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Dez16
Governo obriga hospitais a comprar plasma ao Instituto do Sangue
António Garrochinho
O Ministério da Saúde tem a intenção de regulamentar, por despacho, o negócio do plasma. Medida surge como consequência às detenções da Polícia Judiciária na semana passada
Em breve, para adquirir plasmas e derivados do sangue, os hospitais públicos vão ser obrigados a recorrer ao Instituto Português de Sangue e Transplantação (IPST), avança o “Público” esta terça-feira. O Ministério da Saúde tem a intenção de regulamentar, por despacho, o negócio, que em Portugal ainda é dominado pela multinacional Octapharma, que neste momento está a ser investigada no âmbito da operação “O negativo”.
O Governo vai criar ainda esta semana uma comissão de acompanhamento, que terá representantes do IPST e de associações de doentes e de dadores, apurou o matutino. Porém, vai ser necessário um período de transição para que o IPST seja dotado de condições para fazer o tratamento de todo o plasma dos dadores portugueses.
Esta medida surge como consequência às detenções da Polícia Judiciária na semana passada. Luís Cunha Ribeiro, ex-presidente do INEM e ex-responsável da Administração Regional de Saúde e Vale do Tejo, foi detido, juntamente com mais três arguidos, por suspeitas de corrupção.
Cunha Ribeiro terá recebido de Paulo Lalanda de Castro, ex-administrador da Octapharma, dois apartamentos, em troca do seu voto na atribuição da distribuição do plasma para os hospitais públicos à empresa que dirigia; o ex-presidente do INEM é também suspeito de ter beneficiado algumas empresas de equipamentos informáticos.
Segundo números do “Público”, o negócio do plasma e derivados do sangue é muito rentável: só entre 2009 e setembro deste ano, a Octapharma ganhou mais de 250 milhões de euros com a venda a hospitais públicos, de acordo com os dados do Infarmed.