A audição da subcomissão parlamentar sobre a nova lei da identidade de género teve, quinta-feira, um episódio insólito: uma conservadora do Registo Civil abandonou a sala, sem mais nem menos, porque personalizou uma pergunta inofensiva da deputada comunista Rita Rato.
Questionada quanto ao número de casos de pessoas que tinham mudado de sexo no Registo Civil e que depois decidiram reverter a decisão, Sónia Pinho, representante da Associação Sindical dos Conservadores de Registos - ASCR, mostrou-se completamente fora de si, porque pensou que lhe estava a ser perguntado pela deputada do PCP se tinha casos de transexualidade na família.
"Nunca me tinha acontecido", acabou por admitir Rita Rato, que chegou a ser mandada calar pela conservadora, que saiu porta fora após ser impedida de falar de modo impróprio pela presidente da subcomissão para a Igualdade e Não Discriminação, a socialista Elza Pais.
O episódio conta-se em poucos parágrafos: chamadas pelo Parlamento a pronunciarem-se sobre as propostas de alteração à lei da identidade de género, Sónia Pinho, ao lado de outra representante da ASCR, Paula Lopes, começou por ultrapassar em muito os 10 minutos que tinha para fazer críticas e sugestões apenas sobre a legislação. Com um tom afirmativo muito próprio, que acentuava no final de cada frase com considerações pessoais, a conservadora chegou aos 30 minutos de intervenção, ao que se seguiram as questões das deputadas que integram aquela subcomissão.
Depois de uma curta intervenção da bloquista Sandra Cunha, Sónia Pinho começou a ruborizar perante a declaração da socialista Isabel Moreira, que, apesar de agradecer as contribuições à analise dos documentos, chamou à atenção da sindicalista de que estava ali para dar uma opinião de carácter profissional e não pessoal.
Quando chegou a vez de Rita Rato questionar as duas conservadoras, Sónia Pinho mostrou então todo o seu desconforto.
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