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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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08
Jul16

Portugal é o 9.º país da OCDE com os salários mais baixos

António Garrochinho

A crise financeira reduziu a qualidade do emprego, que em Portugal já era baixa. E faz aumentar desemprego de longa duração

Portugal está entre os dez países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) onde os salários são mais baixos. Em 35 países analisados, a média salarial portuguesa (medida em paridades do poder de compra) é a nona mais baixa, rondando 24 105 dólares (21 755 euros). Em contrapartida, é um dos que têm maior carga horária.

Estes dados, que constam do relatório "Perspetivas de Emprego 2016" ontem divulgado pela OCDE, são apenas dois indicadores da fraca qualidade do emprego em Portugal, que se manifesta também na insegurança que os trabalhadores sentem. A crise financeira global afetou a qualidade do trabalho na maior parte dos países da OCDE, mas em Portugal o impacto acabou por ser menor, porque, como refere o documento, por cá "a qualidade do emprego era relativamente fraca antes da crise". E neste período pós-crise os ganhos têm sido fracos, devido à "explosão" do desemprego.

A nível salarial, os trabalhadores portugueses são dos que ganham menos, e, dos oito países onde a média é ainda mais baixa, apenas três (Eslováquia, Estónia e Letónia) pertencem à zona euro. A lista integra ainda o Chile e o México, o país com piores salários.

A média salarial registou quebras de 2% e 1% em 2014 e 2015, respetivamente, o que contrasta com o ganho de 0,7% que se tinha observado em 2007. Ao mesmo tempo, os portugueses estão entre os que apresentam expectativas mais negativas sobre a perda de rendimento em caso de desemprego.

A vida dos trabalhadores portugueses também não melhora se medida pelo número de horas efetivamente trabalhadas: a OCDE refere que foram 1868 horas em 2015, o que coloca Portugal no 10.º lugar numa lista de 38 países. Ainda assim, são menos do que em 2007 (1900 horas) ou em 1979, quando em média cada português trabalhava 2017 horas.

A destruição de emprego durante a crise atirou as taxas de desemprego para máximos históricos, mas a situação começou a inverter-se. O nível de emprego deverá atingir em 2017 os valores observados há dez anos. "Prevê-se que a percentagem de população em idade ativa que está efetivamente empregada volte ao seu nível da pré-crise em 2017." Mas, alerta o relatório, a retoma será desigual e o desemprego manter-se-á "demasiado elevado num número considerável de países europeus".

Portugal está entre estes casos, sendo, a par da Grécia e de Espanha, dos países onde a taxa de desemprego foi mais alta em abril (11,6% de acordo com os dados do INE, mas com a OCDE a considerar ainda os 12% avançados na estimativa provisória).

António Costa espera que o desemprego registe em 2016 um valor médio de 11,4%, mas o relatório de Ángel Gurría, o secretário--geral da OCDE, aponta para uma taxa de 11,9% na reta final deste ano e de 11,3% no fecho de 2017. Do lado do emprego, a organização estima uma manutenção (nos 58,1%) em 2016 e uma ligeira subida (de 0,6 pontos percentuais) no ano seguinte.

Ainda que haja países com taxas de crescimento de emprego mais dinâmicas do que a projetada para Portugal, a OCDE alerta para o problema da falta de qualidade e para o acentuar das desigualdades no mercado de trabalho. "Muitos dos trabalhadores que ficaram sem emprego durante a Grande Recessão estão de novo a trabalhar, mas o crescimento dos salários continua a ser insuficiente e muitos sofrem de stress ocupacional."

Preocupação com o elevado número de desempregados de longa duração. No final de 2015, em média, um em cada três desempregados ficava afastado do mercado de trabalho por mais de 12 meses, um universo de 13, 5 milhões de pessoas. O número revela um aumento de 55% por comparação com a situação vivida em 2007. Em maio deste ano, estavam sem trabalho 39 milhões de pessoas nos países da OCDE. São menos três milhões do que um ano antes mas, mais uma vez, ainda em níveis mais negativos do que em 2007 - eram 33 milhões então.

Portugal irá observar nos próximos tempos um recuo do nível do desemprego de longa duração, prevê a organização, mas este manter-se-á bastante acima do valor de 2007. Nessa altura, a taxa rondava 48% dos desempregados e, no final de 2015, era já de 56,8%. É de resto um dos países onde o problema é mais agudo.

Os jovens, sobretudo pouco qualificados - que não estudam nem se encontram em formação ou a trabalhar -, estão entre o grupo que corre maiores riscos de ser deixado permanentemente para trás no mercado de trabalho.

Esta realidade leva a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico a recomendar aos governos que prossigam programas de apoio à promoção da formação dos trabalhadores mais novos.


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