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Jan17
Operação Opereta | ao Leme
António Garrochinho

A Central Nuclear espanhola de Almaraz fica na margem esquerda do rio Tejo, a cerca de 100 quilómetros da fronteira com Portugal. Construída durante a década de setenta do século passado, começou a funcionar no início da década seguinte. A longevidade inicialmente prevista foi já superada,sendo que a intenção de construir um armazém de resíduos nucleares nas suas imediações denuncia a vontade de mais uma vez estender no tempo a operacionalidade da central, hoje prevista até 2020.
O nosso país, nação não nuclear (com excepção do concelho de Loures), sempre atento, preocupado e intransigente em questões ambientais, manifestou de forma (mais ou menos) atempada a sua preocupação. Face ao processo de decisão unilateral do país vizinho, a nossa máquina diplomática diligenciou com celeridade, manifestando o nosso desagrado. Contudo, tais missivas não produziram qualquer resultado, pelo que de pronto se instalou a polémica. Recordei-me a este propósito de um outro diferendo entre dois países sobre questões deste género, no final do século passado. O diferendo, foi definitivamente resolvido no dia 7 de Junho de 1981, quando o mais pequeno desses países destruiu o reactor nuclear que estava no centro dessa disputa. Esta ousada acção militar ficou conhecida como Operação Ópera, onde aviões F16 voaram baixinho e no limite da sua autonomia bombardearam o alvo.
Por cá, após conversa entre soberanos, o titular da pasta do ambiente foi destemido a Madrid. Viajou de F16 e no regresso até sobrevoou a central, mas a única bomba que largou foi a queixinha. Foi a Operação Opereta… Bufa!
aoleme.com