Era aluna finalista de Belas Artes quando foi convidada pelo Partido Comunista a entrar na clandestinidade.
Tinha por companheiro José Dias Coelho, também ele artista, pais das suas duas filhas e membro do Partido Comunista Português, assassinado pela PIDE em plena rua. Um episódio que ficou relatado por Zeca Afonso na música "A Morte Saiu à Rua".
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Ambos forjavam identidades e criavam documentos falsos para quem andava fugido à polícia politica."Nessa altura, Portugal era um país vigiado por uma polícia política feroz, experiente e com uma grande rede".
Margarida lembra-se de um trabalho em particular, a fuga dos presos de Peniche, onde se incluía Álvaro Cunhal. Os documentos falsos destes militantes comunistas foram elaborados nesta oficina de falsificação.
No livro "Memórias de uma Falsificadora", que acaba de ser editado pela Colibri, Margarida Tengarrinha recorda os disfarces de cada um dos fugitivos.
"Álvaro Cunhal estava muito louro, usava uns óculos com umas grossas armações, estava muito disfarçado", recorda.
Ela própria teve muitas vezes que usar uma identidade falsa para alugar diferentes casas. Neste livro, a autora faz uma homenagem a todos os que a ajudaram na clandestinidade. Muitos nem sequer pertenciam ao Partido Comunista. Uns acolheram-na nas suas casas, outros auxiliaram-na de alguma forma.
Margarida Tengarrinha, que vai fazer 90 anos no dia 7 de maio, ainda dá aulas na Universidade Sénior de Portimão.
Continua entusiasmada pela vida. "Foi uma vida plena", garante. Uma vida de luta por aquilo que considerava justo.
No livro essa vivência está expressa numa frase: "Éramos jovens e queríamos a liberdade".
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