Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

10
Out16

Porque os EUA interromperam o diálogo bilateral sobre a resolução do conflito na Síria

António Garrochinho



Comentário do Departamento de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia a respeito da decisão dos Estados Unidos de interromper o diálogo bilateral sobre a resolução do conflito na Síria

Lamentamos muito a decisão tomada por Washington de interromper o diálogo russo-americano para a restauração da paz na República Árabe da Síria. A declaração do Departamento de Estado dos EUA sobre o término unilateral dos trabalhos conjuntos com a Rússia na área da resolução do conflito na Síria, exceto no que se refere à prevenção de incidentes no espaço aéreo durante os voos de combate, não pode deixar de causar profunda decepção.

Nos últimos dias em contatos telefônicos entre o Chanceler russo Sergey Lavrov e o Secretário de Estado dos EUA John Kerry, bem como através das nossas missões diplomáticas em Genebra, têm sido empreendidos grandes esforços a fim de normalizar a situação em torno de Aleppo, onde grupos armados ilegais romperam o cessar-fogo estabelecido anteriormente. Afinal das contas, no entanto, a parte americana não apoiou a prontidão da Rússia para declarar nessa área uma nova "pausa humanitária" por 72 horas.

Os Estados Unidos também opuseram-se à retirada das forças governamentais e dos combatentes da estrada "Castello", embora isso tivesse sido registado no nosso acordo bilateral 9 de setembro e abriria o caminho para a entrega da ajuda humanitária para o leste de Aleppo. As autoridades sírias, demonstrando boa fé, estavam prontos para dar esse passo de acordo com a nossa proposta, e três semanas atrás tinham começado a retirar as suas tropas, mas Washington não tinha podido então e não quis agora garantir que a mesma coisa fosse feita pelas forças de oposição controladas por ele. Seja porque ele realmente é indiferente às necessidades humanitárias da população síria, explorando o assunto puramente para fins políticos, ou simplesmente porque não é capaz de influenciar os grupos de oposição.

Nos últimos dias o principal assunto da discussão entre os representantes da Rússia e dos Estados Unidos tem sido o “Jabhat al-Nusra”, a que nunca foi estendida nenhuma trégua. Que tipo de grupo é, quem está por trás dele, quem adere a ele. Porque quando todos reconhecem alegadamente que se trata de um grupo terrorista diretamente ligado ao “Al-Qaeda”, que 15 anos atrás cometeu horríveis ataques terroristas nos Estados Unidos, a administração de Barack Obama não se apressa para separar do “Jabhat al-Nusra” os grupos antigovernamentais que se orientam a Washington. Ao contrário, cobre-o como se fosse com escudo usando os grupos de oposição integrados nele, que formalmente confirmaram a participação do regime do cessar-fogo. Embora o Diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) John Brennan ainda em fevereiro nos prometesse pessoalmente realizar tal separação em prazos curtos.

Nós vimos perfeitamente que todas as “pausas humanitárias” anteriores foram usadas pelo “Jabhat al-Nusra” para reagrupamento, reforço com novos combatentes, recebimento do exterior das armas e munições, inclusive, de acordo com as informações disponíveis, com a participação americana. Os cabecilhas desse grupo manifestavam abertamente que usam essas tréguas, inclusive o “regime do silêncio” que foi declarado a partir de 12 de setembro passado, para se preparar para novas operações de ofensiva, o que enfrentamos agora ao redor de Aleppo.

Os EUA nunca exerceram pressão real sobre "Jabhat al-Nusra". Não fazendo nada para separá-los e não tomando nenhuma ação contra os membros do grupo, que continuaram ataques sangrentos, Washington ao mesmo tempo opôs-se vigorosamente à ideia que a Rússia os parasse.

Assim, a decisão tomada por Washington reflete o fato que a Administração de Obama não é capaz de cumprir a condição chave para continuar a nossa cooperação a fim de resolver o conflito sírio. Ou ela nunca sequer teve essa intenção. Está cada vez mais forte a nossa impressão de que, em busca da mudança cobiçada do regime em Damasco, Washington está pronto para "fazer um pacto com o diabo" – entrar na aliança com terroristas notórios que sonham com reverter a história e implantam suas normas desumanas.

Apelamos aos Estados Unidos avaliar mais uma vez a situação e como as suas ações são vistas em todo o mundo. As apostas são muito altas. Se a Síria for o alvo de novos ataques terroristas como o resultado das decisões americanas, a culpa será da Casa Branca. A escolha é de Washington, que tem que ponderar sensatamente que futuro eles querem para o povo sírio. 


Embaixada da Rússia no Brasil~
www.marchaverde.com.br

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •