos Carvalhas confessa que ficou perplexo com algumas declarações políticas a propósito de um ano sobre os incêndios de Pedrógão Grande, nomeadamente, as do Presidente da República. Para o antigo Secretário-Geral do PCP, as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa no artigo que assinou no jornal Público são "demagógicas".
Neste artigo, publicado a 16 de junho com o título "Se não formos capazes, falhámos como país" , Marcelo Rebelo de Sousa defende que a próxima legislatura é a altura para resolver as assimetrias existentes no território nacional. "Se não formos capazes perdemos uma oportunidade histórica e condenamos alguns 'portugáis' a serem muito ignorados, muito esquecidos, muito menosprezados e isso significa que falhámos como país", escreve o presidente.
Carlos Carvalhas considera que "são declarações simpáticas, a ideia é evidenciar um desejo, alimentar esperanças, mas... Não queria dizer isto, mas tenho de o dizer: são demagógicas".
No habitual comentário na TSF, o antigo Secretário-Geral do PCP defende que "não é o país que falha" - os problemas do Interior são consequência das "políticas do bloco central" tomadas ao longo dos anos. "O senhor Presidente tem de ter em atenção que o que falha, como tem falhado no passado, são as políticas de concentração de riqueza, ditas de austeridade; são as políticas do euro, que retiram competitividade à nossa economia. O partido de que foi líder o presidente, o PSD, tal como o PS, são responsáveis pelo encerramento dos serviços públicos", explica.
"O Presidente da República vai dar ordem à chinesa Three Gorges, dona da EDP, para reabrir as dezenas de postos de atendimento que encerrou no Interior? Vai dar orientação aos CTT, privados, para não encerrarem mais postos? (...) No caso de serem públicas, essa orientação podia ser dada. Podia fazê-lo, por exemplo, por intermédio de António Costa ao presidente da Caixa, para ter atenção ao Interior".
Carlos Carvalhas realça que esta "não é só uma questão de solidariedade, é também uma questão de desenvolvimento do país".
"A sugestão que deixava ao senhor Presidente da República é a seguinte: tire uma selfie com os empresários do PSI 20, que têm as suas holdings na Holanda para pagarem menos impostos, e convença-os a abandonar essas práticas e a investir no Interior do país. Uma selfie importante", defende.
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