Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

21
Jan18

O ASILO D. PEDRO V – ESBOÇO HISTÓRICO

António Garrochinho


Por decreto de 2 de Novembro de 1860 e Carta de lei de 9 de Novembro do mesmo ano, assinados por D. Pedro V, foram aprovados os primeiros Estatutos da Associação Protectora do Asilo para a Infância Desvalida no Campo Grande.
A iniciativa que então se formalizava tinha já origem em 1855, quando um «grupo de pessoas caridosas pensaram estender à numerosa população do Campo Grande e suas imediações o benefício da instituição de uma casa de asilo de infância desvalida». A Comissão Fundadora, presidida pelo Conde das Galveias, procedeu de imediato à angariação de fundos, que se destinariam em primeiro lugar à construção de um edifício adequado às finalidades da Associação.
Por escritura de 12 de Março de 1856 a obra foi adjudicada aos Senhores Rambois e Cinatti e a construção começaria imediatamente. O edifício ficou concluído em Setembro de 1857, tendo sido inaugurado em Outubro. Após a morte de D. Pedro V, «Protector do Asilo», em 1861, é mudada a designação da Associação, por portaria de 19 de Janeiro de 1862. Passaria então a chamar-se Asilo D. Pedro V, para a Infância Desvalida do Campo Grande, e a contar com a protecção da Rainha.
A iniciativa enquadrava-se, então, no espírito liberal e filantrópico que animava pessoas com responsabilidades políticas e sociais para a constituição de organismos privados de solidariedade social, de cunho marcadamente cristão. A actividade assistencial do Asilo D. Pedro V caracterizava-se pelo apoio, em termos de alojamento, alimentação, vestuário e, não menos importante, instrução, a raparigas. Foi concebido como um internato, com capacidade para receber até 100 educandas ao mesmo tempo, e dentro destes moldes funcionou ao longo de mais de um século de existência.
A história do Asilo ficou marcada pelas vicissitudes da vida política do país, pelos altos e baixos da sua vida económica. Todas as despesas eram suportadas por donativos privados, mesmo quando o Asilo se via na necessidade de suprir carências que deveriam caber ao Estado, como sucedeu com a criação de duas escolas primárias no Campo Grande, a fim de se garantir instrução a educandas externas. O único apoio do Estado, no século XIX, verificou-se apenas em 1897-98, traduzindo-se num contributo para a ampliação do edifício. Não terá sido estranho à decisão o facto de o Ministro das Obras Públicas ter sido Presidente do Asilo.
Ao longo do século XX os períodos de expansão e recessão alternaram, sendo de estacar o princípio dos anos vinte como um período de estabilidade e normalização financeira, que seriam reforçadas com os apoios do Governo Civil de Lisboa, da Comissão Central de Assistência e do Instituto de Seguros Sociais, entre 1924 e 1929. Entre 1930 e 1939 o Estado continuou a apoiar o Asilo, mas as dificuldades de funcionamento aumentavam. O Fundo de Desemprego completou, ao longo da década de 1940-50, os generosos donativos privados de dois benfeitores da instituição. A partir de 1951 a sobrevivência do Asilo ficou a dever-se principalmente à acção do Conde de Vill´Alva. Na década de cinquenta o Asilo estabeleceu um acordo com o Instituto de Protecção aos Menores, e começou a preparar a comemoração do seu centenário. Em 1956, o Ministro das Obras Públicas, Engenheiro Arantes e Oliveira concedeu um subsídio de cem contos para obras de melhoramento, a que o Arquitecto Raul Lino emprestou o cunho do seu gosto.
O funcionamento da instituição continuava, porém, a depender sobretudo do apoio do Senhor Conde de Vill’Alva. Em finais da década de sessenta era notório o desajustamento dos fins estatutários do Asilo (então designado pelo Internato D. Pedro V), com a realidade social do país. No princípio dos anos setenta o Conselho Director, presidido pelo Eng. José Frederico Ulrich, começou a desenvolver novos projectos, nomeadamente no âmbito da formação de educadoras de infância.
Este e outros projectos ficaram interrompidos com a Revolução do 25 de Abril de 1974. Seguiu-se a «ocupação» do edifício por «forças revolucionárias» e a nacionalização da instituição privada. Finalmente em 20 de Maio de 1983, o Governo da Aliança Democrática reconheceu o Internato D. Pedro V como Instituição privada, e ordenou a sua devolução.
As transformações ocorridas na sociedade portuguesa tornavam anacrónicos os estatutos pelos quais se regia a instituição. Em 1982 tinham sido aprovados novos estatutos, assim como a nova designação: Associação de Solidariedade Social D. Pedro V. Associação, presidida desde 1983 pela Senhora Condessa de Vill’Alva, definiu um projecto de intervenção novo, ajustado às novas situações sociais. Tornava-se por demais evidente a impossibilidade de manter o internato, e os custos de recuperação e conservação do edifício, degradado no período da «ocupação», tornavam inviáveis quaisquer projectos nesse sentido. Em Assembleia Geral de 20 de Março de 1983 ficou decidida a venda do edifício e, com o produto da venda, criar um fundo financeiro para a prossecução dos objectivos da Associação.
Desde então a filosofia de actuação da Direção tem sido regida pelo princípio de que a Associação não dispõe de infra-estruturas para directamente concretizar os objectivos estatutário, mas antes os realiza através de apoio a instituições já existentes, com fins estatutários semelhantes aos da Associação.
Postal Asilo DPedroVaM
Postal Asilo Don Pedro V
asilo1957b
Asilo D. Pedro V, situado no topo nordeste, com o actual número 380. Foi concluído e inaugurado em 1857, erguido por subscrição pública para celebrar a aclamação do jovem rei e desde logo destinado a socorrer e instruir a infância desvalida de Lisboa, iniciativa que contou com o caloroso apoio do monarca. As obras, iniciadas a 10 de Maio de 1856 segundo o traço de Aquiles Rambois e José Cinatti, duraram pouco mais de um ano, tendo a inauguração, feita pelo próprio D. Pedro V, decorrido no dia 18 de Outubro de 1857. Albergava inicialmente 20 crianças, número em breve multiplicado, pois três anos volvidos era já de 81 raparigas e 39 rapazes. A escritura de venda, datada de 27 de Dezembro de 1990, refere um valor de 1,728 milhões de contos. Seria posteriormente revendido e, em 1999, demolido Ao centro do [novo] conjunto, nova construção que reproduz as características exteriores do velho imóvel


centrodeestudosportugues1.wordpress.com

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •